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Um dos principais temas com que Kant se debateu, como vimos, era como conciliar a
moral e a religião com conhecimento científico. Segundo Kant, O conhecimento
provêm da reacção de impressões, tais como a visão e a audição, e pelo entendimento.
Ou seja, o filósofo de Konigsberg defende um dualismo entre empirismo e
racionalismo. Mas, ele adiciona uma nova faculdade, a imaginação, a capacidade mental
que cria imagens ilusórias e nos permite realizar apreciações estéticas. Apesar da defesa
destas três faculdades, Kant acreditava que deveríamos de dar uma maior importância à
razão, pois ela permite-nos unificar o nosso conhecimento cada vez mais abrangente
sobre o mundo.
Kant apresenta uma dimensão prática importante para a nossa ideia de realismo moral.
Ele afirma que: “afetamos o mundo por meio de nossas ações da mesma maneira como
somos afetados pelo mundo da perceção” (Stevenson, Lesley, Sete Teorias sobre a
natureza humana, 169). É por este motivo que podemos dizer que somos superiores aos
animais, pois podemos dar razões para os nossos comportamentos, enquanto que eles
limitam-se a comportar. De forma a dividir as razões que me levam a agir, Kant cria
dois imperativos: o hipotético e o categórico. O primeiro refere-se às ações por desejo e
o segundo às ações que representam um “dever” moral.
Para responder à questão de como é que os seres humanos podem ser racionais ou ser o
que são, o filósofo prussiano responde que “não podemos saber o que é que somos em
nós mesmos” (Stevenson, Lesley, Sete Teorias sobre a natureza humana, 170). Ele
defendia que não podemos provar que somos simplesmente seres materiais, mas afirma
que tal é antes uma questão aberta de fé.
Mas, o que é que eu posso esperar? Como será o pós-morte? A preocupação de Kant em
relacionar a virtude com a felicidade leva-o a defender a existência de um “bem-maior”,
pois nós precisamos de esperar que as nossas ações virtuosas sejam recompensadas.
Apesar da sua crença numa recompensa não-terrena, Kant acreditava no progresso da
história humana, ou seja, no progresso civilizacional.Para além disso, ele também
acreditava na criação de uma ordem mundial para a paz e cooperação entre nações
democráticas. Podemos assim dizer que, Kant conjuga uma esperança espiritual, mas
também mundana, onde a nossa esperança última recai sobre a graça divina, pois esta
permite-nos reconhecer as nossas falhas e melhorar enquanto seres humanos.