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Desta forma, Pereira & Rodrigues defendem que a Primeira versão da BNCC,
disponibilizada em 2015, traz um recorte de temporalidade diferente daquela
tradicionalmente imperialista, na qual o discurso Europeu se sobressai. De acordo com os
autores “a aprendizagem histórica pode se dar pela via do pertencimento e da identidade, (...)
o que aproximaria o estudante de sua própria história” (PEREIRA; RODRIGUES, 2018, p.
8). Contudo, é apontado que essa mesma versão não trabalha a alteridade, a diferença entre o
outro, o que é essencial para estimular a diversidade e a diminuição de preconceitos: O
passado se torna prático exatamente nesse momento em que o estranhamento é um encontro
com o outro e permite uma expansão da vida, isto é, é um encontro com o passado para
problematizar o presente e abrir o futuro em possibilidades de vida. (PEREIRA;
RODRIGUES, 2018, p. 9).
Posteriormente, a terceira versão da BNCC demonstra que “a aula de história não seria
um espaço de construção de relações de pertencimentos ou de lugar da alteridade, já que
desconhece o modo como historicamente as identidades se constituem e a maneira como a
memória nacional e as lutas em torno dela são construídas no Brasil” (PEREIRA;
RODRIGUES, 2018, p. 12). Embora a história indígena e africana sejam pautadas na terceira
versão do documento, ela decorre de forma fria e excessivamente metódica, novamente sem a
ênfase necessária na problematização. Além do mais, não existe a abordagem de temas como
“gênero” e “sexualidade” o que dificulta a construção da aula de história como um espaço de
pertencimento também.
Nesse ínterim, o que pode ser observado pela leitura do texto, é que as mudanças na
BNCC têm relação com o período político e as tensões vividas no país nos últimos anos.
Cada versão possui sua particularidade e evidentemente um discurso sócio-político por trás
dele, fato que nos faz refletir sobre as pessoas que estão por trás da elaboração do documento,
e, quais são as intenções e desencadeamentos futuros na construção de um senso de
pertencimentos de múltiplas identidades brasileiras.
REFERÊNCIAS