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DELLSÉN, F. Scientic progress: Knowledge versus understanding.

Studies in History
and Philosophy of Science, v. 56, p. 72-83, 2016.

A princípio, o artigo em questão inicia sua abordagem acerca do tema fazendo um


esclarecimento do assunto e um breve levantamento dos relatos do progresso científico
na literatura contemporânea, e de forma sucinta, o artigo traz que objetivo do autor é
apresentar e defender um relato baseado em compreensão do progresso científico, bem
como contrastar o relato epistêmico de Alexander Bird, argumentando que o mesmo é
inferior à compreensão do progresso científico, no qual o autor traz um relato e se refere
a ele como “relato noético” do progresso científico. Conforme o autor pode-se dizer que
um episódio é progressivo quando o estado final é uma melhoria em relação ao estado
inicial. A ideia de Bird (2007) e Niiniluoto (2015) consiste no fato de que um episódio
da ciência somente terá progresso quando houver mais conhecimento científico no final
do episódio do que no início, ou seja, quando o conhecimento é objetivo da ciência, o
mesmo irá progredir quando ele aumentar ou se acumular. Já o pensamento do autor,
com o relato noético do progresso científico apresenta a ideia de que um episódio da
ciência é progressivo precisamente quando os cientistas compreendem e entendem
como explicar ou prever corretamente, de forma parcial ou não, mais aspectos do alvo
nas circunstancias certas no final do episódio do que no começo. Ante o exposto, o
autor passa a argumentar o fato de o relato noético ser superior ao relato epistêmico, no
que diz respeito ao progresso científico, e ele utiliza dois casos para isso, o primeiro
consiste no seguinte pensamento: a compreensão de alguém sobre determinado tema
aumenta, mesmo que nenhuma teoria ou fenômeno adicional seja conhecido no
processo, enquanto que no relato epistêmico, se não houver conhecimento sendo
agregado, não há o progresso científico. Um exemplo interessante que o autor traz no
artigo para defesa deste caso é o trabalho de Einstein sobre o movimento hipotético de
partículas pequenas suspensas em fluídos, quando o mesmo observa o fato de ser
idêntico ao fenômeno conhecimento como “movimento browniano”, porém como as
informações de Einstein sobre esse movimento estavam faltando, ele claramente não
tinha justificativa epistêmica necessária para afirmar isso, então somente muito tempo
depois à teoria cinética veio a ser conhecida. Einstein fez um progresso científico, pois
nos permitiu compreender o movimento browniano, mesmo que a teoria explicativa
permanecesse desconhecida e nenhuma teoria ou fenômeno adicional foi introduzido no
processo. O segundo caso consiste na seguinte ideia: em alguns episódios em que o
conhecimento de teorias ou fenômenos é acumulado, enquanto que não há aumento no
entendimento científico, não são progressivos. Um exemplo interessante para expressar
essa ideia pode ser descrito da seguinte forma: um grupo de cientistas inexperientes é
encarregado de observar as gaivotas em torno da cidade de Nova York, sem treinamento
e instruções adicionais os cientistas fazem suas observações sem registrar para onde ou
quantos foram, assim o seu registro de observação constitui uma lista com um grande
número de proposições conhecidas, contudo essa lista claramente não oferece
explicações sobre as gaivotas em torno da cidade de Nova York, nem permitem que
previsões corretas sejam feitas. Dessa maneira, os cientistas acumularam uma
quantidade considerável de conhecimento, embora não houve aumento no entendimento
do conhecimento científico, logo não há progresso neste caso. De acordo com o autor, o
aumento do conhecimento científico é sim importante, pois é muitas vezes valiosa para
a obtenção do progresso científico, porém isso não implica dizer que esse compilamento
de dados seja por si só, o progresso científico, além disso, o autor rejeita a afirmação de
que a justificação epistêmica é necessária para o progresso científico. Para concluir, o
autor sugere que a explicação noética está mais bem preparada para lidar com
considerações relacionadas a idealizações minimalistas, virtudes pragmáticas e valores
epistêmicos, mas deixando claro que as considerações por ele levantadas não são
conclusivas contra o relato epistêmico. Em cada caso, há maneiras do relato epistêmico
responder ou modificar sua posição de modo a evitar o problema em questão, no entanto
a facilidade com que o relato noético lida com esses problemas sugere ainda que o
relato noético é uma melhoria do relato sistêmico. Ante o exposto, concluo de fato é
importante que se haja um compilamento de dados acerca de qualquer assunto que seja
abordado, pois é por meio dessa base que se poderão tomar decisões, porém não se deve
prender o progresso científico simplesmente ao conhecimento científico em sua
totalidade, este requer mais do que isso, requer compreensão e entendimento do
comportamento do fenômeno. Não obstante, também não excluo o fato de que para se
ter o progresso científico é necessário ter um conhecimento mínimo acerca do assunto,
sendo assim, acredito que haja uma coexistência entre os relatos epistêmico e noético,
no qual um deve ser sempre atrelado ao outro, de certa maneira, para que se haja o
progresso científico. Leondiniz Gomes de Sousa Júnior.

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