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ÉTICA CRISTÃ

E CIDADANIA
Prof. Patrício B. Alencar
“Será que nossa força interior permanecerá
suficientemente forte, e nossa honestidade suficientemente
livre de remorso para podermos reencontrar o caminho da
simplicidade e da retidão?”
Dietrich Bonhoeffer
Conteúdo
 UNIDADE I. Introdução à Ética Cristã
Definição: ética e moral.
Moralidade e amoralidade.
Ética nas pequenas coisas.
As várias correntes de estudo da ética: antinomismo, situacionismo, absolutismo.
Hierarquismo.
A fonte da ética.
A visão do Reino.
A ética na formação do ministro/líder.
Desenvolvimento ético.
 UNIDADE II. Ética na Bíblia
Característica da moralidade hebraica – ética no AT.
Ética bíblica no NT.
Ética e cidadania.
Base bíblica da exigência de Justiça Social.
Conceito cristão de prosperidade.
Conceito cristão de trabalho.
O cristão e a ordem política
 UNIDADE III. Questões éticas
O cristão e a eutanásia, o suicídio e a pena de morte.
O cristão e o casamento, o divórcio e o sexo.
O cristão e o aborto, o controle da natalidade e a clonagem.
O cristão e a guerra, a responsabilidade social e a ecologia.
O cristão e as implicações das mídias sociais.
UNIDADE I
Introdução à Ética Cristã
Definição: ética e moral.
Ética é o conjunto de valores ou padrão pelo qual uma pessoa entende o que seja
certo ou errado e toma decisões.
“Ética vem do termo grego , ethos. derivado de uma raiz que significa “estábulo” , lugar
para cavalos. E transmitia o sentido de um lugar de habitação, um lugar de estabilidade
e permanência”. R. C. Sproul
A ética vai ocupar-se com as escolhas morais práticas que os homens fazem, mas
também, com os alvos e princípios ideais que reconhecem estarem impondo exigências
sobre eles.
“No latim, vem de mos (mores), com o sentido de vontade, costume, uso, regra. De
acordo com Champlin e Bentes, ética é ‘A teoria da natureza do bem e como ele pode
ser alcançado‘”. Elinaldo Renovato
Para o cristão, a ética pode ser entendida como um conjunto de regras de conduta,
tendo por fundamento a Palavra de Deus, para que o cristão balize sua vida.
“A Ética Cristã é a ciência que tem por objetivo orientar não apenas o cristão, mas
também o não cristão, quanto às reivindicações da Bíblia Sagrada acerca de sua
conduta pessoal, familiar e pública. Ela é, portanto, normativa. É imprescindível, por
isso mesmo, que as suas orientações estejam bem fundamentadas na doutrina dos
profetas hebreus e dos santos apóstolos”. Claudionor de Andrade

A ética bíblica começa com a iluminação das Escrituras.


“Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos”. Salmos
119:105
Nossas decisões, ações e condutas sempre serão baseadas pelo padrão
apresentado pelas Escrituras.
Éticas Humanísticas
As chamadas éticas humanísticas são aquelas que tomam o ser humano como a medida de
todas as coisas, seguindo o conhecido axioma do antigo pensador sofista Protágoras
(485-410 AC). Ou seja, são aquelas éticas que favorecem escolhas e decisões voltadas
para o homem como seu valor maior.

Hedonismo
Uma forma de ética humanística é o hedonismo, esse sistema ensina que o certo é aquilo
que é agradável. Como movimento filosófico, teve sua origem nos ensinos de Epicuro e de
seus discípulos, cuja máxima famosa era "comamos e bebamos porque amanhã
morreremos". O epicurismo era um sistema de ética que ensinava, em linhas gerais, que
para ter uma vida cheia de sentido e significado, cada indivíduo deveria buscar acima de
tudo aquilo que lhe desse prazer ou felicidade.
Os hedonistas mais radicais chegavam a ponto de dizer que era inútil tentar adivinhar o
que dá prazer ao próximo.

Epicureus, Estóicos
fundada por Epicuro (341-270 a.C.) no ano 300 a.C., aproximadamente. A filosofia por ele
apregoada trazia em seu bojo o ensinamento de que nosso objetivo precípuo deve ser
obter para a vida, através dos sentidos, o máximo possível de satisfação afastando toda e
qualquer forma de sofrimento. Extremamente materialista, ensinava que o bem supremo é
o prazer. Demonstravam pouco interesse por política e pela sociedade, e tinham como
palavra de ordem "viva o agora".
“E alguns dos filósofos epicureus e estoicos contendiam com ele, havendo quem
perguntasse: Que quer dizer esse tagarela? E outros: Parece pregador de estranhos
deuses; pois pregava a Jesus e a ressurreição”. Atos 17:18
A palavra ética vem do grego ethos. Já a palavra moral tem origem no grego
mores.
A diferença é que o ethos de uma sociedade ou cultura refere-se à sua base filosófica,
seus valores e seu sistema de compreensão do funcionamento do mundo.
A palavra moralidade vem da palavra mores, que descreve padrões comportamentais de
uma sociedade.
Ética diz respeito ao que devemos fazer, a moral descreve o que, de fato, fazemos.
A ética se refere ao dever, e a moral, ao ser.

Moral trata-se de um conjunto de valores, normas e noções sobre o que é certo ou


errado, proibido e permitido, dentro de uma determinada sociedade.
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/o-que-moral.htm
Segundo Sproul a ética define o que as pessoas devem fazer, a moral
descreve o que as pessoas realmente fazem.

ÉTICA MORAL
1. normativa 1. descritiva
2. imperativo 2. indicativo
3. dever 3. ser
4. absoluta 4. relativa
Quando a moralidade é identificada com a ética, o descritivo se torna normativo, e o
imperativo é devorado pelo status quo. Isto cria um tipo de “moralidade estatística”
de estatística.
A palavra moralidade vem da palavra mores, que descreve padrões
comportamentais de uma sociedade.

“Moralidade é uma ciência descritiva, que se preocupa com “o que alguém é” . A ética
define o que as pessoas devem fazer. A moral descreve o que as pessoas realmente
fazem. A diferença entre elas é a diferença entre o normativo e o descritivo”. R. C. Sproul

Moralidade é um atributo, particularidade ou característica do que é ou possa estar


relacionado à moral; que se pauta ou pratica os fundamentos e/ou ensinamentos da
moral. https://www.dicio.com.br/moralidade/

“Que tempos os nossos”! E que costumes! Cícero


É correto mentir para salvar uma vida?

“Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis


satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o
princípio e jamais se firmou na verdade, porque
nele não há verdade. Quando ele profere mentira,
fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e
pai da mentira”. João 8:44
ATIVIDADE
A pergunta postula um conflito em normas éticas.
Contar a verdade é mais importante do que salvar vidas?
O que você faria?
Existem normas éticas válidas?
Se existem, quantas são?
E se existirem muitas normas éticas, o que se faz quando duas delas
entram em conflito?
A pessoa conta uma mentira para salvar uma vida, ou sacrifica uma
vida para salvar a verdade?
RESPONDER APÓS LER AS PGS, 11 À 23 ÉTICA CRISTÃ, NORMAN GEISLER
Definindo um padrão ético a seguir
Como cristãos conservadores vamos sempre dizer que a decisões corretas
são aquelas que respeitam, se alinham com o que está estabelecido na bíblia,
na lei de Deus.

Esse pensamento está correto, nossa ética é sim normativa, já está estabelecida na
bíblia, precisamos conhecer a vontade de Deus revelada nas escrituras.

“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a
correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e
perfeitamente habilitado para toda boa obra”. 2 Timóteo 3:16,17
Deus revelou em sua palavra o conjunto de normas éticas fundamentais para
serem obedecidos, que agradam a Ele.

“... Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor
, teu Deus, te dá.
Não matarás.
Não adulterarás.
Não furtarás.
Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o
seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que
pertença ao teu próximo”. Êxodo 20:12-17
“Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a
transgressão da lei”. 1 João 3:4
Para definirmos se uma decisão está correta invariavelmente seguimos
sempre o princípio das escrituras.
“A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus. Bem-aventurado é aquele que não
se condena naquilo que aprova. Mas aquele que tem dúvidas é condenado se comer,
porque o que faz não provém de fé; e tudo o que não provém de fé é pecado”. Romanos
14:22,23
Só que Paulo está dizendo que determinadas decisões éticas podem ser
pecaminosas para algumas pessoas, e para outras não são, dependendo da
consciência, a depender da motivação.

Paulo está se referindo a fé no sentido objetivo, no que está escrito na bíblia.


Para determinadas demandas onde não existe uma orientação bíblica
específica, e você se dispõe a fazer, o que não agrada a Deus, isso se
torna pecado para você, por ser uma decisão subjetiva.

O que é pecado para você pode não ser pecado para o outro, dependendo da
motivação pessoal, e da relação subjetiva com Deus.
“Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como
o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom de
profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha
fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. E ainda que eu
distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio
corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará”. 1 Coríntios
13:1-3
Segundo Paulo em 1 Coríntios 13:1,3 ainda que alguém cumpra determinadas
prescrições bíblicas, fé, profecia, caridade e não demonstre um amor
sacrificial estaria pecando contra Deus.

O conceito de ética cristã não se limita em fazer coisas que estão de


acordo com a lei de Deus, as normas, envolve também o nosso padrão de
virtudes.
As nossas motivações de fazer são tão importantes, quanto as motivações pela
qual fazemos.
“Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo
para a glória de Deus”. 1 Coríntios 10:31
A finalidade e o objetivo tem haver com o efeito prático das nossas ações, ou
seja, é para a glória de Deus?
“Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um
monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no
velador, e alumia a todos os que se encontram na casa. Assim brilhe também a
vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem
a vosso Pai que está nos céus”. Mateus 5:14-16
Tem um alvo específico mencionado por Jesus, devemos nos colocar a disposição de Deus
para viver de maneira autêntica, com as motivações corretas de acordo com o nosso
coração, e o nosso desejo tem um fim proveitoso, que é a glória de Deus.

O conceito bíblico de ética cristã é algo mais abrangente do que pensamos.


A ética cristã não se limita a cumprir o que está descrito na lei, mas abrange
outras questões.

Uma ética cristã equilibrada envolve essas três perspectivas.


 Envolve a lei de Deus, ela é normativa.
 Envolve a circunstância, ela é situacional.
 Envolve as boas intenções, ela é autêntica, sincera, ela é existencial.

A ética cristã precisa de alguma forma transcender e não ficar


somente uma dessas formas particular.
“Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles;
porque esta é a Lei e os Profetas”. Mateus 7:12
No sermão do monte Jesus mostra a razão para nossa ação ética, a
autoridade da lei.
O que chama a atenção é que a bíblia não recorre só a lei para orientar nossas
decisões.
“Então, falou Deus todas estas palavras: Eu sou o Senhor , teu Deus, que te tirei da
terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim”. Êxodo 20:1-
3
O cabeçalho dos 10 mandamentos oferece a lei de Deus como estímulo a
obediência, um dia o povo esteve debaixo da lei da escravidão, agora
devem seguir a lei do seu libertador.
Veja que alguns textos dizem que nossas decisões devem ser tomadas com
base na lei, nas normas, já em outros nossas decisões devem ser tomadas
com base na nova condição espiritual, da nova criatura.

“Pois, outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz
(porque o fruto da luz consiste em toda bondade, e justiça, e verdade)”, Efésios 5:8,9

Observe agora que em Efésios o autor incentiva a tomada de decisões com


base na condição subjetiva, o estado existencial.

A ética cristã inclui as normativas da lei, a situação e a intenção


existencial.
“Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita
em vós. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele. Se, porém, Cristo
está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito é
vida, por causa da justiça. Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus
dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos
vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita”.
Romanos 8:9-11
Veja que em Romanos 8 o foco é o que somos internamente, porque somos
habitação do Espírito Santo.
As nossas decisões devem ser motivas com base na nova criatura que somos, ou
seja a nossa ética não pode ser só normativa.
A bíblia explica que as nossas decisões éticas não podem ser tomadas
com base em uma única perspectiva.
A bíblia mostra a nossa condição antes pecaminosa, debaixo da lei da pecado.
“Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei,
que também vos ameis uns aos outros”. João 13:34
Todas as nossas decisões devem ser tomadas pensando com a mente de
Cristo.
“Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto,
onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que
são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo,
em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis
manifestados com ele, em glória”. Colossenses 3:1-4

Qualquer visão de ética cristã otimizada precisa fugir da tendência de


cair no pragmatismo religioso, do sentimentalismo ou no legalismo.
“As obras feitas pelos não regenerados, embora sejam, quanto à matéria,
coisas que Deus ordena, e úteis tanto a eles mesmos quanto aos outros,
contudo, porque procedem de corações não purificados pela fé, não são feitas
devidamente segundo a Palavra; nem para um fim justo a glória é de Deus; são,
portanto, pecaminosas e não podem agradar a Deus, nem preparar o homem
para receber a graça de Deus; não obstante, o negligenciá-las é ainda mais
pecaminoso e ofensivo a Deus”.
CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER
Das boas obras, Parágrafo 16, p7.

Esse parágrafo trata das boas obras feitas pelos não regenerados, e
porque elas não são aceitas por Deus.
Segundo Westminster obra que procede de um coração não regenerado.
 Ela não é aceita por Deus, porque está contaminada no sentido de
autenticidade, ela não é existencial.
 Não partem de um coração que ama a Deus, não tem a motivação correta,
subjetiva.
 Não são feitas devidamente segundo a palavra de Deus, não segue a lei, não
tem norma.
Ainda que determinadas ações pareçam estar de acordo com a lei de Deus,
elas não estão, elas podem estar de acordo em um aspecto, mas nunca num
todo.
“Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de
todos”. Tiago 2:10
As ações vinda de um coração não regenerado não tem um fim justo, a glória
de Deus, toda ação ética começa no campo das boas intenções, ela é autêntica,
sincera, ela é existencial, ela passa a ser de acordo com a lei de Deus, é
normativa, e chega a ser situacional, envolve circunstância, é pragmática.

Não é correto dizer que Deus está interessado só no que eu faço


eventualmente, ou só nos fim das minhas ações, ele esta interessado nas
minhas intenções.

Deus está interessado em tudo, a obediência a sua lei, a norma,


nas minhas motivações e na finalidade que buscamos, os fins.
Só quando tudo isso de maneira afinada reverbera no ensino da sua
palavra teremos uma ética cristã saudável.
Isso deve ampliar a nossa visão de que significa servir ao Senhor, da nossa
relação com Ele, isso tem efeitos importantes.
 Aprofundamos a nossa visão cristã quando consideramos essa tríplice
estrutura de ética, não é só cumprir a lei, as normas, Deus não vê só o
exterior, Ele vê o coração, não é só externamente, Deus olha para as
razões pelas quais fazemos o que fazemos.
 Não podemos ser sentimentalistas, mas é preciso obedecer a lei, a norma,
tem uma dimensão pessoal de aprofundamento da ética, quando
compreendemos passamos a ser mais pacientes, porque compreendemos
a complexidade da vida cristã.
A nossa postura ética demanda dessas três perspectivas, todas devem
ser consideradas, em muitas situações não será tão claro, nesses casos
o situacional e o existencial terão peso significativo.

Devemos compreender que Deus fala conosco através da lei, da norma, no


nosso interior.
“Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do Senhor ; este, segundo o
seu querer, o inclina”. Provérbios 21:1
A compreensão de que somos filhos de Deus, de que o Espírito Santo habita em
nós, é dada subjetivamente, Ele testifica com o nosso espírito, que somos filhos
de Deus, que fala conosco através dos nosso irmãos, por meio da palavra, com
a motivação correta através das particularidades.
Ética nas pequenas coisas.
A falta de ética nas pequenas coisas, ferem a santidade de Deus e
comprometem a comunhão com Aquele que se diz Dele que é santíssimo,
separado dos pecadores e feito mais sublime do que o próprio Céu.

A vida cristã é uma experiência que se renova a cada dia em nosso relacionamento
com Deus e com o nosso próximo.

“Deus espera de Seus filhos pecadores e redimidos pelo sangue de Jesus um padrão de
excelência em tudo. Deste lado da glória não atingiremos perfeição no sentido de não
pecarmos, mas somos aperfeiçoados a cada dia, à medida que nos achegamos Àquele
que cumpre em nós o querer e o realizar”. Elisabeth Gomes
Existe gradação
de pecados?
Pecadinho e
Pecadão?
“Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus
feitos”. Colossenses 3:9

A mentira é listada em 1 Timóteo 1:9-11 como algo praticado pelos iníquos.


Além disso, os mentirosos estarão entre os julgados no final, Apocalipse 21:8.
Em contraste, Deus nunca mente, Tito 1:2.
Ele é a fonte da verdade. É impossível que Deus minta, Números 23:19.

Jesus chamou a Si mesmo de o caminho, a verdade e a vida João 14:6, e espera que
aqueles que O seguem sejam pessoas que falam a verdade. A verdade deve ser
expressa em amor Efésios 4:15, oferecendo esperança àqueles que buscam
redenção das mentiras do mundo.
O descuido da vida cristã acarreta sérios problemas, o cristão não pode
tomar decisões de qualquer maneira, sem antes analisar o princípio ético.

Não existe aos olhos de Deus uma gradação de pecados (pecadinho, pecado,
pecadão), pois “pecado é qualquer falta de conformidade com a lei de Deus ou a
transgressão dessa lei”.

“Com efeito, nos convinha um sumo sacerdote como este, santo, inculpável, sem
mácula, separado dos pecadores e feito mais alto do que os céus”, Hebreus 7:26

Se quisermos ser usados por Deus com graça e com poder precisamos levar a
questão ética em consideração, inclusive a ética nas pequenas coisas.
“Acima de tudo, porém, meus irmãos, não jureis nem pelo céu, nem pela terra, nem por
qualquer outro voto; antes, seja o vosso sim sim, e o vosso não não, para não cairdes
em juízo”. Tiago 5:12

Como cristãos precisamos tem uma palavra única e verdadeira, independente


das situação que possam vir sobre nossas vidas.

Muitas pessoas no seu dia a dia usam de meia verdade, ou simplesmente mentem
para escapar de situações complicadas e "levar vantagem" , más, a bíblia nos
adverte que uma condenação aguarda todo aquele que decide trilhar este caminho
pecaminoso.
Podemos elencar uma serie de situações sobre a questão ética nas pequenas
coisas.
 Pequenas mentiras, “mentirinhas” faladas durante o dia a dia. Colossenses
3:9.
 Piadinhas ácidas e maldosas, citadas em certos momentos ferem a santidade
de Deus, Efésios 5:4.
 A falta de organização na agenda, faz você marcar compromisso e não
comparecer, Provérbios 18:7; Mateus 5:37.
 Aquele sentimento mesquinho que nos faz reter aquilo que é de Deus, o
dízimo e as ofertas, Malaquias 3.8.
 Aquele livro que alguém pede emprestado e nunca devolvemos ao seu
dono, Mateus 21.3
O descuido da vida cristã acarreta sérios problemas, o cristão não pode
tomar decisões de qualquer maneira, sem antes analisar o princípio ético.

Não existe aos olhos de Deus uma gradação de pecados (pecadinho, pecado,
pecadão), pois “pecado é qualquer falta de conformidade com a lei de Deus ou a
transgressão dessa lei”.

“Com efeito, nos convinha um sumo sacerdote como este, santo, inculpável, sem
mácula, separado dos pecadores e feito mais alto do que os céus”, Hebreus 7:26

Se quisermos ser usados por Deus com graça e com poder precisamos levar a
questão ética em consideração, inclusive a ética nas pequenas coisas.
55. O QUE É PECADO?
R.: Pecado é a transgressão ativa ou passiva da lei moral
de Deus por pensamento, disposição pessoal ou atitude.

“Pecado é qualquer falta de conformidade à lei moral de


Deus, quer por ato, disposição, ou estado." Berkhof.
A palavra pecado, αμαρτία, hamartia, errar o alvo,
transgressão.

Pecado é todo delito, toda ação, tudo aquilo que eu faço contra Deus e contra tudo o que
está relacionado à sua pessoa, como por exemplo, sua Palavra, a Bíblia Sagrada.
As várias correntes de estudo da ética:
antinomismo, situacionismo, absolutismo.
“Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a
transgressão da lei”. 1 João 3:4

Transgressão, anomia, total desrespeito por Deus e Suas leis.


Desta palavra grega também temos a palavra antinomianismo, que é a crença de
que não existem leis morais que Deus espera que os cristãos obedeçam.

O antinomismo diz que o homem pode desfrutar de todos os


prazeres desse mundo, que a obra de Cristo na cruz lhe deu essa liberdade, o
homem não está sujeito a mais nenhuma lei.
“Devemos manter nosso espírito sempre em alta. Espírito fervoroso é o espírito que
transborda em amor por Deus e pelo próximo. Ilustra-se esse fervor com uma vasilha
de água fervendo no fogo”. William Barclay

O antinominsito diz que não existe nenhuma regra ética objtetiva, ou seja, é viver
totalmente sem lei, é conduzir as decisões pelas e emoções, o antinominismo
assume duas posições, o existencialismo e o emotivismo.
No existencialismo, busca encontrar sentido na vida através da liberdade
incondicional, as escolhas são de responsabilidade do indivíduo, e o emotivismo
defende que os juízos morais expressam sentimentos positivos ou negativos, ou
seja, não existe verdade nem conhecimentos morais.
O antinomianismo não tem qualquer consideração pela lei, toda decisão é
puramente existencial.
“Uma pessoa pode desviar-se do caminho de retidão por mover-se para a direita ou
para a esquerda. Uma pessoa pode tropeçar no caminho estreito por sair do curso, em
qualquer destas direções. Se considerarmos novamente a ética em termos do modelo
do continuum, sabemos que os polos opostos, que representam distorções da
verdadeira retidão, podem ser rotulados de legalismo e antinomianismo, estas
distorções gêmeas tem infestado a igreja durante toda a sua existência”. R. C. Sproul

O ensinamento bíblico do antinomismo é o de que os cristãos não são obrigados a


observarem a lei do Antigo Testamento como um meio de salvação, porque quando
Jesus Cristo morreu na cruz, Ele cumpriu a Lei do Antigo Testamento, Romanos 10:4;
Gálatas 3:23-25; Efésios 2:15.
O antinomianismo defende que Deus não vê pecado nos crentes, porque eles estão
em Cristo, que cumpriu a lei por eles, e, portanto, o que eles fazem realmente não
faz nenhuma diferença, contanto que continuem crendo.

A história da Igreja no contexto do Novo Testamento revela que houve lutas com o
legalismo e o antinomianismo, foram embates comuns na igreja do Novo
Testamento.

Uma forma de legalismo é o galacionismo, o galacionismo é um ensino


legalista, que crer na quebra de maldições hereditárias, cura interior,
confissão positiva, espíritos territoriais, mapeamento espiritual, cultos de
libertação, esse ensino diz que é necessário o cristão pagar o preço para que
possa se achar digno de ser salvo.
“Ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante cujos olhos foi Jesus
Cristo exposto como crucificado? Quero apenas saber isto de vós: recebestes o
Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Sois assim insensatos que, tendo
começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne?” Gálatas 3:1-3
Legalismo é uma distorção que assume muitas formas, a primeira forma de
legalismo envolve remover a lei de Deus de seu contexto original, esse tipo de
legalismo reduz o cristianismo a uma lista de “faça e não faça”, um sistema
codificado de moralismo rígido que é divorciado do contexto de aliança de
amor. Certamente Deus estabelece regras. Ele pronuncia "faça e não faça”,
mas o propósito destas regras é descrever-nos o que lhe agrada ou o que lhe
desagrada. Deus se interessa pela atitude do coração que uma pessoa tem
consigo no aplicar as regras.
“Assim como o legalismo distorce a ética bíblica em uma direção, assim também o
antinomianismo a distorce na direção oposta, antinomianismo significa ser contra a
lei” . R. C. Sproul
Deve ser ressaltado que a lei moral, cristalizada no Decálogo e reiterada no ensino
ético de ambos os Testamentos, é uma lei coerente, dada para ser um código de prática
para o povo de Deus em todas as épocas.
Além disto, o arrependimento significa a decisão de, doravante, buscar a ajuda de Deus
ao guardar essa lei.
O Espírito é dado para capacitar a obediência à lei e tornar-nos cada vez mais
semelhantes a Cristo, o arquétipo cumpridor da lei.
“Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para
cumprir”. Mateus 5:17; 1Coríntios 6:11; Apocalipse 21:8.
Jesus Cristo nos libertou dos comandos pesados da Lei do Antigo Testamento, mas isso
não é uma licença para pecar e sim um pacto de graça.
Devemos lutar para vencer o pecado e cultivar a justiça, dependendo do Espírito Santo
para nos ajudar.
O fato de que somos graciosamente livres das exigências da Lei do Antigo Testamento
deve resultar em nós vivendo em obediência à lei de Cristo.
“Ora, sabemos que o temos conhecido por isto: se guardamos os seus mandamentos.
Aquele que diz: Eu o conheço e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele
não está a verdade. Aquele, entretanto, que guarda a sua palavra, nele,
verdadeiramente, tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto sabemos que
estamos nele: aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim
como ele andou”. 1 João 2:3-6
O situacionismo.
O situacionismo relativiza a doutrina e as normas de Deus ao ponto de amar
ao próximo seja algo opcional.
“O situacionismo anula a exortação de andar em amor. Ele tem de justificar certas
situações em que a imoralidade sexual é não somente permitida, mas também
preferida. Se o amor “a exige" em determinada situação, a imoralidade sexual tem de
ser praticada. Quão perigosa é esta “diretriz", especialmente à luz do mais antigo
estratagema de sedução do homem: "Se você me ama, você...” R. C. Sproul

De modo contrário àquilo que a palavra "situacionismo“ talvez pareça subentender,


ela não é usada aqui para representar uma ética completamente sem normas.
Conforme um dos seus proponentes mais vigorosos, Joseph Fletcher, situacionismo
está localizado entre os extremos do legalismo e do antinomismo.
Os antinomistas não têm leis, os legalistas têm leis para tudo, e o situacionismo de
Fletcher tem uma só lei, ou seja, há uma só norma universal, o amor, com estes os
pressupostos éticos situacionais fletcher relativiza a verdade bíblica.

Pragmatismo – Doutrina segundo a qual o valor da verdade é determinado pela


funcionabilidade.
Relativismo – Conceito filosófico segundo a qual a verdade é um valor subjetivo, não
havendo imposição moral absoluta.
Positivismo – Segundo essa cosmovisão, as declarações de fé são voluntaristas e não
racionais.
Existencialismo – Filosofia que coloca o homem no centro do universo. O importante
não são os valores objetivos, mas a maneira como o ser humano experimenta esses
valores.
No situacionismo único mal intrínseco é a falta de amor e o único bem e
virtude é exclusivamente o amor.
A nova moralidade da qual o homem moderno se vê vestido tende a ver toda a
moralidade cristã como um conjunto de tabus que devem ser quebrados a todo
custo.
Não há nela nenhuma menção a pureza sexual, ao contrário, ela promove a
sensualidade. Ao afirmar que aquilo que é feito com amor não é pecado, a nova ética
transforma o amor ágape em eros.
E difícil concebermos situações concretas em que a idolatria seria uma virtude e a
avareza, uma expressão de amor. Por esta razão, precisamos ouvir a admoestação
conclusiva de Paulo: “Ninguém vos engane com palavras vãs; porque, por essas
coisas, vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência" . Efésios 5:6
“Oponho-me ao pragmatismo tão frequentemente defendido por especialistas em
crescimentos de igreja, que colocam o crescimento numérico acima do crescimento
espiritual, crendo que podem induzir esse crescimento numérico por seguirem
quaisquer técnicas que parecem produzir resultados naquele momento”. John F. McArthur

A principal característica da ética situacional é que o fim justifica os meios. Pode


um bom fim ser anulado por um meio mau? Para a ética situacional, a resposta é
não. Certo e errado dependem da nossa decisão neste mundo relativista. Por
exemplo: “se o bem estar emocional e espiritual do casal e dos filhos será
promovido com a separação do casal, então, neste caso, o amor exige o divórcio”.
O certo e o errado, segundo a cosmovisão situacionista, é uma questão subjetiva,
pragmática, existencial e deve estar baseada no amor.
Em outras palavras, para Fletcher e os demais teólogos da situação, ao avaliar a
veracidade de um determinado comportamento a pergunta a ser feita não é “o que a
Bíblia diz?”, mas: “o que eu acho disso?”, “de que forma isso pode me dar prazer?”,
“dará certo?” e por último “eu estou fazendo por amor?”.
É claro que esses conceitos são demasiadamente ingênuos e conduzem fatalmente à
imoralidade.

“Uma das características distintivas do verdadeiro povo de Deus não é legalismo e sim
fidelidade, confiança e obediência a Deus. Obedecer à lei como expressão de amor a
Deus não é legalismo. Quando consideramos a obediência de Cristo a Deus e à lei.
parece impossível não considerarmos o situacionismo como uma distorção herética
grave da ética bíblica”. R. C. Sproul
O absolutismo.
Uma unanimidade defendida entre os absolutistas é que há muitas normas
absolutas que elas nunca entram realmente em conflito.

Cada norma abrange sua própria área de experiência humana e nunca entra em
conflito real com outra normaabsoluta. Frequentemente, este ponto de vista é
apenas tomado por certo, mas às vezes é explicitamente defendido. Entre os
absolutistas tradicionais não há unanimidade quanto ao número de normas
universais, mas todos concordam que há uma pluralidade de normas.

O problema, naturalmente, é como estas normas universais se relacionam entre si,


especialmente quando há um conflito aparente entre elas. Tem havido muitas
posições absolutistas, especialmente dentro dos círculos religiosos.
Há três posições que argumentam em prol de muitas normas absolutas, o
absolutismo não conflitante, que sustenta que estas muitas normas nunca entram
em conflito, e hierarquismo.

O hierarquismo diz que algumas normas são mais altas do que


outras, que existe sempre um caminho a seguir, na escolha entre matar e mentir,
sendo que as duas ações são universalmente erradas na ausência de qualquer
conflito entre elas, deve se escolher poupar a vida, por ser ela um valor
intimamente mais alto, contar a verdade é bom, mas não ao custo de sacrificar uma
vida.
Observa-se que no antinomismo, o que o próprio nome já diz, contra a lei, não há lei
para se fazer algo, como mentir, no generalismo se estas normas ou leis entrarem
em conflito escolhe fazer o bem para todos, que no caso foi salvar vidas, e no
situacionismo a regra maior é o amor, se a mentira for por causa do amor está
correto, enquanto no absolutismo não conflitante se diz que não pode haver conflito
entre as regras, ou seja não será necessário mentir para salvar vidas, pois Deus no
ponto de vida dos teístas dará o devido escape nas situações adversas.

No absolutismo ideal não se quebra uma regra absoluta, então o que se vê não é a
questão de fazer o melhor de dois bens, mas, sim, é a questão de cometer o menor
dos dois males. Já no hierarquismo se segue a lei maior, porque há uma norma
ética mais alta do que falar a verdade, que é salvar vidas.
Seguir a norma mais alta quando achar duas normas universais em conflito a boa
ação é sempre aquela que é a melhor.
A ética do Reino de Deus, fundamentada nos princípios bíblicos e cristãos,
sempre prevalecerá e produzirá um bem maior para os indivíduos e para a
sociedade em geral, através da vida daqueles que se comprometem com Deus e com
a sua palavra.
A fonte da ética.

“Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a
transgressão da lei”. 1 João 3:4

Transgressão, anomia, total desrespeito por Deus e Suas leis.


Desta palavra grega também temos a palavra antinomianismo, que é a crença de
que não existem leis morais que Deus espera que os cristãos obedeçam.

O antinomismo diz que o homem pode desfrutar de todos os


prazeres desse mundo, que a obra de Cristo na cruz lhe deu essa liberdade, o
homem não está sujeito a mais nenhuma lei.
BIBLIOGRAFIA:

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KAISER, Walter C. Jr. O cristão e as questões éticas da atualidade. São Paulo: Vida
Nova, 2016.
STOTT, John. O cristão em uma sociedade não cristã: Como posicionar-se
biblicamente diante dos
desafios contemporâneos. São Paulo: Thomas Nelson, 2019.
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São Paulo:
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1997.
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Editora Fiel, 2012 58

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