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Maputo / 06 de Outubro de 2023 I Edicção Nº 665 I Ano XIV I Email: jornal.publico21@gmail.com I r823812091@gmail.com I Av. Vladimir Lanine, Nº 548, R/C, Flat 3

Nyusi Demonstra
Pujança
50 MT
Sai às Segundas

Pág:05

na Liderança
Se Existem Infiltrados, Aponte Nomes

Samito Gera
Desconforto
Apela Comissão Política
na FRELIMO
Usados Pelos Manifestantes da Renamo Dentro de Dias Pág: 14

Partidos
não Devem
Pág: 09

Explosivos Governo
Relança
Perigar Paz
Desafiam Maputo-Lisboa

Polícia
Págs: CENTRAIS

Pág: 10 & 11 Ponte 6 de Agosto

Infra-Estrutura que Simboliza Paz

website: www.publicomz.com
 2 Público
DESTAQUE
ANSELMO SENGO
Email: sengoans@yahoo.co.br
Entretanto, para uma melhor com-
preensão dos factos, a reportagem
do PÚBLICO transcreve, a seguir, a
entrevista de Samora Machel Júnior,
filho dos heróis nacionais, Samora
Moisés Machel, primeiro Presidente
de Moçambique pós-independência,
e Josina Machel, transmitida quinta-
feira pelo canal televisivo Stv, no se-
guimento da sua intervenção feita na
abertura da conferência internacional
subordinada ao tema “Samora Ma-
chel e África Austral: Desafios de Con-
vivência Pacifica e Desenvolvimento
Socioeconómico dos Povos da Região
de 1960 ao Séc. XXI”, organizada nos
dias 1, 2 e 3 de Novembro corrente
pela Universidade Pedagógica de
Maputo em parceria com a Fundação
Samora Machel.
Nessa mesma intervenção, Samora
Machel Júnior, reiterou a sua crítica à
actuação das Forças de Defesa e Segu-
rança (FDS), com particular enforque, a
Polícia da República de Moçambique
(PRM), alegadamente pelo uso da
força que teria causado a morte de ci-
dadãos indefesos no distrito de Chiúre
em Cabo Delgado, durante os protes-
tos da Renamo contra os resultados
eleitorais.
Na ocasião, Samora Machel Júnior
defendeu começou por defender a
urgência de ter que se repensar na
reinvenção do partido por alegada-
mente a“situação não estar boa”.
“Temos problemas sérios e estes
problemas sérios, são causados, na
minha opinião, por termos membros
do partido que entraram de maneiras
não bem criteriosas”, afirmou o primo-
génito do saudoso Presidente Samora
Machel.
Para ele, na entrada desses mem-
bros, não se seguiram à risca os pro-
cessos. “E esta situação já vem acon-
tecendo de algum tempo para cá”,
revelou, acrescentando que, por isso,
“não podemos culpar o Presidente
Nyusi por esta situação. Este é o culmi-
nar de vários processos mal iniciados,
na entrada de nossos membros e à as-
cendência desses mesmos membros
às posições que lhes colocam muito
próximos do Presidente e acabaram
levando o Presidente para caminhos
que nunca antes tivemos no partido”,
disse.
Entretanto, Samora Machel Júnior
observou que o Presidente Nyusi teve
uma situação complicada logo no
princípio do seu mandato em 2015.“O
caso das dívidas ocultas, como todos
sabemos, levou à suspensão do apoio
financeiro ao país, pelos parceiros de
cooperação internacional, incluindo
Banco Mundial e o FMI”, disse.
“Depois disso, tivemos intempéries
(cheias e ciclones), que fustigaram o
país todo e depois a Covid-19”,ajuntou.
Enquanto isso, denunciou Samora
Machel Júnior, “esses membros que
eu chamo de infiltrados, foram ascen-
dendo às posições de relevo dentro
do partido, como por exemplo, no CC
e na CP, e influenciaram muitos proces-
Segunda-feira 06 de Outubro de 2023
Contra a FRELIMO e sua liderança da República, Filipe Nyusi.
“No tempo actual, há-de perceber
“Camaradas”enviam mensagens
que o Presidente do partido FRELIMO
é jovem, relativamente aos anteriores
presidentes. E sendo jovem, apostou
e deu oportunidades a jovens para in-
de destruição e conspiração
tegrarem a sua máquina governativa,
incluindo na composição dos órgãos
decisórios do próprio partido”, contex-
tualizou.
S
- Considera o comentador de televisão e analista político, Gil Aníbal, em entrevista ao Jornal PÚBLICO De seguida, frisou que este princípio
-“Não se deve culpar o Presidente Nyusi”, Samora Machel Júnior, na Stv. de dar oportunidades a jovens dentro
do partido FRELIMO, provavelmente,
amora Machel Júnior, primogénito de heróis nacionais, Samora e Josina Machel, afirma que não agradou alguns membros senio-
não se deve culpar o Presidente da FRELIMO e da República, Filipe Nyusi, pelo momento
que o partido está a passar, que, para ele, não é “bom”. “Temos problemas sérios e estes
problemas sérios são causados, na minha opinião, por termos membros do partido que en-
traram de maneiras não bem criteriosas”, defende. Entretanto, os pronunciamentos e posi-
cionamentos públicos dos membros seniores da FRELIMO, feitos através de cartas e entrev-
istas em alguns órgãos de informação, como o Samora Machel Júnior, Teodato Hunguana,
entre outros, sobre a vida e gestão política do partido e a existência de alegados membros
“infiltrados”, que ascenderam de forma menos criteriosa aos órgãos decisórios, como Co- “O Presidente Nyusi teve
mité Central (CC) e Comissão Política (CP), e que têm estado a influenciar as decisões da
Presidência da República, são classificados como mensagens de destruição e conspiração uma situação compli-
contra o partido e sua liderança, pelo comentador de televisão e analista político Gil Aníbal. Para o entrevistado,
o maior pecado do Presidente Nyusi, nestes dois mandatos, é a integração e inclusão de jovens no seu Governo. cada logo no princípio
do seu mandato em
2015”, Samora Machel
Júnior.
res que não se encontram nesta faixa
etária que, se calhar, gostariam que
fizessem parte dos órgãos directivos
do partido.
“Então, não tendo conseguido lá
estar, naturalmente, esta visão de en-
quadramento e inclusão de jovens nos
órgãos directivos do partido FRELIMO
não agrada a este grupo de camara-
das”, considera Aníbal, explicando que
o surgimento de cartas, não somente
de Samora Machel Júnior, como tam-
bém, de outras figuras emblemáticas
da FRELIMO e dos anteriores gover-
nos, a exemplo deTeodato Hunguana,
Samora Machel Júnior, falando na UPMaputo seja provavelmente uma forma ou
arma de reivindicar espaço e poder
sos internos dentro do partido”. eleições e é preciso, como sociedade, dentro destes órgãos decisórios do
Relativamente à carta que critica olharmos para a situação, conversar- partido.
a actuação da PRM, o presidente da mos, falarmos e resolvermos, porque O curioso nisto, segundo Aníbal, é
Fundação Samora Machel esclarece não podemos passar uma situação que, esse grupo de “camaradas” que
que era dirigida aos seus “camaradas” destas, para uma situação nova”. escreve cartas e depois publicita nos
e colegas do partido, expressando aq- Para Samito, como é também con- ‘media’, não está a contribuir para a
uilo que era o seu sentimento. hecido, “enquanto não resolvermos coesão interna do partido.
“Devo dizer primeiro que não é a esta situação, vamos ter problemas. “Havendo falta de coesão interna
primeira vez que escrevo cartas. Tenho
“Esses membros que eu Esta é minha opinião”. no partido, fragiliza, naturalmente,
escrito cartas e essas cartas têm sido di- chamo de infiltrados, Salientou ainda que “a Polícia deve- os órgãos decisórios. Estou a falar do
rigidas ao Presidente do meu partido foram ascendendo às ria ter usado menos força e poderia ter Congresso, do CC, da CP e da própria
como forma de participar e dar o meu sido mais cautelosa”na sua actuação. direcção máxima da FRELIMO, esten-
contributo para o partido”, explicou. posições de relevo den- dendo-se até aos órgãos sociais como
Prosseguindo, esclareceu que, “de- tro do partido, como MENSAGEM DE DESTRUIÇÃO E a OJM, OMM e ACLLN”, afirmou.
cidi fazer esta carta e mandei para o CONSPIRAÇÃO Por isso,“estamos perante uma con-
grupo dos meus camaradas e colegas
por exemplo, no CC e fusão gerada dentro do partido FRE-
do meu círculo e, não sei se feliz ou na CP, e influenciaram - Classifica Gil Aníbal, comentador LIMO por causa deste tipo de posicio-
infelizmente, vazaram e tornaram-se muitos processos inter- televisivo e analista político namentos de pessoas que deveriam,
públicas”. internamente, ser muito mais úteis
Estas cartas, enfatizou, eram “para nos dentro do partido”, Entretanto, convidado pelo Jornal que fora, desenhando agendas que
expressar aquilo que eu sinto por Samora Machel Júnior. PÚBLICO a comentar os pronuncia- não saíssem à hasta pública”, deplorou.
causa do processo eleitoral” de 11 de mentos de Samora Machel Júnior, o “Eu condeno este tipo de posicio-
Outubro, que deu vitória à FRELIMO, comentador televisivo e analista políti- namentos, porque, também, há que
seu partido, em 64 das 65 autarquias co, Gil Aníbal, começou por dizer que perceber que o nosso partido FRELIMO
existentes no país. as mesmas enquadram-se no contex- tem normas e regulamentos internos
Sobre o processo eleitoral, o mem- to actual, caracterizado pela existência que determinam que os membros
bro do CC da FRELIMO, considera que de alas dentro do partido e, também, devem obedecer as linhas de orienta-
“algo não correu bem nestas nossas pela guerra de sucessão do Presidente ção da direcção do partido. Ou seja,

os membros são proibidos de, em
hasta pública, lavar roupa suja”, vincou o
entrevistado.
Reforçou esta tese dizendo que o
partido FRELIMO é como muitos out-
ros que almejam a continuidade no
poder ou alcançar mais poder político.
“Sendo assim, a lavagem de roupa
suja em hasta pública não beneficia o
partido, mas sim o prejudica. A sua im-
agem e créditos ficam chamuscados
e a oposição sai a ganhar”, disse, acres-
centando que “o mais preocupante é
o facto de estas atitudes estarem a ser
promovidas pelos próprios membros
do partido e, pior, seniores”.
Assim sendo, “penso que as cartas
que estão sendo divulgadas, estão,
naturalmente, a criar desconforto a
todos os níveis dentro do partido, prin-
cipalmente às lideranças da FRELIMO
e fragiliza os próprios líderes máximos
dentro do partido”, disse, observando,
no entanto, que“fragilizados os líderes,
o que vai acontecer é que todos os
outros membros do partido ficam
também fragilizados”.
Nesse prisma, o analista político
classifica a suposta estratégia de rei-
vindicação do poder adoptada pelos
membros seniores do partido FRE-
LIMO como errada.
“É errada, porque não está a ajudar
na fortificação da máquina partidária”,
sublinhou, salientando, de seguida,
que quando se ataca um líder numa
agremiação, principalmente política, a
máquina fica fragilizada.
Ou seja, “o líder deve ser protegido,
com ou sem defeitos, porque ele foi
eleito, aclamado e tomou posse den-
tro de um órgão máximo do partido, o
Congresso. Isso significa que o próprio
partido, que é suportado por mais de
3 milhões de membros, elegeu uma
figura para estar à frente da liderança e
destinos da FRELIMO por um determi-
nado tempo, fixado nos estatutos. Por
isso, é dever e obrigação de todos os
membros do partido abraçar a agen-
da do partido e acarinhar e proteger o
líder”, recomendou.
Não fazendo isso, considera a fonte,
“Estamos perante uma
confusão gerada den-
tro do partido FRELIMO
por causa deste tipo
de posicionamentos
de pessoas que deve-
riam, internamente,
ser muito mais úteis
que fora, desenhando
agendas que não saís-
sem à hasta pública”, Gil
Aníbal
toda máquina partidária descarrila,
com todas as consequências para a
história conquistada e acumulada ao
longo dos 60 anos da sua existência.
“Estamos a testemunhar um cenário
em que os membros seniores estão de
costas voltadas com a gestão e a linha
de orientação do partido FRELIMO. Isso
é errado, porque o líder máximo do par-
tido está e sempre esteve acessível aos
membros”,indica Aníbal.
“Mas quando optam em publicar,
é aquilo que chamamos, em ciência
política, de propaganda política com
um único objectivo de fragilizar o líder
e essas pessoas emergem como salva-
dores, ou alternativas certas para esta-
rem na gestão e liderança do partido e
do país”, enfatizou.
Daí que, para o académico e analista
“Quando um membro
do Comité Central diz
que há infiltrados que
induziram o presidente
do partido FRELIMO
e da República de
Moçambique, Filipe
Jacinto Nyusi a tomar
decisões jamais vistas, e
não aponta quem são
para ajudar o partido a
identificar e punir, está a
promover uma conspir-
ação contra os camara-
das e contra a direcção
máxima do partido,
porque não tem uma
base de sustentação
válida”, Gil Aníbal.
político, este comportamento entra
em contramão com os estatutos do
partido FRELIMO e da Constituição
da República, na medida em que o
líder, uma vez eleito, passa a ter legit-
imidade popular e todos os membros
tem o dever e a obrigação de abraçar,
defender e protegê-lo, até terminar o
seu mandato.
Entretanto, Gil Aníbal tenta explicar
este cenário, com duas hipóteses: A pri-
meira de que estão a reivindicar espaço
e poder dentro dos órgãos decisórios
do partido e a segunda, de que, estão
a posicionar-se na linha da frente e na
montra das figuras que provavelmente
irão lutar pela sucessão na direcção e
dos destinos tanto do partido assim
como, da Nação moçambicana.
“Devemos perceber que, quando
se elege um candidato para presiden-
te do partido ou da República, está-se
Público
Segunda-feira 06 de Outubro de 2023
igualmente a eleger uma linha de
pensamento de um grupo de mem-
bros e, naturalmente, o outro grupo
que não conseguiu passar começa
a fazer jogos de conspiração interna,
como este que temos vindo a assistir
de algum tempo para cá. Para dizer
Gil Aníbal, analista político
que as cartas e outros meios que al-
guns camaradas estão a usar para
transmitir aquilo que chamam de
sentimento visam, essencialmente,
mostrar publicamente que os outros
não servem, mas sim eles”, explicou.
Por outras palavras, Gil Aníbal sen-
tenciou:“Estamos perante uma guerra
de sucessão do presidente Nyusi, ten-
do em conta que ele já está no quarto
ano do seu mandato e as peças, inter-
namente, já estão a se posicionar”.
Entretanto, classifica, “é um posicio-
namento que neste momento é infe-
liz, porque fragiliza já o presidente e o
próprio partido, incluindo o governo”.
Aliás, “estes pronunciamentos são
uma confirmação de que há alas
dentro do partido FRELIMO, que,
infelizmente, não deveriam existir,
porque quem deveria dizer e expor o
presidente Nyusi deveriam ser mem-
bros da oposição e não membros do
próprio partido”, deplora.
Na sequência, o analista político
3
DESTAQUE
realça que, “os membros da FRELIMO
devem proteger o líder e o partido e
estas divergências de pensamento e
publicação de cartas são um market-
ing político, do tipo eu sou a pessoa
certa e estou pronto para suceder o
presidente”.
Paradoxalmente, segundo Gil
Aníbal, esta estratégia “peca porque
alguns desses camaradas já tiveram
oportunidade de demonstrar as suas
capacidades e fazer melhor como di-
rigentes mas não o fizeram”, salientou.
Elucidando, o comentador de tele-
visão e analista político recordou que al-
guns já foram presidentes do Conselho
Constitucional, PCA ou administradores
de empresas públicas, dirigentes do
Estado e do partido FRELIMO, e hoje
deveriam trazer boas ideias para o mel-
horamento da vida política do partido e
que possam, igualmente, ajudar o gov-
erno a responder ou buscar melhores
soluções para os desafios da actual con-
juntura nacional, regional e mundial.
“Vou falar, por exemplo, da EN1, que
estádegradadadesde1998eatéhojete-
mosproblemasdetransitabilidadenesta
principal estrada que liga o país de Sul a
Norte e eu pergunto: quantos governos
da FRELIMO já passaram e não resolv-
eram o problema da EN1?”,questiona.
E nessa senda, defende que “a culpa
não se deve a governação, pois é um
problema acumulado ao longo das
décadas e hoje está a rebentar por cau-
sa das mudanças climáticas que acel-
eramadegradaçãodasinfra-estruturas”.
Um outro ponto indicado pelo nos-
so entrevistado tem a ver com a neces-
sidade de a sociedade, principalmente
os membros da FRELIMO, perceber
que cada momento de governação
tem os seus próprios desafios.
Por exemplo, citou, “quando um
membro da FRELIMO e do Comité
Central, como Samora Machel Júnior,
neste caso, diz que há infiltrados no
partido, remete-me ao passado, no
período em que o pai dele, o presiden-
te Samora Moisés Machel, dava um
tratamento específico aos infiltrados”.
Nesse período da história da gov-
ernação moçambicana, recorda Gil
Aníbal,“o pai de Samora Machel Júnior
identificava os infiltrados, expunha-
lhes em hasta pública e punia. Alguns
foram até fuzilados”.
Então, Gil Aníbal afirma que“quando
um membro do Comité Central diz que
há infiltrados que induziram o presiden-
te do partido FRELIMO e da República
de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi
a tomar decisões jamais vistas, e não
aponta quem são para ajudar o partido
a identificar e punir, está a promover
uma conspiração contra os camaradas
e contra a direcção máxima do partido,
porque não tem uma base de sustenta-
ção válida”.
Para evitar estas situações de emba-
raçoedesconfiançaentreosmembros,
o comentador de televisão e analista
político, entende que o correcto para
Samora Machel Júnior seria identificar
os colegas infiltrados, alistar os nomes
e entregar à direcção do partido para a
tomada de devidas medidas.
“A FRELIMO é um partido or-
 4 Público
DESTAQUE
ganizado e com estruturas muito
bem funcionais. E para casos de indis-
ciplina, mau comportamento ou vio-
lação dos estatutos por um membro,
tem órgãos competentes que inves-
tigam e tomam medidas. Aqui, esta-
mos a falar, por exemplo, do comité de
verificação ao nível do comité central”,
indicou.
Insistindo nos infiltrados, o nosso
entrevistado definiu a palavra como
sendo “uma pessoa estranha ou um
espião que se introduziu dentro da
organização para criar desordem ou
destruição”.
“É por isso que o presidente Samora
Machel chamava a estes indivíduos de
reaccionários, e, além de presos, eram
fuzilados porque ele queria manter a
FRELIMO coesa, robusta e com uma
liderança a funcionar em pleno e a
liderar os destinos do país”, elucidou.
Nesta ordem de ideias, Gil Aníbal
reitera que os pronunciamentos pú-
blicos dos membros seniores da FRE-
LIMO não constituem uma metodo-
logia certa de comunicação com as
suas lideranças nem uma estratégia
correcta de reivindicação de espaço e
ou poder dentro do partido.
“Este tipo de comportamento deve
ser desencorajado a todos os níveis
e de todas formas. Os membros que
criam instabilidade dentro da FRE-
LIMO devem ser responsabilizados
disciplinarmente, porque se se deixar
passar nos termos precisos, a futura
liderança do partido e do governo vai
também sofrer as mesmas situações
de conspiração interna, com conse-
quências graves na credibilidade e es-
tabilidade política e governativa”, disse.
Isso porque, defende, a FRELIMO
deve permanecer e prevalecer como
um grupo político coeso, forte e com re-
sponsabilidades históricas de governar
o país e buscar soluções para os prob-
lemas que afectam os moçambicanos.
“A FRELIMO não deve aceitar ou per-
mitir que existam no seu seio grupos
ou membros que queiram dividir a or-
ganização para reinar e se ela dar-se ao
luxo de permitir que isso ocorra, estará
condenada à sua autodestruição”, aler-
ta, para de seguida apelar à inteligência
do partido para não olhar estes com-
portamentos como algo normal.
“Não é normal e não sendo normal,
penso que algo deve ser feito para tra-
var este fenómeno que periga a união
e a existência da FRELIMO”, enfatiza, in-
Ofertas válidas para viagens
a partir de 1 de Julho.
dicando, depois, que o partido está es-
truturadoemcélulas,comitésdecírculo,
da localidade, da zona, do distrito, da
província, Central, e a Comissão Política.
“Então, todo o membro que tiver
alguma contribuição ou reivindicação
de um direito deve apresentar na célu-
la onde milita, de onde será encamin-
hada até à direcção máxima. Por isso,
penso que estes camaradas não con-
hecem ou esqueceram-se da estrutu-
ra do partido, embora sejam seniores.
Digo isto porque se conhecessem, não
iriam desrespeitar as lideranças da FRE-
LIMO”, lamenta.
INTEGRAÇÃO DE JOVENS NO
GOVERNO
“O pai de Samora Machel Júnior identificava os infiltrados, expunha-lhes em hasta
pública e punia. Alguns foram até fuzilados”, Gil Aníbal.
Num outro contexto, Gil Aníbal refere
que o maior pecado do Presidente Nyu-
si, nestes dois mandatos, é a integração e
inclusão de jovens no seu governo.“Há-
de perceber, por exemplo, que o Minis-
tério dos Transportes e Comunicações
já foi dirigido por um jovem que, dentro
do partido, recebeu vozes que estavam
contra a sua nomeação”,revelou.
Apontou ainda os casos de nomea-
ção de Oswaldo Petersburgo para o
cargo de Secretário de Estado da Ju-
ventude e Emprego; Gilberto Mendes
para Secretário de Estado dos Despor-
tos, Mety Gondola, como Secretário de
Estado do Ensino Técnico Profissional,
como de secretários de Estado provin-
Até
30%
off
Segunda-feira 06 de Outubro de 2023
ciais, vice-ministros, governadores pro-
vinciais e administradores dos distritos.
“Esta aposta do Presidente Nyusi em
jovens para cargos governativos não
criou um conforto sob um grupo de
membros dentro do partido, que, infe-
lizmente,nãoqueriràreforma”,ironizou.
Revelou ainda que “há muitos
membros da FRELIMO que gostariam
de morrer enquanto dirigentes e isso
é para mim imoral, porque as pessoas
devem ir à reforma. Desculpe-me, não
conheço nenhum país no mundo que
desenvolveu com idosos no governo”.
Aliás, “o próprio partido FRELIMO,
quando nasceu na altura, foi liderado
por jovens e o mesmo aconteceu
com a nação moçambicana que foi
liderada por Samora Machel, que na
altura era jovem, e depois por Joaquim
Chissano, que também era jovem.
Então, um dos pecados do presidente
Nyusi, se assim podemos dizer, foi não
integrar, nos seus governos, membros
seniores e antigos dirigentes do par-
tido e do Estado”, elenca.
Mas isso, segundo o analista político,
está errado e propõe reformas estrut-
urais, tal como foram desencadeadas
na OJM, onde pessoas com idade su-
perior a 35 anos deixaram de ser mem-
bros e dirigentes da organização.
“Há necessidade de os membros,
depois de atingirem uma certa idade,
saírem da política activa e passarem
Bilhetes vendáveis
em ida ou ida e volta.
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testemunho aos jovens. Isso é bonito.
Mas um líder que não que ir à reforma,
é um fracassado, porque líderes for-
mam líderes e para não haver descon-
tinuidade, eles devem passar teste-
munho”, defende.
Nesse contexto, Gil Aníbal con-
sidera que, “ao integrar jovens na sua
máquina governativa, o presidente
Nyusi está a preparar os jovens para
darem continuidade ao mesmo ideal
de governação da FRELIMO. Mas isso
não está a agradar a alguns membros
do partido, que queriam transitar de
governo em governo como ministros
ou dirigentes do Estado”.
Contudo, a este grupo de membros
dopartido,oanalista políticoaconselha a
“deixarem o Presidente Nyusi governar e
terminar o seu mandato sem interferên-
cias e desestabilização. Apelo também
para se concentrarem na busca de uma
agenda que possa beneficiar o partido
FRELIMO e também o governo, apoi-
andoopresidenteNyusiamaterializaros
seus projectos de governação, visando
o combate à pobreza e melhoria das
condições de vida da população”.
MANIFESTAÇÃO NÃO É FAZER
DESTRUIÇÃO
Quanto às críticas da actuação da
Polícia da República de Moçambique
(PRM), alegadamente registada na
repreensão dos manifestantes da Re-
namo em Chiúre, em Cabo Delgado,
o comentador de televisão e analista
político respondeu dizendo que o
presidente da República não está a ser
compreendido e percebido quando
introduziu reformas na Polícia.
“Em toda a história da PRM, o co-
mandante-geral, Bernardino Rafael, é
um dos mais operativos presentes na
reestruturação em curso ao nível das
FDS, na componente da Polícia”, disse.
Ou seja, Gil Aníbal fez saber que
é neste ciclo de dois mandatos do
presidente Nyusi que o país testemun-
hou a criação e fortificação da Polícia
marinha, lacustre e fluvial, que antes
não existia.
O próprio Presidente da República
e Comandante-chefe das FDS recon-
hece que houve desinvestimento no
sector nos últimos 30 anos.
“Por isso, o primeiro passo foi fazer a
reforma legislativa, e neste momento,
o país precisa de financiamento para
executar e colocar as FDS nos níveis de
Joanesburgo
Vilankulo
Inhambane
Beira
Tete
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responder a qualquer tipo de situação,
como terrorismo em Cabo Delgado
e as manifestações violentas da Re-
namo, que podemos classificar como
terrorismo urbano”, sublinhou.
Comentando as críticas de Samora
Machel Júnior sobre a actuação da
Polícia, Gil Aníbal respondeu nos se-
guintes termos: “Há que perceber
que em Moçambique, o exercício
da cidadania é ainda algo dúbio”, an-
otou fundamentando que “muita
gente não sabe o que é manifestar-
se, porque para eles, manifestar-se é
queimar pneus nas estradas, colocar
barricadas nas estradas, vandalizar
estabelecimentos comerciais, destruir
infra-estruturas públicas e privadas,
A FRELIMO não deve
aceitar ou permitir que
existam no seu seio gru-
pos ou membros que
queiram dividir a orga-
nização para reinar e
se ela dar-se ao luxo de
permitir que isso ocorra,
estará condenada à
sua autodestruição”, Gil
Aníbal.
incluindo instituições sociais”.
Quanto ao alegado uso excessivo
da força, o analista político esclarece
que a PRM actua dentro das suas atri-
buições e emprega meios proporcio-
nais à situação para a qual foi chamada.
“Não podemos usar a Polícia para
ganhos políticos. Assuntos relacionados
comasFDSsãomuitosensíveis”,alertaGil
Aníbal que infere que, “provavelmente,
Samora Machel Júnior tenha ficado
frustrado, porque alguns elementos da
força de protecção dos recursos naturais
teriam abandonado a área que opera
a empresa Montepuez Ruby Mining,
de que é dirigente para atender a uma
situação concreta e pontual”.
Publicidade
*Termos e condições
aplicáveis.

JORGE MALANGAZE & REDACÇÃO
Graças a esta infra-estrutura, a popu-
lação deixa de percorrer longas distân-
cias para outros pontos da província
de Manica e de Sofala em busca de
serviços de saúde como pediatria,
ginecologia ou obstetrícia.
Construída no âmbito da iniciativa
presidencial“Um distrito, um hospital”, a
referida unidade sanitária, considerada
de referência e maior da série dos con-
struídos nesta iniciativa, vai desconges-
tionar o Hospital Provincial de Chimoio.
“Ontem, este hospital foi um sim-
ples sonho, mas hoje é uma realidade
absoluta. Nós acreditámos nas nossas
convicções e na nossa vontade genuí-
na. Porque estamos cientes de que o
que ontem plantamos, colheremos
quando amadurecido. Aqui está a col-
heita, o Hospital Distrital de Machaze,
o resultado da perseverança”, disse o
Chefe do Estado dirigindo-se a popu-
lares na cerimónia de inauguração.
Segundo o Estadista, a entrega de-
sta unidade sanitária significa a mate-
rialização de mais um compromisso
assumido pelo seu Governo, o de
continuar a fortalecer o Serviço Nacio-
nal de Saúde, no âmbito da garantia
do acesso universal aos cuidados de
saúde até 2030.
“Compatriotas: isto chama-se lider-
ança. Gerir uma nação por objectivos
e por resultados. Pobreza não se com-
bate com palavras ou com simpósios,
é construindo hospitais em Búzi,
Jangamo, Machaze; é levando água
para Dacata, Inhassoro, Chilembene,
Chicualacuala; é disponibilizando
energia em Zinhane; é exortando o
empresário nacional a saber negociar
com os seus parceiros, explicando que
tudo o que se extrai em Moçambique
deve ser transformado em Moçam-
bique para acrescentar valor no país
e empregar mais moçambicanos”, ex-
plicou o Presidente Nyusi frisando que
esta é a sua visão de liderança.
“O modelo de governação que
nós escolhemos é o de resolver os
problemas do povo, da cidade para o
campo ou do campo para a cidade, do
que proclamar intensões”, sublinha.
O hospital ora inaugurado pode
internar cerca de 200 pacientes de
uma só vez e as cirurgias do nível de
hospital distrital podem ser realizadas
no hospital de Machaze. Com uma
Maternidade ampla e bem equipada,
as mulheres grávidas deixam de per-
correr distâncias longas.
O hospital possui igualmente ser-
viço de urgências, um bloco oper-
atório e serviço de esterilização. Das
mais modernas, a sala dos cuidados
intensivos tem seis camas e conta com
meios auxiliares de diagnóstico e trata-
mento. A unidade hospitalar conta
com um Laboratório, sala do Raio X,
Farmácia, Fisioterapia, Morgue, entre
outros serviços.
As intervenções cirúrgicas para os
casos de apendicite, hérnia, hidro-
celo e laparotomias de emergências
poderão ser feitas pelo pessoal médico
especializado.
Com inauguração deste hospital, a
Público 5
Segunda-feira 06 de Outubro de 2023
DESTAQUE
Presidente Nyusi colhe o que plantou
Liderança com objectivos
O
Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, está a colher o que plantou. Recentemente, inaugurou diversas infra-estruturas económi-
cas, designadamente, o Hospital Distrital de Machaze, na província de Manica; o novo edifício da Delegação Provincial do Instituto
Nacional de Segurança Social (INSS), em Sofala; e a Ponte sobre o Rio Save, baptizada 6 de Agosto, na província de Inhambane, para
além da entrega do aparelho de ressonância magnética no Hospital Central da Beira. “Compatriotas: isto chama-se liderança. Gerir
uma nação por objectivos e por resultados. Pobreza não se combate com palavras ou com simpósios, é construindo hospitais em Búzi,
Jangamo, Machaze; é levando água para Dacata, Inhassoro, Chilembene, Chicualacuala; é disponibilizando energia em Zinhane; é ex-
ortando o empresário nacional a saber negociar com os seus parceiros, explicando que tudo o que se extrai em Moçambique deve ser
transformado em Moçambique para acrescentar valor no país e empregar mais moçambicanos”, afirmou Filipe Nyusi, discursando na
cerimónia de inauguração do Hospital Distrital de Machaze, na quinta-feira, na província de Manica. A infra-estrutura passa a beneficiar directamente mais
de 148 mil habitantes da região, incluindo dos distritos circunvizinhos de Mossurize (Manica), Chibabava (Sofala) e Massangena, em Gaza.
sistema de segurança social da provín- delegação.
cia de Sofala, conta com um total de Destacou a necessidade de as en-
16.051 empresas inscritas, 313.421 tidades empregadoras e os trabalha-
trabalhadores, 5.513 são Trabalha- dores, sobretudo, os trabalhadores
dores por Conta Própria (TPC), 13.946 por conta própria, se inscreverem e
pensionistas, sendo 5.125 de velhice, canalizarem, com regularidade, as
258 por invalidez, e 15.663 são de so- contribuições, como garantia de aces-
brevivência. so às prestações pagas pelo INSS, bem
Falando no acto, o Presidente da como garantir a sua protecção social
República considerou que a infra- es- no presente e no futuro.
trutura, ora inaugurada, à semelhança O Chefe do Estado convidou
do que tem vindo a acontecer noutros aqueles que exercem alguma activi-
pontos do país, durante o presente ci- dade rentável para se inscreverem no
clo governativo, para além de permitir sistema gerido pelo INSS, como forma
que os utentes do sistema tenham de garantirem um futuro social susten-
um atendimento de qualidade, vai tável, juntamente com as suas famílias.
também conferir melhores condições “Este empreendimento teste-
de trabalho aos funcionários afectos à munha o nosso compromisso de
Presidente Nyusi inaugurando o Hospital Distrital de Machaze em Manica
província de Manica conta com 140 provincial do INSS, constituído por dois
unidades sanitárias, das quais cinco pisos, ocupando uma área de cobertu-
hospitais distritais, além do Hospital ra de 1031 m² e implantado num ter-
Provincial de Chimoio. reno com 4.200 m², num investimento
do Estado de 158.534.740,72 meticais.
VISITA A SOFALA A infra-estrutura vai permitir que os
beneficiários, contribuintes e pensioni-
Refira-se que o Presidente da stas tenham um atendimento con-
República esteve, no dia 01 de No- digno, assim como conferir melhores
vembro de 2023, em Sofala, onde fez condições de trabalho aos funcionári-
a entrega do aparelho de ressonância os afectos à delegação provincial.
magnética no Hospital Central da Beira O empreendimento possui com-
e inaugurou o novo edifício da Delega- partimentos, como sala de atendi-
ção Provincial de Sofala do Instituto mento, sala de reuniões, sala do del-
Momento de entrega de uma ambulância ao HCB
Nacional de Segurança Social (INSS). egado, arquivo, servidor, copa, anexo,
Na ocasião, o Chefe do Estado fez guarita, entre outros. tornar mais próximos e acessíveis os social é um direito consagrado. A ex-
saber que a entrega do aparelho é o No que diz respeito à cobertura do serviços para os usuários. A protecção pansão da cobertura e abrangência
cumprimento da sua promessa de tem sido a nossa preocupação”, disse.
acabar com as transferências de paci- Nyusi revelou que Sofala tem-se
entes para outros pontos, eliminando, destacado no surgimento de muitas
desta forma, os altos custos resultantes pequenas e grandes empresas devido
dessas movimentações. à sua localização geográfica, pelo que
“Cuidem do equipamento. Quando exigiu trabalho árduo aos gestores do
sentirem que está a dar um sinal, não INSS na mobilização dos referidos em-
insistam, porque estes aparelhos mod- pregadores para o sistema.
ernos são muito sensíveis. Quando um Por seu turno, o governador de So-
piloto está acesso, está a dizer que há fala, Lourenço Bulha, saudou o Chefe
uma coisa que precisa de ser concerta- do Estado pelos empreendimentos
da. Então, vamos conservar. Cuidem, ora entregues, e prometeu trabalhar
usem no máximo, invistam na ma- junto das comunidades, para sensibi-
nutenção”, disse o Estadista, dirigindo- lizar mais agregados para a aderência
se aos profissionais de saúde. ao sistema e garantiu conservar as re-
Sublinhou que a entrada em funcio- alizações.
namento dos serviços de ressonância Já a representante dos pensionistas
magnética significava mais trabalho, de Sofala, Carolina Manuel, disse que
pelo que encorajou que redobrassem com o novo edifício, estão criadas as
esforços, tirando o maior proveito da bases para que os utentes tenham
presença dos mais experientes para condições para os trabalhos e para
aprenderem. melhor servir. “O empreendimento é
Ainda em Sofala, Filipe Nyusi inau- acessível para todos, e nós, pensionis-
gurou o novo edifício da delegação tas, estamos satisfeitos”, disse.
 6 Público
OPINIÃO
Editorial
A companhia aérea moçambicana
vai, dentro em breve, retomar voos
para Lisboa (Portugal), a partir de Ma-
puto, através da empresa portuguesa
Euro Atlantic (Boeing 777).
“Precisamos de uma taxa de ocu-
pação de 68% para conseguirmos ter
tudo pago, e um income será entre
320 e 360 mil dólares por voo. Tudo
isso depende de quantos assentos
serão ocupados em cada classe”, disse
Sérgio Matos, director de projectos da
empresa sul-africana Fly Modern Arc,
que está a dirigir a reestruturação das
Linhas Aéreas de Moçambique (LAM).
Prevê-se que, a partir de 12 de
Dezembro, sejam realizados três voos
semanais para aquele país europeu.
Por sua vez, o director geral da LAM,
João Carlos Pó Jorge, indica que a rota
Maputo-Lisboa “é das mais densas”,
garantindo que a companhia tem um
corpo técnico capacitado para colabo-
rar na operação da rota, porque já o fez
O Canhão
RUI DE CARVALHO (Jornalista)
E-mail: r823812091@gmail.com
Fica esta minha memória para as
mulheres de 30 anos para cima… e
para aquelas que estão a entrar nesta
casa dos 30, e para todas aquelas que
estão com medo de entrar nesta casa
dos 30… e também para os homens
que têm medo das meninas que estão
na casa dos 30 em diante!!!
Na verdade, à medida que envel-
hecemos, o convívio com outras di-
minui e valorizamos mais as nossas
esposas ou mulheres que estão acima
dos 30.
Estas mulheres são de algum modo
uma razão do porquê da existência
Jornal Público
Ano/Mtn
4.200,00
É difícil entrar em Portugal
no passado.
Entretanto, esta retoma da ligação
Maputo-Lisboa abre boas perspectivas
financeiras para a LAM e para a econo-
mia moçambicana, porque irá aumen-
tar o número de viajantes para o nosso
país, por vários motivos, com maior
enfoque para o turismo e trocas comer-
ciais, cujas oportunidades são enormes.
Também irá beneficiar cidadãos eu-
ropeus, particularmente portugueses
pelas facilidades criadas pelo governo
para a entrada no nosso país.
Vale aqui recordar que em Abril o
governo moçambicano decidiu, no
âmbito da implementação das medi-
das de aceleração económica, isentar
o visto de entrada em Moçambique,
para cidadãos de 29 países, incluindo
Portugal.
Mas, mesmo antes desta decisão,
cidadãos portugueses entravam facil-
mente no nosso país.
Entretanto, há 12 anos que a Comu-
Mulheres de mais de 30 anos
delas nesta casa dos 30:
Vou aqui tentar explicar: Uma mul-
her de 30 nunca acordará no meio da
noite para lhe perguntar do que ela
está pensar.
Ela tem uma característica própria e
não se importa com o que o parceiro
pensa, mas sempre se dispõe de co-
ração se o parceiro tiver intenção de
conversar.
Se a mulher de 30 não quer assistir o
jogo de futebol com o parceiro, ela fica
à sua volta a resmungar. Ela faz alguma
coisa que ela queira fazer, como se algo
nãohouvesse.Geralmentealgumacoisa
bem mais interessante não anda bem.
Uma mulher de 30 conhece-te o
suficiente para saber tudo quando
quer, o que quer e quem quer. Poucas
mulheres de 30 se incomodam com o
que você pensa dela ou sobre o que
ela está fazer.
Mulher de 30 é honrada, sabe o que
quer na sua vida.
Raramente se zanga, mas quando
se zanga, zanga de verdade e gosta
de fazer gritos assustadores até de
afugentar os sapos e lagartos do lo-
cal onde estiver. É claro que se você
merecer, ela não hesita em atirar em si,
mas só se ela achar que poderá ganhar
algo de bom em seu benefício.
Uma mulher de 30 tem total confi-
Assinatura 2023
Entrega ao domicílio
Semestral
2.200,00
Segunda-feira 06 de Outubro de 2023
nidade dos Países de Língua Portu-
guesa, CPLP, ratificou um acordo dos
cidadãos dos países-membros. De
lá a esta parte, tudo ficou na mesma,
porque cidadãos dos outros países,
incluindo moçambicanos, enfrentam
grandes dificuldades para terem visto
de entrada para Portugal. Como se
não bastasse, em 2021, o primeiro-
ministro de Portugal assinou um
outro acordo, mais um de vários já ru-
bricados e não implementados, que
previa a livre circulação dos cidadãos
dos Estados-membros da CPLP, que
em princípio já deveria estar em vigor
desde 1 de Janeiro de 2022. Passa mais
de um ano, totalizando 13, desde que
os países manifestaram e insistem em
ver efectivada a livre circulação no es-
paço da comunidade, sobretudo para
Portugal.
O nosso jornal tem vindo a receber
várias queixas de cidadãos moçam-
bicanos, que são submetidos a uma
ança em te para apresentar-te para sua
melhor amiga. Uma mulher com mais
de 30 fica linda quando usa batom
vermelho. O mesmo não ocorre com
uma mulher mais jovem.
Mulheres mais velhas são directas e
honestas. Mas, também são especial-
istas em aprontar quando o homem
vira malandro. Elas mostram-te o que
são quando o homem for um idiota, ou
vira-lata quando age como um sacana!
Nunca precisa de se preocupar onde
se encaixa na vida dela. Basta agir como
homem, e o resto deixe que ela faça.
Nós admiramos as mulheres com
mais de 30. Infelizmente, isso não é
recíproco.
Senhoras, EU PEÇO DESCULPAS:
Para todos os homens que dizem,
“porque comprar uma vaca se você
pode beber o leite de traça”. As mul-
heres de hoje são contra o casamento,
sabe porquê?
Porque as mulheres perceberam
que não vale a pena comprar a um
porco inteiro só para ter uma linguiça.
Acordem homens. As mulheres estão
a tomar tudo e todos. O emprego ficou
para as mulheres porque o próprio
homem não confia no homem, mas
sim na mulher. Deixa de confiar na
mulher quando ela coloca cornos na
sua cabeça. Fui...
Trimestral
1.500,00
longa e interminável jornada de ques- trangeiros, sobretudo portugueses.
tionamentos, que, de algum modo, Se as fronteiras moçambicanas
assemelham-se à humilhação, quan- estão abertas para os nossos irmãos
do pretendem adquirir vistos para as portugueses, por que é que eles
terras Lusas. não podem fazer o mesmo? Se os
Afinal, o que se passa com os nossos portugueses entram facilmente em
irmãos portugueses e para que serve a Moçambique para fazerem o que
CPLP? quiserem, por que razão os moçambi-
Aliás, quais são os reais benefícios canos não podem ter direito a vistos?
de Moçambique fazer parte da Co- Que tipo de cooperação é esta que
munidade dos Países de Língua Por- não se traduz em benefícios e vanta-
tuguesa, se um dos elementos básicos gens mútuas?
- a livre circulação - não existe? Será so- "A mobilidade das pessoas é a
mente para internacionalizar a língua mobilidade da língua portuguesa en-
portuguesa ou simplesmente para quanto língua de herança, sim, mas
promover. também enquanto língua de futuro,
Qual é a ideia de Portugal negar o do digital e das redes sociais. Enquanto
visto de entrada em seu território de língua de conhecimento e de ciência,
cidadãos da CPLP, particularmente, de diplomacia e de negócios", disse o
moçambicanos? Por isso, queríamos secretário executivo da CPLP, Zacarias
apelar ao governo moçambicano para da Costa, aquando da assinatura do
diligenciar junto do seu homólogo acordo em 2021, que até hoje morreu
português, no sentido de facilitar e nas gavetas dos governos.
flexibilizar o acesso de vistos para ci- Por isso, reiteramos o nosso desejo
dadãos nacionais. Isso porque, não de ver removida esta barreira, e que
acontecendo, em nada valerá esta cidadãos moçambicanos possam en-
operação comercial da LAM, pois trar em Portugal com muita facilidade,
somente irá beneficiar cidadãos es- como acontece com os portugueses.
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Sociedade Noticias S.A | Matola - Moçambique

Sapiência
BENJAMIM ALFREDO (PhD)
E-mail: ba@balfredo.com
Estamos todos recordados que a
Luta de libertação nacional, levada a
cabo pela Frelimo contra o colonial-
ismo português, visava a libertação
da terra e dos homens. Vencida a luta,
libertou-se o homem e a terra. Proc-
lamada a nossa independência, no
dia 25 de Junho de 1975, muita coisa
foi sendo necessário fazer para que o
nosso Moçambique fosse de facto a
terra dos homens livres, que lutaram
pelo desenvolvimento e o bem-estar
social. Muita coisa há ainda por fazer,
porquanto o que já se fez ainda não é
suficiente para dizermos que Moçam-
bique atingiu a sua prosperidade. Uma
das palavras de ordem que muito foi
sendo usada ao longo do tempo foi:
Viva Moçambique. Entretanto, parece
que esta palavra de ordem está sendo
esquecida, e há quem entenda que
Moçambique já não existe e o que
há é um espaço onde qualquer um
pode reinar ou criar desordem e tudo
fazer a seu bel-prazer. A actual crise
política que o país vive demonstra
que algo não anda bem entre nós.
Moçambique vive, mas está doente.
Por isso, precisa de um remédio para
que tenha a necessária saúde como
Estado, Pátria e Nação. Temos que ser
honestos em reconhecer que o nosso
Moçambique não está bem, sendo
esta uma verdade que deve doer a
todos nós. A actual conjuntura política,
caracterizada pelas reclamações e
EGÍDIO VAZ (Historidor ,
Estratega de Comunicação)
egidiovaz.com
Num dia que entrará para a história
como uma celebração da paz e da rec-
onciliação em Moçambique, a inaugu-
ração da Ponte 6 de Agosto sobre o Rio
Save simboliza mais do que uma mera
travessia física. Erguida com o suor e o
engenho do povo moçambicano, fi-
reivindicações dos resultados eleito-
rais recentemente realizadas, aliada a
outras matérias como TSU e dívidas
ocultas, a carestia da vida, entre outros
aspectos ligados às políticas macro-
económicas que também não estão
bem. Tal demonstra que estamos a
caminhar para um fosso do qual ter-
emos dificuldades de sairmos ilesos.
Os actuais discursos a vários níveis da
nossa sociedade apontam para um
recrudescimento da intolerância e da
promoção da violência extrema, ha-
vendo indícios de prováveis agendas
escondidas que poderão contribuir
para que não tenhamos nos próximos
tempos a paz que tanto desejamos.
Muitos questionam tudo quanto
acontece no nosso país. Questiona-se
mesmo algo visível que interessa a so-
ciedade no âmbito do programa do
Governo, sendo isto um sinal claro de
que alguma coisa não está bem. Para
algumas pessoas, criticar tudo, falar
mal de tudo e de todos constitui a
melhor forma de exteriorizar o senti-
mento. Mas aliado a isso, há também
algo que se esconde e que visa dar a
conhecer que uma agenda perigosa
poderá estar em curso. Muitos sinais
negativos podem significar algo no
qual é necessário prestar atenção es-
pecial, pois é dos sinais que vivemos
e podemos reconhecer que algo não
está bem. Não se pretende defender
a ideia de que as pessoas devem agir
no sentido de desvirtuar a verdade
sobre a nossa existência ou mesmo
deixar de manifestar a sua opinião.
Pretendemos defender e dizer que se
deve estar atento ao que acontece e
que é salutar ou não é para uma vida
em comum. As várias opiniões vindas
de todos os quadrantes devem inter-
essar. Entretanto, deve-se estar atento
em relação ao seu conteúdo. Algu-
mas dessas opiniões encerram algo
que pode ser interessante para per-
cebermos o nosso Moçambique real
A Alvorada da Reconciliação: A Ponte 6 de Agosto
como Um Marco de Esperança e Diálogo
nanciada exclusivamente pelo Estado,
esta ponte é um testemunho do que
é possível quando nos unimos em prol
de um objectivo comum: o bem-estar
da nação.
Não se trata apenas de uma infra-
estrutura que facilitará o trânsito e o co-
mércio, reduzindo o tempo de viagem
entre Maputo e Nampula de dez para
três dias. Não é apenas um alívio para
os agentes económicos, que durante
anos enfrentaram limitações de carga
e atrasos infindáveis. Este monumento
de aço e betão é, acima de tudo, um
monumento à paz.
O nome da ponte, 6 de Agosto, não
Público
Segunda-feira 06 de Outubro de 2023
Viva Moçambique
na actualidade. Entretanto, algumas
poderão dar indicação de criação de
uma certa perturbação social. Deve-
se tolerar as opiniões mas também
estar-se atento ao que as mesmas
pretendem atingir. Não se pode estar
alheio ou aceitar que todos os dias
tenhamos muitas reivindicações e elas
não tenham algum objectivo prático e
concreto. Do mesmo modo que não
se pode aceitar uma opinião que con-
stitua forma de incitar à violência. Algu-
mas opiniões promovem violência e
colocam em causa a ordem e tranqui-
lidade públicas. Devemos saber que a
actuação de todos em sociedade deve
obedecer aos ditames da lei. Não se
pode, por isso, deixar de questionar as
razões que levam a que pessoas não
Viva Moçambique.
Entretanto, parece que
esta palavra de ordem
está sendo esquecida, e
há quem entenda que
Moçambique já não
existe e o que há é um
espaço onde qualquer
um pode reinar ou
criar desordem e tudo
fazer a seu bel-prazer. A
actual crise política que
o país vive demonstra
que algo não anda
bem entre nós.
foi escolhido ao acaso. Foi nesta data,
em 2019, que o Acordo de Maputo
foi assinado, selando um pacto de
paz entre o Estado moçambicano e
a Renamo. Aquele dia marcou o fim
de uma era de violência e sofrimento,
uma página negra da nossa história
que jamais queremos revisitar. A nova
ponte serve como um lembrete con-
stante dos sacrifícios feitos e das vidas
perdidas, mas também da resiliên-
cia e do espírito indomável do povo
moçambicano.
Lembramo-nos bem dos tempos
sombrios em que atravessar o Rio
Save era um feito arriscado, em que
acreditem nas instituições do Estado.
Da mesma forma que o silêncio das
instituições pode constituir preocu-
pação social. O silêncio nalgum mo-
mento pode ser perigoso. Poderá se
questionar por que razão afinal tanto
se lutou para se ter um país onde não
se pode desfrutar das suas potenciali-
dades e viver-se em paz e harmonia.
Afinal o que é que os dirigentes políti-
cos querem ou precisam fazer para
que Moçambique seja um país de paz,
de desenvolvimento e harmonia so-
cial? Por que razão a desenfreada luta
pelo poder até ao ponto de se esquec-
er que tal poder só se pode exercer
na base da vontade popular? É triste
verificar que nem as instituições públi-
cas são respeitadas e muito menos se
respeitam os órgãos de soberania para
não se falar do próprio povo que não é
respeitado mas que é o elemento fun-
damental na constituição de Moçam-
bique quando o objectivo é o acesso
ao Poder. Será que ainda nos lembra-
mos de que Moçambique é nosso
país? Sinceramente falando, é preocu-
pante quando mesmo nas manifesta-
ções ninguém se lembra de dizer Viva
Moçambique. Certamente que se esta
palavra de ordem fosse muito usada,
haveria um momento de reflexão so-
bre quem somos, o que queremos e
para onde queremos seguir e como.
Moçambique não pode ser um es-
paço onde as pessoas se digladiam
somente por causa do poder. Deve ser
um território onde um povo vive orga-
nizado na base de um poder político
instituído. Moçambique deve ser um
exemplo de um país no mundo onde
as pessoas vivem na base de regras e
sabem o que querem e como querem.
Mas, acima de tudo, deve ser um país
onde a democracia de que tanto se
fala constitui a forma de vida das pes-
soas em sociedade. Não se pode viver
num ambiente em que todos andam
em alvoroço e sem saber o que fazer,
cada viagem era uma roleta russa
com a vida. O Muchúnguè tornou-
se um nome associado a perdas
irreparáveis, tanto materiais como
humanas. A instabilidade inflacionou
os custos de vida, arruinando famílias
e comunidades. Mas hoje, ao cruzar-
mos esta nova ponte, cruzamos tam-
bém um umbral simbólico. Deixa-
mos para trás um passado marcado
pela guerra e pela discórdia, e avança-
mos em direcção a um futuro de paz
e prosperidade.
Assim, que esta Ponte 6 de Agosto
seja mais do que uma mera via de co-
municação. Que seja uma ponte para
7
OPINIÃO
Da mesma forma que
o silêncio das institu-
ições pode constituir
preocupação social. O
silêncio nalgum mo-
mento pode ser perigo-
so. Poderá se question-
ar por que razão afinal
tanto se lutou para se
ter um país onde não se
pode desfrutar das suas
potencialidades e viver-
se em paz e harmonia.
onde as regras passaram à excepção,
reinando a anarquia, a desordem a
descrença e a violência. Moçambique
somos todos nós, por isso, deve viver
nos nossos corações. Todos devemos
lutar por um Moçambique cada vez
mais coeso em prol do desenvolvim-
ento e do nosso bem estar social. To-
dos somos poucos para gerir o nosso
Moçambique, mas devemos ama-lo
e preservar, e tudo fazermos para que
ninguém nos tire o prazer de nele vi-
vermos em paz e harmonia. Nós somos
moçambicanos e daqui não sairemos,
porque não queremos ir para outro
lugar. Aliás, todos os nossos antepas-
sados nasceram aqui e estão aqui. Por
isso, Viva Moçambique. Esta deve ser
sempre a nossa palavra de ordem.
o diálogo, para a compreensão mútua,
para a reconciliação. Que ela simbolize
a superação dos nossos conflitos e dife-
renças, erguendo-se não apenas como
um testemunho do que foi, mas como
um farol do que ainda pode ser. Que
esta ponte seja um apelo constante à
nossa consciência colectiva, lembran-
do-nos que é sempre possível construir,
mesmo sobre as águas mais turbulen-
tas, uma passagem para a paz.
Por isso, deixem que a Ponte 6 de
Agosto seja, para todo o sempre, a
PONTE do desenvolvimento e do pro-
gresso, mas acima de tudo, do amor e
da paz entre todos os moçambicanos.
 8 Público
OPINIÃO
PEDRO FAELA (Mestre e
Doutorando em Direito)
Pedrofaela@gmail.com
Sim, Senhores Edis…, o retro está
lançado. Sim, está lançada a mensa-
gem, o grito do povo de que efecti-
vamente vocês devem se focar na
solução dos problemas que apoquen-
tam os que vos colocaram nos postos
em que passam a ocupar.
Sim, focar-se nos problemas sig-
nifica serem proactivos com vista a
resolver os grandes desafios dos locais
onde vós ireis governar porque eleitos
fostes. Governar não no sentido de
que vamos fazer (promessas em cima
de promessas), mas sim estamos a
fazer, onde as obras devem falar por si.
Sim, as obras devem falar por si para
efectivamente continuarem a merecer
a confiança e a certeza de que estão
com os vossos eleitores, estão com o
povo que vós representais, como uma
grande mamã nos tinha habituado nos
seus discursos solenes na casa do povo.
Sim, as obras devem falar, pois é
bíblico que fé sem obras não é nada,
dizia o Pai celestial, o mesmo que dizer
que os vossos discursos sem obras vão
continuar a infernizar as organizações
que vos confiaram a posição que pas-
sam a ocupar. Aliás, vós fostes dados
poderes do Estado para cuidar de uma
PEDRO CRUZ*
Às vezes, dá ideia de que o mundo é
um imenso tabuleiro de xadrez, onde
vários jogadores fazem as suas jogadas,
mais ou menos arriscadas, mais ou me-
nos cautelosas, mais ou menos decisivas
para o desenrolar do jogo. Criar o Estado
de Israel em 1948 parece, à luz do que
aconteceu nas últimas sete décadas e
meia, uma jogada pouco acertada. No
pós-Segunda Grande Guerra, os Judeus
ficaram "credores" do mundo civilizado,
por causa do Holocausto, que nenhum
jogador conseguiu antecipar e evitar, e
de outros horrores cometidos sobre um
povo que não tinha terra. Dos Estados
Unidos à Austrália, o povo hebreu esp-
alhou-se pelos cinco continentes. Mas
eram um povo sem terra, sem país. Tin-
ham nação, mas não tinham território.
No lugar onde o xadrez do mundo
se joga, as Nações Unidas, os outros
países acharam acertado que a Judeia
dos tempos de Cristo devia ser recu-
perada. Os Judeus tinham de ter terra,
Terra Santa, nos antigos territórios de
onde, originalmente, provinham. Visto
assim parece acertado. Acontece que
a terra, que não é santa apenas para os
judeus, e Jerusalém, cidade reclamada
“Sim, Senhores Edis…”
parcela da terra deste e essa terra não
deve em nenhum momento se trans-
formar em vossa propriedade, mas
sim terra quem vos confiou a respon-
sabilidade de cuidar dela.
Sem obras, vão continuar a inferni-
zar as organizações que vos conduzi-
ram aos postos que ocupastes, pois o
retro foi lançado a todas as vossas or-
ganizações que não há lugares cativos
muito menos vitalícios ou eternos, pois
estes se tornariam assim, se as obras
vos acompanhar.
Não há lugares cativos, pois o árbitro
pode vos tirar do campo a qualquer
momento e sem possibilidade de ne-
gociar, pois sem desempenho (obras),
eles não vão se contentar e não se sen-
tirão moralmente atraídos no sentido
de vos manter.
O árbitro está e estará atento ao
vosso desempenho, principalmente
no que respeita ao cumprimento do
plano que vós desenhastes, que deve
coincidir com o ordenamento territo-
rial nos campos que estarão a jogar, o
que significa que nos bairros devem
continuar e com esforço dobrado a
criarem vias de acesso com a devida
manutenção, tomando em conta o
fenómeno de mudanças climáticas,
perante as quais vós não deveis ficar
desatentos.
Igualmente, o vosso treinador (ele
decide tudo), espera de vós que na
urbe desapareçam em definitivo os es-
paços ociosos, enquanto as urbes con-
tinuarem a crescer horizontalmente, ou
O grande xadrez do mundo
por três religiões, estavam ocupadas
por outro povo que também, em tem-
pos idos, tivera terras naquele lugar do
mundo. A Palestina.
Os sábios padres jesuítas nunca
começam uma conversa, que pode
durar dias, semanas ou meses, sem
que haja acordo quanto aos termos.
A discussão prévia pode, também ela,
levar semanas ou meses. Mas torna-se
fundamental, porque depois, quando
quem discute está de acordo quanto
aos termos, torna-se mais fácil chegar
a uma conclusão. Porque as palavras
significam o mesmo para os dois lados.
A decisão política da criação de dois
estados num único pedaço de terra
pressupõe, antes de mais, que os dois
lados se reconheçam mutuamente
como iguais; que aceitem que um e
outro têm direitos e deveres iguais;
que um e outro se respeitem mutua-
mente, nas suas diferenças, a começar
pela diferença religiosa; e que, um e
outro, estejam disponíveis para nego-
ciar, chegar a acordo e, depois disso,
cumprir o acordado, sem truques,
Segunda-feira 06 de Outubro de 2023
seja, largar o espírito de dentro da urbe
prevalecerem espaços activos que não
estão a fazer nada de ano para ano,
eliminar as ruínas que grassam e reti-
ram a estética de uma urbe. Sim, quase
em todas as instâncias municipais ex-
istem ruínas, algumas são mais idosas
ou adultas em relação ao grupo que
vos colocou no poder, o qual não quer
perceber de historietas sobre aqueles
espaços, entre outras historietas que
fazem parte do vosso apanágio.
Fostes, sim, dados a missão de
melhorar as estradas ou os acessos
aos centros urbanos, a melhoria das
condições de formação daqueles gru-
pos que papá Samora os denominou
de flores que nunca murcham, efec-
tivamente, não devem murchar por
causa da vossa inércia. Denominou-os,
o papá Somara, de continuadores, e
como tais, devem continuar o que vós
ireis iniciar, ou seja, o grupo de que se
refere vai continuar as vossas obras,
imaginem se não as iniciar ou as deixar
em curso.
Então, caros Edis, estão obriga-
dos (vossa missão), a melhorar as
condições oferecidas nos centros de
saúde sob a vossa alçada, a expansão
da energia eléctrica, água e das demais
infra-estruturas para os locais onde os
vossos “patrões” se encontram, aliás,
no âmbito do ordenamento territorial,
essas condições deviam ser cridas ou
previstas muito antes de aqueles lá se
instalar, para se evitar uma vez por to-
das a desorganização organizada que
Os sábios padres je-
suítas nunca começam
uma conversa, que
pode durar dias, sema-
nas ou meses, sem que
haja acordo quanto
aos termos. A discussão
prévia pode, também
ela, levar semanas.....
nem má-fé, sem rancores, nem ódios.
Desde 1948 que a jogada decidida
em Nova Iorque tem tudo para correr
mal. Não só porque os dois povos não se
puseram de acordo quanto aos termos,
Pensamentos Que Não São Meus
vai caracterizando as zonas de expan-
são nas áreas municipalizadas e não só.
Igualmente, os que vos confiaram
nos locais que passam a ocupar, espe-
ram que o Direito de Uso e Aproveita-
mento da Terra, que vocês têm a
missão de os atribuir (não é favor), não
deve representar nenhum encargo,
aliás, caros Edis, sabido que as casas já
foram construídas, o que vos resta é
fazer campanhas de atribuição, se não
for a título gratuito, que seja a um custo
mesmo de encerramento dos proces-
sos malparados para doravante e nas
zonas (novas) de expansão, os DUAT
serem anteriores à instalação das pes-
soas, os munícipes, neste caso.
Na verdade, (isto é assessoria),
devem se preocupar em dar títulos
de propriedade para os que já têm
propriedade e não continuarem na
ladainha de primeiro devem tratar
DUAT, depois licença de construção
(para construir o quê se a pessoa já está
vivendo na casa que conseguiu sacri-
ficadamente concretizar), e por fim dar
o famoso título de propriedade.
Meus caros Edis, o retro está lançado
e não digam que não foram avisados
sobre o que os que vos confiaram es-
peram de vocês, pois muito se espera,
e não de pirilampos nas estrada (gente
engravatada), e não de uma polícia
municipal que escorraça o patrão no
passeio sem necessariamente lhe indi-
car o local onde deve passar a se insta-
lar, que retém livrete do automobilista
por não ter pago umas quinhentas de
como os que votaram essa decisão não
fizeram a discussão prévia que pudesse
facilitar esse acordo. Hoje, numa altura
em que os grandes jogadores de xadrez
do mundo voltam a reclamar como
solução que haja dois estados numa
só terra, vale a pena lembrar que, mais
uma vez, a ideia sofre de um problema
de base. O Hamas, braço armado de um
partido político que governa a Palestina,
queéumpeãodeoutrograndejogador,
o Irão, não reconhece sequer o direito de
Israel a existir, quanto mais a que exista
em coabitação com a Palestina.
Desde a criação do Estado de Israel
que os judeus que escolheram viver
naquelas terras estão ameaçados de
extermínio e morte por todos os países
que os rodeiam. Israel ocupou terras,
expulsou, com terrorismo e violên-
cia, palestinianos, nunca cumpriu as
resoluções das Nações Unidas, talvez
porque o fundamentalismo dos viz-
inhos recuse a existência daquele povo.
No fundo, mais do que lutar pela
independência, Israel tem lutado pela
sobrevivência. Pelo direito a existir. Pelo
manifesto (sejam proactivos como as
seguradoras e as operadoras de tele-
fonia móvel o fazem, onde vão à rua
procurar os que por alguma razão não
têm os seus serviços). Saiam da zona
de conforto e vão buscar a receita de
forma ordeira na estrada.
Ainda, de vós o cidadão espera que
tudo o que cobram em forma de tax-
as, repito taxas, seja representado por
uma contraprestação (esta é a regra).
Se cobram a taxa de lixo, então recol-
ham o lixo (por favor desanexem esta
taxa no custo de energia). Se cobram
taxa de mercado, efectivamente de-
vem providenciar locais (bancas) para
os visados exercerem a actividade em
condições de saneamento e mais al-
guma coisa, pois, para além de serem
aqueles locais, locais de trabalho
daquele grupo, são, igualmente, locais
onde vós ireis retirar ou fazer a vossa
receita, incluindo o vosso salário.
Sim, Senhores Edis, mais do que
se disse nestas linhas, muito de vocês
se espera e não discursos políticos,
pois estes devem continuar nas or-
ganizações que vos suporta e não
na vossa actividade que deve deixar
de estar acoplada nas organizações
que vos suporta. Vocês devem servir
àqueles a quem pediram votos e até
se colocaram em situação de muita
pequenez e de pena. Então, contin-
uem efectivamente pequenos, sendo
que a grandeza deverá estar nas vos-
sas obras, sim, Senhores Edis. Repito,
sim, Senhores Edis.
direito a coabitar com outros povos
naquela geografia.
Também por isso, a história se vem
repetindo desde 1948. Não há como
sair deste impasse sem negociações
sérias e moderadas. Do lado pales-
tiniano, a moderação de Arafat, durante
décadas, e a de Abbas, nos tempos
mais recentes, foram substituídas pelo
radicalismo fundamentalista do Hamas
e de outros movimentos. Do lado isra-
elita, o medo de um povo que vive per-
manentemente ameaçado não ajuda a
criar laços de confiança com quem está
do outro lado da mesa.
Uns e outros têm as mãos mancha-
das de sangue. Entretanto, no grande
tabuleirodexadrezdomundo,senhores
de gravatas impecáveis e de colarinhos
brancos continuam a debitar palavras
e intenções. No fundo, no mundo, isra-
elitas e palestinianos são, apenas, peões,
num jogo global onde os equilíbrios de
poder se vão fazendo, precisamente, à
custa do sangue dos peões.
* Jornalista, artigo extraído do
Dn.pt.
 Público 9
Segunda-feira 06 de Outubro de 2023

NACIONAL

Partidos políticos não devem perigar a paz

- Apela Comissão Política da FRELIMO.

A
Comissão Política da FRELIMO apela aos partidos
políticos e cidadãos em geral a se distanciarem de
actos que colocam em causa o ambiente de paz,
união, civismo, convivência harmoniosa e postura de
cidadania dos moçambicanos. “A Comissão Política
considera este acto eleitoral o culminar de um exer-
cício democrático interno e transparente, iniciado a
partir dos órgãos de base do Partido, com a participa-
ção activa dos munícipes dos diversos estratos sociais,
comprometidos com a democracia”, afirmou Ludmila Maguni, porta-voz da
FRELIMO, em conferência de imprensa realizada na terça-feira, no final da
17ª sessão ordinária do órgão, dirigida pelo Presidente do partido e Presi-
dente da República de Moçambique, Filipe Nyusi.
Esta sessão, para além de analisar a eleitorais anunciados pela Comissão
actual situação económica e sociocul- Nacional de Eleições, no dia 26 de
tural do país, abordou também a actu- Outubro.
alidade política, caracterizada pela real- Entretanto, Ludmila Maguni sub-
ização das Sextas Eleições Autárquicas linhou que, “a Comissão Política de-
no dia 11 de Outubro findo. fende que o período pós-eleitoral
A porta-voz da FRELIMO transmitiu, deve ser um momento de reflexão e
em nome da Comissão Política, uma união para todos os moçambicanos
mensagem de agradecimento aos e condena, veementemente, os inci-
membros, simpatizantes e cidadãos dentes registados que culminaram
no geral, pelo voto depositado na FRE- com a perda de vidas humanas e
LIMO, nas Sextas Eleições Autárquicas feridos, a destruição de bens públi-
de 11 de Outubro do corrente ano, cos e privados, reiterando o apelo
num processo em que o partido ao diálogo construtivo para a paz
venceu em 64 das 65 autarquias em efectiva e duradoura, com vista a con-
disputa, de acordo com os resultados tínua consolidação da nossa jovem
Ludmila Maguni, porta-voz da FRELIMO
democracia, assim como a confiança
nos órgãos eleitorais e da justiça”.
Com efeito, “a Comissão Política
apela ainda aos partidos políticos e ci-
dadãos em geral a se distanciarem de
actos que colocam em causa o ambi-
ente de paz, união, civismo, convivên-
cia harmoniosa e postura de cidadania
dos moçambicanos”, apelou.
Num outro momento, a porta-voz
da FRELIMO fez saber que a Comissão
Política registou, com satisfação, o de-
sempenho da governação nos nove
meses do presente ano, caracterizado
por uma estabilidade macroeconómi-
ca, crescimento do Produto Interno
Bruto (PIB) em 4.4%, redução da in-
flação situando-se actualmente em
8.7%, redução do défice da balança
comercial abaixo dos 11.5% previstos
para o período, e encoraja o Gov-
erno a continuar a promover políticas
económicas e sociais com vista a plena
materialização do Programa Quinque-
nal do Governo 2020-2024.
Relativamente à situação social,
a Comissão Política, de acordo com
Ludmila Maguni, passou também em
revista a aproximação do início da ép-
oca chuvosa, 2023-2024. Com efeito,
lamenta a perda de vidas humanas e
destruição de casas e outros bens, na
sequência das chuvas intensas que
assolaram distrito do Gurué, província
da Zambézia e endereça pêsames e
manifesta solidariedade às famílias
enlutadas.
Na sequência, referiu a porta-voz, a
Comissão Política apela ao Instituto Na-
cional de gestão de Risco e Desastres
(INGD), para que continue a monitorar
a situação e a adoptar medidas de pre-
venção e de assistência em situações
de emergência face à aproximação da
época chuvosa e exorta a população
que vive em zonas propensas a cheias
e inundações a acatar as orientações
das entidades competentes.
O órgão saúda as Forças de Defesa
e Segurança (FDS), que, em coordena-
ção com a Missão da Comunidade de
Desenvolvimento dos Países da África
Austral e do Ruanda, registam avanços
noTeatro Operacional Norte, na defesa
da pátria face à acção terrorista, resul-
tando na restauração da estabilidade
e das actividades socioeconómicas da
população naquela região do país.
Esta saudação foi extensiva à Banca-
da Parlamentar da FRELIMO, na As-
sembleia da República, pelo trabalho
que tem realizado no cumprimento
da sua nobre missão como manda-
tária do povo e encoraja os deputados
a continuarem a promover um debate
esclarecedor em sede da produção leg-
islativa e da fiscalização parlamentar.

F Juventude deve ser protagonista

ilipe Nyusi con-
sidera que, o
lema “Aceleran-
do as Oportuni-
dades para a Ju-
ventude através
do Movimento
Juvenil que Ultra-
passa Fronteiras”,
escolhido para as celebrações no
dia 1 de Novembro, Dia da Juven-
tude Africana, desafia a juventude
a assumir o protagonismo respon-
sável no desenvolvimento do con-
tinente africano, em geral, e do país,
em particular, devendo, sempre,
manter-se firme e focada na uni-
dade nacional, na consolidação da
paz, reconciliação nacional, amor à
pátria e na renovação permanente
do espírito de trabalho e respeito
pelas nossas instituições, requisitos
básicos para juntos caminharmos
numa trajectória compartilhada e
previsível, rumo ao bem-estar de
todos os moçambicanos.
Desde a sua adopção pela União
Africana, em 2006, o Dia da Juventude
Africana é comemorado, anualmente,
a 1 de Novembro, visando exaltar o
papel de jovens como agentes de mu-
dança e promotores da primeira linha
de desenvolvimento socioeconómico
e sensibilizar a sociedade sobre a situa-
ção e os desafios da juventude no
nosso continente.
Por isso, na sua mensagem alusiva à
data, o Presidente da República afirma
que o lema desta celebração, inspirada
na “Iniciativa 1 Milhão” da União Afri-
cana, “chama-nos a atenção para a ne-
da consolidação da paz e reconciliação nacional
- Exorta Presidente da República na sua mensagem alusiva à passagem do dia internacional da juventude africana.
cessidade de trabalho conjunto de toda
a sociedade para solucionar os prob-
lemas que afectam a juventude, pro-
movendo, em particular, investimentos
em empreendedorismo, emprego,
educação e participação de jovens”.
“O lema desafia igualmente a ju-
ventude a assumir o protagonismo
responsável no desenvolvimento do
continente africano e do país, deven-
do, sempre, manter-se firme e focada
na unidade nacional, na consolidação
da paz, reconciliação nacional, amor à
pátria e na renovação permanente do
espírito de trabalho e respeito pelas
nossas instituições, requisitos bási-
cos para juntos caminharmos numa
trajectória compartilhada e previ-
sível, rumo ao bem-estar de todos os
moçambicanos”, sublinha Filipe Nyusi.
Para o Presidente da República, não
pode haver desenvolvimento genuí-
no de Moçambique sem a participa-
ção efectiva dos jovens.
“Em cada fase da história de uma
nação, os jovens escrevem a sua
história, história de superação, história
de autodeterminação, e esta história
só se torna sustentável quando é su-
portada por valores de patriotismo e
de moçambicanidade”, enfatizou.
Com efeito,“neste dia de celebração,
como Governo, renovamos o nosso
compromisso de continuarmos a tra-
balhar na criação de condições que fa-
cilitem a afirmação do jovem moçam-
bicano, no empoderamento de todos
os jovens no território nacional, dos es-
paços rurais às vilas e cidades para que
contribuam, de forma presente, com
seu saber, inteligência, criatividade e
com a sua energia para o seu bem-es-
tar, das suas famílias e do país em geral”,
vincou Filipe Nyusi na sua mensagem.
 10
NACIONAL
A
Ponte con-
struída sobre
Ponte 6 de Agosto
o rio Save, na
província
meridional
de Inham-
bane, foi re-
centemente
inaugurada
pelo Chefe do Estado, Filipe Nyusi.
A nova infra-estrutura tem como
denominação“Ponte 6 de Agosto”,
lembrando efectivamente a data
em que foi assinado o Acordo de
Maputo, de paz e reconciliação na-
cional, passam quatro anos. Com
a nova Ponte acaba o sofrimento
por que os automobilistas, prin-
cipalmente, os de transporte de
carga, passavam para atravessar
o rio que separa as províncias de
Inhambane e Sofala, respectiva-
mente, no Sul e Centro do país.
No evento que marcou a inaugu-
ração da Ponte, o Estadista moçambi-
cano iniciou a sua intervenção expli-
Nova Ponte sobre Rio Save baptizada com o nome 6 de Agosto
cando a origem do nome, Ponte 6 de
Agosto, atribuída à nova infra-estru-
tura. Referiu que a imponente infra-
estrutura foi baptizada pelo Governo
com este nome (Ponte 6 de Agosto),
em homenagem à assinatura do acor-
do de Maputo com vista a celebrar
esta conquista notória para economia
nacional.
Segundo o Presidente Nyusi, a con-
strução da nova Ponte e a reabilitação
da anterior insere-se numa visão mais
ampla de ligar o país por estrada de
uma forma segura do Rovuma ao
Maputo, através da estrada nacional
número um, da Ponta d’Ouro no ex-
tremo Sul e Negomano no extremo
Norte.
“Por aqui, durante muitos anos, pas-
saram viaturas transportando pessoas
e bens, que não tinham certeza de que
chegariam ao seu destino por causa
das hostilidades militares, portanto,
camionistas transportando mercador-
ias para Mocuba, Nampula, Pemba
ou Lichinga, não acreditavam que
a marcha poderia não terminar em
Muxúngue, ou de Maputo com feijão
para Vilankulo, Massinga, Zavala, Xai-
Uma designação merecida
- Vontade de homenagear a Paz acima de caprichos
Xai ou Zimpeto, não acreditavam que
a viagem não seria interrompida em
qualquer outro destino”salientou, para
depois acrescentar que“a vontade dos
moçambicanos foi acima de todos os
caprichos, libertaram-se do egoísmo,
uma libertação não condicionada e
sem cinismo, sentaram e falaram de
corações abertos, em 6 de Agosto de
2019, na cidade de Maputo e disseram
“basta ao sangue e sim ao desenvolvi-
mento”, porque é desejo e esperança
de todos os moçambicanos que de
forma duradoura a Ponte 6 de Agosto
suporte o peso da paz, condição im-
prescindível para o desenvolvimento
de uma Nação”.
Filipe Nyusi, momentos após a inauguração da Ponte 6 de Agosto
Público
Segunda-feira 06 de Outubro de 2023
Desta forma, Filipe Nyusi lembrou
que, a emblemática Ponte suspensa
sobre o rio Save, com cerca de 870
metros, foi projectada nos princípios
da década de 60, e foi inaugurada no
dia 16 de Setembro de 1972. Nessa
altura foi concebida para suportar 48
toneladas, sendo que, com o passar
do tempo e com o desgaste natural,
como consequência do impacto de
várias tempestades estremas, a sua
capacidade reduziu-se.
Esta realidade, segundo o Estadista,
ditou a limitação da carga de 48 para
30 toneladas e foi restringida a traves-
sia dos veículos pesados para um de
cada vez.
Por esta razão, o Governo interveio,
por reconhecer que a limitação do
peso estava a criar constrangimentos
e enormes prejuízos aos transportado-
res e à economia nacional e da região,
tendo em conta a localização geográ-
fica de Moçambique.
“Perante esta situação em que vezes
sem conta o tráfego rodoviário pesado
era o brigado a efectuar o baldeam-
ento da carga nas duas extremidades
da Ponte, o Governo desenhou uma
solução que consistiu na construção
de uma nova Ponte e na reabilitação
da antiga sobre o rio Save, com o ob-
jectivo de responder ao crescimento
do tráfico diário de mais de 500 via-
turas, maioritariamente pesadas, que
usam esta infra-estrutura”, avançou.
Segundo o estadista, a Ponte é
fundamental, pois permite o trânsito
do tráfego de Moçambique para to-
dos os países vizinhos, tais como a
República da África do Sul, Eswatine,
Zimbabwe, Zâmbia, Malawi e Tan-
zânia, através da Estrada Nacional
Número Um (EN-1).
Por outro lado, Nyusi Indica que os
impactos das mudanças climáticas, os
picos de cheias que se têm verificado
nos rios nacionais, justificaram a neces-
sidade de dotar a travessia do rio Save
de uma Ponte mais extensa e mais
moderna, para que possa responder
aos novos desafios gerados pelo
aquecimento global.
“É neste sentido que a nova Ponte,
com cerca de um quilómetro, para
além de ser de estrutura rígida, con-
tínua, de betão armado pré-forçado,
é mais extensa que a outra em cerca
de 30 metros, sendo mais uma infra-
estrutura imponente, viável como
solução de um problema concreto,”
avançou
Com efeito, Filipe Nyusi apontou
que as obras de construção desta
importante Ponte foram totalmente
financiadas pelo Governo de Moçam-
bique, no valor de 6 mil milhões de
meticais e é a maior ponte construída
pago pelo orçamento do Estado no
período pós independência.
“Se não tivéssemos o poder de
antecipação, poderíamos ter sido sur-
preendidos com o estado em que se
encontrava a antiga Ponte, portanto,
em termos de carga, a nova Ponte
tem capacidades para suportar 48
toneladas e sem restrição do número
de viaturas pesadas sobre a mesma,
obedecendo os regulamentos de
circulação de veículos e foi construída
segundo os padrões universais de re-
siliência e segurança”.
“Não obstante ter sido construída
uma nova Ponte, a antiga passa agora
a acomodar o tráfego ligeiro e em caso
de necessidade ou urgência, a mesma
pode ser usada para o tráfego pesado,
deformacondicionada”disseoEstadista.
De acordo com o Presidente da
República, constitui também priori-
dade a conclusão das obras de reabilita-
ção do principal eixo ferroviário do país,
estando o seu início previsto para o
primeiro semestre do próximo ano.“Es-
tamos neste momento a trabalhar para
estruturar o financiamento de modo
a procedermos a construção de mais
uma Ponte sobre o rio Save, ligando os
distritos de Massangena, na província
de Gaza, e os do Mossurize e Machaze,
na província de Manica”,referiu.

Já lançada pelo Chefe do Estado, Filipe Nyusi
Boas perspectivas para campanha agrícola
P
ara a presente
campanha agrí-
cola (2023/2024),
Moçambique tem
boas perspectivas,
julgando pelos
dados anunciados
pelo Chefe do Esta-
do, Filipe Nyusi, durante a cerimó-
nia que marcou o lançamento
da época. Trata-se de dados que
apontam para um crescimento de
5,2 porcento, contra 14 porcento
alcançados na campanha passada
2022/2023.
Com efeito, o lançamento da cam-
panha agrícola 2023/2024 ocorreu
na última sexta-feira, na localidade
de Mapinhane, distrito de Vilankulo,
província de Inhambane, visando,
entre outros objectivos, promover o
papel do sector agrário no desenvolvi-
mento socioeconómico do país.
Na ocasião, o Presidente da Repúbli-
ca, Filipe Nyusi, fez saber que, o sector
agrário contribuiu com cerca de 388 mil
milhões de meticais para a economia
nacional, na campanha 2022/2023,
devido ao crescimento do volume
de produção de produtos prioritários
como cereais, leguminosas, hortícolas,
raízes e tubérculos, amêndoas.
Para a próxima campanha
2023/2024, o sector, segundo o Chefe
do Estado, projecta um crescimento
de 5,2 porcento, contra 14 porcento
alcançados na presente campanha
2022/2023.
“Na última campanha, alcançamos
um volume de produção global de
cerca de 388 mil milhões, o que repre-
senta um crescimento de 14 porcento
em relação à campanha anterior”disse
o Presidente Nyusi, explicando que os
cereais registaram um crescimento de
17 porcento, com 3,3 milhões de tone-
ladas contra 2,8 milhões de toneladas
da época anterior, sendo que o milho é
o que mais contribuiu com 2,8 milhões
de toneladas, e o arroz somente com
256 mil toneladas.
"Este crescimento foi impulsionado
Refira-se que a construção de-
sta Ponte enquadra-se na estratégia
do Governo de Moçambique, de criar
uma estrada alternativa, à estrada na-
cional número um, passando por Ma-
cia, Chókwè, Guijá, Mabalane, Mapai,
Massangena, Mossurize, Chimoio até
Muxúngue ou Inchope.
Na mesma senda, Nyusi fez saber
que decorrem obras de melhoria das
principais vias de acesso, nos troços de
Gorongosa, Muera, Nhamapaza, Caia
naprovínciavizinhadeSofala,Chimuara-
Nicoadala na província da Zambézia,
Rio Lúrio Metoro na província de Cabo
Delgado, com vista a permitir melhores
Presidente da República no lançamento da Campanha Agrícola 2023 - 2024
pelo crescimento do milho, que atin-
giu 2,8 milhões de toneladas, e do
arroz, que atingiu 256 mil toneladas",
referiu Nyusi.
Segundo o Presidente Nyusi, as le-
condições de transitabilidade.
Por outro lado, referiu que, ao lon-
go do presente mês de Novembro,
iniciaram as obras de reparação de
emergência do troço Rio Save-Casa
Nova, em Inchope, cujos trabalhos de
emergência juntam-se as obras de re-
abilitação em curso, no troço Nicoadala
e Namacura, onde já foram pavimenta-
dos 29 quilómetros dos 30 previstos.
“Na Zambézia, mais concretamente
em Mocuba, asseguramos os recursos
financeiros para a construção de mais
uma nova Ponte sob o rio Licungo, de
cerca de mil metros, cujas obras inclu-
irão a construção de uma estrada de
Público
Segunda-feira 06 de Outubro de 2023
guminosas registaram um crescimento
de 28 porcento, com uma produção de
722 milhões de toneladas contra 565
milhões da época anterior, já os feijões
cresceram na ordem de 25 porcento,
acesso, em cerca de 20 quilómetros,
desviando o tráfego que passa pelo
centro de Mocuba”avançou
“Já nas províncias do Niassa e Nam-
pula, estamos a terminar a obra de
construção de uma Ponte sobre o rio
Lúrio, ligando os distritos de Nipepe e
Lalaua, uma infra-estrutura que nos foi
solicitada pela população em 2015 e
como podemos ver, o meu Governo
não deixa nenhuma parcela do país
para trás, dentro de meses vai ser in-
augurada uma fábrica de grafite, e, por
isso, acredito que esta ponte veio num
bom memento”apontou
O Estadista avançou ainda que
com 310 milhões de toneladas contra
306 milhões da época passada.
“Asraízesregistaram,igualmente,um
crescimento na ordem de 6 porcento,
com uma produção de 7,3 milhões
de toneladas contra as 6,9 milhões de
toneladas da época anterior, com de-
staque para a mandioca, que saiu das
6,4 milhões de toneladas da época pas-
sada para 6,8 milhões de toneladas o
equivalente a 6 porcento”,disse.
Destacou que o crescimento no
ramo da agricultura é fruto de árduo
trabalho dos agricultores familiares
que souberam abraçar e capitalizar os
diferentes programas de integração
de agricultura familiar em cadeias de
valores produtivas.
“Foram integradas 550 famílias no
programa de fomento, com destaque
para o Sustenta, com 316 mil famílias e
algodão com cerca de 134 mil famílias”,
disse.
Destacou ainda que o crescimento
registado na campanha 2022/2023
deve-se também ao uso de fertili-
zantes, ao financiamento bonificado, à
estabilização de preços.
PREPAREM-SE PARA NIÑO
decorrem obras de construção de
uma nova Ponte em Manica, na estra-
da nacional número seis, mais concre-
tamente no distrito de Gondola, e em
Mavago província de Niassa.
Acrescentou ainda que decorrem
as obras de reabilitação da Ponte sobre
o Rio Rovugué, pois a plataforma des-
locou-se por duas vezes, entretanto
as obras vão permitir a reposição de
circulação de viaturas no troço vital da
economia no eixo Tete-Moatize.
“Na Zambézia assumimos o com-
promisso de construção de uma
Ponte de estrutura metálica sob o Rio
Lualua, no distrito Derre, uma travessia
11
NACIONAL
Mais adiante, o Presidente moçam-
bicano alertou para um "impacto sig-
nificativo" do fenómeno El Niño sobre
a agricultura no país, pedindo que os
agricultores estejam preparados para
os efeitos, no âmbito da campanha
agrícola 2023/2024.
"Devemos estar preparados para
eventualidades decorrentes do fenó-
meno El Niño, que influencia o clima
provocando fenómenos climatéricos
adversos", disse o Chefe do Estado
em Inhambane, Sul de Moçambique,
durante o lançamento da campanha
agrícola 2023/2024.
Segundo Filipe Nyusi, o fenómeno
meteorológico poderá causar escas-
sez de chuva nas zonas Sul e Centro de
Moçambique, "com impacto significa-
tivo na agricultura".
Em Junho passado, refira-se, os ser-
viços meteorológicos moçambicanos
avisaram que o país deve se preparar
para a seca nas regiões Centro e Sul,
a par de chuvas acima do normal no
Norte com a formação do fenómeno
natural El Niño.
Moçambique foi atingido com in-
tensidade pelo El Niño entre 2018 e
2019, seguindo-se depois o período
La Niña, com condições inversas, que
provocaram chuvas acima do normal
em todo o território nacional.
O país é considerado um dos mais
severamente afectados pelas alter-
ações climáticas no mundo, enfrentan-
do ciclicamente cheias e ciclones trop-
icais durante a época chuvosa, que
decorre entre Outubro e Abril.
O período chuvoso de 2018/2019
foi dos mais severos de que há
memória em Moçambique: 714 pes-
soas morreram, incluindo 648 vítimas
dos ciclones Idai e Kennedy, dois dos
maiores de sempre a atingir o país.
Já no primeiro trimestre deste ano,
as chuvas intensas e a passagem do ci-
clone Freddy provocaram 306 mortos,
afectaram no país mais de 1,3 milhão de
pessoas, 236 mil casas ficaram destruídas
e 3.200 salas de aula ficaram arruinadas.
que tem estado a empatar as activi-
dades socio económicas”avançou
Entretanto, o Estadista indicou que
não se deve apenas construir pontes
sem que seja feita a devida manuten-
ção e inspecção cumprindo rigorosa-
mente todas as medidas, sob pena de
estas infra-estruturas se danificarem
precocemente.
“Os automobilistas devem respeitar
os limites de velocidade e de carga, e a
Polícia de Trânsito e outras entidades
de fiscalização rodoviária devem tam-
bém fazer o seu trabalho de educar
em primeiro lugar, depois impor o
comprimento das regras”, concluiu.
 12 Público
Segunda-feira 06 de Outubro de 2023

CENTRAIS
Apreendidos durante as manifestações da Renamo em Maputo e Nampula

Explosivos caseiros desafiam Polícia

- Considera ministro do Interior, Pascoal Ronda, durante as respostas aos deputados, na Assembleia da República;
- Mesmo assim,“a situação política do país é estável, como atesta o normal funcionamento das instituições do Estado, consubstanciada pela realização das Sextas Eleições Autárquicas, no passado dia

A
11 de Outubro, num ambiente tranquilo e ordeiro”, destaca primeiro-ministro, Adriano Maleiane.

pesar da ausência da Renamo e do MDM na sala das sessões, o governo esteve no parlamento, na pretérita quarta-feira, para responder às perguntas colocadas
pelas três bancadas parlamentares. Falando perante a bancada da FRELIMO, Ronda repudiou as atitudes que cheiram à violência por parte dos manifestantes da
Renamo em reacção aos resultados das Sextas Eleições Autárquicas, que dão vitória ao partido no poder em 64 autarquias. Mais precisamente, o pelouro da pasta
do Interior condenou a utilização de engenhos explosivos de fabrico artesanal por parte dos manifestantes, durante a sua marcha, no dia 27 de Outubro, tendo
sido apreendidos 59 engenhos nas cidades de Maputo e Nampula. O governo – vincou o ministro – não vai tolerar qualquer tipo de conduta que vise instaurar um
ambiente de desordem e instabilidade no país, e que impacte negativamente em actividades de geração de renda para as famílias. Segundo explicou, o monopólio
do uso da força pertence única e exclusivamente ao Estado, que, através dos seus órgãos, compete-lhe a responsabilidade de assegurar o cumprimento das leis
emanadas por entidades competentes. Aliás – elucidou – foi em virtude desta sua responsabilidade, que a Polícia da República de Moçambique (PRM) actuou com
isenção, imparcialidade e apartidarismo, tomando sempre em atenção o interesse público, que é o objectivo primordial da sua existência.

ANSELMO SENGO
Email: sengoans@yahoo.co.br
Nesta sessão reservada às infor-
mações do governo, em resposta às
questões apresentadas pelas três banca-
das parlamentares, o governo esteve
sobacoordenaçãodoprimeiro-ministro,
Adriano Maleiane. Na sua intervenção
inicial, o primeiro-ministro começou por
saudar o Presidente da República, Filipe
Jacinto Nyusi, pela liderança e firmeza
na preservação e manutenção da paz,
coesão e Unidade Nacional, assim como
na busca de soluções para os desafios
económicos e sociais com o objectivo
último de garantir a melhoria contínua
do bem-estar do povo moçambicano.
Mais adiante, considerou que a
situação política do país está, neste
momento, estável, facto que se pode
depreender a partir do ambiente tran-
quilo e ordeiro que caracterizou as Sex-
tas Eleições Autárquicas, no passado dia
11 de Outubro, incluindo o próprio fun-
cionamento das instituições do Estado.
Isso “demonstra o interesse dos
moçambicanos em continuar a
aprofundar e a consolidar o processo
democrático”, disse Adriano Maleiane,
enaltecendo os moçambicanos pela
participação pacífica, ordeira e cívica
nestas Eleições Autárquicas.
“Tomamos ainda esta ocasião para
sublinhar os importantes passos dados
até então na busca da paz definitiva
e reconciliação entre os moçambica-
nos, com a conclusão com sucesso do
processo de desmobilização e desmili-
tarização dos homens residuais da Re-
namo”,referiu.
Actualmente – prosseguiu – o Gov-
erno e os parceiros de cooperação
estão empenhados em assegurar a
implementação efectiva do processo
de reintegração destes homens, que
inclui a fixação e atribuição de pensões.
“Em relação à prevenção e combate
ao terrorismo, registamos estabilidade
na província de Cabo de Delgado, o que
sepodeconstatarcomoregressogradu-
al das populações e a retoma das activi-
dades económicas e sociais”,destacou.
Ainda na sua intervenção, Adriano
Maleiane vincou que a prevalência do
Pascoal Ronda, MINT
ambiente de estabilidade abre boas
perspectivas para que, nos próximos
tempos, haja decisão definitiva da reto-
ma dos grandes projectos que estavam
a ser implementados naquela região, o
que irá dinamizar cada vez mais a activi-
dade económica do nosso país.
“No presente ano, a nossa economia
continua a registar uma tendência de
recuperação, consubstanciada pelo
crescimento do Produto Interno Bruto
de 4.17% e 4.67%, no primeiro e segun-
do trimestre de 2023, respectivamente”,
destacou.
Adriano Maleiane frisou ainda que,
esta tendência é impulsionada pelo
desempenho positivo dos sectores da
indústria extractiva, agricultura, hote-
laria e turismo.
“A taxa média de inflação situou-se
em 8.65% até ao mês de Setembro,
abaixo de 11.5%, média planificada
para o presente ano. Este desempenho
macroeconómico leva-nos a acreditar
que a nossa economia irá atingir até
ao final do ano um crescimento de 5%,
meta prevista no Plano Económico e
Social e Orçamento do Estado (PESOE
2023) ”,salientou.
PERGUNTAS AO MINISTRO DO
INTERIOR
Esta sessão de perguntas ao governo
teve lugar uma semana depois das
manifestações da Renamo alegada-
mente em repúdio aos resultados das
eleições autárquicas de 11 de Outubro,
nas quais, de acordo com a Comissão
Nacional de Eleições, (CNE), a FRELIMO
venceu em 64 autarquias e o MDM em
uma, na cidade da Beira.
Por isso, as bancadas parlamenta-
res da Renamo e do MDM pautaram
pela ausência na sessão, incluindo na
cerimónia solene de abertura.
Ora, este facto, não coibiu o governo
de prestar contas aos moçambicanos
sobre os vários assuntos da vida social,
económica do país.
Mas, entre os membros do gov-
erno presentes na magna casa, o de-
staque foi para o ministro do Interior,
Pascoal Ronda, que, ao responder às
questões apresentadas pela bancada
parlamentar da Renamo, sobre a ac-
tuação da PRM, lembrou a todos que
o monopólio do uso da força pertence
única e exclusivamente ao Estado, que,
através dos seus órgãos assegura o
cumprimento das leis emanadas por
entidades competentes.
“Por isso, qualquer acto que se
consubstancie em violência, perpe-
trada por um indivíduo ou grupo de
indivíduos, a Polícia, no âmbito das
suas atribuições, é chamada a intervir
prontamente para evitar a produção
ou generalização de danos, quer hu-
manos, quer patrimoniais, assim como
materiais”,esclareceu.
Ronda respondia a uma pergunta
da bancada parlamentar da Renamo,
que pediu esclarecimento ao governo
sobre a razão da alegada violação da
lei, uso excessivo e desproporcional da
força e reiterado impedimento do ex-
ercício do direito de manifestação dos
cidadãos.
A Renamo alegava ainda que, duran-
te qualquer manifestação ou marcha
públicas, que não sejam organizadas
pelo partido no poder, a polícia age no
sentido de impedir, como se os actos
populares fossem contra a própria Polí-
cia da República de Moçambique; e
pedia também autorização para a real-
Agente da PRM ferido com explosivo de fabríco caseiro em Nampula
ização de marchas.
A mesma bancada refere ainda no
seu pedido de informações que a PRM,
nos actos de impedir a livre expressão
dos sentimentos populares, pronta-
mente mostra a sua musculatura, exib-
indo viaturas blindadas e de combate,
gás lacrimogénio, número elevado
de agentes envolvidos e equipados
com armas de fogo, actos que não se
verificam quando os cidadãos pedem
socorro, quando são vítimas de roubos,
furtos e sequestros.
Alega igualmente que nas recen-
tes Eleições Autárquicas, os agentes
da PRM actuaram de forma parcial,
combatendo os representantes dos
partidos políticos da oposição, como se
a própria PRM fosse um dos concorren-
tes às eleições.
AS RESPOSTAS
Em face das perguntas da bancada
parlamentar, o ministro do Interior foi
ao pódio esclarecer que, as funções da
PRM estão descritas no artigo 253, da
Constituição da República, e no artigo
3, da Lei nº 16/2013, de 12 de Agosto,
bem como no artigo 3, do Estatuto
Orgânico da PRM, aprovado pelo De-
creto nº 85/2014, de 31 de Dezembro,
alterado e republicado pelo Decreto nº
58/2019, de 1 de Julho, que regem a
sua organização, o seu funcionamento
e a sua actuação.
Na sua actuação, disse Pascoal Ron-
da, a PRM pauta pelo rigor no respeito
pela legalidade, isenção, imparciali-
dade, objectividade e apartidarismo,
tomando sempre em atenção o inter-
esse público, que constitui o objectivo
primordial da sua existência.
“Portanto, a sua acção não depende
de qualquer filiação partidária”, ga-

rantiu, observando que o direito à
liberdade de reunião e de manifestação
têm o seu regime jurídico consagrado
na Lei nº 9/91, de 18 de Julho, alterada
e republicada pela Lei nº 7/2001, de 07
de Julho. “Desde logo, fica claro que a
PRM reconhece a manifestação como
um direito fundamental, sendo que o
seu exercício é regulado por legislação
específica”,frisou.
Entretanto, ministro do Interior expli-
cou que o direito à liberdade de reunião
e de manifestação deve ser exercido
de modo a evitar a colisão desse direito
com o de demais cidadãos, que no
mesmo tempo e espaço possam estar
a exercer igualmente os seus direitos
constitucionalmente consagrados.
Em outras palavras,“ queremos dizer
que, onde as pessoas têm a liberdade
para exercerem o seu direito à liber-
dade de reunião e de manifestação, há
uma necessidade de se salvaguardar o
direito de livre circulação de pessoas e
bens dos não manifestantes, para diver-
sos fins”,esclareceu.
Sublinhou ainda que “o exercício
deste direito não pode impedir os de-
mais cidadãos o direito de se desloca-
rem livremente para diversos fins, por
exemplo, ao local de trabalho, à escola,
ao mercado, ao funeral, a uma consulta
hospitalar ou impedir que uma am-
bulância que transporta um doente em
estado grave deixe de usar uma via que
poderia ser a mais rápida para garantir
o socorro tempestivo ao paciente”. As-
sim, apontou,“cabe à PRM garantir que
não haja choque entre estes direitos ex-
tremamente sensíveis”.
Nesse contexto, Pascoal Ronda fez sa-
ber que, para garantir que haja uma con-
cordância prática no exercício de todos
os direitos fundamentais dos cidadãos, a
Leiqueregulaoexercíciodaliberdadede
reunião e de manifestação, impõe que,
quem pretenda manifestar-se tenha de
avisar previamente as autoridades civis e
policiais da área de jurisdição sobre a sua
pretensão, para que tenha amparo legal
e protecção policial.
Com efeito, “os cidadãos que exer-
cem esse direito consagrado na Con-
stituição, em parte fazem-no para rei-
vindicar determinados direitos. É nesse
sentido que há necessidade de se ob-
servar os pressupostos legais para o seu
exercício pleno”,frisou.
Assim, o ministro do Interior defende
que é de suma importância “o aviso
prévio, indicando o número aproxima-
do de manifestantes, pontos de partida
e de chegada, bem como a respectiva
trajectória”.
RESULTADO DAS
MANIFESTAÇÕESVIOLENTAS
Paradoxalmente, depois da votação
e divulgação dos resultados das Sextas
Eleições Autárquicas pela Comissão Na-
cional de Eleições, foram registadas 130
manifestações no território nacional,
das quais, 25 de carácter violento, nas
províncias de Nampula (09); Zambézia
(06); Maputo Cidade (06); Cabo Delga-
do(01);Niassa(01);Tete(01)eSofala(01).
Em resultado destas manifestacções
violentas, foram lavrados 33 processos-
crime com 237 indiciados detidos; 149
na província de Nampula; 33 na Zam-
bézia; 23 na cidade de Maputo; 16 em
Niassa; 11 em Sofala e cinco pessoas na
província deTete.
“Importa esclarecer que todas as de-
tenções ocorridas no âmbito das mani-
festações, resultam da violação da Lei e
não pela sua pertença a qualquer filia-
ção partidária”,enfatizou Pascoal Ronda.
O ministro do Interior lamentou a
morte de uma pessoa na província
de Cabo Delgado e o ferimento de 29
cidadãos, sendo, 25 na província de
Nampula e quatro na Zambézia.
“De igual modo, tivemos o registo
de 04 membros da PRM feridos, nas
provínciasdaZambézia(02)ecidadede
Nampula (02), dos quais 01 com mem-
bro superior direito amputado”,anotou.
O membro do Governo fez saber
ainda que, houve registo de danos em
bens públicos e privados, caracteriza-
dos pela destruição de 139 bancas no
mercado 3 de Fevereiro e 01 residên-
cia, no distrito de Molócue, província
da Zambézia; por danos avultados em
21 viaturas, sendo 12 particulares no
distrito de Nacala; uma pertencente à
TVM na cidade de Nampula; uma do
STAE na cidade de Quelimane; três do
Ministério da Saúde na Cidade de Ma-
puto; quatro da PRM em Cuamba, na
província do Niassa; Angoche, Nacala e
cidade de Nampula.
“Nestas manifestações, registamos
um fenómeno novo, que é o uso de
engenhos explosivos de fabrico caseiro
por parte dos cidadãos manifestantes.
Público
Segunda-feira 06 de Outubro de 2023
Assim, foram apreendidos 59 engenhos
explosivos, sendo 55 na cidade de Ma-
puto e 04 na cidade de Nampula. Isto
não é civilização”,denunciou o ministro.
Ainda na província da Zambézia,
prosseguiu, foram detonados 02 en-
genhos explosivos sobre a viatura do
director do STAE de Quelimane.
Entretanto, para Pascoal Ronda,
“decorrente dos dados acima apresen-
tados, é inquestionável a perigosidade
destas manifestações que, uma vez
mais, colocam a necessidade premente
da presença e intervenção policial”.
Perante estes factos, o governante
reafirmou que “é evidente que o limite
do direito à liberdade de manifestação
é a ordem pública, que também é um
bem jurídico fundamental”.
Aliás, enfatizou o ministro,“a presença
policial tem em vista a protecção dos
manifestantes para garantir o livre exercí-
ciodoseudireitoeprevenirqueindivídu-
os de má conduta possam desviar a sua
finalidadeeprovocareventuaissituações
susceptíveis de alterar a ordem, seguran-
ça e tranquilidade públicas”.
E nesse contexto, vincou que não
constitui verdade a indicação de que
manifestações ou marchas públicas,
que não sejam organizadas pelo par-
tido no poder, a PRM age no sentido
de impedir, como se os actos populares
fossem contra a própria Polícia.
“A PRM não reprime manifestações,
a PRM protege as manifestações pacífi-
cas, contudo, quando estas se tornam
violentas, a PRM é impelida a intervir
para garantir a protecção dos cidadãos,
dos seus bens, bem como o funciona-
mento normal das instituições públicas
e privadas”,frisou.
“Se com a presença da PRM no ter-
reno registamos os incidentes e danos
acima arrolados, imagine-se como
seria a situação se ela tivesse pautado
pela inacção, tal como sugerem alguns
indivíduos”, indagou, para de seguida
realçar que a PRM, em função das
tendências dos dados resultantes de in-
formações operativas credíveis, a título
de exemplo, determinadas ameaças de
destruição, roubo, agressões, vandaliza-
ção, paralisação do decurso normal de
actividades, pondo em causa a livre cir-
culação de pessoas e bens, deve actuar
sempre observando o princípio de in-
alienabilidade da ordem, tranquilidade
e segurança públicas (bem jurídico
maior), nos termos do contrato social.
No caso vertente das presentes
Eleições Autárquicas de 11 de Outubro,
o ministro do Interior garante que a
PRM procedeu o acompanhamento
das manifestações, aplicando as forças e
meios de acordo com o levantamento
prévio da situação operativa real, aplicáv-
el universalmente em situação de con-
trolo de massas que, naturalmente, se
difere de uma actuação policial em caso
de resposta à criminalidade comum.
“Nesta conformidade, fica evidente
que, em nenhum momento a PRM
fez uso excessivo e desproporcional da
força,porquanto,estaapenasgarantiua
ordem e segurança públicas, protegen-
do todas as organizações políticas en-
volvidas em todas as fases do processo
eleitoral, criando condições de seguran-
ça e tranquilidade para que os cidadãos
exerçam o seu direito de forma livre e
sem nenhuma perturbação”,disse.
ADESÃO ÀS MANIFESTAÇÕES
Ainda na sua intervenção, Pascoal
Ronda lembrou aos moçambicanos
que o monopólio do uso da força per-
tence única e exclusivamente ao Es-
tado, que, através dos seus órgãos asse-
guraocumprimentodasleisemanadas
por entidades competentes.
Por isso, deixou um apelo no sentido
de que qualquer acto que se consub-
stancie em violência, perpetrada por
um indivíduo ou grupo de indivíduos,
a Polícia, no âmbito das suas atribuições,
é chamada a intervir prontamente para
evitar a produção ou generalização de
danos, quer humanos, quer patrimoni-
ais, assim como materiais.
“E, qualquer pessoa que decida
13
CENTRAIS
aderir à manifestação deve observar
a Lei e evitar a prática de actos que
perturbem a ordem, segurança e tran-
quilidade públicas ou que configurem
a prática de crime, sob pena de incorrer
em responsabilidade criminal, nos ter-
mos da Lei”,aconselhou.
Nesse contexto, “gostaríamos de re-
cordar que ninguém deve ser coagido
a tomar ou não tomar parte de qual-
quer reunião ou manifestação, pois a
responsabilidade criminal é individual
e intransmissível. Daí que, apelamos a
todos os cidadãos a usarem da sua ca-
pacidade de discernimento para avali-
arem e julgarem as motivações de qual-
querreuniãooumanifestação,paraque
não se deixem levar por incitamentos à
desordem pública”.
De forma particular, indicou o minis-
tro, “queremos apelar aos jovens, a não
se deixarem influenciar por indivíduos
de má-fé que, frequentemente, incitam
esta camada para fazer uso da sua força
e vitalidade em actos de destruição de
bens públicos e privados que, quando
levadosà barra da justiça,os promotores,
bem como os incitadores não darão a
cara e nem lhes providenciarão defesa”.
Por isso, o ministro do Interior disse
que “não serão toleradas condutas de
desordem que visem criar ambiente de
instabilidade e sentimento generalizado
de insegurança, que coloquem em cau-
sa a economia do país, a prossecução de
actividades de geração de renda para as
famílias, bem como o normal funciona-
mento das instituições”.
De igual modo, “gostaríamos de
exortar para a necessidade do uso con-
sciente e responsável das redes sociais,
evitando a difusão de mensagens que
criem, por um lado, a violência, a desin-
formação, a desordem pública, a ofensa
à honra e dignidade de terceiros, dos
órgãos de soberania e, por outro lado,
o sentimento de insegurança social”,
salientou Pascoal Ronda.
Assim, “queremos reforçar o apelo
de aguardarmos com civismo e ur-
banidade, o anúncio oficial dos resul-
tados das Sextas Eleições Autárquicas,
como nosso rico contributo para a
manutenção da ordem, segurança e
tranquilidade públicas. Os actos sub-
sequentes de validação e promulga-
ção dos resultados eleitorais devem
merecer da parte de todos os moçam-
bicanos o devido respeito, o que en-
grandecerá o nosso Estado de Direito
Democrático”, apelou.
 14 Público
Segunda-feira 06 de Outubro de 2023

ECONOMIA

Magala exige mudanças na gestão da LAM

- E a companhia aérea de bandeira nacional vai retomar voos para Lisboa (Portugal) e inaugurar voo para Cidade do Cabo (África do Sul) este ano, e prevê“lucros”milionários por cada viagem.

O
ministro dos
Transportes
e Comunica-
ções, Mateus
Magala, exige
a mudança
de liderança
e pensam-
ento na gestão das Linhas Aéreas de
Moçambique (LAM). A reacção de
Magala surge seis meses após a in-
tervenção da Fly Modern Ark (FMA),
no processo de reestruturação da
companhia de bandeira nacional.
De acordo com o ministro, o des-
empenho da operadora está aquém
do desejado, e a nova liderança ainda
está abaixo dos níveis de desafios que
se impõem à LAM.
Ele constatou que a LAM carece de
uma liderança fortificada, mentalidade
criativa, transparência e foco. Mas, tam-
bém, reconhece que, com a interven-
ção da FMA, a LAM registou avanços
significativos, como a introdução de
novas rotas nacionais e internacionais.
Mas, apesar do aumento do fluxo de
passageiros, ainda não está satisfeito.
“Ainda não estou satisfeito. Penso
que a LAM tem de ter uma imagem
bastante respeitável. Tem de ser
um ponto de orgulho. Tem de ser a
moçambicanidade. Ainda não che-
gamos lá, mas os passos que foram
dados de Abril até aqui são de louvar”,
disse o ministro, citado pela Rádio
Moçambique.
Na óptica de Magala, que falava
a partir de Blantyre, Malawi, o maior
segredo para alavancar a companhia
“é a mudança das mentes, atitudes e
liderança desse processo”. Disse que
são processos fundamentais“para nós
podermos ver a mudança que quere-
mos ver, e isso está a acontecer, mas
ainda não estamos lá”.
Mateus Magala, MTC
A FMA é a empresa sul-africana
contratada pelo Estado moçambicano
para liderar o processo de reestrutu-
ração das LAM. A empresa estrangeira
diz que já reduziu as dívidas da LAM
de 402 milhões de dólares para cerca
de 290 milhões de dólares. O direc-
tor de Projecto da FMA promete para
Dezembro ou Janeiro a explicação
sobre o actual estágio financeiro da
companhia.
LUCROS MILIONÁRIOS
DA LAM
Entretanto, a LAM vai retomar voos
para Lisboa (Portugal) e inaugurar voo
para Cidade do Cabo (África do Sul)
este ano, e prevê “lucros” milionários
por cada viagem.
Conforme avançou a jornalistas, o
director operacional da Fly Modern
Ark (FMA), Sérgio Matos, a compan-
hia moçambicana deverá facturar por
cada voo realizado de Maputo para
Lisboa entre 560 e 600 mil dólares.
Após os custos operacionais, a com-
panhia prevê absorver para seus cofres
até 360 mil dólares.
Os voos serão operados pela por-
tuguesa Euro Atlantic (Boeing 777)
com custo operacional fixo por hora
de 4.200 dólares, totalizando 40 mil
dólares por voo.
“Precisamos de uma taxa de ocu-
pação de 68% para conseguirmos ter
tudo pago, e um income será entre 320
e 360 mil dólares por voo.Tudo isso de-
pende de quantos assentos serão ocu-
pados em cada classe”, disse.
Sérgio Matos falava em conferência
de imprensa em Maputo, onde a LAM
anunciou a retoma de voos para Lis-
boa e abertura da rota Maputo-Cidade
do Cabo.
Prevê-se que, a partir de 12 de
Dezembro, sejam realizados três voos
semanais para aquele país europeu.
De acordo com o director geral
da LAM, João Carlos Pó Jorge, a rota
Maputo-Lisboa “é das mais densas”.
Ele garantiu que a companhia tem
um corpo técnico capacitado para co-
laborar na operação da rota, “porque
já o fez no passado”. O voo já está nas
plataformas venda de bilhetes.
As contas para os voos Maputo-Ci-
dade do Cabo ainda não estão concluí-
das. Tecnicamente, nessa rota a receita
pode ser maior. Tudo vai depender da
capacidade de a LAM operar maior
número de voos para aquele destino.
“Ainda estamos a fechar com a op-
eradora para termos um jato CRJ 1000,
para acomodar a classe executiva. Es-
tamos a fazer os últimos apanhados
dos custos operacionais. E, na verdade,
tudo depende de nós. Quanto mais
voos [a LAM] realizar mais lucros terá”,
disse Matos.
Diferentemente do contrato com
a Euro Atlantic, que cobra por hora de
voo, o operador sul-africano, CRM, co-
bra 85 mil dólares pela factura mensal.
“Vamos ter um ganho entre 700 mil
e 800 mil dólares por mês, só dessa
rota, mas vai depender da nossa per-
formance”, frisou.
Os voos para a rota Maputo-Cidade
do Cabo vão iniciar a 22 de Novembro.

GAFI aprecia forte compromisso de Moçambique

O
relatório do Grupo de Acção Financeira (GAFI) aprecia O encontro teve como objectivo a país sob monitorização do ICRG, e não
o forte compromisso de Moçambique e os tremendos partilha dos resultados da avaliação a aplicação de contramedidas.
esforços visando concluir o Plano de Acção, e, como re- do II relatório de progresso aprovado Moçambique tem ainda dois
sultado da avaliação, para a sair da “lista cinzenta”. Esta
informação foi avançada durante a quarta sessão do na plenária do Grupo de Revisão de relatórios vitais programados para
comité de coordenação de alto nível para a remoção Cooperação Internacional (ICRG) a apresentar ao GAFI no próximo mês
de Moçambique da lista cinzenta, orientada, na sexta- 24 de Outubro em Paris, a apresenta- de Dezembro e em Abril de 2024, com
feira, em Maputo, pelo primeiro-ministro Adriano Maleiane. ção do cronograma do ICRG para o III enfâse na efectividade para completar
Relatório de Progresso e a apresenta- o Plano de Acção proposto.
ção pelos sectores das actividades re- Caso Moçambique não cumpra sat-
Na sequência da decisão do ano curadora Geral da República, do Ministro alizadas, desafios e acções prioritárias isfatoriamente o Plano de Acção, o país
passado do Grupo de Acção Financeira da Economia e Finanças, do Ministro do para o alcance da efectividade. pode permanecer na lista cinzenta e
(GAFI) de incluir Moçambique na lista de Interior, da Ministra da Justiça, da Ministra De acordo com a apresentação, o contramedidas podem ser aplicadas
jurisdições sob monitorização reforçada, da Terra e Ambiente, do Vice-Ministro GAFI apreciou o forte compromisso de ao país pelo GAFI.
conhecidacomo“listacinzenta”,oencon- da Energia e Recursos Minerais, do Vice- Moçambique e os tremendos esforços A próxima apresentação de Moçam-
tro demonstra o comprometimento do Ministro dos Negócios Estrangeiros, visando concluir o Plano de Acção, e, bique para o GAFI, designada “Face to
país ao mais alto nível contando com a além de membros da alta direcção dos como resultado da avaliação, o GAFI Face”, terá lugar no dia 6 de Janeiro de
presença do Tribunal Supremo, da Pro- sectores envolvidos. Adriano Maleiane, PM decidiu prosseguir com as revisões do 2024, nos Emirados Árabes Unidos.
 Público 15
Segunda-feira 06 de Outubro de 2023

ECONOMIA
O encontro entre o sector privado, Para financiar o fundo de estabilização dos preços dos combustíveis
representado pela CTA e o FMI esteve

Sector privado propõe imposto sobre

inserido na preparação da missão da
terceira revisão do programa ECF do
FMI a Moçambique. Por isso, as partes
discutiram os desenvolvimentos re-

lucros extraordinários dos Bancos

centes e perspectivas do sector priva-
do nacional.
Com efeito, o sector privado fez saber
que a tendência do índice de robustez

empresarial é de contínua redução em
2023, trimestre a trimestre.
Para elucidar, disse que, no primeiro
trimestre, fixou-se em 28%, contra
29% do trimestre anterior; no segundo
trimestre fixou-se em 28%, registando
uma estagnação.
Neste momento, está em avaliação
o terceiro trimestre e os resultados
serão apresentados na quinta-feira da
próxima semana.
Entretanto, o sector privado apre-
sentou várias razões deste declínio do
desempenho empresarial, destacan-
do que este ano registou-se início tar-
dio da época de comercialização agrí-
cola, devido às cheias e inundações.
“Isto afectou as vias e acesso e orga-
nização dos produtos”, referiu o repre-
sentante do sector privado nacional,
para de seguida apontar também as
dificuldades de vias de acesso, incluin-
do o estado da EN1, que, combinado
com a alta dos custos de combustíveis,
deu azo ao agravamento dos custos
de logística.
Por exemplo, o tempo de viagem
cresceu em 40%, sendo que para
Pemba foi ainda pior, tendo o tempo de
viagemsubidoem50%emmédia,pas-
sando de 7 dias em média para 10 dias.
Isto levou o custo de transporte, só
para elucidar, de um contentor de mil
pés, a aumentar de 640 mil meticais
para 850 mil meticais.
Os aumentos de encargos finan-
ceiros com a Banca são os outros ob-
stáculos revelados pelo sector privado
no encontro com o FMI.
“A subida sucessiva da taxa MIMO
de 13,25% em Janeiro de 2022, para
17,25% em Setembro do mesmo ano,
e não tendo alterado até hoje, combi-
nado com a subida da taxa de reservas
obrigatórias, levou ao aumento do
endividamento das empresas junto a
O
sector privado moçambicano propõe ao Governo, a implementação de uma medida que as-
moçambicana requer a implementa-
segure a estabilização dos preços, através da criação de um Fundo de Estabilização dos preços
dos combustíveis, que procure neutralizar os impactos dos choques.“Para financiar o Fundo de ção de alguns instrumentos flexíveis
Estabilização dos Preços dos Combustíveis, propõe a introdução de um imposto ou taxa sobre que ajudem a absorver choques, par-
os lucros extraordinários dos Bancos, bem como uma contribuição do Banco de Moçambique ticularmente externos.
através dos seus lucros ou senhoriagem”,explicou o representante do sector privado, no encon- “E um dos maiores choques tem
tro com o Fundo Monetário Internacional (FMI), realizado segunda-feira, em Maputo.
vindo através da subida do preço do
barril do petróleo que propicia a subi-
da dos preços dos combustíveis no
mercado interno, subida dos preços,
inflação, e que, no fim, obriga as autori-
dades como Banco de Moçambique a
tomarem medidas”, apontou.
Entretanto, prosseguiu, como “o
ponto de partida para a absorção dos
choques externos adversos na econo-
mia de Moçambique, o sector privado
defendeu no passado a retirada de en-
cargos fiscais e aduaneiros na impor-
tação dos combustíveis, como forma
de neutralizar o impacto da subida os
respectivos preços”. Mas reconhece
que esta medida tem impacto pesado
no Orçamento do Estado, o que cria
dificuldades da sua implementação.
Por isso, “é preciso olhar para um
mecanismo sustentável que não one-
re o orçamento e que se baseie numa
abordagem de partilha de sacrifícios”,
defende.
Sendo assim,” propõe-se a imple-
Banca. Refira-se que, cerca de 48,5% porário. facturas por pagar aos fornecedores, mentação de medida de estabilização
do crédito concedido vai para as em- “Isto pode-se ver com a evolução do por parte do Estado, como sendo tam- dos preços, através de um Fundo de
presas. Actualmente, a taxa de juro índice do emprego temporário e em bém, uma das razoes da queda da ac- Estabilização dos Preços dos Com-
activa do mercado atingiu os 32% em tempo parcial em 10.3 pontos percen- tividade económica em Moçambique. bustíveis que procure neutralizar os
Setembro, contra os 27%, antes das al- tuais. A demanda de mão-de-obra para “Isto significa que as empresas, impactos dos choques”, anunciou
terações na política monetária”, enfati- atender ao início da comercialização maioritariamente, as PME estão a fi- o representante do sector privada
zou o representante do sector privado. agrícola registou um aumento de 28% nanciar o Estado e, com isso, limitando nacional, acrescentando que, para
Consequentemente, este cenário para 38,3%, justificada em grande parte o seu crescimento”, denuncia o sector financiar este fundo de estabilização
tem influenciado negativamente no pelas actividades mercadorias”,disse. privado. Paralelamente, referiu que a dos preços dos combustíveis, propõe
mercado do emprego, cuja situação despesa pública, numa situação como a introdução de um imposto ou taxa
continua muito frágil. DÍVIDAS DO ESTADO esta, acaba sendo adversa e prejudicial sobre os lucros extraordinários dos
Por isso, os novos postos de em- para a economia. Bancos, bem como uma contribuição
prego tem sido sustentados pelas Num outro contexto, o sector priva- Com o efeito, o sector privado, con- do Banco de Moçambique através dos
contratações a tempo parcial ou tem- do, aponta o contínuo acúmulo das sidera que a fragilidade da economia seus lucros ou senhoriagem.

A
s receitas do
Estado moçam-
bicano atingi-
De Janeiro a Setembro do ano em curso

Receita do Estado cresce em 8%

ram, de Janeiro
a Setembro do
ano em curso,
232.547,4
milhões de
meticais, cifra que representa um
crescimento de 8 porcento com-
parativamente a igual período do
ano passado, fixando-se em 65,1
por cento, dos 65 programados
para 2023.
A despesa foi de 316.495,0 milhões
de meticais, o correspondente a uma
realização de 67 por cento.
Os dados foram confirmados pelo
Governo, no fim da trigésima sétima
(37ª) sessão ordinária do Conselho de
Ministros, havida última terça-feira, em
Maputo.
Falando a propósito, Filimão Suaze,
porta-voz do Conselho de Ministros,
disse que, na sessão, o Governo de-
bruçou-se sobre os primeiros nove
meses da implementação do Plano
Económico e Social e Orçamento
do Estado (PESOE) de 2023 tendo
constatado que “dos 135 Indicadores
programados para o período, 73,3
por cento, correspondentes a 99 in-
dicadores, tiveram um desempenho
positivo”.
O Governo confirmou também que
o Produto Interno Bruto (PIB) registou
um crescimento de 4,4 por cento,
acima da média do PIB mundial e das
economias da África subsaariana
Disse ainda a fonte do Governo que,
no mesmo período, o País registou
uma estabilidade macroeconómica
interna, caracterizada por uma inflação
que se situou em 8,7 por cento, abaixo
dos 11,5 por cento que haviam sido
projectados.
No que concerne às reservas inter-
nacionais líquidas, Suaze, que também
exerce a função de vice-ministro da
Justiça, Assuntos Constitucionais e Re-
ligiosos, anunciou que são “suficientes
para cobrir importações durante um
período de 3,8 meses”.
Actualmente, segundo especialistas
do Banco Mundial, Moçambique está
entre os países da África Subsaariana,
juntamente com a Etiópia, a República
Democrática do Congo (RDC) e o
Níger, cujo crescimento médio figura
entre os mais elevados nos países de
baixo rendimento a nível mundial e
que atingiu as taxas médias de cresci-
mento pré-pandemia.
 16
ECONOMIA
A Fórum Empresarial fortalece relações
celerar o co-
mércio e os
investimentos
entre Itália e
Moçambique
através do for-
talecimento
de parcerias é
a mensagem que esteve no cen-
tro do Fórum Empresarial Itália-
Moçambique, que decorreu se-
mana passada, no Palazzo delle
Stelline em Milão, organizado em
colaboração com a Embaixada de
Moçambique em Itália, a Apiex
(Agência para a Promoção de In-
vestimentos e Exportações de
Moçambique) e a Confindustria
Assafrica e Mediterrâneo.
“É importante identificar os objecti-
vos comuns que temos como países
e acredito que a reunião de hoje pode
servir precisamente para isso”, referiu
Massimo Dal Checco, presidente da
Confindustria Assafrica & Mediterrâ-
neo, no seu discurso de abertura do
evento.
Nas suas palavras, Massimo Dal
Checco, sublinhou“o enorme interesse
das empresas italianas pelos países da
África Subsaariana”e“as fortes relações
entre Itália e Moçambique, evidencia-
das pelas recentes visitas do Presidente
da República Sergio Mattarella e da pri-
meira-ministra Giorgia Meloni". Além
disso, acrescentou, “a presença da Eni
e da Saipem” em solo moçambicano
“é muito estratégica para nós”.
A Itália, de facto, "é o segundo in-
vestidor europeu e o quarto a nível
mundial neste país, especialmente no
sector energético (Eni e Sace)”, disse
Veronica Squinzi, vice-presidente para
a Internacionalização e Europa da As-
solombarda, recordando depois as
"relações lucrativas que foram estabe-
lecidas após a recepção em Itália do
Presidente de Moçambique e da sua
importante delegação empresarial".
“Reafirmar os laços entre os dois países
através do memorando hoje assinado”
foi também um dos objectivos partil-
hados por Silvino Moreno, ministro da
Indústria e Comércio de Moçambique,
que, no seu discurso, indicou ainda o
objectivo de “duplicar as exportações
do nosso país no que diz respeito
ao sector energético", plano para o
qual "recorremos à Eni e à Saipem".
Além disso, “não podemos deixar de
mencionar o ambiente atractivo que
Moçambique representa para os in-
teresses italianos”, destacou o ministro,
“um ambiente que quis facilitar os in-
vestimentos estrangeiros”.
Itália e Moçambique “têm todos os
elementos para se posicionarem na
vanguarda da transição energética: a
excelência tecnológica italiana e os re-
cursos do nosso país”, afirmou Ernesto
Max EliasTonela, ministro da Economia
e Finanças de Moçambique, durante o
seu discurso. “Temos muitos recursos
renováveis (desde a energia solar à
eólica), mas não são explorados e é
necessário fazê-lo”, continuou. Grande
satisfação “pela presença da Eni e da
Saipem, mas também gostaríamos de
ver uma maior colaboração entre as
PME italianas e as do nosso país, para
entre Itália e Moçambique
garantir a transformação local da ca-
deia de abastecimento de petróleo e
gás”, especificou.
Após esta primeira parte do trab-
Economic Briefing:a
Standard Bank reitera financiamento a projectos
de geração de energia limpa e sustentável
O
Standard
Bank realizou,
recentemente,
a décima
nona edição
do Economic
Briefing, um
evento através do qual o Banco
proporciona, aos seus clientes e à
sociedade em geral, informações
relevantes sobre as perspectivas
de evolução da economia. Du-
rante o encontro, que teve como
lema "Moçambique: Gás Natural
e Transição Energética", o Banco
reiterou o seu compromisso de
financiar projectos de geração
de energia limpa e sustentável,
incluindo as baseadas em fontes
renováveis.
O Banco elegeu este tema como
forma de estimular e contribuir para
o debate sobre a necessidade de se
investir em energias limpas e "amigas
do ambiente", um sector com enorme
potencial e que pode conduzir o país e
o mundo ao alcance dos Objectivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS).
"Elegemos a transição energética
como tema central do nosso último
Economic Briefing do ano, pois, como
instituição financeira comprometida
Público
Segunda-feira 06 de Outubro de 2023
alho, os protagonistas do encontro
assinaram um memorando de enten-
dimento. A confirmar a importância
estratégica de Moçambique para Itália,
Faúsio Mussá, Standard Bank
com o desenvolvimento económico
e o bem-estar das comunidades que
servimos, reconhecemos a importân-
cia vital de abordar e enfrentar os de-
safios energéticos do nosso tempo",
frisou a presidente do Conselho de Ad-
ministração (PCA) do Standard Bank,
Esselina Macome.
Ainda no que diz respeito a este as-
pecto, Esselina Macome referiu que o
está o facto de "estar a transformar-se
num player nos mercados energé-
ticos globais e a preparar-se para se
tornar um dos principais produtores
Banco tem colaborado com parceiros
locais no apoio à expansão de fontes
de energias renováveis e no desen-
volvimento de infra-estruturas para a
exploração responsável do gás natu-
ral, incluindo a adopção de medidas
concretas para apoiar a transição ener-
gética no país.
É neste sentido que foram con-
vidados ao debate personalidades
relevantes do sector energético em
Moçambique, com destaque para
Carlos Yum (director executivo do Pro-
jecto Mpanda Nkuwa), Pedro Ngue-
lume (administrador executivo para a
Área de Desenvolvimento Empresarial
da EDM – Electricidade de Moçam-
bique), Nazário Bangalane (presidente
do Conselho de Administração do INP
– Instituto Nacional de Petróleo) e Isália
Dimene (administradora executiva
para a Área de Projectos do FUNAE –
Fundo Nacional de Energia).
Como tem sido apanágio, o evento
serviu, igualmente, para o Banco apre-
sentar a análise da perspectiva de
evolução da economia moçambicana
como forma de orientar os clientes e a
sociedade, no geral, na tomada de de-
cisões empresariais.
Segundo o economista-chefe do
de gás natural", afirmou Mario Bello,
representante da Eni para sub- África
Saariana. A nossa empresa “foi uma
das primeiras empresas a apostar no
potencial energético do país.
No último painel do dia, “Instru-
mentos de financiamento para apoiar
a internacionalização das empresas
italianas”, falaram representantes da
Agência Ice, Cdp e Sace. Este ano
“implementamos a rede em África
com seis novos escritórios” através
dos quais “damos apoio operacio-
nal, organizacional e promocional às
empresas”, declarou Matteo Masini,
director do Gabinete de Parcerias In-
dustriais e Relações com Organizações
Internacionais. “Mais especificamente,
os instrumentos financeiros são os
oferecidos pela Cdp”, que apoiam “as
empresas no seu processo de inter-
nacionalização, também em Moçam-
bique, através de financiamento”, e isso
acontece “também através da nossa
subsidiária Simest”, disse Giovanni Dio-
guardi, Senior Manager Desenvolvi-
mento de mercados internacionais
de Cassa Depositi e Prestiti. Por fim,
“a Sace também apoia as empresas
italianas no seu processo de interna-
cionalização, acompanhando-as ao
longo de todo o ciclo”, declarou Cris-
tiana Portale, directora de Relações
Institucionais da Sace.
Standard Bank, Fáusio Mussá, há uma
tendência de redução da inflação, que
no mês de Setembro se situou em
4.6%, "o que é considerado encora-
jador, pois trata-se de uma descida
significativa, depois de ter atingido
13% em Agosto último, mas observou
que os riscos permanecem elevados,
sobretudo considerando o possível
impacto da tensão no Médio Oriente
no preço dos combustíveis. Neste
contexto, prevê-se que a política mon-
etária se mantenha apertada".
Fáusio Mussá observou ainda as
perspectivas de uma política fiscal ex-
pansionista, considerando as eleições
gerais de Outubro de 2024. Notou que
a proposta de Orçamento do Estado
para 2024 prevê um forte crescimento
nos empréstimos líquidos domésticos
do Estado, de 22.8 mil milhões de met-
icais ou seja 1.5% do PIB, para financiar
parcialmente um aumento expressivo
da despesa de investimento.
"Do ponto de vista de crescimento
económico, a economia apresenta
alguma resiliência e o crescimento do
Produto Interno Bruto tende a acelerar,
sobretudo considerando o impacto
do projecto Coral Sul", sublinhou Fáu-
sio Mussá.
 Público 17
Segunda-feira 06 de Outubro de 2023

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 18
ECONOMIA
FMI destaca resiliência de Moçambique
A
equipa do Fundo
Monetário Inter-
nacional (FMI),
que, semana
passada, termi-
nou a sua visita
ao país, destacou
a resiliência da economia nacional,
mas mostrou-se preocupada com
a desaceleração do crescimento no
sector extractivo.
Encabeçada por Pablo Lopez
Murphy, a equipa do FMI, durante a
sua visita a Moçambique, conduziu
uma série de discussões com as au-
toridades nacionais moçambicanas
sobre a Terceira Revisão ao abrigo do
acordo da Facilidade de Crédito Alar-
gada (ECF).
Uma das declarações mais oportu-
nas feitas, no final da missão, é que os
desenvolvimentos macroeconómicos
recentes criaram condições para uma
flexibilização gradual da política mon-
etária, o mesmo que dizer, baixaram as
taxas de juro de referência.
A equipa do FMI declarou, no fim da
missão, que as discussões que man-
teve com as autoridades moçambi-
canas foram “construtivas e frutíferas”
e visaram as políticas económicas e
financeiras necessárias para apoiar a
conclusão da Terceira Revisão do pro-
grama ao abrigo do acordo de ECF.
“O crescimento económico global
de Moçambique permanece resilien-
te e está projectado em 6% em 2023.
Embora a produção do GNL no pro-
jecto Coral Sul tenha aumentado, o
crescimento no sector não extractivo
continuou a desacelerar, com a con-
tracção da indústria e da construção
pelo quarto trimestre consecutivo
desde Junho de 2022. As perspec-
tivas para o sector extractivo são
fortes, uma vez que se espera que os
grandes projectos de GNL retomem
as actividades na sequência de mel-
horias sustentadas nas condições de
segurança no norte”, declarou a eq-
uipa do FMI.
A missão do FMI observou que
“após as derrapagens orçamentais em
2022, as autoridades implementaram
uma forte correcção para ajudar a co-
locar a política orçamental de volta ao
caminho certo”. Nesse sentido, destaca
que“prevê-se que o saldo primário in-
terno seja de 0,8% do PIB este ano, em
comparação com um défice primário
de 2,8% do PIB em 2022.”
A missão do FMI acredita que a con-
solidação orçamental deverá contin-
uar em 2024, em conformidade com
a proposta de orçamento enviada ao
Parlamento. “A manutenção da disci-
plina orçamental em 2024 continua
a ser fundamental num contexto de
condições de financiamento internas
e externas restritivas”. Sublinha.
Observa ainda que, depois de atin-
gir um pico de 12,1 porcento (em ter-
mos homólogos), em Agosto de 2022,
Pablo Lopez Murphy, FMI
SGA controla minérios moçambicanos
A
empresa francesa
SGS acaba de ganhar
o concurso interna-
cional para o controlo
das quantidades,
preços e especifica-
ções dos minérios extraídos e ex-
portados a partir de Moçambique.
O anúncio feito pelo Governo vem
numa altura em que se fala do re-
gresso da petrolífera francesa ao norte
do país, a TotalEnergies, com impor-
tantes projectos de desenvolvimento,
já aprovados para a exploração das
reservas de gás natural na Bacia do
Rovuma, classificadas entre as maiores
do mundo, ao largo da costa de Cabo
Delgado.
A companhia SGS, segundo o vice-
ministro da Economia e Finanças, Amí-
lcar Tivane, “vai assegurar a verificação
das especificações, dos preços e das
quantidades dos produtos mineiros
no país.
Neste momento, a SGS encontra-
se no terreno a desenvolver trabalhos
preliminares rumo à elaboração de
um plano de acção e, segundo Tivane,
recentemente, esta firma francesa assi-
nou um contrato de três anos com as
autoridades moçambicanas, que, para
passar à prática, aguarda ainda pelo
visto do Tribunal Administrativo (TA).
“A SGS é uma empresa com uma
larga experiência e “de gabarito inter-
nacional” no sector, sustentou o vice-
ministro da Economia e Finanças.
Amílcar Tivane defendeu a neces-
sidade de os relatórios mensais apre-
sentados pelas empresas do sector
mineiro estarem em consonância com
as regras de controlo das quantidades,
Público
Segunda-feira 06 de Outubro de 2023
especificidades e preços.
A intervenção da SGS enquadra-
se no compromisso do Governo
moçambicano de suprir as insuficiên-
cias no controlo dos minérios extraí-
dos e exportados do país africano,
avançou Tivane.
“Há insuficiência de informação na-
lguns relatórios”, declarou, assinalando
que “Moçambique é rico em recursos
naturais e deve tirar maior proveito
disso”.
CRESCIMENTO ECONÓMICO
O crescimento económico acelerou
graças à forte produção de serviços e
ao início da produção de GNL.
Depois de uma recuperação mod-
esta em 2021, o crescimento ganhou
a inflação global diminuiu rapidam-
ente para 3,9 porcento (em termos
homólogos), em Setembro de 2023,
com a inflação subjacente a situar-se
em 4,1 porcento, reflectindo principal-
mente preços mais baixos dos alimen-
tos e dos combustíveis, mas também
uma desaceleração de outros preços
internos.
“A descida da inflação, combinada
com taxas de juro nominais pratica-
mente inalteradas, significa que tanto
as taxas de juro de política como as de
mercado subiram para níveis elevados
em termos reais, gerando condições
financeiras muito restritivas. Com as
expectativas de inflação bem ancora-
das, a continuação da consolidação
orçamental e o fraco crescimento não
extractivo, poderá ser considerada
uma flexibilização gradual da política
monetária”, referiu a equipa.
Com efeito, o Governo moçambi-
ritmo em 2022, atingindo 4,2%, e
esperam-se melhorias este ano, à me-
dida que se retoma a produção de Gás
Natural Liquefeito (GNL) na instalação
offshore de Coral Sul.
O crescimento está a ser impulsion-
ado principalmente pela recuperação
dos serviços e pelo início da produção
de GNL na instalação offshore de Coral
Sul.
A dívida pública total diminuiu nos
últimos anos e é considerada como
sustentável numa perspectiva de fu-
turo. No entanto, os riscos apontam
para uma evolução desfavorável a
médio prazo.
Aliás, o Banco Mundial refere que
atrasos nos grandes projectos de GNL
podem comprometer as perspectivas
cano registou progressos nas reformas
estruturais previstas no programa,
tendo-se adoptado ainda um di-
ploma ministerial para a tributação
da produção de minerais e está em
vigor um novo sistema de tributação
electrónica para a cobrança de todos
os impostos.
O corpo técnico do FMI incentiva
o avanço das reformas para reforçar
a governação e reduzir as vulnerabili-
dades à corrupção.
Ao longo da semana passada, a eq-
uipa do FMI reuniu-se com o Primeiro-
Ministro, Adriano Maleiane, o Ministro
da Economia e Finanças, Max Tonela,
o Governador do Banco de Moçam-
bique, Rogério Zandamela, entre out-
ros altos funcionários do Estado.
A missão também se reuniu com
representantes da sociedade civil, par-
tidos políticos, parceiros de desenvolvi-
mento e o sector privado.
de crescimento.
Outros riscos decorrem da elevada
massa salarial, dos choques climáti-
cos, do aumento dos custos da dívida
interna, da diminuição do empenha-
mento em reformas no período que
antecedeu às eleições e da incerteza
em torno da situação de segurança no
Norte, apesar das recentes melhorias.
A inflação global subiu para 10,3%
em 2022, de 6,4% em 2021, à medida
que os preços globais subiam devido à
guerra na Ucrânia.
Uma política monetária mais res-
tritiva, implementada pelo Banco de
Moçambique apoiou a moeda local
(Metical) e ajudou a moderar a inflação,
que se mantinha em 4,9% em Agosto
de 2023.
 Público 19
Segunda-feira 06 de Outubro de 2023

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Segunda-feira 06 de Outubro de 2023

NACIONAL
Revelações de Jacinto Veloso, um dos mais fiéis de Machel

Samora tinha nojo da corrupção

- Jacaré mata-se ainda pequeno e, Samora, no seu reinado, queria que se fizesse o mesmo com a corrupção; Moçambique e África do Sul, visando a corda Veloso, o Presidente tanzaniano,
- O Governo actual, detido por Filipe Nyusi, tem o combate à corrupção como uma das suas prioridades não-agressão e a boa vizinhança. na altura, Julius Nyere insistiu com

A
corrupção que ainda interfere no processo de desenvolvimento do país é um problema bastante
antigo que até Samora Machel, o primeiro Presidente de Moçambique independente, lutou mui-
to para travá-lo. Em onze anos do seu reinado (1975-1986), o marechal Samora Machel, como
diz um dos seus fiéis, Jacinto Veloso, demonstrava a sua repulsa à corrupção e dizia sempre que
o fenómeno tinha que ser combatido ainda pequeno como se faz com um jacaré que se mata
pequeno, porque quando cresce, é já uma ameaça para a sociedade.
ATÁLIA CAVELE & MIGUEL
MUNGUAMBE
Jacinto Veloso, que aborda este as-
sunto com propriedade, além de ter
sido dos mais fiéis de Machel, foi min-
istro de Segurança na governação de
Samora. Mas, antes disso, muito antes
mesmo,Veloso foi piloto da Força Aérea
Portuguesa que, em 1963, desertou
com um avião, para se juntar à luta da
Frente de Libertação de Moçambique
(FRELIMO), hoje, partido político, no
poder desde a independência nacional.
É este general que, sem remorso,
falou do pensamento de Samora no
combate contra a corrupção, numa
Conferência Internacional sobre Samo-
ra Machel, recentemente realizada em
Maputo. O evento juntou académicos
nacionaiseestrangeiros,pesquisadores,
antigos e actuais dirigentes do Estado,
combatentes da luta de libertação na-
cional e a família Machel.
No encontro, Veloso, na qualidade
de palestrante, elencou vários atribu-
tos a Samora e a sua governação, que
foi de uma intensa liderança política. E
disse que Samora, sempre que falava
de corrupção, tinha nojo e era capaz
de tudo fazer para evitar que o fenó-
meno crescesse como jacaré.
Aliás, como diz Veloso, a corrupção
começou como um pequeno jacaré
que, sem embargo, cresceu e virou
ameaça para a sociedade e para o de-
senvolvimento do país.
“Para Samora, não devíamos deixar
crescer o jacaré. Devemos matá-lo logo
à nascença ou enquanto ainda ele é
pequeno”,refere o generalVeloso, recor-
dando-se das memórias do seu aliado.
Por isso, indica, Samora não se
cansava de mencionar e chamar à at-
enção a todos para a necessidade de
realizar um combate cerrado contra
aquele mal social, sob pena de permitir
o seu crescimento ao ponto de se tor-
nar uma ameaça à sociedade.
“Como Jacaré, Samora dizia que a
corrupção tem que ser neutralizada
enquanto pequena. Se a deixarmos
crescer, depois fica como um jacaré
que, quando já grande, mata-nos”,
considerou Veloso.
Veloso, na sua alocução, disse que
os moçambicanos têm o privilégio de
escolher o que é melhor para si, entre
“o neutralizar a corrupção e o deixar a
Samora Machel, primeiro Presidente pós-independência nacional
ela crescer até nos dominar”. Mas, ape-
sar deste privilégio de que gozam os
moçambicanos, “de escolher o que é
bom para eles”,Veloso preferiu recomen-
dar, já no fim, a opção pela neutralização
do fenómeno. “Neutralizemos a corrup-
ção, porque senão fizermos isso, ela vai
crescer e vai nos dominar”, recomendou
o general, numa altura em que o com-
bate à corrupção no Plano Quinquenal
do Governo (PQG 2020-2024) figura en-
tre as grandes prioridades.
Aliás, como tem dito o Presidente da
República, Filipe Nyusi, o combate à cor-
rupção exige compromisso de todos,
porque a corrupção “não compensa e
nunca será viável” para o desenvolvim-
ento que se pretende no país.
ACORDO DE NKOMATI
Noutro desenvolvimento, Ve-
loso reflectiu em torno do Acordo de
Nkomati, assinado em 1984 entre
Refira-se que, aquando da assina-
tura deste Acordo, Jacinto Veloso inte-
grava o Governo de Samora Machel
e foi um dos negociadores do acordo.
Hoje, 39 depois do Acordo, Veloso diz
que a decisão do primeiro Presidente
de Moçambique em o assinar demon-
strou coragem, visto que, dentro e fora
do país, havia vozes contra.
“Foi mais uma decisão de dimensão
estratégica e muito corajosa de Samo-
ra Machel no quadro da defesa do in-
teresse do Estado e da preservação da
soberania nacional. Foi muito corajoso
porque a decisão foi contra algumas
posições internas que achavam que,
politicamente, não se devia negociar
com o apartheid”, frisou.
Entre várias vozes discordantes, re-
Samora para não negociar nada com
o apartheid e diz ter participado pesso-
almente nessa negociação complexa.
UNIDADE NACIONAL
Samora, ainda de acordo com o
general Veloso, deu continuidade,
aprofundou e enriqueceu o princípio
estratégico de Eduardo Mondlane de
colocar em primeiro plano a Unidade
Nacional, condição obrigatória para
liderar a FRELIMO em projecto de for-
mação.
Veloso explica que, com a criação
do campo de preparação político-mil-
itar de Nachingweia, Samora Machel
construiu e dirigiu a coluna vertebral
da Nação moçambicana, que foram
as Forças Populares de Libertação de
Moçambique (FPLM). Nestas forças
guerrilheiras, homens de todas as
províncias do país, de culturas e lín-
guas maternas diferentes, uniram-se
para atingirem o objectivo último. A
independência nacional.
Na prática, acrescenta, todos os
combatentes já eram cidadãos livres
da futura nação moçambicana.
Com a criação do destacamento
feminino, segundo Veloso, Samora
Machel introduziu um factor deci-
sivo para a emancipação da mulher,
transformando-a em cidadã de pleno
direito da nação moçambicana e cujas
consequências positivas não pararam
de crescer até aos dias de hoje.
Samora Machel, refere o general,
implementou com mestria a solidar-
iedade com os povos em luta pela sua
libertação nacional contra a opressão
colonial e contra a discriminação racial
do apartheid. Destaca que Samora
defendia que,“não seremos completa-
mente livres enquanto nossos irmãos
do Zimbabwe, da Namíbia e da África
do Sul não forem igualmente livres da
opressão e da humilhação”.
Como resultado de vários apelos
para a libertação, Timor-Leste veio,
mais tarte, juntar-se ao apoio solidário
do Governo de Moçambique por de-
cisão de Samora Machel, tomada em
vésperas da independência nacional.
O SECTOR PRIVADO
Na área económica, Samora Ma-
chel, conforme conta Veloso, foi líder
na libertação do Sector Privado e na
introdução dos primeiros passos para
o restabelecimento do capitalismo e
do investimento privado em oposição
ao sector estatal dominante, que
começou com a produção agrícola,
pecuária e pequeno comércio de bens
de consumo.
O general Veloso aponta que,
 Público 21
Segunda-feira 06 de Outubro de 2023

NACIONAL
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para Samora, era de interesse nacional libertar a ra Júnior, está ligado à falta de entrega dos cidadãos
iniciativa dos privados em todos os sectores de ac- desses países.
tividades económica e, mais tarde, financeira. Citando o seu pai, Machel Júnior disse que a luta
“Nos anos 80, Samora, pelas informações de se-
gurança de Estado e pela sua própria análise política,
deu-se conta que a política económica em vigor não
estava a dar resultados desejados. Por outro lado, o
apoio esperado dos países socialistas (nossos alia-
dos naturais), estava muito longe de ajuda mínima
necessária para assegurar o desenvolvimento socio-
económico do país”, revelou.

SAIDA DO SOCIALISMO COMEÇA COM

SAMORA

Como avançaVeloso, para Samora Machel, estava

claro que a estreita ligação ao bloco socialista trazia
mais prejuízos que benefícios.
“Esta íntima ligação ao socialismo atraiu uma forte
hostilidade do Ocidente a ponto de isolar comple-
tamente Moçambique e o cercar em todas as es-
feras de actividade: política, económica, financeira e
militar com a promoção e alimentação de um movi- Luís Manuel Cipriano, académico
mento armado altamente desestabilizador”, disse o
general, que acrescenta que, nessa altura, Moçam- rumo a um país cada vez melhor, iniciada por Samo-
bique estava literal e completamente cercado e ra Machel, deve ser continuada.
submetido a uma permanente e contínua asfixia Do reitor da Universidade Pedagógica de Mapu-
económica e militar. to, Jorge Ferrão, veio a indicação de que os ideais de
Na defesa do interesse nacional do Estado,
refere, Samora Machel lançou uma vasta operação
diplomática a que chamou de“romper o cerco”.
“A operação foi um sucesso, tendo Moçambique
emitido sinais claros ao mundo que estava aberto
ao investimento privado, estava aberto e optava
pelo desenvolvimento capitalista”, assinalou, fazen-
do recordar que, “o encontro de Washington entre
Samora Machel e Ronald Reagan, em Setembro
de 1985, abriu uma nova página nas relações de
Moçambique com o Ocidente, liderado pelos Esta-
dos Unidos da América (EUA).
Na conferência internacional Samora Machel que
(como já dissemos) reuniu académicos nacionais e
estrangeiros, pesquisadores, antigos e actuais diri-
gentes do Estado, combatentes da luta de libertação
nacional e a família Machel, o PÚBLICO ateve-se
também na apresentação feita por Luís Manuel
Cipriano, um filósofo de créditos firmados no país.
General Jacinto Veloso
A sua abordagem foi sobre “o legado da governa-
ção de Samora Machel para a democracia contem- Samora Machel enfrentam, hoje em dia, com novas
porânea moçambicana”, onde o orador dividiu a sua dinâmicas e desafios.
abordagem em dois momentos: antes e depois de “Nós ainda enfrentamos desequilíbrios sociais e
1984.
Para uma melhor compreensão, o orador fez
questão de levar o auditório a espreitar o actual Pla-
no Quinquenal do Governo, no qual se inscreve pela
primeira vez a ideia de reformar o sistema agrário do
país e buscar parceiros internacionais para o desen-
volvimento económico.
Com isso, o orador pretendia levar o auditório a
compreender que o pensamento de Samora ainda
vinca nos planos de governação, porque antes de
se pensar em reformar o sistema agrário hoje, em
1984 e 1985, o saudoso Presidente Samora já tinha
anunciado o seu plano de reforma que incluía uma
abertura política e uma evolução da economia, em
que era admitido o maior papel do mercado.
“Daí que no mesmo ano, 1985, Samora Machel
anunciou o estabelecimento de uma nova ordem
económica internacional, justa e equitativa (Machel,
1985:S/P)”, apontou.
Jorge Ferrão, UP
No encontro, Samora Machel Júnior, o primogé-
nito do Presidente Samora, questionou o que falta económicos em várias partes do nosso país, que, de
para Moçambique e outros países da África Austral certa forma, reflectem essa luta que Samora Machel
se desenvolverem, a partir da exploração dos seus se prontificou a fazer para ser ultrapassada. Igual-
abundantes recursos como terra, água, energia e mente, nós pensamos na crescente onda de xeno-
capital humano. fobia e na violência que são uma triste reviravolta na
O não desenvolvimento do país e de muitos trajectória da unidade nacional, da harmonia e até
países da região austral de África, na óptica de Samo- da nossa harmonia regional”, anotou.
 22
CULTURA
W
ithney Sa-
bino, uma
das artistas
multidis-
ciplinares
de Moçam-
bique, par-
ticipou, recentemente, do fórum
“Nosso futuro: diálogos África-
Europa”, realizado nas Maurícias. O
evento que teve lugar este domin-
go, 05 de Novembro, foi organiza-
do pelo Instituto Francês em Paris
e o Instituto Francês das Maurícias.
Na mesma ocasião, a artista e ac-
tivista social, Withney Sabino, teve
a oportunidade de participar e tro-
car impressões sobre questões de
interesse da juventude.
O objectivo do encontro, que se
realizou de 3 a 5 de Novembro cor-
rente, era promover uma discussão
renovada e honesta entre os dois con-
tinentes (África e Europa) e colmatar
diferenças, de modo que, em conjun-
to, se encontre soluções para desafios
partilhados.
Nesta sua primeira vez nas Mau-
rícias, além da ansiedade inerente à
busca do conhecimento do local que
considera “bela ilha do Índico”, With-
ney Sabino pôde trocar e confrontar
as suas ideias e experiências com a
juventude, num encontro que decor-
reu sob o lema “O horizonte além das
fronteiras”.
Como pôde apurar o jornal PÚ-
BLICO, no evento, a artista moçambi-
cana participou na sessão com o tema
“Juventude do Sul global: tornando
suas vozes audíveis”, que serviu para
se reflectir sobre como os jovens do
Sul global podem tornar suas vozes
audíveis e capazes de gerar impacto
nos seus países, no continente e no
mundo.
“Histórias”de Maya Cool
“H
istórias”éotítulodonovotrabalhodiscográficodo
músico e compositor angolano, Maya Cool, cujo
lançamento deverá acontecer esta quinta-feira,
dia 9, em todas as plataformas digitais e, dois dias
depois (sábado), no Parque da Independência, em
Luanda, capital de Angola.
O músico, com grande legião de fãs
em Moçambique e em muitos outros
países lusófonos, explica que o novo
trabalho comporta 16 temas, tendo
como música promocional "Menina
Nobreza”.
O tema promocional, refere, é uma
música com a participação de Tito
Paris, um músico cabo-verdianos, Ma-
tias Damásio, Diva Ary, Konde, Puto
Português e a filha Malunne.
O músico garantiu que o CD traz
boa música e conta com muitas par-
ticipações de colegas que elevam a
sua voz neste projecto discográfico.
Maya Cool conta ainda que o disco
começou a ser gravado em Luanda,
tendo sido misturado e masterizado
em Portugal, França e Estados Unidos
da América (EUA), com o apoio finan-
ceiro do BFA e UNITEL, assim como de
Cultura moçambicana falando mais alto
Withney Sabino nas Maurícias
Para a artista, o fórum“Nosso futuro:
diálogos África-Europa” foi fundamen-
tal, porque foi uma oportunidade
incrível de intercâmbio cultural. “Ter a
oportunidade de aprender da lider-
ança e das experiências de outros
contextos, abre espaço para repensar
as nossas acções, para inovar. As con-
exões globais transformam as vidas
de quem participa a nível profissional,
mas também individual”, referiu.
Antes do fórum “Nosso futuro:
diálogos África-Europa”, havido nas
Maurícias, realizaram-se três eventos
do género, respectivamente, em Joan-
esburgo (África do Sul), Yaoundé (Ca-
marões) e Argel (Argélia).
O evento das Maurícias serviu para
promover as recomendações feitas na
sequência da Nova Cimeira África-Fran-
ça (Montpellier, 8 de Outubro de 2021).
Withney Sabino, de 28 anos de
idade, é defensora dos direitos das
mulheres e raparigas, sendo ela activ-
ista de movimentos feministas. Ela é
apaixonada por orientar e treinar mul-
heres e meninas em liderança e partici-
pação activa.
Para além de ter passado pelo curso
de Ciência Política, na Universidade
Eduardo Mondlane (UEM), a artista
teve oportunidade de ser formada e
apresentar o seu trabalho em Portugal,
França, Estados Unidos, Espanha, Qué-
nia, Etiópia, Costa do Marfim, Inglaterra
e África do Sul.
Como activista e facilitadora de
anónimos que sempre se mostraram
preocupados com a sua ausência de
12 anos sem lançar disco.
“Neste álbum, trago boa música, pois
viajei pelo semba e kizomba, como rit-
mos predominantes, mas temos tam-
bém balada e coladeira”,referiu.
O cantor explica que começou a
preparar o álbum em 2015, tendo o
mesmo ficado concluído em 2022.
Maya Cool prosseguiu que, visto
que tem agora a família a viver em
Portugal, foi preciso achar uma data
que coincidia com disponibilidade dos
músicos e dos patrocinadores.
"Sendo um trabalho meu, tenho
que ter muita responsabilidade, pelo
nome que tenho no mercado já não
posso errar neste novo projecto, pois
estou a procurar ser muito cuidadoso
e detalhista”.
Público
Segunda-feira 06 de Outubro de 2023
acções formativas, revela ter já capac-
itado acima de 2500 mulheres e rapari-
gas em matérias de participação políti-
ca e cidadania, mentoria e liderança
transformativa de género, resiliência
e liderança em contexto de crise hu-
manitária. Foi chefe do Departamento
de Género no Conselho Nacional da
Juventude (CNJ), de 2014 a 2020.
A nível continental, Withney Sabino
LEGENDA
foi uma das 10 jovens líderes seleccio-
nadas para “The Africa We Want”, uma
sessão TedTalk da ONU Mulheres Áfri-
ca na Costa do Marfim, em 2019.
Representou ainda a juventude
moçambicana no grupo de referência
de jovens líderes africanos no contexto
da Revisão da Declaração de Pequim
+25.
Desde 2020, é membro do comité
Já à VENDA nas
(Aeroporto Internacional de Maputo)
(Július Nyerere e Hotel Rovuma)
(Jardim dos Namorados)
directivo da AWLN (African Women
Leadership Network) – Mozambique
Chapter, uma iniciativa continental
coordenada pela União Africana,
ONUMulheres e Gabinete da Enviada
Especial de Mulheres Paz e Segurança.
No âmbito desta rede, lidera o segui-
mento de Moçambique.
A nível global, participou do Labci-
toyen em Paris, e, em 2022, foi oradora
do painel de feminismos no Fórum
Imaginando os Futuros de África (IFA),
na série Diálogo África-França.
No âmbito da Geração Igualdade,
campanha global das Nações Unidas,
coordenou o engajamento de jovens
líderes moçambicanos no Fórum Ge-
ração Igualdade, em 2021, e liderou a
sessão de interacção entre jovens de
todas as províncias e a Sub-secretária
Geral das Nações Unidas e Directo-
ra-Executiva da ONU Mulheres, no
âmbito da sua visita a Moçambique.
Ainda no contexto desta campanha,
em 2022, liderou a organização da pri-
meira consulta nacional da juventude
sobre Género e mudanças climáticas a
caminho da COP27.
Actualmente, lidera a iniciativa Ma-
nas, a primeira revista social e femini-
sta moçambicana, uma plataforma
física e digital que coloca a inovação e
a tecnologia ao serviço da igualdade
de género.
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Lídia Soares fez esta abordagem, há
dias, em Maputo, durante a cerimónia
que marcou o lançamento do seu
livro, intitulado “O Provedor de Justiça
– Materialização e Consolidação da
Democracia em Moçambique”, divi-
dido em seis capítulos e 164 páginas.
Segundo Lídia Soares, antiga asses-
sora do Provedor de Justiça, considera
que grande maioria dos cidadãos
moçambicanos ainda não sabe que
existe um Provedor de Justiça em
Moçambique, eleito pela Assembleia
da República, para defender os seus
direitos das injustiças e ilegalidades,
eventualmente cometidas por acção
ou omissão pelos poderes públicos.
Soares refere ainda que, os cidadãos,
mesmo que tenham conhecimento
da existência deste órgão (o Provedor
de Justiça), não compreendem muito
bem as suas funções e, como con-
sequência, não se beneficiam delas
como deveriam.
É neste sentido que, explica a autora,
“na obra procurei mostrar as diferentes
facetas do Provedor de Justiça, como
pacificador e mediador entre o cidadão
e a Administração Pública desde o at-
endimento ao cidadão, a importância
do acatamento das recomendações,
a força do poder de persuasão que o
Provedor de Justiça tem até à reposição
da justiça e a melhoria dos serviços pú-
blicos prestados aos cidadãos”.
A autora do livro é uma das pes-
soas melhor posicionadas para falar
e escrever a respeito desta temática,
devido à sua vasta experiência profis-
sional como assessora do Provedor
de Justiça de 2012-2022, e a sua activi-
dade actual como presidente numa
organização não-governamental de
âmbito nacional, vocacionada para
a defesa dos direitos humanos, em
especial, os direitos da mulher e da cri-
ança desamparadas.
A obra foi elaborada sob um olhar
crítico construtivo e educador, em tor-
no de uma figura que é um importante
pilar do Estado de Direito que coopera
com plena independência dos órgãos
representativos dos três poderes do
Estado (legislativo, executivo e judicial).
A autora recorreu a uma linguagem
simples e clara de modo a torná-lo
perceptível para o jurista, o cidadão e
para uma universidade de pessoas cu-
jos direitos devem ser garantidos pelo
Provedor de Justiça.
A título de exemplo, a autora usou a
primeira pessoa do singular, facto que
torna a obra acessível como se de uma
conversa se tratasse, para criar no leitor
uma ligeira sensação de se estar a con-
versar com ela.
Lídia Soares disse esperar que, a par-
tir da leitura desta obra, o papel de Pro-
vedor de Justiça seja conhecido, aceite
e plenamente validado pelos cidadãos
moçambicanos.
Soares reconhece que durante a
escrita da obra deparou-se com mui-
tos desafios, porque nem as próprias
instituições púbicas compreendiam
Público 23
Segunda-feira 06 de Outubro de 2023
NACIONAL
Provedor de Justiça
Um mediador "desconhecido"
A
figura do Provedor de Justiça, que, no quadro do ordenamento jurídico nacional, nasce como
sível para os juristas, para os cidadãos
pacificadora e mediadora de conflitos entre o cidadão e a Administração Pública, é menos con-
hecida pela grande maioria dos moçambicanos, que, em função disso, perde vários benefícios leigos, com destaque para o universo
que resultariam das suas acções, assentes na defesa dos seus direitos. Aliás, como destaca a Con- de pessoas que mais utilidade tirarão
stituição da República, o Provedor de Justiça é um órgão criado para assegurar os direitos dos ci- deste Provedor de Justiça, assim como
dadãos, a defesa da legalidade e da justiça na actuação da Administração Pública. aos administrados no controlo por
intermédio do Provedor de Justiça, da
legalidade e da justiça na actuação da
Administração Pública”,indicou Ribeiro.
A veneranda presidente do CC disse
ainda que o manual, ora lançado em
Maputo, vai ajudar na compreensão
sobre o papel do Provedor de Justiça
e na vida do cidadão em conflito com
Administração Pública. Referiu tam-
bém que descreve o surgimento e o
desenvolvimento da figura do Prove-
dor de Justiça na história universal, em
particular de Moçambique.
Igualmente, referiu que o livro tem
como objectivo clarificar como o Prove-
dor de Justiça se comporta e se relacio-
na com os três poderes de Estado bem
como reforçar a necessidade do recon-
hecimento do seu papel na sociedade
Ana Lúcia Ribeiro, presidente do CC como uma instituição incontornável na
consolidação de um Estado de Direito.
Já o Provedor de Justiça, Isaque
Chande, enalteceu a obra que tornará a
passagem da autora pelo Gabinete do
Lídia Soares, autora do livro
Provedor de Justiça “end level“, devido
dor entre o cidadão e a Administração "Tenho a convicção de que ao ler à sua contribuição na divulgação do
Pública, desde o atendimento ao ci- este livro, o leitor entenda que com a papel, atribuições e competências da
dadão, a importância do acatamento institucionalização da figura do Pro- instituição, através do livro que coloca à
nas recomendações, a força do poder vedor de justiça, o Estado moçam- disposição para o consumo público.
de persuasão que o Provedor de bicano saiu a ganhar, pois tornou-se Chande diz que a obra vai ser um
Justiça tem, até à reposição da justiça e mais democrático no que concerne à dos canais para fazer conhecer este
a melhoria dos serviços prestados. Administração da Justiça, que passou órgão do Estado por parte dos ci-
Soares salientou ainda que o livro a ser mais abrangente para todos os dadãos.
foi concebido para ser usado não só cidadãos", vincou. “Esta é uma oportunidade que nós
pelos cidadãos que lidam no seu dia- Por seu turno, Lúcia Ribeiro, presi- trouxemos para a sociedade, para
a-dia com a Administração Pública, dente do Conselho Constitucional que as pessoas possam compreender
sendo, assim, passivos de entrar em (CC), falando na qualidade de apre- o livro. Nesta perspectiva, o livro é
Isaque Chande, Provedor de Justiça contradição com o poder público, mas sentadora do livro, referiu que a obra muito rico em exemplos e vai ser útil
e sabiam o que é Provedor de Justiça, também como instrumento didáctico representa um ganho importante para toda a gente, para academia e
quais eram as suas funções e poderes. para gestores da Administração Públi- para o cidadão, para a academia e vamos todos nós ficar a saber melhor
No livro, a autora procura mostrar ca, para estudantes de Direito, estu- para Estado de Direito Democrático de sobre qual é o papel, atribuições e
as diferentes facetas do Provedor de diosos de sistema jurídico comparado Moçambique. competências do Provedor de Justiça”,
Justiça como pacificador e media- para todo universo académico. “A obra está escrita de forma aces- referiu Chande.
 Público
Segunda-feira 06 de Outubro de 2023

Pancada Pública

XIBAKELA XA BUD

BONS EXEMPLOS
As raparigas e mulheres jovens em Moçambique vão ter maior
acesso a oportunidades de educação e empoderamento económi-
co, graças ao programa de Empoderamento e Resiliência das Rapari-
gas da África Oriental e Austral (EAGER), aprovado, em Setembro pas-
sado, pelo Banco Mundial.
Segundo um comunicado citado pela Agência de Informação de
Moçambique (AIM), a iniciativa surge para impulsionar a educação
e os rendimentos de raparigas e mulheres, ao mesmo tempo que
ajudará a fortalecer a capacidade institucional dos países beneficiári-
os em implementar políticas de igualdade de género.
Moçambique é um dos primeiros países a participar nesta inicia-
tiva regional, da qual vai receber 200 milhões de dólares americanos
em financiamento.
O programa EAGER reúne países que enfrentam desafios semel-
hantes no empoderamento de raparigas e mulheres, conforme a ex-
plicação dada por Boutheina Guermazi, directora para a Integração
Regional, África e Oriente Médio no Banco Mundial.
De acordo com esta responsável, na sua primeira fase, o programa
apoiará directamente milhões de raparigas de modo a permane-
cerem ou a regressarem à escola, e permitirá que 160 mil mulheres de comportamento projectadas para mudar as normas de género. Segundo o Banco Mundial, na África Oriental e Austral, mais de 40
aumentem a sua produtividade no mercado de trabalho. Igualmente, este programa irá aumentar a capacidade de 26 milhões de raparigas não frequentam a escola e 55 milhões casam-
Mais ainda, refere a representante do Banco Mundial, o programa mil administradores locais e prestadores de serviços, para que es- se antes de atingirem os 18 anos de idade, isto porque há falta de
alcançará mais de seis milhões de agentes de mudança, incluindo lí- tes possam implementar eficazmente as reformas em matéria de acesso a recursos e poder de decisão durante a adolescência, o que
deres tradicionais, pais e rapazes, através de campanhas de mudança igualdade. conduz muitas vezes a uma trajectória de baixa produtividade.

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