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Palhoça
2019
RENAN ISIDORO AVILA
Palhoça
2019
À minha família, à minha noiva e aos meus
amigos. Obrigado pelo apoio e incentivo
durante toda a caminhada.
AGRADECIMENTOS
O presente trabalho busca analisar a relação havida entre meio ambiente e qualidade
de vida, assim como abordar os resultados da extração dos recursos naturais como
forma de fomento à economia. A pesquisa também analisa a eficiência da legislação
ambiental brasileira e aponta alternativa que permita maior proteção ao meio
ambiente, apresentando como uma opção viável e de maior resultado os incentivos
fiscais. O método de abordagem utilizado na presente pesquisa fora o dedutivo. A
natureza do método de abordagem é a qualitativa e quantitativa. Fora utilizado o
método de procedimento monográfico e a técnica de pesquisa bibliográfica e
documental, tendo como fonte doutrinas, artigos científicos, matérias jornalísticas e
legislação brasileira. O Estado possui ferramentas tributárias como meio de regulação
do comportamento econômico e social, podendo estimular ou desestimular um ato por
meio do aumento ou isenção total ou parcial de um tributo. Nesta pesquisa analisa-se
a utilização dos incentivos fiscais como meio de proteção do meio ambiente e estímulo
para o desenvolvimento sustentável. O incentivo tributário por meio de seu efeito
extrafiscal contribui para uma atuação mais efetiva no tocante à proteção do meio
ambiente quando comparada à lei ambiental nacional, tendo em vista que o incentivo
fiscal possui como objetivo atuar antes que ocorra o dano ao meio ambiente, enquanto
a lei ambiental possui seu foco em responsabilizar e punir os agentes poluidores.
1 INTRODUÇÃO. ...................................................................................................... 9
2 DO MEIO AMBIENTE. ......................................................................................... 11
2.1 DO MEIO AMBIENTE COMO BEM ESSENCIAL À VIDA. ............................... 11
2.1.1 Do homem como integrante do ambiente. ........................................................ 17
2.1.1.1 Do Conflito Entre Antropocentrismo e Ecocentrismo. ................................... 18
3 DA RELAÇÃO IDEAL HOMEM E MEIO AMBIENTE. ......................................... 22
3.1 -PROPOSTA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO FERRAMENTA DE
PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE................................................................... 22
4 DAS ALTERAÇÕES NECESSÁRIAS PARA EFETIVA PROTEÇÃO E
PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE................................................................... 27
4.1 DA NECESSIDADE DE UMA NOVA REDAÇÃO LEGISLATIVA ÀS
PROTEÇÕES AMBIENTAIS ATUAIS. ...................................................................... 27
4.2 MUDANÇA DE PARADIGMA NA TRIBUTAÇÃO AMBIENTAL: INCENTIVAR
AO INVÉS DE PUNIR. .............................................................................................. 30
4.2.1 Da atuação do Direito Tributário Ambiental: Incentivo Fiscal em busca de
uma efetiva proteção do meio ambiente. ...................................................................... 33
4.2.2 Do efeito extrafiscal dos tributos ambientais: Fator modificante na
atuação de proteção do meio ambiente. ....................................................................... 35
4.2.2.1 Efeitos extrafiscais na prática – Salvador e o IPTU Verde. .......................... 37
4.2.2.2 Efeitos extrafiscais na prática – Florianópolis e o incentivo tecnológico. ...... 41
5 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 49
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 51
9
1 INTRODUÇÃO.
2 DO MEIO AMBIENTE.
Como temos afirmado, o art. 225 da Carta Magna estabeleceu pela primeira
vez na história do direito constitucional brasileiro o direito ao meio ambiente,
regrando, em consequência, no plano normativo mais elevado, os
fundamentos do direito ambiental constitucional. Trata-se de um direito
vinculado ao meio ambiente, e não de um direito do ambiente, ou seja, é um
direito destinado a brasileiros e estrangeiros residentes no País. (FIORILLO,
2009, p. 03).
Vernier, (1994) aduz que, ao mesmo tempo em que o ser humano extrai do
ambiente os substratos necessários para a sua sobrevivência, tem-se que, quanto
mais saudável a fonte dos recursos, mais saudável será o ser que dele aproveita,
explora, consome, utiliza e absorve. De igual modo acontece no sentido inverso de
um ambiente saudável, tendo aquele que vive em local que carece de recursos
essenciais para sua sobrevivência ou, ainda que tendo estes recursos, sejam estes
de algum modo deficientes, acabará por interferir diretamente na qualidade de vida
deste ser vivo, seja ele qual for. Tendo como exemplo, explica o Autor sobre a poluição
das águas por despejo de dejetos orgânicos em seus afluentes, o que causa a morte
dos animais aquáticos, ainda que haja água em abundância, de nada adianta se esta
for de má qualidade:
[...] uma vez despejadas no rio, essas matérias orgânicas vão ser
“devoradas”, “degradadas” pelas bactérias do rio: melhor, existe, por assim
dizer, uma autodepuração. As bactérias porém, para “comer” a poluição, têm
igualmente necessidade de oxigênio. Poluição demais para “comer” acarreta
então um consumo maciço de oxigênio do curso de água, que mata os peixes,
não por toxicidade, mas por asfixia: os peixes não morrem no efluente de uma
leiteria, mas perecem asfixiados alguns quilômetros a montante...Porque os
rios eram privados de oxigênio, alguns, esboçando um processo de
fermentação, exalavam nos anos 60 odores pútridos. (VERNIER, 1994, p.17).
Esse fato certamente foi decisivo no sentido de fazer com que a sociedade
no mundo inteiro, através da mídia, inserisse a problemática ambiental e
planetária na agenda. É interessante recordar que em 1988 a personalidade
do ano escolhida como capa pela revista Time foi o planeta Terra.
(TRIGUEIRO, 2003. p.145).
Montero (2011) afirma que é necessário que haja equilíbrio entre a exploração
e utilização dos recursos naturais, este é um tema que permanece atual e mundial. O
questionamento presente na seara ecológica e econômica objetiva encontrar uma
resposta de desenvolver um ambiente que seja ao mesmo tempo economicamente
rentável e sustentável.
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Se não for possível atingir o ótimo como objetivo almejado, o “aceitável” faz-
se, no mínimo, desejável. Na espera de um mundo melhor, a realização do
possível e do factível é um ideal para o dia de amanhã, na medida em que se
passará a preservar os interesses das gerações futuras. (BENAKOUCHE,
1994, p.179)
Ao não zelar pela manutenção dos recursos naturais, faz-se uma intervenção
no processo de regeneração natural, de modo que, ao interferir nos recursos que esta
utiliza para se renovar, irá, de forma intrínseca, afetar a disponibilidade destas
matérias-primas, comprometendo a quantidade e qualidade dos recursos advindos da
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natureza, já que os substratos utilizados para geração destes materiais como água,
ar e minerais se encontram poluídos, alterados, defasados e em não raras vezes,
extintos, o que é ratificado pelo Ministério da Saúde no ano de 1995, no Plano
Nacional de Saúde e Ambiente:
Trigueiro (2001) afirma que visando evitar este colapso entre demanda e
disponibilidade de recursos, fundou-se em 1989 a International Society for Ecological
Economics – ISEE, onde ecologistas e economistas buscaram aproximar suas
experiências e juntos estudaram métodos que pudessem equalizar esta relação de
oferta e demanda de recursos naturais. Com sede nos Estados Unidos da América,
os estudos da ISEE possuem como objetivo criar uma economia ecológica tendo por
princípio o respeito ao ritmo de regeneração e de espaço necessário para que haja
um equilíbrio ambiental e assim, por consequência haja qualidade de vida, veja-se:
Frise-se que não existe meio ambiente que não o humano. Logo, também
por isso, não nos parece acertado crer em uma separação ontológica entre
meio ambiente natural e meio ambiente humano, porquanto o meio ambiente
sempre foi e sempre será uma realidade percebida, compreendida e
juridicamente protegida em dimensão exclusivamente humana. Sendo assim,
a expressão meio ambiente já carrega consigo, nessa perspectiva, o adjetivo
humano. A famosa Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o
Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo (1972), reforça esse
entendimento, ao aduzir, expressamente, que "os dois aspectos do ambiente
humano, o natural e o artificial, são essenciais para o bem-estar do homem e
para o gozo dos direitos humanos fundamentais, inclusive do próprio direito
à vida" (item 1) (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração da
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, 1972.
(MARANHÃO, 2016). (Grifo nosso).
forma simultânea e em muitos locais, gerando uma extensa degradação natural a qual
percebe-se até os presentes dias. Isto se dá em razão de:
E continua:
Conforme disposto acima, não basta agir, é necessário saber o porquê de estar
agindo e quais as consequências desta ação. Esta exigência se dá justamente em
razão do exacerbado uso dos recursos sem consciência e dimensão dos impactos
gerados no ambiente nas décadas passadas.
Segundo Vernier (1994), na França a educação ambiental faz parte do currículo
acadêmico, estando inserido temas que buscam gerar esta eco consciência nos
jovens deste a sua base escolar, veja-se:
que visem ao equilíbrio dos sistemas e gerar a reflexão sobre o caos instalado
pelo excesso e forma de “intervenção inadequada” do homem em relação ao
ambiente e, assim, adotar um outro posicionamento e pensar diante das
questões ambientais. (BAGGIO, BARCELOS, 2008. p.74).
E continuam os Autores:
E visando que esta Educação Ambiental seja bem recepcionada pelos jovens
estudantes, Vernier (1994) discorre que é fundamental que o tema desperte interesse
nos educandos.
Abordam os especialistas André Baggio e Valdo Barcelos (2008) a importância
de que essa nova consciência ambiental se efetive. Como fora abordado, a mudança
de paradigma não oferece os resultados necessários de maneira imediata, contudo,
oferecerá sim resultados de maneira ad eternum quando aplicadas de geração em
geração, sendo repassado o conhecimento e a consciência ambiental de maneira que
inserirá um novo hábito neste novo perfil de pessoas, impactando nas suas atitudes,
para que atuem de maneira sustentável, inclusive no momento de consumir produtos
e serviços, optando por aqueles que são menos agressivos ao ambiente.
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A Educação Ambiental visa alcançar objetivos que serão benéficos para toda
uma coletividade, tendo, Segundo Pelicioni (1998):
É necessário que esta consciência atinja e esteja inserida dentro das grandes
atividades empresárias, fazendo com que optem por recursos menos poluentes,
meios produtivos mais ecológicos, reaproveitamento da matéria-prima que até então
era descartada, assim como ensinando aos seus colaboradores a importância de zelar
por atitudes mais sustentáveis e incentivando a prática destas atitudes em suas
residências. De acordo com Cavalcanti (1998), é necessário que haja uma
cooperação mundial no tocante ao uso dos recursos naturais, de modo que os países
industrializados controlem seu consumo de matéria-prima e assim,
consequentemente, diminuam sua participação na poluição planetária.
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O art. 4º, inciso IX, da Constituição Federal aborda a cooperação entre os povos
no que diz respeito à proteção do meio ambiente, restando expresso a necessidade
de que haja consciência da importância do papel dos Estados para que estes se
engajem na proteção do meio ambiente.
De pouco ou nenhum resultado seria quando apenas uma quantidade parcial
destes Estados optassem por proteger causas ambientais, enquanto a outra parte dos
entes federativos optassem por explorar sem atenção ao princípio da
proporcionalidade os recursos naturais. Pois, como afirma Milaré e Coimbra (2006), o
destino da humanidade é o mesmo que o do meio ambiente, são dependentes um do
outro e em não havendo uma consciência ambiental e sustentável dos Estados e seus
integrantes, ambos serão prejudicados.
O IPEA (2010), cita em seu estudo a necessidade de respeitar o meio ambiente,
tendo este como sendo a base para o funcionamento ideal de qualquer atividade
econômica:
[...] as leis sobre a qualidade que os meios naturais devem respeitar são as
menos bem aplicadas. O que não é surpreendente, os meios naturais são de
todos (e de ninguém...), e sua vigilância é portanto uma tarefa difícil.
Evidentemente é mais eficiente regulamentar as causas e as fontes do que
as consequências. (VERNIER, 1994, p. 117).
Aponta o IPEA (2010) ainda que, ao possuir uma demanda judicial que envolva
conduta ambiental, estar-se-á entregue à sorte. Conforme exposto, o Poder Judiciário
não possui demanda ambiental suficiente em muitas comarcas (municípios ou regiões
que englobam mais de um município) a ponto de gerar uma vara especializada para
apreciação do direito de maneira adequada. Assim, não apenas àqueles que
infringiram a lei, seja por ato culposo (sem intenção) ou doloso (ciente do dano que
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viria a ocorrer) não terão a pena aplicada devidamente, como também, o Estado deixa
de punir na necessária proporcionalidade a fim de evitar nova conduta delituosa e
reparar os prejuízos ambientais causados nos locais atingidos.
O IPEA (2010) aponta que em razão da ineficiência das normas jurídicas
ambientais o meio ambiente é quem sai prejudicado e logicamente, como a
humanidade é umbilicalmente dependente deste ambiente, sua qualidade de vida
resta igualmente afetada. Portanto, há necessidade de que seja adotada uma outra
maneira a garantir proteção ao meio ambiente, assim como aos seus recursos naturais
e à sua ampla abundância de vida.
Uma nova postura protecionista emerge em razão dos altos prejuízos
adimplidos pela fauna e pela flora. Tendo as normas ambientais apostado até então
que a efetividade da proteção do meio ambiente se daria por meio das altas sanções
aplicadas àqueles que degradassem o meio ambiente, focando sua atuação na
punição do transgressor, ou seja, após o dano ambiental ter ocorrido. Desta feita,
aposta-se em uma mudança de posicionamento, buscando incentivar o contribuinte
fiscal para atuar como protetor e zelador dos recursos naturais, o que será abordado
no subcapítulo seguinte.
fiscal dado pelo município visa com que o particular possa beneficiar-se assim como
a pessoa jurídica de incentivos tributários quando atua de modo a preservar ou
regenerar a natureza.
A revista Brazilian Journal of Animal and Environmental Research, em sua
edição do primeiro trimestre de 2019 descreve extrafiscalidade como sendo “A
Extrafiscalidade consiste em utilizar o tributo como instrumento de intervenção na
economia, com o objetivo de influenciar os contribuintes nas decisões de
interesse da coletividade” (Brazilian Journal of Animal and Environmental Research,
2019, apud Resende, 2006). (Grifo nosso).
Descreve o Jornal supracitado, a definição de incentivo fiscal como sendo:
Dentro da definição dos incentivos fiscais, Lacombe (1969) discorre que desde
a década de 60, os incentivos tributários atuam como meio de motivar o
desenvolvimento econômico, social e tecnológico em uma determinada região, de
maneira com que o Estado recuse parcela integral ou parcial do valor referente ao
tributo em razão de tornar o local seja município, estado ou país, mais atraente para
implementação de empresas, o que resulta na geração de desenvolvimento social e
econômico.
Como exemplo, cita Lacombe (1969) o desenvolvimento do nordeste brasileiro,
o qual teve especial atenção, recebendo isenções fiscais no Imposto de Renda de até
100% para as empresas que optassem por se fixar na região.
De modo semelhante, visando o desenvolvimento local, utilizando-se dos
incentivos fiscais, Tavares (2019) cita o exemplo da tímida implementação do
incentivo fiscal no cenário brasileiro, fazendo um breve e sucinto compilado histórico
de incentivos que tiveram como principal objetivo fomentar o desenvolvimento
econômico e ambiental.
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Muito mais eficaz que criar novos tributos, num país já de elevadíssima carga
tributária, é a adoção de incentivos fiscais para as empresas que investirem
na proteção ao meio ambiente, é o que prevê o princípio do protetor-
recebedor. (CAVALCANTE, 2012, p. 102).
Dantas (2014) aponta que um dos resultados indiretos do IPTU Verde aplicado
no município de Salvador fora o de chamar para o polo ativo do combate à poluição e
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Florianópolis, capital catarinense, também fez uso dos incentivos fiscais para
fomentar o desenvolvimento tecnológico da região, o que, resultou em uma ocupação
de seu território por empresas inovadoras, desde pequenas empresas advindas dos
estudos de empreendedorismo da UFSC, até empresas tecnológicas já consolidadas
no mercado, atraídas pela redução dos impostos.
Segundo a Revista Eletrônica de Estratégias & Negócios – REEN (2018), o
forte mover tecnológico para a capital catarinense se deu em razão de um modelo
fomentador denominado “hélice tríplice”, a qual possui a seguinte definição:
4,1 bilhões por ano e geram cerca de 29.205 postos de trabalho. (MARTINS,
2013, p.94).
De acordo com o entendimento acima, o tributo não mais possui apenas efeito
fiscal ou somente extrafiscal, de modo que a mudança ocorrida por todo o contexto
de desenvolvimento mundial, fez com que os tributos possuam ambos os efeitos,
abastecendo o estado e servindo de estímulo ou desestímulo à práticas de interesse
local.
Em recente decisão, foram mantidos a concessão de incentivos fiscais pelo
estado de Santa Catarina, por meio da Lei de Diretrizes Orçamentárias no montante
de R$5,928 bilhões, valor este que visa manter a competitividade dos empresários
catarinenses no comércio, tendo em vista que outros estados também concedem
incentivos fiscais, justamente visando atrair novos investimentos aos seus territórios,
o que resulta em aumento de emprego e acrescenta consideravelmente na economia
local. É o que discorre o Diretor Institucional e Jurídico da Federação das Indústrias
do Estado de Santa Catarina – FIESC:
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Art. 3º O art. 225 da Lei Complementar nº 007, de 1997, passa a vigorar com
a seguinte redação:
"Art. 225. São isentos do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial
Urbana:
[...]
X - as Áreas de Preservação Permanente (APP), assim definidas no Plano
Diretor, não edificadas, devidamente averbadas na matrícula do imóvel e
fisicamente sinalizada pelos proprietários, desde que não degradadas;
[...]
Art. 5º O art. 244 da Lei Complementar nº 007, de 1997, com as alterações
da Lei Complementar nº 475, de 2013, passa a vigorar com a seguinte
redação:
"Art. 244. O Chefe do Poder Executivo concederá os seguintes descontos
no pagamento do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial
Urbana (IPTU) e taxas lançadas e cobradas juntamente com este imposto,
desde que efetuado até a data do respectivo vencimento contido no carnê:
§ 1º Fica o Poder Executivo Municipal autorizado a conceder um desconto
adicional de até cinco por cento ao imóvel que se enquadrar na categoria
de uso sustentável, nos termos da regulamentação própria do órgão
responsável pelo desenvolvimento urbano do Município.
§ 2º Para efeitos de aplicação do parágrafo anterior, considera-se Uso
Urbano Sustentável o imóvel que atenda a um ou mais dos seguintes
itens:
I - aos critérios de acessibilidade do passeio público;
II - não possua vagas para estacionamento de automóveis na área de
afastamento frontal obrigatória;
III - possua bicicletário, nos termos da lei, disposto em frente à entrada
principal da edificação quando destinada ao uso comercial ou de prestação
de serviço;
IV - aos critérios de acessibilidade das edificações de uso coletivo;
V - as edificações existentes acomodem usos adequados ao zoneamento do
local;
VI - adote sistemas adequado de insonorização, em se tratando de edificação
que acomode atividade produtora de ruído ou som eletrônico; e
VII - adote sistema de aproveitamento de água de chuva, de reuso de
água e medidores individuais de consumo.
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5 CONCLUSÃO
postura que acaba por desonerar os entes públicos como custeio dos atos
fiscalizatórios e diminuir a utilização do erário para promover a coação dos poluidores,
tática esta que, conforme restou demonstrado, possui baixo resultado no tocante à
verdadeira proteção ambiental.
Conforme restou abordado, as legislações ambientais possuem muitas
lacunas, brechas as quais os agentes poluentes podem se utilizar para postergar o
pagamento da multa ou qualquer outra sanção imposta. Além da atecnia presente nas
legislações ambientais, percebe-se uma ausência de julgadores especializados na
seara ambiental para que realizem julgados mais próximos do que exigem as
demandas do meio ambiente, o que acaba por resultar em decisões superficiais, que
além de morosa não atende a real necessidade de proteção do meio ambiente.
Como estudo de caso prático, foram apontadas as capitais de Salvador e
Florianópolis, tendo Salvador aderido ao IPTU Verde, ato este que resultou no plantio
de mais de 50 mil árvores em pouco mais de 4 anos de vigência da referida lei. De
maneira semelhante, Florianópolis através dos incentivos fiscais no ramo tecnológico
tornou-se o Vale do Silício do Brasil, sendo um dos maiores polos tecnológicos da
américa latina, comportando mais de 900 empresas no ramo da tecnologia e gerando
um movimento de capital de R$ 5,4 bilhões ao ano. Desenvolvimento este que
fomenta a criação de novas empresas no ramo tecnológico, as quais possuem como
requisito para acesso aos incentivos fiscais, desenvolverem tecnologia limpa e
sustentável.
Encontrou-se dificuldade no tocante as informações atualizadas dos benefícios
fiscais concedidos pelos municípios, tendo de realizar diversas pesquisas em artigos
científicos, teses de graduação, mestrado e doutorado no objetivo de obter por meio
de informações fragmentadas os dados atualizados sobre números que possam
demonstrar os resultados obtidos por meio dos incentivos fiscais nos municípios
analisados.
Por fim, pode-se concluir que os incentivos fiscais possuem maior eficiência na
proteção ambiental e no desenvolvimento econômico sustentável do que o temor das
sanções aplicadas pelo Poder Judiciário, o qual se mostra ineficiente na efetiva
proteção do meio ambiente, atuando apenas no sentido de repressão e punição,
quando por outro lado, o incentivo fiscal se mostra como uma ferramenta ativa e de
melhor resultado tanto no tocante a proteção dos recursos naturais quanto no fomento
do desenvolvimento econômico sustentável, tecnológico e consciente.
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REFERÊNCIAS
DOS REIS, Glaucia Miranda Pires; COSTA, Vitor Henrique Malikoski; ORTIGARA,
Rudinei José. Política de incentivos fiscais à inovação tecnológica como
instrumento possibilitador ao desenvolvimento econômico sustentável:
possibilidades de aplicação da lei 10.973/2004 às nanotecnologias. Caderno
PAIC. Curitiba, v.19, n.1, 659-678, 2018. Disponível em:
https://cadernopaic.fae.edu/cadernopaic/article/view/315. Acesso em 31 out. 2019.
<http://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&db=ir00570a&AN=fgv.article.26
4&lang=pt-br&site=eds-live>. Acesso em: 31 out. 2019.
SANTOS, Roberta Monique da Silva, et al. IPTU verde como subsídio à melhoria
da qualidade ambiental urbana da Cidade de Manaus. Braz. J. Anim. Environ.
Res., Curitiba, v. 2, n. 1, p. 557-563, jan./mar. 2019. Disponível em:
http://www.brjd.com.br/index.php/BJAER/article/view/1441. Acesso em 31 out. 2019.