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Análise da Estrutura, Conduta e Desempenho


da Indústria Processadora de Soja no Brasil
no Período de 2003 a 2010
Aline Fumie Sediyama1, Luiz Gonzaga de Castro Júnior2,
Cristina Lelis Leal Calegario3 e Paulo Henrique de Lima Siqueira4

Resumo: Baseando-se no arcabouço teórico da Economia Industrial, o presente


estudo teve como objetivo analisar a estrutura da indústria processadora de
soja, bem como a conduta das empresas e o desempenho do setor no Brasil.
Considerando-se o mercado relevante da indústria processadora de soja, foram
analisados os índices de concentração das processadoras de acordo com o valor em
vendas e as estratégias determinantes da localização das unidades processadoras
de soja das principais empresas (Bunge, Cargill, ADM e Louis Dreyfus), verificando
as transformações que ocorreram de 1990 a 2010. Para analisar o desempenho do
setor no País, foram realizadas análises estatísticas, como matriz de correlação e o
método da regressão múltipla por Mínimos Quadrados Ponderados. De maneira
geral, no Brasil, ainda há uma tendência de aumento na quantidade de unidades
processadoras de soja. Porém, em 2010, o número de unidades paradas foi maior,
indicando que não são todas as processadoras que estão utilizando plenamente
os recursos. Verificou-se que a concentração das processadoras de soja, de certa
forma, não tem limitado o desempenho do setor, mas os custos não estão sendo
plenamente repassados pelos produtores de soja aos preços.

Palavras-chaves: estrutura, conduta, desempenho, processadoras de soja.

Abstract: Based on the Industrial Economics theory, this study aimed to analyze the
soybean processing industry structure, corporate conduct and performance in Brazil.
Considering the relevant market of soybean processing industry, it was analyzed the
concentration index of soybean processors with sales and strategies determinants of the
plants location of major companies that process soybean (Bunge, Cargill, ADM and Louis

1
Mestranda em administração pela Universidade Federal de Lavras (Ufla). E-mail:
alinesediyama@yahoo.com.br
2
Professor de comercialização, derivativos agropecuários, economia da Universidade Federal de
Lavras (Ufla). E-mail: gonzaga.ufla@gmail.com
3
Professora de Economia Industrial da Universidade Federal de Lavras (Ufla). E-mail:
ccalegario@dae.ufla.br
4
Professor de micro, macro e economia brasileira da Universidade Federal de Lavras (Ufla). E-mail:
p33108@hotmail.com
Dreyfus), analyzing changes from 1990 to 2010. To analyze the sector performance in Brazil, matrix correlation
and multiple regression method of weighted least squares statistical analyses were used. Overall, in Brazil, there is
still an increase trend in the number of soybeans processing plants. However, in 2010, the number of non-operating
plants was higher, showing that not all processors are fully using resources. It was found that the concentration
of soybean processors is not limiting the performance of the sector, but the costs have not been fully transferred by
soybean producers to prices.

Key-words: structure, conduct, performance, soybean processors.

Classificação JEL: L10.

1. Introdução ganhos de competitividade. Algumas principais


mudanças que estão impactando a cadeia da
A soja em grãos representa grande parcela soja são: o deslocamento da produção agrícola
da exportação de commodities do Brasil. De rumo aos cerrados (especialmente o Centro­
acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro ‑Oeste brasileiro), o desenvolvimento de novos
de Geografia e Estatística), de 1990 até 2011, a corredores de exportação, as ineficiências estru­
quantidade produzida de soja em grão apresentou turais da indústria processadora, conse­quência
Taxa Geométrica de Crescimento (TGC)5 de 7,2%, do processo de concentração (fusão e aquisições)
provocada tanto pela expansão da área colhida e a adoção de novas tecnologias.
(TGC de 4,9%) quanto pelo crescimento da pro­ Mas um dos aspectos mais aparentes no
dutividade (TGC de 2,20%). sistema agroindustrial da soja é a formação de
Apesar de o Brasil produzir várias oleaginosas, grupos empresariais distintos na organização e
como amendoim, caroço de algodão, mamona, conduta da indústria de esmagamento, refino
oiticica, babaçu, girassol e granola, a soja em e derivados. Em função de níveis diferenciados
grão e seus derivados representam importante de integração vertical dentro da cadeia e diver­
parcela do mercado brasileiro de oleaginosas em sificação para outros negócios além da soja,
produção, uso e comércio. Buainaim et al. ([200-]) argumentam que, no
Dentre os grandes produtores mundiais de esmagamento, o foco estratégico predominante
soja (Estados Unidos, Brasil e Argentina), o Brasil é liderança em custos (baseada fortemente
é o que tem o maior potencial de expansão da em economias de escala, busca de redução da
área cultivada, podendo, dependendo das neces­ capacidade ociosa, logística eficiente, inovação em
sidades de consumo do mercado de farelo e de processos), ao passo que no estágio de derivados
óleo, mais do que duplicar sua atual produção e, predomina a diferenciação de produtos (com
em curto prazo, constituir-se no maior produtor forte orientação para segmentação de mercados,
e exportador mundial de soja e seus derivados promoção/marca e inovação de produtos).
(DALL’AGNOL et al., 2004). A maioria das empresas esmagadoras de soja
Os segmentos do sistema agroindustrial que atuam no Brasil tem forte orientação para
da soja são submetidos a um novo ambiente liderança em custos, ou seja, visam estratégias que
competitivo e ainda passam por importantes diminuem os custos por unidades de produção,
mudanças, ao mesmo tempo em que tentam uma vez que buscam explorar o sistema logístico
rea­dequar suas estratégias, visando obter para obterem maior eficiência produtiva.
Há alguns fatores que são decisivos para
5
Calculada pelo antilog do parâmetro β1 da regressão que a indústria processadora de soja alcance a
ln(Y1) = β0 + β1T + ui, em que Yi é o valor da quantidade
produzida de soja em grãos, ou a área ou a produtividade
liderança em custo, tais como: aumentar a escala
e T, a variável tendência, calculado pelo autor. de produção, proporcionando custos médios

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de produção menores por unidade produzida; ‑se importante analisar as mudanças estruturais
diminuir a capacidade ociosa que proporcione na indústria processadora de soja e os impactos
redução dos custos médios; aumentar a eficiência dessas na conduta e desempenho do setor
na logística, fundamental para adquirir matéria­ durante os últimos anos.
‑prima e para a distribuição do produto; e Para tanto, o presente estudo tem como obje­
melhorar a gestão financeira, reduzindo riscos tivo analisar a estrutura da indústria por meio
frente à volatilidade dos preços, lidando da mensuração da concentração de mercado
adequadamente com os recursos, os juros e os das indústrias processadoras de soja; a conduta
créditos. das empresas pela identificação das estratégias
Com isso, o processo de concentração da determinantes da localização das principais
indústria esmagadora de soja, identificado empresas processadoras de soja do Brasil nos
em outros estudos referentes à década de últimos anos; e o desempenho do setor no
90, acentuou-se no início da década de 2000 Brasil através dos determinantes dos preços
(CARVALHO e AGUIAR, 2005). Além desse recebidos pelos produtores de soja, das unidades
movimento de concentração nas atividades processadoras ativas e do nível de exportação.
de processamento e comercialização de grãos, Além dessa introdução, o presente estudo
Souza (2007) verificou que grupos multinacionais foi dividido em cinco seções. Na próxima, estão
da agroindústria, como a Bunge e a Cargill, delineadas as mudanças ocorridas no ambiente
realizaram intensos movimentos de aquisições competitivo das indústrias processadoras de soja.
no Brasil no final da década de 90, criando A seção seguinte se refere aos conceitos teóricos.
subsidiárias na industrialização de fertilizantes. Depois, são mencionados material e métodos
O agricultor, além de ser fornecedor de insumos, utilizados para a realização deste trabalho. Na
agora é também cliente diante da indústria seção seguinte são analisados e discutidos os
de fertilizantes pertencente ao mesmo grupo resultados obtidos. Por último, estão as consi­
empresarial. derações finais.
A partir de 2000, alguns estudos mostraram
que o poder monopsônico se manifestaria por meio
do pagamento de preços menores aos produtores 2. Caracterização da
de soja, nos mercados em que a concentração indústria de soja no Brasil
fosse maior. Os resultados sugeriram que era
viável para as empresas processadoras o exercício A indústria de esmagamento da soja
de poder de mercado em relação aos produtores extrai, refina e processa derivados do óleo e
de soja e que o exercício de poder se daria de seus principais produtos são o óleo bruto, o
maneira mais intensa onde os processadores óleo refinado e o farelo de soja, além de outros
tivessem maior poder de barganha em relação em produção ou potencialmente passíveis de
aos produtores de soja, como em regiões mais produção. Este segmento proporciona as maiores
afastadas dos portos de embarque (CARVALHO, potencialidades de competitividade da cadeia
2004; CARVALHO e AGUIAR, 2005). produtiva, pelas possibilidades de diferenciação e
Apesar de o Brasil ter grande potencial para a da consequente agregação de valor (BUAINAIM
produção de soja e de aumento de capacidade de et al., [200-]).
processamento, muitas mudanças ocorreram na A evolução da capacidade instalada de pro­
economia e especificamente no mercado agrícola cessamento de soja e a sua localização têm depen­
brasileiro e mundial nos últimos dez anos, como dido, basicamente, do crescimento da produção
o incentivo à produção de biocombustível, o agrícola da soja e de seu deslocamento espacial,
maior protecionismo das áreas nativas e a crise influenciando na formação dos custos dos setores
de crédito financeiro de 2008. Dessa forma, torna­ industriais da cadeia (MAGALHÃES, 1998).

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Os estados do Sul do Brasil e São Paulo Segundo Williams e Thompson (1988), o


foram os pioneiros na produção da soja, devido aumento da capacidade de esmagamento em
às condições edafoclimáticas6 favoráveis e à comparação à produção agrícola de soja não
proximidade dos portos de embarques. pode ser explicado simplesmente pela criação
Segundo Warnken (1999), antes de 1970, a de capacidade ociosa planejada, a existência de
indústria de processamento de soja consistia em indivisibilidades, ou a constituição de barreiras
grupo de pequenas fábricas, localizadas, sobretudo, à entrada de novos concorrentes. O governo
em São Paulo e no Rio Grande do Sul. Mas, com federal deu incentivos ao setor, dando vantagens
o aumento da produção dessa commodity no tributárias, como redução dos impostos e isenções
Brasil, houve um acompanhamento por parte das para produtos processados, e ajudou com linhas
indústrias processadoras, apresentando mudança de crédito que beneficiavam as exportações de
estrutural em termos de processamento de soja. produtos originados da soja em grão.
Houve implantação de unidades modernas, com As indústrias processadoras de soja preci­
expansão da capacidade de processamento. saram reduzir os custos fixos decorrentes da
Com o esgotamento dessas áreas de expansão capacidade ociosa. Uma das maneiras encontrada
nos estados da região Sul do Brasil, em virtude foi a importação da soja pelo regime de drawback.
da diminuição da produtividade decorrente das Conforme Williams e Thompson (1988), as esma­
restrições de crédito oficial e da maior diver­ gadoras brasileiras poderiam importar soja em
sificação das lavouras para a redução de riscos, grão, processá-la e exportar os subprodutos
com a produção de milho, algodão e pastagens com isenção de direitos alfandegários, impostos
cultivadas, observou-se menor crescimento e cotas. Além da isenção de tributos, o governo
em área na cultura da soja, a partir de 1980. financiaria essas importações de soja em grão a
Entretanto, em Mato Grosso, Mato Grosso do uma taxa de juros de 4,5% ao mês, bem inferior à
Sul, Goiás, Maranhão, Minas Gerais e Bahia, a taxa de mercado vigente em meados de 1982, de
expansão da fronteira agrícola foi responsável 7% a 8% ao mês. Embora os subprodutos tivessem
pelo incremento do cultivo da soja nestes estados o prazo de um ano para serem exportados, o
(IGREJA et al., 1988). prazo máximo do financiamento era de 180 dias.
Com isso, a capacidade de produção, que era A tendência de as novas regiões produtoras
de cerca de 40 mil toneladas/dia em 1977, mais expandirem sua participação na capacidade de
que dobrou em 1982, quando foi para o patamar esmagamento nacional reflete o potencial de
de 90 mil toneladas/dia. Após um crescimento aumento da oferta com maior produtividade da
da capacidade mais suave durante a década soja nessas regiões. Se isso é um fator positivo da
de 80 e a primeira metade da década de 90, competitividade dos setores industriais da cadeia
em 1995 a capacidade instalada havia passado de soja, há os aspectos negativos do deslocamento
para 116 mil toneladas/dia, e a maior parcela espacial da capacidade de esmagamento, como:
estava concentrada em plantas de mais de 1.499 a precariedade da infraestrutura básica dessas
toneladas/dia (MAGALHÃES, 1998). regiões, principalmente a de transportes, e a
O novo parque industrial enfrentou proble­ distância em relação aos tradicionais portos de
mas de capacidade ociosa com a produção da exportação dos produtos agroindustriais da soja
soja permanecendo estagnada. Dois fatores (MAGALHÃES, 1998).
contribuíram para esse fato: a degradação da As dificuldades no transporte terrestre de
rentabilidade das lavouras e o aumento do preço farelo e de grãos de soja em certas áreas geo­
dos insumos agrícolas. gráficas que comprometem a competitividade
do setor poderiam ser superadas utilizando-se
6
Condições de clima e solo que podem ser ou não propícias
o transporte fluvial em uma das maiores malhas
para a produção de determinadas culturas agrícolas. fluviais do planeta, com calhas navegáveis todo

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o ano por navios de grande porte, atingindo produtos industrializados semielaborados, ou


os mercados externos por via fluvial/ marítima serviços, prejudica a venda externa dos produtos
(BUAINAIM et al., [200-]). derivados de soja, aumentando seus impostos,
A partir da década de 80, uma das estratégias enquanto beneficia a soja em grão.
adotadas pelas grandes firmas multinacionais foi Como a soja em grão é o fator de principal
o processo de aquisição de empresas nacionais custo da produção industrial, as empresas esma­
que buscaram consolidar sua atuação no mercado ga­doras buscam ganhos de escala, aumen­tando
nacional, principalmente na região de expansão o tamanho da planta industrial para reduzir os
(Centro-Oeste), onde o número de empresas custos médios de esmagamento. Dessa forma, se
existentes no setor era inferior em relação à região as indústrias esmagadoras conseguem quanti­
tradicional (MEDEIROS e FRAGA, 2002). dades desejáveis de soja a preços menores,
Além disso, para diminuir o risco de nego­ elas conseguem explorar a economia de escala,
ciação da soja, as esmagadoras que se deslocavam ganhando, consequentemente, na margem de
para a região Centro-Oeste buscavam estabelecer lucro.
contratos. De acordo com Paes Lemes (2994)7, Segundo Magalhães (1998), um aspecto
31,5% dos 200 sojicultores de Goiás e Mato peculiar da competitividade da cadeia é que as
Grosso adotavam formas contratuais híbridas8, novas plantas de esmagamento e refino de óleo
envolvendo a venda antecipada a processadoras, de soja na região central do Brasil apresentam
indústrias de insumo e produtores de soja. capacidade média de processamento maior
Há duas regiões produtoras e com firmas em relação às plantas da região Sul, podendo
processadoras no Brasil com características apresentar custos de produção menores em relação
próprias: a região tradicional (Sul) e a região dos às do Sul se conseguirem explorar as economias
cerrados. A primeira tem unidades de produção de escala. E alguns fatores têm possibilitado as
agrícola de menor escala, com forte presença empresas explorarem as economias de escala,
de cooperativas e maior número de plantas como o acesso privilegiado à commodity, plantas
processadoras de soja. Já a segunda apresenta de grande porte e os investimentos em logística,
desenvolvimento mais recente, com unidades mantendo uma posição sólida nos mercados
agrícolas de maior escala e menor número de internacionais de farelo e óleo de soja.
processadoras. Entretanto, na década de 90, a capacidade
As empresas líderes buscam aumentar a ociosa foi uma das principais fontes de ineficiência
competitividade logística, procurando estabelecer da maioria das esmagadoras de soja no Brasil,
suas unidades em diferentes regiões do País. afetando negativamente sua rentabilidade e,
Porém, elas encontram uma barreira em relação à consequentemente, a geração de fundos próprios
exportação de farelo e óleo de soja. A Lei Kandir para investimento (MAGALHÃES, 1998).
que, de acordo com a Lei Complementar n. 87 Carvalho e Aguiar (2005) verificaram, em seu
de 1996 no Artigo 3º, isenta de ICMS (Imposto estudo, que a maior capacidade ociosa por parte
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) das firmas processadoras aumenta a concorrência
operações e prestações que destinem ao exterior pela compra de soja em grão, refletindo em
mercadorias, inclusive produtos primários e preços maiores pagos aos produtores, e essa
característica é mais significativa nas regiões mais
7
apud Zylbersztajn (2005). próximas aos portos de embarque, ou seja, menor
8
De acordo com Zylbersztajn (1995); Casorotto Filho distância e maior capacidade ociosa tendem a
(1998), contratos híbridos são complexos e envolvem
relações de longo prazo, arranjos de propriedade parcial implicar preços maiores pagos aos produtores.
de ativos, coprodução, comércio recíproco, contratos de As condições de entrada no mercado se
distribuição, alianças estratégicas, joint-ventures, franquias,
licenciamentos, contratos de compra e venda a longo prazo,
traduzem na barreira de entrada, que é uma
redes de empresas, consórcios e produção compartilhada. vantagem que os vendedores estabelecidos

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em uma indústria têm sobre os vendedores na agregação de valor ao produto por meio do
entrantes potenciais, que reflete na capacidade processamento deste.
que os primeiros têm de persistentemente poder O Brasil tem demonstrado pouca ampliação
aumentar seus preços acima do nível competitivo, na exportação de óleo de soja, que é a principal
sem atrair novas firmas para entrar na indústria fonte de gordura para o mercado interno. A
(BAIN, 1956). legislação tributária e as características pecu­
Segundo Farina (2000), as barreiras à entrada niárias das unidades de processamento são
podem ter natureza tecnológica (economias de alguns dos fatores para o País apresentar menor
escala ou de escopo em relação ao tamanho do grau de competitividade no exterior para esse
mercado), ou de diferenciação (reputação das produto (PINAZZA, 2007).
empresas já estabelecidas e marcas comerciais). Para os representantes da indústria de proces­
Dessa forma, as economias de escala que as samento e exportação de soja, é mais vantajoso
empresas esmagadoras buscam são caracterizadas que a soja seja utilizada dentro do Brasil, em vez
como barreiras à entrada, uma vez que as de ser exportada, por causa dos tributos altos e do
entrantes precisam também apresentar plantas frete que não compensam a grande quantidade
industriais com alta capacidade de produção para de produtos comercializados no exterior.
concorrer no mercado.
Porém, a tecnologia das indústrias de esma­
gamento não é caracterizada como barreira à 3. Modelo Estrutura-Conduta­
entrada, pois tem tecnologia de fácil acesso a ‑Desempenho
todas as empresas do setor, não apresentando
exclusividade de patentes (MAGALHÃES, 1998). Ao se estudar as empresas agroindustriais,
Em 2009, a exportação da soja em grão e os cada vez mais se faz necessário ultrapassar o
seus derivados apresentou aumento e grande paradigma da teoria de firma Walrasiana, que
participação nas exportações do País. De acordo desconsidera as relações das firmas com o seu
com dados da Conab (2010), em 2009, o fatura­ ambiente de mercado. Segundo Zylberztajn
mento da exportação da soja representou (2005), vários estudos já foram realizados no
27% do total das exportações do agronegócio, Brasil baseados na teoria da Economia Industrial,
enquanto participou com 11% no total dos focalizando as cadeias produtivas.
embarques brasileiros. Os principais destinos As relações entre empresas, mercado e insti­
da commodity são a União Europeia (Holanda, tuições são a essência da teoria da Economia
Alemanha e Espanha), a China e o Japão. Mas um Industrial, que foi reconhecida na literatura
dos problemas enfrentados pelos exportadores na década de 50 como um campo específico
brasileiros são as barreiras tarifárias e não da literatura econômica. Para esta teoria, a
tarifárias que os importadores estabelecem. empresa precisa se adequar às forças ambientais
A soja in natura é mais exportada em internas e externas para conseguir competir e
comparação aos seus derivados, sendo que sobreviver no mercado em que está inserida. E
um dos fatores que impulsiona essa situação se caracteriza como uma observadora empírica
é a Lei Kandir. Mas, segundo Lazzarini e do comportamento das empresas. Dentro
Nunes (2000), a exportação de soja em grão é desse ramo há duas principais correntes: a
favorecida também pela ineficiência de muitas abordagem tradicional e a abordagem alternativa
processadoras nacionais, onde estão presentes a (schumpeteriana/institucionalistas).
capacidade ociosa e a logística desfavorável, e o De acordo com Kupfer e Hasenclever (2002),
alto custo de carregamento de estoques de soja a primeira corrente estruturou-se progressiva­
no País, devido aos juros altos. Para as empresas, mente a partir do trabalho de Joe S. Bain, cul­
não havia necessariamente margens adicionais mi­nando com a representação teórico-analítica

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proposta por F. M. Scherer, conhecida como mo­ A relação da estrutura de mercado com
delo Estrutura-Conduta-Desempenho (Modelo o desempenho, passando pela conduta das
ECD). Tem como principal objetivo a análise da empresas, resulta nos modelos de concorrência
alocação dos recursos escassos sob as hipóteses perfeita e monopólio, em que quantidades de
de equilíbrio e maximização dos lucros. empresas menores determinariam os níveis de
Recentemente, alguns desenvolvimentos na mercado que estão inseridas. E para o modelo
matematização dos modelos de empresa e de ECD, se uma estrutura de mercado se aproximar
interação entre essas (teoria dos jogos) levaram do monopólio, seu desempenho será pior.
os estudiosos a rebatizar esta corrente de Nova Mas, segundo Scherer (1970), não existe somen­
Economia Industrial (NEI). Nesse desdobramento te um fluxo direto entre o modelo, mas também os
há um aumento da importância das condutas feedbacks; por exemplo, uma conduta de política
empresariais na determinação das estruturas de preço adotada pelos vendedores pode aumentar
de mercado; a empresa deixa de ser um agente ou diminuir as barreiras de entrada, influenciando
passivo para adotar estratégias arbitrárias. Os consequentemente na estrutura do mercado.
principais fundamentos da ação governamental Segundo Possas (1990), o modelo ECD também
na preservação da concorrência (regulação) e seus pode ser expresso como a tríade concentração –
efeitos sobre a estrutura da indústria e sobre a barreiras à entrada – lucratividade. E o elemento
estratégia das empresas (defesa da concorrência) estrutural do mercado que habitualmente é
são oriundos dessa corrente. associado mais de perto à concentração, bem
Para Bain, as condutas não importavam a como as barreiras à entrada, é a presença de
ponto de se considerar que a estrutura – repre­ economias de escala. Estas podem ser reais ou
sentada por variáveis como grau de concentração pecuniárias, distinguindo-se conforme a vanta­
ou de barreiras à entrada – determinava direta e gem nos custos unitários relacionada com o
inequivocamente o desempenho do mercado. E o tamanho que proporcione uma economia física
desempenho, por sua vez, é avaliado em termos de recursos, ou caso contrário, unicamente um
do desvio da taxa de lucro efetiva em relação à poder diferencial de obter preços vantajosos dos
taxa ideal em eficiência alocativa – o ótimo de próprios produtos ou dos mercados fornecedores
Pareto – o que significa, de fato, o desvio do de insumos, trabalho e capital.
preço efetivo em relação ao custo marginal de Sousa (2005) complementa que, devido ao
produção (KUPFER e HASENCLEVER, 2002). fato de haver pequena, média e grande empresa,
O Modelo ECD propõe que as condições já se nota um descompasso na dinâmica de cres­
básicas de mercado (oferta e demanda) influenciam cimento que estas empresas atravessam. Isso quer
a estrutura de mercado. E, por conseguinte, demonstrar que existem economias de escala
dependendo da estrutura de mercado (número e crescente para uns e decrescentes para outros
tamanho relativo dos concorrentes, compradores que crescem mais lentamente.
e vendedores; grau de diferenciação dos A Escola de Chicago contrapõe-se ao
produtos; existência de barreira de entrada Modelo ECD, afirmando que há livre entrada
de novas empresas no mercado, estrutura de e saída do mercado e produtos homogêneos.
custos; integração vertical), a empresa terá uma Para os estudiosos dessa corrente, as empresas
conduta (política de preços, níveis de cooperação relativamente maiores seriam capazes de
tácita, pesquisa e desenvolvimento, publicidade, conseguir economia de escala e escopo, pois
investimento, política de fusões e aquisições, elas estariam em condições semelhantes para
decisão de produção) que irá influenciar no atingir essas vantagens, e os ganhos de eficiência
desempenho (eficiência produtiva e alocativa; ocorreriam de estruturas mais concentradas.
desen­volvimento; pleno emprego; processo téc­ Enquanto o modelo estrutura-conduta-de­
nico; crescimento distributivo). sempenho acredita numa visão de concorrência

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imperfeita para analisar o comportamento relação aos custos; complementaridades que


industrial, a Escola de Chicago acredita no modelo podem ocorrer entre as empresas, como no
de concorrência perfeita (MARTIN, 1993). processo de integração vertical; possibilidade
de crescimento com maior velocidade e
3.1. Estratégia de crescimento segurança; possibilidade de dominação do
mercado, eliminando rivais e partindo para a
As empresas buscam formas de crescimento monopolização da produção; favorecimento
para conseguirem se manter no mercado, que está das ações no mercado acionário, caso os fatores
cada vez mais competitivo. Segundo Azevedo financeiros sejam suficientes para unir os capitais
(2000), algumas das estratégias de crescimento são em uma empresa.
tipicamente ações que visam alterar a estrutura Fusões e aquisições podem ser de três tipos
dos mercados e, com isso, permitir uma posição principais: horizontal, vertical e diversificação.
melhor na concorrência junto a rivais – como Na horizontal, uma firma se agrega a outra, que
é o caso de fusões e aquisições, diversificação desenvolve a mesma atividade; na vertical, ela
e integração vertical. Outras constituem ações se une a outra, a montante (fornecedora) ou a
que buscam uma posição mais favorável das jusante (compradora), de sua cadeia de produção
empresas na disputa pelos consumidores, como e, finalmente, numa diversificação, uma firma
segmentação de mercado e diferenciação. se une às outras firmas de diferentes atividades
Porém, uma das formas de competição que econômicas. A diversificação é concêntrica
está presente tanto no âmbito nacional e no inter­ quando a empresa comprada tem produção,
nacional é a concentração de mercado, que pode tecnologia, produtos, canais de distribuição e ou
ser realizada por meio das fusões e aquisições. mercados similares aos da empresa compradora, e
Uma fusão ocorre quando duas ou mais é diversificação não relacionada ou conglomerada
empresas, em geral de porte praticamente quando a adquirida tem linhas de negócios com­
igual, combinam-se em uma empresa por uma pletamente diferentes (CERTO et al., 2005).
permuta de ações. As fusões são realizadas para As medidas de concentração pretendem
partilhar ou transferir recursos e ganhar em força captar de que forma agentes econômicos apre­
competitiva. A principal razão para uma fusão é sentam um comportamento dominante em deter­
tirar vantagem dos benefícios da sinergia. Quando minado mercado e, nesse sentido, os diferentes
a combinação de duas empresas resulta em maior indicadores consideram as partici­pações no mer­
eficácia e eficiência do que se conseguia com cada cado dos agentes segundo diferentes critérios de
uma delas separadamente, a sinergia foi, então, ponderação (RESENDE e BOFF, 2002).
atingida. Mas se a tendência for de fusões para Resende (1994) define três etapas no desen­
as empresas tirarem vantagens, é possível que, volvimento de medidas de estrutura de mercado:
em períodos de recessão econômica, as empresas a) o grau de concentração nas vendas descrito
tendam a vender sua participação em relação às pelo número e distribuição de tamanho dos ven­
firmas (WRIGHT et al., 2007; KON, 1999). dedores no mercado; b) o grau de concentração
Segundo Azevedo (2000), o principal motivo nas vendas medidas em termos de participação
para as firmas realizarem estratégias de cresci­ das maiores firmas no mercado; e c) a intensidade
mento por fusões e aquisições é a presença de da concentração medida em termos de um índice
economias de escala, em suas diversas formas que considere todas as firmas que atuem em um
(reais ou pecuniárias). dado mercado.
Kon (1999) acrescenta que há outros objetivos As medidas de concentração podem ser clas­
para a compra de outra empresa: possibilidade de sificadas como: parciais ou sumárias, positivas
obter ou ampliar as economias de escala quando ou normativas. As medidas parciais são aquelas
se encontram em tamanho abaixo do ótimo em que utilizam apenas uma parte dos dados

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da totalidade das empresas em operação na 4. Material e métodos


indústria em consideração, como por exemplo,
as razões de concentração. As sumárias requerem O mercado relevante sob análise é a indústria
dados sobre todas as empresas em operação, processadora de soja onde são oriundos todos
como por exemplo, os índices de concentração os produtos de esmagamento de soja do Brasil.
de Hirschman – Herfindahl e entropia de Theil. Neste estudo, o modelo conceitual utilizado
As medidas positivas são unicamente função é apresentado na Figura 1, uma adaptação do
da estrutura aparente do mercado industrial (o modelo de Scherer (1970), abordando a estru­
nível e a distribuição das parcelas de mercado). tura do mercado, a conduta empresarial e o
E as medidas normativas consideram a estrutura desempenho do setor.
aparente e os parâmetros comportamentais Na estrutura do mercado, o grau de concen­
que estão relacionados com as preferências dos tração foi medido por meio dos indicadores:
produtores ou consumidores. razões de concentração e o índice de HH de 23

Figura 1. Modelo conceitual do estudo

Condições Básicas

Oferta: Demanda:
• Tecnologia • Substitutos
• Matéria-prima • Elasticidade
• Sindicalização • Taxa de crescimento

Estrutura

CR4 e HHI da capacidade de processamento


dos estudos anteriores
CR4 e HHI do valor em vendas
Unidades ativas e desativadas

Conduta

Estratégias adotadas pelas principais proces-


sadoras
Unidades ativas e paradas das principais

Desempenho

PREÇOS: Preço recebido pelo produtor, preço da soja, do fa-


relo e do óleo no porto de Paranaguá e na Bolsa de Chicago
CUSTO DE PRODUÇÃO TOTAL
PRODUÇÃO: Área plantada
CAPACIDADE DE PROCESSAMENTO: unidades ativas, pa-
radas e principais ativas; capacidade de processamento total,
das ativas e das paradas
LOCALIZAÇÃO

Fonte: Adaptado do modelo de Scherer (1970).

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170  Análise da Estrutura, Conduta e Desempenho da Indústria Processadora de Soja no Brasil no Período de 2003 a 2010

empresas que possuíam unidades processadoras Elevar cada parcela de mercado ao quadrado
de soja no País, que foram analisadas de acordo implica atribuir um peso maior às empresas
com o valor em vendas (em US$ milhões) com relativamente maiores. O índice HH varia
dados das “Melhores e Maiores” da Revista entre 0 e 1. Dessa forma, quanto maior for o
Exame, do período de 2006 a 2009. HH, mais elevada será a concentração (menor a
A razão de concentração de ordem k é um concorrência entre os produtores).
índice positivo que fornece a parcela de mercado Além das 23 empresas cadastradas na
das k maiores empresas da indústria (k = 1, 2, 3, revista, também se verificou a concentração das
..., n). Assim: processadoras de soja de acordo com a capa­
cidade de processamento nos estudos realizados
CR^k h = /i = 1 si por Aguiar (1994), Magalhães (1998); Aguiar
k
(1)
e Leismann (2001)9; Carvalho (2004) nos anos
em que: de 1993, 1995, 1997 e 2003. Devido a dados
CRk = taxa de concentração das k-ésimas maiores indisponíveis, não foi possível a continuação
firmas; da mensuração da concentração em relação à
Si = parcela de mercado da firma i, ou seja, o capacidade de processamento nos últimos anos.
volume de vendas das empresas; Com os dados da Abiove, analisou-se a quantidade
k = número de firmas consideradas. de unidades ativas e desativadas nos estados
Quanto maior o valor do índice, maior é brasileiros. Os 13 estados observados foram:
o poder de mercado exercido pelas k maiores Paraná, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Goiás,
empresas. Segundo Vasconcelos; Garcia (2005), São Paulo, Mato Grosso, Minas Gerais, Bahia,
em termos percentuais, quanto mais próximo Santa Catarina, Piauí, Amazonas, Pernambuco e
de 100%, maior o grau de concentração do setor; Maranhão, compreendendo o período de 2003 a
quanto mais próximo de 0%, menor o grau 2010. O estado de Rondônia não foi incluído, pois
de concentração (e, portanto, maior o grau de apresentou unidade processadora de soja apenas
concorrência) do setor. em 2010.
Resende; Boff (2002) observam algumas Para analisar a conduta, foram identificadas
deficiências imediatas dos índices CR: ignorar as estratégias determinantes da localização das
a presença das n-k empresas menores da unidades processadoras de soja das principais
indústria; não levar em conta a participação empresas (Bunge, Cargill, ADM e Louis Dreyfus),
relativa de cada empresa no grupo das k maiores analisando as transformações que ocorreram
empresas; e não informar sobre a posição das nesse período. Diversas informações foram bus­
firmas dentro do ranking (turnover); e ignorar o cadas em periódicos, dissertações e teses, notícias
papel das importações. Por isso, é aconselhável a semanais e páginas na internet das grandes
utilização do Índice de Hirschman – Herfindahl esmagadoras de soja, por exemplo.
(HH) conjuntamente, que se refere à soma dos Para analisar o desempenho do setor no País,
quadrados das parcelas de mercado de cada foram realizadas análises de regressão múltipla
empresa, calculado como: por Mínimos Quadrados Ponderados, para
eliminar o problema de heterocedasticidade.
O método stepwise foi utilizado para ajudar na
HH = /i = 1 Si2
n
(2)
seleção das melhores variáveis para o modelo.
As variáveis utilizadas em cada análise estão
em que: apresentadas nas Tabelas 1, 2 e 3, bem como os
Si = parcela decimal de mercado de uma das efeitos marginais esperados em cada regressão.
firmas do mercado analisado;
N = número total de empresas. 9
apud Carvalho (2004).

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Os três modelos têm como variáveis dependentes ao porto de Paranaguá. As variáveis preço
o preço recebido pelo produtor em R$/tonelada recebido pelo produtor, custo de produção total
(Pre), a quantidade de unidades processadoras de e preço FOB da soja, do farelo e do óleo foram
soja ativas (Ati) e a quantidade exportada de soja deflacionadas segundo IGP-DI (FGV), enquanto
em grão em mil toneladas (QuExp). Os softwares os preços da soja, do farelo e do óleo na Bolsa de
utilizados foram o Gretl (GNU Regression, Chicago foram deflacionados segundo o Índice
Econometric and Time-series Library) e o SPSS de Preços no Varejo (CPI-U). O preço FOB da
(Statistical Package for the Social Sciences). Para a soja, do farelo e do óleo no porto de Paranaguá
tabulação dos dados, as planilhas do Excel foram e o preço da soja, do farelo e do óleo na Bolsa de
utilizadas. Chicago foram os mesmos para todos os estados.
Foram utilizados os indicadores de preços, Somente os estados do Paraná, Mato Grosso,
custo de produção total, produção, capacidades Rio Grande do Sul, Goiás, São Paulo e Mato Grosso
de processamento e localização em relação do Sul tinham a variável preço recebido pelo

Tabela 1. Variáveis utilizadas em relação ao preço recebido pelo produtor (Pre) em R$/toneladas
Sigla Descrição Efeito marginal
CT Custo de produção total em R$/tonelada do produtor +
Prod Produção em mil toneladas -
Par Quantidade de unidades processadoras de soja paradas -
CaAti Capacidade de processamento das unidades ativas em tonelada/dia +
OleFob Preço FOB do óleo de soja no porto de Paranaguá em R$/tonelada +
FaChic Preço do farelo de soja na Bolsa de Chicago em R$/tonelada +
Loc Localização dos estados considerando-se 0 para aqueles longe do porto de Paranaguá e 1 para perto +
AR Área plantada em mil hectares -
Fonte: Elaborado pelos autores.

Tabela 2. Variáveis utilizadas em relação às unidades processadoras ativas (Ati)


Sigla Descrição Efeito marginal
Prod Produção em mil toneladas +
Par Quantidade de unidades processadoras de soja paradas -
CaTo Capacidade de processamento total em tonelada/dia +
CaPar Capacidade de processamento das unidades paradas em tonelada/dia -
OleFob Preço FOB do óleo de soja no porto de Paranaguá em R$/tonelada +
OleChic Preço do óleo de soja na Bolsa de Chicago em R$/tonelada +
Loc Localização dos estados considerando-se 0 para aqueles longe do porto de Paranaguá e 1 para perto +
Fonte: Elaborado pelos autores.

Tabela 3. Variáveis utilizadas em relação à quantidade exportada (QuExp) em mil toneladas


Sigla Descrição Efeito marginal
Prod Produção em mil toneladas +
Ati Quantidade de unidades processadoras de soja ativas -
PriAti Quantidade de unidades ativas das principais processadoras: ADM, Bunge, Cargill e Louis Dreyfus -
SojFob Preço FOB da soja no porto de Paranaguá em R$/tonelada +
SojChic Preço da soja na Bolsa de Chicago em R$/tonelada +
Loc Localização dos estados considerando-se 0 para aqueles longe do porto de Paranaguá e 1 para perto +
FaFob Preço FOB do farelo de soja no porto de Paranaguá em R$/tonelada -
Fonte: Elaborado pelos autores.

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172  Análise da Estrutura, Conduta e Desempenho da Indústria Processadora de Soja no Brasil no Período de 2003 a 2010

produtor (Pre). Desta forma, para que se tivesse 5. Resultados e discussão


um aumento da amostra, foram considerados,
para os estados de Minas Gerais e Bahia, o preço 5.1. Estrutura de mercado
recebido pelo produtor do estado de Goiás. No
Com os estudos de Aguiar (1994), Magalhães
entanto, esses oito estados possuem o próprio
(1998), Aguiar e Leismann (2001) apud Carvalho
custo de produção total. Então, para análise
(2004), observou-se um aumento nos índices
do preço recebido pelo produtor e do custo de
de Herfindahl-Hirschman (HHI) e o CR4 das
produção total, a amostra compreendeu os oito
principais esmagadoras de soja nos estados
estados, enquanto que, para as outras análises,
produtores e no Brasil, quando comparado à
foram considerados os 11 estados.
capacidade de processamento das indústrias.
Os dados foram obtidos por meio da
Em 1993, as quatro maiores esmagadoras de
Associação Brasileira da Indústria de Óleos
soja em relação à capacidade de processamento
Vegetais (Abiove), do Anuário da Agricultura
do País, dentre 67 empresas, eram a Ceval
Brasileira (Agrianual) de 2004 a 2011, da Associação
(16,87%), Cargill (6,43%), Sadia (6,18%) e Sanbra
Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), da
(5,90%). O CR4 e o HHI apresentados, 34,39% e
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)
0,049, podem ser considerados de baixa concen­
e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
tração de mercado. Com o HHI e o CR4 dos
Comércio Exterior (MDIC).
estados, percebeu-se que, no Distrito Federal
Para análise do desempenho, Amazonas e
e em Pernambuco, havia apenas uma unidade
Pernambuco foram excluídos da análise por não
esmagadora de soja, enquanto na Bahia existiam
apresentarem área plantada de soja, produção
duas unidades. Minas Gerais, Mato Grosso e
e quantidade exportada, apesar de terem uma
Santa Catarina apresentam poucas unidades
processadora de soja em cada estado, embora a
processadoras (Aguiar, 1994; Magalhães,
unidade de Pernambuco tenha sido desativada a
1998; Aguiar e Leismann, 2001 apud
partir de 2007.
Carvalho, 2004).
Com isso, os dados utilizados foram obser­
No outro ano observado, em 1995, houve
vados em forma de painel (11 estados com oito
aumento nos índices HHI e CR4, de 0,075 e 44,6,
observações cada – 2003 a 2010), totalizando 88
respectivamente, em relação a 1993, no Brasil.
observações, lembrando que as variáveis (Pre) e
Quando observados os estados, Mato Grosso do
(CT), foram consideradas em apenas oito estados.
Sul, Rio Grande do Sul e São Paulo apresentaram
O método dos mínimos quadrados ponde­
aumento do índice CR4, demonstrando uma
rados (MQP) é utilizado para correção de um
pequena elevação na concentração da capacidade
dos problemas da regressão múltipla, que é a
de esmagamento das quatro maiores firmas.
heterocedasticidade (variância não constante).
Os mesmos estados que apresentaram o CR4
Segundo Gujarati (2006), os mínimos qua­
100% em 1993 continuaram apresentando maior
drados ponderados minimiza a soma ponderada
concentração, e apareceram Ceará e Piauí como
dos quadrados dos resíduos:
novos estados com unidades processadoras.
/ w ut = / w ^Y − β − β X h
i i2 i i 1 2 i
2
(3) Nesse período, com os estados apresentando
tendência à concentração, pode-se demonstrar
Em que β1 e β2 são os estimadores de mínimos que as empresas estão preferindo a instalação
quadrados ponderados e em que os pesos w1 são de unidades de esmagamento com capacidades
inversamente proporcionais à variância de ui. maiores e estão buscando a proximidade da

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Tabela 4. CR4, CR6 e Índices de Herfindahl-Hirschman (HHI) de 2006 a 2009 no Brasil


2006 2007 2008 2009
CR4 69,56% 64,12% 61,68% 58,64%
CR6 79,39% 74,21% 72,08% 70,52%
HHI 0,1631 0,139096 0,1408 0,1204
Fonte: Elaborado pelos autores com dados das “Melhores e Maiores” da Revista Exame de 2006, 2007, 2008 e 2009.

Figura 2. Estratificação da capacidade instalada por tamanho de planta


até 599
600 a 1.499
200.000
1.500 a 2.999
180.000 acima de 3.000
160.000 Total

140.000
Tonelada/dia

120.000

100.000

80.000

60.000

40.000

20.000

-
1905ral

1905ral

1905ral

1905ral

1905ral

1905ral

1905ral

1905ral

1905ral

1905ral

1905ral

1905ral

1905ral
Anos
Fonte: Dados da Abiove, 2011.

matéria-prima (Aguiar, 1994; Magalhães, e Pernambuco não apresentaram capacidade de


1998; Aguiar e Leismann, 200110). esmagamento, enquanto Amazonas iniciou as
Com o estudo de Carvalho (2004), observa-se atividades de processamento.
que o Brasil apresentou, em 2003, um aumento Com a análise desenvolvida neste estudo, a
na concentração da capacidade de esmagamento concentração das processadoras mensuradas, de
de soja em relação aos anos anteriores. As quatro acordo com os dados do valor em vendas (US$
maiores empresas nesse ano eram: Bunge milhões), indicou que, nos anos observados,
Alimentos, com 19,96% da parcela de mercado, a houve redução no CR4, CR6 e no índice
Cargill, com 9,26%, a ADM, com 7,96% e a Coinbra, Herfindahl-Hirschman (HHI), representando
com 6,65%. Há três estados que apresentaram menor concentração das maiores indústrias pro­
CR4 igual a 100% nos períodos analisados, cessadoras de soja (Tabela 4).
demonstrando a constante concentração das Cabe salientar que esses dados têm como
processadoras: Bahia, Minas Gerais e Piauí. E base o faturamento das maiores empresas do
nesse ano, observa-se que Distrito Federal, Ceará agronegócio processadoras de soja da Revista
Exame, e não da capacidade de esmagamento,
10
apud Carvalho, 2004. conforme realizados nos estudos anteriores.

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174  Análise da Estrutura, Conduta e Desempenho da Indústria Processadora de Soja no Brasil no Período de 2003 a 2010

Verifica-se, na Figura 2, que houve aumento São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Mato
na capacidade de processamento das unidades Grosso e Santa Catarina também apresentaram
industriais, contemplando tanto as unidades ativas unidades esmagadoras paradas. Pernambuco
quanto as paradas. As unidades com capacidade apresentou uma unidade de esmagamento de
acima de 3.000 toneladas/dia aumentaram sua soja parada desde 2007. Os estados que não
capacidade de 120.910 para 176.834 (46,25%), apresentaram unidades paradas foram: Minas
enquanto as com capacidade entre 1.500 a 2.999 Gerais, Bahia, Piauí e Amazonas.
apresentaram aumento de 60.270 para 81.679 Em relação às unidades ativas, verificou-
(34,27%) entre 1998 e 2010, demonstrando o se que os estados com o maior número de
fortalecimento das unidades industriais com esmagadoras são: Paraná e Rio Grande do Sul.
maior capacidade de processamento. Já as com Nesses dois estados, no período de 2003 a 2008,
capacidade até 599 e entre 600 a 1.499 toneladas/ houve redução na quantidade de unidades
dia permaneceram estáveis. ativas; porém, de 2009 a 2010 houve aumento.
De 2009 a 2010, enquanto as unidades Mato Grosso apresentou tendência crescente
menores, com capacidade de processamento de nos anos observados. Em Goiás, das 15 unidades
até 599 toneladas/dia, aumentaram sua parcela no ativas em 2009, três pararam em 2010. Nos outros
processamento total em 8,13%, e as de 600 a 1.499 estados, as unidades ativas permaneceram.
toneladas/dia diminuíram em 1,40%, as unidades Esses resultados mostram que muitas
maiores, com capacidade de processamento de esmagadoras estão se deslocando para o interior
1.500 a 2.999 e acima de 3.000 aumentaram sua do Brasil, buscando proximidade com as regiões
participação em 5,90% e 16,60%, respectivamente, produtoras de soja e, provavelmente, com as
reforçando que as processadoras de soja buscam de criação de animais que utilizam a soja como
ganhos de escala ao aumentarem o tamanho da alimentação (ABIOVE, 2011).
planta industrial.
Esse resultado já foi observado também no
5.2. Conduta das empresas
estudo de Aguiar (1994), que analisou os anos de
1977, 1982, 1989 e 1993, em que as unidades de A conduta das empresas será discutida em
pequeno porte estavam dando lugar às maiores, relação às principais esmagadoras de soja no País:
demonstrando que havia maior importância na as multinacionais Bunge, Cargill, ADM e Louis
construção de plantas maiores e na desativação Dreyfus (Coinbra).
das menores.
O que também se verificou foi o aumento da 5.2.1. Bunge
quantidade de unidades paradas no Brasil. As
unidades ativas se apresentaram num patamar Processa produtos como soja e trigo, comer­
constante de 2003 a 2010, sendo que, em 2007, cializa açúcar, produz fertilizantes, fabrica pro­
apresentou o maior pico de ativas, enquanto em dutos alimentícios (óleos, gorduras vegetais e
2010 houve o maior número de esmagadoras margarinas), fornece farinha de trigo e pré-misturas
paradas. Em 2007, o aumento de ativas pode ser para o setor de transformadores (indús­ trias de
explicado pela abertura de novas firmas, como panificação e alimentação fora do lar) e fornece
no Maranhão, onde não havia processadora serviços portuários. A Bunge Brasil está presente
nos anos anteriores. Já em 2010 houve a maior no País desde 1905, com a participação do capital
quantidade de esmagadoras no País, apesar de da S.A. Moinho Santista Indústrias Gerais, e depois
todas não terem esmagado a soja (ABIOVE, 2011). comprou empresas de alimentação, agribusiness,
Os estados do Rio Grande do Sul e Paraná químico e têxtil, como a Cavalcanti & Cia., em 1923,
foram os que apresentaram maior quantidade de formando a empresa Sanbra, chamada depois
esmagadoras que pararam ou foram desativadas. de Santista Alimentos. Investiu em fertilizantes,

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explorando a reserva de calcário na Serra do Mar que concentra maior área irrigada do Brasil), a
(SP), formando a Serrana S.A. de Mineração. disponibilização de mão de obra e a presença
Em 1996, a Bunge adquiriu a área de soja da Região Integrada de Desenvolvimento do
da Incobrasa (Indústrial e Comercial Brasileira), Entorno do Distrito Federal (Ride), próxima de
então a maior esmagadora de soja do Rio Grande Brasília, simplificando os processos operacionais
do Sul, em um negócio estimado em US$ 80 e políticos, são os principais fatores de escolha
milhões; em 1997, a IAP, a Fertilizantes Ouro da implantação da esmagadora no município
Verde e a Ceval Alimentos (maior processadora na (PAULO, 2010). Em 2009, a Bunge inaugurou sua
época), grande processadora de soja e produção nova fábrica de processamento de soja em Nova
de farelo e óleos. Mutum (MT), que apresenta capacidade média
Em 1998, a Bunge cria a Global Market, atual anual de 1,3 milhão de toneladas de soja.
Bunge Global Agribusiness, empresa de atuação
internacional voltada para o cliente e responsável 5.2.2. Cargill
pelo comércio internacional de commodities da
empresa (SOUZA, 2007). Uma das maiores indústrias de alimentos
Em 2000, se uniu com a Ceval e a Santista, do Brasil. Trabalha com produtos e serviços nos
mudando o nome para Bunge Alimentos, e segmentos alimentícios, agrícola, financeiro e
comprou a empresa de fertilizantes Manah, for­ industrial, e está no Brasil desde 1965, com a
mando a Bunge Fertilizantes. Em 2003, inaugurou sua origem no campo. A sede no País se localiza
uma unidade de esmagamento de soja em Uruçuí em São Paulo (SP), e a empresa possui unidades
(PI), a fim de expandir o processamento de soja, industriais, armazéns, escritórios e terminais
utilizando a matéria-prima da região (BUAINAIM portuários em aproximadamente 130 municípios,
et al. [200-]; BUNGE, 2010). configurando-se como a principal exportadora
Em 2004, a Bunge adquiriu da empresa de soja do Brasil. Há cinco principais divisões
Perdigão ativos da esmagadora de soja e refino de de negócio na Cargill: agronegócio, alimentos,
óleo, em Marau (RS), o licenciamento das marcas consumo, gerenciamento de risco e industrial.
de óleo Perdigão e Borella por um período de Possui marcas conhecidas como Liza, Maria,
sete anos e um contrato de longo prazo em que Mazola, Purilev, Gourmet, Olivia, Veleiro, La
a Bunge se comprometeu a fornecer farelo de Española, Gallo e Delverde (CARGILL, 2010).
soja para as fábricas de ração animal da Perdigão O complexo soja da Cargill é formado por
em Catanduvas (SC), Marau (RS) e Gaurama terminais portuários com instalações próprias,
(RS). Em 2006, a Bunge iniciou suas atividades transbordos, armazéns e unidades processadoras
em Rondonópolis (MT), com a comercialização e possui seis fábricas no País. Está entre as 15
do açúcar, investindo na usina em Santa Juliana maiores empresas do mundo e é uma das cinco
(MG) e adquirindo grande parte das ações da maiores exportadoras do Brasil.
Usina Monteverde (MS). Depois, realizou aqui­ O aluguel de uma pequena fábrica em São
sições do negócio de comercialização de açúcar Paulo em 1970 para produzir óleo Veleiro iniciou
da empresa Tate & Lyle, fazendo parcerias para a Cargill no complexo de soja, cujo primeiro
produzir açúcar e álcool, e construindo uma passo foi a construção de uma unidade de
usina no estado de Tocantins (BUNGE, 2010). proces­samento de óleo de soja em Ponta Grossa,
A empresa está presente em 16 estados brasi­ inaugurada em 1973. Em 1995, a empresa adquiriu
leiros com oito indústrias processadoras de soja, as unidades de produção, comercialização e
45 silos e seis transbordos. Em Luziânia (GO), onde armazenamento da Matosul em Mato Grosso
produz as marcas Salada e Primor, é responsável do Sul e São Paulo, e em 1996 entra no setor
pelo refino de aproximadamente 6,6 milhões moageiro, adquirindo a Moinho São Valentin, em
de caixas. A localização do município (região Tatuí, São Paulo (SOUZA, 2007).

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176  Análise da Estrutura, Conduta e Desempenho da Indústria Processadora de Soja no Brasil no Período de 2003 a 2010

Em 1997, a Cargill adquiriu uma unidade produto ofertado pelos produtores, conseguindo,
de processamento em Três Lagoas (MS). Em Rio assim, maximizar os recursos de transporte e
Verde (GO), sua unidade foi inaugurada em processamento da região.
agosto de 2004, contando com uma planta de Em 2007, iniciou sua fábrica de biodiesel
processamento, um armazém para estocagem em Rondonópolis (MT), utilizando o óleo de
e dois tanques. Para abastecer a indústria, a soja como matéria-prima fabricada na indústria
matéria-prima é adquirida no Centro-Oeste, processadora local. Em 2010, anunciou a instalação
principalmente em municípios goianos (PAULO, de uma nova fábrica de processamento de soja
2010). no Paraguai, a fim de fortalecer seus negócios
Em 2007, a Cargill fechou a indústria proces­ no País, e em janeiro de 2013, foi concluída uma
sadora de soja em Mairinque (SP), mas inaugurou usina de biodiesel em Joaçaba (SC), onde já existe
uma fábrica de processamento de soja em 2007, uma esmagadora de soja.
na Argentina, uma vez que o custo de produção A empresa tem em torno de 70 silos localizados
no Brasil é superior ao da Argentina em cerca de nas regiões produtoras de soja, no Sul, Sudeste
30%, em média. e Centro-Oeste do Brasil. Em Catalão (GO) e
Em 2009, foi inaugurada a processadora de Paranaguá (PR) estão localizadas as outras duas
soja em Primavera do Leste (MT) e, em 2012, misturadoras de adubos e, em Ilhéus (BA), fica
tiveram início as operações da usina de biodiesel a indústria processadora de cacau. A empresa
da Cargill em Três Lagoas (MS), anexada a uma utiliza três transportes: rodoviário, ferroviário e
processadora de soja já existente (CARGILL, fluvial (ADM, 2010).
2010).
5.3.1. Louis Dreyfus
5.3. Archer Daniels Midland Company (ADM)
Multinacional francesa presente no Brasil
Iniciou as atividades no Brasil em 1997 após a desde o início da década de quarenta, sendo
compra de esmagadoras, elevadores de grão e silos. que, em 1942, consolidou sua participação
Primeiramente, adquiriu as facilidades portuárias interna quando adquiriu a Comércio e Indústrias
da trading Glencore do Brasil. Depois, comprou Brasileiras Coinbra S.A. Em 1990, foi inaugurada
o parque industrial de soja da Sadia, incluindo uma unidade na cidade de Jataí (GO). Em 1996,
uma fábrica situada em Rondonópolis (MT). Foi a incorporou as indústrias de esmagamento da
última multinacional a se instalar no Brasil, depois Anderson Clayton; em 2004, inaugurou uma
da Bunge, Cargill e Louis Dreyfus. É especializada unidade de processamento de soja em Alto
em processamento de grãos (soja, milho, trigo e Araguaia (MT), mas, em 2003, havia fechado as
cacau) e produção de biocombustíveis à base de unidades de processamento em Orlândia (SP)
soja e milho, e ainda produz ingredientes para Londrina (PR) e Cruz Alta (RS), por inviabilidade
alimentos e para a nutrição animal, possuindo econômica. As outras três unidades localizadas
valor agregado. É uma das líderes na produção de em Mato Grosso, Paraná e Goiás aumentaram
óleo e farelo de soja, etanol, adoçantes e farinha as capacidades processadoras a fim de suprir o
de milho (ADM, 2010). fechamento das outras (LOUIS DREYFUS, 2010).
Tem quatro fábricas de processamento de Em 2009, a Louis Dreyfus e a Amaggi forma­
soja que foram adquiridas da Sadia. Em Rondo­ ram uma joint venture no segmento de grãos, para
nópolis (MT), há uma fábrica misturadora de se fortalecerem nas regiões Norte e Nordeste do
fertilizantes e também uma usina de biodiesel Brasil. Um dos aspectos positivos dessa região
que utiliza óleo de soja como matéria-prima, se é o investimento por parte do governo em
localizando estrategicamente próxima à indús­ infraestrutura, beneficiando o escoamento da
tria de esmagamento de soja, utilizando o produção, que tem aumentado.

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Atualmente, a empresa industrializa, exporta de carne suína e bovina, consequentemente, a


e comercializa soja, óleo, farelo, gorduras e outros demanda pelo farelo de soja como ração animal
derivados da soja, café, algodão, álcool, milho, aumenta. Dessa forma, quanto mais farelo for
sucos de laranja, limão, entre outros produtos. produzido, haverá maior quantidade de óleo de
A empresa tem fábricas esmagadoras de soja, soja. Porém, como o Brasil é um mercado limitado
fábrica de caroço de algodão, usinas de açúcar em demanda por óleo de soja, as esmagadoras
e álcool, fábricas de suco de laranja, armazéns têm adotado estratégias para utilização desse
graneleiros e fazendas de pomares de laranja. As produto, como para as usinas de biodiesel. Desde
três unidades de processamento de laranja são outubro de 2009, por lei, é obrigatória a adição de
instaladas em cidades do estado de São Paulo: 5% de biodiesel no diesel mineral, o B5, embora,
Matão, Bebedouro e Engenheiro Coelho. Em a capacidade construída no País é suficiente para
2008, a Louis Dreyfus viu a necessidade de entrar o acréscimo de 10%. Assim, as multinacionais
no mercado de fertilizantes, realizando parcerias esperam que essa porcentagem aumente no mer­
com misturadoras nacionais (LOUIS DREYFUS, cado brasileiro.
2010). As Tabelas 5 e 6 se referem às localidades,
As esmagadoras como a Cargill e ADM têm em relação ao porto de Paranaguá, das unidades
investido em usinas de biodiesel, utilizando soja processadoras de soja ativas das principais em­
como matéria-prima. Com a elevação da oferta presas no País nos anos de 2003 e 2010.

Tabela 5. Unidades processadoras ativas e suas localidades em 2003


Empresas
Localização
ADM BUNGE CARGILL LOUIS DREYFUS
Três Passos (RS) Rio Grande (RS) Mairinque (SP) Ponta Grossa (PR)
Paranaguá (PR) Ponta Grossa (PR) Ponta Grossa (PR) Londrina (PR)
Próximo ao porto
Joaçaba (SC) São Francisco do Sul (SC) Cruz Alta (RS)
de Paranaguá
Ourinhos (SP)
Esteio (RS)
Rondonópolis (MT) Rondonópolis (MT) Uberlândia (MG) Jataí (GO)
Uberlândia (MG) Uruiçui (PI) Três Lagoas (MS)
Distante do porto de Campo Grande (MS) Cuiabá (MT)
Paranaguá Luziânia (GO)
Campo Grande (MS)
Luís Eduardo Magalhães (BA)
Fonte: Elaborado pelos autores.

Tabela 6. Unidades processadoras ativas e suas localidades em 2010


Empresas
Localização
ADM BUNGE CARGILL LOUIS DREYFUS
Próximo ao porto
Joaçaba (SC) Rio Grande (RS) Ponta Grossa (PR) Ponta Grossa (PR)
de Paranaguá
Rondonópolis (MT) Rondonópolis (MT) Uberlândia (MG) Jataí (GO)
Uberlândia (MG) Uruiçui (PI) Três Lagoas (MS) Alto Araguaia (MT)
Distante do porto
Campo Grande (MS) Luziânia (GO) Rio Verde (GO)
de Paranaguá
Nova Mutum (MT) Primavera do Leste (MT)
Luís Eduardo Magalhães (BA)
Fonte: Elaborado pelos autores.

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Verifica-se a mobilidade das quatro principais Em suma, pode-se dizer que essas principais
empresas da região tradicional para o Centro- esmagadoras têm se deslocado para a região
Oeste durante este período. Enquanto em 2003, Centro-Oeste, ao mesmo tempo em que se
13 unidades ativas estavam próximas ao porto, em expandem por meio de fusões e aquisições,
2010, havia somente uma de cada processadora sejam elas horizontais ou por conglomerado.
principal. Por outro lado, foram criadas quatro Além disso, elas têm optado por aumentar a
unidades processadoras distantes do porto, capacidade de produção ao invés de investir em
de­ monstrando que as empresas têm buscado novas esmagadoras nessas regiões.
aumen­tar sua capacidade instalada, evitando a
construção de novas unidades nessas regiões.
5.4. Desempenho do setor
A processadora de soja que apresentou maior
quantidade de unidades no País foi a Bunge, Para avaliar o desempenho do setor, partiu­
seguida da ADM, Cargill e Louis Dreyfus, sendo ‑se para a análise dos coeficientes das regres­
que a Bunge e a Louis Dreyfus têm processadoras sões múltiplas das variáveis, utilizando como
de algodão. Apesar de a Bunge ter apresentado dependentes as variáveis preço recebido pelo
maior quantidade de unidades ativas, também produtor (Pre), a quantidade de unidades pro­
apresentou maior quantidade de unidades que cessadoras de soja ativas (Ati) e a quantidade
estão paradas. exportada (QuExp) em cada regressão. O teste
A evolução da quantidade de unidades ati­ VIF (Variance Inflation Factor) foi utilizado para
vas e paradas durante os últimos anos mostra analisar a multicolinearidade. Aquelas variáveis
que as processadoras têm procurado manter a que apresentaram VIF>10 foram eliminadas do
quantidade de ativas. Ao abrirem novas uni­ modelo de regressão, por serem multicolineares.
dades, elas desativam outras que não estão sendo Em todos os modelos, o nível de significância do
favoráveis a elas, verificando-se, portanto, que teste F foi a 1% (p<0,01).
elas têm procurado aumentar sua capacidade O primeiro modelo, com uma amostra de
(ABIOVE, 2011). oito estados, cuja variável preço recebido pelo
A processadora que desde 2006 não apre­ produtor foi a dependente, pode ser observado
sentou evolução nas unidades ativas e paradas foi na Tabela 7.
a Louis Dreyfus, que, nos últimos anos, investiu Verificou-se que as variáveis independentes
em outras atividades, como cana-de-açúcar e fer­ (CT), (Prod), (Par), (CaAti), (OleFob), (FaChic)
tilizantes. e a (Loc) foram estatisticamente significativas,

Tabela 7. Regressão múltipla para o preço recebido pelo produtor (Pre)


Variável Coeficiente Erro Padrão Estatística-T P-Valor
const 46,267 18,64550 2,481 0,0161 **
CT -0,372 0,05202 -7,142 2,02e-09 ***
Prod -0,006 0,00110 -5,517 9,15e-07 ***
Par 5,862 2,04586 2,865 0,0059 ***
CaAti 0,002 0,00077 2,116 0,0388 **
OleFob 0,096 0,01029 9,322 5,46e-013 ***
FaChic 0,910 0,04189 21,73 5,74e-029 ***
Loc 80,591 10,98260 7,338 9,56e-010 ***
R2= 0,97
n=64, ** Significativo a 5%, ***Significativo a 1%.
Fonte: Elaborado pelos autores.

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indicando forte poder de explicação dessas em mais próximos do porto de Paranaguá recebem
relação ao preço recebido pelo produtor (Pre). As preços melhores.
variáveis que não apresentaram efeito marginal Analisando-se o segundo modelo, com a
esperado foram (CT) e (Par). Acreditava-se que, ao variável quantidade de unidades processadoras
aumentar o custo de produção total (CT), o preço de soja ativas (Ati) como dependente, foram
recebido pelo produtor também aumentaria, verificadas as variáveis explicativas que melhor
visto que o mesmo deveria repassar os seus representam o modelo, conforme se observa na
custos para o preço final. Entretanto, observou-se Tabela 8.
o contrário, demonstrando que, se o custo total Apenas a constante não foi estatisticamente
aumenta em R$ 1/tonelada, o preço recebido significativa. As variáveis (Prod), (Par) e (OleChic)
pelo produtor diminui em R$ 0,37/tonelada. Isso apresentaram sinal contrário do esperado. As
provavelmente ocorre porque o produtor não unidades ativas poderiam ter sido influenciadas
consegue repassar imediatamente a variação dos pelo aumento da oferta da soja, enquanto a
seus custos ao preço recebido, sendo um agente ampliação do número das unidades paradas
tomador de preço. reduziria a quantidade de ativas. Porém, o que
Esperava-se ainda que, ao elevar a quantidade foi verificado é que, se a produção aumenta em
de unidades paradas (Par), a demanda pela soja se 1.000 toneladas, a quantidade de unidades ativas
reduziria, influenciando negativamente o preço diminui em 0,1 unidade. Essa relação pode ser
recebido pelo produtor. Entretanto, observou-se explicada porque o aumento da produção tem
uma relação contrária, em que, ao aumentar uma sido provocado pelo aumento da capacidade das
unidade parada, o preço recebido pelo produtor unidades existentes, principalmente no Centro­
se eleva em R$ 5,86, podendo-se inferir que, ao se ‑Oeste brasileiro, conforme as análises das Tabelas
aumentar as unidades paradas, há concentração 5 e 6 e o Figura 2.
das processadoras ativas, mas que ainda não Com relação às unidades paradas, o aumento
afeta negativamente o preço recebido pelo de uma unidade parada induz à elevação de 0,77
produtor. Uma possível explicação é que, embora unidade ativa, mostrando que as processadoras
algumas unidades tenham sido fechadas, seu estão desativando algumas unidades ao mesmo
processamento foi deslocado para outra região tempo em que estão abrindo outras, mas num
do País. ritmo menor.
A relação da variável (Loc) com a dependente A variável (OleChic) não foi um fator favo­
demonstrou que produtores de soja que estão rável na expansão das processadoras de soja,

Tabela 8. Regressão múltipla para a quantidade de unidades ativas (Ati)


Variável Coeficiente Erro Padrão Estatística-T P-Valor
Const 0,993 0,73372 1,354 0,1796
Prod -0,001 0,00006 -9,110 5,35e-014 ***
Par 0,774 0,23095 3,350 0,0012 ***
CaTo 0,001 0,00004 20,860 4,26e-034 ***
CaPar -0,001 0,00019 -5,373 7,45e-07 ***
OleFob 0,001 0,00040 2,922 0,0045 ***
OleChic -0,002 0,00067 -2,492 0,0148 **
Loc 1,549 0,42795 3,620 0,0005 ***
R2= 0,95
n=88, ** Significativo a 5%, *** Significativo a 1%.
Fonte: Elaborado pelos autores.

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e analisando-se a (Loc), percebeu-se que a As principais processadoras (ADM, Bunge,


quantidade de unidades ativas está mais Cargill e Louis Dreyfus) estão cada vez mais se
concentrada nos estados localizados no Sul do posicionando de acordo com fatores favoráveis,
Brasil, perto do porto de Paranaguá. Apesar de como um aumento da produção de soja na
as principais processadoras terem se deslocados região de expansão, por exemplo. Verificou-
para estados mais distantes do porto nos últimos se também que, ao mesmo tempo em que as
anos, o período não foi suficiente para explicar a principais processadoras pararam de processar
relação. a soja em uma unidade, elas abriram outras em
O terceiro modelo, com a quantidade expor­ localidades que podiam suprir suas necessidades
tada (QuExp) como variável dependente, apresen­ ou aumentaram a capacidade de processamento
tou poucas variáveis explicativas significativas. de algumas já existentes, o que foi comprovado
Apenas a produção, a quantidade de unidades pelos resultados da análise de regressão.
ativas das principais processadoras e a localização A ADM e a Cargill estão diversificando ao
foram estatisticamente significativas no modelo. investir nas fábricas de biodiesel, a fim de apro­
Se a produção aumenta em 1.000 toneladas, a veitarem melhor todos os subprodutos da soja,
quantidade exportada aumenta em 391 toneladas, como é o caso do óleo de soja, que tem mercado
enquanto que um aumento de uma unidade das limitado no País.
principais processadoras de soja diminui em 22 A localização dos estados próximos do porto
mil toneladas na quantidade exportada de soja de Paranaguá foi um fator favorável para as
em grão, sugerindo, dessa forma, que o produto variáveis preço recebido pelo produtor (Pre),
pode estar sendo utilizado pelas processadoras, quantidade de unidades processadoras de soja
em vez de os estados exportarem a commodity ativas (Ati) e a quantidade exportada de soja
para outros países. Finalmente, a localização dos (QuExp), o que leva à conclusão de que os estados
estados perto do porto de Paranaguá aumenta da região tradicional são os mais beneficiados.
em 186 mil toneladas a quantidade exportada da Com este estudo, pôde se verificado que
soja. a concentração das processadoras de soja, de
certa forma, não tem limitado o desempenho do
setor. O avanço da quantidade de processadoras
6. Considerações finais não tem sido prejudicial ao preço recebido pelo
produtor. As indústrias processadoras de soja têm
Este trabalho tem como objetivo analisar a um grande papel para o setor.
estrutura da indústria processadora de soja, bem Uma limitação desse trabalho foi a indispo­
como a conduta das empresas e o desempenho nibilidade de um banco de dados financeiros
do setor no Brasil num período mais recente. referentes às principais processadoras, para con­
Os estudos anteriores apresentaram forte siderar seus desempenhos.
ten­dência de expansão da região Centro-Oeste,
o que foi verificada também neste trabalho. As
7. Referências bibliográficas
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