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E CIDADANIA
Prof. Patrício B. Alencar
“Será que nossa força interior permanecerá
suficientemente forte, e nossa honestidade suficientemente
livre de remorso para podermos reencontrar o caminho da
simplicidade e da retidão?”
Dietrich Bonhoeffer
Conteúdo
UNIDADE I. Introdução à Ética Cristã
Definição: ética e moral.
Moralidade e amoralidade.
Ética nas pequenas coisas.
As várias correntes de estudo da ética: antinomismo, situacionismo, absolutismo.
Hierarquismo.
A fonte da ética.
A visão do Reino.
A ética na formação do ministro/líder.
Desenvolvimento ético.
UNIDADE II. Ética na Bíblia
Característica da moralidade hebraica – ética no AT.
Ética bíblica no NT.
Ética e cidadania.
Base bíblica da exigência de Justiça Social.
Conceito cristão de prosperidade.
Conceito cristão de trabalho.
O cristão e a ordem política
UNIDADE III. Questões éticas
O cristão e a eutanásia, o suicídio e a pena de morte.
O cristão e o casamento, o divórcio e o sexo.
O cristão e o aborto, o controle da natalidade e a clonagem.
O cristão e a guerra, a responsabilidade social e a ecologia.
O cristão e as implicações das mídias sociais.
UNIDADE I
Introdução à Ética Cristã
Definição: ética e moral.
Ética é o conjunto de valores ou padrão pelo qual uma pessoa entende o que seja
certo ou errado e toma decisões.
“Ética vem do termo grego , ethos. derivado de uma raiz que significa “estábulo” , lugar
para cavalos. E transmitia o sentido de um lugar de habitação, um lugar de estabilidade
e permanência”. R. C. Sproul
A ética vai ocupar-se com as escolhas morais práticas que os homens fazem, mas
também, com os alvos e princípios ideais que reconhecem estarem impondo exigências
sobre eles.
“No latim, vem de mos (mores), com o sentido de vontade, costume, uso, regra. De
acordo com Champlin e Bentes, ética é ‘A teoria da natureza do bem e como ele pode
ser alcançado‘”. Elinaldo Renovato
Para o cristão, a ética pode ser entendida como um conjunto de regras de conduta,
tendo por fundamento a Palavra de Deus, para que o cristão balize sua vida.
“A Ética Cristã é a ciência que tem por objetivo orientar não apenas o cristão, mas
também o não cristão, quanto às reivindicações da Bíblia Sagrada acerca de sua
conduta pessoal, familiar e pública. Ela é, portanto, normativa. É imprescindível, por
isso mesmo, que as suas orientações estejam bem fundamentadas na doutrina dos
profetas hebreus e dos santos apóstolos”. Claudionor de Andrade
Hedonismo
Uma forma de ética humanística é o hedonismo, esse sistema ensina que o certo é aquilo
que é agradável. Como movimento filosófico, teve sua origem nos ensinos de Epicuro e de
seus discípulos, cuja máxima famosa era "comamos e bebamos porque amanhã
morreremos". O epicurismo era um sistema de ética que ensinava, em linhas gerais, que
para ter uma vida cheia de sentido e significado, cada indivíduo deveria buscar acima de
tudo aquilo que lhe desse prazer ou felicidade.
Os hedonistas mais radicais chegavam a ponto de dizer que era inútil tentar adivinhar o
que dá prazer ao próximo.
Epicureus, Estóicos
fundada por Epicuro (341-270 a.C.) no ano 300 a.C., aproximadamente. A filosofia por ele
apregoada trazia em seu bojo o ensinamento de que nosso objetivo precípuo deve ser
obter para a vida, através dos sentidos, o máximo possível de satisfação afastando toda e
qualquer forma de sofrimento. Extremamente materialista, ensinava que o bem supremo é
o prazer. Demonstravam pouco interesse por política e pela sociedade, e tinham como
palavra de ordem "viva o agora".
“E alguns dos filósofos epicureus e estoicos contendiam com ele, havendo quem
perguntasse: Que quer dizer esse tagarela? E outros: Parece pregador de estranhos
deuses; pois pregava a Jesus e a ressurreição”. Atos 17:18
A palavra ética vem do grego ethos. Já a palavra moral tem origem no grego
mores.
A diferença é que o ethos de uma sociedade ou cultura refere-se à sua base filosófica,
seus valores e seu sistema de compreensão do funcionamento do mundo.
A palavra moralidade vem da palavra mores, que descreve padrões comportamentais de
uma sociedade.
Ética diz respeito ao que devemos fazer, a moral descreve o que, de fato, fazemos.
A ética se refere ao dever, e a moral, ao ser.
ÉTICA MORAL
1. normativa 1. descritiva
2. imperativo 2. indicativo
3. dever 3. ser
4. absoluta 4. relativa
Quando a moralidade é identificada com a ética, o descritivo se torna normativo, e o
imperativo é devorado pelo status quo. Isto cria um tipo de “moralidade estatística”
de estatística.
A palavra moralidade vem da palavra mores, que descreve padrões
comportamentais de uma sociedade.
“Moralidade é uma ciência descritiva, que se preocupa com “o que alguém é” . A ética
define o que as pessoas devem fazer. A moral descreve o que as pessoas realmente
fazem. A diferença entre elas é a diferença entre o normativo e o descritivo”. R. C. Sproul
Esse pensamento está correto, nossa ética é sim normativa, já está estabelecida na
bíblia, precisamos conhecer a vontade de Deus revelada nas escrituras.
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a
correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e
perfeitamente habilitado para toda boa obra”. 2 Timóteo 3:16,17
Deus revelou em sua palavra o conjunto de normas éticas fundamentais para
serem obedecidos, que agradam a Ele.
“... Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor
, teu Deus, te dá.
Não matarás.
Não adulterarás.
Não furtarás.
Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o
seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que
pertença ao teu próximo”. Êxodo 20:12-17
“Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a
transgressão da lei”. 1 João 3:4
Para definirmos se uma decisão está correta invariavelmente seguimos
sempre o princípio das escrituras.
“A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus. Bem-aventurado é aquele que não
se condena naquilo que aprova. Mas aquele que tem dúvidas é condenado se comer,
porque o que faz não provém de fé; e tudo o que não provém de fé é pecado”. Romanos
14:22,23
Só que Paulo está dizendo que determinadas decisões éticas podem ser
pecaminosas para algumas pessoas, e para outras não são, dependendo da
consciência, a depender da motivação.
O que é pecado para você pode não ser pecado para o outro, dependendo da
motivação pessoal, e da relação subjetiva com Deus.
“Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como
o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom de
profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha
fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. E ainda que eu
distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio
corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará”. 1 Coríntios
13:1-3
Segundo Paulo em 1 Coríntios 13:1,3 ainda que alguém cumpra determinadas
prescrições bíblicas, fé, profecia, caridade e não demonstre um amor
sacrificial estaria pecando contra Deus.
“Pois, outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz
(porque o fruto da luz consiste em toda bondade, e justiça, e verdade)”, Efésios 5:8,9
Esse parágrafo trata das boas obras feitas pelos não regenerados, e
porque elas não são aceitas por Deus.
Segundo Westminster obra que procede de um coração não regenerado.
Ela não é aceita por Deus, porque está contaminada no sentido de
autenticidade, ela não é existencial.
Não partem de um coração que ama a Deus, não tem a motivação correta,
subjetiva.
Não são feitas devidamente segundo a palavra de Deus, não segue a lei, não
tem norma.
Ainda que determinadas ações pareçam estar de acordo com a lei de Deus,
elas não estão, elas podem estar de acordo em um aspecto, mas nunca num
todo.
“Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de
todos”. Tiago 2:10
As ações vinda de um coração não regenerado não tem um fim justo, a glória
de Deus, toda ação ética começa no campo das boas intenções, ela é autêntica,
sincera, ela é existencial, ela passa a ser de acordo com a lei de Deus, é
normativa, e chega a ser situacional, envolve circunstância, é pragmática.
A vida cristã é uma experiência que se renova a cada dia em nosso relacionamento
com Deus e com o nosso próximo.
“Deus espera de Seus filhos pecadores e redimidos pelo sangue de Jesus um padrão de
excelência em tudo. Deste lado da glória não atingiremos perfeição no sentido de não
pecarmos, mas somos aperfeiçoados a cada dia, à medida que nos achegamos Àquele
que cumpre em nós o querer e o realizar”. Elisabeth Gomes
Existe gradação
de pecados?
Pecadinho e
Pecadão?
“Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus
feitos”. Colossenses 3:9
Jesus chamou a Si mesmo de o caminho, a verdade e a vida João 14:6, e espera que
aqueles que O seguem sejam pessoas que falam a verdade. A verdade deve ser
expressa em amor Efésios 4:15, oferecendo esperança àqueles que buscam
redenção das mentiras do mundo.
O descuido da vida cristã acarreta sérios problemas, o cristão não pode
tomar decisões de qualquer maneira, sem antes analisar o princípio ético.
Não existe aos olhos de Deus uma gradação de pecados (pecadinho, pecado,
pecadão), pois “pecado é qualquer falta de conformidade com a lei de Deus ou a
transgressão dessa lei”.
“Com efeito, nos convinha um sumo sacerdote como este, santo, inculpável, sem
mácula, separado dos pecadores e feito mais alto do que os céus”, Hebreus 7:26
Se quisermos ser usados por Deus com graça e com poder precisamos levar a
questão ética em consideração, inclusive a ética nas pequenas coisas.
“Acima de tudo, porém, meus irmãos, não jureis nem pelo céu, nem pela terra, nem por
qualquer outro voto; antes, seja o vosso sim sim, e o vosso não não, para não cairdes
em juízo”. Tiago 5:12
Muitas pessoas no seu dia a dia usam de meia verdade, ou simplesmente mentem
para escapar de situações complicadas e "levar vantagem" , más, a bíblia nos
adverte que uma condenação aguarda todo aquele que decide trilhar este caminho
pecaminoso.
Podemos elencar uma serie de situações sobre a questão ética nas pequenas
coisas.
Pequenas mentiras, “mentirinhas” faladas durante o dia a dia. Colossenses
3:9.
Piadinhas ácidas e maldosas, citadas em certos momentos ferem a santidade
de Deus, Efésios 5:4.
A falta de organização na agenda, faz você marcar compromisso e não
comparecer, Provérbios 18:7; Mateus 5:37.
Aquele sentimento mesquinho que nos faz reter aquilo que é de Deus, o
dízimo e as ofertas, Malaquias 3.8.
Aquele livro que alguém pede emprestado e nunca devolvemos ao seu
dono, Mateus 21.3
O descuido da vida cristã acarreta sérios problemas, o cristão não pode
tomar decisões de qualquer maneira, sem antes analisar o princípio ético.
Não existe aos olhos de Deus uma gradação de pecados (pecadinho, pecado,
pecadão), pois “pecado é qualquer falta de conformidade com a lei de Deus ou a
transgressão dessa lei”.
“Com efeito, nos convinha um sumo sacerdote como este, santo, inculpável, sem
mácula, separado dos pecadores e feito mais alto do que os céus”, Hebreus 7:26
Se quisermos ser usados por Deus com graça e com poder precisamos levar a
questão ética em consideração, inclusive a ética nas pequenas coisas.
55. O QUE É PECADO?
R.: Pecado é a transgressão ativa ou passiva da lei moral
de Deus por pensamento, disposição pessoal ou atitude.
Pecado é todo delito, toda ação, tudo aquilo que eu faço contra Deus e contra tudo o que
está relacionado à sua pessoa, como por exemplo, sua Palavra, a Bíblia Sagrada.
As várias correntes de estudo da ética:
antinomismo, situacionismo, absolutismo.
“Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a
transgressão da lei”. 1 João 3:4
O antinominsito diz que não existe nenhuma regra ética objtetiva, ou seja, é viver
totalmente sem lei, é conduzir as decisões pelas e emoções, o antinominismo
assume duas posições, o existencialismo e o emotivismo.
No existencialismo, busca encontrar sentido na vida através da liberdade
incondicional, as escolhas são de responsabilidade do indivíduo, e o emotivismo
defende que os juízos morais expressam sentimentos positivos ou negativos, ou
seja, não existe verdade nem conhecimentos morais.
O antinomianismo não tem qualquer consideração pela lei, toda decisão é
puramente existencial.
“Uma pessoa pode desviar-se do caminho de retidão por mover-se para a direita ou
para a esquerda. Uma pessoa pode tropeçar no caminho estreito por sair do curso, em
qualquer destas direções. Se considerarmos novamente a ética em termos do modelo
do continuum, sabemos que os polos opostos, que representam distorções da
verdadeira retidão, podem ser rotulados de legalismo e antinomianismo, estas
distorções gêmeas tem infestado a igreja durante toda a sua existência”. R. C. Sproul
A história da Igreja no contexto do Novo Testamento revela que houve lutas com o
legalismo e o antinomianismo, foram embates comuns na igreja do Novo
Testamento.
“Uma das características distintivas do verdadeiro povo de Deus não é legalismo e sim
fidelidade, confiança e obediência a Deus. Obedecer à lei como expressão de amor a
Deus não é legalismo. Quando consideramos a obediência de Cristo a Deus e à lei.
parece impossível não considerarmos o situacionismo como uma distorção herética
grave da ética bíblica”. R. C. Sproul
O absolutismo.
Uma unanimidade defendida entre os absolutistas é que há muitas normas
absolutas que elas nunca entram realmente em conflito.
Cada norma abrange sua própria área de experiência humana e nunca entra em
conflito real com outra normaabsoluta. Frequentemente, este ponto de vista é
apenas tomado por certo, mas às vezes é explicitamente defendido. Entre os
absolutistas tradicionais não há unanimidade quanto ao número de normas
universais, mas todos concordam que há uma pluralidade de normas.
No absolutismo ideal não se quebra uma regra absoluta, então o que se vê não é a
questão de fazer o melhor de dois bens, mas, sim, é a questão de cometer o menor
dos dois males. Já no hierarquismo se segue a lei maior, porque há uma norma
ética mais alta do que falar a verdade, que é salvar vidas.
Seguir a norma mais alta quando achar duas normas universais em conflito a boa
ação é sempre aquela que é a melhor.
A ética do Reino de Deus, fundamentada nos princípios bíblicos e cristãos,
sempre prevalecerá e produzirá um bem maior para os indivíduos e para a
sociedade em geral, através da vida daqueles que se comprometem com Deus e com
a sua palavra.
A fonte da ética.
“Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a
transgressão da lei”. 1 João 3:4
ALAN PALLISTER. PALLISTER, Alan. Ética cristã hoje. São Paulo: SHEDD, 2015.
CARTER, James E.; TRULL, Joe E. Ética ministerial. São Paulo: Vida Nova, 2010.
GEISLER, Norman L. Ética Cristã. São Paulo: Vida Nova, 2010.
KAISER, Walter C. Jr. O cristão e as questões éticas da atualidade. São Paulo: Vida
Nova, 2016.
STOTT, John. O cristão em uma sociedade não cristã: Como posicionar-se
biblicamente diante dos
desafios contemporâneos. São Paulo: Thomas Nelson, 2019.
BONHOEFFER, Dietrich. Ética. São Leopoldo: Sinodal, 1991.
CAVALCANTI, Robinson. Cristianismo e Política. Teoria Bíblica e Prática Histórica.
São Paulo:
FILHO, Isaltino Gomes Coelho. A atualidade dos Dez Mandamentos. Recife: Exodus,
1997.
GARDNER, E. C. Fé Bíblica e Ética Social. Petrópolis, RJ: JUERP, 1982.
GOMES, Elisabeth. Ética nas pequenas Coisas. São Paulo: Vida, 1997.
SPROUL, R. C. Como Devo Viver Neste Mundo. São José dos Campos, São Paulo:
Editora Fiel, 2012 58