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Cartório de Sobradinho
28 de ago. de 2020 3 min

Meu cônjuge é herdeiro


dos meus bens?
* Por Geraldo Felipe de Souto Silva

Para responder à pergunta do título, dois


pontos devem ser destacados: primeiro,
se aquele que faleceu deixou ou não
descendentes; e, por fim, qual o regime
de bens do casamento. Vamos lá!

Caso o cônjuge falecido não tenha


deixado descendentes (filhos, netos,
bisnetos...), o cônjuge sobrevivente será
herdeiro independentemente do regime
de bens do casamento.

Sucessão sem
descendente
descendente::

Se o cônjuge falecido tiver deixado pai e


mãe vivos, caberá, ao cônjuge
sobrevivente, um terço da herança
herança.

Em outra hipótese, ao cônjuge


sobrevivente, caberá a metade da
herança se aquele que faleceu houver
deixado apenas um dos pais vivos ou se
ambos forem falecidos e restarem um ou
mais ascendentes (avós, bisavós...).

Caso o cônjuge falecido não tenha


deixado descendentes e ascendentes, o
cônjuge herdará todo o seu
patrimônio
patrimônio. Na falta de descendentes e
ascendentes, será deferida a sucessão
por inteiro ao cônjuge ou companheiro
sobrevivente, não concorrendo com
parentes colaterais do de cujus. (REsp
1357117-MG).

Por outro lado, nas situações nas quais o


cônjuge falecido tenha deixado
descendente (filhos, netos, bisnetos...), o
cônjuge somente herdará a depender do
regime de bens do casamento.

Sucessão com
descendente
descendente::

Havendo descendente do cônjuge


falecido, o cônjuge não herdará:

(i) se casados no regime da comunhão


universal de bens;
(ii) se casados no regime da separação
obrigatória de bens;
(iii) se casados no regime da comunhão
parcial de bens ou da participação final
nos aquestos e o falecido não houver
deixado bens particulares.

Por outro lado, o cônjuge herdará em


concorrência com o descendente do
falecido:

(i) se casados no regime da separação


convencional de bens;
(ii) se casados no regime da comunhão
parcial de bens ou da participação final
nos aquestos com relação aos bens
particulares eventualmente constantes
do acervo hereditário.

Importante destacar que, conforme


assentado pela Segunda Seção do STJ, ao
interpretar o artigo 1.829, inciso I, do
Código Civil, o cônjuge supérstite, casado
no regime da comunhão parcial de bens
(ou da participação final nos aquestos),
concorrerá com os herdeiros do falecido
apenas quando este último houver
deixado bens particulares a partilhar e
tão somente em relação aos referidos
bens (REsp 1368123-SP).

Nessa esteira, o Enunciado nº 270 do


Conselho da Justiça Federal (CJF),
segundo o qual o cônjuge sobrevivente
somente herdará “(...) com os
descendentes do autor da herança
quando casados no regime da separação
convencional de bens ou, se casados nos
regimes da comunhão parcial ou
participação final nos aqüestos, o falecido
possuísse bens particulares, hipóteses
em que a concorrência se restringe a tais
bens, devendo os bens comuns (meação)
ser partilhados exclusivamente entre os
descendentes”.

Casos os descendentes
sejam comuns
(descendentes tanto do
cônjuge falecido como do
cônjuge sobrevivente)
haverá reserva de quota
parte?

Sim. Mesmo que sejam muitos herdeiros


para dividir, o cônjuge não poderá
receber menos que 1/4 da herança
quando concorrer com descendentes
comuns.

Por outro lado, se o cônjuge estiver


concorrendo com filhos, netos ou
bisnetos do falecido, que não sejam seus
descendentes, não haverá a reserva da
quarta parte. A reserva da quarta parte
da herança, prevista no art. 1.832 do
Código Civil, não se aplica à hipótese de
concorrência sucessória híbrida (REsp
1.617.650-RS).

O cônjuge separado de
fato (separou mas não
divorciou/separou
judicial ou
extrajudicialmente)
herdará?

A regra é a seguinte: o cônjuge


sobrevivente não terá direito à herança
se, quando o cônjuge faleceu, eles
estavam separados de fato há mais de
dois anos
anos.

Atenção! Nada obstante, o cônjuge


sobrevivente, mesmo estando separado
de fato há mais de dois anos no momento
da morte, continuará tendo direito
sucessório se ele (cônjuge sobrevivente)
não teve culpa pela separação de fato.
Assim, em regra, o cônjuge separado há
mais de dois anos não é herdeiro, salvo
se ele (cônjuge sobrevivente) provar que
não teve culpa pela separação (REsp
1513252-SP).

As regras de sucessão
dos cônjuges são
aplicáveis aos
companheiros?

Sim! Àqueles que convivem em união


estável, são aplicadas as mesmas regras
atinentes aos casados. Nos termos da
orientação firmada pelo Supremo
Tribunal Federal em julgamento de
recursos extraordinários submetidos à
sistemática da repercussão geral, é
inconstitucional o artigo 1.790 do Código
Civil, o qual estabeleceu a distinção, para
fins sucessórios, entre cônjuges e
companheiros, devendo-se aplicar, em
ambos os casos, o regime jurídico
estabelecido no artigo 1.829 do Código
Civil (RE-RG nº 646.721/RS e RE-RG nº
878.694/MG).

O cônjuge sobrevivente
tem direito de morar no
imóvel do casal após a
morte do outro?

Esta e muitas outras respostas sobre o


tema estão em artigo preparado em
setembro de 2019 aqui no blog do
Cartório de Sobradinho. Acesse e confira,
clicando aqui.

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