Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
156p.
ISBN: 978-85-9489-180-8
E-Book: 978-85-9489-181-5
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Curso de Medicina Faculdade de Medicina
Rua Sarmento Leite, 245 Comissão de Graduação - Medicina
CEP 90050-170 – Porto Alegre – RS Rua Ramiro Barcellos, 2400/4º andar
Telefone: +55 51 3303 8832 CEP 900035-003 – Porto Alegre – RS
E-mail: medicina@ufcspa.edu.br Telefone: +55 51 3308 5274
E-mail: comgrad.medicina@ufrgs.br
Apresentação
Esta é a primeira produção escrita de um projeto colaborativo em um projeto denominado “Avaliação de Habilidades
interinstitucional, em andamento, que articula dezenas de e Competências por Observação Direta no Internato em
professores de duas escolas médicas – da Universidade Medicina”, que foi selecionado para receber subvenção do
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade Programa de Bolsas para a América Latina do National Board
Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) – cuja of Medical Examiners – instituição estadunidense dedicada à
motivação foi aprimorar os processos de avaliação do internato promoção da qualidade da formação de médicos, incluindo
médico, sintonizando-os com teorias e práticas da educação pesquisa em instrumentos de avaliação – com o objetivo
médica baseada em competências. de desenvolver em dois anos um sistema de registro de
maturação de competências ao longo do internato, associando
Em anos recentes, ambas as instituições federais de ensino o treinamento de supervisores à produção de um aplicativo
vinham paralelamente lidando com adaptações curriculares que para processamento seguro das informações e monitoração de
dessem conta de harmonizar as demandas das novas Diretrizes resultados das avaliações.
Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina –
que indicam a formação de médicos essencialmente generalistas, No primeiro ano de colaboração, o projeto organizou
reflexivos e humanistas, capazes de atuar competentemente um grupo de trabalho ampliado, integrado por docentes e
em atenção, gestão e educação na saúde – com as tensões discentes, a partir de reuniões e seminários para troca de
contemporâneas da educação médica, a exigir uma mescla experiências entre as duas instituições e discussões sobre
de conhecimento com competências adaptadas a contextos necessidades dos alunos, avaliação de competências, feedback
específicos de prática profissional. Tal empreitada, sem descuidar e experiências bem-sucedidas com aplicativos eletrônicos.
da formação básica, tinha como foco crucial a passagem do aluno
de graduação à prática médica no mundo real; isto é, começava Depois de muitas ponderações, apoiadas na literatura
pelo internato. Nesse caso, o desafio maior é a avaliação contemporânea, optamos por trabalhar com base nas
formativa de um elenco de atributos e competências que chamadas entrustable professional activities, popularizadas
associem, entre outras habilidades cognitivas e clínicas, empatia, pela sigla EPAs, cujo melhor equivalente terminológico
adaptabilidade, humildade e responsabilidade. em português é atividades profissionais confiabilizadoras.
Conforme detalhado no capítulo “Confiança e confiabilização:
Em dezembro de 2017, os grupos de professores um olhar conceitual e terminológico sobre o novo paradigma
da UFRGS e da UFCSPA que lideravam essas atividades da educação médica”, dada a dinâmica complexa de
de desenvolvimento curricular e docente se associaram interações sociais do gradativo processo em que o preceptor
7
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
diuturnamente faz julgamentos acerca da confiabilização do A versão inicial desse produto foi apreciada numa oficina
aluno para desempenhar as unidades essenciais de prática que reuniu professores e alunos de ambas as instituições
profissional, enquanto o apoia como protagonista na sua envolvidas no projeto e contou com a participação dos
trajetória particular rumo à competência em cada uma delas e professores Eliane Dias Gontijo, coordenadora do Núcleo de
– logo – à independência, tais atividades profissionais não são Educação da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de
simplesmente passíveis de serem delegadas em confiança, mas Minas Gerais, e Ruy Guilherme Silveira de Souza, da Universidade
constituem um legítimo instrumento processual de forjamento Federal de Roraima, ambos com muita experiência e atuação
de profissionais dignos de confiança para desempenhá-las com destacada em educação médica.
sucesso; isto é, são genuinamente confiabilizadoras.
O conteúdo da presente publicação reúne alguma
Contemplamos com tal escolha a aceitação global e fundamentação teórica e o material prático que a colaboração
prodigiosa do esquema pedagógico avaliativo introduzido no interinstitucional UFCSPA/UFRGS produziu até o momento, que
campo da educação médica pelo holandês Olle ten Cate, que está servindo de base para o desenvolvimento do aplicativo e
faculta operacionalizar processos de confiabilização que os as experiências de utilização efetiva das atividades profissionais
bons professores clínicos já faziam intuitivamente no dia a dia, confiabilizadoras na avaliação dos alunos do internato médico.
colocando a avaliação de competências no contexto adequado A divulgação preliminar destes materiais pretende contribuir
da prática médica, justamente por meio da linguagem da para o movimento global de avaliação de competências
confiança, um conceito essencial e nuclear da atenção à saúde. na formação médica, no bojo de um amplo processo de
Mas, sobretudo, reconhecemos a praticabilidade do esquema aplicação de ferramentas pedagógicas, que, com rigor similar
avaliativo baseado nas atividades profissionais confiabilizadoras ao do laboratório das ciências básicas e dos estudos clínicos
durante o internato médico, já que levam em conta não só as randomizados, permitirão aquilatar se a educação médica
definições abrangentes e integrativas de competências, mas baseada em competências é mesmo capaz de forjar médicos
também sua conotação legal, significando não somente a melhores e, enfim, se é uma mudança paradigmática neste século
capacidade, mas também o direito adquirido por mérito de atuar tão significativa quanto a revolução flexneriana foi no anterior.
como profissional.
8
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Prefácio UFCSPA
É com muita alegria que a UFCSPA se associa ao projeto a avaliação por competências no internato, foi introduzido o
contido neste livro, por inúmeros motivos. conceito de EPAs, ou atividades profissionais confiabilizadoras,
de reconhecido valor na avaliação de habilidades durante a
Em primeiro lugar, porque acreditamos que a formação dos profissionais da saúde. Sua aplicação no âmbito
colaboração é a base da transformação em direção ao mundo da formação médica de nossas duas universidades é descrita
que queremos. Através das universidades públicas, podemos nestas páginas.
dar um exemplo concreto. A parceria com nossa co-irmã
UFRGS tem trazido muitos frutos, com a potencialização Este livro é o resultado de um trabalho cuidadoso e
dos saberes de nossas comunidades universitárias em competente, liderado por docentes da UFRGS e da UFCSPA
torno de objetivos comuns. Temos trabalhado muito, lado comprometidos com a Educação Médica, em uma parceria
a lado, pela Educação pública de qualidade e socialmente histórica que, esperamos, continue a multiplicar, no futuro, a
referenciada. Não se faz ciência sem colaboração, e com o produção científica e a inovação no ensino médico.
ensino e a pesquisa em educação não poderia ser diferente.
A colaboração e a diversidade trazem diferentes olhares e
perspectivas que enriquecem o conjunto.
Além da amizade que nos une, entre UFCSPA e UFRGS Lucia Campos Pellanda
compartilhamos também histórias. Neste livro encontra-se Reitora da UFCSPA
a descrição de uma trajetória percorrida por docentes de
ambas as universidades motivados por um projeto comum, Margaret Weidenbach Gerbase
o de desenvolver e implementar processos avaliativos de Coordenadora do Curso de Medicina da UFCSPA
qualidade na formação médica. Com o objetivo de ampliar
9
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
10
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Prefácio UFRGS
O processo de ensino-aprendizagem na medicina, muito antes A criação deste livro sobre as EPAs é a materialização
que o rigor da ciência e o imenso volume de informações de no que acreditamos! Para sua elaboração foi necessário o
que dispomos hoje existisse, se baseava em um ensino tutorial, conhecimento do assunto, uma ótima relação entre instituições
em que os discípulos tinham seu mestre como exemplo, parceiras e coirmãs com objetivos comuns, a capacidade de
repetindo seus gestos e tentando, através da prática assistida, comunicar-se com interlocutores diversos, envolvendo alunos,
gerar o conhecimento necessário para que se tornassem colegas e técnicos, e o entusiasmo e a coragem para objetivar
habilitados na arte de curar. o que é preciso que um doutorando desenvolva para que se
torne um médico confiável.
Com o desenvolvimento do método científico e
da tecnologia, a formação do médico passou a ser muito Esperamos que, através desse trabalho conjunto entre a
mais baseada em conceitos técnicos, que por vezes não UFRGS e a UFCSPA, deixemos mais claro, para nossos alunos,
eram adequadamente contextualizados durante o período que habilidades e competências devem ser desenvolvidas por
universitário, transformando-se apenas em um dado numérico, um bom médico e que possamos devolver, para a sociedade,
quantitativamente avaliado em provas teóricas. profissionais competentes e hábeis para tratar os problemas
de saúde que tanto assolam nossa população.
Mas um médico é muito mais do que um conjunto
de notas e conceitos! Além do indispensável conhecimento
teórico, as habilidades práticas da relação médico paciente,
que envolvem comunicação, segurança, capacidade de fazer Lúcia Maria Kliemann
e de buscar respostas a seus próprios questionamentos, fazem Diretora da Faculdade de Medicina da UFRGS
o ser médico. Tornar-se capaz. Tornar-se confiável. Torná-lo
capaz. Torná-lo confiável. Essa deve ser a meta que estudantes Rui Vicente Oppermann
e professores devem almejar. Juntos, criando e buscando Reitor da UFRGS
oportunidades para uma formação plena.
11
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
12
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
O papel da confiança no âmbito da atenção à saúde e da Ainda que não sejam novas as discussões acerca do papel
educação médica é um tema que volta à baila com destaque da educação médica na consolidação da confiança pública na
nas publicações acadêmicas e leigas, nestes tempos em que capacidade dos médicos em prestarem cuidados de qualidade à
turbulências político-pedagógicas e retóricas confusas nas redes saúde da população (7), apreciações críticas específicas sobre as
sociais borram a distinção entre certo e errado (2-6). De fato, relações de confiança entre educadores e educandos e o processo
a palavra confiança tem aparecido nos títulos de editoriais das de delegação de responsabilidades têm muito recentemente
mais prestigiosas revistas médicas, algumas inclusive devotando aparecido com mais evidência na literatura médica (8-11). Esses
espaço para séries de artigos sobre esse tema e, particularmente, estudos enfatizam a relevância da avaliação formativa e do
sobre processos de confiabilização – com o sentido de construção caráter longitudinal dos processos de ensino-aprendizagem,
de fidedignidade – no âmbito da formação médica, conforme bem sintetizados por David Sklar, editor do periódico Academic
explicitam Lynch e colaboradores (6): Medicine (5):
[…] to enable trustworthiness in all relationships as a means of Trust forms the foundation of the relationship between learner and
supporting and protecting professionalism, which in turn is necessary teacher, providing the conditions for the transfer of information and
to achieve excellence in the health care system. […] We continue the development of expertise. […] The learner, therefore, must trust
to consult with experts and learn about dimensions of trust. These that the teacher will guarantee the best interest of patients while
experts have offered a number of suggestions, including making simultaneously offering opportunities for the learner to engage at
trust-building an explicit part of medical education and modeling it an appropriate level in directing real patient care. […] Institutional
for residents and trainees […]. leaders can help promote trust between learners and teachers by
*Agradecemos a revisão criteriosa e esclarecedora da terminóloga Maria José Bocorny Finatto, professora titular aposentada do Instituto de Letras da UFRGS
(Departamento de Linguística, Filologia e Estudos Literários; Setor de Linguística), pesquisadora do grupo TERMISUL (www.ufrgs.br/termisul), que inspirou e avalizou a
perspectiva acadêmica da tese proposta neste texto.
13
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
improving the institutional learning environment. This can occur específico de atenção à saúde (17). Segundo ten Cate, essas
through supporting wellness programs; addressing and remediating atividades profissionais determinadas seriam o elo entre o
any disruptive or disrespectful behaviors of teachers, staff, or conceito de educação médica baseada em competências –
learners; and making sure that organizational policies align with the que ele considerava pouco tangível, sob a ótica da avaliação
values that are taught to learners. – e a prática diária. Apoiava-se nas definições correntes de
competências, que deveriam ser (a) específicas, (b) abrangentes
A consolidação da confiança como conceito nuclear e (isto é, incluindo conhecimentos, atitudes e habilidades), (c)
princípio unificador de todos os níveis do sistema de educação duráveis, (d) passíveis de treinamento, (e) aferíveis, (f) relacionadas
médica baseado em competências constituiu a segunda onda a atividades profissionais e (g) vinculadas a outras competências;
da virada paradigmática da formação profissional – ocorrida na mas sobretudo na conotação legal do conceito de competência,
primeira década do novo milênio – em que o currículo baseado significando não somente a capacidade, mas também o direito
em estrutura/processo/tempo dá lugar ao currículo baseado adquirido por mérito de atuar como profissional.
em competências e avaliação de desfechos (12-14). A primeira
onda caracterizou-se pela própria afirmação do constructo das A grande e rápida aceitação da estratégia proposta por ten
competências, nos anos 1970 e 1980, processo muito lento que Cate, a partir das primeiras definições, deveu-se à constatação
culminou com a consolidação da estrutura dos domínios de de que ela operacionalizava processos de confiabilização que
competências médicas – proposta pelo Accreditation Council for os professores clínicos já faziam intuitivamente no dia a dia,
Graduate Medical Education (ACGME) e pelo American Board colocando a avaliação de competências no contexto adequado,
of Medical Specialties (ABMS) –, que viria a ser aperfeiçoada e por meio da linguagem da confiança, um conceito central e
ampliada pela Association of American Medical Colleges (AAMC) essencial do cuidado à saúde (8, 10, 14, 18-20).
já nos anos 2000 (15). Porém, em pouco tempo, a definição
vaga e teórica das competências, associada à falta de critérios Entretanto, ten Cate escreveu sobre o novo instrumento
para sua avaliação no dia a dia da prática clínica, levou os avaliativo em inglês e, embora sua intenção declarada fosse uma
pesquisadores a buscar meios de identificá-las e aferí-las de modo linguagem menos complicada, ao qualificar as tais atividades
mais operacional e efetivo. Daí ocorre a segunda onda do novo profissionais com o adjetivo entrustable, buliu com uma armadilha
paradigma, uma abordagem pedagógica avaliativa baseada em terminológica cheia de nuances; sobretudo levando em conta a
processos de confiabilização no contexto do trabalho clínico, que rápida propagação internacional que experimentaria sua inovação
se tornaria rapidamente a coqueluche da educação médica no pedagógica – reconhecida em todos os cantos e idiomas como as
mundo todo (11, 16). EPAs, abreviatura de entrustable professional activities.
O médico-educador holandês Theodorus Jan (Olle) ten The EPAs were designed to link competencies to clinical practice
Cate, do Centro para Pesquisa e Desenvolvimento da Educação and make them feasible. The EPAs – tasks or responsibilities that
da Faculdade de Medicina da Universidade de Utrecht, foi can be entrusted to a trainee once sufficient, specific competence
quem introduziu, em 2005, um novo instrumento pedagógico is reached to allow for unsupervised execution – are now being
que permitia ao professor de clínica médica determinar a defined in various health care domains. Because EPAs represent
competência – e, logo, o grau de confiabilidade – do aluno para what physicians do in daily practice, the new language can be briefer
assumir a responsabilidade de desempenhar tarefas essenciais and less complicated. (21)
da prática profissional, sem supervisão direta, num contexto
14
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Para clarear a importância do debate conceitual em torno Mais recentemente, Rita Temmermann propõe a
do termo EPA, cabe aqui um parêntese, com um comentário Teoria Sociocognitiva da Terminologia, que vincula os traços
breve sobre o percurso dos estudos linguísticos que fundamentam sociais e históricos de uma comunidade de conhecimento e
esta discussão. Em 1931, o engenheiro e linguista alemão o estabelecimento de suas terminologias em um continuum
Eugen Wüster desenvolve a Teoria Geral da Terminologia, temporal. Aqui não se descrevem conceitos e termos como
objetivando eliminar a ambiguidade da linguagem técnica, bem construtos à parte, mas modelos cognitivos, que são unidades
como transformar tal linguagem em um instrumento potente de compreensão válidas em um dado espaço-tempo e as
de comunicação inequívoca em domínios de conhecimento designações a eles associados. Há, assim, todo um cenário de
especializados, a partir da normalização terminológica, que é significações, enriquecido por variações, diferentes sentidos e até
extremamente funcional em uma comunicação padronizada, como metaforizações, que perfazem uma linguagem especializada em
é o caso da linguagem médica acadêmico-científica (22). seu dinamismo constitutivo. Nesse cenário, o intercâmbio entre
o que se passa na linguagem cotidiana, retratada nos dicionários
Em 1976, Ingetraut Dahlberg, em sua Teoria Analítica gerais de língua, e a linguagem especializada, repertoriada nos
do Conceito, ocupa-se em compreender a importância do dicionários temáticos especializados, que tratam de recortes
desenvolvimento de sistemas conceituais para a representação do científicos ou técnicos, é uma constante (25).
conhecimento e informação, visando a fundamentar as análises
conceituais de toda iniciativa que venha a fazer referência ao estudo Voltando ao caso em foco – o termo EPA –, poder-se-ia ir
e à padronização de termos. De acordo com essa teoria, cada dos dicionários gerais de línguas até os especializados, que tratam
conceito tem um referente sobre o qual afirmações verificáveis são apenas de termos médicos, mas mesmo assim os significados são
possíveis de serem realizadas; logo, ao se sumarizar e sintetizar as nebulosos, em vista de sua alta dependência dos contextos, o que
afirmações em um termo, este passará a representar o conceito tende a complicar-se ainda mais quando entra em cena a variação
nos processos de comunicação. Portanto, o conceito não é a de idiomas. Acontece que a palavra entrustable, um vocábulo
composição de partes ou elementos distintos, mas um todo que muito novo na língua inglesa, ainda não dicionarizado (26, 27),
está contido, ao mesmo tempo, no referente, nas predicações feitas provém do verbo entrust, que tem dois significados:
acerca dele e no léxico adotado para designá-lo (23).
(a) investir alguém com a responsabilidade de algo em
Por outro lado, Maria Teresa Cabré, desde o final dos confiança, como em “she was entrusted with the job
anos 80, em sua Teoria Comunicativa da Terminologia, valoriza of organizing the reception” (cujo melhor significado
os aspectos comunicativos das linguagens especializadas em correspondente no português atual poderia ser encarregar,
detrimento a propósitos normalizadores, tendo em vista que as como em “ela foi encarregada da tarefa de organizar a
unidades terminológicas formam parte da linguagem natural e da recepção”); e
gramática das línguas. Assim, uma unidade lexical pode assumir
o caráter de termo em função de seu uso em um contexto e (b) delegar ou consignar a responsabilidade de algo
situação determinados. Portanto, o conteúdo de um termo não é em confiança, como em “Medicare removes a citizen’s
fixo, mas relativo e variando conforme o cenário comunicativo em responsibility for his health care and entrusts it to the state”
que está inscrito (24). (cujo significado correspondente em português é confiar,
como em “Medicare confia ao Estado a responsabilidade
pelo cuidado da saúde do cidadão”).
15
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Em decorrência da dupla acepção do verbo de origem, a be asking themselves if the resident is capable of completing
palavra entrustable também carrega dois significados: a task independently. Building trust and making entrustment
decisions are complicated social interactions influenced by many
(a) dotado de competências essenciais para que lhe seja competing factors in the workplace. ten Cate developed the idea
delegada ou consignada em confiança a responsabilidade of “entrustable professional activities” (EPAs) to make explicit the
everyday judgments supervisors make regarding whether to trust a
de assumir uma determinada tarefa, como em “the given trainee with a specific task. (28)
student became entrustable to perform the assigned task
competently” (cujo melhor significado correspondente em Considerable debate and clarification for faculty were necessary to
português é confiável, como em “o estudante se tornou make the distinction between ad hoc and summative entrustment
confiável para realizar com competência a tarefa a ele decisions. A student whose dashboard does not show formal
designada”); e permission to carry out an EPA without the supervisor in the room,
can, and even must, be stimulated to do so in the learning process.
(b) passível de ser delegado ou consignado em confiança, However, at every ad hoc occasion, the supervisor should evaluate
como em “trainees acquire those wider skills, often the situation for its safety to have a student practice and should
described as entrustable skills”(Para este significado, não há evaluate the student’s performance afterward to estimate his or her
tradução fácil para a língua portuguesa, na qual o vocábulo readiness for the formal statement of awarded responsibility. (1)
confiável só tem o sentido de digno de confiança. A opção
mais sensata para este caso seria usar uma locução adjetiva, Based on these findings about the developmental nature of trust—
com as qualificações de designação e fidedignidade: from the perspectives of both trainees and supervisors—questions
exist about how medical students, as the most junior members
“os estagiários adquirem habilidades mais amplas, of the physician team, experience entrustment. While intern and
frequentemente descritas como habilidades delegáveis resident trainees have well-defined roles on the care team—with
mediante confiança”.) established expectations and responsibilities—the role of clerkship
students is more variable. The lenses of social learning theory and
A intenção óbvia de ten Cate ao propor as EPAs foi workplace learning explicate how clerkship students learn their roles
referir-se ao primeiro dos significados acima, isto é, tratava- through social processes in their workplace. As students familiarize
se de atividades profissionais que se prestavam ao processo themselves with their clinical learning environment—traditionally
de confiabilização do estudante de medicina. Essa noção foi rotating from one specialty to the next—they must renegotiate their
fortemente corroborada pelas dezenas de publicações acerca das roles based on setting and team needs. Student perceptions of trust
EPAs que surgiram desde então, sempre enfatizando o caráter may have important implications for their patient care roles, learning
de processo longitudinal e complexo das relações de ensino- and engagement. (29)
aprendizagem que levam à confiabilização do estudante para
assumir a responsabilidade pelas tais atividades profissionais, The word “entrustable” is part of this framework because most
physicians, when working with a learner, have asked themselves,
como bem exemplificam os excertos a seguir: consciously or unconsciously, “Do I trust this learner to do that?”
And, only if the answer is “yes” do they allow the learner to do the
Learning to perform clinical tasks competently is a process all task. So, although EPAs sound new (and potentially confusing),
medical learners must navigate on their road to professional they are built on a foundation that physicians have intuitively used.
independence. Clinical preceptors are accountable for helping After working with a student, for instance, and watching him or her
residents shoulder increasing responsibility and should continually
16
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
conduct histories and physical examinations, a physician will decide Postgraduate training and assessment should not move away from
whether to trust the student to conduct future histories and physical the clinical supervisor in the ward but should instead scaffold the
examinations on his or her own. This decision will be based on supervisor’s role of appraising the execution of activities entrusted to
several factors, including the accuracy of the information the student residents. Entrusted, or rather, entrustable activities are not the same
has provided in the past, how well the student recognizes his or her as competencies. (31)
limitations, the complexity of the patient, the circumstances of the
family, the nature of the task, and time constraints. It really all comes Tal hesitação possivelmente se deve ao fato de que no
down to whether the physician can affirmatively answer the question, holandês, assim como em português, não parece existir um
“Do I trust the learner to do this?” (30) adjetivo lexicalizado e não-desajeitado para expressar a noção de
“delegável com confiança”(segundo significado de entrustable,
The thinking in EPAs will foster observation and the deliberate acima); tanto que em artigos escritos em sua língua materna, ten
granting of responsibilities. In this way, as training progresses,
Cate utiliza o termo toevertrouwde professionele activiteiten, cuja
trainees may be gradually entitled or qualified to perform EPAs and
transform from a trainee into a professional. (17) tradução aproximada seria “atividades profissionais confiadas” (1).
De fato, existe um certo caráter dual no termo entrustable, Em resumo, a questão é mesmo forjar profissionais
pois, no contexto específico da educação médica, as atividades dignos de confiança (para cada uma das atividades em questão).
profissionais em questão podem ser vistas pelo ângulo de serem Pensando na adaptação do termo para a língua portuguesa, na
passíveis de ser delegadas ou consignadas em confiança – ou qual só temos a palavra confiar para significar tanto ter confiança
seja, correspondendo à segunda das definições descritas acima. em alguém ou algo (trust), como entregar a responsabilidade
Entretanto, todas as referências a elas reiteram a pujança da de algo a alguém com confiança (entrust), ficamos com um
predominância do sentido de confiabilização de um “credor- dilema linguístico, pois tanto trustable como entrustable
fiduciário” (isto é, o médico em formação), em detrimento do acabariam traduzidos como confiável. Entretanto, é claro que
sentido de delegação ou transferência de um encargo. O próprio nós falantes do português só entendemos confiável como
ten Cate deu sinais de consciência dessa ambivalência linguística digno de confiança. Daí provavelmente o surgimento recente
no artigo em que a expressão entrustable professional activities do termo confiabilizar – forjado por necessidade, em função
apareceu pela primeira vez na literatura médica, em 2005, na dessa lacuna de um significado vernáculo correspondente –, em
revista Medical Education: muitos textos técnicos, principalmente das engenharias. Ora, as
tais atividades evidentemente não são elas confiáveis; isso não
[…] the daily routine of the medical profession in a specialty can faz sentido em português, já que, na nossa língua, confiável é
be analysed to identify activities to be entrusted to trainees. […] aquilo ou aquele em quem confiamos. Por outro lado, se são
Performing well in a profession could be defined as being entrusted passíveis de delegação, o ato de consigná-las não garante que
to carry out all its critical EPAs. (17) o “credor-fiduciário” – o aluno – seja efetivamente digno de
confiança. Agora, dizer que são “atividades confiabilizadoras”,
E mais, no segundo artigo em que utilizou a nova como a construção neológica que a situação demanda, remete
expressão, em 2006, na revista British Medical Journal, enquanto ao entendimento de que teriam servido de base a um cuidadoso
sublinhava mais uma vez a ação do professor amparando o aluno processo de capacitação e que as passamos com confiança de
no processo de confiabilização, ten Cate titubeou ao adjetivar as que o “credor-fiduciário” as desempenhará com competência,
ditas atividades profissionais: sem supervisão direta. Esse conceito foi o que Englander e
17
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
colaboradores procuraram sedimentar no seu artigo definitivo, com que se pode confiar que o aluno será bem sucedido no
publicado na revista Medical Teacher, sobre a necessidade de desempenho da tarefa em questão (28).
uma língua comum para minimizar as ambiguidades no jargão da
educação médica baseada em evidências (32): A figura ilustra a relação do processo de confiabilização
do aluno e a conexão do termo “atividades profissionais” com
Entrustable professional activity: An essential task of a discipline o atributo “confiabilizadoras”, baseada no significado dual de
(profession, specialty, or subspecialty) that a learner can be trusted entrustable, que se refere menos à atividade confiada ao aluno, mas
to perform without direct supervision and an individual entering mais ao próprio aluno em sua condição de ser digno de confiança.
practice can perform unsupervised in a given health care context, É bom ressaltar que o sintagma terminológico que resulta dessa
once sufficient competence has been demonstrated. conexão – atividades profissionais confiabilizadoras – não é uma
tradução, mas um equivalente terminológico, que se considera a
Essa definição foi o lastro de inúmeros estudos melhor correspondência possível para o conceito em questão.
sedimentando a noção de que o termo entrustability, empregado
por ten Cate no título de seu artigo seminal, “Entrustability Concluindo, dada a dinâmica complexa de interações
of professional activities and competency-based training”, na sociais do gradativo processo em que o preceptor diuturnamente
verdade se referia a um processo intrincado que começa com faz julgamentos acerca da confiabilização do aluno para
um aluno inexperiente apenas observando a realização de uma desempenhar as unidades essenciais de prática profissional,
determinada atividade da prática médica e termina com esse enquanto o apoia como protagonista na sua trajetória
aluno digno de confiança para que lhe seja delegada a tarefa em particular rumo à competência em cada uma delas e – logo – à
questão; ou seja, um processo de confiabilização (19, 20, 33). A independência, tais atividades profissionais não são simplesmente
medida dessa aquisição de competência (aqui, no seu sentido passíveis de serem delegadas em confiança, mas constituem um
singular de capacidade, englobando habilidades, conhecimento, legítimo instrumento processual de forjamento de profissionais
atitude e intenção de realizar determinada tarefa), pode ser dignos de confiança para desempenhá-las com sucesso (isto é,
aferida pelas chamadas escalas de confiabilidade – em inglês, são genuinamente confiabilizadoras).
entrustability scales –, que se referem ao nível de independência
Na literatura em língua portuguesa da área da saúde, ainda
há muito poucas referências às EPAs. Pelo menos um grupo de
autores não se atreveu a sugerir um equivalente terminológico
e utiliza simplesmente o termo na língua original (34, 35). Os
demais, por inércia ou negligência, caem na armadilha linguística
de qualificar as atividades profissionais como “confiáveis”,
numa tradução enjambrada, apenas literal, gerando algo que
não tem sentido no nosso vernáculo, considerando que esse
adjetivo tem acepção exclusiva de digno de confiança (36-41). É
curioso observar que pelo menos uma autora utiliza atividades
profissionais confiáveis no título, mas ao explicar o que são
Figura 1. Processos de confiabilização as EPAs utiliza o termo atividades profissionais responsáveis,
18
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
O fato de autores da literatura médica em língua 1. ten Cate O, Graafmans L, Posthumus I, Welink L, van Dijk M. The
portuguesa hesitarem em uma proposição de termo equivalente EPA-based Utrecht undergraduate clinical curriculum: Development
para EPA, ou, quando o fazem, realizarem isso de forma and implementation. Med Teach. 2018;40(5):506-13. doi:
inapropriada, evidencia a dificuldade de se encontrar um adjetivo 10.1080/0142159X.2018.1435856.
vernacular satisfatório para entrustable, mas sobretudo confirma
2. White K. Trust in healthcare: making progress. Edelman [Internet].
que a palavra “confiável” não dá conta do conceito proposto em 2017. Acessado em 18/05/2019. Available from: https://www.
inglês. Os estudos em sociolinguística desenvolvidos por William edelman.com/post/trust-healthcare-making-progress.
Labov tratam justamente desta questão, ao descreverem um
modelo de variação terminológica a partir da análise de padrões 3. Blendon RJ, Benson JM, Hero JO. Public Trust in Physicians
de comportamento linguístico em uma comunidade de fala. — U.S. Medicine in International Perspective. N Engl J Med.
Diante de um conhecimento novo, a terminografia para descrevê- 2014;371(17):1570-2. doi: 10.1056/NEJMp1407373.
lo também é “hesitante”, na medida em que equivalentes
tentativos são experimentados até que se lexicalizem – ou até 4. Bauchner H. Trust in Health Care. JAMA. 2019;321(6):547-. doi:
“viralizem”, como aconteceu com as EPAs – dentro da área de 10.1001/jama.2018.20795.
especialidade (43). Enquanto isso, em nome da clareza, vale
a pena buscar na terminologia sociocognitiva de Temmerman 5. Sklar DP.A New Conversation on Trust in Health Care and Health
modelos cognitivos que abarquem a noção do processo de Professions Education. AM Rounds [Internet]. Sklar DP, editor.
confiabilização (25). Washington, DC: Association of American Medical Colleges. 2019.
[cited 2019]. Available from: http://academicmedicineblog.org/a-
Considerando que a comunicação efetiva é uma das new-conversation-on-trust-in-health-care-and-health-professions-
education/.
competências a serem desenvolvidas pelos graduandos e
profissionais da saúde, seu domínio faz parte do processo de 6. Lynch TJ, Wolfson DB, Baron RJ. A Trust Initiative in Health Care:
confiabilização para suas atividades profissionais. Ademais, Why and Why Now? Acad Med. 2019;94(4):463-5. doi: 10.1097/
ressalte-se que o contexto específico da educação médica gera ACM.0000000000002599.
novas compreensões, que demandam novas designações para dar
conta de um estado de coisas em adaptação permanente. Sob 7. Schroeder SA, Zones JS, Showstack JA. Academic Medicine
esse prisma – e talvez na contramão do que a simples frequência as a Public Trust. JAMA. 1989;262(6):803-12. doi: 10.1001/
terminológica por ora parece estar indicando –, caracterizar o jama.1989.03430060099033.
sentido apropriado de entrustable professional activities, com a
sugestão do termo “atividades profissionais confiabilizadoras”, 8. Powell DE, Carraccio C. Toward Competency-Based Medical
respeita a demarcação conceitual de todo um conjunto de Education. N Engl J Med. 2018;378(1):3-5. doi: 10.1056/
variáveis do cenário comunicativo e do quadro epistemológico NEJMp1712900.
envolvido e, logo, faz toda a diferença na compreensão desse
conceito e sua aplicação na educação médica.
19
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
9. Frankel RM, Tilden VP, Suchman A. Physicians’ Trust in One Another. 18. ten Cate O. Nuts and bolts of entrustable professional activities. J
JAMA. 2019;321(14):1345-6. doi: 10.1001/jama.2018.20569. Grad Med Educ. 2013;5(1):157-8. doi: 10.4300/JGME-D-12-00380.1.
10. Abruzzo D, Sklar DP, McMahon GT. Improving Trust Between 19. El-Haddad C, Damodaran A, McNeil HP, Hu W. The ABCs of
Learners and Teachers in Medicine. Acad Med. 2019;94(2):147-50. entrustable professional activities: an overview of ‘entrustable
doi: 10.1097/ACM.0000000000002514. professional activities’ in medical education. Intern Med J.
2016;46(9):1006-10. doi: 10.1111/imj.12914.
11. Hatala R, Ginsburg S, Hauer KE, Gingerich A. Entrustment Ratings
in Internal Medicine Training: Capturing Meaningful Supervision 20. Hauer KE, ten Cate O, Boscardin C, Irby DM, Iobst W, O’Sullivan PS.
Decisions or Just Another Rating? J Gen Intern Med. 2019. doi: Understanding trust as an essential element of trainee supervision
10.1007/s11606-019-04878-y. and learning in the workplace. Advances in Health Sciences
Education. 2014;19(3):435-56. doi: 10.1007/s10459-013-9474-4.
12. Carraccio C, Wolfsthal SD, Englander R, Ferentz K, Martin C.
Shifting Paradigms: From Flexner to Competencies. Acad Med. 21. ten Cate O. Competency-based education, entrustable professional
2002;77(5):361-7. PubMed PMID: 00001888-200205000-00003. activities, and the power of language. J Grad Med Educ. 2013;5(1):6-
7. doi: 10.4300/JGME-D-12-00381.1.
13. Mehta NB, Hull AL, Young JB, Stoller JK. Just Imagine: New
Paradigms for Medical Education. Acad Med. 2013;88(10):1418-23. 22. Wüster E. Introducción a la Teoría General de la Terminología y a la
doi: 10.1097/ACM.0b013e3182a36a07. Lexicografía Terminológica. Barcelona: IULA; 1998.
14. Young E, Elnicki DM. Trust as a Scaffold for Competency-Based 23. Dahlberg I. Teoria do Conceito. Ciencia Inf. 1978;7(2):101-7. http://
Medical Education. J Gen Intern Med. 2019. doi: 10.1007/s11606- revista.ibict.br/ciinf/article/view/115.
019-04927-6.
24. Cabré Castellví MT. Theories of terminology: Their description,
15. Englander R, Cameron T, Ballard AJ, Dodge J, Bull J, Aschenbrener prescription and explanation. Terminology. 2003;9(2):163-99. doi:
CA. Toward a Common Taxonomy of Competency Domains for the https://doi.org/10.1075/term.9.2.03cab.
Health Professions and Competencies for Physicians. Acad Med.
2013;88(8):1088-94. doi: 10.1097/ACM.0b013e31829a3b2b. 25. Temmerman R. Approaches to terminology. Now that the dust
has settled. SYNAPS - A Journal of Professional Communication.
16. Shorey S, Lau TC, Lau LST, Ang E. Entrustable professional activities 2007;20:27-36. http://hdl.handle.net/11250/2401136.
in health care education: a scoping review. Med Educ. 2019;0(0). doi:
10.1111/medu.13879. 26. Merriam-Webster.com Dictionary. Springfield, MA: Merriam-Webster,
Inc; 2019.
17. ten Cate O. Entrustability of professional activities and competency-
based training. Med Educ. 2005;39(12):1176-7. doi: 10.1111/j.1365- 27. Proffitt M. Oxford English Dictionary. Oxford, UK: Oxford University
2929.2005.02341.x. Press; 2018.
20
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
28. Rekman J, Gofton W, Dudek N, Gofton T, Hamstra S. Entrustability 35. Miranda FBG, Mazzo A, Alves Pereira-Junior G. Construção e validação
Scales: Outlining Their Usefulness for Competency-Based dos marcos de competências para formação do enfermeiro em
Clinical Assessment. Acad Med. 2016;91(2):186-90. doi: 10.1097/ urgências. Rev Lat Am Enfermagem. 2018;26. doi: 10.1590/1518-
ACM.0000000000001045. 8345.2631-3061.
29. Karp NC, Hauer KE, Sheu L. Trusted to Learn: a Qualitative Study 36. Meneses JR, Pereira AJ, Oliveira ABC, Freire MRSM, Roch RCuS.
of Clerkship Students’ Perspectives on Trust in the Clinical Learning Currículo baseado em competências nas residências em saúde. In:
Environment. J Gen Intern Med. 2019;34(5):662-8. doi: 10.1007/ Ceccim RB, Meneses LBA, Soares VL, Pereira AJ, Meneses JR, Rocha
s11606-019-04883-1. RCS, et al., editors. Formação de formadores para residências em
saúde: corpo docente-assistencial em experiência viva. Porto Alegre:
30. Hanson JL, Bannister SL. To Trust or Not to Trust? An Introduction to Rede UNIDA; 2018. p. 136-45.
Entrustable Professional Activities. Pediatrics. 2016;138(5):e20162373.
doi: 10.1542/peds.2016-2373. 37. Flamino KS. Competências Mínimas de Estudantes de Medicina para
Obtenção de Vias Aéreas Definitiva em Diferentes Semestres do Curso
31. ten Cate O. Trust, competence, and the supervisor’s role in [Dissertação de mestrado]. Belém, PA: Centro Universitário do Pará; 2017.
postgraduate training. BMJ. 2006;333(7571):748-51. doi: 10.1136/
bmj.38938.407569.94. 38. Geo J, Larcher N, Ventura V, Teixeira J, Soares A. Definindo as
atividades profissionais confiáveis na atenção integral às pessoas
32. Englander R, Frank JR, Carraccio C, Sherbino J, Ross S, Snell L. Toward com doença falciforme: a contribuição das alunas do primeiro ano
a shared language for competency-based medical education. Med de Medicina. Congresso Brasileiro de Educação Médica; 2017; Porto
Teach. 2017;39(6):582-7. doi: 10.1080/0142159X.2017.1315066. Alegre.
33. Sood L, Emke AR, Castillo JM, Youssef N, Yeh DD. Entrustable 39. Novellino AMM. Desenvolvimento de Atividades Profissionais
professional activities: a faculty development workshop for adding Confiáveis (EPAs - Entrustable Professional Activities) na Área de
EPAs into your medical trainee’s assessment portfolio. MedEdPORTAL Ginecologia-Obstetrícia para a Graduação Médica [Dissertação de
Publications. 2017;13:10528. doi: 10.15766/mep_2374-8265.10528. mestrado]. Curitiba: Faculdades Pequeno Príncipe; 2018.
34. Miranda FBG. Construção, validação dos Marcos de Competências 40. Pereira Junior G, Fraga G, Arnaud F, Gula E, Slullitel A, Garcia
e Entrustable Professional Activities (EPAs) para formação de V. O Ensino de urgência e emergência de acordo com as novas
enfermeiros: ensino e avaliação do atendimento às urgências e Diretrizes Curriculares Nacionais e a Lei do Mais Médicos. Cadernos
emergências do paciente adulto e testagem de avaliação em ABEM. 2015;11:20-47. doi: https://www.researchgate.net/
ambientes clínicos simulados [Tese de doutorado]. Ribeirao Preto: publication/299573258_O_Ensino_de_Urgencia_e_Emergencia_de_
Universidade de São Paulo; 2018. acordo_com_as_novas_Diretrizes_Curriculares_Nacionais_e_a_Lei_do_
Mais_Medicos.
21
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
41.Costa LB, Esteche FF, Augusto-Filho RF, Bomfim ALB, Ribeiro MTAM.
Competências e Atividades Profissionais Confiáveis: novos paradigmas
na elaboração de uma Matriz Curricular para Residência em Medicina
de Família e Comunidade. Rev Bras Med Fam Comun. 2018;13(40):1-
11. doi: 10.5712/rbmfc13(40)1632.
22
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Definem-se competências como o conjunto de conteúdos, discussão pelo nosso grupo, que optou por adaptar o material
habilidades e atitudes que são desenvolvidas pelos aprendizes bastante abrangente, pertinente e consistente já desenvolvido por
na área da saúde (1). Na formação dos profissionais da saúde, outros autores (5-7), traduzindo tarefas realmente imprescindíveis
frequentemente os professores observam que há uma falta de para a formação do médico.
conexão entre o que os alunos aprendem na sala de aula e aquilo
que eles podem aplicar quando estão atuando no local de trabalho Em linhas gerais, as EPAs incluem habilidades de
e no contato com os pacientes (2). Partindo desta observação, consulta clínica, capacidade de executar um restrito número de
modificações no currículo têm sido propostas através do ensino procedimentos clínicos básicos, capacidade de comunicação
baseado em competências e do ensino baseado em atividades incluindo orientação de familiares e de pacientes, transição do
profissionais confiabilizadoras (do inglês, Entrustable Professional cuidado e discussão de caso, trabalho colaborativo com equipe
Activities - EPAs). multiprofissional e capacidade para buscar informações qualificadas.
Um aspecto importante desta abordagem é que ela está voltada
O ensino por competências, preconizado nas Diretrizes para o resultado, isto é, o aluno deve atingir a capacidade de
Curriculares Nacionais do Curso de Graduacão em Medicina (3), cumprir uma dada tarefa (p.e.: fazer um relato completo em um
prevê oportunizar ao estudante o desenvolvimento da capacidade prontuário), atingindo um dado grau de confiabiliabilidade (p.e.:
em aplicar conhecimentos, habilidades e atitudes em cenários o aluno consegue cumprir adequadamente a tarefa com mínima
de prática real ou simulada sob supervisão. Além de contribuir supervisão), independentemente do tempo necessário para atingir
de maneira importante para a formação do aluno, a avaliação este objetivo (2). No entanto, nossos internatos são organizados em
das competências adquiridas ao longo da aprendizagem e sua um sistema de rotação por períodos fixos de tempo, o que penaliza
certificação legitimam o futuro profissional como capacitado alunos com um processo mais lento de aprendizado, ou com menor
para exercer a prática médica (4). Esta legitimação tem sido riqueza de experiências educacionais prévias.
recomendada através da observação direta de desempenho
na execução de tarefas e no desenvolvimento de habilidades Outro aspecto que discutimos amplamente foi como
pelos alunos em formação, demonstrando o que denominamos implantar um ensino baseado em atividades: iniciando no internato
‘competência profissional’ com base em parâmetros e critérios e assim contemplando alunos em formação e já mais próximos ao
definidos (4). Quais seriam as competências mais importantes de final do curso ou integrando desde o início do curso aos objetivos
serem dominadas pelos alunos ao final do curso/início da residência das diferentes disciplinas? O segundo modelo pode parecer mais
(ou da prática profissional)? Isso tem sido objeto de estudo e lógico, no entanto, considerando que em torno de 40% da carga
23
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
horária total da formação médica de graduação ocorre nos últimos o aluno explique o caso e sua relação com a atividade
24 meses do curso quando os alunos estão no internato, iniciar o profissional confiabilizadora;
planejamento do ensino por atividades profissionais no início do
internato pode ser uma abordagem legítima e com tempo suficiente 2) compreensão da tarefa: peça justificativa, indicação,
para o aprendizado através de avaliações formativas. Foi por esta a fisiopatologia e raciocínio clínico;
abordagem que optamos, porque nosso grupo de trabalho – que
reúne professores e alunos dos cursos de medicina da UFRGS e da 3) identificação do risco: que riscos e complicações possíveis
UFCSPA – formou-se com o objetivo de promover um melhor modo estão envolvidos? Pergunte como o aluno se preparou para
de avaliar por observação direta o desempenho dos internos. Neste lidar com esses riscos e complicações;
texto vamos discutir como pensamos implementar EPAs no currículo
das nossas escolas, já antevendo que este processo também poderá 4) possíveis variações: e se o paciente ou situação fosse
ter reflexos na organização dos procedimentos avaliativos do diferente? Pense em diferenças de cultura, histórico médico,
período pré-internato. descobertas inesperadas, anormalidades mentais ou físicas;
mesmo caso em um turno da noite, etc.
Para que uma EPA possa ser realizada com sucesso, é
necessário que professores e alunos tenham conhecimento Utilizar casos preparados e/ou simulados pode ser útil em
detalhado sobre a tarefa a ser cumprida, e tenham os situações raras ou críticas, oferecendo também ao aluno uma
conhecimentos e as habilidades que a precedem, respeitando o aprendizagem em ambiente protegido.
momento da formação em que os/as aprendizes se encontram. Por
exemplo, para que o aluno possa executar com sucesso as etapas Outra abordagem interessante seria criar questionamentos
da consulta clínica no internato é necessário que ele tenha os específicos direcionados para a obtenção da confiabilização de cada
conhecimentos de semiologia, clínica médica, farmacologia, etc. Em EPA (9) e tornar estes questionamentos acessíveis por um aplicativo
nossos cursos, estar aprovado em todas as disciplinas anteriores ao via internet que mimetiza o fluxo da tarefa a ser executada pelo
internato é pré-requisito para o início deste período da formação. aluno. O aplicativo agrega a característica formativa deste tipo de
Além disso, conhecer as etapas que constituem as EPAs é um avaliação ao aspecto somativo dando a possibilidade a cada aluno
treinamento adicional que precisa ser modelado anteriormente à de ser avaliado pela mesma tarefa por mais de um professor e
sua aplicação pelos professores/preceptores. Foram propostas duas utilizando os mesmos critérios (6). No material que apresentamos
abordagens para este treinamento: sobre cada EPA, existe uma proposta de avaliação, que segue uma
estrutura de níveis de confiabilização que foram adaptados por
1) a observação curta de uma EPA ou parte dela durante 5-15 nosso grupo de professores de modo a serem centrados no aluno.
minutos, seguida de feedback e discussão com o aluno, ou
Para a plena avaliação do aluno, outros métodos de
2) um caso clínico fictício preparado (8). abordagem em cenários de prática devem ser conhecidos dos
professores e fazer parte da estratégia de treinamento; são eles, o
Para o feedback os autores propõem uma discussão mini-exercício clínico (Mini-CEX, quadro 1) (10), o preceptor minuto
estruturada com o aluno utilizando quatro tipos de questionamentos: (11) e o SNAPPS (ver próximo capítulo) (12). Os dois últimos são
1) reconhecimento da tarefa: o que você fez? Deixe que apresentados no capítulo seguinte. Além destes, o treinamento
24
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
dos professores/preceptores e a sensibilização dos alunos para o definidas por cada curso de medicina e a implementação dessas
feedback é essencial, sendo objeto de outro capítulo (Feedback de competências é facilitada pelo conceito de EPAs. Cabe ainda
Atividades Profissionais Confiabilizadoras). dizer que o papel de preceptores experientes com a utilização
de métodos de avaliação específicos que auxiliem no feedback
O Mini-CEX consiste em um instrumento de observação direta objetivo e orientador são elementos importantes para uma
de desempenho durante a consulta médica, desenvolvido no formato formação de qualidade.
de um formulário preenchido pelo observador, que procura avaliar
seis competências clínicas nucleares: competências na entrevista,
competências no exame físico, qualidades humanísticas, raciocínio
clínico, competências de aconselhamento e organização. A análise Referências
estruturada da consulta facilita o desenvolvimento de um feedback
detalhado. Este instrumento foi avaliado em uma revisão sistemática 1. Frank JR, Snell LS, ten Cate O, Holmboe ES, Carraccio C, et al.
(12) demonstrando que seu uso melhora a qualidade do ensino, Competency-based medical education: theory to practice. Med Teach
tendo sido utilizado para avaliação os níveis de impacto educacional 2010;32(8):638-645.
de Kirkpatrick (nível 1: descreve a receptividade do estudante,
nível 2: identifica modificações observadas no estudante, sendo 2. Ten Cate O, Chen HC, Hoff RG, Peters H, Bok H, van der Schaaf
que o nível 2a inclui modificações de atitudes/percepções e o 2b M. Curriculum development for the workplace using Entrustable
Professional Activities (EPAs): AMEE Guide No. 99. Med Teach.
inclui modificações em conhecimento e habilidades; nível 3 sinaliza 2015;37(11):983-1002.
uma mudança de comportamento e o nível 4 inclui demonstração
de benefícios para o paciente). Em 26 estudos com o Mini-CEX 3. Brasil. (2014). Resolução nº 3, de 20 de junho de 2014. Institui
avaliados, observou-se impacto positivo alto de 61% nos níveis de Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina
Kirkpatrick 1 (satisfação do estudante) e em 4 estudos foi identificado e dá outras providências. Ministério da Educação. Conselho Nacional
melhora na performance do estudante (Kirkpatrick 2b). As outras de Educação. Câmara de Educação Superior. Brasília: Portal do
duas ferramentas citadas nos anexos desse capítulo são formas de Ministério da Educação. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/
preceptoria estruturadas, nas quais o preceptor/professor se propõe arquivos/pdf/Med.pdf.
a oferecer ao aluno perguntas sobre o caso para rapidamente
conseguir entender e promover uma abordagem qualificada do 4. Gontijo, E. D., Alvim, C., Megale, L., Renan, C. J., & Lima, M. Matriz de
paciente. As estruturas destes dois instrumentos (quadros 2 e 3) já competências essenciais para a formação e avaliação de desempenho
foram avaliadas (14) e comparadas (15), concluindo-se que ambas de estudantes de Medicina. Rev Bras Educ Med 2013;37(4), 526-539.
são recursos que melhoram a qualidade da preceptoria, mas
necessitam de que o aluno seja previamente informado sobre o seu 5. Association of American Medical Colleges. The Core Entrustable
conteúdo para que sejam adequadamente utilizadas. Professional Activities (EPAs) for Entering Residency. Washington, DC
[cited 2019 Jun 15]. https://www.aamc.org/initiatives/coreepas/.
Em resumo, a aquisição progressiva de competências, no 6. ten Cate O, Graafmans L, Posthumus I, Welink L, van Dijk M. The EPA-
seu amplo sentido, assim como a avaliação formativa além da based Utrecht undergraduate clinical curriculum: Development and
somativa são essenciais durante a formação para a prática médica. implementation. Med Teach 2018;40(5):506-513.
As competências a serem consideradas fundamentais devem ser
25
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
7. Touchie, C, Boucher, A. editors. 2016. Entrustable professional 13. Lörwald AC, Lahner FM, Nouns ZM, et al. The educational impact of
activities for the transition from medical school to residency. Ottawa, Mini-Clinical Evaluation Exercise (Mini-CEX) and Direct Observation
Canada: Association of Faculties of Medicine of Canada. of Procedural Skills (DOPS) and its association with implementation: A
systematic review and meta-analysis. PLoS One. 2018;13(6):e0198009.
8. ten Cate O, Hoff R. (2017). From case-based to entrustment-based Published 2018 Jun 4. doi:10.1371/journal.pone.0198009
discussions. The Clinical Teacher. 14. 10.1111/tct.12710.
14. Shagholi R, Eslami Hasan Abadi S, Moghaddasi A, Sayyadee T, Tayefi
9. Michigan State University. Core Entrustable Professional Activities M. Teaching Strategy of One Minute Preceptor and its Approaches
(EPAS). Disponível em https://www.justintimemedicine.com/ in the Past Two Decades: Systematic Review. Reviews in Clinical
CurriculumContent/p/5509 acesso em 4/07/2019. Medicine, 2018; 5(4): 123-131. doi: 10.22038/rcm.2018.32851.1240
10. Megale L, Gontijo E D, Motta JAC. Avaliação de competência clínica 15. Seki M, Otaki J, Breugelmans R, et al. How do case presentation
em estudantes de Medicina pelo Miniexercício Clínico Avaliativo teaching methods affect learning outcomes?--SNAPPS and the One-
(MiniCex). Rev Bras Edu Med 2009; 33(2):166-175. Minute preceptor. BMC Med Educ. 2016;16:12. doi:10.1186/s12909-
016-0531-6
11. Chemello D, Manfroi, WC, Machado CLB. Papel do preceptor no
ensino médico e o modelo preceptoria em 1 minuto . Rev Bras Educ
Med 2009;33(4): 664-669.
12. Wolpaw TM, Wolpaw DR, Papp KK. SNAPPS: a learner-centered model
for outpatient education. Acad Med 2003;78:893-98.
26
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Quadro 1. Mini-CEX - Miniexercício avaliativo
Aluno:_________________________________Examinador:___________________________QxPrincipal/diagnóstico:________________Data:__________
Local:________________Ambulatório:_______________ Enfermaria_________________ Emergência___________Outros_________________________________________
Paciente___________________________Idade:_________ Sexo:_____________1a.Consulta ____Retorno ________
O ensino em ambiente clínico, no qual estão envolvidos pacientes, alunos e preceptores), a disponibilidade de pacientes
pacientes e seus problemas, é parte central da educação médica. (neste nível de complexidade, não devem ser frágeis ou graves,
As faculdades de medicina procuram expor seus alunos a tanto com estadias hospitalares mais curtas; devem estar informados
contato clínico quanto possível, o mais precocemente possível. que estão em um ambiente de formação de médicos). Os alunos
Como estratégia, por exemplo, os alunos devem aprender a podem, em um mesmo grupo, encontrar-se em diferentes níveis
relatar os detalhes clínicos dos pacientes internos e ambulatoriais de habilidades, apresentar-se em número muito grande ou
aos preceptores como uma competência médica básica. Devem, mesmo não estar preparados para o aprendizado clínico (2). Os
também, ter a capacidade de relacionar ativamente esses professores, por sua vez, frequentemente, não têm treinamento
detalhes clínicos com o conteúdo que foi estudado previamente em ensino e aprendizagem; são pouco familiarizados com o
no curso. É função dos preceptores ensinar esses alunos a currículo e como esse foi desenvolvido; não conhecem os alunos;
melhorar essas habilidades (1). e têm várias tarefas concorrentes: os alunos, o atendimento ao
paciente, as atividades de administração, a extensão, a pesquisa.
A exposição a pacientes em ambientes clínicos tem Somados à pressão de tempo e à expectativa de ter uma vida
muitos pontos fortes. É focada em problemas reais de pacientes saudável (2).
reais. Os alunos são motivados por sua relevância óbvia e pela
participação ativa. Especialmente quando sentem que estão Assim, apesar de todo o potencial, a educação clínica
contribuindo para o atendimento ao paciente, seu interesse, pode esbarrar em obstáculos como: falta de objetivos claros;
confiança e entusiasmo são incentivados. É um cenário em que concentração na recordação factual em vez de raciocínio e
o conjunto completo de habilidades técnicas e não técnicas, habilidades; complexidade do ensino em descompasso com
atitudes e conhecimentos aplicados que levam à formação de o nível do aluno ou continuidade com o restante do currículo;
médicos é balizado por professores clínicos. Atributos essenciais alunos não envolvidos ativamente; supervisão inadequada e falta
como anamnese e exame, raciocínio clínico, avaliação de riscos, de feedback; pouca oportunidade para reflexão; falta de respeito
planejamento e tomada de decisões, manutenção de registros, ou dignidade do paciente; falha na criação de um ambiente de
trabalho em equipe e liderança podem ser aprendidos como um ensino acolhedor.
todo integrado (2).
Há várias estratégias de ensino e aprendizagem em
Entre os desafios do ensino clínico estão as condições ambiente ambulatorial. Geralmente, as práticas de ensino
do ambiente físico (ser amigável ao ensino, ter espaço para interativas são bem apreciadas pelos alunos. Em um ambiente
28
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
ambulatorial, a duração das interações entre preceptores e 4. Perguntar: apresente suas incertezas, dificuldades ou
alunos tende a ser mais curta e envolve, muitas vezes em um abordagens alternativas. Esta etapa é uma característica dessa
minuto, a discussão sobre diagnóstico, tratamento e manejo. abordagem centrada no aluno para o ensino ambulatorial
Assim, por necessidade, o ensino em ambiente clínico deve ser baseado em casos. São os alunos que sondam os preceptores
rápido, flexível e eficiente. Duas estruturas de ensino baseadas com perguntas sobre lacunas específicas de conhecimento. O
em casos e em ambiente clínico são SNAPPS e preceptor minuto preceptor deve facilitar a conexão de conhecimentos prévio
(one minute preceptor) (3). dos estagiários a novos conhecimentos.
29
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
1. Assumir um compromisso: provoque as ideias dos alunos SNAPPS e preceptor minuto se complementam e podem
sobre os diagnósticos mais prováveis, as condutas futuras ou ser aplicadas tanto em ambiente ambulatorial quanto na
o plano de manejo. Isso permite diagnosticar as necessidades internação com pouca variação (6). Estas estratégias podem
dos alunos identificando lacunas no conhecimento. Pedir as aprimorar o raciocínio clínico no diagnóstico e no tratamento de
perspectivas dos alunos em relação ao caso também permite doenças comuns. São ferramentas de fácil utilização, que têm
que eles se sintam envolvidos no processo de tomada ótimos resultados na preceptoria de alunos em suas atividades
de decisão. Por exemplo, “Em que diagnóstico você está clínicas.
pensando para esse paciente?” ou “Que tratamento você está
considerando para ele?”.
Referências
2. Buscar evidências: incentive os alunos a pensar em voz alta.
Peça-lhes para explicar e refletir sobre o diagnóstico ou 1. Seki M, Otaki J, Breugelmans R, Komoda T, Nagata-Kobayashi S,
conduta tomada. Akaishi Y, et al. How do case presentation teaching methods affect
learning outcomes?--SNAPPS and the One-Minute preceptor. BMC
Med Educ. 2016;16:12.
3. Ensinar regras gerais: é importante ensinar princípios que
sejam generalizáveis, em vez de fornecer diagnósticos ou 2. Spencer J. Learning and Teaching in the Clinical Environment. In:
condutas específicas que o aluno dificilmente se lembrará Cantillon P, Wood D, editors. ABC of Learning and Teaching in
ou achará úteis no futuro. Os tópicos de ensino devem ser Medicine. 2 ed. West Sussex, Inglaterra: Blackwell Publishing Ltd;
breves e relevantes para as preocupações do paciente e as 2010. p. 33-7.
necessidades do aluno.
3. Aluko A, Rana J, Burgin S. Teaching & Learning Tips 9: Case-based
4. Reforçar o que foi feito corretamente: identifique teaching with patients. Int J Dermatol. 2018;57(7):858-61.
comportamentos específicos que foram feitos corretamente
e explique por que tais comportamentos foram benéficos 4. Wolpaw TM, Wolpaw DR, Papp KK. SNAPPS: a learner-centered
ou vantajosos. Comentários gerais como “ótimo trabalho” model for outpatient education. Acad Med. 2003;78(9):893-8.
ou “bom trabalho” não são construtivos porque não
5. Manual sobre apresentações orais de casos clínicos. Preceptoria da
destacam comportamentos que o aluno pode reproduzir Disciplina de Clínica Geral e Propedêutica. Hospital das Clínicas
conscientemente. da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, 2018.
Disponível em http://www2.fm.usp.br/gdc/docs/cgp_96_apres_
5. Corrigir os erros: é sempre útil começar perguntando aos orais.pdf. Acessado em 13/05/2019.
alunos para autoavaliarem suas apresentações de casos.
Os comentários devem ser específicos e a ênfase deve ser 6. Feijó LP, Filho SAF, Nunes MPT, Augusto KL. Residente como
colocada em como corrigir os erros, para que possam ser Professor: uma Iniciação à Docência. Rev Bras Edu Med.
evitados no futuro. 2019;43(2):225-30.
30
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Quadro 1. SNAPPS é um acrônimo com os passos de como planejar a discussão de seu caso.
S
Sumarizar Esse resumo pode variar de acordo com a complexidade do caso, mas não deve levar mais do que
Resuma a história , exame clínico e 50% do tempo total de discussão. Ele deve condensar as informações mais importantes e o aprendiz
principais achados de interesse deve ser incentivado a utilizar jargões que permitam maior abstração (por exemplo, “falta de ar que
acontece no meio da noite e paciente tem que se levantar” torna-se “dispneia paroxística noturna”).
N
Numerar O aprendiz verbaliza aqui o seu pensamento focando nas principais hipóteses para o sintoma, em vez
Estabeleça 2 a 3 diagnósticos ou de focar nas raridades (por exemplo, uma sibilância deve ser asma, e não síndrome de Churg-Strauss).
problemas possíveis Deve-se focar no motivo da doença estar em atividade, nas intervenções terapêuticas que podem ser
feitas e nas estratégias preventivas.
A
Analisar O aprendiz deve comparar e contrastar suas hipóteses julgando os achados que falam a favor ou
Proponha as evidências para cada contra cada possibilidade aventada. Comumente, o aprendiz combinará esse passo com o anterior.
hipótese Por exemplo, “como o paciente é tabagista de longa data, sua dispneia pode ser por uma doença
pulmonar, mas a presença de estertores nas bases pulmonares me faz pensar numa causa cardíaca”.
Esse processo permite que o aprendiz verbalize seu raciocínio, e o preceptor deve estimular esse
processo para que ele reconheça o quanto profundo é o conhecimento do aprendiz sobre os assuntos e
qual é a sua sofisticação diagnóstica. O preceptor deve estimular que o aprendiz exerça esse processo
e incentivá-lo a expor seu raciocínio significa criar um ambiente confortável para que os erros sejam
expostos. Atitudes negativas ou de deboche fazem a pessoa se retrair e não voltar a se expor.
P
Perguntar Esse é um momento precioso do processo, visto que o aprendiz deve explicitar as suas dúvidas e
Provoque seu preceptor sobre dificuldades para que se consiga criar um ambiente de ensino direcionado a ele. Sendo assim, o
as possibilidades diagnósticas preceptor deve ser entendido como uma fonte de consulta imediata aos problemas que estão sendo
aventadas encontrados. A partir dos passos anteriores e dos questionamentos feitos aqui; o preceptor poderá
determinar o que deve ser informado e discutido, e em qual nível de aprofundamento isso deve ser feito.
P
Planejar O aprendiz deve iniciar a discussão sobre o manejo clínico e utilizar o preceptor como fonte de
Estabeleça o plano diagnóstico e conhecimento e experiência. O preceptor deve encorajar o aprendiz a expor suas propostas
terapêutico terapêuticas e se valer do nível de conhecimento do aprendiz para definir o que será aprofundado.
S
Selecionar Por fim, o aprendiz deve identificar um conhecimento a ser aprofundado sobre aquele caso clínico a
Escolha um tema para estudar a partir de um estudo direcionado. O aprendiz deve dedicar um tempo específico para a leitura proposta
partir do caso de forma regular e organizada, além de ser em um momento próximo à discussão do caso clínico. O
discutidor pode auxiliar o aprendiz a selecionar o tema mais adequado para aquele momento da vida
estudantil/profissional, criar questões norteadoras para o estudo. Os tópicos de estudo devem ser
focados; por exemplo, deve-se estudar qual o racional para o uso de inibidores da ECA na insuficiência
cardíaca, em vez de todo o capítulo de insuficiência cardíaca.
31
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Buscar evidências • Por que você acha isso? Questionar o aluno sobre quais os motivos o levam a
• Qual o/os achados que ajudam você a concluir isto? definir tal diagnóstico ou conduta. Assim permitimos
• O que mais você considera a respeito deste caso? que o estudante expresse seus conhecimentos sobre
determinada doença, bem como a aplicação de seus
conhecimentos ao caso.
Ensinar regras gerais • Sempre que você vir isto, considere.... O conhecimento é melhor transmitido e memorizado
• As características chave desta doença são... quando são introduzidas regras gerais em vez de
• A progressão natural desta doença é... informações detalhadas. Iniciar com conhecimentos
gerais e progredir para mais complexos. Evite excesso
de detalhes.
Reforçar o que foi feito Exemplos: Prover o feedback positivo é uma forma de aumentar
corretamente • Vejo que sua capacidade de síntese melhorou em a autoconfiança do aprendiz estimulando a busca de
relação aos casos anteriormente apresentados novos conhecimentos. Enfatizar o que foi feito de
• A escolha do tratamento apresentada me parece correto na apresentação do caso ou na conduta.
bastante adequada ao caso em questão.
Corrigir os erros • Na próxima vez que isto acontecer, tente ou considere... A correção imediata e apropriada dos erros reduz a
repetição dos mesmos. Obviamente todo esforço deve
ser feito para tornar a correção o menos desagradável
possível, privilegiando a discussão aberta e respeitosa.
32
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
As atividades profissionais confiabilizadoras (traduzido do inglês Além disso, pressupõem ainda o desenvolvimento de criticidade,
“Entrustable Professional Activities” - EPAs) foram definidas em 2005 capacidade autoavaliativa e predisposição reflexiva por parte dos
por ten Cate como “unidades de prática profissional” passíveis de aprendizes, onde a busca por aperfeiçoamento e feedback torna-se
serem “confiabilizadas” para sua execução a treinandos em medicina parte inerente aos processos de aprendizagem (2).
na medida que estes demonstrem a competência necessária para
executar tais atividades na ausência de supervisão (1). Foge ao objetivo do presente texto uma abordagem mais
aprofundada dos processos avaliativos utilizados na educação
As EPAs requerem a demonstração de proficiência em médica, já abordados noutro capítulo desse livro. Apenas os
múltiplas competências simultaneamente a partir de uma organização aspectos da avaliação mais diretamente relacionados ao feedback
matricial das mesmas especificando formas de avaliação de serão abordados aqui. No que se refere à educação médica, uma
desempenho e feedback visando o desenvolvimento individual com definição operacional de feedback foi proposta por van de Ridder
ênfase no “currículo do local de trabalho” (cenários de prática). Essa e colaboradores como sendo a “informação específica sobre a
organização matricial objetiva, em última instância, responder a comparação entre o desempenho observado de um aprendiz e de
quatro questões: um parâmetro de referência, considerando a intencionalidade de
melhorar o desempenho do treinando” (3). Em revisão voltada à
a) qual é o trabalho que deve ser feito? conceituação de feedback no contexto da educação médica, os
b) o que os treinandos devem demonstrar antes de serem autores identificaram três conceitos associados ao feedback:
considerados confiáveis para realizar o trabalho?
c) como os treinandos devem ser preparados para atingir os 1) informação como foco no conteúdo da ação/tarefa;
requisitos necessários? 2) reação como foco no processo interacional da troca de
d) como avaliar o desempenho progressivo dos treinandos até a informação entre preceptor e aluno;
ultrapassagem do limiar da confiabilidade? 3) ciclo como recebimento e resposta à informação e a
consequente melhoria resultante no desempenho (3).
As respostas às quatro questões enfatizam não apenas
a natureza profissional das EPAs, mas também os processos Ainda que não exista consenso quanto às contribuições
de avaliação, monitoramento e feedback necessários à sua das diferentes teorias em relação à aprendizagem de adultos na
implementação, sobretudo no contexto de sistemas sócio-técnicos educação médica, processos reflexivos baseados em feedback
complexos representados por serviços e sistemas de saúde. parecem permear diferentes formas de aprendizado. Diferentes
33
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
teorias do aprendizado em adultos reconhecem o feedback como a Skovholt examinou, em caráter inédito, a “anatomia” de um
forma predominante pela qual o aprendiz articula o conhecimento encontro de feedback entre professor e aluno a partir da análise
recentemente adquirido e o testa em relação ao seu conhecimento qualitativa dos registros em áudio e em vídeo dos processos de
prévio e aquele dos seus pares e professores (4). feedbacks de nove sessões com duração média de 15 a 20 minutos
cada ocorridos em escolas secundárias da Noruega, utilizando a
Teorias da aprendizagem sustentam haver dois elementos abordagem da análise da conversa em interação (9). A “macroanálise”
presentes no feedback. O primeiro representado pela articulação dos feedbacks identificou duas ações centrais: 1) avaliação e conselhos
do que foi aprendido, usualmente compreendido na forma e 2) cinco grandes componentes que apareceram consistentemente
pela qual é possível explicar o novo para outros. O segundo nos registros empíricos dos feedbacks estudados:
consiste na identificação, por parte do educador, isoladamente
ou em conjunto com os demais aprendizes, das forças e das a) abertura da seção de feedback, quando o professor
fragilidades dos argumentos utilizados pelo aprendiz. Representa a apresenta a questão de abertura;
combinação entre o feedback e a discussão, capazes de promover a b) início da avaliação positiva a partir do professor;
coconstrução e/ou o aprefeiçoamento do conhecimento (4). c) início da avaliação negativa representada pelos pontos de
fragilidade na apresentação/ação do aluno;
d) início das recomendações para ações futuras;
Cabe ainda reconhecer que a ênfase no processo de
e) feedback de encerramento, incluindo agradecimento e
emprego do feedback presente na literatura vem cedendo espaço à término.
exploração mais ampla dos fatores que influenciam a responsividade
do aprendiz aos processos de interação por feedback propriamente
O estudo evidencia serem frequentes as situações em que
ditos (5). Estudos experimentais sugerem que o aprendizado gerado professores utilizam perguntas visando promover a sua própria agenda,
por erros seguido de feedback precoce “corretivo” que permita valorizando questões de seu interesse, sem que necessariamente
analisar o raciocínio que conduziu o aprendiz ao erro, traz benefícios estejam relacionadas às necessidades e aos interesses do estudante,
para a aprendizagem (6). A “segurança psicológica” aborda as contribuindo para aumentar a resistência do aluno aos apontamentos
percepções das consequências de assumir riscos interpessoais em um do feedback, com implicações pedagógicas indesejadas para a
determinado contexto como um ambiente de trabalho, contribuindo atividade e para o aprendiz (9).
para compreender melhor como e porque empregados compartilham
informações e conhecimentos sobre o trabalho, sugerem melhorias A noção de acoplamento como uma “ponte conceitual”
e tomam iniciativas incluindo feedback, comportamentos que entre a avaliação tradicional com foco no desempenho individual
variam entre serviços, departamentos e equipes (7). A cultura da independente e o emprego de métodos avaliativos que considerem
aprendizagem continuada refere-se às atitudes compartilhadas, desempenhos coletivos em ambientes clínicos complexos
crenças, práticas e valores que sustentam as maneiras pelas quais representa um desafio ao desenvolvimento e à implantação de
uma instituição ou uma profissão delineia os processos educacionais estratégias de EPAs (10).
dos seus aprendizes (8).
34
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
O processo de implementação das EPAs para a entrada em relação ao papel do feedback nas atividades de debriefing,
na residência médica liderado pela Associação Americana de sobretudo em cenários de simulação (11).
Faculdades de Medicina (Association of American Medical
Colleges) previu a organização de estratégias interinstitucionais, Uma revisão narrativa avaliou estudos sobre o
enfatizando o desenvolvimento docente e de processos e comportamento de busca ativa de feedback em contextos
instrumentos necessários para o ensino e a avaliação das EPAs na educacionais e de trabalho entre professores de cursos de medicina.
graduação em medicina. Foram definidos “modelos mentais para a Os autores sugerem a necessidade de processos institucionais
implementação” das EPAs que incluem “quatro dimensões”: favorecendo a busca de feedback e ainda, que indivíduos com
expectativa de baixo desempenho sejam estimulados a buscar
a) observação de habilidades em cenários de prática feedback de maneira a corrigir erros e a aprender com eles,
autênticos; enfatizando que erros e enganos são parte normal do processo de
b) habilidades de coaching e feedback; aprendizado, promovendo ambientes de confiança mútua entre
c) habilidades de autoavaliação e reflexão; professor e aprendiz para que as estratégias de progressão na
d) competências de orientação entre pares desenvolvidas aprendizagem ocorram naturalmente (12).
através de comunidades de prática.
Em um contexto em que são frequentes as situações nas
Foge ao escopo do presente texto uma abordagem mais quais os treinandos sentem que não recebem feedback adequado
ampla e contextualizada do processo de implementação supra ou suficiente, especialistas enfatizam o importante papel individual
descrito. Pretende-se apenas reforçar a necessidade de estratégias do preceptor com perfil de mentor (ou role model) identificados
de desenvolvimento docente e de avaliação e monitoramento por seus pares e pelos alunos, sem que necessariamente iniciativas
mais amplas, enfatizando a capacitação e a implementação de de caráter institucional sejam instituídas (13). As sugestões incluem:
estratégias de processos de feedback realizados em tempo estabelecimento de ambiente respeitoso, explicitação dos objetivos
oportuno, baseados na observação em cenários de prática e das metas para o feedback, que deve ser baseado na observação
diversificados e em encontros presenciais construtivos visando à direta e ser realizado em tempo oportuno e com regularidade.
melhoria dos desempenhos (5). As sugestões incluem: a) uma estruturação prevendo o início em
que o aluno realiza sua autoavaliação; b) tenha a seguir reforçados
Embora o feedback seja considerado um fator importante os comportamentos corretos observados e mencionados àqueles
na melhoria da aprendizagem e no desempenho do aprendiz, uma que necessitam revisão, mediante a utilização de linguagem
revisão de escopo avaliando estratégias de feedback na educação neutra enfatizando o desempenho; c) abordagem confirmando
médica ainda não identificou evidências fortes em relação ao a compreensão do aprendiz e a aceitação das informações;
benefício das mesmas. Outras questões relacionadas ao feedback d) elaboração de um plano final conjunto de estratégias para
ainda estão por ser melhor esclarecidas, como o papel do feedback progressão; e) reflexão sobre as práticas de provimento do feedback
aos aprendizes em relação à melhora do cuidado de pacientes ou assegurando que o mesmo seja parte da cultura institucional (13).
em relação à melhora de desfechos relacionados a estes, ou ainda
35
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Sugestões úteis a professores/preceptores para melhor 6. Metcalfe J. Learning from Errors. SSRN. 2017. Annu Rev Psychol.
aproveitamento do feedback pelo aprendiz incluem: a) destinar 2017;68:465-489.
tempo suficiente para que possa compreendê-lo, mantendo o
7. Edmondson AC, Lei Z. Psychological Safety: The History, Renaissance,
foco nas ações e no conteúdo evitando percepções de cunho and Future of an Interpersonal Construct. SSRN. 2014. Annu Rev Org
emocional; b) leitura e/ou escuta atenta; c) capacidade de separar Psychol Org Behav. 2014;1:23-43.
o conteúdo das relações interpessoais; d) manter um equilíbrio
entre autossuficiência e humildade; e) apreço pelo apendiz e 8. Watling C. When I say … learning culture. Med Educ. 2015
pelo ensino contextualizado; f) foco nos objetivos profissionais; Jun;49(6):556–7.
g) disponibilidade para conversar sobre o feedback com os seus
9. Skovholt K. Anatomy of a teacher–student feedback encounter. Teach
alunos (14). Teach Educ. 2018. 69:142-153.
5. Favreau MA, Tewksbury L, Lupi C, Cutrer WB, Jokela JA, Yarris LM.
Constructing a Shared Mental Model for Faculty Development for the
Core Entrustable Professional Activities for Entering Residency. Acad
Med. 2017;92:759–64.
36
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
CPP5 AABP7
Aplicar os princípios das ciências sociocomportamentais na Usar a tecnologia da informação para otimizar a aprendizagem.
assistência ao paciente, incluindo a avaliação do impacto das AABP8
influências psicossociais e culturais na saúde, na doença, na busca Participar da educação de pacientes, familiares, estudantes,
de cuidados, na adesão à assistência e nas barreiras e atitudes em estagiários, colegas e outros profissionais de saúde.
relação aos cuidados. AABP9
CPP6 Obter e utilizar informações sobre pacientes individuais, populações
Contribuir para a criação, para a disseminação, para a aplicação e de pacientes ou comunidades de onde vêm os pacientes para
para a tradução de novos conhecimentos e de práticas em saúde. melhorar os cuidados.
AABP10
3. Aprendizagem e aperfeiçoamento baseados na prática (AABP) Identificar, analisar e implementar continuamente novos
Demonstrar a capacidade de investigar e de avaliar os cuidados conhecimentos, diretrizes, padrões, tecnologias, produtos ou
com os pacientes, avaliar e assimilar evidências científicas, e serviços que demonstraram melhorar os resultados.
melhorar continuamente o atendimento ao paciente com base na
autoavaliação constante e na aprendizagem ao longo da vida. 4. Habilidades de comunicação e relacionamento interpessoal
AABP1 (HCRI)
Identificar pontos fortes, deficiências e limites no próprio Demonstrar habilidades interpessoais e de comunicação que
conhecimento e experiência. resultam na troca efetiva de informações e na colaboração com
AABP2 pacientes, suas famílias e profissionais de saúde.
Definir metas de aprendizado e de aperfeiçoamento. HCRI1
AABP3 Comunicar-se eficazmente com pacientes, suas respectivas
Identificar e realizar atividades de aprendizagem voltadas às lacunas famílias e o público, conforme for apropriado, em contextos
de conhecimento, habilidades e/ou atitudes. socioeconômicos e culturais variados.
AABP4 HCRI2
Analisar sistematicamente a prática, usando métodos de melhoria Comunicar-se efetivamente com os colegas da profissão ou da
da qualidade e implementar mudanças com o objetivo de melhorar especialidade, com outros profissionais de saúde e com as agências
a prática. relacionadas à saúde (ver também CI3).
AABP5 HCRI3
Incorporar feedback na prática diária. Trabalhar eficazmente com os outros, como membro ou líder de
uma equipe de cuidados de saúde ou outro grupo profissional (ver
AABP6 também CI4).
Localizar, avaliar e assimilar as evidências de estudos científicos
relacionados aos problemas de saúde dos pacientes. HCRI4
Atuar em um papel consultivo para outros profissionais de saúde.
HCRI5
Manter registros médicos abrangentes, oportunos e legíveis.
38
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
CI2 DPP6
Utilizar seu conhecimento próprio, assim como de outros Mostrar habilidades de liderança que melhorem o funcionamento
profissionais de saúde, para avaliar e para abordar adequadamente da equipe, o ambiente de aprendizado e/ou o sistema de prestação
as necessidades de cuidados de saúde dos pacientes e das de serviços de saúde.
populações atendidas. DPP7
CI3 Demonstrar autoconfiança, que deixe à vontade pacientes,
Comunicar-se com outros profissionais de saúde de maneira familiares e membros da equipe de saúde.
responsiva e responsável, que apoie a manutenção da saúde e o DPP8
tratamento da doença em pacientes individuais e populações. Reconhecer que a ambiguidade faz parte dos cuidados clínicos de
CI4 saúde e responder utilizando recursos apropriados para lidar com a
Participar de diferentes funções de equipe para estabelecer, incerteza.
desenvolver e melhorar continuamente as equipes interprofissionais,
a fim de oferecer atendimento centrado no paciente e na *Adaptação para a realidade brasileira da publicação: Englander
população, que seja seguro, oportuno, eficiente, eficaz e equitativo. R, Cameron T, Ballard AJ, Dodge J, Bull J, Aschenbrener CA.
Toward a common taxonomy of competency domains for the health
8. Desenvolvimento pessoal e profissional (DPP) professions and competencies for physicians. Academic Medicine.
Demonstrar as qualidades necessárias para manter o crescimento 2013;88(8):1088-94.
pessoal e profissional ao longo da vida.
DPP1 Esta lista não pretende suplantar quaisquer exigências de
Desenvolver a capacidade de usar a autoconsciência de regulamentação atuais. Pretende-se que seja apenas uma lista de
conhecimentos, habilidades e limitações emocionais para se engajar referência robusta de competências médicas que capta a essência
em comportamentos apropriados de busca de ajuda. dos esquemas de competências publicados até junho de 2012.
DPP2 Salvo indicação em contrário, os “domínios de competência“são
Demonstrar mecanismos de enfrentamento saudáveis para reproduzidos ou adaptados das seguintes fontes: Accreditation
responder ao estresse. Council for Graduate Medical Education, General Competencies
and Common Program Requirements; Domínio 7, Interprofessional
DPP3 Education Collaborative Expert Panel, Core Competencies for
Gerenciar conflitos entre responsabilidades pessoais e profissionais. Interprofessional Collaborative Practice; Domínio 8, Pediatrics
DPP4 Milestone Working Group, Pediatrics Milestone Project. Algumas
Praticar flexibilidade e maturidade em se adaptar a mudanças, com das competências em cada domínio representam modificações
a capacidade de mudar seu comportamento. ou adaptações da linguagem original para acomodar conceitos
DPP5 sobrepostos de várias listas de competências.
Demonstrar confiabilidade que permita aos colegas se sentirem
seguros com sua responsabilidade pelo cuidado de pacientes.
40
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
A história clínica obtida junto ao paciente é se a resolutividade e o uso racional de (5), adaptada para o cenário clínico
o pilar fundamental da prática médica e se exames complementares, o que adquire (ambulatório, internação ou emergência),
constitui numa competência essencial para especial importância nos dias atuais, quando que utilize além das técnicas de entrevista,
o graduando de medicina. Desse modo, ela os custos em saúde aumentam de forma também técnicas de comunicação não-
foi considerada neste livro como a primeira exponencial em decorrência dos avanços verbal (6). Além dessas características,
atividade profissional confiabilizadora na tecnológicos. Por outro lado, uma anamnese é essencial que o médico seja capaz de
avaliação das competências essenciais do mal conduzida e um exame físico incompleto demonstrar empatia (7).
internato. Estudos clássicos demonstraram podem levar a dificuldades e a erros
que aproximadamente 75% dos diagnósticos diagnósticos (3), que são potencializados Pelo exposto, espera-se que o
são definidos com dados colhidos na pela solicitação excessiva de exames aluno de medicina no final do curso,
anamnese (1). O exame físico deve complementares. demonstre boa capacidade de comunicação,
ser detalhado e focado nas hipóteses empatia, habilidade de escuta e respeito à
diagnósticas resultantes do raciocínio Além da importância da anamnese individualidade dos pacientes. Além disso,
clínico desenvolvido durante a anamnese. e do exame físico bem conduzidos para esse aluno deve estar apto a exercer a
Se assim conduzido, é capaz de confirmar o raciocínio diagnóstico, outro aspecto, e medicina em diferentes contextos clínicos de
ou de refutar os principais diagnósticos talvez o mais relevante, deve ser enfatizado: atendimento, ser capaz de coletar a história
diferenciais, adicionando mais 12% à a consulta médica é o cenário onde se médica e executar o exame físico com
definição diagnóstica (2). Dessa maneira, estabelece a relação médico-paciente. competência, a fim de elaborar hipóteses
uma história médica completa e acurada Já foi demonstrado que a comunicação diagnósticas pertinentes.
e um exame físico adequadamente efetiva durante o encontro médico está
executado são capazes de estabelecer o associada a maior aderência ao tratamento
diagnóstico correto em mais de 80% dos e consequentemente a melhores desfechos
casos. O atendimento médico embasado clínicos (4). Esse tipo de interação
nos preceitos acima descritos apresenta pressupõe uma entrevista centrada no
diversas vantagens. Entre elas destacam- paciente, respeitando suas particularidades
41
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Referências
1. Schmitt BP, Kushner MS, Wiener SL. The 5. Kaba R, Sooriakumaran P. The evolution
diagnostic usefulness of the history of the of the doctor-patient relationship. Int J
patient with dyspnea. J Gen Intern Med. Surg. 2007;5(1):57-65.
1986;1(6):386-93.
6. Berman AC, Chutka DS. Assessing
2. Peterson MC, Holbrook JH, Von Hales effective physician-patient communication
D, Smith NL, Staker LV. Contributions skills: “Are you listening to me, doc?”.
of the history, physical examination, Korean J Med Educ. 2016;28(2):243-9.
and laboratory investigation in making
medical diagnoses. West J Med. 7. Mercer SW, Higgins M, Bikker AM,
1992;156(2):163-5. Fitzpatrick B, McConnachie A, Lloyd SM,
et al. General Practitioners’ Empathy
3. Ramani S. Promoting the art of history and Health Outcomes: A Prospective
taking. Med Teach. 2004;26(4):374-6. Observational Study of Consultations in
Areas of High and Low Deprivation. Ann
4. Stewart MA. Effective physician-patient Fam Med. 2016;14(2):117-24.
communication and health outcomes: a
review. CMAJ. 1995;152(9):1423-33.
42
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Demonstra habilidades É desrespeitoso com o Comunicação unidirecional. Abordagem Demonstra habilidades de Adapta as habilidades de
de entrevista centrada no paciente. não centrada no paciente e com excesso comunicação, incluindo perguntas comunicação para as necessidades
paciente. Não leva em consideração de perguntas fechadas precocemente. abertas, silêncio, facilitação, resumo e para as características de cada
HCRI1, HCRI6, HCRI7, P1, a autonomia e a Dificuldade de escuta. e uso de linguagem corporal. paciente.
P3, P5 privacidade do paciente. Escuta e evita jargões médicos. Responde efetivamente aos sinais
Não responde às “pistas” verbais e não
verbais do paciente. Demonstra empatia em relação às e às emoções verbais e não verbais
emoções do paciente. do paciente.
Faz generalizações quanto à idade, ao
sexo, à cultura, à raça, à religião, às Utiliza respostas compatíveis
deficiências e à orientação sexual. com a idade, o sexo, a cultura, a
raça, a religião, as deficiências e a
Não considera, consistentemente, a orientação sexual.
autonomia e a privacidade do paciente.
Demonstra raciocínio Não reconhece a queixa Os questionamentos não são guiados Os questionamentos são Demonstra raciocínio clínico por
clínico reunindo principal do paciente. pelas informações coletadas. adequados para esclarecer as meio de questionamento guiado
informações objetivas e Não prioriza ou nem filtra as informações. queixas do paciente. por hipóteses.
relevantes para o cuidado Consegue filtrar os sinais e os Incorpora dados secundários no
do paciente. As perguntas refletem um diagnóstico
diferencial estreito. sintomas em achados positivos ou raciocínio clínico.
CPP1 negativos.
Realiza exame físico Não considera a Realiza de forma correta manobras Realiza um exame focado nas Executa um exame físico acurado
apropriado e relevante, privacidade e o conforto básicas de exame físico. queixas do paciente. de forma lógica e fluida.
pertinente para o do paciente durante o Não realiza o exame físico de forma Identifica e descreve achados Utiliza o exame físico para explorar
cenário (ex: ambulatório, exame. organizada. normais. os diagnósticos diferenciais
internação, emergência) e Realiza de forma incorreta priorizando o mais provável.
motivo da visita médica. Realiza o exame “da cabeça aos pés”, Explica as manobras do exame
manobras básicas do sem focar nas queixas do paciente. físico para o paciente. Identifica e descreve os achados
CP2 exame físico. normais e anormais.
Não identifica achados importantes.
Este esquema mostra o desenvolvimento de proficiência nas EPAs essenciais. Não deve ser usado como instrumento de avaliação. Decisões de confiabilização devem ser tomadas
depois das EPAs terem sido observadas em múltiplos cenários, com contextos, acuidade, complexidade e características de pacientes diferentes. 43
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Funções:
Obtenção de uma história completa e acurada de maneira organizada.
• Procura por fontes secundárias de informação quando apropriado (ex: familiares).
• Adaptação para diferentes cenários de atendimento.
• Adaptação das habilidades de comunicação para as necessidades e para as características de cada
paciente.
• Resposta efetiva para os sinais e para as emoções verbais e não verbais.
• Questionamento guiado por hipóteses.
• Incorporação de dados secundários no raciocínio clínico.
• Execução de exame físico acurado de forma lógica e fluida.
• Utilização do exame físico para explorar os diagnósticos diferenciais, priorizando o mais provável.
• Identificação e descrição de achados normais e anormais.
Domínios de competência mais relevantes - Cuidados com a Pessoa (CP)
- Conhecimento Para a Prática (CPP)
- Habilidades de comunicação e relacionamento interpessoal (HCRI)
- Profissionalismo (P)
Competências críticas para decisões de CP2 HCRI7
confiabilização em cada domínio CPP1 P1
HCRI1 P3
HCRI6 P5
Métodos de avaliação • No começo do internato, explicar cada uma das EPAs essenciais a serem confiabilizadas como pré-
requisitos para ingressar na residência médica, as competências esperadas, os critérios e o processo
de avaliação.
• Durante a supervisão dos casos, fornecer feedback sobre os marcos de desenvolvimento de
comportamentos do aluno com relação ao que se espera para que ele seja considerado digno de
confiança para executar a EPA1 sem supervisão.
• Realizar miniexercício clínico avaliativo (Mini-CEX) em pelo menos um momento do internato, e
avaliar o aluno registrando o seu desempenho, a sua confiabilidade e as sugestões para a aquisição
dos comportamentos esperados.
44
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
EPA 1. Competências
Competência crítica Comportamentos pré-confiabilidade Comportamentos indicativos de confiabilidade
Cuidados com a pessoa (CP)
CP2 Coleta poucos dados ou dados excessivos, seguindo um Tem alguma experiência clínica que permite a ligação dos
Reunir informações essenciais e precisas modelo fixo, independente da queixa principal do paciente. sinais e dos sintomas do paciente atual aos encontrados
sobre o paciente e sua condição por Não consegue identificar quais os dados que seriam em algum paciente previamente atendido. Ainda se baseia
meio de anamnese, exame físico e uso de relevantes para o caso e relata as informações na ordem em principalmente no raciocínio de fisiopatologia básica
dados laboratoriais, exames de imagem e que foram coletadas. Tem habilidade limitada para reunir, para reunir informações, mas já apresenta capacidade de
outros exames. filtrar, reconhecer as informações mais relevantes e conectar conectar achados do paciente atual com achados prévios,
os achados da história. Não tem capacidade de vincular o que permite que sintetize, filtre e priorize a informação
os conhecimentos fisiopatológicos básicos às condições em achados positivos e negativos, assim como considere
apresentadas pelos pacientes. Executa incorretamente a uma ampla gama de diagnósticos. Realiza manobras de
maioria das manobras de exame físico. Pode deixar de exame físico básico corretamente e reconhece e interpreta
identificar as principais alterações do exame físico. Realiza o adequadamente os achados anormais. Realiza o exame
exame físico dos “pés à cabeça” sem adaptar para o caso do físico adaptado para uma situação clínica específica. Procura
paciente. e obtém dados de fontes secundárias quando necessário.
Não procura ou é excessivamente dependente de dados
secundários.
Conhecimento para a prática (CPP)
CPP1 Relembra somente de trechos isolados de informação. Está desenvolvendo uma base de conhecimento que
Demonstrar uma abordagem Tende a conclusões precipitadas que não são baseadas nas permite conexões rápidas, reconhecimento de padrões e
investigatória e analítica para situações informações coletadas. Estabelece essas conclusões sem ter raciocínio clínico. Consegue discernir informação relevante
clínicas. entendido as queixas ou os tipos de informação necessárias. de não-pertinente, identificar suas lacunas e fazer conexões
Não sintetiza, compara ou avalia de forma sistemática, o que para resolver problemas e responder perguntas clínicas com
pode resultar em raciocínio lento e linear. Pode armazenar aprendizagem rápida. É capaz de correlacionar as múltiplas
o conhecimento com relação a procedimentos, regras e facetas do problema apresentado pelo paciente por meio
fórmulas, mas não integra modelos mentais de doença e de comparação, síntese e avaliações.
saúde, logo não reconhece para quais condições se necessita
a aplicação de determinado conhecimento e por que é
relevante. Tem dificuldade em reconhecer padrões de
informação recorrentes.
Habilidades de comunicação e relacionamento interpessoal (HCRI)
HCRI1 A comunicação com pacientes e familiares é geralmente Consegue estabelecer diálogos com pacientes e famílias
Comunicar-se eficazmente com pacientes, unidirecional e baseada em um modelo fixo, sem geralmente bidirecionais. Consegue adaptar-se a
famílias e público, conforme for a capacidade de variar a abordagem baseada em características únicas do paciente, considerando aspectos
apropriado, incluindo uma ampla gama características específicas do paciente, como demográficas, demográficos, cognitivos, físicos, culturais, socioeconômicos
de origens socioeconômicas e culturais cognitivas, físicas, culturais, socioeconômicas ou de situação e necessidades relacionadas ao seu estado clínico.
de vida. Frequentemente usa jargão médico. Não envolve os Evita jargão médico. Usa uma variedade de técnicas de
pacientes e familiares na discussão dos planos de cuidados comunicação, incluindo a linguagem não técnica, solicita
(isto é, não realiza tomada de decisão compartilhada). que o paciente diga o que entendeu, utiliza um ritmo
Respeita as preferências dos pacientes quando solicitado apropriado e informa o paciente “aos poucos” para garantir
pelo paciente, mas não solicita ativamente quais são suas que a comunicação com os pacientes e suas famílias seja
preferências. bidirecional e resulte na tomada de decisão compartilhada. 45
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
O estudante usa técnicas de entrevista centradas no paciente*? O estudante faz o exame físico baseado nas hipóteses diagnósticas
▢ Pode apenas acompanhar. sugeridas pela anamnese?
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto. ▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta. ▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância ▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica] ▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
*esse item deve incluir necessariamente demonstração de empatia ▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
O estudante realiza questionamentos baseados em hipóteses? O estudante obtém informações de forma acurada e completa?
▢ Pode apenas acompanhar. ▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto. ▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta. ▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância ▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica] ▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
O estudante faz as perguntas de forma organizada?
▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
48
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Referências
50
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Demonstra consciência Desconsidera Não integra informações emergentes Considera informações Busca e integra informações
e habilidade para usar informações de para atualizar o diagnóstico diferencial. emergentes, mas não as integra emergentes para atualizar o
tecnologia de informação diagnóstico emergentes. Exibe desconforto com ambiguidade. completamente para atualizar o diagnóstico diferencial.
para obter informações Torna-se defensivo e / diagnóstico diferencial. Incentiva perguntas e desafios
médicas acuradas e ou beligerante quando Reconhece a ambiguidade e está sobre situações clínicas de
confiáveis. questionado sobre aberto a perguntas e pacientes para a equipe.
PC4 CP4 CPP3 CPP4 diagnóstico diferencial desafios.
DPP8 AABP1
Envolver-se e comunicar- Ignora as recomendações Recomenda uma ampla gama de Recomenda avaliações Busca e integra informações
se com os membros da da equipe. avaliações diagnósticas não relacionadas diagnósticas adaptadas ao emergentes para atualizar o
equipe para aprovação e Desenvolve e atua à hipótese. diagnóstico diferencial em diagnóstico diferencial.
verificação do diagnóstico em um plano de Depende da equipe para todos os planos avaliação após ter consultado a Incentiva perguntas e desafios
de trabalho para o gerenciamento antes de de investigação/ cuidado. equipe. sobre situações clínicas de
qual fará um plano de receber o endosso da Não explica completamente ou Explica e documenta o raciocínio pacientes para a equipe.
investigação e/ou equipe. clínico.
documenta
terapêutico.
Não é capaz de explicar
CPP3 CPP4 HCRI2 ou de documentar sua
hipótese/plano.
Este esquema mostra o desenvolvimento de proficiência nas EPAs essenciais. Não deve ser usado como instrumento de avaliação. Decisões de confiabilização devem ser tomadas
depois das EPAs terem sido observadas em múltiplos cenários, com contextos, acuidade, complexidade e características de pacientes diferentes.
51
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
52
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
EPA 2. Competências
Competência crítica Comportamentos pré-confiabilidade Comportamentos indicativos de confiabilidade
Cuidados com a pessoa (CP)
CP2 Coleta informações insuficientes ou em excesso, Tem alguma experiência clínica que permite relacionar
Reunir informações essenciais e precisas sobre os seguindo um modelo pré-determinado, na ordem sinais e sintomas do paciente atual com achados de
pacientes e suas condições através de anamnese, coletada, sem priorizar os dados relevantes. Tem outros pacientes previamente avaliados.
exame físico e uso de dados laboratoriais, exames habilidade limitada para filtrar e priorizar as partes Ainda se baseia principalmente em raciocínio analítico
de imagem e outros exames. da informação. Faz um raciocínio analítico utilizando da fisiopatologia básica para ligar as informações,
conhecimento fisiopatológico básico com limitada mas é capaz de relacionar os achados atuais com os
capacidade de vincular os achados dos vários de encontros clínicos prévios e de filtrar, priorizar e
encontros clínicos sintetizar os achados pertinentes positivos e negativos,
Executa as manobras do exame físico incorretamente. evitando amplas categorias de diagnósticos.
Pode perder os principais resultados do exame físico. Realiza as manobras básica de exame físico
Não altera a abordagem de exame da cabeça aos corretamente; reconhece e interpreta corretamente os
pés para atender o nível de desenvolvimento ou as achados anormais. Realiza uma abordagem de exame
necessidades comportamentais do paciente. Não físico consistentemente relacionada ao problema
busca ou é excessivamente dependente de dados do paciente. Procura e obtém dados de fontes
secundários. secundárias quando necessário.
CP4 Não é capaz de interpretar dados laboratoriais básicos. Interpreta com precisão e consistência os testes
Interpretar dados laboratoriais, exames de Não entende conceitos como probabilidade pré-teste diagnósticos básicos. Ainda precisa de ajuda com
imagem e outros testes necessários para a área de ou características de desempenho dos testes. conceitos como a probabilidade pré-teste e as
prática. características de desempenho de alguns testes.
Conhecimento para a prática (CPP)
CPP2 Não conhece ou não sabe aplicar os conhecimentos Possui conhecimento científico biofísico suficiente e
Aplicar princípios científicos biofísicos biofísicos e emergentes fundamentais para os é capaz de aplicá-lo na compreensão das condições
estabelecidos e emergentes fundamentais para os cuidados de saúde. médicas e cirúrgicas comuns e nos cuidados
cuidados de saúde para pacientes e populações. preventivos básicos.
CPP3 Embora seja capaz de lembrar e de entender Possui conhecimento suficiente das ciências
Aplicar os princípios estabelecidos e emergentes princípios das ciências clínicas, ainda não tem ampla clínicas e é capaz de aplicá-lo na compreensão
das ciências clínicas para a tomada de decisões capacidade de aplicar o conhecimento para as das condições médicas e cirúrgicas comuns e nos
diagnósticas e terapêuticas, para a resolução de condições médicas e cirúrgicas comuns, bem como cuidados preventivos básicos (por exemplo, pode
problemas clínicos e outros aspectos dos cuidados para os cuidados preventivos básicos. fazer um diagnóstico, recomendar o manejo inicial e
de saúde baseados em evidências. reconhecer variações na apresentação de caso clínico
ou cirúrgico).
CPP4 Pode lembrar e entender princípios da epidemiologia, Possui conhecimento epidemiológico suficiente e é
Aplicar princípios das ciências epidemiológicas mas não tem a capacidade de aplicar o conhecimento capaz de aplicá-lo na compreensão das condições
para a identificação de problemas de saúde, para as condições médicas e cirúrgicas usuais, médicas e cirúrgicas comuns e nos cuidados
fatores de risco, estratégias de tratamento, recursos tampouco para cuidados preventivos. preventivos básicos.
e iniciativas de prevenção de doenças e de
promoção da saúde para pacientes e populações.
53
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
54
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
55
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
O estudante é capaz de elencar pelo menos 3 diagnósticos O estudante demonstra capacidade de priorizar um diagnóstico
razoáveis? baseado nas informações disponíveis?
▢ Pode apenas acompanhar. ▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto. ▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta. ▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância ▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica] ▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
O estudante discute os achados clínicos que apoiem seu
diagnóstico diferencial?
▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
56
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Testes para diagnóstico são utilizados para devem estar preparados para acompanhar O interno deve ser capaz de colocar
determinar a presença ou na ausência de a rotina dos pacientes, incluindo anamnese, perguntas para avaliar a precisão do teste
determinada doença em um sujeito que exame físico, solicitação e interpretação de de diagnóstico: há estudos adequadamente
apresenta sinais ou sintomas sugestivos. exames comuns para diagnóstico e triagem delineados com resultados válidos? [2] Quais
Testes de triagem identificam indivíduos (4). Além da escolha adequada de qual teste são os resultados? [3] Como esses resultados
assintomáticos que podem ter a doença. (diagnóstico ou de rastreamento), o interno me auxiliam no cuidado do paciente? Esse
Testes diagnósticos são realizados após deve ser capaz de fundamentá-la com base questionamento estruturado amplia a
um teste de triagem positivo e servem em evidências clínicas e em princípios de compreensão da literatura e aprimorará o
para estabelecer um diagnóstico definitivo. custo-efetividade adequados à situação do atendimento ao paciente por meio de uma
A habilidade de classificar indivíduos na paciente. abordagem baseada em evidências para o
situação correta de doença depende, entre diagnóstico (5).
outros, da acurácia dos testes utilizados. Frequentemente, internos enfrentam
Assim, conhecimentos sobre validade, dilemas diagnósticos, levando-os a
especificidade e sensibilidade são básicos selecionar, executar e interpretar testes
para esta habilidade (1). Além disso, o diagnósticos adicionais. Antes de aplicar
crescimento dos custos das tecnologias um determinado teste de diagnóstico, o Referências
diagnósticas demanda um bom senso na interno deve verificar se o teste escolhido
indicação e na estratégia para uso de testes realmente terá impacto na tomada de 1. Kanchanaraksa S. Evaluation of Diagnostic
diagnósticos (2). decisão sobre a conduta em determinada and Screening Tests: Validity and
condição (5). Uma formação consistente em Reliability. Disponível em http://ocw.jhsph.
O curso de medicina tem como Epidemiologia é instrumento determinante edu/courses/FundEpi/PDFs/Lecture11.pdf.
objetivo formar médicos generalistas para esta habilidade. Nesta altura do curso Acessado em 11/05/2019. 2008.
que tenham habilidades, atitudes e de Medicina, o aluno deve ser capaz de
conhecimentos necessários para diagnosticar reconhecer os níveis de evidência e os graus
e resolver a maioria das doenças que o de recomendação para a solicitação de
ser humano pode sofrer durante sua vida determinado exame.
(3). Ao final do curso, no Internato, alunos
57
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
2. Patterson RE, Horowitz SF. Importance 4. Salzman DH, McGaghie WC, Caprio TW,
of epidemiology and biostatistics in Hufmeyer KK, Issa N, Cohen ER, et al.
deciding clinical strategies for using A Mastery Learning Capstone Course
diagnostic tests: a simplified approach to Teach and Assess Components of
using examples from coronary Three Entrustable Professional Activities
artery disease. J Am Coll Cardiol. to Graduating Medical Students. Teach
Learn Med. 2019;31(2):186-94.
1989;13(7):1653-65.
5. Scales CD, Jr., Dahm P, Sultan S,
3. Martinez-Gonzalez A, Sanchez-Mendiola
Campbell-Scherer D, Devereaux PJ. How
M, Mendez-Ramirez I, Trejo-Mejia JA.
to use an article about a diagnostic test. J
[Level of clinical competence in seven
Urol. 2008;180(2):469-76.
cohorts of medical students at the
end of the internship]. Gac Med Mex.
2016;152(5):439-43.
58
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Funções principais com Comportamentos que Desenvolvimento dos comportamentos Comportamentos esperados de um
competências relacionadas exigem intervenção (O aluno pode estar em níveis distintos de desenvolvimento aluno confiável
pedagógica dentro da mesma linha)
Recomenda testes de Não é capaz de Recomenda testes para Considera custos. Recomenda os testes de rastreamento
triagem e diagnóstico recomendar um condições comuns. Identifica as diretrizes para e diagnóstico que são essenciais e
de primeira linha e com conjunto padrão de Não considera riscos, custos, testes comuns. custo-efetivos.
custo benefício para testes de rastreamento diretrizes ou recursos do Aplica diretrizes específicas ao
o acompanhamento ou em diagnóstico. Repete os testes de
paciente. diagnóstico em intervalos paciente.
de saúde de rotina de Demonstra frustração
doenças comuns. Não considera fazer a triagem muito frequentes ou muito
nos esforços de específica do paciente, a longos.
CP5 CP9 PBS3 AABP9 contenção de custos menos que instruído.
CPP1 CPP4
Fornece justificativa para a Não é capaz de Recomenda exames ou testes Compreende a Fornece justificativa individual com
decisão de pedir testes, fornecer uma desnecessários com baixa probabilidade pré- e pós- base nas preferências, nos dados
tendo em vista a justificativa para probabilidade pré-teste. teste. demográficos e nos fatores de risco
solicitar testes. Negligencia as preferências Negligencia o impacto de do paciente.
probabilidade pré- e pós-
teste e as preferências do do paciente. resultados falsos positivos ou Incorpora sensibilidade,
falsos negativos. especificidade e prevalência na
paciente.
Leva em consideração as recomendação e na interpretação de
CP5 CP7 CPP1 CPP4 preferências do paciente. testes.
PBS3 AABP9 Explica como os resultados
influenciam o diagnóstico e a
avaliação.
Avaliação dos resultados Só consegue Interpreta erroneamente Reconhece a necessidade Distingue anormalidades comuns
e plano de cuidados: interpretar resultados anormalidades significantes de assistência para avaliar e insignificantes de achados
Interpretar resultados de com base em ou explicáveis. resultados de urgência e clinicamente importantes.
exames básicos e entender valores normais do Não sabe responder a comunicá-los ao paciente. Capaz de discernir entre resultados
as implicações e a urgência laboratório. resultados urgentes. urgentes e não urgentes, e responder
dos resultados Não consegue corretamente.
Requer o supervisor para
CP4 CP5 PC7 CPP1 discernir entre discutir os resultados com o Procura ajuda para interpretação
resultados urgentes de paciente. de testes além do seu escopo do
não urgentes. conhecimento
Este esquema mostra o desenvolvimento de proficiência nas EPAs essenciais. Não deve ser usado como instrumento de avaliação. Decisões de confiabilização devem ser tomadas
depois das EPAs terem sido observadas em múltiplos cenários, com contextos, acuidade, complexidade e características de pacientes diferentes.
59
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
60
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
EPA 3. Competências
Competência crítica Comportamentos pré-confiabilidade Comportamentos indicativos de confiabilidade
Cuidados com a pessoa (CP)
CP4 É inconsistente na interpretação precisa de Consistentemente interpreta testes diagnósticos
Interpretar dados laboratoriais, exames de imagem testes diagnósticos básicos. Não compreende básicos com precisão. Ainda precisa de assistência
e outros testes necessários para a área de prática. os conceitos de probabilidade pré-teste e com os conceitos de probabilidade pré-teste e com as
características de desempenho de teste. características de desempenho de teste.
CP5 Relembra e apresenta fatos clínicos na história Resume e reorganiza as observações clínicas
Tomar decisões fundamentadas sobre intervenções e na ordem em que foram coletados sem coletadas usando qualificadores semânticos (como
diagnósticas e terapêuticas com base nas filtragem, reorganização ou síntese. O raciocínio opostos emparelhados que são usados para
informações, nas preferências do paciente, nas analítico através da fisiopatologia básica impede descrever informações clínicas [por exemplo, aguda e
evidências científicas atualizadas e no julgamento o reconhecimento de padrões e resulta em crônica]) para comparar e contrastar os diagnósticos
clínico. uma lista exaustiva de todos os diagnósticos considerados. O surgimento do reconhecimento
considerados, em vez do desenvolvimento de padrões no raciocínio diagnóstico e terapêutico
de considerações diagnósticas funcionais, geralmente resulta em uma avaliação bem sintetizada
dificultando o desenvolvimento de um plano e organizada do diagnóstico diferencial e do plano de
terapêutico. A ausência de um diagnóstico focado manejo. O diagnóstico diferencial focado e o plano
e um diagnóstico funcional também impede a de trabalho permitem incorporar as preferências do
incorporação das preferências do paciente no paciente no plano de diagnóstico e no gerenciamento.
plano de diagnóstico e de gestão.
CP7 Conversas com pacientes e familiares contêm Engaja-se em ouvir ativamente o paciente/família,
Aconselhar e educar os pacientes e suas jargões médicos frequentes e exibem vieses permitindo a expressão de carinho, preocupação e
respectivas famílias para capacitá-los a participar pessoais. Não considera as circunstâncias empatia. Mantém um tom respeitoso e raramente usa
de seu cuidado e possibilitar a tomada de decisões específicas do paciente. Fornece pouca jargão médico. Avalia o entendimento do paciente/
compartilhadas. oportunidade para discussão ou perguntas. Define família. Reconhece que os pacientes têm diferentes
um plano para o paciente sem envolver o paciente. circunstâncias e começa a envolver o paciente/família
na tomada de decisão compartilhada.
CP9 Não está familiarizado com os conceitos de Tem conhecimento de conceitos de manutenção
sFornecer serviços de saúde a pacientes, famílias manutenção de saúde. Não realiza procedimentos de saúde. Utiliza recursos disponíveis e começa a
e comunidades com o objetivo de prevenir de triagem específicos para o paciente (por buscar recursos, diretrizes e recomendações novos
problemas de saúde ou manter a saúde. exemplo, com base na idade do paciente, no sexo, e atuais para a promoção da saúde e prevenção de
nos fatores de risco), a menos que seja instruído a doenças. Geralmente realiza procedimentos de triagem
fazê-lo. Responde as perguntas do paciente e das específicos para o paciente. Normalmente oferece
famílias, mas não oferece orientação antecipatória. orientação antecipada sem ser solicitado. Identifica
frequentemente comportamentos não saudáveis e
outros fatores de risco durante as interações do paciente
e aborda sobre esses com o paciente/família.
61
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
62
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
63
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
O estudante é capaz de propor e selecionar os exames para o O estudante avalia o resultado dos exames determinando os
diagnósticos e/ou de triagem justificáveis para o paciente ? resultados que são urgentes e não urgentes?
▢ Pode apenas acompanhar. ▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto. ▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta. ▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância ▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica] ▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
O estudante consegue fornecer uma justificativa para sua O estudante é capaz de interpretar os resultados dos exames no
estratégia de exames de diagnóstico? contexto do paciente?
▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
64
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
É no momento da prescrição que o médico, se que erros de medicação em hospitais os princípios norteadores da prescrição (o
após realizar anamnese e exame físico, provoquem mais de 7.000 mortes por paciente correto, a dose correta, a via de
analisar exames complementares e refletir ano nos Estados Unidos, acarretando administração correta e o intervalo de doses
sobre sua conclusão diagnóstica, decide importantes custos tangíveis e intangíveis correto) pode colocar em risco a saúde do
qual o tratamento que será adotado. É (6). No Brasil ainda não estão disponíveis paciente.
quando o ato médico se completa e a estatísticas de óbitos relacionados a erros
adoção de princípios básicos que norteiam o de medicação. Diante da possibilidade de A transparência da informação,
relacionamento médico-paciente transmitem prevenção e do risco de dano em função a compreensão do que está sendo
segurança e contribuem para a adesão à da sua ocorrência, deve-se enfatizar a prescrito ou receitado e o conhecimento
prescrição médica. Observar as regras e importância da sua elaboração desde o da prescrição contribuem para aumentar
limites éticos relacionados à prescrição, a início da graduação. a adesão ao tratamento. É obrigação do
fim de realiza-la com segurança, levando prescritor esclarecer todas as dúvidas
em conta os benefícios de sua indicação, Alguns preceitos básicos devem ser do paciente, bem como se colocar a
possibilita que se evite expor o paciente preenchidos na elaboração da prescrição disposição para resolução de possíveis
a riscos desnecessários e contribui para médica, seja ela realizada no âmbito eventos adversos. É importante lembrar
que o médico preserve sua credibilidade e hospitalar ou na consulta ambulatorial que o Código de Ética Médica proíbe
confirme sua competência. (receita médica). Sempre se deve investigar receitas ou prescrições ilegíveis. Também
reações alérgicas anteriores e ter em mente não deve haver rasuras ou irregularidades
Estudo realizado nos Estados as contra-indicações relacionadas a cada que prejudiquem a verificação de sua
Unidos revela que cada paciente internado caso, consideradas importantes fatores autenticidade. São componentes legais da
em ambiente hospitalar está sujeito a contribuintes para aumentar a segurança do receita: data e assinatura do profissional,
um erro de medicação por dia, sendo paciente. A AAMC (American Association endereço do consultório ou residência e o
registrados anualmente, no mínimo 400.000 of Medical Colleges) recomenda a ênfase número de inscrição no respectivo conselho
eventos adversos evitáveis relacionados a sobre o conhecimento do que torna cada profissional de seu Estado. O carimbo não é
medicamentos (1). Esses eventos podem paciente único em relação a sua necessidade uma exigência legal, desde que a assinatura
ocorrer em todas as etapas da cadeia de prescrição. O profissional deve ser claro e seja complementada pela identificação clara
terapêutica, aumentando consideravelmente preciso, esclarecer dúvidas e orientar quanto do profissional e seu respectivo CRM.
os custos do sistema de saúde (2-5). Estima- a reações adversas. A falta de domínio sobre
65
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
A escolha de medicamentos deve as prescrições/receitas, revisando dose, 4. Gerrett D, et al. Tallman lettering. Final
ser feita com base em motivos racionais, via e intervalo de administrações corretas. report of the use of tallman lettering to
de acordo com as melhores evidências Suas prescrições refletem o dialogo com minimize selection errors of medicine
disponíveis. A OMS (7-8) recomenda que o paciente e sua família, adaptando a names in computer prescribing and
estudantes de medicina sejam ensinados prescrição à realidade e à compreensão dispensing systems. Loughborough
a indicar medicamentos para problemas deles. É capaz de refinar suas escolhas University EnterprisesLtd., 2009.
específicos dos pacientes utilizando um levando em consideração os custos, a Disponível em: www.connectingforhealth.
esquema composto por 6 passos: (a) definir capacidade e a vontade do paciente em
nhs.uk/systemsandservices/eprescribing/
o problema do paciente; (b) especificar aderir às orientações passadas. Acima de
o objetivo do tratamento; (c) verificar a tudo, o aluno confiável deve ser capaz de refdocs/.
conveniência desses medicamentos; (d) reconhecer suas limitações e pedir ajuda
escrever a prescrição; (e) informar e instruir sempre que considerar necessário. 5. Leape LL,etal.The nature of adverse
o paciente e (f) monitorizar e/ou events and negligence in hospitalized
interromper o tratamento. patients: results of the Harvard Medical
Referências Practice Study II. N Engl J Med,Boston.
É importante também estar 1991; 324(6):377-384.
consciente de algumas particularidades 1. Aspden P. et al. (ed.). Committee on
relacionadas à realidade do paciente no identifying and preventing medication 6. Phillips DP,Christenfeld N, Glynn LM.
momento da prescrição. A primeira delas errors preventing medication errors. Increase in US medication-error deaths
é assegurar que o paciente compreenda o institute of medicine of the national between 1983 and 1993.Lancet,
que foi orientado. Em casos de pacientes academies.Washington, DC: The National London.1998; 351(9103):643-644.
analfabetos, passar as orientações Academies Press, 2007; 544 p. (Quality
relacionadas a doses e intervalos através 7. World Health Organization. WHO.
Chasm Series).
de esquemas desenhados, por exemplo. Action on patient safety.High 5s.World
Em casos de pacientes pediátricos, conferir
2. Landrigan CP. etal.Temporal trends alliance for patient safety.Disponível
sempre o peso mais recente para garantir a
segurança relacionada a dose prescrita. in rates of patient harm resulting em: http://www.who.int/patientsafety/
from medical care. N Engl J Med, implementation/solutions/high5s/en.
O aluno confiável é capaz de elaborar Boston.2010; 363(22):2124-34.
prescrições de forma racional, aplicando 8. World Health Organization.WHO. World
os princípios da prescrição baseada em 3. Bates DW, Gawande AA. Error in Alliance for Patient Safety: forward
evidências, sendo capaz de explicar ao medicine: what we have learned? programme 2006-2007. Geneva.
paciente de forma clara a justificativa Ann InternMed, Philadelphia. 2000; Disponível em: http://www.who.int/
para a sua decisão. Também demonstra 132(9):763-767. patientsafety/World Health.
incorporar hábitos de segurança ao elaborar
66
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Demonstra compreensão Não tem conhecimento Dificuldade em filtrar e em resumir Compreende a lógica que justifica a Reconhece padrões, considera as condições
sobre a condição do básico para orientar a informação e de priorizar prescrição. do paciente quando solicita exames e/ou
paciente, justificando prescrições. Fica defensivo diagnósticos e tratamentos. Pode não levar em consideração tratamentos.
adequadamente a quando questionado. Incapaz de justificar a lógica da sinais ou achados de exame que Explica de que forma os resultados dos
prescrição elaborada. sua prescrição. sejam mais sutis para elaborar a exames alteram a decisão clínica.
(ADQUIRE) prescrição.
CP5 CP2
Reconhece erros e Não valoriza Subestima informações que Pode demonstrar inconsistência ao Incorpora hábitos de segurança ao elaborar
consegue evitá-los, informações usadas poderiam evitar erros. aplicar hábitos de segurança de prescrições e receitas.
atentando para fatores para evitar interações Confia excessivamente na prescrição (como dupla checagem Responde aos alertas de segurança da
específicos do paciente, medicamentosas. tecnologia para observar do peso, da idade, da função prescrição eletrônica, entendendo sua
utilizando os recursos Não corrige doses quando interações e/ou riscos renal, de comorbidades, de dose justificativa.
adequados e valorizando avisado pelos outros medicamentosos (uso de e/ou intervalos e ded dados de
Usa recursos eletrônicos para completar a
alertas de segurança do profissionais. aplicativos sugere interação, mas farmacogenética) quando aplicáveis
informação de forma segura (ex: interações
sistema. (AVALIA) aluno não consegue explicá-la). na rotina.
Ignora alertas do sistema. medicamentosas, orientações de tratamento).
AABP7
Discute prescrições e Elabora prescrições e/ou Prescreve sem se comunicar com Modifica as orientações de acordo Elabora prescrições que refletem diálogo
receitas com equipe, receitas que entram em os outros, usa estilo unidirecional. com as preferências do paciente. bidirecional com pacientes, familiares e
pacientes e familiares conflito direto com crenças (“Aqui está o que vamos fazer...”) Pode perceber os esforços para equipe.
(RECOMENDA) de saúde ou culturais Não leva em consideração os conter gastos solicitados pelo Considera os custos, a capacidade e a
do paciente e de seus custos das medicações ou as paciente como interferência externa vontade do paciente de seguir as orientações
HCRI PBS3
familiares. preferências do paciente. na relação médico-paciente. combinadas.
Este esquema mostra o desenvolvimento de proficiência nas EPAs essenciais. Não deve ser usado como instrumento de avaliação. Decisões de confiabilização devem ser tomadas
depois das EPAs terem sido observadas em múltiplos cenários, com contextos, acuidade, complexidade e características de pacientes diferentes.
67
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Descrição da EPA Para a prática médica, é crucial que o interno seja capaz de elaborar prescrições, seja de forma verbal ou seja
forma escrita. Espera-se que os internos sejam capazes de fazer essa tarefa com supervisão a distância. Espera-
se que os internos tenham compreensão de alguns, mas não necessariamente todos os problemas clínicos dos
pacientes para os quais estejam prescrevendo. Também devem ser capazes de reconhecer suas limitações e
procurar ajuda para elaborar prescrições e receitas, quando não compreenderem a sua lógica. Espera-se que os
alunos sejam capazes de compreender que as prescrições devem ser elaboradas de forma segura, em diferentes
ambientes (internação, ambulatório, atendimentos de urgência ou emergência).
Funções:
• Demonstrar compreensão sobre as condições e as preferências do paciente que justifiquem a prescrição.
• Demonstrar conhecimento sobre os fluxos de prescrição e suas rotinas, em cada ambiente de trabalho.
• Elaborar prescrições de forma eficiente e efetiva, identificando a prescrição padrão adequada para a admissão;
elaborar soros com eletrólitos corretos, reconhecendo as adaptações pertinentes às necessidades de cada
paciente.
• Ser capaz de elaborar prescrição verbais, bem como manuais ou eletrônicas.
• Reconhecer e evitar erros de prescrição, valorizando alertas de segurança (ex., interações farmacológicas),
saber utilizar os recursos adequados para corrigir a prescrição e maximizar o beneficio terapêutico mantendo a
segurança para o paciente.
• Reconhecer fatores específicos do paciente (idade, peso, alergias, farmacogenética e comorbidades),
relevantes para a elaboração da prescrição.
• Discutir as prescrições e os planos terapêuticos (indicações, riscos) com pacientes e familiares, usando uma
abordagem livre de julgamentos de valores, respeitando crenças de saúde que possam influenciar a aderência
e o conforto do paciente com as orientações e prescrições.
Domínios de competência mais relevantes - Cuidados com as Pessoas (CP)
- Aprendizagem e aperfeiçoamento baseados na prática (AABP)
- Habilidades de comunicação e relacionamento interpessoal (HCRI)
- Prática baseada em sistemas (PBS)
Competências críticas para decisões de CP2 AABP1
confiabilização em cada domínio CP5 HCRI1
CP6 PBS3
AABP7
Métodos de avaliação • No início do internato, explicar cada uma das EPAs que serão avaliadas, bem como os
comportamentos esperados e o processo de avaliação
• Durante a supervisão dos casos, a confecção dos planos terapêuticos e a elaboração das prescrições,
dar feedback sobre o desempenho do aluno com relação ao tópico da EPA 4, respondendo ao
questionário desta EPA.
68
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
EPA 4. Competências
69
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
70
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
71
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
O aluno é capaz de obter a história com informações relevantes O aluno é capaz de prescrever a medicação certa, na dose certa,
para a prescrição. para o paciente certo.
▢ Pode apenas acompanhar. ▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto. ▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta. ▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância ▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica] ▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
O aluno avalia apropriadamente as condições e crenças sociais do O aluno é capaz de usar evidências para dar apoio a prescrição e
paciente para adaptar a prescrição. plano terapêutico.
▢ Pode apenas acompanhar. ▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto. ▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta. ▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância ▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica] ▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
72
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
O contato direto com o paciente ainda profissional. Apesar do risco de banalizá-lo influências sociais e culturais também
é considerado um dos momentos mais justamente por poder ser percebido como se torna importante, pois permite a
nobres do cuidado em saúde. Pela sua um ato corriqueiro de menor importância – o incorporação do entendimento de que
importância, contudo, o registro da registro inclui uma série de dimensões, todas o próprio paciente tem sobre a sua
atividade médica – quer em papel, quer em integradas entre si: doença e, de modo complementar, as
prontuários eletrônicos – deve ser analisado suas preferências quanto à tomada de
como um reflexo concreto dessa relação. 1. Capacidade de entender e de dregistrar decisão no que se refere ao manejo do
Adicionalmente, o registro estabelece as adequadamente a situação do paciente seu problema de saúde como um todo.
bases para a comunicação efetiva entre o no momento do encontro clínico nos seus
prestador e os demais membros da equipe mais diferentes cenários: ambulatório, 2. Capacidade de explicitar o raciocínio
assistencial e também com o sistema de internação, período pré e pós cirúrgico, clínico do estudante naquela situação
saúde mais amplo. Uma prática médica de nota de internação ou de alta e mesmo específica a ponto de fundamentar uma
excelência e o seu correspondente registro contatos telefônicos e outras formas de proposta de plano terapêutico.
são, portanto, elos indissociáveis de um comunicação eletrônica. Obviamente,
mesmo processo de cuidado. a situação clínica do paciente deve 3. Capacidade de, ao analisar o conjunto
estar relacionada a um contexto mais de informações sobre o paciente,
Nessa perspectiva, o registro médico abrangente, que inclui a sua história de explicitar o raciocínio clínico do estudante
é uma experiência educacional poderosa no vida, a trajetória da sua doença, os seus naquela situação específica a ponto de
sentido da necessidade de aperfeiçoamento sentimentos e crenças, ou seja, a sua fundamentar uma proposta de plano
contínuo, tendo o benefício do paciente narrativa (2). Pressupõe-se igualmente terapêutico. Para tanto, passa a ser
sempre como principal objetivo (1). que esse conjunto de informações indispensável que o mesmo tenha um
possa ser devidamente filtrado e bom conhecimento médico e, ao mesmo
É importante destacar que, organizado, priorizando ações mais tempo, demonstre comprometimento
independentemente da especialidade urgentes e indicando a continuidade das com o paciente. É esse embasamento que
escolhida, os registros médicos serão um demais para um momento oportuno. ajudará o estudante a definir o que fazer e
aspecto permanente da sua atividade Nessa mesma dimensão, o registro das o que não fazer no cuidado prestado.
73
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
4. O registro médico feito pelo necessita ser formalmente validado 3. Heiman HL, Rasminsky S, Bierman
estudante é de extrema importância pelo responsável legal pelo cuidado do JA, Evans DB, Kinner KG, Stamos J,
para a continuidade do cuidado e paciente (4). Martinovich Z, McGaghie WC. Medical
para a comunicação com os demais Students’ Observations, Practices, and
membros da equipe de saúde, Dessa forma, para que o Attitudes Regarding Electronic Health
uma vez que frequentemente as estudante cumpra o objetivo de realizar Record Documentation. Teaching and
intervenções propostas serão realizadas adequadamente o registro do encontro Learning in Medicine: An International
escalonadamente e segundo as clínico no prontuário, pressupõe-se o Journal. 2014; 26:1, 49-55.
prioridades identificadas. Assim, é domínio de determinados conhecimentos,
por meio do registro que o estudante habilidades e atitudes nessa área. De modo 4. Wittels K, Wallenstein J, Patwari R, Patel
se apresenta aos demais membros resumido, o registro esperado deve ser S. Medical Student Documentation in
da equipe e começa a criar relações preciso e específico para o contexto onde the Electronic Medical Record: Patterns
profissionais interna e externamente à sua foi realizado, contendo elementos que of Use and Barriers. West J Emerg Med.
instituição de origem. informem adequadamente a história clínica, 2017 Jan; 18(1): 133–136.
os achados relevantes do exame físico, um
5. Por fim, mas não menos importante, diagnóstico de trabalho e, por fim, um plano
há as dimensões legais do registro, de manejo que seja coerente com todos os
tanto no nível institucional (que define demais itens e que tenha a concordância do
o conjunto de regras a serem seguidas), paciente.
como no nível estatal, que as regula de
maneira ampla por meio de mecanismos
jurídicos que tem como objetivo a Referências
proteção da sociedade. Fica evidente
que um número excessivo de regras 1. Cheng DR, Scodellaro T, Uahwatanasakul
e a falta de clareza na lógica da sua W, South M. An Electronic Medical
construção são fatores muitas vezes Record in Pediatric Medical Education:
vistos, especialmente pelos mais jovens, Survey of Medical Students’ Expectations
como entraves à agilidade necessária and Experiences. Appl Clin Inform 2018;
para os atendimentos, desencadeando 09(04): 809-816.
a busca por alternativas para burlar o
sistema de registro (3). Dessa forma, o 2. Charon R. What to do with stories: The
papel educativo do professor torna-se sciences of narrative medicine. Can Fam
ainda mais imprescindível, uma vez que o Physician. 2007 Aug; 53(8): 1265–1267.
registro feito pelo estudante geralmente
74
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Funções principais com Comportamentos que Desenvolvimento dos comportamentos Comportamentos esperados de
competências relacionadas exigem intervenção (O aluno pode estar em níveis distintos de desenvolvimento um aluno confiável
pedagógica dentro da mesma linha)
Prioriza e sintetiza informações Fornece documentação Perde informações importantes. Fornece informações-chave mas Fornece uma narrativa verificável
em uma narrativa convincente incoerente. Usa um modelo com habilidade inclui detalhes desnecessários ou e convincente sem detalhes
em uma variedade de encontros limitada em ajustar ou em adaptar redundantes. desnecessários ou redundantes.
clínicos (p.ex. notas de conforme a audiência, contexto ou Demonstra habilidade para ajustar Ajusta e adapta registros baseados
internações, evoluções, pré e objetivo. ou adaptar para audiência, contexto na audiência, no contexto ou na
pós-operatórios, registro de ou objetivo. finalidade (p.ex. notas de internações,
procedimentos, termos de evoluções, pré e pós-operatórios,
consentimento, notas de alta). registro de procedimentos, termos de
P4 HCRI1 consentimento, notas de alta).
Segue as regras de registro Copia e cola sem Elabora documentação que possui Reconhece e corrige erros Fornece registro acurado, legível,
de acordo com as regras e verificação ou crítica. erros ou não cumpre as regras relacionando elementos requeridos oportuno que inclui elementos
expectativas profissionais. Não fornece estabelecidas (p.ex. data, hora, da documentação. requeridos institucionalmente.
HCRI5 P4 PBS1 documentação quando assinatura, usa abreviaturas proibidas). Finaliza os registros-padrão em Registra no prontuário do paciente o
requerida. Tem dificuldade em finalizar o registro tempo hábil. papel nas atividades da equipe.
Fornece documentação em tempo hábil, resultando na falta Pode não documentar a busca por Registra o uso de fontes primárias e
ilegível. de acesso ao registro por parte de fontes primárias e secundárias, secundárias para preencher as lacunas.
membros da equipe. importante para o encontro clínico.
Elabora uma lista de problemas, Copia e cola sem Não documenta a lista de problemas, Registra a lista de problemas, o Registra a lista de problemas, o
um diagnóstico diferencial e um verificação ou crítica. o diagnóstico diferencial, o plano, o diagnóstico diferencial, o plano e o diagnóstico diferencial, o plano
plano terapêutico baseado em Não fornece raaciocínio clínico ou as preferências raciocínio clínico. refletindo uma combinação de
um raciocínio clínico que reflita documentação quando do paciente. É inconsistente em interpretar testes processo mental e os inputs de outras
as preferências do paciente. requerida. Interpreta exames de acordo com as básicos de forma acurada. fontes.
CP4 CP6 HCRI1 HCRI2 Fornece documentação normas em vez do contexto. Engaja-se em comportamento Interpreta valores laboratoriais de
ilegível. Demonstra comportamento de busca de busca de ajuda, resultando forma acurada.
de ajuda limitado para completar em melhora na habilidade de Identifica problemas-chave, registrando
lacunas de conhecimento, habilidades desenvolver e registrar plano de o engajamento daqueles que podem
e experiência. manejo. ajudar a resolvê-los.
Solicita as preferências do paciente e Comunica-se bidirecionalmente para
as registra numa nota específica. desenvolver e registrar um plano de
manejo alinhado com as preferências
do paciente.
Este esquema mostra o desenvolvimento de proficiência nas EPAs essenciais. Não deve ser usado como instrumento de avaliação. Decisões de confiabilização devem ser tomadas
depois das EPAs terem sido observadas em múltiplos cenários, com contextos, acuidade, complexidade e características de pacientes diferentes.
75
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
76
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
EPA 5. Competências
77
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
78
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
79
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Registra informações precisas e legíveis sem erros: Usa outras fontes de registros de pacientes conforme apropriado e com
▢ Pode apenas acompanhar. atribuição:
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto. ▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta. ▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância ▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica] ▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
Tem pelo menos três diagnósticos diferenciais justificáveis:
▢ Pode apenas acompanhar. Inclui uma lista de problemas priorizados:
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto. ▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta. ▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância ▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica] ▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
Inclui todos os elementos de documentação relevantes e obrigatórios:
▢ Pode apenas acompanhar. Inclui um plano racional e fundamentado:
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto. ▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta. ▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância ▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica] ▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
80
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Considerada e reconhecida como meta Algumas evidências apontam que informações coletadas pessoalmente de
educacional pela Associação Americana o raciocínio clínico e o conhecimento das uma forma acurada, concisa e organizada e
de Faculdades de Medicina (AAMC), a expectativas dos educadores são essenciais que relacione os principais sinais e sintomas
comunicação é uma das habilidades centrais para o desenvolvimento das apresentações do paciente, incluindo aspectos relevantes
na prática médica (1,2). A apresentação orais de casos clínicos (5). Estudos de dos achados da anamnese, do exame físico
oral de um caso clínico é uma das Haber (6) e Lingard (7) delinearam as e dos testes complementares, e os exponha
principais formas de interação médico- principais dificuldades em apresentações de forma clara aos demais membros da
equipe. A construção do relato depende de casos clínicos orais: segundo os autores, equipe. Em relação ao educador, espera-
da capacidade do estudante em obter, os educadores esperavam que os alunos se que explique suas expectativas e
processar e organizar dados relevantes ao desenvolvessem habilidades de raciocínio forneça feedback adequado ao aluno, para
entendimento do caso (3). Um relato bem clínico a fim de definir quais detalhes da que o mesmo possa compreender suas
feito facilita a transferência de informações anamnese, do exame físico e dos testes dificuldades e vá se aperfeiçoando ao longo
entre os profissionais de saúde, melhora a complementares deveriam ser selecionados do tempo.
eficiência e a qualidade do cuidado com para otimizar e organizar com clareza a
os pacientes e diminui a probabilidade de apresentação oral para os demais membros
ocorrência de más condutas e erros médicos. da equipe. Já os alunos, de um modo Referências
geral, tiveram uma compreensão pouco
Apesar de sua importância, no clara das expectativas de seus professores 1. Rider EA, Keefer CH. Communication
entanto, ainda não há uma ferramenta em relação às apresentações orais e, skills competencies: definitions
universalmente aceita ou amplamente consequentemente, acabaram seguindo and teaching toolbox. Med Educ.
utilizada para auxiliar os alunos a melhorar padrões simplistas para os seus relatos, 2006;40:624-9.
suas habilidades de apresentação. Esta além de dificuldades para identificar quais
lacuna é, em parte, devida à grande informações seriam mais relevantes (8). 2. AAMC Medical School Objectives
complexidade dessa habilidade, bem como Project. American Association of Medical
à grande variabilidade nas necessidades De acordo com o ensino baseado
Colleges Web Site.
tanto dos alunos quanto dos demais em competências, espera-se que o
profissionais da saúde (4). aluno confiável seja capaz de apresentar
81
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
3. Kim S, Kogan JR, Bellini LM, Shea 5. Williams DE, Surakanti S.. Developing 7. Lingard LA, Haber RJ. What do we mean
JA. A randomized-controlled study of Oral Case Presentation Skills: Peer and by “relevance?” A clinical and rhetorical
encounter cards to improve oral case Self-Evaluations as Instructional Tools. definition with implications for teaching
presentation skills of medical students. J Ochsner J. 2016 Spring;16(1):65-9. and learning the case-presentation
Gen Intern Med. 2005. August; 20 8: 743- format. Academic Medicine 1999;74(10,
747. 6. Haber RJ, Lingard LA. Learning oral Suppl.):S124–7.
presentation skills: A rhetorical analysis
with pedagogical and professional 8. Green EH, Durning SJ, DeCherrie L,
4. Green EH, Hershman W, DeCherrie L,
implications. Journal of General Internal Fagan MJ, Sharpe B, Hershman W.
Greenwald J, Torres-Finnerty N, Wahi- Medicine 2001;16:308–14. Expectations for oral case presentations
Gururaj S. Developing and implementing for clinical clerks: opinions of internal
universal guidelines for oral patient medicine clerkship directors. J Gen Intern
presentation skills. Teach Learn Med. Med. 2009;24(3):370–373. doi:10.1007/
2005. Summer; 17 3: 263- 267. s11606-008-0900-x.
82
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Fazer uma apresentação Apresenta de forma Faz uma apresentação que Faz uma apresentação organizada Filtra, sintetiza e prioriza informações
oral acurada, concisa e desorganizada e não é concisa ou que é vaga. em torno da queixa principal. em uma apresentação concisa e bem
bem organizada. incoerente. Apresenta uma história Quando questionado, consegue organizada.
ICS2 PC6 imprecisa com informações identificar pontos positivos e Integra pontos positivos e negativos
omitidas ou estranhas. negativos pertinentes para apoiar pertinentes para apoiar as hipóteses.
as hipóteses. Traz argumentos sólidos para embasar o
Apoia planos de manejo com plano.
informações limitadas.
Ajustar a apresentação Apresenta informações Segue um modelo pronto Quando solicitado, consegue Adapta duração e complexidade da
oral para atender de maneira que assusta (template). ajustar a apresentação em termos apresentação, conforme a situação e o
as necessidades do as famílias. Usa acrônimos e jargões de duração e de complexidade receptor das informações.
receptor. médicos. para corresponder à situação e ao Transmite autoconfiança apropriada para
ICS1 ICS2 PBL1 PPD7 receptor das informações. deixar paciente e família à vontade.
Projeta muita ou pouca
confiança.
Demonstrar respeito Desconsidera a Carece de sensibilidade Incorpora as preferências dos Respeita a privacidade e a
pela privacidade e pela privacidade e a quando apresenta informações pacientes e suas necessidades de confidencialidade dos pacientes ao
autonomia do paciente. autonomia do paciente. delicadas sobre o paciente. privacidade. demonstrar sensibilidade quando discute
P3 P1 PPD4 Não envolve os pacientes e as os casos.
famílias nas discussões sobre o Envolve-se com a tomada de decisão
cuidado. compartilhada solicitando ativamente as
preferências dos pacientes.
Este esquema mostra o desenvolvimento de proficiência nas EPAs essenciais. Não deve ser usado como instrumento de avaliação. Decisões de confiabilização devem ser tomadas
depois das EPAs terem sido observadas em múltiplos cenários, com contextos, acuidade, complexidade e características de pacientes diferentes. 83
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Descrição da EPA Para estar preparado para a prática médica, todos os internos precisam ser capazes de apresentar
concisamente o resumo de um encontro clínico para um ou mais membros da equipe de saúde
(incluindo pacientes e familiares), a fim de alcançar um entendimento comum sobre a condição atual
do paciente. Um pré-requisito para a habilidade de fornecer uma apresentação oral é a síntese das
informações, reunidas em uma avaliação acurada da condição atual do paciente.
Funções:
• Apresentar informações que tenham sido coletadas ou verificadas pessoalmente, reconhecendo
quaisquer áreas de incerteza.
• Fazer uma apresentação oral acurada, concisa e bem organizada.
• Ajustar a apresentação oral para atender as necessidades do receptor das informações
• Assegurar uma comunicação em circuito fechado (isto é, a recepção de informação é verificada pelo
emissor e pelo receptor) entre o apresentador e o receptor das informações para garantir que ambas
as partes tenham um entendimento comum sobre a condição e as necessidades do paciente.
Domínios de competência mais relevantes - Cuidado com a pessoa (CP)
- Aprendizagem e Aperfeiçoamento Baseadas na Prática (AABP).
- Habilidades de Comunicação e relacionamento Interpessoal (HCRI).
- Profissionalismo (P)
- Desenvolvimento Pessoal e Profissional (DPP).
Competências críticas para decisões de CP2 P1
confiabilização em cada domínio AABP1 P3
HCRI1 DPP4
HCRI2 DPP7
Métodos de avaliação • No início do internato, explicar cada uma das EPAs que serão avaliadas, bem como os
comportamentos esperados e o processo de avaliação
• Durante a supervisão dos casos, dar feedback sobre o desempenho do aluno com relação ao
tópico da EPA 6: apresentação oral de uma consulta clínica, bem como formas de atingir os
comportamentos esperados.
• Realizar Mini-CEX em pelo menos um momento do internato e avaliar o aluno registrando o seu
desempenho, a sua confiabilidade e as sugestões para a aquisição dos comportamentos esperados.
84
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
EPA 6. Competências
Competência crítica Comportamentos pré-confiabilidade Comportamentos indicativos de confiabilidade
Cuidados com a pessoa (CP)
CP2 Coleta informações insuficientes ou em excesso, seguindo um Tem alguma experiência clínica que permite relacionar sinais e sintomas do
Reunir informações essenciais e modelo pré-determinado, na ordem coletada, sem priorizar os paciente atual com achados de outros pacientes previamente avaliados.
precisas sobre o paciente e sua dados relevantes. Tem habilidade limitada para filtrar, priorizar Ainda se baseia principalmente em raciocínio analítico da fisiopatologia
condição por meio de anamnese, as peças da informação. Faz um raciocínio analítico utilizando básica para ligar as informações, mas é capaz de relacionar os achados atuais
exame físico e uso de dados conhecimento fisiopatológico básico com limitada capacidade de com os de encontros clínicos prévios e filtrar, priorizar, sintetizar os achados
laboratoriais, exames de imagem e vincular os achados dos vários encontros clínicos pertinentes positivos e negativos e evitar amplas categorias de diagnósticos.
outros testes. Executa as manobras do exame físico incorretamente. Pode perder Realiza as manobras básica de exame físico corretamente, reconhece e
os principais resultados do exame físico. Não altera a abordagem de interpreta corretamente os achados anormais. Realiza uma abordagem de
exame da cabeça aos pés para atender o nível de desenvolvimento exame físico consistentemente relacionada ao problema do paciente. Procura
ou as necessidades comportamentais do paciente. Não busca ou é e obtém dados de fontes secundárias, quando necessário.
excessivamente dependente de dados secundários.
HCRI2 Tem um formato rígido de comunicação de fatos baseado em Escuta ativamente e incentiva ideias e opiniões de outros membros da
Comunicar-se eficazmente com regras, sem modular as características da comunicação com equipe. Adapta com sucesso a estratégia de comunicação e a mensagem
pacientes, suas respectivas base no contexto, no público ou na situação. Usa comunicação ao público, ao propósito e ao contexto na maioria das situações. Totalmente
famílias e o público, conforme unidirecional que não incentiva idéias ou opiniões de outros consciente do propósito da comunicação; pode eficientemente contar
membros da equipe. Evita conversas difíceis ou assuntos com uma história e fazer um argumento, começando a improvisar em situações
for apropriado, em contextos
incertezas. desconhecidas. Geralmente, combina a ferramenta de comunicação com
socioeconômicos e culturais a situação. Discute os planos de cuidados com a equipe e os mantém
variados (ver também competência de atualizados. Envolve outros (por exemplo, supervisores) para ajudar com o
colaboração interprofissional, IPC 7.3). feedback para outros membros da equipe, mesmo quando essas conversas
são difíceis ou desconfortáveis.
85
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
86
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
O aluno apresentou informações obtidas por ele? Ajusta a apresentação baseado no objetivo e no público?
▢ Pode apenas acompanhar. ▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto. ▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta. ▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância ▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância.
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica) ▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica.]
A apresentação é pertinente, e as hipóteses são direcionadas? Mantém a privacidade e a confidencialidade apropriadas para o
▢ Pode apenas acompanhar. cenário?
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto. ▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta. ▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância ▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica.] ▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância.
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica.]
88
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
As treze primeiras EPAs enfocadas neste lhe permitam selecionar os dados relevantes Ainda no âmbito da competência
livro compõem um conjunto mínimo de da avaliação clínica inicial e, a partir deles, em equilibrar o raciocínio clínico e as
atividades selecionadas criteriosamente pelo formular perguntas clínicas pertinentes evidências epidemiológicas, ressalte-se a
painel de especialistas convocados pela no modelo PICO – paciente/população/ capacidade de refletir sobre os benefícios
Association of American Medical Colleges problema, intervenção, comparação e e riscos dos processos de investigação e
como sendo aquelas essenciais e que todo desfecho (3-5). Com base nessas perguntas, tratamento, com foco no desfecho para o
graduando do curso médico tem que ser tem que ser capaz de realizar buscas na paciente. Nesse sentido, incluem-se como
digno de confiança para desempenhá-las literatura médica com habilidade, e de avaliar competências a ponderação na solicitação
por conta própria, com razoável chance de criticamente a validade e a aplicabilidade das de exames complementares e a noção
sucesso (1). Dentre elas, a sétima marca evidências disponíveis e incorporá-las em crítica do que são diagnóstico e tratamento
um dos dois pontos de inflexão no nível decisões clínicas de elaboração diagnóstica e excessivos, com conhecimento e aplicação
de confiança quanto ao melhor desfecho escolha terapêutica (6,7). prática dos princípios da prevenção
clínico para o paciente. O primeiro ocorre quaternária (9-11).
com a EPA de número dois, que exige Nessas ações, várias competências
competências integradoras de raciocínio são críticas, mas duas que se destacam são o
clínico frente a dados obtidos, registrados e domínio dos princípios das ciências clínicas e
comunicados à equipe de modo apropriado. epidemiológicas e o manejo das tecnologias Referências
Já a EPA de número sete trata da de informação, incluindo não só os meios
capacidade de formular as perguntas clínicas de acesso aos dados disponíveis na internet, 1. Englander R, Flynn T, Call S, et al. Toward
apropriadas a cada caso e recolher das mas também o discernimento de quais são Defining the Foundation of the MD
fontes certas da literatura as evidências que os websites mais fidedignos, atualizados Degree: Core Entrustable Professional
melhor serão integradas em benefício do e que propiciam buscas efetivas (8). Além Activities for Entering Residency. Acad
paciente, o que requer competências mais disso, ao recolher as informações, o aluno Med 2016;91:1352-8. doi: 10.1097/
sofisticadas do que aquelas necessárias para digno de confiança as avalia conforme os acm.0000000000001204.
as tarefas relacionadas a procedimentos (2). níveis de evidência que justificam seu grau de
aplicabilidade clínica e, sempre que preciso,
Ao final do currículo do curso médico, solicita orientação para compreender as
o aluno tem que ter as competências que sutilezas das hierarquias das evidências (6,7).
89
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
2. Cocks P, Cutrer WB, Esposito K, Lupi 5. Briccetti C, Rowe P. Research and statistics: 9. Brodersen J, Schwartz LM, Heneghan
C. Core Entrustable Professional searching for answers: strategies for C, O’Sullivan JW, Aronson JK, Woloshin
Activities for Entering Residency – EPA 7 searching the clinical literature. Pediatr Rev S. Overdiagnosis: what it is and
Schematic: Form Clinical Questions and 2011;32:350-2. doi: 10.1542/pir.32-8-350. what it isn’t. BMJ Evidence-Based
Retrieve Evidence to Advance Patient 6. Koretz RL. Assessing the Evidence in Medicine 2018;23:1-3. doi: 10.1136/
Care. In: Obeso V, Brown D, Phillipi Evidence-Based Medicine. Nutr Clin Pract ebmed-2017-110886.
2019;34:60-72. doi: 10.1002/ncp.10227
C, eds. Washington, DC: Association
10.Llewelyn H. The scope and conventions
of American Medical Colleges; 2017. 7. Courtney DB, Bennett K, Szatmari P. The of evidence-based medicine need
https://www.aamc.org/download/482200/ Forest and the Trees: Evidence-Based to be widened to deal with “too
data/epa7.pdf. Medicine in the Age of Information. J Am much medicine”. J Eval Clin Pract
Acad Child Adolesc Psychiatry 2019;58:8- 2018;24:1026-32. doi: 10.1111/
3. Richardson WS, Wilson MC, Nishikawa 15. doi: 10.1016/j.jaac.2018.06.035. jep.12981.
J, Hayward RSA. The well-built clinical
question: a key to evidence-based 8. Chan T, Trueger NS, Roland D, Thoma 11.Pellin PP, Rosa RS. Prevenção quaternária
decisions. ACP J Club 1995;123:A12-3. B. Evidence-based medicine in the era – conceito, importância e seu papel na
doi: 10.7326/ACPJC-1995-123-3-A12. of social media: Scholarly engagement educação profissional. Saberes Plurais:
through participation and online Educação na Saúde 2018;2:9-22. https://
4. Schardt C, Adams MB, Owens T, Keitz interaction. CJEM 2018;20:3-8. doi: seer.ufrgs.br/saberesplurais/article/
S, Fontelo P. Utilization of the PICO 10.1017/cem.2016.407. view/87351.
framework to improve searching PubMed
for clinical questions. BMC Med Inform
Decis Mak 2007;7:16. doi: 10.1186/1472-
6947-7-16.5.
90
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
EPA 7. Formular perguntas clínicas e obter evidências para promover o cuidado com o paciente
Funções principais com Comportamentos que Desenvolvimento dos comportamentos Comportamentos esperados de um
competências relacionadas exigem intervenção (O aluno pode estar em níveis distintos de desenvolvimento aluno confiável
pedagógica dentro da mesma linha)
Combinar curiosidade, Não reconsidera Ao ser estimulado, traduz Pede ajuda para traduzir Identifica limitações e falhas no seu
objetividade e raciocínio sua abordagem a necessidades de informação, necessidades de informação na conhecimento.
científico para desenvolver um problema, não formulando perguntas clínicas. formulação de perguntas clínicas Desenvolve o conhecimento, guiado
uma pergunta clínica pede ajuda ou busca bem formadas. por perguntas clínicas bem formadas.
bem formulada, focada e informações novas.
pertinente.
(PERGUNTA)
CPP3 AABP6 AABP1 AABP3
Demonstrar consciência e Recusa-se a usar Usa estratégias de pesquisa Emprega ferramentas de busca Identifica e usa bases de dados
habilidade para usar tecnologia novas tecnologias de vagas ou inapropriadas, levando diferentes e refina estratégias de disponíveis, ferramentas de busca e
de informação para obter informação. a um volume de informação busca para melhorar a eficiência da estratégias de busca refinadas para
informações médicas acuradas impossível de gerenciar. coleta de evidências. adquirir a informação relevante.
e confiáveis.
(ADQUIRE)
AABP6 AABP7
Demonstrar habilidade para Recusa-se a considerar Aceita achados de estudos Julga a qualidade da evidência de Usa níveis de evidência para avaliar a
avaliar fontes, conteúdo e falhas e limitações na clínicos sem apreciação crítica. estudos clínicos. literatura e determina a aplicabilidade
aplicabilidade das evidências. literatura ou a aplicar Com assistência, aplica as Aplica as evidências aos problemas das evidências.
(AVALIA) evidências publicadas evidências aos problemas médicos comuns. Busca orientação para compreender as
no cuidado de pacientes médicos comuns. sutilezas das evidências.
AABP6 CPP3 CPP4 específicos.
Aplicar os achados a indivíduos Não discute os achados Comunica-se recitando Aplica os achados com base nas Aplica achados com nuances,
ou grupos de pacientes; com a equipe. rigidamente os achados, usando necessidades dos pacientes. citando apropriadamente o nível e a
comunica os achados ao Não determina ou jargão médico ou demonstrando Reconhece a ambiguidade dos consistência das evidências.
paciente e à equipe, refletindo discute desfechos e/ou vieses pessoais. achados e gerencia vieses pessoais. Reflete sobre a ambiguidade, os
sobre processos e desfechos. processos, mesmo se Mostra habilidade limitada para desfechos e o processo pelo qual
Conecta desfechos ao processo
(RECOMENDA) estimulado. conectar desfechos ao processo pelo qual as perguntas foram as perguntas foram identificadas e
HCRI1 HCRI2 AABP1 AABP8 pelo qual as perguntas foram identificadas e respondidas. respondidas e os achados aplicados.
AABP 9 CP7 identificadas e respondidas e os
achados aplicados.
Este esquema mostra o desenvolvimento de proficiência nas EPAs essenciais. Não deve ser usado como instrumento de avaliação. Decisões de confiabilização devem ser tomadas
depois das EPAs terem sido observadas em múltiplos cenários, com contextos, acuidade, complexidade e características de pacientes diferentes.
91
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
EPA 7. Formular perguntas clínicas e obter evidências para promover o cuidado com o paciente
Descrição da EPA No final do internato, é crucial que o interno seja capaz de identificar as perguntas clínicas essenciais no cuidado
dos pacientes, de identificar os recursos de informação e de coletar as informações e evidências que serão
usadas para responder essas perguntes. O interno deve ter, no final do internato, habilidade básica para criticar
a qualidade das evidências e avaliar a sua aplicabilidade a seus pacientes e ao contexto clínico. O conjunto de
competências para praticar a medicina baseada em evidências se apoia nos conhecimentos fundamentais do
indivíduo e na sua autoconsciência para identificar falhas e para solucioná-las.
Funções:
• Desenvolver perguntas clínicas bem formadas, focadas e pertinentes, baseadas nos cenários clínicos e no
cuidado dos pacientes em tempo real.
• Demonstrar consciência e habilidades básicas para avaliar fontes e conteúdo da informação médica, mediante
o uso de critérios aceitos.
• Identificar e demonstrar o uso de tecnologia de informação para acessar informações médicas online que
sejam acuradas e dignas de confiança.
• Demonstrar consciência e habilidades básicas para avaliar a aplicabilidade/generabilidade das evidências de
estudos publicados a pacientes específicos.
• Demonstrar curiosidade, objetividade, e uso de raciocínio científico na aquisição de conhecimento e na sua
aplicação no cuidado dos pacientes.
• Aplicar os achados primários de uma determinada busca de informação a um paciente individual ou grupo de
pacientes.
• Comunicar os achados de uma determinada busca de informação à equipe de saúde (incluindo paciente/
família).
• Fechar o círculo de reflexão sobre o processo e o desfecho para o paciente
Domínios de competência mais relevantes - Conhecimento para a prática (CPP)
- Aprendizagem e aperfeiçoamento baseados na prática (AABP)
- Habilidades de comunicação e relacionamento interpessoal (HCRI)
Competências críticas para decisões de CPP3 AABP1
confiabilização em cada domínio AABP6 AABP9
CPP4 AABP3
AABP7 HCRI2
Métodos de avaliação • No começo do internato, explicar cada uma das EPAs essenciais a serem confiabilizadas como pré-requisito
para ingressar na residência médica, as competências esperadas, os critérios e o processo de avaliação.
• Durante a supervisão dos casos, fornecer feedback sobre os marcos de desenvolvimento de comportamentos
do aluno com relação ao que se espera para que ele seja considerado digno de confiança para executar a
EPA7 sem supervisão.
• Na supervisão dos casos, identificar se o aluno já adquiriu as habilidades necessárias para as tarefas descritas
na EPA 7 e ao responder o questionário da EPA 7 qual o seu grau de independência.
92
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
EPA 7. Competências
95
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
O aluno é capaz de construir perguntas clínicas no modelo PICO. O aluno é capaz de realizar buscas na literatura médica com
▢ Pode apenas acompanhar. habilidade.
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto. ▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta. ▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância ▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica] ▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
O aluno avalia apropriadamente a validade e a aplicabilidade das
evidências coletadas na literatura. O aluno é capaz de usar evidências para dar apoio a decisões
▢ Pode apenas acompanhar. clínicas e para determinar condutas.
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto. ▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta. ▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância ▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica] ▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
Especifique uma competência que o aluno desempenhou bem.
96
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
A comunicação efetiva na transmissão do Cabe ao transmissor do caso a têm mostrado que este aspecto do cuidado
cuidado é um ponto-chave na manutenção responsabilidade de fornecer as informações médico ainda é pouco ensinado nas Escolas
da assistência de qualidade ao paciente. clínicas que são relevantes, de forma sucinta, Médicas (6). Não existe o ensino formal da
Ela garante que não haja solução de garantindo a atenção do colega que recebe passagem de caso e, em consequência,
continuidade no cuidado médico ou da a passagem do caso, evitando distrações e não existe a cobrança ou a avaliação formal
equipe de saúde no momento da troca interrupções desnecessárias. Deve ressaltar deste aprendizado. Neste sentido, a EPA 8
de responsabilidade sobre o caso clínico os aspectos fundamentais, fornecendo um ganha maior valor, com a ideia de capacitar
em questão. Na prática, problemas de plano de ação e de contingenciamento em o aluno de internato a uma atividade de alta
comunicação entre equipes de cuidado caso de alterações no rumo da situação relevância no cuidado médico, com a qual
de saúde são frequentes e podem trazer clínica do paciente. Além disso, deve ele vai se deparar nos primeiros momentos
risco à integridade do paciente (1, 2). A garantir o respeito à privacidade e à em que estiver exercendo a profissão, seja
adequada passagem de caso, ao contrário, confidencialidade do paciente. na residência médica seja fora dela.
tem sido associada à segurança do paciente,
à manutenção correta de prontuários, assim Ao receptor do caso cabe fazer Assim sendo, um aluno confiável é
como ao cuidado continuado do paciente e perguntas esclarecedoras para que não capaz de transmitir a passagem de caso de
à melhoria nas tomadas de decisão (3-5) restem dúvidas sobre o manejo do paciente, forma completa, mas sucinta, respeitando
fazer feedback para garantir ao transmissor os limites de tempo e evitando interrupções
Esta transmissão do cuidado pode se que as informações foram adequadamente e distrações. Permite ao receptor do caso
dar em diferentes níveis de atendimento, por repassadas, repetindo de forma sucinta fazer perguntas esclarecedoras e dá e
exemplo, pode ser a passagem do caso de os principais aspectos do caso para recebe feedback ao longo da passagem
um paciente internado na emergência de um garantir que a alça de comunicação esteja do caso para assegurar que as informações
hospital terciário durante o plantão médico completamente fechada. Também cabe ao relevantes tenham sido transmitidas e
noturno, ou a passagem de caso do médico receptor garantir o respeito à privacidade e compreendidas. Fornece um plano de ação
hospitalista que está dando alta hospitalar à confidencialidade do paciente. e de contingenciamento, e assegura que o
e transferindo o cuidado do paciente ao respeito à privacidade e à confidencialidade
médico de atenção primária que seguirá o Muito embora a importância da do paciente esteja garantido.
atendimento em nível ambulatorial, apenas adequada passagem de caso fique clara para
para citar dois exemplos. alunos e professores de Medicina, estudos
97
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Referências
98
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
TRANSMISSOR Falta à comunicação todos Comunica componentes-chave da Identifica a gravidade da doença. Destaca a gravidade da doença de
Prover verbalização sucinta que os elementos-chave de uma ferramenta padrão de forma inconsistente. Fornece lista de ação e planejamento forma acurada e adequada.
transmite a gravidade da doença, passagem padrão. Não fornece plano de ação e de contingência incompletos. Fornece planos de ação completos e
a consciência sobre estado em contingenciamento. Cria plano de contingência que não de contingência apropriados.
que o paciente se encontra, tem clareza.
o planejamento de ação e de
contingência
HIC2 CP8
TRANSMISSOR e RECEPTOR Retém ou é defensivo com o Entrega um feedback incompleto; aceita o Aceita o feedback e faz ajustes. Fornece e solicita feedback
Prover ou obter feedback da feedback. feedback quando dado. Frases-resumo/síntese do caso, lista regularmente, escuta ativamente, e
passagem de caso e assegurar uma Mostra falta de compreensão Não estimula outros membros da equipe a de problemas são muito elaboradas. se engaja em refletir.
alça fechada de comunicação sem com o papel do feedback. expressarem suas ideias ou opiniões. Usa a técnica de repetição-de-volta de Identifica áreas de melhoria.
margem para duvidas Não sumariza os pontos-chave Usa frases-resumo/síntese apropriadas ou forma inconsistente. Faz questões mutualmente
AMBP5 HIC2 HIC3 para uma comunicação efetiva. faz perguntas esclarecedoras de forma esclarecedoras, fornece sumários
inconsistente. sucintos, e usa técnicas de repetição.
TRANSMISSOR e RECEPTOR Retém ou é defensivo com o Está ciente das políticas de Está ciente e tenta minimizar quebra Considera a privacidade e a
Demonstrar respeito feedback. confidencialidade. de privacidade e de confidencialidade. confidencialidade do paciente
pela privacidade e pela Mostra falta de compreensão consistentemente.
confidencialidade do paciente com o papel do feedback. Destaca e respeita as preferências do
P3 Não sumariza os pontos-chave paciente
para uma comunicação efetiva.
Este esquema mostra o desenvolvimento de proficiência nas EPAs essenciais. Não deve ser usado como instrumento de avaliação. Decisões de confiabilização devem ser tomadas
depois das EPAs terem sido observadas em múltiplos cenários, com contextos, acuidade, complexidade e características de pacientes diferentes.
99
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
EPA 8. Competências
101
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
102
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
103
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Estudante preparou a passagem de caso usando uma ferramenta de passagem O estudante durante a passagem de caso utilizu pelo menos uma estratégia
eletrônica. para reduzir o possíveis erros.
▢ Pode apenas acompanhar. ▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto. ▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta. ▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância ▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica] ▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
O estudante fez a passagem de caso sucinta incluindo a gravidade da doença e O estudante utilizou técnica de comunicação em circuito fechado durante a
o plano de ação. passagem do caso.
▢ Pode apenas acompanhar. Ex: solicitar que o receptor repita a informação, esclarecer/pedir
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto. esclarecimentos sobre alguma situação que não havia sido compreeendida.
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta. ▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância ▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica] ▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
O estudante fez a passagem do caso incluindo o planejamento de contingência. ▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
▢ Pode apenas acompanhar. ▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
Especifique uma competência que o aluno desempenhou bem.
104
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
105
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
106
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Funções principais com Comportamentos que Desenvolvimento dos comportamentos Comportamentos esperados de
competências relacionadas exigem intervenção (O aluno pode estar em níveis distintos de desenvolvimento um aluno confiável
pedagógica dentro da mesma linha)
Identificar os papéis e as Não reconhece como Identifica os papéis dos outros Interage com outros membros Efetivamente compartilha como um
responsabilidades dos importantes os demais membros da equipe, mas não sabe da equipe, busca seus aportes, membro integrado da equipe.
membros da equipe e buscar membros da equipe como ou quando utilizá-los. ativamente ouve recomendações e Articula os papéis e as contribuições
ajuda dos mesmos para interdisciplinar. as incorpora na sua prática. singulares de outros profissionais de
otimizar a oferta de cuidado Demonstra pouca saúde.
em saúde. iniciativa em interagir com Ativamente se envolve com o
HCRI2 PBS2 HCRI3 membros da equipe. paciente e com outros membros da
equipe para coordenar o cuidado
e prover transição sem rupturas no
cuidado.
Incluir os membros das Desconsidera o aporte de A comunicação é largamente Escuta ativamente e suscita Comunicação bidirecional, mantém
equipes, escutar atentamente outros profissionais que unidirecional, em reposta a ideias e opiniões de outros os membros da equipe informados
e ajustar o estilo e o conteúdo não são médicos estímulos ou baseada em padrões. membros da equipe. e atualizados.
da comunicação para alinhar A participação na discussão em Adapta a estratégia de
com as necessidades dos equipe é limitada. comunicação à situação.
membros da equipe.
HCRI2/ CIP3 CIP1 HCRI7 P1
Estabelecer e manter clima de Mantém interações É tipicamente o membro mais Integra as funções da equipe Apoia outros membros da equipe
respeito mútuo, dignidade, desrespeitosas ou não é passivo da equipe. priorizando os objetivos da e comunica o valor dos mesmos ao
integridade e confiança. capaz de dizer a verdade. Prioriza seus próprios objetivos em mesma. paciente e à família.
Priorizar as necessidades da Não é capaz de mudar relação aos objetivos da equipe. Demonstra interações respeitosas Antecipa, percebe e reage às
equipe sobre as individuais comportamentos. e fala a verdade. emoções para obter e manter
para otimizar o cuidado. Coloca outros em posição Permanece profissional e antecipa alianças terapêuticas com outros.
Auxiliar os membros da defensiva, obrigando- e maneja reações emocionais Prioriza as necessidades da equipe
equipe em suas necessidades. os a resolver conflitos em relação às suas próprias
interprofissionais. necessidades.
Este esquema mostra o desenvolvimento de proficiência nas EPAs essenciais. Não deve ser usado como instrumento de avaliação. Decisões de confiabilização devem ser tomadas
depois das EPAs terem sido observadas em múltiplos cenários, com contextos, acuidade, complexidade e características de pacientes diferentes.
107
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
108
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
EPA 9. Competências
109
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
110
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
111
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
O aluno é capaz de construir perguntas clínicas no modelo PICO. O aluno é capaz de realizar buscas na literatura médica com habilidade.
▢ Pode apenas acompanhar. ▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto. ▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta. ▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância ▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica] ▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
O aluno avalia apropriadamente a validade e a aplicabilidade das O aluno é capaz de usar evidências para dar apoio a decisões clínicas e
evidências coletadas na literatura. de determinar condutas.
▢ Pode apenas acompanhar. ▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto. ▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta. ▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância ▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica] ▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
112
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
A identificação de situações de urgência Além disso, o aluno confiável as habilidades de cada um, discutindo
e de emergência e a sua adequada deverá utilizar as informações de fontes os planos de cuidados e mantendo o
abordagem inicial, fazem da parte das fidedignas (anamnese, exame físico, grupo atualizado. Dessa forma, facilitará
competências essenciais que precisam ser prontuário médico, por exemplo) para intervenções para estabilizar o paciente.
adquiridas pelo aluno na formação médica. auxiliar na tomada de decisão clínica. O Além disso, o aluno confiável deve entender
A habilidade de identificar, de imediato, aluno confiável deve ter a habilidade de a importância da prática de escuta ativa
um paciente que necessita de cuidados reunir, filtrar e priorizar informações como para incentivar ideias e opiniões de
de urgência e de emergência através sinais vitais, exame físico dirigido, história outros membros da equipe. Durante a
da avaliação inicial e, na sequência, de médica pregressa do paciente, exames situação de urgência e de emergência,
tratamento adequado, o envolvimento diagnósticos e procedimentos recentes, o aluno deve estar apto para facilitar a
dos membros da equipe necessários para além de medicamentos usados para comunicação bidirecional precoce com o
uma resposta imediata e a busca por elaborar um diagnóstico diferencial, iniciar paciente, familiares e membros da equipe
ajuda são fundamentais na prática clínica as intervenções necessárias e conduzir em de saúde, permitindo a tomada de decisão
e no desenvolvimento da colaboração tempo hábil as primeiras decisões de casos compartilhada e desenvolvendo habilidades
interprofissional. que configuram urgência e emergência. de comunicação e relação interpessoal.
Em vista disso, o aluno confiável O aluno confiável precisa estar Após o episódio agudo, o aluno
quando exposto a um paciente que apto para a formulação de perguntas confiável é capaz de procurar orientação e
necessita de cuidados de urgência e clínicas e para a obtenção de evidências feedback da equipe de saúde para, desta
de emergência deve ter ciência de suas para promover o cuidado com o paciente, forma, melhorar os atendimento futuros
potencialidades e limitações individuais e, reconhecendo a gravidade das doenças e as aos pacientes. Essa troca de experiências
na medida em que se encontrar frente a indicações para encaminhar o atendimento. e conhecimentos também acarretará em
este tipo de situação, deverá compreender Ele, então, deve ser capaz de antecipar experiência clínica que permitirá, cada vez
a necessidade de procurar ajuda dos seus os próximos passos do atendimento e mais, que ele relacione sinais e sintomas
colegas, dos seus supervisores de estágio e comunicar-se, de forma eficiente, sobre do paciente atual com achado de outros
de envolver outros membros da equipe. o quadro do paciente com os demais pacientes futuramente avaliados.
membros da equipe de saúde, interagindo Alguns exemplos de condições que os
com esses, compreendendo os papéis e estagiários iniciantes precisam estar aptos a
113
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
114
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
EPA 10. Reconhecer um paciente que necessite atendimento urgente e iniciar a sua avalição e manejo
Funções principais com Comportamentos que Desenvolvimento dos comportamentos Comportamentos esperados de um
competências relacionadas exigem intervenção (O aluno pode estar em níveis distintos de aluno confiável
pedagógica desenvolvimento dentro da mesma linha)
Reconhecer sinais vitais normais e Não reconhece tendências Demonstra capacidade limitada de Reconhece resultados ou dados Reconhece variações dos sinais vitais baseados em
anormais bem como os relacionar ou variações de sinais reunir, filtrar, priorizar e conectar muito desviantes ou inesperados fatores específicos do paciente e da doença.
aos específicos da doença ou vitais em um paciente informações para formar um e procura explicações. Agrupa, filtra e prioriza informações relativas
do paciente relativos a potencial descompensado. diagnóstico diferencial específico do ao quadro de descompensação do paciente e
etiologia da descompensação. paciente em um ambiente de urgência classifica a situação em urgência ou emergência.
CP2 CP4 CP5 ou emergência.
Reconhecer a gravidade da doença Não reconhece mudanças Não identifica anormalidades no Reconhece os sintomas clínicos Responde nos momentos iniciais da deterioração
do pacientes as indicações para o no estado clínico do estado clínico do paciente ou não preocupantes ou resultados ou do paciente, busca auxílio prontamente.
cuidado escalonado e iniciar com as paciente ou não pede ajuda prevê os próximos passos. dados inesperados. Prioriza pacientes que necessitam cuidados
devidas intervenções e manejo. quando o paciente necessita Pode ser distraído por vários Pede ajuda. imediatos e inicia intervenções críticas.
CP2 CP3 CP4 CP5 CP6 DPP de cuidados de urgência ou problemas ou ter dificuldade em
emergência. priorizar .
Aceita ajuda.
Iniciar e participar de forma Presta atendimento a um Necessita ajuda para executar Demonstra habilidades Inicia e aplica manejo efetivo de cuidados com via
organizada no atendimento das paciente descompensado corretamente as habilidades básicas adequadas de manejo da via aérea, suporte básico de vida, e cuidados de ACLS
situações de urgência e aplicar de modo que prejudica o de procedimentos ou suporte de vida. aérea e suporte básico de vida (suporte cardiovascular avançado).
os suportes de vida básico e cuidado ou pode prejudicar Não se envolve com outros membros (SBV).
avançado. a capacidade da equipe de da equipe. Inicia planos básicos de
intervir. Monitoriza a resposta às intervenções iniciais e
CP1 DPP1 PBS2 HCRI4 gerenciamento. ajusta o plano apropriadamente.
Busca informações ou Adere aos protocolos e aos procedimentos
orientações de outros membros institucionais para aplicá-los ao cuidado
da equipe de saúde. escalonado do paciente crítico.
Acessa os membros da equipe de saúde de
acordo com suas responsabilidades e papéis
para aumentar a eficiência do cuidado ao doente
crítico.
Ao reconhecer a deteriorização de Desconsidera as Comunica-se de maneira unidirecional Adapta a comunicação e a Comunica-se biderecionalmente com a equipe
um paciente, comunicar a situação, preocupações dos membros com a família e com a equipe de mensagem para o público, para de saúde e com a família sobre os objetivos
orientar os objetivos de cuidado do da equipe (enfermeiros e saúde. o propósito e para o contexto, na do cuidado e o plano de tratamento enquanto
paciente e atualizar a família outros profissionais) e da Fornece informações supérfulas ou maioria das situações. mantém todos informados.
HCRI2 HCRI6 DPD1 família sobre deteriorização incompletas para os membros da Escuta ativamente e incentiva o Ouve atentamente e fornece feedback para
do estado do paciente. equipe de saúde. compartilhamento de ideias da os membros da equipe (paciente, enfermeira,
Desconsidera as metas de Não considera os desejos do paciente equipe (incluindo o paciente e a familiares) a respeito das preocupações sobre a
atendimento do paciente ou se esses diferem daqueles do família) . piora do paciente, para determinar os próximos
os códigos de intervenção. provedor. Confirma metas de atendimento passos do cuidado..
Este esquema mostra o desenvolvimento de proficiência nas EPAs essenciais. Não deve ser usado como instrumento de avaliação. Decisões de confiabilização devem ser tomadas
depois das EPAs terem sido observadas em múltiplos cenários, com contextos, acuidade, complexidade e características de pacientes diferentes.
115
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
EPA 10. Reconhecer um paciente que necessite atendimento urgente e iniciar a sua avaliação e manejo
Descrição da EPA A capacidade de reconhecer prontamente um paciente que requer cuidados urgentes ou emergentes, de iniciar avaliação e tratamento, e de
buscar ajuda é essencial para todos os médicos. Os internos, em particular, estão frequentemente entre os que respondem primeiro em um
ambiente de tratamento agudo, ou são os primeiros a receber notificação de um exame laboratorial anormal ou a perceber a deterioração no
status de um paciente. O reconhecimento e a intervenção precoces oferecem a maior chance de resultados ideais no atendimento ao paciente.
Essa EPA exige, muitas vezes, o reconhecimento simultâneo da necessidade e o início de um pedido de assistência. Exemplos de condições
em que os internos devem saber reconhecer, saber iniciar avaliação e gerenciamento, e saber buscar ajuda:
1. Dor no peito
2. Mudanças no estado mental
3. Falta de ar e hipoxemia
4. Febre
5. Hipotensão e hipertensão
6. Taquicardia e arritmias (por exemplo, taquicardia supra-ventricular, fibrilação atrial, bloqueio cardíaco)
7. Oligúria, anúria, retenção urinária
8. Anormalidades eletrolíticas (por exemplo, hiponatremia, hipercalemia)
9. Hipoglicemia e hiperglicemia
Funções
• Reconhecer os sinais e as variações vitais normais que podem ser esperadas com base em fatores específicos do paciente e da doença;
• Reconhecer a gravidade da doença de um paciente e as indicações para encaminhar o atendimento;
• Identificar potenciais etiologias subjacentes da descompensação do paciente;
• Aplicar suporte de vida básico e avançado, conforme indicado;
• Iniciar o plano de cuidados iniciais para o paciente descompensado;
• Envolver os membros da equipe necessários para resposta imediata, tomada de decisão contínua e acompanhamento necessário para
otimizar os resultados dos pacientes;
• Entender como iniciar uma resposta de código e participar como membro da equipe.
• Comunicar a situação aos membros da equipe que são responsáveis.
• Documentar as avaliações dos pacientes e as intervenções necessárias no prontuário médico.
• Atualizar os membros da família para explicar o status do paciente e os planos de encaminhamento de atendimento.
• Esclarecer metas de cuidado do paciente no reconhecimento da deterioração (por exemplo, ordem de não ressuscitação ou/e não
internação em UTI, cuidados de suporte para conforto).
Métodos de avaliação • No começo do internato, explicar cada uma das EPAs essenciais a serem avaliadas, as competências esperadas, os critérios utilizados e o
processo de avaliação.
• Durante a supervisão dos casos, fornecer feedback sobre os marcos de desenvolvimento de comportamentos do aluno com relação ao
que se espera para que ele seja considerado digno de confiança para executar a EPA 10 sem supervisão.
• Realizar simulação de situações de urgências e de emergências em manequins ou em outros cenários padronizados, avaliando através de
checklist de cada um dos procedimentos, pelo menos um momento do estágio.
116
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
117
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Sinais Vitais Anormais: O aluno reconhece sinais vitais anormais e alerta a Alerta/Participação na Resposta de Emergência
equipe de atendimento. O aluno ativa e/ou participa de uma resposta de emergência (time de resposta
▢ Pode apenas acompanhar. rápida).
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto. ▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta. ▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância ▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica] ▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
Paciente grave ou que deteriora: O aluno reconhece os achados em um
paciente que pode exigir intervenção urgente e alerta a equipe de atendimento. Interação com o paciente ou a família
▢ Pode apenas acompanhar. O aluno interage com o paciente e/ou a família no contexto de uma
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto. deterioração do estado do paciente
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta. ▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância ▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica] ▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
O estudante fez a passagem do caso, incluindo o planejamento de contingência. ▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
120
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
O uso de consentimento informado para livremente exames ou um plano de O envolvimento do paciente por
exames e procedimentos médicos é tratamento acordado mutuamente. A meio de uma abordagem personalizada
uma maneira de proteger os direitos dos autorização é “informada” quando o e centrada nele estimula a adesão ao
pacientes e orientar a prática ética da médico divulga e o paciente “entende” tratamento (3). Para tanto é necessário:
medicina. Pode ser usado para diferentes o diagnóstico, as opções relevantes para • esclarecer a situação clínica do paciente;
propósitos em diferentes contextos, os o tratamento (incluindo a possibilidade • identificar os aspectos da situação que
quais podem se sobrepor.O consentimento de não realizar tratamento algum) e podem requerer alguma ação;
informado é um princípio fundamental no quaisquer riscos e benefícios. Este processo • listar as diferentes maneiras de abordar a
contexto da assistência à saúde, que hoje de consentimento informado deve ser situação existente;
inclui a capacidade do paciente de julgar documentado usando prontuário eletrônico, • informar o paciente sobre os prós e os
e de se envolver na tomada de decisão formulários de consentimento específicos contras das abordagens disponíveis;
acerca de seu cuidado, garantindo que o do procedimento. Material impresso para • compreender o que o paciente valoriza
cuidado recebido reflita seus objetivos, informação do paciente também é uma sobre essas opções e as razões que eles
preferências e valores. A importância opção para o esclarecimento adequado têm para isso.
de obter um consentimento antes de sobre o exame, procedimento ou o
qualquer procedimento médico está bem tratamento proposto (2). Na essência de toda interação
estabelecida. É dever do médico divulgar médico-paciente de sucesso está um
ao seu paciente, de forma razoável, a O esclarecimento e a orientação relacionamento baseado na confiança.
natureza, as prováveis consequências e os do paciente, parte do processo de Cultivar habilidades de comunicação
perigos do tratamento proposto para o consentimento informado, é uma sólidas, juntamente com a conscientização
paciente (1). oportunidade importante para criar e a aplicação de princípios éticos, é
confiança entre o paciente e o seu médico. parte integrante desse processo. Um dos
O consentimento informado implica Ao mesmo tempo, reforça a autonomia do principais desafios é negociar situações
que um paciente (ou representante legal) paciente, a transparência e a tomada de que surgem no consultório, na enfermaria,
com capacidade de decisão autorize decisões compartilhadas.
121
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
à beira do leito quando questões como aluno é proporcional e adequada ao seu 2. Hall DE, Prochazka AV, Fink AS. Informed
autonomia do paciente, visões de mundo nível de conhecimento e habilidade de consent for clinical treatment. CMAJ.
divergentes, honestidade e manejo de tal forma que paciente e família ficam à 2012;184(5):533-40.
custos entram em conflito. É essencial vontade. Além disso, o aluno confiável
que estas questões sejam abordadas e reconhece suas fraquezas e procura 3. Kunneman M, Montori VM, Castaneda-
esclarecidas pelo médico (4). ajuda em momentos oportunos. O aluno Guarderas A, Hess EP. What Is Shared
do internato deve ser capaz de obter Decision Making? (and What It Is Not).
O aluno confiável identifica a consentimento informado para testes ou Acad Emerg Med. 2016;23(12):1320-4.
necessidade de consentimento informado procedimentos solicitados, imunizações,
e o apresenta como um elemento de boas medicamentos, acesso central, contraste e 4. Onguti S, Mathew S, Todd C.
práticas clínicas. Ele consegue esclarecer o radiação, transfusões de sangue (5). Communication and Ethics in the Clinical
paciente quanto aos pontos principais para Examination. Med Clin North Am.
obtenção do consentimento informado. 2018;102(3):485-93.
As informações fornecidas representam Referências
o melhor conhecimento disponível e são 5. Association of American Medical Colleges
tão completas quanto possíveis. O uso de 1. Perrenoud B, Velonaki VS, Bodenmann (AAMC). Core entrustable professional
linguagem técnica e rebuscada é evitado P, Ramelet AS. The effectiveness of activities for entering residency. 2014.
e a comunicação bidirecional é estimulada health literacy interventions on the Acessado 06/04/2019. Disponível em
para conferência entre a fornecida e a informed consent process of health care https://www.aamc.org/download/482208/
informação compreendida pelo paciente. users: a systematic review protocol. JBI data/epa11toolkit.pdf
O processo de decisão compartilhada, Database System Rev Implement Rep.
considerando preferências do paciente e 2015;13(10):82-94.
da família é respeitado. A confiança do
122
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Se comunicar com Usa linguagem que Utiliza jargão médico Percebe o uso de jargão e se Evita jargão médico.
o paciente e a assusta o paciente e a Utiliza comunicação unidirecional autocorrige. Usa comunicação bidirecional
família garantindo família. e não identifica a preferência do Obtém/identifica preferências para desenvolver harmonia
a compreensão da Desconsidera paciente. do paciente fazendo entre informação fornecida e
intervenção indicadores perguntas. informação compreendida.
Tem dificuldade em atender
CP7 HCRI1 HCRI7 CP5 emocionais. indicadores emocionais. Reconhece indicadores Utiliza processo de decisão
Considera intérpretes Não considera o uso de um intérprete emocionais. compartilhada, considerando
como inúteis e quando necessário. preferências do paciente e da
ineficientes. família.
Utiliza intérpretes de forma
colaborativa quando necessário.
Demonstrar equilíbrio, Demonstra excesso Demonstra falta de confiança, Tem dificuldade em articular Demonstra confiança de
confiança e habilidade de confiança e realiza a qual aumenta o estresse e o limitações pessoais, de acordo com seu conhecimento
para colocar a família ações que podem ter desconforto do paciente, ou excesso modo que paciente e família e habilidade de tal forma que
à vontade, procurando um efeito negativo no de confiança, o qual compromete/ necessitam da intervenção de paciente e família ficam à
auxiliá-los quando desfecho. destrói a confiança. um colega mais experiente. vontade
necessário e se Faz perguntas. Pede ajuda. Procura ajuda em momentos
colocando disponível oportunos.
Aceita ajuda.
para responder aos
questionamentos.
DPP1 DPP7 DPP8
Este esquema mostra o desenvolvimento de proficiência nas EPAs essenciais. Não deve ser usado como instrumento de avaliação. Decisões de confiabilização devem ser tomadas
depois das EPAs terem sido observadas em múltiplos cenários, com contextos, acuidade, complexidade e características de pacientes diferentes. 123
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
124
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
127
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
O aluno explica o consentimento informado, incluindo indicações, O aluno explica o consentimento informado, incluindo riscos,
contra-indicações e alternativas. benefícios e possíveis complicações
▢ Pode apenas acompanhar. ▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto. ▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta. ▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância ▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica] ▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
O aluno garante a compreensão do paciente e da família (evita o O aluno apropriadamente equilibra confiança com reconhecimento
jargão médico, pratica a tomada de decisão compartilhada, usa o de suas limitações.
intérprete quando necessário). ▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Pode apenas acompanhar. ▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto. ▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta. ▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância ▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
128
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Ao completar o curso de Medicina, Aproximadamente 13% dos pacientes cateteres intravenosos são utilizados para
independentemente da especialidade ou atendidos em diferentes organizações do fins terapêuticos, como administração de
área de atuação planejada para o futuro, National Health Service da Inglaterra são medicamentos, fluidos ou hemoderivados,
todos os médicos devem ter conhecimento submetidos a cateterismo da bexiga urinária. mas também podem ser úteis como meio
e saber realizar determinados procedimentos Nesse contexto, mais de 18% dos pacientes para coleta de sangue com fins diagnósticos.
essenciais para o atendimento básico a internados em hospitais gerais recebem A técnica correta de punção venosa e
pacientes. A EPA 12 tem como objetivo sonda vesical de demora (2). inserção do dispositivo, combinada com os
avaliar a competência do aluno na execução cuidados de manutenção estão associados
desses procedimentos. A capacitação para o suporte básico a menor incidência de complicações,
de vida, através da correta técnica de como a tromboflebite (4). Esta habilidade
Os princípios de assepsia e ressuscitação cardiorrespiratória, é exigência foi incorporada, ainda que, na tradição da
antissepsia são fundamentais para o controle ao corpo clínico dos principais hospitais. No prática médica brasileira, este procedimento
e a prevenção de infecções. As técnicas são Brasil, estima-se uma incidência de morte seja muito mais frequentemente realizado
comumente praticadas em salas de cirurgia, súbita em aproximadamente 70 vítimas pelos profissionais de enfermagem.
parto e em ambientes de procedimentos por ano, sendo que 50% poderiam ter sido
invasivos, diagnósticos ou terapêuticos. recuperadas por manobras adequadas de O estudante confiável comunica-se de
Também são indicadas em avaliações e ressuscitação cardiorrespiratória (3). maneira apropriada, inteligível e respeitosa
procedimentos à beira do leito, como a com o paciente e familiares, assegurando-
inserção de dispositivos em áreas estéreis Cateteres intravenosos periféricos se de que eles compreenderam as razões
do organismo ou cavidades, como inserção são os dispositivos intravenosos mais do procedimento. Ao demonstrar confiança
de dreno torácico, linha venosa ou cateter utilizados em pacientes hospitalizados. proporcional ao seu nível de conhecimento
vesical (1). Estima-se que até 70% dos pacientes em e habilidade, gera segurança e conforto
hospitais de cuidados agudos precisam de aos mesmos que compreendem estar em
O cateterismo vesical é um um cateter intravenoso periférico, e cerca um contexto de decisão compartilhada.
procedimento bastante comum em de 200 milhões são usados a cada ano Ao executar o procedimento utiliza
diferentes níveis de atendimento. nos Estados Unidos. Habitualmente, os corretamente as precauções e técnicas
129
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
130
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Entender e explicar a anatomia, Exibe a falta de Não entende os principais Descreve os principais Demonstra e aplica conhecimento
a fisiologia, as indicações consciência das problemas na execução de problemas na execução de prático básico de anatomia, fisiologia,
e as contraindicações e as lacunas de conhecimento. procedimentos, como indicações, procedimentos: indicações, indicações, contraindicações, riscos,
potenciais complicações do contraindicações, riscos, benefícios contraindicações, riscos, benefícios e alternativas para cada
procedimento. e alternativas. benefícios e alternativas. procedimento.
CP1 Demonstra conhecimento Demonstra conhecimento das Conhece e toma medidas para reduzir as
limitado das complicações dos complicações comuns dos complicações dos procedimentos.
procedimentos e de como procedimentos, mas reluta em
minimizá-las. reduzi-las.
Comunicar-se com o paciente Usa linguagem imprecisa Usa jargões ou outras formas não As conversações são Demonstra habilidade focada
e familiares para assegurar que ou apresenta informação efetivas de comunicação. respeitosas, geralmente sem no paciente quando executando
eles entenderam as atividades distorcida por preconceitos Não percebe a resposta jargões e trazem à tona os procedimentos (evita jargões, participa
prévias e posteriores aos pessoais. emocional do paciente. desejos do paciente e da na tomada compartilhada de decisões,
procedimentos. Desconsidera os desejos do família. considera a resposta emocional do
Não envolve o paciente paciente.
CP7 HCRI6 P6 paciente e da família. na tomada de decisão Quando focado na tarefa
Não obtém consentimento compartilhada. durante o procedimento pode
apropriado antes de relutar em perceber a resposta
executar o procedimento. emocional do paciente.
Demonstrar confiaça que Exibe autoconfiança Exibe falta de confiança que Pede ajuda se houver Procura ajuda oportunamente.
deixa pacientes e familiares excessiva e realiza ações aumenta o estresse e desconforto complicações. Tem confiança proporcional ao nível de
confortáveis que poderiam levar perigo de pacientes ou excesso de conhecimento e habilidade, o que deixa
DPP7 DPP1 a pacientes e membros da autoconfiança que mina confiança pacientes e familiares confortáveis.
equipe assistencial. do paciente se o aluno insiste em
executar o procedimento.
Aceita ajuda quando oferecida.
Este esquema mostra o desenvolvimento de proficiência nas EPAs essenciais. Não deve ser usado como instrumento de avaliação. Decisões de confiabilização devem ser tomadas
depois das EPAs terem sido observadas em múltiplos cenários, com contextos, acuidade, complexidade e características de pacientes diferentes.
131
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Descrição da EPA Ao completar o curso de Medicina, todos os médicos precisam demonstrar competência na
execução de alguns procedimentos essenciais para prestar atendimento básico a pacientes.
Estes procedimentos incluem os seguintes:
- Ressuscitação cardiopulmonar básica
- Ventilação com máscara e dispositivo e máscara e bolsa (ambu)
- Punção venosa
- Acesso venoso avançado
Principais funções:
• Demonstrar habilidades técnicas (motoras) necessárias para o procedimento
• Entender e explicar a anatomia, a fisiologia, as indicações, os riscos, as contraindicações, os
benefícios, as alternativas e as potenciais complicações do procedimento
• Comunicar-se com pacientes e familiares para garantir a passagem de explicações e
instruções antes e após o procedimento
• Tratar as complicações do procedimento
• Demonstrar confiança que deixa paciente e familiares confortáveis
Domínios de competência mais - Cuidados com a pessoa (CP)
relevantes - Habilidades de comunicação e relacionamento interpessoal (HCRI)
- Profissionalismo (P)
- Desenvolvimento Pessoal e Profissional (DPP)
Competências críticas para decisões de CP1 DPP7
confiabilização em cada domínio CP7 P6
HCRI6
DPP1
Métodos de avaliação • No começo do internato, explicar cada uma das EPAs essenciais a serem confiabilizadas
como pré-requisito para ingressar na residência médica, as competências esperadas, os
critérios e o processo de avaliação.
• Os procedimentos descritos serão executados em manequins ou em cenários de prática e
avaliados conforme o questionário de avaliação de cada procedimento.
132
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
133
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
134
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
135
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
136
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
137
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Abre a via aérea com elevação do mento ou da Ventila 10-12/min, elevação do tórax a cada ventilação
mandíbula (sem suspeita de lesão coluna cervical). ▢ Sim
▢ Sim ▢ Não
▢ Não ▢ Precisa melhorar
▢ Precisa melhorar
Coloca cânula nasal ou faríngea de tamanho apropriado
Posiciona a máscara cobrindo o nariz e a boca ▢ Sim
sem passar do mento ▢ Não
▢ Sim ▢ Precisa melhorar
▢ Não
▢ Precisa melhorar
Avaliação Global
Segura a máscara com a técnica E-C. ▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Sim ▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Não ▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ Precisa melhorar ▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
138
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Técnica correta de calçar luvas Permite reexpansão torácica em pelo menos 23/30 compressões
▢ Sim ▢ Sim
▢ Não ▢ Não
▢ Precisa melhorar ▢ Precisa melhorar
139
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
140
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
As vivências do estudante de medicina Diariamente, as decisões clínicas níveis, de maneira a promover uma cultura
no decorrer do processo de formação envolvem o processamento de informações de segurança capaz de: a) reconhecer a
médica propiciam não apenas a aquisição originárias de múltiplas fontes diferentes: natureza dos riscos inerentes às suas práticas
de diferentes competências, mas também pacientes, seus familiares e cuidadores, e a necessidade de busca permanente pela
uma percepção privilegiada das falhas exames e procedimentos diagnósticos e segurança; b) um ambiente que não prime
nos sistemas de atendimento e suas terapêuticos, outros profissionais. Cotejam pela culpabilização de maneira a estimular
idiossincrasias. O olhar atento do novato é informações técnicas, éticas, de valores e os indivíduos a reportar incidentes e erros
capaz de perceber problemas que, aos olhos significados diversos. O processamento sem medo de reprimendas e punições; c)
dos mais experimentados, já parecem ter de informações para a tomada de decisão encorajar a colaboração entre indivíduos
se tornado parte das vicissitudes da prática clínica inclui não apenas a avaliação judiciosa e equipes de diferentes áreas na busca de
médica. das informações disponíveis como também soluções para a segurança dos sistemas
e – principalmente – a compreensão das envolvendo o cuidado de pacientes; d)
Os cenários de prática onde ocorrem potenciais vulnerabilidades e ameaças à demonstrar o comprometimento institucional
as oportunidades de aprendizagem segurança e a integridade dos pacientes de alocação de recursos para sanar
para a formação médica compreendem e dos próprios profissionais de saúde problemas de segurança.
sistemas sociotécnicos complexos onde envolvidos no cuidado.
a dinamicidade dos processos decisórios, A capacidade de identificar falhas nos
a variabilidade nos processos de cuidado A prática médica tem buscado sistemas e de contribuir para uma cultura de
e a interdependência de ações e progressivamente incorporar características melhoria contínua e de segurança inclui a
comportamentos representam desafios de segurança de organizações de alta capacidade de compreender sistemas, suas
às práticas de segurança do paciente e confiabilidade, como a indústria da aviação, características e vulnerabilidades, as fontes
do profissional de saúde. Compreender por exemplo. Tais organizações visam de variabilidade clínicas e operacionais
as características de sistemas complexos minimizar de modo consistente e sistemático e formas de gerenciá-las; a identificação
é condição necessária para que os o risco de ocorrência de eventos adversos de quase erros e eventos adversos; ter
profissionais de saúde possam evitar a despeito da realização de processos voz ativa frente a situações envolvendo
incidentes, falhas, erros e, sobretudo, de trabalho complexos e potencialmente erros potenciais ou reais; a utilização de
prevenir a morbidade e da mortalidade capazes de gerar danos. Requerem mecanismos sistêmicos para relatar erros
desnecessárias. processos de segurança em todos os como sistemas de notificação e políticas
141
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
de cadeia de comando; o reconhecimento aprendizagem baseado na tentativa e erro. com uma cultura justa e de segurança e
do uso de soluções alternativas como Aprender com os erros requer ambiente de promoção dos direitos do paciente. Em
oportunidade de melhoria contínua; a seguro para que os erros possam ser quarto lugar, a capacidade de reconhecer
participação ativa em atividades de melhoria discutidos e analisados sem uma cultura de os erros e de discuti-los com outros colegas,
contínua dos sistemas nos estágios rotativos culpabilização e também não gerem danos com outros profissionais de saúde e com os
e nas experiências de aprendizagem como aos pacientes e aos próprios aprendizes. pacientes e familiares é condição sine qua
ciclos de planejamento-atuação-avaliação- Em segundo lugar, a multidimensionalidade non para uma cultura justa, mas também,
ação, análise de causa raiz, reuniões de dos processos decisórios clínicos e principalmente, uma medicina baseada
morbidade e mortalidade, reuniões de impõe a necessidade de abordagens em princípios éticos e de boas práticas
modos de falha e efeitos de mudança de interprofissionais em que os processos clínicas. O progressivo envolvimento dos
comportamentos e projetos de melhoria. de diálogo e de compartilhamento de pacientes e dos familiares em processos
experiências e opiniões permitam a efetiva decisórios clínicos compartilhados depende
A identificação de falhas nos participação e o agenciamento de todos os da existência de uma cultura justa e de
sistemas constitui-se em oportunidade envolvidos. Terceiro, por que o processo de segurança baseada na confiança, na
ímpar para o processo de aprendizagem aprendizagem envolve, necessariamente, transparência, na reciprocidade e no
de estudantes de medicina. Primeiro, avaliação e feedback capazes de promover respeito.
pela natureza intrínseca do processo de boas práticas e a reflexividade condizentes
142
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
EPA 13. Identificar falhas nos sistemas e contribuir para cultura de melhoria e segurança
Funções principais com competências Comportamentos que Desenvolvimento dos comportamentos Comportamentos esperados de um
relacionadas exigem intervenção (O aluno pode estar em níveis distintos de desenvolvimento aluno confiável
pedagógica dentro da mesma linha)
Identificar e relatar erros reais ou Relata erros de maneira Compreensão superficial Identifica e relata erros Identifica e relata em tempo oportuno
potenciais (“quase eventos”) no cuidado desrespeitosa ou evitando o reconhecimento de potenciais ou reais. situações que afetam a segurança do
em saúde utilizando sistemas de enganosa. erros potenciais ou reais. Demonstra abordagem paciente utilizando os mecanismos
notificação ou cadeia de comando. estruturada na descrição dos institucionais de notificação e cadeias
CPP1 HCRI2 P4 PPD5 elementos-chaves relacionados de comando.
à segurança do paciente. Aborda falhas potenciais ou reais,
mesmo enfrentando hierarquia.
Participar de atividades de melhoria Demonstra frustração Observa passivamente Participa nas atividades de Demonstra engajamento ativo para
do sistema no contexto de rotações em relação aos esforços atividades de melhoria do melhoria dos sistemas quando identificar falhas sistêmicas e apontar
ou experiências de aprendizado (por de melhoria do sistema. sistema no contexto de acionado, mas pode requerer soluções.
exemplo, mudança de ciclo rápido rotações ou nas experiências de outros para identificar falhas
usando planejamento-do-estudo - aprendizagem. nos sistemas.
ciclos de atuação, análise de causa raiz,
conferência de morbidade e mortalidade,
modos de falha e análises de efeitos,
projetos de melhoria).
AABP4 AABP10
Envolver-se em hábitos de segurança Coloca-se em situação Requer acionamento para Demonstra comportamentos Demonstra engajamento diário em
diária (por exemplo, documentação de risco de incidentes comportamentos comuns de de segurança comuns. práticas de segurança com raros
precisa e completa, incluindo alergias ou eventos adversos. segurança. lapsos.
e reações adversas, reconciliação de
medicamentos, educação do paciente,
precauções universais, lavagem das
mãos, protocolos de isolamento, quedas
e outras avaliações de risco, profilaxia
padrão, time-outs).
PBS4
Admitir os próprios erros, reflitir sobre Evita discutir ou relatar Requer acionamentos para Identifica e reflete sobre Identifica e reflete sobre o papel da
sua contribuição e desenvolver um plano erros; tenta encobri-los. refletir sobre os próprios erros e a própria contribuição em responsabilidade sobre erros e falhas
de melhoria individual. Demonstra posição os seus fatores subjacentes relação aos erros, mas Reconhece as causas das falhas, como
P4 PBS5 defensiva ou coloca a Pode não reconhecer sua própria necessita auxílio para fadiga, e modifica comportamentos
culpa nos outros. fadiga ou mostrar-se temeroso desenvolver um plano de ou solicita auxílio.
em relação a informar o superior melhoria.
quando fatigado.
Este esquema mostra o desenvolvimento de proficiência nas EPAs essenciais. Não deve ser usado como instrumento de avaliação. Decisões de confiabilização devem ser tomadas 143
depois das EPAs terem sido observadas em múltiplos cenários, com contextos, acuidade, complexidade e características de pacientes diferentes.
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
EPA 13. Identificar falhas nos sistemas e contribuir para cultura de melhoria e segurança
Descrição da EPA Desde a publicação dos relatórios do Instituto de Medicina Norte-Americano “Errar é Humano” e “Atravessando
o Abismo da Qualidade”, o público tem focado na necessidade de melhorar a qualidade e a segurança do
cuidado em saúde. A prevenção da morbidade e da mortalidade desnecessárias requer que profissionais
de saúde tenham compreensão dos sistemas e do comprometimento com a melhoria dos mesmos. Esse
comprometimento deve iniciar com os primeiros estágios da educação e com o treinamento do profissional de
saúde. Portanto, essa EPA é crítica para a formação profissional de um médico e corresponde à fundação de um
comprometimento permanente para o pensamento e para a melhoria sistêmica.
Funções:
• Compreender os sistemas e as suas vulnerabilidades.
• Identificar quase erros potenciais e reais no cuidado.
• Voz ativa diante de erros potenciais ou reais.
• Utilizar mecanismos sistêmicos para relatar erros (sistemas de notificação de eventos, políticas de cadeia de
comando)
• Reconhecer o uso de soluções alternativas como oportunidades de melhorar o sistema.
• Participar de atividades de melhoria de sistemas nos contextos de estágios rotativos ou nas experiências
de aprendizagem como ciclos de planejamento-atuação-avaliação-ação, análise de causa raiz, reuniões de
morbidade e mortalidade, análises de modos de falha e efeitos, projetos de melhoria.
• Envolver-se em hábitos diários de segurança como adesão a medidas de precaução, higienização das mãos,
time-outs.
• Admitir os próprios erros, refletindo sobre a contribuição e desenvolvendo um plano de melhoria.
Métodos de avaliação • No começo do internato, explicar cada uma das EPAs essenciais a serem confiabilizadas como pré-requisito
para ingressar na residência médica, as competências esperadas, os critérios e o processo de avaliação.
• Durante o trabalho observar se o aluno está engajado na cultura de segurança e se tem postura pró-ativa na
prevenção e na avaliação dos erros e quase erros que ocorrem nos sistemas de trabalho, aplicar o questionário
da EPA 13 quando pertinente e oferecer feedback com instruções para melhoria.
144
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
PBS5 Não reconhece o potencial para a ocorrência de erros nos sistemas. Aberto a discussões sobre erros. Identifica ativamente e
Participar na identificação de erros Ao se deparar com erros médicos age defensivamente ou de forma relata erros médicos e busca determinar o tipo de erro.
do sistema e implementar potenciais culpabilizante. Nenhuma percepção de responsabilidade pessoal Usualmente identifica o elemento da responsabilidade
soluções. pela correção de erro individual ou de sistema. Não está aberto à pessoal para a correção ou para a solução de erros
discussão ou à identificação do tipo de erro. Aborda a prevenção individuais ou de sistemas. Busca o exame e a análise
do erro apenas sobre uma perspectiva de casos individuais. do erro como uma parte importante do processo de
Frequentemente utiliza soluções alternativas como uma estratégia prevenção.
de solução de problemas.
146
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
147
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
O aluno identifica e se envolve em comportamentos de segurança. Aluno participou de uma atividade de melhoria do sistema ou
Por exemplo: higiene das mãos/precauções universais/fornecer sugeriu melhorias no processo de trabalho.
instruções/avaliar as atividades/tempo para dar informações/ ▢ Pode apenas acompanhar.
outros. ▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Pode apenas acompanhar. ▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto. ▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta. ▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica] O aluno cria um plano de aprendizado individual que aborda sua
própria contribuição para o erro médico.
O aluno relatou um erro ou quase erro de forma apropriada. ▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Pode apenas acompanhar. ▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto. ▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta. ▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância ▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
148
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Pode-se definir “más notícias” como informações aflitivas, como prognóstico o paciente empregando habilidades para
“qualquer informação que possa alterar desfavorável, ou transmitir otimismo indevido reduzir o impacto emocional, e o objetivo
drasticamente a visão de um paciente sobre ao paciente (4). Um plano para determinar os final seria desenvolver uma estratégia como
seu futuro…”(1) ou que “… resulte em valores do paciente, o desejo de participar um plano de tratamento em que se tenha a
um déficit cognitivo, comportamental ou na tomada de decisões e uma estratégia para entrada e a cooperação do paciente (3).
emocional na pessoa que recebe a notícia e abordar sua angústia quando a má notícia
que persiste por algum tempo depois que a é divulgada, pode ser útil à medida que Ao longo do curso de graduação,
notícia é recebida” (2). Ao longo da carreira aumenta a confiança do médico na tarefa espera-se que o aluno se torne confiável
médica, estudantes e outros profissionais da de revelar a informação desfavorável (5, para, diante da necessidade da comunicação
saúde frequentemente necessitam informar 6). Além disso, pode também encorajar os de notícias difíceis, planejar a discussão
notícias desfavoráveis para pacientes e pacientes a participarem de decisões difíceis com antecedência, criar um ambiente
familiares. de tratamento, como quando há uma baixa confortável incentivando a presença de
probabilidade de que o tratamento será familiares, esclarecer informações e avaliar
A forma na qual as más notícias eficaz. a capacidade e o quanto o paciente
são discutidas afeta profundamente a quer ser informado sobre seu estado de
compreensão da informação, a satisfação O processo de comunicação de más saúde, detectando estados emocionais e
com cuidados médicos, o nível de esperança notícias pode ser visto como uma tentativa respondendo empaticamente.
e o ajuste psicológico dos pacientes (3). Isso de alcançar quatro objetivos essenciais: o
pode ser particularmente estressante se o primeiro seria reunir informações, permitindo
clínico é inexperiente, o paciente é jovem, determinar o conhecimento, as expectativas Referências
ou há perspectivas limitadas de sucesso no e a prontidão do paciente para ouvir as más
tratamento (2). Nessa perspectiva, quando notícias; o segundo objetivo seria fornecer 1. Buckman R. Breaking bad news: why is
os médicos se sentem desconfortáveis em informações inteligíveis de acordo com as it still so difficult? Br Med J (Clin Res Ed)
dar más notícias eles podem evitar discutir necessidades e desejos; o terceiro, apoiar 1984; 288:1597.
*As EPAs 14 e 15 foram incluídas por tratarem de atividades importantes na formação médica. Estas foram adaptadas das EPAs propostas pela Association of
Faculties of Medicine of Canada (Touchie C., Boucher A. AIMC Working Group. AFMC Entrustable professional activities for the transition from medical school to
residency. AFMC, 2016. https://afmc.ca/sites/default/files/documents/AFMC_Entrustable_Professional_Activities_EN_0.pdf). Apesar da forma ligeiramente diferente,
o príncipio é o mesmo das demais EPAs. 149
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
2. Ptacek JT, Eberhardt TL. Breaking bad 5. Baile WF, Lenzi R, Kudelka AP et
news. A review of the literature. JAMA al. Improving physician patient
1996; 276:496. communication in cancer care: outcome
of a workshop for oncologists. J Cancer
Educ 1997;12:166-173.
3. Baile WF, Buckman R, Lenzi R, et al.
SPIKES-A six-step protocol for delivering 6. Baile WF, Kudelka AP, Beale EA et al.
bad news: application to the patient with Communication skills training in oncology.
cancer. Oncologist 2000; 5:302. Description and preliminary outcomes
of workshops in breaking bad news and
4. Maguire P. Barriers to psychological care managing patient reactions to illness.
of the dying. BMJ 1985;291:1711-1713. Cancer 1999;86:887-897.
• Fornece informações sem verificar se permissões relevantes foram • Verifica quem deve estar presente e sabe quais informações podem ou
obtidas. não ser compartilhadas sem permissão.
• Comunica-se em um local público ou com outras pessoas ao redor, • Planeja o encontro e comunica-se em local apropriado.
podendo impactar na confidencialidade. • Apresenta-se e explica seu papel no cuidado do paciente e o motivo da
• Não demonstra sensibilidade em relação às preferências do paciente conversa.
(em estar sozinho, com a família, etc.). • Posiciona-se para conversar confortavelmente.
• Não se apresenta e/ou não explica o motivo do encontro. • Não utiliza jargões, fazendo uso de um tradutor, se necessário.
• Utiliza o jargão médico ao se comunicar. • Ouve ativamente.
• Não fornece informações de maneira lógica e organizada. • Verifica o entendimento do paciente e identifica suas preocupações.
• Não se atenta às preocupações do paciente e/ou o interrompe. • Formula um plano que possa ser compreendido pelo paciente com os
• Não verifica o entendimento do paciente. próximos passos articulados.
• Não elabora plano de seguimento. • Trabalha com outros profissionais da saúde e os inclui no manejo de
• Não procura ajuda em situações difíceis. situações difíceis, quando apropriado.
• Identifica a segurança da situação e procura ajuda quando necessário.
150
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Funções:
• Planejar com antecedência o encontro, comunicando-se em local apropriado e verificando quem deve estar
presente e quais informações podem ou não ser compartilhadas sem permissão
• Identificar os estados emocionais e responder com empatia
• Demonstrar consciência e esclarecer informações pertinentes
• Propiciar um ambiente confortável para os pacientes e demais profissionais de saúde envolvidos na comunicação
Métodos de avaliação • No começo do internato, explicar cada uma das EPAs essenciais a serem confiabilizadas como pré-requisito para
ingressar na residência médica, as competências esperadas, os critérios e o processo de avaliação.
• Durante a supervisão dos casos, fornecer feedback sobre os marcos de desenvolvimento de comportamentos do
aluno com relação ao que se espera para que ele seja considerado digno de confiança para executar a EPA14 sem
supervisão.
• Realizar miniexercício clínico avaliativo (Mini-CEX) em pelo menos um momento do internato e avaliar o aluno
registrando o seu desempenho, a sua confiabilidade e as sugestões para a aquisição dos comportamentos
esperados.
151
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
O aluno planeja o encontro e comunica-se em local apropriado. O aluno verifica o entendimento do paciente e identifica as
▢ Pode apenas acompanhar. preocupações dele.
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto. ▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta. ▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância ▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica] ▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
O aluno verifica quem deve estar presente e sabe quais as informações
podem ou não ser compartilhadas sem permissão. O aluno é capaz de formular um plano que é compreendido pelo
▢ Pode apenas acompanhar. paciente, com os próximos passos articulados.
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto. ▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta. ▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância ▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica] ▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
152
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
Segundo a Organização Mundial da Saúde, acerca de sua própria saúde, de forma que entendimento, estimulando a participação
a educação em saúde pode ser definida aumentem sua autonomia na tomada de ativa tanto do paciente quanto dos demais
como uma combinação de experiências de decisões e melhorem a adesão a medidas de profissionais de saúde envolvidos.
aprendizagem destinada a ajudar indivíduos tratamento domiciliar, tem se mostrando como
a melhorar sua saúde, aumentando seu a que talvez seja de menor custo e melhor
conhecimento ou influenciando suas atitudes. resultado a longo prazo e, consequentemente,
(1) Já o empoderamento é definido como um de melhor custo-eficácia (5,6). Referências
processo educacional projetado para ajudar os
pacientes a desenvolver em o conhecimento, Desse modo, os profissionais de saúde 1. World Health Organization. Health
as habilidades, as atitudes e o grau de seriam capazes de ensinar aos pacientes education. https://www.who.int/topics/
autoconsciência necessário para efetivamente acerca de sinais de alarme e das medidas health_ education/en/
assumir a responsabilidade por suas decisões preventivas. Por meio de uma linguagem
relacionadas à saúde (2). adequada conseguiriam fazer os pacientes 2. Feste C, Anderson EM. Empowerment:
compreenderem a fisiopatologia básica, os from philosophy to practice. Patient
Atualmente, sabe-se que o fatores de risco e preventivos de suas doenças, Education Counselling 1995; 26(1-3):139-
entendimento, o envolvimento e a para que eles possam ser capazes de aderir 144.
responsabilização (empoderamento) das a medidas não farmacológicas com mais
pessoas a respeito de seu organismo as motiva intensidade (7). 3. AHA. Health Education in Schools The
a melhorar e manter a qualidade da saúde Importance of Establishing Healthy
e, quando presente desde a infância, pode Espera-se que o aluno ,ao final do Behaviors in our Nation’s Youth. https://
prevenir o aparecimento de doenças crônicas curso de graduação, seja capaz de questionar
www.heart.org/idc/groups/heart-public/@
pela adoção de hábitos saudáveis (3,4). Dentre o paciente a respeito de seus hábitos de vida,
as medidas de melhoria e de qualidade identificando comportamentos de risco à wcm/@adv/documents/downloadable/
assistencial, a educação dos pacientes saúde e educar utilizando linguagem de fácil ucm_308679.pdf
*As EPAs 14 e 15 foram incluídas por tratarem de atividades importantes na formação médica. Estas foram adaptadas das EPAs propostas pela Association of
Faculties of Medicine of Canada (Touchie C., Boucher A. AIMC Working Group. AFMC Entrustable professional activities for the transition from medical school to
residency. AFMC, 2016. https://afmc.ca/sites/default/files/documents/AFMC_Entrustable_Professional_Activities_EN_0.pdf). Apesar da forma ligeiramente diferente,
o príncipio é o mesmo das demais EPAs. 153
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
4. Taddeo, Patricia da Silva et al . Acesso, prática educativa e 7. Kabasakal E, Kublay G. Health education and healthy promotion
empoderamento de pacientes com doenças crônicas. Ciênc Saúde skills of health care professional working in family healh
Coletiva. 2012; 17(11):2923-30. centers. Int J Med ResHealth Sci. 2017;6(3):22-28. https://www.
ijmrhs.com/medical-research/ health-education-and-health-
5. Hahn RA, Truman BI. Education Improves Public Health and promotionskills-of-health-care-professionalsworking-in-family-
Promotes Health Equity. Int J Health Serv. 2015;45(4):657– 678. health-centres.pdf
doi:10.1177/0020731415585986
6. Howard DH, Gazmararian J, Parker RM. The impact of low
health literacy on the medical costs of Medicare managed care
enrollees. Am J Med. 2005;118:371–7
• Não questiona o paciente a respeito de seus hábitos de vida. • Questiona o paciente a respeito de seus hábitos de vida.
• Utiliza linguagem que não é compreendida pelo paciente. • Educa o paciente em linguagem que é compreendida.
• Não fornece exemplos para promover a mudança nos hábitos de • Incentiva o paciente a perguntar suas dúvidas em saúde.
vida. • Verifica a compreensão da educação fornecida.
• Não avalia o estado do paciente e/ou a disponibilidade da família • Fornece exemplos concretos de mudanças que poderiam ser
para mudança de hábitos. implementadas para tornar hábitos de vida mais saudáveis.
• Não se comunica com outros membros da equipe de saúde, • Avalia a prontidão do paciente para aquisição de hábitos mais
levando informações e orientações equivocadas para o paciente. saudáveis.
• Não identifica comportamentos ou situações de risco que podem • Comunica-se com outros serviços de saúde e membros da equipe
comprometer a segurança e a saúde do paciente. para garantir o fornecimento adequado das orientações e das
• Não documenta a discussão devidamente. informações.
• Identifica comportamentos ou situações de risco que podem
comprometer a segurança e a saúde do paciente.
• Documenta a discussão e o planejamento dos próximos passos.
154
Atividades profissionais confiabilizadoras essenciais para a prática médica
EPA 15. Educar pacientes: manejo da doença, promoção da saúde e medicina preventiva
Descrição da EPA A orientação/informação do estado saúde-doença, do manejo de comorbidades, da promoção e da prevenção da
saúde são práticas essenciais e comuns na área médica. O graduando de medicina, desde o início de suas práticas,
é estimulado a identificar fatores de risco modificáveis (modificações na dieta, estilos de vida), aconselhar medidas
para o controle da doença e a promover a saúde através de informações baseadas em evidências. As competências
para a educação dos pacientes se apoia principalmente nos cuidados com a pessoa, no profissionalismo e nas
habilidades de comunicação/relacionamento interpessoal.
Funções:
• Questionar o paciente a respeito de seus hábitos de vida, identificando comportamentos ou situações que
ofereçam risco à saúde.
• Educar o paciente com linguagem e exemplos de fácil entendimento, verificando sua compreensão
• Estimular a participação ativa do paciente no manejo da doença, na promoção e na prevenção de sua saúde.
• Comunicar-se com outros profissionais e serviços de saúde, garantindo o fornecimento de informações e
orientações integradas.
O aluno questiona o paciente a respeito de seus hábitos de vida. O aluno fornece exemplos concretos de mudanças que poderiam ser
▢ Pode apenas acompanhar. implementadas para melhorar os comportamentos de risco do paciente.
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto. ▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta. ▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância ▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica] ▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
O aluno identifica comportamentos de risco que podem comprometer a
saúde do paciente. O aluno verifica a compreensão pelo paciente das informações
▢ Pode apenas acompanhar. fornecidas.
▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto. ▢ Pode apenas acompanhar.
▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta. ▢ Faz pequena parte da tarefa com apoio direto.
▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância ▢ Faz a maior parte da tarefa com supervisão direta.
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica] ▢ Faz a tarefa sozinho com supervisão a distância
▢ O aluno age com independência, sem supervisão. [Não se aplica]
156