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50Mt

DIRECTOR: Serôdio Towo | Segunda-Feira, 18 de Março de 2024| Edição nº: 552 | Ano: 11 | Distribuição: Online

CADA VEZ MAIS AFASTADA DA SUA IDEOLOGIA

Pág 03 e 04

Frelimo
deita
valores ao lixo
SAEM AS PESSOAS, INSTALAM-SE EMPRESAS MINEIRAS

Em Cabo Delgado
expulsa-se
Pág 05 e 06 para explorar
NOMEADO ADMINISTRADOR DE MATUTUINE

Cossa pode falhar

“sonho” de ser
deputado Pág 06
 2 EDITORIAL DOSSIERS & FACTOS 18 de Março de 2024 SEGUNDA-FEIRA

Convulsões na Renamo: prenúncio

de renascimento ou morte
anunciada?
Desde a ascensão de Ossufo Momade
à liderança da Renamo, após a morte do
antigo líder, Afonso Dhlakama, a saúde
do partido tem vindo a deteriorar-se,
com sinais de contestação interna. A
doença que corrói a principal força da
oposição já está tão grave que já não é
possível gerir internamente, tapar o sol
com a peneira ou mesmo fingir que está
tudo bem.
Este mau ambiente na Renamo, cujo
mote usado como justificação é a alegada
fraca liderança de Ossufo Momade e o
suposto facto de este ter vendido a alma
ao partido no poder e/ou ao Presidente
da Frelimo e igualmente da República
Filipe Nyusi, agudizou-se após as eleições
autárquicas de Outubro último, nas quais
a Renamo perdeu em quase todas as
autarquias, num processo nebuloso e
que gerou contestação geral.
Na sequência, os cabeças-de-lista
das autarquias da Cidade de Maputo,
Venâncio Mondlane, Quelimane, Manuel
de Araújo, e de Nacala Porto, Raúl
Novinte, manifestaram a sua indignação
face à aparente impotência de Ossufo
Momade face à alegada mega-fraude
eleitoral que quase deixava a Renamo
sem nenhum município.
Mondlane chegou a acusar, sem
rodeios, o líder de o ter abandonado
na luta que vinha travando para que a
verdade eleitoral fosse reposta, tendo
inclusive declarado guerra a Ossufo
Momade, anunciando que irá avançar
com a candidatura à liderança do partido
no próximo congresso, que continua
uma incerteza.
Novinte, que esteve em prisão
domiciliária, acusado de incitação à
violência, também na sequência das
contestações contra os resultados
eleitorais, não escondeu a sua revolta
contra as lideranças do partido, e
especialmente contra Ossufo Momade,
a quem acusou de o ter abandonado.
A i n d a n a re s s a c a d a s e l e i ç õ e s
autárquicas, Manuel de Araújo criticou
severamente a direcção da Renamo e o
presidente, manifestando o seu apoio a
Venâncio Mondlane e também cogitou a
possibilidade de concorrer à presidência
do partido.
Face ao ambiente instalado na perdiz,
Mondlane passou a ser rotulado como a
ovelha negra do rebanho, passando a ser
isolado. Entretanto, obstinado, não baixou
a guarda, tendo decidido submeter, junto
à Justiça, duas providências cautelares a
pedir a anulação de exonerações feitas
por Ossufo Momade alegadamente fora
do seu mandato como líder da RENAMO,
investida que resultou, adensando
ainda mais o mau ambiente entre ele e
a liderança.
No entanto, numa altura em que
reinava uma aparente acalmia, na semana
finda ressurgiu das cinzas o antigo
Secretário-Geral da Renamo, Manuel
Bissopo, a atacar não somente Ossufo
Momade, mas igualmente Venâncio
Mondlane, em quem não vê perfil para
concorrer à liderança do partido.
Bissopo, que exortou a realização
imediata do Congresso, referiu que
Ossufo Momade perdeu a confiança dos
membros do partido e da sociedade civil.
“Se há confiança sobre ele, é de um grupo
muito reduzido. Nós não podemos tapar
o sol com a peneira”, afirmou Bissopo.
Entretanto, em meio a este ambiente,
caracterizado por um cerco claro a Ossufo
Momade, acusado de incompetência
e de estar a destruir o partido, numa
altura em que estão em preparação as
próximas eleições gerais, nomeadamente
presidenciais, legislativas, das assembleias
e de governadores provinciais, muitas
questões surgem:
Primeiro: Será que o problema actual
da Renamo é apenas Ossufo Momade?
Segundo: Os ataques mútuos entre
os membros que carregam carisma para
continuar a levar o partido a bom-porto
resolvem ou agudizam os problemas?
Terceiro: Com toda esta ebulição, será
que a Renamo está a preparar as bases
para o desafio de Outubro próximo?
Quarto: Se mesmo durante as marchas
de contestação contra os resultados
eleitorais, Manuel Bissopo não deu
o peito às balas, o que o motivou a
ressurgir das cinzas para aumentar o
combustível no fogo?
Quinto e último: Estas clivagens,
que já saíram do ringue para serem
pelejas de rua, serão o prenúncio do
renascimento da perdiz ou de uma
morte anunciada?
serodiotouo@gmail.com

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Serôdio Towo, Amad Canda, Hélio de Carlos, Milton Zunguze, Anastácio Chirrute | ADMINISTRAÇÃO: José
Serôdio Towo (Director-Geral) Ossmane, Jose.ossmane21@gmail.com e Rofino Fiel, roffini.fiel@gmail.com |GRAFISMO: Herbigno Lote |
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José Ossmane e Rofino Fiel e MARKETING : Herbigno Lote , herbylote2@gmail.com, 84 6584761| COLUNISTAS: Rui Maquene, Nobre
Rassul, Ângelo Edson e Sérgio dos Céus Nelson.
Registo N° 19/GABINFO-DEC/2012
 SEGUNDA-FEIRA 18 de Março de 2024 DOSSIERS & FACTOS DESTAQUE 3

ELEIÇÃO DOS CANDIDATOS À CANDIDATO PARA AS PRESIDENCIAIS

Frelimo atira para o lixo seus princípios

básicos (1)
- Como se comportou o partido nos últimos 18 anos?
- Será que funcionarão as mesmas ideologias ou o passado pode influenciar
na eleição dos candidatos?

N
uma altura em que as atenções miram o ponto 18 dos estatutos acima referencia- como consequência, o capital financeiro e o poder
estão viradas para as figuras que dos. Actualmente, e diante do que se vive, todos es- passaram a ser mais importantes do que a própria
poderão compor a pequena lis- ses princípios foram lançados ao caixote de “lixo” e, ideologia.
ta dos aspirantes à candidato da
Esta imagem reflecte a primeira linha do riano Matsinhe e, não menos importantes,
Frelimo nas eleições gerais, marcadas para
centralismo democrático, com Samora Ma- Feliciano Gundane, Jacinto Veloso, Óscar
Outubro próximo, e porque muito se tem
chel como representante máximo, seguido Monteiro e Graça Machel. Este é um dos mo-
falado com relação ao processo da eleição
interna, Dossiers & Factos visitou, durante de Marcelino dos Santos, Joaquim Alberto delos que os partidos marxistas usam. Só que
semanas, vários arquivos para trazer al- Chissano, Alberto Joaquim Chipande, Ar- a Frelimo não adoptou o marxismo de Karl
gumas passagens de diferentes dossiers mando Emílio Guebuza, Jorge Rebelo, Ma- Marx, mas de Mao Tsé-Tung.
deste partido, começando pelo histórico
da indicação dos membros da Comissão
Política e do Comité Central, e ainda dos
últimos quatro congressos. Mas, para além
disso, também espreitamos as mudanças
ideológicas que esta formação política foi
sofrendo ao longo dos tempos, e que têm
como resultado o actual cenário, descrito
como “sombrio”.

D&F Texto de Serôdio Towo

Os primeiros estatutos da Frelimo, aprovados

no I congresso, realizado de 23 a 28 de Setembro
de 1962, em Dar-es-Salam, na Tanzânia, sob orien-
tação de Eduardo Chivambo Mondlane, estabele-
ciam, no ponto 18, que versava sobre aspectos da
estrutura e organização, que “a estrutura da Frelimo
é baseada no centralismo democrático e o método
de trabalho dos seus órgãos é orientado pelos se-
guintes princípios:

a) Espírito democrático;
b) Espírito colectivo;
c) Unidade de acção;
d) Espírito de responsabilidade;
e) Crítica e auto-crítica;
f) Ajuda mútua.
Esta informação foi extraída do livro “História
da Luta de Libertação Nacional “, Vol. 1, Edição
Ministério dos Combatentes – Direcção Nacional
de História, Pág. 80. Como se observa, este pon-
to sintetiza aquilo que outrora era a Frelimo, e há
que entender que “centralismo democrático” podia
não significar apenas a teoria de um comando hie-
rarquizado, uma espécie de fila para o poder, mas
sim, um princípio de organização que combina a
democracia eleitoral e discussão livre, com discipli-
na política e direcção executiva centralizada e mais
colegial do que unipessoal.
Olhando ainda para a história desta máquina
partidária, pode-se constatar que existia, na altura
– 1962 –, dentro da Frelimo, todo o tipo de teorias
ideológicas, desde o esquerdismo liberal ou radical,
direita moderada à direita conservadora, etc. Não
obstante esta diversidade, todos aceitaram e assu-
Como é que a Frelimo geriu os quadros e as
eleições internas?
Por estas alturas, em que se discute bastan-
te os prováveis nomes dos candidatos à can-
didato para as eleições, com muitas figuras
que se julgam elegíveis e capazes de governar
Moçambique, há quem defenda internamente
que a Comissão Política ainda não divulgou
os nomes dos pré-candidatos porque os histó-
ricos e o presidente do partido, Filipe Nyusi,
já estarão alinhados e o candidato já terá sido
escolhido, sendo que o resto não passará de
coreografia para dar mais adrenalina política.
Sendo esta afirmação certa quanto falsa, a
verdade é que as expectativas e nervosismo são
enormes e indisfarçáveis no seio dos membros
desta formação política.
Dossiers & Factos traz, no entanto, para a
presente edição, aquilo que foi a tendência das
eleições internas da Frelimo, a ascensão e que-
da dos membros, os lugares que algumas figu-
ras que hoje são achadas na Comissão Política
do partido ocupavam, assim como a direcção
de alguns órgãos sociais do mesmo.
Começando pelo nono Congresso, reali-
zado na cidade de Quelimane, província da
Zambézia, no ano de 2006, é possível cons-
tatar que os quadros que resistem na CP são
Alberto Chipande, Manuel Tomé, Eneas Co-
miche, Verónica Macamo, Margarida Talapa e
Alcinda de Abreu, todos eleitos, na altura, no
quadro da continuidade, enquanto que Aires
Aly, que também faz parte da actual CP, nesse
ano (2006), era eleito para este mesmo órgão
no quadro da chamada renovação.
Este congresso, segundo fontes do partido,
pode ter sido dos últimos com concorrência
sem exageros na compra das mentes, diferen-
temente do que tristemente acontece nos últi-
mos anos. Para validar este pensamento, por
• CONTINUA NA PÁG 04
 4 DESTAQUE
• CONTINUAÇÃO DA PÁG 03
exemplo, basta lembrar que em Novembro de
2006, no referenciado congresso, vários go-
vernadores provinciais não conseguiram vo-
tos para estar no topo, acabando por se fixar a
meio da tabela classificativa.
Por exemplo, em Niassa, Arnaldo Bimbe
ficou em quinto lugar na lista eleita para aque-
la província para membros do CC, numa lista
que devia eleger oito. Na Zambézia, com onze
vagas, Carvalho Muária caía em oitavo. Com
igual número de vagas para Sofala, Alberto
Vaquina entrou em sexto. Já em Gaza, Djalma
Lourenço escapava ao conseguir estar no pe-
núltimo, à frente da última apurada, Margari-
da Mapandzene, actual governadora daquela
província.
Foi neste mesmo congresso que caíram no-
mes sonantes da arena política nacional, entre
governantes, académicos, deputados da As- sem-
bleia da República, antigos combatentes, de entre
outros.
As mulheres que também tombaram no nono
Congresso
Entretanto, da mesma lista de nomes sonantes, que
foram chumbados, constam nomes das mulheres que
tiveram o mesmo azar.
IX Congresso foi de posicionamento de Armando
Guebuza
O congresso IX, realizado em 2006, em Quelimane, na
Zambézia, serviu de palco para o posicionamento político
de Armando Emílio Guebuza, enquanto presidente da Fre-
limo. Foi por estas alturas que o dirigente “afastou” da CP
Hama Thai e Virgília Matabela, esta última que já não faz
parte do mundo dos vivos. Entretanto, apesar de as expecta-
tivas terem apontado, na altura, Eduardo Mulembwe como
quem poderia não ter votos para se manter na CP, ele con-
seguiu sobreviver e ainda foi indicado para chefe do Comité
de Verificação do partido Frelimo.
- Será que Mulembwe era, politicamente, a preferên-
cia de Guebuza?
Cinco anos depois, acontecia o X congresso, na cida-
Nyusi, actual timoneiro, vai adiando a eleição do
candidato
DOSSIERS & FACTOS 18 de Março de 2024 SEGUNDA-FEIRA
de de Pemba, que, contrariamente ao anterior, serviria
para a consolidação do poder de Armando Guebuza na
direcção do partido. Ouvidas algumas fontes internas
que fizeram parte do processo na época, mostraram
acreditar que, por questões estratégicas, Guebuza, 10
anos depois, manteve Eduardo Mulembwe na Comissão
Política e ainda como Chefe do Comité de Verificação
para fazer dele o terceiro homem mais forte da hierar-
quia partidária, sacrificando Luísa Diogo, Aires Aly e
Manuel Tomé.
Depois deste congresso, o X, para a sua sucessão
através da Comissão Política, Guebuza lança os famo-
sos 3/100, nomeadamente Alberto Vaquina, que na al-
tura era Primeiro-ministro; Filipe Jacinto Nyusi, que
era ministro da Defesa; e José Pacheco, que era ministro
da Agricultura. Com o anúncio da Comissão Política,
surgem contestações através de um abaixo-assinado dos
membros da Frelimo, exigindo mais candidatos.
Foi assim que o presidente do partido aceitou, mas
com a condição de que os candidatos deviam reunir
o mínimo de 20 assinaturas dos membros do Comité
Central. Nesta fase, surgem os nomes de Luísa Diogo
e Aires Aly como candidatos. Curiosamente, Eduardo Guebuza teve tempo que nenhum outro candidato
Mulembwe, como terceiro homem da hierarquia, na di- teve
recção do partido, não conseguiu colher as 20 assinatu- Luísa Diogo – 46 votos, 24%; Alberto Vaquina – 37 vo-
ras, criando, deste modo, espanto a maioria dos cama- tos, 19%; Aires Aly 10%; e, por último, José Pacheco – 3
radas que não entendiam como é que alguém que foi votos, correspondentes a 2%.
votado para a manutenção na CP não conseguiu as 20 Na segunda volta, Nyusi obteve 135 votos, corres-
assinaturas. pondentes a 68%, e Luísa Diogo obteve 61 votos, 31%,
o que significa que, para a segunda volta, Filipe Nyusi
O Histórico da eleição dos candidatos depois de conseguiu angariar mais 25 dos anteriores votos, en-
Guebuza quanto Luísa Diogo conseguiu mais 15 votos.
Estes dados demonstram que Luísa Diogo teve ou
Compulsados os dados numéricos do processo de pôde ainda possuir, na Frelimo, uma base sociopolíti-
votação interna para a eleição do candidato, pode-se ca bastante forte. Lembre-se que, antes destas eleições
concluir que, dos nomes antigos e com o histórico de internas, no X congresso, em Pemba, Aires Aly, Luísa
concorrência, Luísa Diogo é a principal adversária dos Diogo e Manuel Tomé caíram da CP sob presidência de
candidatos, basta, para tal, lembrar que, em 2014, mes- Armando Guebuza.
mo sem ser da eleição de Armando Guebuza, Luísa con- Na nossa próxima edição, traremos mais incidências
seguiu levar Nyusi à segunda volta. das manobras, estratégias e artimanhas políticas até se
Recorde-se que na primeira volta houve os seguintes chegar às eleições, olhando, naturalmente, para aquilo
resultados: Filipe Nyusi – 91 votos, equivalentes a 46%; que são e sempre foram os princípios básicos da Frelimo.
 SEGUNDA-FEIRA 18 de Março de 2024
EXPULSAR PARA EXPLORAR
Em Cabo Delgado, sai a população e
instalam-se empresas
O
s ataques terroristas em Cabo
Delgado têm resultado em mor-
tes e na saída massiva da popula-
ção daquela província nortenha,
em busca de zonas mais seguras. Curiosa-
mente, à medida que os residentes saem,
entram e se instalam os interesses empre-
sariais ligados, sobretudo, ao sector minei-
ro. Um estudo realizado pelo Observató-
rio do Meio Rural (OMR) mostra de forma
inequívoca que a atribuição de licenças de
exploração mineira naquele ponto do País
aumentou significativamente desde 2017,
ano da eclosão da violência extrema.
D&F Texto: Amad Canda
A actuação dos terroristas do Ansar al Sunnah, supos-
tamente ligados ao Estado Islâmico, está a deixar extensas
regiões de Cabo Delgado “inóspitas”, com a população a
abandoná-las, à procura de onde possa ter um mínimo de
sossego, ainda que a viver na máxima miséria. Só os ata-
ques que vêm ocorrendo nas últimas semanas, e que mar-
cam a “revitalização” de um grupo que já era dado como
fragilizado, provocaram a fuga de mais de 70 mil pessoas,
segundo a Agência das Nações Unidas para Refugiados
(ACNUR).
Enquanto isso, a Organização Internacional para as
Migrações (OIM) apresenta dados ainda mais sombrios,
ao referir, a 08 de Março deste ano, que estava já ultrapas-
sada a barreira dos 100 mil.
Principais palcos das actividades do inimigo na actual
vaga, os distritos de Macomia, Chiure, Mecufi, Mocimboa
da Praia e Muidumbe vêem seus filhos partirem às cente-
nas ou milhares, dependendo da intensidade dos ataques,
quase que numa base diária.
Foto:
Inferno para a população, Cabo Delgado é para empresas mineiras
DOSSIERS & FACTOS
Foto:
Já saíram quase um milhão de pessoas, e não voltam todas
No cômputo geral, o alto-comissariado da ACNUR
apontava, em Junho de 2023, que o terrorismo tinha já
provocado mais de 830 mil deslocados, numa província
que, segundo o último senso geral da população (2017),
realizado pelo Instituto Nacional de Estatística, tem pou-
co mais de dois milhões de habitantes.
Saem as pessoas, instalam-se os negócios
Sendo certo que parte da população se sente tentada
a regressar – e regressa – às suas terras de origem, as-
sim que a situação de segurança se normaliza, há sempre
quem prefira reconstruir a vida noutros lugares, como é
o caso de Nampula, a província que mais acolhe os “már-
DESTAQUE 5
tires” de Cabo Delgado. De resto, o governador desta
província chegou mesmo a apelar, publicamente, os des-
locados a permanecerem na circunscrição territorial sob
sua égide.
"Nós não queremos que regressem a Cabo Delgado,
porque já estamos habituados como irmãos e nossos pais
para estarem aqui connosco e viverem aqui; esta terra
também é vossa. Fiquem aqui connosco, não voltem",
exortou, em Agosto de 2022, Manuel Rodrigues, segundo
escreveu a DW.
Curiosamente, enquanto parte da população trau-
matizada pelos terroristas se afeiçoa à província vizinha
e a outras regiões, há quem esteja a desenvolver laços,
não afectivos, mas comerciais, com a terra abandonada.
Trata-se de empresas ligadas ao sector mineiro, atraídas
pelos abundantes recursos.
Um estudo da Organização do Meio Rural mostra que
a apetência pelas fartas terras de Cabo Delgado foi cres-
cendo à medida que o terrorismo se consolidava. A con-
cessão das licenças mineiras, naquela província nortenha,
teve início em 1991, revela o estudo. Desse ano, que an-
tecede o da assinatura do Acordo Geral de Paz, até 2016,
foram emitidas 67 licenças. Já no período entre 2017 (ano
da estreia do jihadismo em Moçambique) e 2021, foram
emitidas 46, grande parte das quais relativas à exploração
de turmalina, pedra de construção, grafite, ouro e rubi.
A pesquisa da OMR permitiu saber, por exemplo, que,
só em 2017, foram emitidas cerca de 15,2% de licenças
de concessão mineira do total emitido no período 1993-
2022. Trata-se de uma estatística espantosa, na medida
em que revela que em um ano (2017) emitiu-se literal-
mente a mesma quantidade de licenças emitidas no pe-
ríodo pré-insurgência, ou seja, de 1993 a 2016.
“No período em que se registaram maiores incidentes
armados (2018-2020), houve um aumento de emissão de
licenças de concessão mineira, tendo sido emitidas cerca
de 30,4% de licenças, em 2018 (que corresponde ao do-
bro das licenças emitidas no período pré-conflito e 2017),
e 21,5%, em 2019”, lê-se no relatório da agremiação, que
mostra uma sincronização – entre o extremismo e a atri-
• CONTINUA NA PÁG 06
 6 DESTAQUE DOSSIERS & FACTOS 18 de Março de 2024 SEGUNDA-FEIRA

• CONTINUAÇÃO DA PÁG 05
buição de licenças – estranha, no mínimo.

Lógica inversa

Frequentemente, o Governo e o sector privado mani-

Adensam-se as dúvidas sobre a quem servem os insurgentes
festam preocupações face à possibilidade de o terrorismo
retrair investimentos em Cabo Delgado, e no país, em ge-
ral. É que a instabilidade prejudica, e de que maneira, o
ambiente de negócios em qualquer parte do mundo. Mas
essa lógica parece funcionar para todos, excepto para
os players do sector mineiro, que parecem ter cada vez
maior fascínio pela província cada vez que uma cabeça é
decapitada e milhares abandonam suas terras.
Parafraseando Teresa Cunha, no seu estudo de caso
intitulado “Cabo Delgado (Moçambique): a terra onde
não se come o que se produz e produz o que não se come”,
a lógica vigente parece ser a do capitalismo extractivista,
que pressupõe “expropriar, expulsar, explorar e acumular”.
Convergem em Cabo Delgado vários investidores
nacionais e internacionais, sendo que seus projectos pa-
recem imunes ao terrorismo. Os ataques às minas da Ge-
mrock, no ano passado, foram quase que episódicos, até
porque a “história” mostra a predilecção dos Jihadistas
pelas Forças de Defesa e Segurança e pela população civil.

NOMEADO ADMINISTRADOR EM MATUTUINE

Calisto Cossa pode falhar “sonho” de

estar no Parlamento
C
alisto Moisés Cosssa, que recente-
mente cessou funções, ao cabo de
dois mandatos, como presidente do
Conselho Municipal da Matola, foi
nomeado para exercer o cargo de adminis-
trador do distrito fronteiriço de Matutuine,
província de Maputo. Trata-se, no entanto,
de uma notícia agridoce, na medida que
pode comprometer as perspectivas de che-
gar à Assembleia da República.
Cossa era de ser eleito para deputado da Assembleia da
República pelo mesmo círculo, desejo que pode estar
comprometido, e já explicamos:
As directrizes do patido Frelimo abrem espaço para
eleição ao lugar de deputado a nível da província de Ma-
puto para um administrador de distrito. Nas eleições in-
ternas passadas, viveu-se uma experiência em que duas
administradoras de distrito na província de Maputo esti-
veram no jogo de “quem vai e quem fica”.
Teresa Mauaie, actual administradora do distrito da
Foto: INtegrity
Moamba, concorreu para este cobiçado lugar com o sím-
bolo de “decana dos administradores” na província de
Maputo.
Entretanto, Cristina Manhiça, actual secretária de esta-
do na província da Zambézia, também estava na mesma
luta, e valeu o facto desta ser, entre os administradores de
Maputo na altura, a mais antiga na província.
É neste contexto que, internamente, questiona-se se,
na qualidade de administrador de distrito, Cossa terá
mesmas chances para sua eleição a deputado da AR.

D&F Texto: Dossiers e Factos

Em Matutuine, Cossa vai substituir Júlia Mwitu, que se-

gundo fontes viaja em breve para Tete, onde irá comandar
o Parque Nacional de Mágoè.

Shafee Sidat move os céus para edil, Cossa sai de edil

para administrador

Pode parecer paradoxo, quando è uma verdade. Há sen-

sivelmente um ano, Shafee Sidat, na altura administrador
do distrito de Marracuene, “moveu” os céus e a terra para
conseguir a sua indicação como candidato à presidente
da nova autarquia de Marrrcuene, desfecho finalmente
conseguido.
Entretanto, Calisto Cossa teve sorte diferente quando,
contra todas as expectativas, viu-se proibido pela máquina
partidária de concorrer para a sua própria sucessão, tendo
sido preferida a figura de Júlio Parruque para que fosse o
actual edil da Matola.

Contas complicadas para Cossa?

Dentro do partido a nível da província de Maputo, co-

mentários não faltaram logo a seguir à publicação interna
da nomeação de Calisto Cossa para o cargo. É que, ao que
se sabe, politicamente, o desafio que se esperava de Calisto Calisto Cossa, novo administrador de Matutuine
 SEGUNDA-FEIRA 18 de Março de 2024
O reflexo dos universos (Rrepetição)
A manhã faz-se fresca sobre os gritos sonolen-
tos dos pássaros, que de um ramo para o outro
exibem suas lindas asas misturadas sobre o verde
e o amarelo das folhas das árvores enfeitadas de
frutos que se desfazem sobre o bico dos sabiás
que deambulam e fazem a sua colheita.
Com os olhos arrebatados de cansaço das
noites longas passadas sobre a fusão de destinos
e vontades, vê-se gente cruzando as estradas al-
catroadas de vontades indomáveis. De chinelos
violados com chuvas de arames, Josué olha para
os lados e tenta compreender o seu destino. De
repente pára sobre a passarela da estrada e olha
para os dois lados, tentando entender o moti-
vo que lhe fez acordar tão cedo de casa, mas ao
mesmo tempo devagar, enquanto inferioriza-se
sobre os carros de luxo que poderiam pagar a
crise de um país endividado.
Enquanto Josué multiplica sua pobreza sobre
o ver da felicidade patente nos olhos dos homens
ricos, ouve-se da janela daquele carro, amarelo
com vidros fumados, um “suca” de um condu-
tor confuso por lhe terem cortado a prioridade.
Josué solta um sorriso leve, como se tivesse es-
quecido que não tivera jantado na noite anterior.
Parecia tão feliz que poderia fingir tamanha feli-
cidade para os homens que se cruzam nas estra-
das sem sequer dizer um “ola”.
Sobre o silêncio oculto, longe do pensamen-
to dos viventes, encontra-se ali ao lado daque-
la estrada barulhenta de gente furiosa sobre os
ralis, aquele cemitério empanturrado de gente
aflita pela ressurreição outrora prometida pelo
homem da mais pura santidade, Jesus Cristo.
Naquele ruído fatigante das buzinas dos car-
ros, Josué descobre-se com o estômago roncando
sobre as salivas secas de tantas noites passadas
contando as horas para o amanhecer.
A cinco passos dos seus olhos famintos, Josué
vê gente gritando sobre os empurrões e insultos
paridos sobre a traição de esposas e namorados
infelizes, com o coração batendo forte pelo medo
da separação. Mas Josué continua sua jornada
depois de as luzes verdes dos semáforos, que, às
vezes, demoram fechar, lhe libertarem daquela
jaula que o impedia de caminhar rumo ao seu
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ACTIVISIONISMO
Sérgio dos Céus Nelson
destino.
Enquanto isso, no corredor daquele cemitério
dali da avenida Eduardo Mondlane, gente vende
cosméticos, enquanto a mana Sassecane despe-se
do ruralismo ao colar das novas unhas de gel que
impede mulheres de lavar louças e cozinhar por
medo de perder a elegância e luxúria que separa
casados. Mas não é só a Sassecane que se fazia
presente por aquelas bandas.
A vovó Marlenane, idosa de seus oitenta anos
e alguns dias de vida, atravessava a estrada com
o seu corpo fortalecido sobre a bengala do pau-
-preto, suada, cansada por causa da bugiganga
cheia de coisas encontradas, nas estradas, nas
costas. Vovó Marlenane parecia uma turista.
Atravessava a estrada com um estilo único,
feito uma modelo na passarela, que da vida faz
um sítio de charmes e venda de belezas.
Com o medo de ser atropelada e não ver a
descida de Cristo na terra do povo negro, vovó
Marlenane cruza a estrada sobre a pressa que ja-
mais tivera na sua vida. A idade não ajudava. De
repente, os óculos fogem de seus olhos e vê so-
mente imagens confusas e traiçoeiras.
Josué ainda estava do outro lado da estrada.
De imediato larga seus pensamentos confusos
e vai ao encontro daquela “velha” traída pelos
óculos.
- Aqui estão os seus olhos minha mãe.
- Obrigada meu filho. Aqui somente via Cris-
to nos meus olhos.
- A mamã é crente?
- Todo africano pobre vai à igreja para mudar
a vida. Por quê eu iria fazer diferente, meu filho.
Mas eu nem gasto meu dinheiro dando aos pas-
tores. Se Cristo me quiser vai-me escolher com
minha pobreza.
- Só posso rir, minha mãe.
- Filho, pareces triste. A tua pele pálida reve-
la noites de tristeza enfeitadas de fomes longas.
Venha comigo. Vês aquela senhora ali a vender
sopa? Ela é minha filha, com certeza terás algo
para queimar o teu estômago…meu filho.
Emocionado, Josué faz-se impressionado,
emotivo e corre com as vontades viradas para
aquela panela cheia de sopa de feijão sorrindo
OPINIÃO 7
contra sua fome. Mas, enquanto comia, Josué
surpreende-se com aquela menina de saias cur-
tas, lábios infectados de batom gastos nas noites
de amor comprado, que enfraquecida coxeava
até que se segura no poste ao lado daquele res-
taurante da rua onde Josué desfrutava do seu
lanche oferecido.
Josué inconforma-se. Olha para os lados e
inquieta-se. Mete duas e três colheres de sopa
na boca. Levantando a quarta vê aquela menina
meiga de olhos amarelos perdendo a força contra
a lei da gravidade. Mas Josué corre e a segura
com suas mãos de homem valente e a leva junto
do prato para ajudá-la, depois de descobrir que
as lombrigas famintas invadiam o estômago da-
quela pequena menina viajante.
- Veja se comes miúda. É fome isso.
Josué parecia médico cuidando do seu pacien-
te. Fazia como se sua fome não existisse sempre
que atirava as últimas colheres de sopa na boca
daquela menina desconhecida.
Alguns minutos passados, a menina vende-
dora de sexo dizia ser Ana, sobre o espanto de
senhores que olhavam de longe a situação, sem
querer se aproximar de perto. O mundo define-
-se assim quando não se quer ajudar as pessoas a
ultrapassarem desafios.
- Obrigado moço. Não sei o que seria se não
fosses tu. Dizia a jovenzinha de seus 22 anos.
- Esse jovem é diferente. Ajudou-me quando
os meus óculos caíram na estrada traiçoeira.
Minutos depois, Josué se separava daqueles
desconhecidos, conhecidos sobre as surpresas
da vida, e seguira seu caminho indefinido. En-
quanto isso, os mendigos esfomeavam-se sobre
os contentores imundos de restos.
De longe, via-se um trânsito parando um ca-
mião cheio de chapas de zinco, como se fizes-
se Raio-X dos carros à procura da imperfeição
que lhe garantisse trocos para uma noite de
tranquilidade.
Sem a imagem do Josué, da vovó Marlenane
e da menina Ana, fecho a janela do meu quar-
to, entretanto o mundo continua ali…naqueles
olhos de gente que se conhece e desconhece so-
bre os olhares distintos por seus desafios.
 8 OPINIÃO
A boçalidade do meu prédio e o contexto de bem-
estar do buraco da Nação (Rrepetição)
Sempre que acordo e me dirijo para
as minhas actividades laborais, olho
com destreza para a sujidade das esca-
das e comportamentos no uso público
dos prédios, onde o lixo e o mau cheiro
têm sido comuns. A ignorância, a pre-
guiça, a subtil arte de viver sem prin-
cípios de urbanidade, harmonia, sindi-
calismo e humildade são a razão desta
forma de estar e conviver, moribunda
e nauseabunda, tudo à mistura. Pressu-
ponho que somos um bando de porcos
urbanizados - "boçais".
Assim, parto para esta narrativa para
explicar que o princípio da organização
de uma Nação está acima de qualquer
argumento falacioso. Começa pela ra-
dicalização da preguiça e da compo-
nente organizacional individual, onde
o direito é dever colectivo e imperioso.
Carregamos o fardo social de forma
conjunta para vencer uma batalha tene-
brosa, a desordem organizacional go-
vernativa e os males estruturais do seu
flagelo. Se em um simples condomínio
colonial não é possível pintar, reparar,
limpar, e iluminar, qual mensagem se
pretende extrair para os nossos filhos
que herdaram apartamentos danifica-
dos e com problemas de infiltração, ba-
ratas, percevejos e roedores?
Herdamos do colono boas edifica-
ções, cidades limpas e lindas, paraísos
de férias, vilas almejáveis, ruas con-
dignas, frutos de sacrifício e sangue
dos nossos antepassados. Bem, sendo
sarcástico, não nos damos o privilégio
de cuidar e esconder o nosso rabo de
vergonha colectiva em meio à incapaci-
dade de garantir boa manutenção deste
património histórico e de luxo urbano.
Isso demostra que não sabemos lavar
as nossas partes íntimas, diferente de
outras nações vizinhas. Uma realidade
DOSSIERS & FACTOS
PRIMEIRO PONTO
Nobre Rassul
derivada de uma podridão administra-
tiva e sociopolítica que afunda a todos.
Temos "governos municipais para in-
glês ver".
Bem, somos um povo desgovernado,
iria mais fundo ao dizer "sem funda-
mentos do que representa uma verda-
deira civilização". A organização e lim-
peza de uma cidade, o tapamento de
buracos das ruas e avenidas não se di-
ferenciam da realidade dos prédios na
zona nobre da capital. Se um vizinho
ou mais não tomarem uma iniciativa
ou até que alguém de boa vontade meta
a massa no prejuízo e busque se livrar
do problema, ninguém melhora nada,
ninguém faz nada! Assim é a manifes-
tação da doença desta pátria, esquiva-
diça, rude, arrogante e analfabeta. O
analfabetismo e a boçalidade alienam
as mentes neste buraco de terra.
Há que fazer uma reflexão em torno
de que pátria que queremos para nós e
futuras gerações, ao avaliar a mediocri-
dade de vida que aceitamos no nosso
meio. Esta medíocre forma de ser e es-
tar abraça-se aos problemas políticos e
económicos que a Nação enfrenta em
meio à falta de moral e ética adminis-
trativa, isso em tempos que se persegue
"vidas de luxo e não o luxo urbano", no
concernente à necessidade de bem-es-
tar social e cultural.
Vou ser mais razoável ao explicitar
que, quando se ergue um condomínio
de luxo em meio a um mangal ou pan-
tanal contra as leis ambientais, deitan-
do-se os elevados princípios de urba-
nidade e salvaguarda de bem-estar dos
inquilinos deste condomínio, da natu-
reza e de outros cidadãos que têm na-
quele espaço um desaguador natural de
águas de chuvas, reprodução pesqueira
e braço do mar ou rio, além deste acto
18 de Março de 2024 SEGUNDA-FEIRA
representar uma ilegalidade, tem sem-
pre consequência para estes morado-
res ou para outros menos abastados
ou para a própria cidade. A ignorância
do tempo, da natureza e do bem-estar
dos outros em acto de engenharia me-
díocre e de busca de luxo em meios
impróprios é a clara demonstração da
penetração da corrupção nos sectores
de construção municipal, ministerial e
de fiscalização ambiental.
O pretexto de aniquilamento das
verteste de pensamentos conservado-
res, que são capazes de criar boa con-
vivência social, urbanismo e boa gestão
da coisa pública, geradores de união
para bem-estar comum, facilmente
se perde quando os factores culturais
modernos não se alicerçam nas men-
tes dos governantes do dia, que têm o
papel fundamental de educar o povo,
fiscalizar e ajudá-lo a crescer em con-
formidade com a realidade do código
de postura urbana e ou as leis vigentes,
de acordo com a realidade que se pre-
tende incutir.
Assim, se formos a avaliar a nature-
za governativa em Moçambique, vere-
mos que é igual à realidade de vários
prédios, onde as instituições públicas,
como o caso do INATRO, na baixa de
Maputo, nem o tecto de betão na parte
da recebedoria pública de multas auto-
móveis e reclamações existe, notando-
-se também sérios problemas de infil-
tração. Trata-se de uma instituição de
fiscalização automóvel e arrecadação
de receitas para o Estado, representa a
Nação em plena zona comercial da Ca-
pital, transmitindo a nossa nudez go-
vernativa e a nossa sabedoria maquia-
vélica no concernente ao cuidado que
damos aos edifícios, obras de conquista
da independência nacional.
 SEGUNDA-FEIRA 18 de Março de 2024 DOSSIERS & FACTOS OPINIÃO 9

MAYITABASSA!

Sr. ministro da Saúde, você viu o vídeo dos

“caldos” na RSA?
Por: NkassanaWaka-Tembe–nkassana@gmail.com.org

Está de parabéns a polícia sul-africana, em es- alface, repolho e outros legumes. Comemos este çambique tem em termos económicos, sabem
pecial aquela agente que denuncia o contrafeito veneno assim, a corpo nu, e no dia seguinte ele- que tudo o que daquele país advém tem e sem-
do tempero para caril, vulgarmente conhecido por vamos os números de pacientes espalhados pelas pre terá mercado na praça. Sabiam os criminosos
caldo de galinha ou de vaca. Estão também de pa- unidades sanitárias. Este tempero, produzido na que uma simples embalagem, com datas actua-
rabéns as redes sociais, que conseguem, em tem- forma que vemos, claramente contribui para o au- lizadas sobre validade, era suficiente para que se
po certo, colocar informações pertinentes e úteis mento de despesas com a saúde. ludibriasse as alfândegas e outros serviços de con-
para qualquer cidadão mais atento. Não seria de surpreender que alguns concida- trolo no ramo do comércio. É caso para dizer que
Estamos, desde semana passada, a ser brinda- dãos que se fazem à praça pública estejam a viver o Estado moçambicano foi vítima de uma burla, e
dos com notícias sobre existência de uma fábrica e a ostentar seus níveis de riqueza através deste isto não pode ficar assim. Precisamos que isto seja
de contrafeito na África do Sul. Esta fábrica, segun- negócio de contrafeito, o que dum lado exige esclarecido.
do fontes baseados nos relatos da polícia, dedica- maior envolvimento das autoridades policiais na Se hoje estamos a descobrir o caldo contrafeito,
-se ao fabrico do pó de caril em péssimas condi- continuidade da investigação já iniciada pela sua quanta outra “porcaria” não estaremos a consumir,
ções de higiene. Naquele vídeo, pode-se constatar congénere, polícia sul-africana. produzida sobre as mesmas estratégias. Não co-
uma série de anomalias. O SERNIC é instado a prosseguir com o caso do nhecemos, infelizmente, o futuro que aquelas ma-
Dentre as anomalias, constam questões sérias caldo contrafeito, buscando mais elementos com manas terão, mas, e seguindo princípios de coo-
de higiene e segurança no trabalho. Vê-se, no ví- recurso a estas mulheres que afirmam ser negócio peração entre Estados, nossa polícia pode, e muito
deo de cerca de três minutos, mulheres e jovens de alguém baseado em Maputo, e que elas sim- bem, buscar mais dados e evidências em relação
descalços, sem meios de protecção, sujos, e o local plesmente estiveram a trabalhar na qualidade de aos mandantes do crime e responsabilizá-los.
cheio de imundice, onde a preocupação prende- mão-de-obra barata. A narrativa destas mulheres Andam aí no glamour da vida e dentro das gran-
-se apenas com a produção deste produto, tendo pode levar a polícia a concluir que há aqui vários des capitais, pelo que sejam apanhados, julgados
como mercado de destino a cidade de Maputo. legados de crime. e responsabilizados.
O caldo de galinha/vaca em pó é produzido nos Não pode haver dúvidas de que aqui existi um ____
becos, empacotado e posto na banca moçambi- crime com dolo, avaliando pelo nível de estratégia As informações sobre Cabo-Delgado agudizam-
cana sem que, por cá, tenhamos a mínima ideia construída para a consumação do tipo de crime. -se cada dia que passa. É um povo ávido de quase
do histórico e a garantia de qualidade do mesmo Os criminosos sabem da dependência que Mo- tudo e que clama pela Paz.
antes de usarmos na nossa cozinha. Durante a
divulgação deste crime contra a saúde pública, a Anúncio publicitário
agente da polícia mostra-se indignada e, na tenta-
tiva de buscar explicações, pode-se perceber que
as responsáveis do contrafeito, que por sinal são
mulheres moçambicanas - isto avaliando pelas di-
ficuldades que elas encontram para se pronunciar
usando a língua Xizulo - elas recorrem a Xichanga-
na para se explicar, e afirmam não ser donas deste
produto, mas sim estarem a trabalhar para alguém
que reside em Maputo. A pergunta que não quer
calar é: quem é ‘esse alguém’ que tem tanto po-
der de montar fabriquetas de contrafeito no país
alheio e alimentar os moçambicanos de um pro-
duto de má qualidade como aquele? Quem são
essas pessoas que coordenam o crime organizado
e ganham somas e somas de dinheiro à custa da
vida dos moçambicanos? Quem são estes cora-
josos que conseguem colocar seu próprio povo
como cobaia?
Aqui reside a importância desta pergunta ao se-
nhor ministro da saúde, mas não só. Também se
pode estender a mesma pergunta para o Sr. mi-
nistro do comércio. As autoridades de controlo e
fiscalização, com enfoque particular para o INAE
-Inspecção Nacional das Actividades Económicas.
Aquele vídeo nas redes sociais deve ser um alerta
máximo de ameaça à saúde pública, numa altura
em que se multiplicam casos de problemas de saú-
de relacionados com os maus hábitos alimentares.
Um pó de caril como aquele, que não teve di-
reito de passar por nenhum teste laboratorial, que
não tem ou não respeita normas e padrões de qua-
lidade, só pode servir de bomba para quem o con-
some. Os hábitos alimentares dos moçambicanos,
face a este tempero, são de ranger os dentes, se
considerarmos que alguns de nós o consumimos
demais. Nos grandes bazares, mamanas saboreiam
o mesmo, colocando-o directamente na salada de
 10 POLÍTICA DOSSIERS & FACTOS 18 de Março de 2024 SEGUNDA-FEIRA

APESAR DAS POLÉMICAS ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS

Moçambique sobe no índice da

democracia
A
boa notícia é que Moçambique
ascendeu quatro posições no De-
mocracy Index, publicado pela
revista The Economist, passando
a ocupar o 113.º lugar mundial entre 167
países. A menos boa é que o País obteve a
mesma pontuação no ano passado, pelo
que a subida não traduz necessariamente
um melhor desempenho. Se considerar-
mos apenas a África Subsaariana, Moçam-
bique é o 23.º classificado entre 44 nações,
com uma pontuação abaixo da média re-
gional.
D&F Texto:
O Índice da Democracia, publicado pela The
Economist Intelligence Unit (EIU), analisa o de-
sempenho de 167 países em diversos indica-
dores divididos por cinco categorias: “Processo
Eleitoral e Pluralismo”, “Funcionamento do Go-
verno”, “Participação Política”, “Cultura Política”
e “Liberdades Civis”. Em função da pontuação
final obtida, que varia do zero até aos 10, os paí-
ses são classificados como “regimes democráti-
cos” (acima de 8), “democracias frágeis” (de 6 a
8), “regimes híbridos” (4 a 6) e, por fim, “regimes
autoritários” (abaixo de 4).
A última edição do relatório, lançado no fi-
nal de Fevereiro, aponta que cerca de metade
da população mundial vive em regimes total
ou parcialmente democráticos; um terço em
regimes autocráticos e os restantes em siste-
mas híbridos (Angola foi um dos países que as-
cenderam a esta categoria pela primeira vez).
Apenas 32 países melhoraram a pontuação este
ano, 68 pioraram e 67 (entre os quais Moçam-
bique) mantiveram o mesmo resultado do ano
anterior.
A nível mundial Moçambique subiu quatro
posições, para o 113.º, entre 167 países. A pon-
tuação final foi de 3,51, a mesma que tem vindo
a apresentar desde 2020 e que está abaixo dos
5,49 registados em 2008, naquele que é o seu
melhor desempenho de sempre. Por critérios,
destacam-se o nível de “Participação Política” e
de “Cultura Política” com cinco pontos. Seguem-
-se “Liberdades Civis” (3,53) e “Processo Eleitoral
e Pluralismo” (2,58). O pior é o “Funcionamento
do Governo” (1,43 pontos), no qual se avaliam
indicadores tais como a autoridade do Estado
sobre a totalidade do território, a corrupção, o
acesso transparente à informação, a confiança
dos cidadãos nos partidos políticos, a existên-
cia de instituições independentes de controlo
ao Governo, etc.
A região da África Subsaariana teve uma
pontuação média de 4,04 com 17 países no
top100 mundial. Há apenas uma nação que é
considerada uma democracia plena (Ilhas Mau-
rícias), seis entram na categoria de democracias
com falhas, 15 são sistemas híbridos e 22 são
autocracias. Moçambique é o 23.º classificado
entre os 44 países da região cujo ranking é li-
derado pelas referidas Ilhas Maurícias, à qual
se seguem o Botsuana, Cabo Verde, África do
Sul, Namíbia, Gana, Lesoto, Maláui, Zâmbia e
Libéria. Entre os países vizinhos, Moçambique
também está atrás da Tanzânia e da Zâmbia e à
frente de Zimbabué e Essuatíni. DE

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Autoridade Reguladora das Comunicações

EXTENSÃO DO PRAZO
Entre os dias 16 e 17 de Maio de 2024 a Autoridade Reguladora
das Comunicações vai realizar a Conferência Nacional das
Comunicações, um evento que congregará entidades singulares,
colectivas nacionais e internacionais para discutir a actualidade
e o futuro do sector das Comunicações, com vista a maximizar os
benefícios da convergência tecnológica e transformação digital.
Neste contexto e numa perspectiva de conjugação de esforços para
o fortalecimento do evento, o INCM extende o prazo de submissão
das propostas de candidaturas das Sartups Moçambicanas até 26
de Fevereiro do corrente ano.
A participação vai permitir, dentre outros, a conexão entre os
principais players da indústria Tecnológica de Telecomunicações
e Postal, assim como exibir e partilhar experiência e soluções
inovadoras das startups.
Requisitos de candidatura
• Produtos relacionados com a área tecnológica e/ou outras
áreas (inclusão financeira, desenvolvimento espacial,
endereçamento postal, Objectivos de Desenvolvimento do
Milénio).
As Startups devem submeter, em carta fechada, a descrição do
seu produto, em formato físico para o seguinte endereço:
I
NCM - Autoridade Reguladora das Comunicações de
Moçambique, Praça 16 de Junho Nº 340 - Bairro da Malanga, 848
Maputo, Moçambique
Ou através do e-mail: startups@incm.gov.mz
Apenas serão contactadas as Startups seleccionadas para a fase
seguinte.

• Produto desenvolvido numa base tecnológica e que seja Maputo, 5 de Fevereiro de 2024
escalável;
 SEGUNDA-FEIRA 18 de Março de 2024
OLHAR INTERNACIONAL
Hamas abre espaço para trégua na
guerra contra Israel
Por:Ângelo Edson André Fremo
Depois de Ocidente ter dado assistência
em questões básicas envolvendo Estados
Unidos da América, França, Alemanha, Itália
e Reino Unido, nesta quinta-feira, o grupo
terrorista Hamas disse que apresentou aos
mediadores uma proposta de acordo para
uma trégua na guerra contra Israel. Para a
trégua, o Hamas tem como condição que
Israel pare a ofensiva na Faixa de Gaza.
Em comunicado, o grupo terrorista disse
que também incluiu na proposta uma posi-
ção sobre libertar reféns israelenses, sob seu
poder desde 7 de Outubro e que motivam a
ofensiva de Benjamin Netanyahu, mas não
deu mais detalhes. Todavia, o escritório do
primeiro-ministro israelense, Benjamin Ne-
tanyahu, criticou a proposta do grupo terro-
rista, dizendo que é baseada em "exigências
não realistas", sinalizando que um acordo
ainda está distante.
O acordo apresentado inclui a entrada de
ajuda humanitária aos palestinos em Gaza,
o retorno dos habitantes a suas casas e a
retirada das forças israelenses da região. O
objectivo declarado de Israel é destruir com-
pletamente o Hamas e resgatar os mais de
200 reféns em poder do grupo palestino.
Em meados de Outubro, Israel havia dado
um ultimato aos moradores no norte da Fai-
xa de Gaza, cerca de 1,1 milhão de pessoas,
para se deslocarem para o sul do território.
O norte de Gaza — que inclui a Cidade de
Gaza e dois campos de refugiados — é uma
das partes mais densamente povoadas do
território. Na ocasião, o Hamas, que controla
a Faixa de Gaza, disse aos civis que ignoras-
sem a ordem de evacuação, descrevendo-a
como "propaganda falsa”.
No entanto, milhares de palestinos obe-
deceram à ordem de Israel e abandonaram
suas casas. Apesar disso, Israel bombardeou
e continua bombardeando várias localida-
des no sul do território. O ministro da De-
fesa israelense, Yoav Gallant, disse que a
campanha militar em Gaza "pode levar um
mês, dois ou três, mas, no final, não haverá
mais Hamas". Enquanto isso, a ala militar do
Hamas, as Brigadas al-Qassam, continua a
disparar foguetes contra Israel. O primeiro-
-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu,
descreveu o actual conflito com o Hamas
DOSSIERS & FACTOS
como a "segunda guerra de independência
de Israel".
O presidente dos Estados Unidos, Joe Bi-
den, disse que estava negociando com as
partes e que esperava um acordo em breve,
mas o Hamas rebateu afirmando que "ainda
há grandes diferenças que precisam ser su-
peradas”. A rede Al Jazeera disse que Israel
teria aceitado trocar 400 prisioneiros pales-
tinos por 40 mulheres e idosos que ainda
estão sob poder do Hamas em Gaza.
A nova trégua também teria uma pausa
de 40 dias nas operações militares em am-
bos os lados . A nova trégua esfriou após a
morte de mais de 100 palestinos na Faixa de
Gaza durante distribuição de ajuda huma-
nitária. O Hamas culpou soldados israelen-
ses e o exército de Israel disse apenas que
houve "empurrões e correria", com mortos
e feridos.
A comunidade internacional cobrou res-
postas de Netanyahu. Até ao momento, a
primeira e única trégua na guerra entre Ha-
mas e Israel ocorreu em Novembro de 2023.
A pausa durou sete dias e mais de 100 reféns
foram libertados – entre eles 39 israelenses
– pelo grupo terrorista em troca da liberta-
ção de 240 prisioneiros palestinos por Israel.
Originalmente ocupada pelo Egipto, Gaza
foi capturada por Israel durante a guerra de
1967 (Guerra dos Seis Dias), juntamente
com a Cisjordânia e Jerusalém Oriental. Is-
rael retirou as suas tropas e cerca de 7.000
colonos da área em 2005.
Gaza é o lar de cerca de 2,2 milhões de
pessoas. Pouco mais de 75% da popula-
ção do território, cerca de 1,7 milhões de
pessoas, são refugiadas, segundo a ONU.
Mais de 500 mil deles vivem em oito acam-
pamentos lotados, localizados na Faixa de
Gaza. Israel controla o espaço aéreo sobre
Gaza e a sua costa, e restringe rigorosamen-
te o movimento de pessoas e mercadorias
através das suas passagens fronteiriças.
Da mesma forma, o Egipto controla quem
entra e sai através da sua fronteira com Gaza.
Após o ataque do Hamas, Israel anunciou
um "cerco" a Gaza, cortando o fornecimen-
to de electricidade, combustível, alimentos,
bens e água ao território.
Segundo o governo israelense, o cerco
OPINIÃO 11
não terminará até que os mais de 200 reféns
sejam libertados. As famílias, os hospitais e
as empresas em Gaza dependem de gera-
dores – se tiverem acesso ao combustível
para fazê-los funcionar. A fronteira entre
Israel e Gaza permanece fechada. A passa-
gem de Rafah, que é controlada pelo Egipto,
tem sido alvo de ataques aéreos israelenses.
Cisjordânia e Gaza, conhecidas como "ter-
ritórios palestinos", bem como Jerusalém
Oriental e Israel, fizeram parte de uma terra
conhecida como Palestina desde a época ro-
mana até meados do século 20.
Estas também eram as terras dos reinos
judaicos na Bíblia e são vistas por muitos ju-
deus como sua antiga pátria.
Israel foi declarado Estado em 1948, em-
bora a terra ainda seja referida como Pa-
lestina por aqueles que não reconhecem o
direito de existência de Israel. O Hamas foi
fundado em 1987, durante o início da pri-
meira Intifada palestina, um levante contra
a ocupação israelense da Cisjordânia e da
Faixa de Gaza.
Ramificação do braço palestino da Ir-
mandade Muçulmana, maior e mais antiga
organização islâmica do Egipto, o Hamas
tinha, inicialmente, o duplo propósito de
implementar uma luta armada contra Israel,
liderada por sua ala militar, as Brigadas Izze-
dine al-Qassam, e de oferecer programas de
bem-estar social aos palestinos.
Os palestinos também usam o nome Pa-
lestina como um termo genérico para Cisjor-
dânia, Gaza e Jerusalém Oriental.
O mundo desta vez tinha que procurar
entender outra parte da moeda e influen-
ciar a condução da negociação de modo a
acabar com esta guerra secular entre estes
dois estados que o mundo vem assistindo
desde os anos quarenta. Se a Palestina cria
uma abertura para negociação, deveria ser
vista como um estado que está à procura da
paz.
As Nações Unidas, junto do Conselho de
Segurança, devem maximizar os ganhos,
forçando a paz nesta região, tendo em conta
a situação actual.
Fora de continuar a observar o con-
flito aniquilando dezenas e dezenas de
palestinos.
 12 PLANO DE FUNDO DOSSIERS & FACTOS 18 de Março de 2024 SEGUNDA-FEIRA

COM MORTES E DESTRUIÇÕES

Filipo castiga moçambicanos no Sul

e Centro
- Inhambane paga factura mais alta

M
ilhares de famílias da cidade Foto:
e província de Maputo, Gaza
e Inhambane, na zona Sul do
País, e de Sofala e Zambézia, na
região Centro, lutam para se reerguerem
dos estragos causados pela tempestade
tropical Filipo, que, entre terça e quinta-
-feira da semana passada, causou luto e
deixou um rastro de destruição. Durante a
sua passagem, a intempérie, caracterizada
por rajadas de vento entre 90 a 130 quiló-
metros por hora, acompanhadas de chu-
vas fortes, causou mortes e destruiu várias
infra-estruturas sociais e económicas.

D&F Texto: Anastácio Chirrute e

Milton Zunguze

Devido à sua localização geográfica, Mo-

çambique tem vindo, nos últimos anos, a ser
testado pelo impacto negativo das mudanças
climáticas, sendo ciclicamente castigado por ci-
clones e tempestades, com danos humanos e de
infra-estruturas, o que retarda ainda mais o seu
desenvolvimento.
Depois do IDAI, Kenneth e Guambe, desta
vez, o País foi arrasado pela tempestade tropical
Filipo, da qual resultaram milhares de afectados
Foto: Domingo
Estâncias turísticas sofreram em Vilankulo
nas três províncias da zona Sul, nomeadamente
Maputo, Gaza e Inhambane, e duas do Centro, So-
fala e Zambézia, que viram suas habitações e bens
destruídos ou arrastados pelas águas da chuva
que causaram inundações e engoliram campos
agrícolas e vias de acesso.
Dados preliminares, partilhados até ao fe-
cho desta edição, indicavam que a tempestade
tropical severa, Filipo, causou pelo menos dois
óbitos, dezenas de feridos e afectou mais de 50
mil pessoas.
A intempérie, segundo o Instituto Nacional
de Gestão de Riscos e Desastres (INGD), causou
a destruição de mais de 13 mil casas, centenas
de escolas e salas de aula, bem como 48 unida-
des sanitárias.

Inhambane, a mais castigada pela

tempestade

Entretanto, o INGD aponta que a província

de Inhambane foi a mais fustigada pela tem-
pestade Filipo, tendo sido mais afectados os
distritos costeiros, com destaque para Vilanku-
lo, Morrumbene, Govuro e Inhassoro.
Naquela parcela do País, a intempérie cau-
sou a morte de pelo menos uma pessoa e dei-
xou 10 feridos, entre graves e ligeiros, para
além de ter destruído inúmeras infra-estruturas
públicas e privadas, incluindo escolas e unida-
des sanitárias.

Em Inhambane, a tempestade destruiu

igualmente milhares de casas, deixando
cerca de milhares de famílias ao relento, si-
tuação que neste momento constitui maior
preocupação do INGD.

"Os tectos das construções precárias foram

Casas ficaram alagadas destruídos, mas também há algumas escolas
 SEGUNDA-FEIRA 18 de Março de 2024
cujo tecto desabou, estamos a tomar como base
os dados das equipes que estiveram no terreno
a colher informações e os fornecidos pelos go-
vernos distritais. Neste momento, estamos a re-
forçar o nível de assistência às vítimas, já temos
muitos parceiros que manifestaram vontade de
canalizar o seu apoio", disse Gilberto Miguel, de-
legado do INGD na província de Inhambane.
Aquele responsável garantiu que foram cria-
dos locais para o acolhimento temporário de to-
das as famílias que não têm onde dormir, porque
as suas casas foram destruídas pela tempestade,
apontando como exemplo escolas e igrejas.
"No nosso plano de contingência, estão es-
pecificados os locais que devem servir de abrigo
para as famílias afectadas por qualquer intempé-
rie, e é por isso que estamos a evacuar as vítimas
para esses locais", explicou a fonte.
Na sequência deste mesmo fenómeno, várias
famílias foram privadas da corrente eléctrica nas
cidades e vilas da Maxixe, Morrumbene, Massin-
ga e Vilankulo devido a um curto circuito num
dos postes de alta tensão e queda de alguns pos-
tes de média tensão.
"Em termos de distritos afectados, podemos
indicar, até então, Morrumbene e Vilankulo, sen-
do que Inhassoro, Maxixe e Inhambane recebe-
ram apenas maior precipitação de chuva. Em
termos de danos, não são maiores em relação a
esses dois distritos", avançou Miguel.
Mabote e Funhalouro incomunicáveis
com o resto dos distritos
Circular de Massinga a Funhalouro, e Mapi-
nhane a Mabote transformou-se num verda-
Foto:
Queda de postes comprometeu fornecimento de energia
DOSSIERS & FACTOS
Foto: Evidências)
Milhares estão desalojados
deiro pesadelo. As duas vias foram engolidas
pelas águas das chuvas, dificultando a livre cir-
culação de viaturas, principalmente as de baixa
suspensão.
A continuar assim, poderá sofrer consequên-
cias no transporte, com os preços a serem agra-
PLANO DE FUNDO 13
vados, tal como aconteceu nos anos anteriores a
quando da ocorrência do ciclone Kenneth, que
também deixou rasto de destruição.
"Agora, nos distritos do interior, como, por
exemplo, Mabote e Funhalouro, o único proble-
ma é a transitabilidade. As vias estão condiciona-
das, a única alternativa para
quem quer chegar a Mabote
é a via Mangungumete".
A travessia Maxixe –
Inhambane também esteve
condicionada por quase dois
dias, prejudicando os alunos
e funcionários públicos que
foram obrigados a faltar às
aulas e ao trabalho.
Filipo condicionou igual-
mente o acesso à corrente
eléctrica, sendo que, no dis-
trito da Maxixe, os bairros
Chambone 1, 2, 3, 4, 5 e 6,
Rumbana e Eduardo Mondla-
ne registaram um apagão.
Para além da falta de
energia eléctrica, a maioria
dos bairros da Maxixe fica-
ram também mais de dois
dias sem água potável, uma
situação que obrigou várias
famílias a recorrerem a fon-
tes alternativas.
Segundo uma fonte das
Águas da Região (AdR) na ci-
dade da Maxixe, o problema
deveu-se à oscilação da cor-
rente eléctrica.
"A linha que transporta
a energia teve um curto cir-
cuito e o que nos foi reco-
mendado é que sempre que
haver oscilação da corrente
temos que desligar as elec-
trobombas para evitar danos
nos equipamentos", explicou
a fonte.
 14 INSS
PRÉMIO JORNALISMO EM SEGURANÇA SOCIAL OBRIGATÓRIA
INSS divulga critérios da quarta edição
O
Instituto Nacional de Segurança
Social (INSS), em parceria com a
Organização Internacional de Tra-
balhadores (OIT) e o Sindicato Na-
cional de Jornalistas (SNJ), realizaram nesta
quinta-feira, 14 de Março, o seminário de
divulgação dos critérios e requisitos do Pré-
mio Nacional de Jornalismo em Segurança
Social Obrigatória (PNJSSO). Com esta ini-
ciativa, o INSS visa reconhecer e encorajar
os órgãos de informação, particularmente
os jornalistas, a se interessarem pelas ma-
térias sobre a segurança social obrigatória,
fazendo o papel informativo, educativo e
mobilizador, disse a delegada do INSS na
cidade de Maputo, Hortência Banze.
D&F Texto: Dossier Económico
A responsável pela delegação da cidade de Mapu-
to começou o seu discurso lembrando que o PNSSO
foi institucionalizado em 2021 com vista a premiar
jornalistas que abordam matérias de segurança so-
cial obrigatória no País, sendo o prémio uma forma
de incentivar os profissionais da comunicação social
a divulgarem assuntos desta natureza.
De seguida, cingiu-se ao escopo do seminário, ten-
do referido que o mesmo tinha como principal ob-
jectivo “falar sobre os termos de referência da quarta
edição do PNJSSO”, que, como tem sido hábito, vai
premiar três categorias, nomeadamente imprensa
escrita, televisão e rádio.
A dirigente pediu a colaboração da classe jorna-
lística no sentido de manter o seu importante papel
INSS incentiva jornalistas a produzirem matérias sobre segurança social obrigatória
DOSSIERS & FACTOS
como “elo” entre a instituição e os usuários do siste-
ma de segurança social. “Somos todos convidados a
expor o nosso conhecimento, as dúvidas, entre ou-
tros aspectos que conduzem a uma maior actuação
do nosso sector”, apelou.
Prémio sem limitações
Por sua vez, o director de Informação e Comunica-
ção do Gabinete de Informação (GABINFO), Mendes
Mutenda, disse não haver obstáculos que possam
limitar os trabalhos dos jornalistas. “Esse prémio é
vosso, não há limitações”, assegurou, convidando a
classe a abordar até os aspectos menos positivos, no
sentido de ajudar a instituição, no caso o INSS, a me-
lhorar a sua actuação, para além de permitir que a
sociedade tenha cada vez mais informação útil para
o processo de segurança social obrigatória.
“Geralmente, os colegas jornalistas [entendem
que] é só falar bonito e se ganha o prémio. Acredi-
tamos que não. Mas, sim, [são também importantes]
aquelas matérias que podem, de certa forma, ajudar
o INSS a melhorar o seu trabalho no dia-a-dia”.
Concorrentes devem ter situação contributiva
regularizada
Para a quarta edição do PNJSSO, serão elegíveis
todos os trabalhos dos jornalistas nacionais dos sec-
tores público, privado, cooperativo, das rádios e te-
levisões comunitárias, bem como freelancers, sobre
matérias de segurança social obrigatória publicadas
no período de 02 de Janeiro a 19 de Junho do ano
corrente.
“Os participantes podem se inscrever por iniciativa
própria ou através do órgão de informação a que per-
tencem”, lê se no regulamento, que também impõe
que os participantes tenham sua situação contributi-
va regularizada no sistema de segurança social.
“Quanto aos concorrentes que pertencem aos ór-
18 de Março de 2024 SEGUNDA-FEIRA
gãos de informação que não descontam para o siste-
ma gerido pelo INSS, devem apresentar declarações
emitidas pelas respectivas entidades empregadoras,
devendo juntar o documento de nomeação”, esclare-
ce o documento.
Feitos os trabalhos, que podem ser individuais ou
em grupo, poderão ser submetidos de 26 de Junho
a 26 de Julho. Para a imprensa escrita, deverá ser en-
viado um exemplar do jornal ou revista, com duas có-
pias no formato PDF (Num CD ou Flash). Para a rádio
e televisão, deverão ser entregues três cópias do tra-
balho no formato MP3 e MP4 HD, respectivamente.
Conhecimento sobre o sistema tem maior peso
O corpo de jurados será composto por oito mem-
bros, dos quais quatro em representação do INSS, três
do SNJ e um da OIT. Os mesmos devem considerar
os seguintes critérios: originalidade e relevância do
tema, com peso de 20%; observância dos princípios
deontológicos da profissão, com a mesma percenta-
gem; conhecimento sobre o Sistema de Segurança
Social, com 35%; e estrutura e objectividade no trata-
mento do assunto, com 25%.
Crónicas, artigos de opinião e comentários não
são aceites no concurso.
Os primeiros classificados nas três categorias irão
encaixar 150 mil meticais, um laptop e diploma de
honra. Os segundos classificados irão encaixar 100
mil meticais, um laptop e diploma de honra. E, por
fim, os terceiros receberão 50 mil meticais, tablet e
diploma de honra.
A inscrição é feita através da plataforma online do
INSS. A nível da cidade de Maputo, os trabalhos de-
vem ser submetidos na sede do INSS. Já nas restantes
províncias, a entrega deverá ser feita nas Delegações
Provinciais e Distritais do INSS ou nos Secretariados
Provinciais do SNJ.
SEGUNDA-FEIRA 18 de Março de 2024 DOSSIERS & FACTOS ANÚNCIO PUBLICITÁRIO 15
16 NACIONAL
COMUNICANDO NA DEMOCRACIA
Quisemos saber como é que os
internautas classificam a última
conferência de imprensa de Manuel
Bissopo, na qual diaparou contra Venâncio
Mondlane e Ossufo Momade. Eis parte das
respostas:
J Jose da Paz
Não me surpreendem, até porque logo que foi "afasta-
do" da RENAMO após a eleição de OM, sempre mostrou
descontentamento. Quanto às críticas a VM, acho que
têm um mérito parcial.
Foto: DW
DOSSIERS & FACTOS 18 de Março de 2024 SEGUNDA-FEIRA
j Jermínio de Melo
Sem impacto significativo para reverter o actual cenário.
Como são os "únicos que têm perfil" (os mais antigos), no
lugar de convocar conferência de imprensa para agudizar
o conflito, deveriam convocar uma reunião extraordinária
para esclarecer o litígio, penalizar aos infractores e, acima de
tudo, encontrar solução pacífica e urgente.
J Jojaco Mulumar
Instrumentalizados
J Helio Felix Spencer Spencer
Justa
F Fernando Boco
Infantilidade política é que todos que falam sobre a actual si-
tuação na Renamo Moçambique não têm compromisso com
a vitória. Principalmente quem ataca ao VM, a bem da RE-
NAMO se malta Yassine estão comprometidos com vitória ou
mudar o actual paradigma, melhor indicar o Venâncio Mon-
dlane
F Francelino Orlando Ringe
Esse tem cheiro de arrogância, é assim como ele vai
tratar o povo no dia em que chegar ao trono.
 SEGUNDA-FEIRA 18 de Março de 2024
MAIS UM CONFLITO INTER-RELIGIOSO DIVIDE CRENTES
IPHC denuncia uso ilegal do nome da
congregação e tentativa de desacreditação
A
International Pentecost Holiness
Church denunciou esta semana,
um movimento de dimensiona-
rias, a quem acusa de estar a le-
var a cabo acções com vista a desacreditar
as actuais lideranças. A denúncia foi feita
durante uma conferência de imprensa rea-
lizada na cidade de Maputo e que contou
com a presença do recém-consagrado líder
espiritual daquela congregação com ori-
gens na vizinha África do Sul, MG Sandlana
(TAU).
D&F Texto: Dossiers & Factos
“Constata-se a circulação, nos órgãos de comunica-
ção social (Youtube, Facebook, Instagram e Whatsapp),
de informações tendenciosas e distorcidas, que con-
correm para confundir a legítima liderança da IPHC”,
denunciou o porta–voz da organização, esclarecendo
que este movimento é liderado por membros da fa-
mília do fundador da mesma, por entenderem que a
congregação é propriedade familiar, mas “é de Deus”.
De acordo com o porta-voz daquela igreja, com a
morte do fundador da congregação, Sua Graça o Con-
solador FS Modise, em 1998, ascendeu ao trono Sua
Graça MG Modise, tendo liderado a igreja até 09 de Fe-
vereiro de 2016, data em que perdeu a vida.
Prosseguindo, esclareceu que “a IPHC, enquanto
Reino de Deus, dirigido pelo visionário líder do Leão
da tribo de Judá, não é propriedade duma família ou
clã, mas sim pertença de Deus, por isso, pode ser líder
qualquer homem ungido por Deus”.
Ambiente é de cortar à faca na igreja
DOSSIERS & FACTOS
Assunto ainda promete dar que falar na congregação
No contexto, esclareceu que a contestação e bus-
ca forçada pela liderança não tem razão de ser, pois,
quando o Consolador MG Modise partiu do mundo
dos vivos, passou a liderança para Sua Graça Sucessor
MG Sandlana, denominado TAU – O Leão da Tribo de
Judá.
Na sequência, segundo o responsável, “emergiram
tendências oportunistas que insinuavam em todas
as organizações que não se importavam com o bem-
SOCIEDADE 17
-estar dos filhos de Deus, infiltraram-se nas estruturas
da IPHC, distraíram e opuseram-se à ascensão de Sua
Graça o Sucessor MG Sandlana, que é legítimo Suces-
sor e líder ungido da IPHC”.
A fonte explica que, com a ascensão de MG San-
dlana, emergiram dois movimentos contestatários,
nomeadamente Triple Power, liderado pelo TS Modise,
no caso o primeiro parente do líder fundador, que se
auto-proclamou sucessor em 2016, tendo sido refuta-
do pelos congregantes e impedido de entrar na igreja,
pelo que optou por se transferir para Springs, na África
do Sul, e mais tarde para Zona Verde, na província de
Maputo, e a Bring God Back (BGM), uma célula protes-
tante formada por Leonardo Modise, outro parente do
falecido líder fundador, mais conhecido por Jacob, e
um efectivo abaixo de 10 por cento dos congregantes,
“camuflados que se dedicavam a desmandos dentro
dos templos de Deus”.
A fonte refere que foi “nesse desiderato que, no dia
27 de Outubro de 2018, Leonardo Modise ousou as-
saltar e ocupar a sagrada cadeira que estava reservada
para o sucessor MG Sandlana, a qual teria lugar no dia
03 de Novembro do mesmo ano, noutra sede da IPHC,
Silo – Zuberkom, na cidade de Westonaria”.
Entretanto, acrescenta a fonte, contra as expecta-
tivas dos contestatários, MG Sandlana ascendeu ao
trono da IPHC em Jerusalém J.City, o que levou o mo-
vimento anti-secessão a intentar uma acção judicial
no Tribunal Supremo de Gauteng, mas desistiu da luta
pelo trono.
“Por força da outra sentença do Tribunal Supremo
de Gauteng, corroborada com a vontade de Deus, o
Grande Leão da Tribo de Judá, MG Sandlana ficou pro-
clamado líder e por conseguinte titular de todo patri-
mónio em nome da IPHC”, clarificou o porta-voz.
Finalizando, o responsável reafirma, em nome da
congregação, que “a IPHC é pertença de Deus e exclu-
sivamente liderada por Sua Graça o Sucessor MG San-
dlana, pelo que exorta-se toda comunidade da IPHC a
não se deixar manipular por subversões de indivíduo
ou grupo de indivíduos que se intitulam donos da
IPHC”.
 18 SOCIEDADE
“Filipo” obriga edis a calçarem botas
A
tempestade tropical “Filipo”, que
assolou as províncias da região Sul
e algumas do Centro do País, dei-
xou rastros de destruição por onde
passou. Boa parte dos municípios da provín-
cia de Maputo, nomeadamente da cidade
de Matola, Vila de Matola-rio, de Boane e de
Marracuene foram afectados pelo fenóme-
no, e agora lidam com o velho problema das
inundações.
D&F Texto: Dossiers & Factos
“Filipo”, que se fez sentir em alguns pontos das
províncias da região Sul e Centro, não poupou os
municípios da província de Maputo, obrigando a
que os respectivos edis calçassem botas e se fizes-
sem ao terreno. O edil da autarquia da Matola, Júlio
Parruque, mobilizou várias equipes em resposta ao
fenómeno, que assolou diversos bairros.
Entre as actividades levadas a cabo, as quais Par-
ruque teve oportunidade de monitorar, o destaque
vai para a limpeza das valas de drenagem, com vista
a facilitar a evacuação rápida das águas fluviais.
O presidente do Município interagiu igualmente
com as famílias vítimas das intensas chuvas que as-
solaram a cidade. Confortou-as, pediu paciência e
prometeu trabalhar em estreita colaboração com os
"matolenses".
Na vizinha Matola-rio, uma equipe multissectorial
liderada pela Vereação da Mulher, Criança e Acção
Social e por técnicos da Vereação de Urbanização e
Infraestruturas fez-se ao terreno para fazer o levan-
Foto: SPAS _RCI
DOSSIERS & FACTOS
Foto: SPAS _RCI
tamento dos estragos causados pela Tempes-
tade Tropical, tendo interagido com as famílias
afectadas no bairro de Chinonanquila, concre-
tamente nos quarteirões 1 e 7.
Por sua vez, a presidente do Conselho Mu-
nicipal da Vila de Boane, Geraldina Bonifácio,
optou por efectuar visitas aos bairros 25 de Se-
tembro e Fiche, tendo em vista inteirar-se dos
18 de Março de 2024 SEGUNDA-FEIRA
impactos do fenómeno.
No terreno, e de acordo com a página oficial da
edilidade no Facebook, a dirigente avaliou e avan-
çou soluções imediatas de modo a minimizar o
impacto dos estragos causados pelas chuvas que
caíram nos dias 12 e 13 de Março corrente, caracte-
rizadas por chuvas e ventos fortes.
A nova autarquia da vila de Marracuene não fi-
cou de fora. Aqui, Filipo deixou salas de aula sem
tecto, particularmente na região da Macaneta.
A vereadora da Educação, Juventude, Cultura e
Desporto, Leonor Nhangale, deslocou-se ao local,
tendo constatado a existência de uma casa parcial-
mente destruída. Na ocasião, Nhangale aconselhou
a população a ficar atenta aos serviços meteoroló-
gicos para evitar desgraças.
Secretária de Estado faz monitoria em
Magude
Entretanto, também áreas não municipais so-
freram com a fúria da tempestade, sendo disso
exemplo o distrito de Magude, para onde se-
guiu, no dia 14, secretária de Estado da Província
de Maputo, Judith Emília Leite Mussácula Faria,
com intuito de avaliar os impactos da passagem
do fenómeno.
À sua chegada à Magude, Judith Mussácula
participou da reunião do Centro Operativo de
Emergência distrital, alargado ao Órgão Central
do Instituto Nacional de Gestão e Redução do
Risco de Desastres (INGD), ocasião na qual foi
apresentado o relatório de danos.
De seguida, a secretária visitou o Reservatório
Escavado de Inhongane, com capacidade de en-
caixar 25.000m³ das águas das chuvas. No local,
a governante ficou a saber que a população con-
seguiu colher 80% do que tinha na machamba e
prometeu que o Governo continuará a munir a
população de informações relevantes sobre os
fenómenos naturais.
"Precisamos de criar informações ou spots pu-
blicitários e fazer a divulgação”, defendeu.
 SEGUNDA-FEIRA 18 de Março de 2024
FRUTO DE ACORDO COM O MISAU
Corpo da Paz passa a incentivar vida
saudável nas escolas
V
oluntários do Corpo da Paz, uma
agência federal independente
dos Estados Unidos, passam a
incentivar práticas de vida sau-
dável, através de educação sanitária regu-
lar, jornadas de limpeza, não consumo de
álcool e tabaco nas escolas secundárias e
pré-universitárias de Moçambique.
D&F Texto: Maximiano da Luz
O Corpo da Paz passa também a alargar o pacote
básico de saúde escolar nas escolas de nível secundá-
rio e pré-universitário, incluindo a realização de exa-
mes médicos periódicos nas escolas.
Para o efeito, a directora de Planificação e Coope-
ração do Ministério da Saúde, Sãozinha Agostinho,
e a directora do Corpo da Paz em Moçambique, Liza
Heintz, assinaram o memorando de entendimen-
to, um acto que teve lugar na quinta-feira (14), em
Maputo.
Testemunharam a assinatura do documento o mi-
nistro da Saúde, Armindo Tiago, e o embaixador dos
EUA em Moçambique, Peter Vrooman.
O memorando também vai fortalecer os mecanis-
mos de coordenação para apoiar as escolas na pro-
moção de estilos de vida saudáveis, cantos de acon-
selhamento e criar ambientes livres de estímulos
prejudiciais à saúde dos alunos.
Falando minutos depois de rubricado o documen-
Foto: observador.pt
Autoridades moçambicanas e norte-americanas após assinatura do acordo
DOSSIERS & FACTOS
to, Tiago assegurou que, com o memorando, os téc-
nicos de saúde, juntos com os voluntários do Corpo
da Paz, vão intensificar debates e acções concretas
referentes à Saúde Sexual e Reprodutiva do Adoles-
cente e Jovem (SSRAJ), com foco no aconselhamento
e contracepção.
Além de realizar acções de educação sanitária para
a prevenção do aborto inseguro, e de integrar o ado-
lescente e jovem que vive com HIV nos serviços de
atendimento ao adolescente e jovem, o instrumento,
segundo Tiago, vai também aumentar os pontos de
prestação de serviços de SSRAJ, integrados e de qua-
lidade, nomeadamente planeamento familiar, acon-
selhamento e testagem de HIV e outras doenças de
transmissão sexual.
"Queremos enaltecer o papel do Ministério da Edu-
cação e Desenvolvimento Humano neste processo, na
colaboração para promover a saúde nas escolas, ga-
rantindo-se que nossos alunos cresçam não só com a
literacia das artes e letras, mas também com a literacia
sanitária", disse o governante moçambicano.
Tiago acredita que a colocação dos voluntários do
Corpo da Paz nas escolas secundárias, em coordena-
ção com o ponto focal de saúde escolar das escolas
seleccionadas pelos Ministérios da Saúde (MISAU) e
da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH)
mostra, "por um lado, o alinhamento que esta iniciati-
va tem com o programa de saúde escolar e do adoles-
cente e jovem do Ministério da Saúde e, por outro, que
a saúde não é um assunto exclusivamente do nosso
sector, mas sim multissectorial".
Por seu turno, Vrooman afirmou que, a partir do
memorando de entendimento, o Corpo da Paz vai
SOCIEDADE 19
continuar a disponibilizar, anualmente, com início
em Agosto próximo, e de acordo com as necessida-
des expressas pelo Ministério da Saúde, voluntários
para trabalharem junto às suas contrapartes locais na
implementação da Estratégia de Saúde Escolar e do
Adolescente e Jovem.
As acções dos Voluntários, de acordo com o embai-
xador, vão contribuir para a melhoria da saúde e bem-
-estar dos adolescentes e jovens.
Até ao momento, mais de 1.700 Voluntários do Cor-
po da Paz serviram em Moçambique.
Regresso após quatro anos
A eclosão da COVID-19, em Dezembro de 2019, na
cidade chinesa de Wuhan, que infectou quase todos
os países do mundo, forçou a evacuação global dos
voluntários para os Estados Unidos e a suspensão do
seu trabalho durante quatro anos, período durante o
qual o mundo foi devastado pela pandemia.
"Hoje estamos juntos para marcar o recomeço des-
ta parceria em que trabalharemos na resposta ao HIV
e SIDA em Moçambique", disse Vrooman.
Desde 2004, o Corpo da Paz disponibiliza voluntá-
rios americanos para trabalharem lado a lado com o
governo moçambicano nas diversas comunidades do
país, sobretudo na promoção da saúde e prevenção
de doenças, com destaque para o HIV e SIDA e malária.
Testemunharam também a assinatura do memo-
rando representantes dos Ministérios moçambicanos
dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, MINEDH e
da Secretaria de Estado da Juventude e Emprego, e do
MINEDH.
 20 SOCIEDADE
ATAXCIMA E YANGO ASSINAM MEMORANDO
Acordo visa acelerar digitalização do
sector da mobilidade em Maputo
A
Associação de Taxistas da Cidade
de Maputo (ATAXCIMA) e a Yango,
empresa internacional de tecnolo-
gia e um dos principais serviços de
mobilidade urbana por aplicativo em África,
que conecta os prestadores de serviços de
transporte com os passageiros, assinaram
recentemente, na capital moçambicana, um
Memorando de Entendimento com vista ao
desenvolvimento do sector. Tecnologia, for-
mação e educação para a segurança são os
principais eixos da cooperação instituída
entre a ATAXCIMA e a Yango.
D&F Texto: Dossiers & Factos
A criação de sinergias entre a ATAXCIMA e a Yango,
formalizada no Memorando de Entendimento entre
as duas entidades, é um passo importante para o de-
senvolvimento da mobilidade na cidade de Maputo. O
documento inclui uma série de compromissos de am-
bas partes com vista ao reforço dos serviços digitais no
sector, à capacitação de motoristas e à educação dos
passageiros e motoristas em matéria de segurança.
No âmbito do Memorando de Entendimento, a Yan-
go, empresa de tecnologia com experiência no sector
de mobilidade em mais de 20 países, apoiará a ATAX-
CIMA a criar um código de conduta para a indústria de
táxi, instrumento este que a multinacional em Moçam-
bique incluirá na formação dos parceiros. A colabora-
Momento em que Zameer Adam e Bernardo Venâncio Machangane selavam o acordo
DOSSIERS & FACTOS
Por seu lado, com este Memo-
rando de Entendimento, a ATA-
XCIMA compromete-se a colaborar
com a Yango em campanhas de cons-
ciencialização sobre os serviços di-
gitais de transporte privado, focan-
do-se nos seus benefícios e valor
acrescentado.
ção com a associação também será na concepção de
projectos importantes para melhorar o sector dos táxis.
A Yango acordou ainda incentivar as empresas de
transporte parceiras a afiliarem-se à ATAXCIMA e a de-
senvolver campanhas de sensibilização relacionadas
com a segurança no trânsito e no transporte.
Por seu lado, com este Memorando de Entendi-
mento, a ATAXCIMA compromete-se a colaborar com
a Yango em campanhas de consciencialização sobre os
serviços digitais de transporte privado, focando-se nos
18 de Março de 2024 SEGUNDA-FEIRA
seus benefícios e valor acrescentado.
No âmbito da sua missão, a ATAXCIMA continuará a
trabalhar para garantir condições de transporte rodo-
viário de/para a cidade de Maputo aos seus associados
e parceiros, que representa junto das entidades gover-
namentais, e a melhorar as condições de transporte de
passageiros. Apoiará também os motoristas interessa-
dos em ingressar na actividade de táxi, para obter as
licenças e cartas de condução necessárias para os ser-
viços públicos.
No acto de assinatura do Memorando de Entendi-
mento, o presidente da ATAXCIMA, Bernardo Venâncio
Machangane, referiu que, “para a associação, é impor-
tante estabelecer alianças com todos os intervenientes
do sector de mobilidade na nossa capital, para que
possamos encarar juntos os desafios deste sector vital
para o crescimento social e económico da cidade e do
país”. Segundo o mesmo, “a experiência internacional
da Yango, como empresa de serviços digitais, pode
contribuir para o desenvolvimento acelerado dos nos-
sos associados e parceiros, com vista à tão necessária
modernização dos serviços”.
No mesmo tom, Zameer Adam, director da Yango
em Moçambique, saudou “o dinamismo da ATAXCI-
MA no desenvolvimento, não só do sector de mobi-
lidade, como das condições de trabalho e segurança
dos motoristas e passageiros”. “Desde que iniciámos
actividades em Moçambique, em Novembro de 2022,
alinhamo-nos com esses mesmos objectivos, que con-
sideramos prioritários e que são fundamentais para
que o sector da mobilidade cresça de forma correcta,
sem desvios, e com solidez”, acrescentou.
“Ao formalizar este memorando com a ATAXCIMA”,
continuou Adam, “a Yango demonstra, uma vez mais,
o compromisso com a cidade de Maputo, com os mo-
çambicanos e com todos os que, todos os dias, com es-
forço e dedicação, movem a nossa cidade capital, atrás
de um volante. Muitas das iniciativas em que vamos
participar, como o apoio à formação dos motoristas e
à criação de um código de conduta, ou ainda as cam-
panhas de sensibilização em matéria de segurança,
unem-nos a todos como sector, por um bem comum
que beneficiará tanto as empresas de táxi, como os
motoristas, passageiros e, claro, o país”.
 SEGUNDA-FEIRA 18 de Março de 2024
JOGOS DE CONTROLO EM DATAS-FIFA
António Fumo defende que sejam
obrigatórios
A
proveitando as datas-FIFA do mês
de Março, centenas de selecções
de futebol estão a realizar jogos
de controlo, já a pensar nos seus
próximos compromissos. Em Moçambique,
a situação é diferente. A Federação Mo-
çambicana de Futebol (FMF) decidiu que
não haveria jogos, pelo que o combinado
nacional só voltará aos relvados em Junho,
para disputar os jogos de qualificação ao
Mundial 2026 e o torneio Cosafa. Analistas
ouvidos pelo Dossiers & Factos consideram
“má” a “escolha” de Feizal Sidat, sendo que
António Fumo defende que a FIFA devia
tornar obrigatória a realização de jogos de
controlo nessas ocasiões.
D&F Texto: Milton Zunguze
Evocando problemas financeiros, a FMF decidiu abdicar
de aproveitar as datas-FIFA de Março, que são uma oportu-
nidade ímpar para preparar as selecções.
“Em Março, temos uma data-FIFA, mas nós não vamos
jogar. A menos que apareça um país que vai assumir todas
as despesas”, afirmou na altura Feizal Sidat, presidente da
FMF.
Pelos vistos, ninguém apareceu a estender a mão aos
Mambas. Assim, é certo que só voltam a pisar os relvados
nos dias 03 e 10 de Junho, para enfrentar Somália e Guiné-
-Conacri, respectivamente, no âmbito da campanha de
qualificação ao Mundial 2026.
“Não realizar jogos de controlo é mau”
Para o comentador desportivo António Fumo, esta situa-
Foto: Folha de Maputo
Por questões financeiras a selecção fica sem jogos de controlo
DOSSIERS & FACTOS
Fumo defende a necessidade da FIFA passar a tomar como obrigatória a realização desses jogos (Mais Futebol)
ção é má e não ajuda o combinado nacional a atingir os seus
objectivos.
“Esses jogos dariam tempo aos treinadores para meter
aqueles jogadores que não têm tido tempo nos jogos com-
petitivos, e, quando é assim, fica complicado para os treina-
dores, no dia do jogo, lançarem jogadores”, argumenta, antes
de acrescentar que os resultados também entram nas esta-
tísticas da FIFA.
Não havendo condições, o analista entende que algum
esforço devia ser feito para, no mínimo, conseguir um jogo
com algum país vizinho, até porque, lembra a fonte, “as se-
lecções dispõem de um tempo muito curto para preparação”.
“FIFA tinha que obrigar a realização dos jogos
preparatórios”
António Fumo vai mais longe e defende que o organismo
DESPORTO 21
reitor do futebol mundial devia tornar obrigatória a reali-
zação de jogos de controlo nas datas-FIFA, de modo a não
permitir que as federações se esquivem.
“Agora as federações não são obrigadas. Movimenta-
-se quem puder. Algumas podem, as mais sérias, e as ou-
tras não, alegando motivos óbvios, questões financeiras”.
Fumo afirma que a boa performance no CAN fez dos
Mambas uma equipa apetecível, que qualquer selecção
desejaria defrontar, e classifica de “lamentável” que a FMF
não esteja a aproveitar essa “luz”.
“Um presidente deve trazer soluções”
Por sua vez, o comentador Ilódio Bata diz não fazerem
sentido os motivos trazidos pelo presidente da FMF, até
porque, na sua óptica, “um presidente eleito para dirigir
uma agremiação é para trazer soluções”.
“Não basta ouvir o presidente Feizal dizer que
para uma selecção participar em jogos desta
natureza precisa, no mínimo, de 60 a 70 mil dó-
lares para assegurar toda logística. Essa justifica-
ção deve deixar de ter espaço no nosso futebol”,
salientou.
Bata afirmou ainda que a não realização dos
jogos preparatórios poderá afectar a pontuação
de Moçambique no ranking mundial, para além
de obviamente prejudicar o seleccionador nacio-
nal, Chiquinho Conde.
“As data-FIFA, em particular, têm essa possibi-
lidade de dar espaço para o seleccionador nacio-
nal escolher as melhores peças e poder avaliar o
desempenho, e criam espaço para a inclusão de
novos jogadores”, anotou.
Selecção tem duplo compromisso em Junho
Olhando para os dois compromissos que o
combinado nacional tem no mês de Junho, Bata
sublinha ser de todo interesse que, até lá, os atle-
tas tenham a oportunidade de competir.
.A selecção nacional, refira-se, está inserida no
grupo “G” de qualificação ao Mundial 2026, se-
gundo ditou o sorteio, com as suas congéneres
de Argélia, Guiné-Conacri, Somália, Botswana e
Uganda.
 22 GARGANTA FUNDA DOSSIERS & FACTOS 18 de Março de 2024 SEGUNDA-FEIRA

1
candidato comprometido, com perfil, programa

Metamorfoses políticas e manifesto e, sobretudo, um passado limpo.

Garganta concorda plenamente, se o candidato
da Frelimo tem mais chances de se tornar Pre-
sidente da República, então não nos resta nada
senão pedir que a Frelimo faça a melhor escolha
Os dois principais partidos políti- províncias, distritos e localidades, a máquina frelimista já para o povo, olhando para o momento que se
cos do país ainda não definiram os está a correr. Por outro lado, algumas vozes vão aparecen- está a viver (terrorismo, economia fragmenta-
seus candidatos.Na Renamo, a luta do a apimentar o debate público sobre a sucessão, sendo da). A Frelimo precisa neste momento de perce-
está forte entre o velho e o novo. Ve- que a mais inconformada é a do cientista social Severino ber que as coisas não estão nada bem, se existe
nâncio quer a cena e agora a briga Nguenha. Recentemente, Lourenço do Rosário defendeu fundo como sociedade já chegamos lá, e trazer
escalou os tribunais, Venâncio quer que a Frelimo não deve discutir se o futuro Presidente um operário que vem endireitar o que está tor-
mesmo empurrar o mais velho e não deve ser do Norte, Centro ou Sul, mas sim olhar para um to.
mede esforços, mas o certo é mesmo
que a RENAMO vai ter que avançar Foto: DW Foto: DW
para um congresso para se indicar o
seu candidato. Já no partido Frelimo
começam a aparecer alguns candida-
tos públicos, parece que a coisa mu-
dou um pouco de figura, já não é bem
você ter que esperar te quererem, há
pessoas a quererem sem serem que-
ridas, visto que alguns membros es-
tão a submeter candidaturas, alguns
eternos candidatos a candidato vão
mostrando que querem esse osso.
Contudo, a diferença aqui está nos
detalhes. Enquanto a Renamo está
inerte e prostrada com os seus mem-
bros sentados à margem do rio a ver
a água correr para ver onde vai de-
saguar, o seu rival já se movimenta e
as Brigadas centrais já trabalham nas

2
interior, o mesmo podemos dizer em relação

Fatalismo
a Chiure ou Ancuabe. Um ataque em Mazeze
não condiciona todo o distrito de Chiure, até
porque Mazeze é a descer para Mecufi. Tal-
vez fosse isso que quis dizer o Governador de
Garganta está preocupado com ga, distrito muito assolado pelos insurgentes. Pode ser Cabo Delgado, maior rigor no tratamento da
uma corrente que vai surgindo na um ataque em Metuge mas próximo de Quissanga, no informação e menos sensacionalismo.
nossa sociedade, que é o Fatalismo.
Que se resume em retratar tudo de Foto: DW
forma fatal e extremista. Vamos
aos exemplos. A uma semana cir-
culou nas redes sociais uma notícia
com o seguinte teor “vila olímpica
está arder”, mas era uma flat que
estava em chamas. Quem vê este
título fica com a percepção de que
toda a vila olímpica está a arder. O
mesmo aconteceu em relação ao
ciclone Filipo. Em Inhambane sur-
ge um título que dava conta de
150 empreendimentos destruídos
pelo ciclone. Se o vento tirou par-
te da cerca de uma estância que
no entanto continua a funcionar,
esta estância está destruída? Claro
que não. Não há aqui um exagero
na forma de retratar a realidade?
Aqui também entra a questão do
terrorismo, como ele é escrito e
abordado. Um ataque em Metuge
não é necessariamente um ataque
a 30 kms de Pemba. Metuge, para
além de estar nas barbas de Pemba,
também faz fronteira com Quissan-
SEGUNDA-FEIRA 18 de Março de 2024 DOSSIERS & FACTOS ANÚNCIO PUBLICITÁRIO 23

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NA ÁFRICA ORIENTAL
Fome severa atinge perto
de 50 milhões de pessoas
M
ais de 48,2 milhões de
pessoas sofrem de fome
severa na África Orien-
tal, onde as necessida-
des humanitárias se agravaram no
último ano devido a fenómenos cli-
máticos, conflitos, surtos de doenças
ou crises económicas. A informação
foi avançada pela ONU.
D&F Texto: Dossiers e Factos
Foto: RFI
"Em Fevereiro de 2024, mais de 48,2
milhões de pessoas, sobretudo na Etió-
pia, Quénia, Somália, Sudão do Sul e Su-
dão, sofriam de fome severa", fez saber o
Escritório das Nações Unidas para Assun-
tos Humanitários (OCHA).
O fenómeno climático El Niño, uma
mudança na dinâmica atmosférica cau-
sada por um aumento da temperatura
do oceano Pacífico, levou a condições
mais húmidas que provocaram inunda-
PROBLEMAS DE INTERNET NA ÁFRICA OCIDENTAL
Situação poderá durar
semanas ou meses
Será enviado um navio de reparação para restaurar os cabos submarinos
ções na maior parte da região durante o
último trimestre de 2023.
Este facto, segundo o OCHA, agravou
ainda mais a situação nas zonas que não
tinham recuperado das consequências
da seca severa e prolongada de 2021 a
meados de 2023, a pior dos últimos 40
anos.
A organização sublinhou que a região
sofre também uma das maiores crises de
deslocação do mundo, com pelo menos
17 milhões de pessoas deslocadas inter-
namente e 5,1 milhões de refugiados ou
requerentes de asilo.
"O conflito é o principal factor de
deslocação, com mais de seis milhões de
pessoas desenraizadas das suas casas no
Sudão até Janeiro de 2024 e 4,6 milhões
de deslocados internos na Etiópia", afir-
ma o gabinete das Nações Unidas.
Além disso, esta crise conduziu a sur-
tos de doenças como a cólera, o sarampo
e a malária, num contexto de inseguran-
ça alimentar e desnutrição.
50Mt
Só em Fevereiro, foram notificados
mais de 80.000 casos de cólera e quase
Região sofre uma das maiores crises de deslocação do mundo
Q
uatro cabos oceânicos ao
largo da costa ocidental
de África foram cortados
na quinta-feira. A inter-
rupção dos serviços de Internet para
milhões de utilizadores em África po-
derá levar semanas ou mesmo meses
a ser reparada, na sequência de da-
nos nos cabos submarinos ao largo
da costa ocidental do continente.
D&F Texto: Dossiers e Factos
Foto: RFI
Oito países da África Ocidental sofre-
ram grandes problemas de conectividade
nos últimos dias, com utilizadores da Áfri-
ca do Sul também afectados, após danos
em quatro cabos submarinos. A causa do
corte dos cabos ainda não era conheci-
da, embora um deslocamento do fundo
Anúncio publicitário
34.000 casos de sarampo numa região
que cobre o Burundi, Etiópia, Quénia, So-
mália, Sudão, Sudão do Sul e Tanzânia.
De acordo com a Organização Mun-
dial de Saúde (OMS), a crise climática é
um factor de agravamento, uma vez que
muitos surtos de infecção diarreica se
seguem a desastres naturais como inun-
dações, ciclones e secas, devido à falta de
água potável. (RM)
do mar estivesse entre as possibilidades
prováveis.
“As reparações podem demorar sema-
nas a meses, dependendo da localização
dos danos, do que precisa de ser reparado
e das condições meteorológicas locais”,
disse um porta-voz da empresa de análise
da Internet Cloudflare.
“A atribuição de navios de reparação
depende de uma série de factores, incluin-
do a propriedade dos cabos afectados.”
O West Africa Cable System, o MainO-
ne, o South Atlantic 3 e os cabos marítimos
ACE, artérias para dados de telecomunica-
ções, foram todos afectados na quinta e
sexta-feira. Contudo, o MTN Group Ltd. um
dos maiores operadores de comunicações
sem fios em África, afirmou que o ACE e o
WACS iniciaram conjuntamente o proces-
so de reparação e que iriam enviar um na-
vio para reparar os cabos danificados.