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IDEIAS

Ética Deontológica de Kant

-Livro (citações) “Fundamentação da Metafísica dos Costumes”

-Exemplos práticos inspirados em exemplos do livro

-Dizer, no início, que vamos contextualizar a teoria deontológica para cobrir uma maior área da
Filosofia.

-Quando abordamos o tema do “Dilema do Comboio”, podemos perguntar quem salvaria as


cinco pessoas, puxando a alavanca e quem não faria nada. (cronometramos 10 segundos -
https://support.microsoft.com/pt-br/office/inserir-um-temporizador-na-tela-4c3a70d3-8d59-
4972-a368-8b4ffc31a606)

-Quando falamos do exemplo prático da mentira para salvar alguém, perguntamos quem
mentiria e depois dizemos “Nós mentiríamos”, mas Kant não… e continuamos.

BIBLIOGRAFIA

«Fundamentação da Metafísica dos Costumes» de Kant

https://filosofia-conhecimento.webnode.pt/

https://www.youtube.com/channel/UCUjTwE8pppZh6yuPUkAvxtw

https://zap.aeiou.pt/

https://www.trabalhosfeitos.com/

KANT

Immanuel Kant era, tal como já pudemos perceber, um filósofo prussiano da Era Moderna. A
sua vida consistiu, maioritariamente, na dedicação tranquila e disciplinada ao conhecimento,
tanto no ensino como na investigação.

Kant nasceu em 1724 na cidade prussiana de Konigsberg. Os seus pais eram bastante pobres e
seguiam o pietismo, que é um movimento protestante que consiste em desvalorizar a
dimensão pública ou cerimonial da religião, bem como a insistência em dogmas teológicos. O
pastor pietista da família de Kant, apercebeu-se do seu talento e fê-lo entrar no colégio que
dirigia, Fridericianum. Kant estudou nessa escola desde os oito aos dezasseis anos, tendo
encontrado um currículo exigente que incluía Matemática, Geografia, História e diversas
línguas entre as quais apreciou especialmente o latim. Porém, o ambiente opressivo de
Fridericianum fez com que Kant não guardasse memórias felizes deste período da sua vida,
piorando ainda o cenário por causa da morte da mãe. Aos 16 anos, Kant matriculou-se na
universidade de Königsberg devido à influência do seu professor preferido, Martin Knutzen.
Mesmo após a morte do seu pai, que lhe trouxe problemas financeiros, Kant nunca se afastou
da sua cidade natal, e após muito esforço, tornou-se Professor de Lógica e Metafísica na
Universidade de Königsberg, alcançando desta forma a segurança financeira desejável para
desenvolver a sua investigação. Em 1781, publicou a sua obra Crítica da Razão Pura, uma das
mais conhecidas. Embora Kant tivesse já cinquenta e sete anos, as duas décadas seguintes
foram as mais produtivas da sua atividade de escrita filosófica, principalmente no âmbito da
ética, além da Fundamentação da Metafísica dos Costumes (1785), sobressaem a Crítica da
Razão Prática (1788) e a Metafísica dos Costumes (1797). Kant morreu de causas naturais em
1804, cerca de sete anos após se ter reformado, ficou conhecido pessoalmente como alguém
disciplinado e por manter uma rotina quase inquebrável, mas também pelas suas qualidades
como professor e pelo seu espírito sociável.

TEORIA

Os racionalistas, que tal como o próprio nome indica, acreditam no racionalismo, que por sua
vez, defende que a origem do conhecimento está na razão e que é possível atingir esse mesmo
conhecimento, mantendo uma posição dogmática (que não tem nada a ver com cães.) (O
dogmatismo é a crença ou afirmação em algo indiscutível e verdadeiro, sendo assim, muito
utilizado tanto na religião como na filosofia.) Dentro dos grandes racionalistas da filosofia,
encontra-se um dos precedentes de Kant, René Descartes. Descartes defendeu que nós
podemos ter um conhecimento sólido e inquestionável face a objetos que passam a nossa
experiência. Um exemplo prático e bastante presente no nosso dia a dia é a existência de
Deus. Ou seja, os racionalistas acreditam que sabemos a priori que Deus existe ou que temos
livre-arbítrio. (A priori, do latim, é o que vem antes. Ou seja, trata-se de algo sem fundamento,
de alo baseado apenas na razão) No entanto, Kant não seguiu esta linha de pensamento,
considerava-os extremamente otimistas quanto ao alcance do conhecimento humano. Ou
seja, ele acreditava que as aspirações científicas da metafísica são infundadas. Assim, podemos
pensar em algo que trespassa o mundo do qual temos a certeza, mas não podemos é conhecer
o que trespassa a ciência, pois nesse caso, habilitar-nos-íamos a uma cadeia inevitável e
infindável de falácias e contradições.

Há agora uma pergunta bastante pertinente que pode ser feita: “Se Kant não acredita na
Metafísica, como é que justifica o saber os fundamentos de uma “metafísica dos costumes”, de
onde se pode ler o título do seu livro Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Mas a
verdade é que o que Kant rejeita é a metafísica tradicional que é apresentada como um corpo
de conhecimento a priori sobre objetos que ultrapassam a experiência. No entanto e
contrariamente a esta, a Metafísica dos Costumes não abrange um objeto transcendente uma
vez que consiste no conhecimento sintético a priori sobre a moralidade, ou seja, sobre o que
devemos fazer. Através da experiência, nunca podemos conhecer nada rigorosamente
universal; ou seja, que se apliquem forçosamente a todos nós em todas as circunstâncias. Mas
podemos, sim, dizer que só é possível encontrar o princípio supremo da moralidade com a
razão e nada para além da razão. Kant defende que todos os seres humanos devem agir de
acordo com princípios morais. A esta conotação foi chamada de imperativo categórico. No seu
livro Fundamentação, Kant exprime este conceito através de variadas fórmulas. Admitindo-se
que as fórmulas exprimem o mesmo princípio moral fundamental, que perspetiva ética
poderia decorrer deste princípio? Uma possibilidade fundada por John Stuart Mill é que o
imperativo categórico leva ao utilitarismo dos atos. Já Kant, desprezaria esta perspetiva,
apoiando a deontologia que é a oposição das duas teses defendidas pelo utilitarismo dos atos.
Deontologia deriva da palavra “deontos” que vem do grego e que simboliza o dever e “logos”
também do grego para estudo e ciência.

Contrariamente ao utilitarista, o deontologista pode entender, que é eticamente inadmissível


mentir, roubar ou roubar mesmo que estes atos resultem num bem maior ou na felicidade
geral. Tal como acreditam que um indivíduo possa realizar um ato de modo a evitar que um
outro sujeito realize um maior número de atos similares. Ou seja, pegando no exemplo do
“Dilema do Comboio”, da perspetiva de Kant, seria errado puxar a alavanca e ser o responsável
pela morte do inocente mesmo que resultasse na morte das outras cinco pessoas. Podemos
considerar que seria imoral fazê-lo, uma vez que estaríamos a causar sofrimento e estragos
que não aconteceriam se nós não interferíssemos.

O dever prima facie é um conceito proposto por David Ross e defende que não há nem pode
haver regras sem exceção. Ou seja, um dever prima facie é um dever que se deve cumprir
apenas quando não entra em conflito com outro dever de igual ou maior peso. Por exemplo,
afirmar que há um dever prima facie de não mentir é afirmar que há sempre uma razão moral
para não mentir, que a mentira contribui para algo negativo. No entanto, alguns
deontologistas acreditam que em algumas circunstâncias (assumamos o exemplo presente no
livro «Fundamentação da Metafísica dos Costumes» que se não mentirmos, uma pessoa será
assassinada), neste caso, o dever de mentir será submergido por outros, por exemplo, a
pessoa viver, justificando a mentira e tornando-a eticamente correta.

Mas Kant não compadece com esta deontologia. Ele entende que o imperativo categórico faz-
nos acreditar que temos determinados deveres absolutos. Temos, por exemplo, o dever
absoluto de não mentir, o que nos transporta para a ideia que será sempre errado mentir
independentemente do quão catastróficas seriam as consequências de não o fazermos.

Assim, Kant desvanece a tese 1 defendida pelos utilitaristas (que defende que se pode fazer
tudo o que for necessário para promover a felicidade geral).

E agora, considerando a tese 2 que afirma que devemos fazer tudo ao nosso alcance para
promover a felicidade geral, por mais sacrifício pessoal que isso envolva. Os deontologistas não
acreditam que devamos fazer sempre aquilo que contribua para a felicidade geral, pois a ética
não é tão exigente. Ou seja, temos a opção de não sermos sempre o altruísta ideal que está
disposto a sacrificar a sua vida pessoal de forma a resultar no bem-estar coletivo. Assim, o
deontologista afirma que não só não temos a obrigação escrita de ajudar ou beneficiar alguém,
como caso o façamos, é um puro gesto louvável de auxílio.

Desta forma, as duas teses imprescindíveis no que toca à moralidade são (1) identificar o dever
e (2) querer realmente cumpri-lo, de forma genuína.

Para Kant, uma ação moralmente boa também tem de ser universalmente aplicável, a máxima
tem de se transformar em lei universal. A exprimir esta ideia, Kant escreveu a sua primeira
fórmula «Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se
torne universal.» (XIV)

Na perspetiva kantiana, não é apenas a felicidade geral que é incondicionalmente valiosa e


sustenta que a boa vontade «não é boa por aquilo que promove ou realiza, pela aptidão para
alcançar qualquer finalidade proposta, mas tão-somente pelo querer» (XXVI). Desta forma, o
valor intrínseco a uma boa vontade não se perderá se nada de útil resultar da mesma. O valor
será sempre mantido uma vez que se quer fazer algo pelas razões certas e não sendo baseado
numa maior felicidade. Por exemplo, se um colega meu estiver com dúvidas no trabalho de
casa e eu, de livre e espontânea vontade, lhe enviar uma mensagem a explicar como o deve
fazer ou o raciocínio que deve seguir, já será uma boa ação. Mesmo que ele não chegue a ler a
mensagem, mesmo que eu continue sem perceber e mesmo que o meu raciocínio esteja
errado. A verdade é que a intenção era boa e eu fiz por ajudar por querer e não por obrigação
e não pensando nos resultados que poderia atingir.

Concluindo, uma ação moralmente boa não é motivada por inclinações oportunistas nem de
interesses pessoais, sendo apenas uma sensação de dever racional que exige que a façamos o
que nos motiva.

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