EDIÇÃO COMEMORATIVA 

~ 200

DRAGAO
BRASIL

Guia de ficção
de Tormenta
200 nomes
de personagens
e espeluncas
Os Conselheiros
entrevistam os editores

MATÉRIA VERMELHA
25 acontecimentos no maior universo de fantasia do
Brasil depois do fenômeno Tormenta20
 200!
Assista qualquer vídeo de
qualquer coach ou algo do
tipo, e a primeira coisa que vai EDIÇÃO 200
surgir (depois de um monte de FEVEREIRO 2024
papagaiada e parábolas mirabolantes) é a ordem de traçar
metas. Metas para isso, metas para aquilo. Aonde você Editora-Chefe
quer chegar? Onde você se vê daqui 10 anos? Karen Soarele

Eu nunca fui um cara de metas. Metas exigem planejamento Editor Executivo

futuro, e planejamento futuro sempre me apavorou. Talvez J.M. Trevisan
ainda me apavore. Tente marcar qualquer coisa comigo com Editor de Arte
mais de uma semana de antecedência e veja a revolta surgir Dan Ramos
estampada bem na minha cara. Um dos grandes pecados e
virtudes da minha vida de jovem adulto foi ter vivido pensando Colunistas
Leonel Caldela
só no que aconteceria no próximo fim de semana. Rafael Dei Svaldi
Mas a vida acontece – e, de fato, não é uma questão de Thiago Rosa
ficar velho, é a vida que acontece mesmo – e se você quer
Colaboradores
mais, precisa pelo menos saber que quer chegar lá. Quando Texto: Ana Carolina
assumi a Dragão Brasil, em 2016, na edição 112, quase por Gonçalves, Bruno
acidente, decidi que queria a DB 200. Schlatter, Daniel Duran,
Não com o fervor aparente de um palestrante que finge Davide Di Benedetto,
Elisa Guimarães,
saber mais do que realmente sabe, mas como um de objetivo J.M. Trevisan, João Paulo
em forma de alívio: “Se eu chegar até ali, é sinal que tudo deu Pereira, Marlon Teske,
certo, mesmo que dê tudo errado depois”. Porque é assim Marcelo Cassaro,
que eu sou. Não sei funcionar sem aquela voz sussurrando: Miguel Souza, Tiago
“É agora que vão descobrir que você é uma fraude”. Oriebir, Victor Lucky
e Vinicius Mendes
Bom, não descobriram.
Arte: Dan Ramos, Janio
Essa é a edição 200 da maior revista de RPG que já existiu Garcia, Leonel Domingos,
neste país. Da publicação que inventou o termo RPGista. Que Sandro Zambi
lançou uma porção incontável de gente num mercado que Fotografia:
muitas vezes se manteve firme em partes por causa dela. Matheus Tietbohl
Que inventou a própria existência da “revista de RPG” não Diagramação: Cássia
uma, mas duas vezes. Que deu vida ao maior universo da Bellmann e Dan Ramos
fantasia brasileiro. Revisão: Elisa Guimarães
e Emerson Xavier
Digo isso não por prepotência, mas porque é tudo verdade.
Verdades que eu mesmo preciso escutar de vez em quando, Extras
para poder continuar. Fundo de tela:
Samuel Marcelino
Fazer agradecimentos numa hora dessas é sempre
Mapa de batalha:
perigoso, porque você não quer esquecer ninguém, mas eu Felipe Borin
preciso agradecer, mesmo que tenha optado por uma lista
minúscula. Ao meu pai, Rodolpho Trevisan, que acreditou
em mim do início ao fim. Ao Marcelo Cassaro, por ter me
impedido de desistir, mais de uma vez. Ao Rogerio Saladino,
por ter sido um parceiro de trincheira incrível na primeira
metade da batalha. Ao Guilherme Dei Svaldi, ao Leonel jamboeditora.com.br
Caldela e à Karen Soarele, por terem certeza que consigo Apoie a Dragão Brasil
ir ainda mais longe. À minha equipe inteira, pela dedicação,
esforço e compreensão quase infinitas. E à minha esposa e
parceira Camila Gamino, por nunca ter soltado a minha mão.
Siga a Jambô Editora
Às vezes ainda é difícil entender como um moleque incon-
sequente que não sabia o que estava fazendo chegou até
aqui. Mas estou feliz de ter chegado. Dragão Brasil é © 2016-24
J.M. TREVISAN Jambô Editora.
98 SUMÁRIO
4 Notícias da Barda
Lendas e Crônicas de Arton (e um Drizzt)
6 Resenhas
Presas no Paraíso, Little Goody Two Shoes
e O Livro dos Pássaros
12 STR
nossos especialistas acabam com todas
Matéria Vermelha as duas duvidas.
25 fatos de Tormenta depois do sucesso de T20
18 Dicas de Mestre
Use ameaças do jeito certo.

36 60 30 Arquivos Secretos
O poder e terror da Dragonesa
35 Calabouço Tranquilo
Edição especial de uma página inteira!
50 Toolbox
Quem precisa de cânone?

Histórias de Arton 64 Gazeta do Reinado

Entrevista com Um guia certeiro para Revoada de dragões preocupa o Reinado
os editores ler Tormenta 67 Sir Holland
Os Conselheiros pergutam, Quem quer comemorar?
eles respondem!
68 Caverna do Saber
74 Poderes dracônicos para os personagens

112 90 Breves Jornadas

Kobolds & Dragões
116 Pequenas Aventuras
Recupere o Disco para salvar o reino!

200 Nomes de 118 Chefe de Fase

Conto: Um Ladino, O temível Dragão-de-Aço das
Personagens e 200 Um Paladino... Sanguinárias!
de Espeluncas ... E Pouco se Sabia
A gente batiza, você faz o resto! Sobre o Outro 122 Liga dos Defensores
Tem dragão em 3DeT Victory sim senhor!

A CAPA
Pegando o tema do avanço de Tormenta
nos últimos anos, resolvemos ilustrar
um dos Dragões-Reais mais importantes
do cenário, mas que curiosamente teve
poucas representações: Benthos, em toda
sua plenitude! A tarefa de conceber seu
visual definitivo coube ao nosso já calejado
Samuel Marcelino!
 NOTÍCIAS DA BARDA
LENDAS DE ARTON NA
SUA MESA DE RPG
Enquanto alguns pegam as malinhas e
fogem de conteúdo de RPG em português,
Tormenta lança cada vez mais suplementos!
O Guia de NPCs – Edição Jogo do Ano é
um deles: conquistado durante o financia-
mento coletivo da Coleção Arton, o Guia
traz dezenas de personagens lendários
da história de Tormenta — heróis e vilões
dos romances, quadrinhos e streams deste
universo —, além de dezenas de NPCs
genéricos, úteis para o mestre usar em
suas aventuras.
4
E é uma galera, viu? São 50 fichas
de personagens famosos de Arton, com
descrição e fichas completas, totalmente
ilustradas, escolhidos pelos apoiadores
do Atlas de Arton e do Ameaças de Arton.
Além disso, o Guia traz 40 fichas de NPCs
genéricos e novos poderes, equipamentos,
magias, parceiros e itens mágicos.
A pré-venda vai até 10/3, no site da
Jambô. Se você participou da campanha da
Coleção Arton, ele já é seu (basta resgatar e
pagar o frete). Se ainda não garantiu o seu,
não perca tempo!
BOAS-VINDAS (DE NOVO) ÀS
CRÔNICAS DA TORMENTA
Embarque em uma jornada por Arton na nova
edição de Crônicas da Tormenta Volume 1! São
quinze contos (sendo três destes inéditos) escritos
por alguns dos maiores nomes da literatura fantástica
nacional, como J.M. Trevisan, Leonel Caldela, Rogério
Saladino, Marcelo Cassaro, Marlon Teske, Karen
Soarele e mais.
Ao lado de cavaleiros e ladrões, soldados e
menestréis, vigaristas e bárbaros, prepare-se
para encontrar uma terra repleta de magia
e maravilhas — e descobrir por que não há
lugar como Arton. A edição original foi um
sucesso e deu origem a dois outros volumes:
Crônicas da Tormenta Volume 2 e Crônicas
da Tormenta Volume 3.
A tempestade vermelha chega em 29/02,
no site da Jambô.

A LENDA DE DRIZZT
CONTINUA EM A LÂMINA
SILENCIOSA
Nosso drow favorito não para em casa e foi
caçar aventura de novo – que bom pra nós! O
décimo primeiro volume de A Lenda de Drizzt, A
Lâmina Silenciosa (vencedor do Origins Awards
de Melhor Romance Relacionado a Jogos de
1998), acaba de chegar ao site da Jambô.
Este volume inicia o arco Caminhos da
Escuridão. A história acompanha Drizzt e seus
amigos, que, determinados a destruir o maligno
Fragmento de Cristal, vão atrás de um sacerdote
capaz de ajudá-los a derrotar o artefato de uma
vez por todas.
Continue a jornada do elfo negro hoje
mesmo. Se você quer começar a ler os romances
de Dungeons & Dragons, mas não sabe por
onde começar, confira o nosso guia! ■

5
 RESENHA

PRESAS
NO PARAÍSO
Não se nasce
mulher, torna-se.
 POR VINICIUS MENDES

A jovem socialite Uma é uma garota pro-

blemática. Para que se conforme e cumpra
com suas obrigações, casando com um
figurão escolhido por sua família, é enviada
para um processo de reabilitação em uma
ilha remota. Em meio a terapias suspeitas
e descobertas pessoais, Uma e suas novas
amigas precisam encontrar uma forma de
voltar para casa.
Presas no Paraíso (Paradise Hills no
original) é o filme de estreia da diretora
espanhola Alice Waddington, mas o elenco
principal é hollywoodiano e o filme é em
inglês. Nele, acompanhamos Uma (Emma
Roberts) em suas aventuras pela onírica
clínica de Paradise Hills, assim como sua
amizade com Chloe (Danielle McDonald),
internada para emagrecer; Yu (Awkwafina),
que se recusa a se comportar de forma
feminina; e Amarna (Elza González), uma
estrela pop que encontrou em conflito com a
gravadora. Todas estão plenamente satisfei-
tas com quem são e foram internadas contra
suas vontades, sob cuidados da Duquesa
(Milla Jovovich).
Apesar de ser divulgado como uma
obra de ficção científica, Presas no Paraíso
funciona realmente como uma mistura de
fantasia e thriller. Por trás dos ambientes
floridos e de arquitetura delicada, dos uni-
formes que lembram vestidos de princesas
da Disney futuristas e da gentileza quase
ensaiada, o filme nunca deixa o espectador
esquecer que há algo de sinistro aconte-
cendo naquele lugar. E a ênfase nas partes
de direção de arte não é gratuita: o filme é
visualmente belíssimo, uma mistura muito
interessante de características considera-
das “femininas” do jeito mais infantilizador
possível e tecnologia. Como se fosse uma
casa de bonecas high-tech.
O elenco está afiadíssimo. Roberts con-
segue construir sua Uma de forma forte,
e ao mesmo tempo vulnerável. Em geral,
personagens gordas trazem em si uma série
de características e estereótipos, e há clara-
mente um cuidado grande para que a Chloe
de McDonald não caia em nenhuma dessas
armadilhas. E em tempos de repercussão
midiática nas vidas de estrelas como Britney
Spears e Larissa Manoela, a raiva e desdém

6
que González imprime à Amarna dão ao
que seria há poucos anos a trama menos
realista do filme, traços tristes e sinistros
de verossimilhança. Já Jovovich, figurinha
carimbada do cinema de gênero, e que
facilmente seria escalada como uma das
protagonistas há uns quinze anos, usa sua
canastrice de forma que favorece muito as
“boas-maneiras” exageradas da Duquesa.
O ponto fraco, infelizmente, é o roteiro.
A obra é bem dirigida, o elenco constrói
personagens carismáticas e o visual é muito
interessante, mas a história passa por algumas
reviravoltas um pouco difíceis de comprar e
os diálogos dão suas derrapadas. Nada que
realmente estrague a experiência ou faça do
filme algo menos digno de 90 minutinhos da
vida de alguém, mas a sensação de que o
potencial total não passa perto de ser atingido.
O uso de CGI também não é dos melhores,
mas é tão pontual que não chega a ser de
fato um incômodo.
Presas no Paraíso é uma daquelas
obras distópicas criadas por mulheres que
acentuam problemas tipicamente femininos,
como Mulheres Perfeitas e O Conto da Aia.
E apesar de não ser perfeito, provavelmente
receberia maior atenção se fosse produzido
em Hollywood. ■

7
LITTLE
RESENHA

GOODY
TWO
SHOES
Não é tecnologia, é
bruxaria mesmo
 POR VINICIUS MENDES

Uma vida tranquila no campo em um pequeno

vilarejo idílico, onde todo mundo se conhece.
As pessoas conversam umas com as outras,
formam laços a partir do trabalho pesado e se
reúnem em festivais em honra dos santos que
abençoam colheitas. Não parece maravilhoso?
Para Elise, não. Ela quer mesmo é ficar rica
e viver no luxo.
No game Little Goody Two Shoes, você
é Elise, uma garota pobre que mora em um
vilarejo na Áustria do século XIX. Ganha
a vida fazendo pequenos serviços, como
cortar lenha e colher maçãs. Elise se sente
humilhada pela vida que leva, tem sonhos de
riqueza e está disposta a sacrificar qualquer
coisa para atingir seus objetivos. Enquanto
isso, acontecimentos estranhos deixam os
aldeões paranoicos com a presença de
uma bruxa.
É um jogo com uma mistura interessante
de gêneros: você precisa conviver com outros
aldeões e trabalhar para juntar dinheiro, como
um life sim. Pode escolher uma entre três
garotas para paquerar e virar sua namorada,
como um dating sim. Explora o mundo aos
moldes de um jRPG. E ao mesmo tempo, vai
ter que fazer escolhas rápidas como em um
survival horror.
O tempo é dividido em dias, que por sua
vez são divididos em seis partes: amanhecer,
manhã, entardecer, tarde, noite e a hora
das bruxas. Cada vez que o jogador opta
por prestar um serviço, ir a um encontro
ou qualquer outra atividade, uma dessas
horas passa. É possível trabalhar em qual-
quer hora do dia (o que abre um modo de
mini-game de mecânica simples), mas não
à noite. Esse período é reservado para os
encontros sobrenaturais de Elise, e é neles
que a trama principal se desenrola.
Mas as escolhas diurnas importam: Elise
precisa comer, e você precisa de dinheiro

8
para comprar comida. Conquistar um par
romântico desbloqueia alguns dos 10 finais.
Manter uma boa relação com os vizinhos
diminui as desconfianças de que você possa
ser uma bruxa. Já quando a noite cai, Elise só
pode contar com sua agilidade: como uma
garota normal, nos momentos de perigo só
resta a ela correr ou morrer.
O jogo é um prequel do clássico inde-
pendente Pocket Mirror, mas Little Goody
Two Shoes foi lançado pela SquareEnix, e
isso transparece no orçamento: os gráficos
são belíssimos, com inspiração nos animes
shoujo dos anos 90, trechos animados e até
mesmo um clipe musical cantado.
Tudo isso dá ao jogo um ar de contos
de fada que contrasta com os elementos
de terror. Já durante a noite, a inspiração
no anime Madoka Magica é declarada, com
misturas de técnicas de animação, ilustração
e fotografia. A trilha sonora carrega bem as
sensações que cada momento deve passar,
e a dublagem, só em frases pontuais, ajuda a
construir personagens carismáticos, daqueles
com os quais a gente se preocupa.
Little Goody Two Shoes é daqueles
jogos que valem mais pela narrativa e
visual envolventes do que pelo gameplay
propriamente dito. Mas quando a história é
boa, os personagens são bem construídos
e o jogo é bonito assim, isso está longe de
ser um problema. ■
9
O LIVRO
RESENHA

DOS
PÁSSAROS
Uma história
divertida e difícil
 POR TIAGO ORIEBIR

Ler O Livro dos Pássaros me fez pedir

demissão do emprego em que trabalhava.
Inspirada pelo livro Walden, de Henry
David Thoreau, que critica nossa busca
incessante por objetos desnecessários em
detrimento de aproveitar o real valor da vida;
e pela sua própria experiência no mundo
corporativo, a quadrinista Larkness criou a
história de Roberto, um passarinho metido
a poeta, que quer comprar uma Smart TV
e que também, cansado da pressão de ser
livre, arrumou um emprego na Catch.co.
A Catch.co é uma empresa moderna,
descolada, fluente em corporativês e que
está contratando passarinhos para fazerem
parte de seu time dos sonhos! Os requisitos?
Ser altamente motivado, ter brilho nos olhos
e atitude de dono! Sr. Catch (CEO, 30 under
30, entrepreneur) é um gato que considera
ter carne macia e suculenta um grande
diferencial para contratação!
Em O Livro dos Pássaros, acompanhamos
as desventuras de Roberto e seus colegas
tentando extrair o máximo da vida, enquanto
tentam sobreviver — literalmente — ao mer-
cado de trabalho. Como a leitura de suas
primeiras páginas deixa claro, este não é um
livro sobre pássaros; é uma história sobre
empresas e como o objetivo final de todas
elas é gerar lucro, assim como o objetivo
final do Sr. Catch é devorar seus empregados
— independente do quão bem escondido
isso está atrás de discursos motivacionais
e mensagens positivas que as corporações
desejam passar aos seus funcionár…, digo,
colaboradores. Qualquer um que já tenha
passado por uma “empresa com mentalidade
de startup” vai se identificar imediatamente
com esse esquema predatório.
Além de escancarar a realidade de
muitas empresas, O Livro dos Pássaros
também nos faz pensar sobre as redes
sociais e como são as “máscaras” vestidas
em ambientes como o LinkedIn e Instagram
— quando, mesmo aguentando situações

10
absurdas na realidade do trabalho, se
assume uma postura de positividade moti-
vacional tóxica.
Com uma campanha de financiamento
coletivo que arrecadou mais de R$ 500
mil, se tornando o terceiro maior projeto de
quadrinhos do Catarse, O Livro dos Pássaros
foi um sucesso absoluto, logo publicado pela
editora Arte e Letra.
O livro também está sendo publicado
de graça aos poucos, no instagram da
Larkness — mas, se puder, vale muito a pena
ler a versão impressa: quando você tem
em mãos a história do começo ao fim, fica
mais fácil de acompanhar a personalidade
e o desenvolvimento dos empregados
da Catch.co (prepare-se para reconhecer
vários arquétipos do mundo corporativo,
como a pessoa que vive tirando atestado,
o coordenador workaholic e o cara que
só está ali para pagar as contas), além
de acompanhar o ciclo do tempo e das
estações, que são um fio condutor do dia
a dia dos personagens.
O Livro dos Pássaros é uma obra ao
mesmo tempo divertida, tocante e emocional.
Da minha parte, acabei seguindo com a
demissão e ressignifiquei muito sobre minha
relação com trabalho — e hoje eu tenho
certeza de que isso foi
o melhor que poderia
ter feito.
Não sei se essa HQ
vai te impelir a tomar
uma atitude tão drás-
tica, mas espero que te
inspire a pensar sobre o
que é realmente impor-
tante na sua vida. ■
11
 SÚMULA DE FEVEREIRO / 2024
Todos em pé! Os Exmos. Ministros do STR avaliaram as petições enviadas pelos conselheiros
da Dragão Brasil e estão prontos para dar seus pareceres.
Esta súmula contém respostas debatidas, deliberadas e formuladas por todos os
participantes do Supremo Tribunal Regreiro, redigidas aqui pelos Exmos. Ministros
Thiago Rosa Moreira, presidente do Sindicato Furtivo, e Rafael Dei Svaldi, fundador e
presidente do Magistério Monstrográfico.
Caso você seja um conselheiro da revista, procure pelo post fixo no grupo fechado dos
conselheiros no Facebook para redigir sua petição. Caso não seja, considere tornar-se
um, mudando seu nível de apoio para ter suas súplicas atendidas neste tribunal.

Salve, caros membros do conselho!
Trago duas perguntas maldosas.
1) O aprimoramento de +5 PM de Tranca
Arcana afeta objetos de qualquer tamanho.
Isso poderia abrir uma carroça ou uma
porta de um balão goblin? É uma pergunta
menos técnica e mais de interpretação,
mas o que a justiça diria?
2) A Transmutar Objetos pode ser usada
para fazer pequenas alterações em objetos?
Como abrir uma porta?
— Cons. Gustavo Samuel
Saudações, conselheiro Gustavo! Vamos
às suas maquiavélicas respostas:
1) Sim, com o aprimoramento de +5 PM
qualquer objeto pode ser afetado. Esse
aprimoramento pode ser combinado com
o aprimoramento de +1 PM, para abrir em
vez de trancar.
2) Uma porta não pode ser usada como
alvo de Transmutar Objetos em sua forma
de Truque, devido ao seu tamanho. Uma
fechadura poderia ser um alvo, porém as
alterações possíveis não incluem abrir. Para
tanto, use a magia Tranca Arcana.
Saudações, caros juízes do STR! Trago-
lhes a seguinte questão a ser respondida:
Uma arma com o encanto energética
causa integralmente dano de essência,
descrito como energia mágica pura. Golens
imunes a efeitos mágicos são imunes a
armas energéticas? Caso sejam, seria
possível suprimir o encanto (“energética”)
e não utilizá-lo, perdendo os benefícios do
mesmo, mas podendo usar a arma com
todas as outras melhorias e encantos contra
a criatura em questão? Obrigado!
— Cons. Jeferson Vicentini

12
 Saudações recíprocas, caro conselheiro
Jeferson! Aqui está sua resposta!
Sim, golens imunes a efeitos mágicos são
imunes a armas energéticas. Esse encanta-
mento não pode ser desativado — melhor
carregar uma arma de reserva!
Bom dia, boa tarde e boa noite, tudo
certo? Um alvo que falhe na resistência
contra Raio Polar fica preso em um bloco
de gelo (paralisado). Esse bloco pode ser
quebrado para libertar a criatura. Após a
criatura ficar congelada, qualquer dano
causado a ela se aplica ao bloco de gelo
ou à criatura, exigindo esforço direcionado
dela e de seus aliados para quebrar o
gelo? Obrigado!
— Cons. Déra Vcc
Tudo certíssimo, conselheiro Déra!
A maior parte dos efeitos atingirá o bloco
de gelo, já que ele se encontra fisicamente
entre a criatura e a fonte de dano.
Salve membros da DB!
Venho trazer algumas perguntas sobre
possibilidades e interações entre algumas
magias, poderes e efeitos.
1) Utilizando a magia Controlar Terra,
no uso "modelar", é possível criar uma
pilastra abaixo de um alvo, com a altura
da pilastra baseada na área da magia?
Em caso positivo, o alvo teria direito a um
teste de resistência? O mesmo poderia
ser realizado para criar uma passagem
diretamente abaixo do alvo, fazendo-o cair?
Caso exista um teste de resistência, qual
perícia utilizaria, caso não seja Reflexos?
2) Se as magias Névoa, com seu aprimo-
ramento de +5 PM, e Tentáculos de Trevas
são usadas ao mesmo tempo, reduzindo
o deslocamento de uma criatura para 3m
e gerando terreno difícil, uma utilização
subsequente de Muralha Elemental para
fazer uma cúpula de gelo com mais de 6m
permitiria testes de resistência? O tamanho
da cúpula é maior que o deslocamento de
qualquer criatura em seu interior, como
poderia escapar?
3) Caso dois efeitos permitam rolar
dois dados (escolhendo o melhor) e sejam
usados juntos, seriam rolados dois dados
ou três dados?
4) Um personagem que falhe no teste
de Vontade contra Santuário fica proibido
de fazer qualquer ação hostil contra o alvo
ou apenas a ação hostil que desencadeou
o teste de resistência? Caso o Santuário
seja dissipado ou cancelado o personagem
ainda fica impossibilitado de realizar ações
hostis contra o conjurador ou esse efeito
também é dissipado/cancelado?
Agradeço desde já pelas respostas
claras e detalhadas.
— Cons. Andre Peixoto
Saudações, conselheiro Andre! Vamos
às suas claras e detalhadas respostas:
1) Sim, é um uso possível. Dano e testes
de resistência seriam equivalentes ao uso
amolecer, da mesma magia. O teste de
resistência seria feito com Reflexos, como
indicado na magia. Porém, caso deseje usar
uma perícia alternativa, Atletismo parece
apropriado.
2) O deslocamento de uma criatura
não é relevante para determinar se ela é
aprisionada pela forma de cúpula da Muralha
Elemental. A criatura pode se abaixar ou
rolar quando a muralha se fechar, escapando
da prisão. Perceba que, como regra geral,
criaturas não se deslocam durante seus
testes de resistência!
13
 3) Exceto caso o efeito explicite que rola
um dado adicional, em vez de especificar
dois dados, seriam rolados dois dados.
4) Um personagem que falhe em seu teste
de resistência não pode fazer nenhuma ação
hostil contra o conjurador de Santuário. Caso
o Santuário seja dissipado, o personagem
pode realizar ações hostis normalmente.
Saudações, meritíssimos!
1) Existe alguma mecânica para ser
devoto de deuses menores? Caso exista,
onde encontrar? Caso não exista, como
proceder?
2) Outra pergunta: já que o sol e a lua
interferem na natureza, um druida poderia
ser devoto de Azgher ou Tenebra?
3) Tenebra permitiria um licantropo
druida como devoto?
— Cons. João Mokdeci
Saudações, conselheiro João! Vamos
às suas divinas respostas:
1) Ainda não. Novidades em breve.
2) Não. Tudo aquilo que não é mágico
faz parte de natureza de alguma forma, mas
os druidas se voltam para as três divindades
mais relacionadas à natureza: Allihanna,
Oceano e Megalokk.
3) Um licantropo sempre pode ser devoto
de Tenebra. Perceba, porém, que apenas
possuir a habilidade Forma Selvagem não
configura licantropia. Essa é uma maldição
específica, sem relação com nenhuma classe.
Bom Azgher, amigos! Gostaria de abrir
um pergaminho sobre o acúmulo de bônus,
especificamente em esotéricos, trazendo
três perguntas sobre o assunto.
14
1) Gostaria de clarificar o acúmulo de
esotéricos e melhorias. Uma varinha arcana
com a melhoria poderosa teria +2 na CD
das magias?
2) O poder Esoterismo permite o uso de
dois esotéricos simultaneamente ao lançar
uma única magia, recebendo os benefícios
de ambos. Ele também permite o acúmulo
de benefícios iguais provida das melhorias
desses esotéricos?
3) Por último, catalisadores são consi-
derados itens esotéricos?
Obrigado!
— Cons. Dannilo Silva
Boa Tenebra, conselheiro Dannilo!
Vamos às esotéricas respostas do seu
pergaminho:
1) Houve uma pequena confusão dos
jogadores. A melhoria aprimorado aumenta
o bônus concedido pelo item. Dessa forma,
acumula com o bônus fornecido pelo item.
A melhoria poderoso não aumenta o bônus,
apenas concede o mesmo efeito. Ou seja,
uma varinha arcana poderosa teria o mesmo
efeito de uma varinha arcana comum.
2) Esoterismo não isenta o conjurador
das regras normais de acúmulo. Benefícios
iguais continuam não se acumulando.
3) Catalisadores não são itens esotéricos,
são itens alquímicos.
Prezados ministros, que Allihanna e
Megalokk os abençoem sempre.
1) O poder Adestrar Montaria, de
Ameaças de Arton, adiciona a habilidade
de um dos tipos de parceiro à montaria do
personagem ou a substitui?
 2) Assumindo que adicione, se o per-
sonagem com esse poder escolher Fortão
para o seu Tumarkhân Veterano, os bônus
de rolagem de dano dele se acumulam para
um único ataque?
3) Já o Escudeiro, que oferece um bônus
fixo na rolagem de dano ao invés de um
dado, soma com o Tumarkhân e/ou com
um parceiro Fortão?
— Cons. Cesar Henrique
Saudações, conselheiro Cesar! Vamos
às suas adestradas respostas:
1) A habilidade é adicionada; a montaria
mantém sua habilidade original.
2) Os bônus vêm da mesma fonte (par-
ceiro) e portanto não se acumulam.
3) Houve algum equívoco; o escudeiro
não concede nenhum bônus em dano.
No STR da DB 190 foi esclarecido que
uma criatura que seja imune a magias
ainda teria suas magias suprimidas por um
Campo Antimagia, uma vez que a imuni-
dade se aplica apenas ao conjurador e não
aos efeitos gerados por ele. Entretanto,
alguns meses depois, no STR da DB 193,
é perguntado se Proteção Contra Magia
(Abjuração) torna o alvo imune contra
Dissipar Magia e a resposta foi positiva, “in
dubio pro immunitas”. Porém, se imunidade
se aplica apenas ao conjurador e não aos
efeitos gerados por ele e Dissipar Magia
afeta as magias do conjurador (que são
efeitos gerados por ele), ela não deveria
funcionar normalmente em um conjurador
que, porventura, tenha imunidade à ela?
— Cons. Gilmar Burato
Saudações, conselheiro Gilmar!
Houve uma confusão. Nossa resposta na
DB 193 não trata dos efeitos do conjurador,
trata do conjurador. Se você lançar Dissipar
Magia contra um conjurador com imunidade
a magia, a magia não surtirá efeito nenhum.
Você ainda pode lançar Dissipar Magia
contra efeitos criados por esse conjurador,
dissipando-os normalmente.
Saudações, ministros!
Quanto às habilidades Golpe Ardente,
Golpe Cortante, Golpe Ofuscante e Golpe
Pujante da classe Místico (apresentada na
DB 199), elas são cumulativas? Por exemplo,
um personagem com Afinidade de ar e fogo,
com os poderes Golpe Cortante e Golpe
Ardente, caso use o Ataque Elemental e
acerte, deixa o alvo em chamas e sangrando?
— Cons. Daniel Weiss
Saudações, conselheiro Daniel!
Sim, os efeitos são cumulativos, mesmo
sendo de afinidades diferentes.
Muitíssima boa tarde caros juízes.
Trago algumas dúvidas que um grupo de
aventureiros incautos levantou em suas
derradeiras aventuras.
1) O goblin soldado pergunta: uma arma
mágica que seja aumentada sempre será
aumentada para seu usuário independente
do tamanho? Caso o goblin aumente seu
tamanho para grande, ele continua com a
penalidade de acerto?
2) O sulfure ladino quer saber se, caso
ele esteja com camuflagem total em uma
batalha contra outras criaturas que não
têm esse efeito, essas criaturas seriam
consideradas desprevenidas em relação a
ele, por estarem com a visão prejudicada.
15
 3) O corajoso dahllan bárbaro questiona:
se ele estiver agarrado e utilizar a magia
Primor Atlético com o aprimoramento de+1
PM para saltar para o lado de outra criatura
em alcance curto, ele escapa da criatura
que o está agarrando? Ou ela é levada
junto? Ou a magia só falha?
4) O mashin mago gostaria de saber: se
ele utilizar a magia Buraco Negro tendo o
poder Geometria Mística ele poderia deixar
seus aliados e ele mesmo imunes ao efeito
da magia?
5) O humano bucaneiro quer saber:
se ele realizar um acerto crítico em uma
criatura imune a crítico, o acerto crítico
ainda conta para a habilidade Panache?
— Cons. Douglas Santos
Boa tarde, conselheiro Douglas! Vamos
às suas incautas respostas:
1) Não, exceto em casos de efeitos que
aumentem também a arma. Um goblin Grande
não sofre penalidades de ataque com uma
arma aumentada.
2) Não necessariamente. Camuflagem
total pode ser concedida por efeitos que
ainda permitem a visão de outras criaturas.
Uma criatura que não possa ver o atacante
(por exemplo, caso esteja escondido) estaria,
sim, desprevenida.
3) A criatura que o esteja agarrando é
levada junto.
4) Sim, poderia.
5) Infelizmente para o bucaneiro, não.
Saudações, ministros!
1) Na Dragão Brasil 199 foi apresentada
uma resposta relativa ao texto da página
152 sobre escudos como itens vestidos ou
empunhados, sendo a resposta o segundo.
16
Entretanto, resta uma dúvida. No texto dos
Escudos na página 152 é dito: "Colocar ou
tirar um escudo de qualquer tipo é uma
ação de movimento".
O que deixa a dúvida é se a palavra
"colocar" tem efeito em regras ou é mero
texto descritivo também? Eu teria que
gastar uma ação de movimento para sacar
o escudo e outra para "colocar" ele? Com o
poder Saque Rápido, eu poderia sacar com
Ação Livre porém ainda teria que colocá-lo
com ação de movimento?
2) Duração Dia em qualquer magia/
efeito. O que representa? 24 horas a partir
do uso da magia/efeito ou "até o dia de
aventura virar" (ou seja; personagens irem
dormir)?
— Cons. Bruno Cesar Aff Mendes
Saudações, conselheiro!
1) O termo usado é diferente justamente
por conta dessas interações. Sim, se você
tiver um escudo guardado, precisa usar uma
ação para sacá-lo e outra para colocá-lo.
Essa ação para colocar não é reduzida por
Saque Rápido.
2) Essa é uma questão deixada ao cri-
tério do mestre. Cada mesa pode ter um
entendimento diferente da mesma.
Saudações!
Muitos 3DeTistas próximos saúdam
mais esse marco alcançado pela revista.
Esperamos que a Dragão Brasil continue
nesse rumo, angariando experiência,
tesouros e tempo de vida.
Nosso grupo de advogados de regras
de 3DeT Victory chegou a alguns impasses
de interpretação de certos conceitos do
livro e gostaríamos de obter ajuda.
1) É possível combinar ataques e
vantagens que exigem um ataque, como
Confusão, Desgaste, Golpe Final e Punição?
 2) Um Artefato pode ser roubado durante
uma sessão inteira? Ou um Ajudante pode
ficar inacessível? Compensar a perda, por
toda sessão, da vantagem desse jogador
seria possível por algum meio?
3) Supondo que alguém seja alvo de
Anulação, Confusão, Paralisia ou Punição,
quais perícias seriam usadas oficialmente
para fornecer um dado para resistir e sair
do efeito?
4) Sobre magia, o bônus oferecido
por magia é um bônus genérico e não
multiplicável em caso de crítico; ou é um
bônus de atributo e, consequentemente,
multiplicável?
5) É possível usar Magia (+Magia) para
aplicar uma vantagem num adversário? Por
exemplo, incorpóreo para que não possa
atacar fisicamente, ou transformação, para
reduzir atributos e alocar os pontos em
coisas pouco úteis no momento, como
Arena (qualquer outro lugar), Inimigo
(ninguém do grupo)...
6) Considerando que os dados são o
dado básico, o de perícia e o de ganho,
caso alguém consiga 3 ganhos mas não
tenha a perícia, poderia mover o segundo
ganho para o espaço do dado de perícia?
7) Sobre escalas e o mote "3 dados e
um teste". Se um Kami (3 escalas acima)
for contra um ningen, ele recebe defesa
perfeita, 3 críticos e 3 ganhos. Supondo
que ele possui a perícia, quantos dados
esse kami rolaria? Ele seria afetado pelo
limite de 3 dados?
8) Inofensivo poderia ser usado contra
quem já o viu lutar, caso pague 3 PMs?
9) Qual a vantagem de Imortal, se no
jogo existe Regeneração?
Observei que nos últimos 13 meses, ou
mais, nenhum questionamento sobre 3DeT
chegou ao STR. Espero poder quebrar essa
sequência de ausências.
— Cons. Gil Farias
Saudações, conselheiro Gil! Vamos rolar
os dados e descobrir o que vai acontecer
nas respostas:
1) Não. Esses efeitos são distintos entre
si, cada um exige um ataque diferente. Eles
podem ser combinados, porém, com Ataque
Especial.
2) Sim, pode. Depende do andamento da
sessão. Isso depende muito do mestre, mas
na maior parte das vezes não há necessidade
de qualquer compensação. Perder o acesso
a essas vantagens esporadicamente faz
parte do “pacote” no qual estão inseridas.
3) Não existe perícia oficial. Cada efeito
pode ser muito diferente, aplicando perícias
distintas. Cabe ao mestre chegar a uma
decisão sobre o que seria adequado e ao
jogador chorar o bastante para conseguir
justificar o uso de alguma perícia que possua.
4) É um bônus genérico, não é multipli-
cado em críticos.
5) Os exemplos são hilários, mas não.
6) Os dados não são tão rígidos assim.
Desde que respeite o limite de três dados,
você pode buscá-los onde quiser. Dois
ganhos configuram três dados.
7) Continua limitado pelos três dados,
mas seus Ganhos adicionais podem anular
Perdas.
8) Não, sem trapaças!
9) Imortal protege o personagem de
efeitos que simplesmente o matem de
qualquer forma, diferente de Regeneração. ■
17
 DICAS DE MESTRE

Kally mandou
dizer: hoje é dia de
maldade!

DICAS DE
MESTRE
AMEAÇAS
 POR RAFAEL DEI SVALDI
Saudações, mestres de todos os
recantos. O incrível, perigoso e mortal
Ameaças de Arton já está entre nós, e
acredito que muitos de vocês já estejam
vasculhando suas páginas em busca
da criatura com mais dentes, garras e
dados de dano.
Mas agora que estamos de posse deste
tomo de incontáveis maldades, fica a
pergunta: como usar ao máximo seu
potencial? Não temam, colegas mestres.
Nesta coluna vou apresentar várias dicas
para tirar o melhor proveito destes novos
perigos e das ameaças de Tormenta20
em geral.
Criar cenas ameaçadoras, sejam com-
bates, armadilhas ou perigos complexos,
é uma das partes mais emocionantes
do trabalho de um mestre. E, ao mesmo
tempo, é uma das que exige mais cui-
dado: perigos fáceis demais podem se
tornar entediantes, enquanto perigos
muito difíceis podem serr frustrantes
ou até mesmo colocar em risco toda a
campanha, através de um malfadado
TPK. Assim, para atingir o equilíbrio ideal
entre perigo e diversão, é importante
que o mestre compreenda as métricas
e a lógica por trás das ameaças do jogo.
PAPEL DE COMBATE
As criaturas que os personagens de
Tormenta20 enfrentam são divididas em
três grandes papéis de combate — solo,
lacaio e especial —, que representam o
espaço narrativo ocupado pela criatura,
além de suas habilidades e valores de
combate principais. Cada papel também
indica o uso mais adequado para a criatura
na construção de desafios e combates.
Solo
Uma criatura solo é um inimigo indepen-
dente, capaz de enfrentar sozinho vários
oponentes ao mesmo tempo. Em termos
narrativos, representa grandes predadores
solitários, combatentes habilidosos (como
um cavaleiro ou um gladiador) ou qualquer
outro tipo de criatura focada em combate
solo. Ameaças deste papel são as mais
comumente empregadas como os grandes
vilões de aventuras e campanhas.
Em termos de regras, uma ameaça solo
possui estatísticas de combate equilibradas
(ou seja, suas características de ataque e
defesa se equivalem), muitos pontos de vida
(para resistir aos vários ataques de um grupo
de aventureiros) e algumas habilidades que
a protegem de efeitos que a impeçam de
combater por muitas rodadas (como imuni-
dade a atordoamento ou medo, por exemplo).
Como usar. Ameaças solo funcionam
muito bem como inimigos de combates sim-
ples, em que o mestre não quer dividir a ação
(ou sua atenção) com vários NPCs. Esse tipo
de oponente é ideal para combates contra
um monstro específico, como o guardião
do covil do vilão, a fera que aterroriza a vila
ou um predador que espreita por uma trilha
específica nos ermos. Inimigos solo também
são ótimos vilões principais, sobretudo para
representar “chefes finais” particularmente
habilidosos em combate.
Como não usar. Embora não seja uma
regra rígida, evite usar criaturas solo em
grandes quantidades ao mesmo tempo.
Uma cocatriz, por exemplo, é uma criatura
solo de ND 3. Embora possa parecer interes-
sante (ok, é interessante) fazer um combate
contra um bando de cocatrices, tenha em
mente que isso pode ser mais demorado e,
potencialmente, mais perigoso. Se precisar
de várias criaturas do mesmo tipo, o ideal
é usar lacaios.
19
Lacaio
Lacaios são as buchas de canhão das
ameaças. São criaturas simples, voltadas para
o combate, com valores de ataque e dano
mais elevados (até mesmo do que um solo
de mesmo ND), mas com valores defensivos
reduzidos. Como são feitos para serem usados
em quantidade, lacaios possuem poucas habi-
lidades, e geralmente empregam mecânicas
simples, para facilitar o trabalho do mestre
ao controlar várias criaturas. Lacaios são
monstros que causam bastante estrago aos
aventureiros, mas que são derrotados mais
facilmente do que criaturas de outros papéis.
Em termos narrativos, lacaios nunca são
protagonistas. Eles são os inimigos “sem
rosto”, os soldados, capangas, membros do
bando ou qualquer outro tipo de adversário
coletivo. Mesmo que um desses capangas
tenha algum destaque, como o sargento
malvado que lidera os mercenários, dificil-
mente será um capanga (o mais provável
é que seja um solo de ND menor que o do
vilão principal da aventura).
Como usar. Lacaios são criaturas feitas
para serem usadas em grande quantidade,
seja para representar um grupo de oponentes
individualmente mais fracos (como um bando
de kobolds, uma matilha de cães selvagens
ou uma quadrilha de saqueadores). Outro
uso bastante comum é como asseclas de
uma criatura mais poderosa (um solo ou
especial). Em ambos os casos, o papel dos
lacaios é representar um perigo que poten-
cialmente causará dano aos aventureiros,
mas que pode ser derrotado rapidamente,
principalmente com o emprego de recursos
especiais (como habilidades de área). Como
lacaios são sempre usados em quantidade,
de forma geral você vai empregar lacaios
de menor ND, em quantidade necessária
para formar um encontro de ND compatível
com seu grupo. Por exemplo, um grupo de
20
5º nível pode enfrentar quatro lacaios de
ND 1 (o que gera um encontro de ND 5; vou
falar mais sobre isso a seguir).
Como não usar. Sozinhos. A força de
um lacaio está em sua quantidade. Mesmo
um lacaio de ND equivalente ao do grupo
não será um desafio tão perigoso quanto um
solo ou especial de mesmo ND. Se quiser um
combate contra um único inimigo, geralmente
sua melhor opção será um solo.
Especial
Enquanto solos e lacaios são definidos
essencialmente por combate (solos são
bem equilibrados e resistentes, enquanto
lacaios são “canhões de vidro”), especiais
são criaturas focadas em habilidades
variadas. O espião furtivo, o trambiqueiro
engambelador, o conjurador, o nobre que
motiva e lidera seus soldados, são alguns
dos vários exemplos de ameaças especiais.
Em outras palavras, são criaturas feitas para
confrontar os personagens em situações
fora de combate direto ou para apoiar/dar
suporte a outras criaturas em combate.
Embora seu foco não seja lutar, especiais
não são necessariamente inofensivos;
muitos possuem a capacidade de causar
dano ou prejudicar seus adversários de
alguma forma. Entretanto, essas capacidades
ofensivas serão habilidades especiais (como
magias, armadilhas ou engenhocas) que
atingem diretamente seus inimigos ou que
melhoram as capacidades de combate da
própria criatura.
Narrativamente, especiais podem ocupar
uma grande variedade de papéis. Podem ser
o suporte de lacaios e/ou de um solo, podem
liderar grupos de lacaios ou podem ser o
principal adversário em uma cena que não
seja de combate. Por exemplo, um espião
ou nobre pode ser o antagonista em um
baile onde importantes segredos de estado
precisam ser descobertos ou protegidos, e
um mercador desonesto pode representar
uma ameaça aos tibares dos aventureiros
enquanto eles exploram o mercado de uma
nova cidade.
Como usar. Especiais são as criaturas
com o papel mais versátil no jogo. Em geral,
se você estiver preparando uma cena que
não seja de combate, suas melhores opções
de antagonistas serão especiais. Outro uso
importante é adicionar
habilidades especiais a
um combate que envolva
criaturas muito focadas
em ataque e dano.
Como não usar.
Apesar de toda sua ver-
satilidade, criaturas espe-
ciais geralmente são mais
“frágeis” que solos (mas
não tanto quanto lacaios).
A verdadeira Rainha
dos Baixinhos
Além disso, muitos especiais possuem
habilidades que requerem algumas
rodadas de preparação (como magias
que fortalecem a criatura). Isso faz com
que eles não sejam uma boa opção
para combates contra um único inimigo
(claro que há algumas exceções). De
forma geral, se quiser usar um especial
como principal criatura em um combate,
coloque alguns lacaios para garantir
que o especial tenha tempo para
se preparar e usar
suas habilidades
adequadamente.
21
NÍVEL DE DESAFIO VÁRIOS INIMIGOS
Para determinar a dificuldade de um
Em Tormenta20, cada ameaça possui um
combate contra vários inimigos e/
nível de desafio (ND), uma medida geral de
ou outros perigos com ND próprio
seu poder. O ND funciona de forma seme-
(como uma armadilha), você precisa
lhante ao nível de personagem da criatura,
calcular o nível de desafio do com-
e indica algumas de suas características
bate. Isso é, basicamente, o ND deste
(como limite de PM e modificador de perícias
conjunto de criaturas e perigos, e
não treinadas). Para o mestre, entretanto, a
serve para determinar se o combate
principal função do ND de uma criatura é
está equilibrado para seu grupo de
indicar o quão desafiadora ela é.
jogadores. Um combate envolvendo
ND x nível de personagem. Em termos vários inimigos e que tenha nível de
de regras, o ND e o nível de um personagem desafio do combate 7, por exemplo,
se equivalem. Uma ameaça de ND 5 e um é um desafio equilibrado para quatro
personagem jogador de nível 5 terão o personagens de nível 7.
mesmo limite de 5 PM, terão um modificador
Criaturas de mesmo ND. Se o
de +2 em suas perícias e assim por diante.
encontro envolve apenas ameaças
Essa equivalência é uma simplificação prática,
de mesmo ND (mesmo que sejam
e permite que características secundárias
ameaças diferentes entre si), use as
de uma ameaça estejam na mesma escala
seguintes regras:
dos valores dos PJ. Narrativamente falando,
entretanto, o ND não representa o mesmo • Para criaturas com ND menor do que
poder que o nível dos personagens. 1, o nível de desafio do combate será
igual ao ND da criatura multiplicado
Isso ocorre porque uma ameaça é cons-
pela quantidade delas. Assim, quatro
truída para enfrentar um grupo de 4 persona-
inimigos de ND 1/4, ou dois inimigos
gens; se uma única criatura de ND 6 tivesse
de ND 1/2, formam um combate de
o mesmo poder de um personagem de nível
6, ela dificilmente teria condições de ser um
desafio equilibrado para quatro personagens
de 6º nível. Assim, em termos de história,
considere que uma ameaça (sobretudo
criaturas inteligentes) sempre será alguém
com mais experiência que seu ND.
Vamos pegar, por exemplo, Danna Arantur
(apresentada no Guia de NPCs). Ela é uma
humana de ND 7, e sua combinação de habi-
lidades e perícias indica que ela é um misto
de combatente e líder de guerra. Embora
seja considerada uma criatura de nível 7,
várias de suas características são bem mais
elevadas que as de um personagem jogador
de nível 7. Ou seja, ela é mais poderosa que
um PJ de mesmo nível. Embora essa distinção
entre ND e poder real não tenha um impacto

22
 ND 1, sendo um desafio apropriado para
um grupo de 1º nível.
• Para criaturas com ND igual ou maior do
que 1, o nível de desafio do combate será
igual ao ND da criatura +2 para cada vez
que a quantidade delas dobrar. Assim, dois
inimigos de ND 1 formam um combate de
ND 3, quatro inimigos de ND 5 formam
um combate de ND 9 e assim por diante.
Criaturas de ND diferentes. Calcular o
nível de desafio do combate com criaturas
de ND variado exige um pouco mais de
cálculo, mas não é difícil. Para isso, siga
estes passos.
1. Agrupe todas as ameaças de mesmo ND
(mesmo que sejam ameaças diferentes).
2. Para cada grupo de ameaças de ND igual,
calcule um nível de desafio de encontro
conforme visto acima (em Criaturas de
mesmo ND).
3. Entre os grupos criados no passo 2, separe
aquele formado pelas ameaças com
maior ND individual. O nível de desafio
de encontro deste grupo será o valor-base
do encontro.
4. Para cada outro grupo de ameaças com
ND até 1 ponto abaixo do valor-base,
aumente o nível de desafio do encontro
em + 1. Grupos com ND 2 pontos ou mais
abaixo do valor-base não contam para
efeitos de cálculo do nível de desafio do
encontro.
Digamos, por exemplo, que você preparou
um encontro envolvendo dois necromantes
veteranos (ND 7 cada), liderando quatro
necromantes (ND 4 cada), oito esqueletos
(ND 2 cada) e uma armadilha de ND 5.
Separando essas ameaças e calculando
seu nível de desafio de encontro, temos
um grupo com duas ameaças de ND 7 cada
(nível de encontro 9), quatro ameaças de ND
4 cada (nível de encontro 8), oito ameaças
de ND 2 cada (nível de encontro 8) e uma
ameaça de ND 5 (nível de encontro 5). O
valor-base desse encontro é 9 (o nível de
encontro dos necromantes veteranos, as
ameaças de maior ND individual). Temos
dois grupos de nível de encontro 8 (os necro-
mantes e os esqueletos), que aumentam o
nível de desafio do encontro em +1 cada, e
um terceiro grupo de nível de encontro 5
(a armadilha). Esta, embora perigosa, não
representa um desafio alto o suficiente
para influenciar a dificuldade do encontro.
Assim, este será um encontro com nível de
desafio de combate 11.
Essa regra é puramente matemática, e leva
em conta apenas os níveis de desafio de
cada criatura, sem considerar seus poderes
e eventuais sinergias (ou conflitos) entre as
diferentes ameaças que formam o encontro.
Ela também se aplica melhor a encontros
do tipo “chefe de fase com seus capangas”
mais fracos, mas mais numerosos (e em
quantidades adequadas para facilitar os
cálculos). Para preparar um desafio mais
complexo, envolvendo criaturas e habilida-
des significativamente diferentes, o mestre
deve ter em mente a forma como essas
criaturas vão trabalhar juntas (ou se suas
habilidades poderão se anular mutuamente).
Criaturas que trabalhem bem em conjunto
(como um grupo de soldados que protegem
um mago) geram combates mais difíceis,
enquanto criaturas sem sinergia, ou com
habilidades conflitantes, como um comba-
tente corpo a corpo lutando junto de uma
criatura cujo único ataque afeta uma área,
resultam em combates mais fáceis.
23
direto em regras, é algo interessante para
o mestre ter em mente ao descrever seus
NPCs e seu papel no mundo.
FATORES ALÉM
DAS AMEAÇAS
Embora os inimigos sejam o elemento
mais relevante na composição de um com-
bate, eles não são o único fator que influencia
na dificuldade e complexidade do encontro.
Observar os fatores a seguir pode auxiliar
o mestre a planejar combates divertidos e
desafiadores para seus jogadores.
Experiência dos jogadores
Os monstros e personagens não são os
únicos a acumular experiência em um RPG.
Jogadores veteranos possuem um domínio
mais profundo tanto das regras do jogo
quanto de elementos como posicionamento
tático e uso de habilidades. Em geral, esses
jogadores conseguem usar seus recursos de
modo mais eficiente, e conseguem combinar
suas habilidades de forma a potencializar
as capacidades do grupo como um
24
todo. De forma geral, conseguem superar
encontros com criaturas de ND maior que
o nível de seus personagens.
O fato de um grupo de jogadores ser
mais experiente não significa que o mestre
deve, obrigatoriamente, empregar ameaças
mais fortes. Entretanto, até como forma
de desafiar e apresentar situações mais
instigantes, pode ser divertido empregar
ameaças mais difíceis ou complexas de
tempos em tempos. Lembre-se que muitos
jogadores mais experientes gostam de ser
desafiados, e se sentem orgulhosos de
superar situações assim.
Composição do grupo
As métricas de encontro consideram
que o grupo de aventureiros é formado por
quatro personagens em uma combinação
de habilidades que ocupam os nichos mais
importantes (ataque, defesa, cura, suporte
etc.). Assim, tenha em mente
a composição do grupo ao
estabelecer um encontro.
Montinho!
Não vale!
 Se o grupo tiver menos ou mais que
quatro personagens, provavelmente será
necessário ajustar o ND dos inimigos. De
forma geral, um grupo de três personagens
conta como 1 nível abaixo de seu nível médio
(três personagens de nível 5 conseguem
enfrentar uma criatura de ND 4). O inverso
também é verdadeiro; um grupo com cinco
personagens pode enfrentar ameaças de
ND igual ao seu nível +1.
Além da quantidade de personagens,
sua combinação de habilidades também
pode impactar sua capacidade de derrotar
seus inimigos. Um grupo em que nenhum
personagem tenha certas capacidades (como
habilidades de cura ou ataques à distância)
pode ser extremamente suscetível a deter-
minados encontros. Um exemplo é um grupo
em que nenhum personagem tem ataques à
distância ou habilidades equivalentes. Para
este grupo, um combate contra um grupo
de arqueiros protegidos em uma torre será
muito mais difícil do que para um grupo mais
versátil. Ao planejar um encontro, pense
em que tipos de respostas o grupo poderá
empregar contra esses inimigos, e se isso
irá exigir recursos adicionais.
Ambiente e circunstâncias
Combates raramente ocorrem em um
tabuleiro quadriculado vazio (ok... talvez
eles ocorram, enfim). As características
locais podem facilitar ou complicar a vida
dos personagens, afetando a dificuldade
do encontro. No exemplo anterior, uma torre
para abrigar os arqueiros certamente vai
transformar um combate que poderia ser
simples em um desafio fatal.
Ao planejar seu combate, pense em como
as circunstâncias do ambiente vão beneficiar
ou prejudicar os jogadores. Certos elementos
podem transformar um combate corriqueiro
em uma armadilha mortal, enquanto outros
(como a presença de aliados ou recursos
adicionais) podem tornar as coisas mais
fáceis. Características muito impactantes
podem até ser equivalentes a uma ameaça
com ND próprio (veja a caixa Vários Inimigos).
Por exemplo, o grupo invade um covil de
kobolds (sempre eles), que prepararam várias
armadilhas defensivas. Você pode considerar
que as armadilhas são perigosas o suficiente
para serem consideradas uma ameaça de
ND 1, o que vai afetar a dificuldade (e as
recompensas) do encontro como um todo.
CONSTRUINDO
COMBATES
De todos os perigos existentes em
Tormenta20, o principal e mais frequente é
geralmente o combate. Sejam escaramuças
simples e fáceis ou embates extremamente
desafiadores contra oponentes mortais,
lutas e batalhas estão no centro da ação da
maioria das aventuras em Arton.
O primeiro fator ao construir um com-
bate é estabelecer o nível de dificuldade
esperado. Em Tormenta20, um combate
equilibrado é aquele em que um grupo de
quatro personagens enfrenta uma ameaça de
nível de desafio equivalente ao seu próprio
nível de personagem. Assim, um troll (uma
criatura de ND 5) é um combate equilibrado
para um grupo de 4 personagens de nível 5.
Mas o que é considerado um combate
equilibrado? É um desafio em que os per-
sonagens precisam usar aproximadamente
metade de seus recursos. Isso não é uma
métrica exata, e mesmo um combate con-
siderado equilibrado pode ser resolvido
sem tanto gasto de recursos se os joga-
dores tiverem sorte em seus testes e/ou
boas ideias. Por outro lado, um combate
equilibrado pode se tornar um pouco mais
difícil se o mestre estiver com sorte ou se a
ameaça for particularmente eficiente contra
25
as habilidades do grupo. De qualquer modo,
tenha em mente que na média um grupo
de 4 personagens consegue superar 1 ou
2 combates equilibrados por dia.
Mas eu não quero
um combate equilibrado!
É verdade. Nem todo combate precisa
ser equilibrado. Na verdade, mesmo os
combates equilibrados de T20 são bastante
difíceis; usar apenas encontros do ND do
grupo pode ser cansativo, tanto para os
personagens quanto para os jogadores,
que serão constantemente forçados a dar o
seu melhor. Assim, às vezes, pode ser diver-
tido empregar combates com dificuldades
variadas, alternando entre “fáceis” e mais
arriscados. Para isso, considere encontros
de nível de desafio 1 ponto abaixo do nível
do grupo (para um combate levemente mais
fácil) ou 2 pontos abaixo (para combates
estilo “passeio no parque”). Seguindo o
caminho contrário, um combate 1 nível acima
do nível do grupo será bastante difícil (reserve
estes para ocasiões especiais na história),
enquanto um combate 2 níveis acima do
grupo pode representar o início de uma
nova campanha...
Além de dar uma chance para os jogado-
res respirarem, empregar desafios de dificul-
dade variada pode deixar sua história mais
interessante. Pense em vários filmes e séries:
geralmente, os protagonistas enfrentam os
capangas do vilão em diversas configurações
e quantidades, até encontrar um oponente
particularmente perigoso (como um monstro
secreto ou o braço direito do vilão). É só
depois de surrar toda essa gente que os
heróis encontram o vilão final; esse sim,
um desafio muito poderoso e perigoso. Em
Tormenta20, essa estrutura é representada
por combates de nível de desafio levemente
inferior ao dos personagens.
26
Digamos que um grupo de aventureiros
de 9º nível estejam enfrentando um general
purista e seus soldados. Os primeiros com-
bates destes heróis serão contra grupos de
soldados puristas, encontros que podem ter
ND 8 ou até 7; combates relativamente fáceis,
mas ainda capazes de causar problemas
(como o gasto de recursos ou, em casos de
azar extremo ou ideias infelizes, morte de
um personagem). Depois de um tempo, os
personagens encontram um tenente purista;
este será um encontro de nível 8 ou 9, e
exigirá um pouco mais de estratégia e de
recursos. Por fim, ao final da aventura, nossos
heróis finalmente confrontam o maligno
general; um encontro de nível de desafio
9 ou mesmo 10, representando uma luta
heroica e mortal (bem, ninguém disse que
livrar Arton do mal era fácil ou seguro).
QUANTOS ENCONTROS
DEVO USAR?
Para o mestre, um dos maiores desafios
ao criar encontros, sobretudo de combate, é
estabelecer um desafio que seja ao mesmo
tempo justo para as capacidades dos per-
sonagens e adequado à sua aventura.
Como explicado acima, a métrica básica
de Tormenta20 é que um grupo seja capaz
de encarar de um a dois encontros de ND
equivalente ao seu nível a cada dia (ou
antes de precisar descansar e se recupe-
rar). Isso é uma mudança significativa em
relação às versões anteriores das regras de
Tormenta (veja a caixa ao lado). Entretanto,
nem todas as aventuras se baseiam nessa
quantidade exata de encontros; algumas
histórias podem requerer diversos encontros
no mesmo dia, enquanto outras podem
envolver outros tipos de desafios e cenas,
guardando o combate para um desafio final
e particularmente perigoso.
SIM, O COMBATE EM T20 É DIFÍCIL
Conforme explicado em Ameaças de Arton,
as métricas de combate das criaturas de
Tormenta20 são calculadas com base em
um grupo de quatro personagens otimizados
para combate e com acesso a todos os
recursos disponíveis para personagens de
seu nível (PV, PM, equipamento etc.). Isso
faz com que os combates padrão sejam
de fato perigosos. Esta foi uma decisão
de design; em geral, as pessoas pre-
ferem jogos difíceis com uma curva
de aprendizado, em vez de jogos
fáceis que precisam ser dificultados
conforme os jogadores dominam as
regras e as estratégias envolvidas.
Entretanto, como todas as outras coi-
sas em um RPG, essa dificuldade não
é uma regra imutável. Nem todos
os grupos gostam de batalhas
difíceis ou complicadas; há
grupos que se concentram
em outros aspectos do jogo,
e preferem criar personagens
que não são inteiramente
focados em combate, ou que
simplesmente não têm tempo
suficiente para sessões com
combates muito longos. Se você juntar sete
esferas do dragão,
Nestes casos, não há abso- vai aparecer um
lutamente nada de errado desses pra encher o
em reduzir a dificuldade grupo de porrada
média dos combates (calcular
encontros com nível de desafio
1 abaixo do nível do grupo já é
suficiente para tornar os com-
bates menos perigosos). RPG
não é uma competição de quem
joga melhor ou quem mata mais
monstros; o importante é que você,
mestre, possa conduzir a aventura
que preparou, e que seus jogadores
possam se divertir de todas as formas
com ela.

27
 Se quiser narrar uma aventura em que os
personagens enfrentam múltiplos encontros
antes de descansar (como uma aventura de
exploração de masmorra em estilo clássico,
ou uma infiltração no covil de um inimigo,
onde os personagens precisam derrotar
vários sentinelas e guardas antes de alcançar
o vilão), você precisará empregar encontros
de ND inferior. Neste caso, considere usar
encontros de nível de desafio 1 ou 2 pontos
abaixo do nível do grupo (um grupo consegue
encarar quatro ou cinco encontros de ND 1
ponto abaixo do seu nível antes de precisar
descansar, ou de seis a oito encontros de ND
2 pontos abaixo do seu nível). Lembre-se,
entretanto, que se quiser empregar um
encontro mais difícil ao fim dessa sequência
de combates, pode ser necessário reduzir
o número de encontros em 2 ou 3.
Por outro lado, talvez sua aventura seja
planejada para ter poucos ou apenas um
UM COMBATE POR DIA
Jogadores acostumados com as versões
mais antigas das regras de Tormenta,
sobretudo TRPG, vão se lembrar que as
métricas de combate eram diferentes.
Antes, se recomendava alguns combates
de mesmo ND a cada dia – de forma
geral, um grupo deveria ser capaz de
superar 3 a 4 combates de mesmo ND
antes de precisar descansar e recu-
perar seus recursos. Em Tormenta20,
entretanto, as coisas são mais difíceis:
um combate de mesmo ND é calculado
para exigir uma grande quantidade
de recursos dos personagens (e de
estratégia dos jogadores). Assim, difi-
cilmente um grupo conseguirá superar
dois encontros de mesmo ND antes de
precisar descansar e se recuperar.
28
combate. Aventuras de investigação ou per-
seguição, onde o objetivo é primeiramente
localizar ou alcançar o vilão, antes de um
confronto final, têm espaço para combates
de nível de desafio 1 ou 2 pontos acima
do nível do grupo. Ao planejar aventuras
desse tipo, tenha em mente que outros tipos
de encontros perigosos (como armadilhas
ou perigos complexos) devem ser levados
em conta, uma vez que esses encontros
podem consumir parte dos recursos dos
personagens.
MAIS ARTE QUE CIÊNCIA
O combate em Tormenta20, sobretudo
após a Reforma Monstrográfica, possui
algumas peculiaridades desenvolvidas para
representar o clima e os perigos que rondam
a vida dos aventureiros artonianos.
Entretanto, as regras e as métricas são
flexíveis, para que cada mestre possa ajus-
tar seus encontros para aquilo que é mais
divertido para ele e seu grupo. Como mestre,
experimente vários formatos de combates e
sequências de encontros (na dúvida, comece
com combates mais fáceis e vá aumentando
a dificuldade gradualmente, conforme se
sente confortável com as regras), e não se
preocupe em acertar de cara.
Certamente, em pouco tempo
você estará dominando a fina
arte de preparar combates em
Tormenta20.
Qualé? Vai
encarar?
ARQUIVOS SECRETOS

DRAGONESA A MORTE ENCARNADA EM

ORDEM PARANORMAL
 POR MIGUEL SOUZA E MARCELO CASSARO
Antes de qualquer coisa, é uma honra
estar presente nesta épica, para dizer o
mínimo, Dragão Brasil 200!
Aproveitando da temática dracônica desta
revista e da prática comum do Cabeludo em
trazer elementos medievais fantásticos com uma
roupagem sobrenatural, como os vistos em O
Segredo na Floresta, eu invoco a DRAGONESA!
Esta excelente personagem, escrita por
Marcelo Cassaro para a Edição 36 da Dragão
Brasil, retorna com uma nova roupagem de
terror e paranormalidade.
MEDO DE DRAGÕES
Atualmente, dragões estão diretamente
relacionados com a cultura pop e não “apresen-
tam mais ameaça”. Você não escuta as pessoas
falando sobre “medo de dragão” da mesma
forma que “medo de palhaço” ou “medo de
altura”. No máximo, seus avós, que devem
associar o nome à figura do diabo cristão,
alertam sobre temer o dragão.
Mas nem sempre foi assim…
Por muitos séculos, em suas várias inter-
pretações e representações, a figura mítica
do dragão permeou os pesadelos e os mitos
humanos, até mesmo em povos que nunca
haviam tido contato entre si.
América Latina: Embora não seja um
dragão no sentido tradicional, Quetzalcoatl,
na mitologia asteca, é frequentemente repre-
sentado como uma serpente emplumada, e
sua imagem tem semelhanças simbólicas com
as representações de dragões. Na mitologia
indígena brasileira, o Boitatá é uma serpente de
fogo que protege as florestas. Embora não voe
como um dragão, sua natureza mítica e carac-
terísticas podem evocar imagens semelhantes.
Cristianismo Medieval: Em algumas
interpretações medievais cristãs, os dragões
frequentemente representavam forças malignas,
sendo, por exemplo, a forma teórica que o
diabo tomou ao se rebelar contra Deus na luta
pelo céu divino.
Culturas Asiáticas: Em várias culturas
do extremo leste-asiático, os dragões podem
ser reverenciados ou temidos, dependendo
da tradição específica. Na mitologia japonesa,
por exemplo, existem dragões que podem ser
tanto benevolentes quanto malignos. Já na
mitologia chinesa, os dragões são geralmente
considerados criaturas boas, associadas à
fertilidade, ao imperador e à boa sorte. No
entanto, também há relatos de dragões que
causam desastres cataclísmicos.
Europa Medieval Ocidental: Durante
a Idade Média na Europa, dragões eram
frequentemente representados como sím-
bolos monstruosos, muitas vezes associados
a histórias de cavaleiros e princesas, sendo
gananciosos, ambiciosos e possessivos. E
nas tradições nórdicas, em especial, dragões
eram frequentemente vistos como criaturas
malignas e eram temidos por suas habilidades
de destruição e sedução.
Oriente Médio: Em algumas histórias do
Oriente Médio, os dragões são vistos como
seres ameaçadores, ardilosos e capazes de
manipulações e disfarces.
Adjetivo draconiano: O adjetivo português
“draconiano”, existente desde o último quarto
do século XIX e normalmente empregado
para qualificar leis ou medidas severas e tirâ-
nicas, nasceu em referência a Draco, também
conhecido em nosso idioma como Dracão, um
legislador de Atenas no século VII a.C.
Esse Medo espalhado por todo o globo
terrestre, durante tantos anos, é mais do que o
suficiente para levantarmos a seguinte questão:
“Onde estão os dragões que o Outro Lado deve
ter vomitado em nossa Realidade?”
31
MEDO DA
DRAGONESA
Helena Drachenherz, conhecida como “A
Dragonesa'”, tem pelo menos dois mil anos
de idade, talvez mais. Dragões podem ser
assassinados, mas até onde se sabe, nunca
morrem de velhice, assim como qualquer outra
criatura do Outro Lado. Contudo, seguindo
o mito que deu origem à besta paranormal,
quanto maiores e mais antigos, há mais chances
de um dragão atrair investigadores e agentes
dispostos a “livrar o mundo de sua ameaça”.
Helena busca justamente isso: sobreviver.
Dragões valorizam a própria vida acima de
tudo, e ela não é exceção. Fazendo uso dos
poderes concedidos pela Entidade Morte,
além de trazer destruição, também é capaz
de manipular os sentidos, assumindo formas
humanas. Foi assim que conquistou um lugar
em nossa sociedade e faz o que pode para
esconder sua “natureza paranormal“.
Na forma humana, Helena tem a aparência
de uma mulher linda de quarenta anos, de corpo
esbelto e cabelos tingidos de um platinado
poderoso. Apesar de não estar limitada a essa
forma, essa passou a ser sua “casca“ original. Na
época em que foi “vomitada“ pelo Outro Lado
para a Realidade, a figura feminina era constan-
temente associada ao pecado e à tentação, além
da relação com o oculto e o macabro.
Sua discrição é parte do terror que ela
oferece, sendo uma ameaça quase impossível
de ser identificada, embora alguns traços de
sua personalidade dracônica transpareçam,
alimentados pelos mitos que lhe deram origem.
É orgulhosa de seu poder, sua riqueza e suas
conquistas, dificilmente mostrando qualquer
tipo de modéstia. Despreza humanos, sentindo
imenso prazer em tomar vidas, sequestrar
pessoas, arruinar famílias, destruir cidades e
32
alastrar a Morte enquanto assiste o sofrimento
de sua cobertura luxuosa.
Mas uma criatura tão superior não seria
capaz de conservar seu anonimato por muito
tempo. Helena é uma milionária conhecida
mundialmente, proprietária de vários museus e
patrocinadora de expedições arqueológicas em
todo o mundo. Sua coleção de arte inclui peças
únicas, como um arsenal de itens amaldiçoados.
Todo esse esforço em reunir esses tesouros,
fruto do mito da ganância dracônica, também
permite que Helena viaje o mundo, espalhando
desgraça, sem levantar suspeitas da mídia.
Helena aprecia estar acima da podridão
humana, vivendo em uma luxuosa cobertura
no Rio de Janeiro (ou em outra grande cidade,
a critério do Mestre), um paralelo às cavernas
inacessíveis dos dragões medievais.
A RECOMPENSA
Helena tem sob suas garras, seja no topo de
seu arranha-céu, nos vitrais de seus museus ou
nas profundezas de suas escavações, tesouros
com milênios de existência. Além de ouro,
prata e pedras preciosas, o tesouro desta
dragonesa esconde itens amaldiçoados de
todos os Elementos, catalogados pela Ordo
Realitas ou nunca antes vistos.
Helena pode não ser apenas a grande vilã
de uma longa campanha, mas uma poderosa
aliada na luta contra outras terríveis criaturas,
graças aos artefatos que pode fornecer. Um
grupo de cultistas extremistas, por exemplo,
pode ser um problema para a Ordo Realitas e
para a Dragonesa. Contudo, ela nunca entrega
nada de graça e sempre está um passo à frente
daqueles que contam com sua ajuda. o

HELENA, A
DRAGONESA VD 380
MORTE  MEDO
CRIATURA  COLOSSAL
PRESENÇA PERTURBADORA
DT 45  9d6 mental
SENTIDOS Percepção 5O+20 [Percepção às
Cegas] | Iniciativa 5O+20
DEFESA 58
Fortitude 5O+25 | Reflexos 5O+25 |
Vontade 5O+25
PONTOS DE VIDA 1000 | Machucado 500
IMUNIDADES Condições de paralisia e
lento, efeitos e dano de Morte
RESISTÊNCIAS Dano 50
VULNERABILIDADES Energia
AGI 5 FOR 5 INT 5 PRE 5 VIG 5
DESLOCAMENTO 15m | 10,
voo 30m | 20
ESCAMAS DRACÔNICAS Alimentada pelas
lendas da impenetrabilidade dos dragões,
quando está em sua forma dracônica, suas
escamas a tornam imune a qualquer tipo de
dano, incluindo Energia. Qualquer ataque
contra Helena só causa dano se atingir o único
ponto fraco de suas escamas, uma brecha no
lado esquerdo do tórax. Para achar a brecha, o
personagem precisa gastar uma Ação Completa
e fazer um teste de Percepção (DT 40). Além
disso, para atingi-la, precisa realizar a ação Mirar.
Qualquer dano em área que abranja a brecha
ainda tem 50% de chance de não causar dano, a
menos que o causador do dano tenha usado a
ação Mirar.
SABEDORIA ANCIÃ Helena existe há
muitos séculos e já viveu incontáveis vidas. Ela
é considerada Expert em todas as perícias e
sempre faz os testes com 5O+25.
MAGIA DRACÔNICA Helena herdou o mito
dracônico e, consequentemente, a natureza
mágica que vem com ele. Sem precisar de
muito esforço, aprendeu incontáveis rituais
durante sua extensa vida. Ela é capaz de
conjurar qualquer ritual de Conhecimento,
Morte e Medo, sem precisar de componentes
ritualísticos, perda de SAN ou gastos de PE.
Contudo, ela é limitada a 10 conjurações por
cena, recuperando todas as conjurações após
um descanso. Além disso, ela também pode
conhecer efeitos ritualísticos que vão além das
magias listadas no livro, a critério do Mestre.
AÇÕES
PADRÃO  AGREDIR
MORDIDA Corpo a corpo
Teste 5O+40 | Dano 4d12+30 perfuração
ou Morte
GARRAS Corpo a corpo x2
Teste 5O+40 | Dano 4d10+30 corte ou Morte
CAUDA Corpo a corpo
Teste 5O+40 | Dano 2d12+30 impacto
ou Morte
PADRÃO  AGREDIR
ARMA BRANCA Corpo a corpo x2
Teste 5O+40 | Dano 2d12+30 corte,
impacto ou perfuração
ARMA DE FOGO Distância x3
Teste 5O+40 | Dano 2d10+30 balístico
PADRÃO  ATAQUE MÚLTIPLO
Helena pode realizar três ataques com uma
ação padrão.
PADRÃO  SOPRO DE MORTE
Helena solta um sopro de fogo sombrio
que rapidamente se condensa em lodo
corrosivo. O sopro atinge todos os seres em
um cone de 90m, causando 20d6+20 pontos
de dano de Morte (Reflexos DT 40 reduz à
metade). Ela só pode usar esse sopro três
vezes por cena e recupera um uso por
descanso que realiza.
PADRÃO  RUGIDO ATERRORIZANTE
Helena emite um rugido grotesco. Os sons
que projeta vão além do terror natural,
abalando a alma e trazendo sentimentos de
morte e desapego. É como uma trombeta
que anuncia o fim de tudo, alertando para
que todos abandonem suas esperanças.
Qualquer ser que escute o rugido dentro de
10km fica abalado. Qualquer ser que escute
o rugido em alcance longo fica apavorado e
sofre 10d8 pontos de dano mental. Qualquer
33
 ser que escute em alcance médio também
fica atordoado por uma rodada. Teste de
Vontade (DT 40) evita metade do dano,
apavorado e atordoado, mas não abalado.
Helena só pode usar esse rugido três vezes
por cena e recupera um uso por descanso.
PADRÃO  DISSIMULAÇÃO
Helena é capaz de se metamorfosear em
seres humanos ou animais, assumindo
inclusive a voz e os trejeitos mais comuns.
Suas estatísticas permanecem, mas suas
habilidades são limitadas pelo novo corpo
(se o corpo não tem garras, ela não ataca com
suas garras, por exemplo). A dissimulação
de Helena pode ser notada com um teste de
Intuição (DT 40).
REAÇÃO  AGARRÃO
Se Helena acertar um ataque de cauda,
pode tentar agarrar o alvo (teste 5O+50). Ela
pode manter até quatro personagens de
tamanho Médio agarrados por vez com sua
cauda colossal.
LIVRE  CONSTRINGIR
No início do seu turno, Helena aperta os
personagens agarrados, causando 40 pontos
de dano de impacto ou Morte.
34
ENIGMA DE MEDO
Não há nada que impeça a exis-
tência de dragões paranormais de
outros Elementos, mas Helena é
fruto da Morte. Para além disso,
é a encarnação da Morte. Não da
Morte ceifeira, lenta e inevitável,
mas da Morte desastrosa, cataclís-
mica e aterrorizante.
Nos poucos arquivos de sua aparição
na história humana, cidades foram
destruídas. Reinos colapsaram. Há
tantas perdas que se torna quase im-
possível registrar adequadamente.
Contudo, se Helena é tudo o que
um mito draconiano invoca, isso
também inclui suas fraquezas.
Talvez, as respostas para derro-
tar Helena, estejam nas grandes
lendas ou nos pequenos contos,
onde dragões encontram seu fim
na ponta de uma arma especial ou
no amor inesperado.
Arte de Greg Tocchini
35
ENTREVISTA
COM OS
EDITORES
J.M. Trevisan e Marcelo Cassaro
respondem perguntas dos Conselheiros
Edição comemorativa é sempre aquele
momento de revisitar o passado, tirar as
fotos velhas das caixas de sapato, contar
histórias. E quer jeito melhor de fazer isso
do que dando uma entrevista?
Convidamos nossos ilustres Conselheiros
para elaborarem as perguntas mais curiosas
e inusitadas para nossos editores, Marcelo
Cassaro e J.M. Trevisan. E eles não nos
decepcionaram!
Eu imagino que vocês não imaginavam o
TAMANHO que Tormenta alcançaria 25
anos depois de iniciar o cenário, mas em
qual momento veio a percepção de que
“Isso aqui é imenso, isso pode ser o tra-
balho das nossas vidas”?
— Victor Lucky
Trevisan: Olha, a primeira pista foi a Dragão
Brasil 50, porque naquela época, ter um
cenário de RPG completo, do tipo que a
gente gostava de jogar, parecia algo muito
alienígena para mim. Depois foi o lançamento
de O Inimigo do Mundo, porque ter
um romance baseado no cenário
era coisa de gente grande.
" O terceiro sinal foi a
volta da Dragão em
2016, com toda aquela
movimentação no
Facebook e a gente
quase sendo moral-
mente obrigado a
voltar. No fim, pode parecer meio estranho,
mas acho que essa sensação que você
descreve só veio mesmo em 2019, com o
financiamento de Tormenta20. Foi quando
eu pensei, “Ok, a gente é muito maior do
que imaginava. E não vamos embora tão
cedo”.
Cassaro: Demorei mais a acreditar, talvez
por testemunhar tantos grandes jogos que
vieram e foram. Claro que a campanha T20
foi impressionante, toda a repercussão,
atenção da mídia, resposta do público,
padrão de qualidade subindo às alturas. Mas
esse ponto de virada, para mim, foi outro.
No início de Tormenta não houve título em
que não trabalhei duro em quase todas as
etapas — concepção, textos, diagramação,
edição, às vezes até ilustrações. Dizem
que uma empresa é bem-sucedida apenas
quando não depende mais do trabalho do
fundador. Então, para mim, Tormenta se
tornou grande mesmo quando vieram os
primeiros livros que não precisei fazer.
"Sempre digo
que uma ideia
não vale nada
se não é
executada."
37
Vocês deram visibilidade e oportunidades de Qual seria seu spin-off dos sonhos com
crescimento a alguns nomes já lendários do outra temática que você adoraria fazer
mercado editorial de RPG e quadrinhos do usando as regras do T20? (Ainda estou
Brasil, e imagino que isso deva ser motivo esperando o Ação T20).
de orgulho. Quais foram algumas das pesso- — João Lira
as mais legais que passaram pelo aval dos
senhores nessas quase 3 décadas e meia? T: Olha, já deram tanta ideia nesse sentido
no decorrer dos anos… Talvez um Tormenta
— Victor Lucky pós-apocalíptico? Ou uma versão sem cria-
T: Eu não tenho como deixar de citar primeiro turas de fantasia, passada no mundo real,
meu grande parceiro de começo de carreira, em que a Tormenta é a ameaça da vez, tipo
Greg Tocchini, que hoje é um monstro que filme de catástrofe. Filmado pelo Michael
encanta o mundo. Tem também meu irmão Bay, inclusive.
que se foi, Lobo Borges, e o Dan Ramos, C: Atualmente? Império de Jade. O sonho
que talhou a cara de Tormenta na era T20. vai se realizar? Ou não?
E aí vem uma galera: Rod Reis, Joe Prado,
Erica Awano. O Samuel Marcelino e a Kali
de Los Santos, para citar uma leva mais
recente, porque ele literalmente surgiu na DB.
C: O Mauro já citou muitos principais,
incluindo minha eterna parceira no crime
Erica Awano. Acrescento aqui Erica Horita,
Lydia Megumi, Gislene Mayumi, Petra Leão,
André Valle, André Vazzios, Edu Francisco,
Edu Ferrara, Rafael Françoi e, claro, Rogerio
Saladino. Mais recentemente, o incrível
Pietro Antognioni. E uma menção honrosa
a seguir.
Como já devem saber, a DB retornou em
versão digital após uma adaptação de
Stranger Things, por iniciativa do Trevisan.
A imensa repercussão indicou existir público
para uma volta da revista em definitivo.
Naquele início ele sugeriu que a revista
tivesse um conselho editoral, formado por
nós autores de Tormenta. Eu disse que não:
a antiga DB funcionava porque uma só pessoa
tomava as decisões (na época, eu). Após a
Stranger Things, o Mauro provou que podia
fazer aquilo. “Tem que ser você” — eu disse.

38

38
Qual a sua matéria preferida na história da
revista? Teve alguma matéria que você se
arrependeu de ter publicado?
— Francisco Duque
T: Eu não guardo detalhes, mas eu gostava
muito das adaptações que fiz de Arquivo
X e Resident Evil. Era uma época em que
adaptação era quase uma fanfic mesmo.
Se ia adaptar para Vampiro, por exemplo,
não colocava só as fichas. Eu juntava o lore
da série com o do RPG e tentava fazer as
coisas do jeito mais lógico possível. E o que
a gente não sabia, inventava. Eu não me
arrependo de nenhuma matéria, mas abri
espaço para gente que não devia na época
da DB impressa. Se eu pudesse voltar no
tempo, dava com a porta na cara. :)
C: Bem no início, boa parte do conteúdo
eram meus projetos pessoais ou materiais
de jogo; se tenho que escolher uma única
matéria, fico com a estreia de Mestre Arsenal
na DB1 — que foi vilão em minha primeira
campanha como mestre, e acabou sendo a
semente primordial de Tormenta. Claro que,
começando hoje — ou mesmo uns dez anos
depois —, faria muita coisa diferente. Mas com
os recursos e o público da época, a DB se
saiu extremamente bem. Foi carro-chefe da
editora e líder de mercado na era de ouro das
revistas impressas. Todos que a criticavam e
tentavam algo diferente, falhavam.
Uma pergunta que SOMENTE o Cassaro
pode responder!!!! Afinal, onde diabos fica
o reino de Jallar???
— Luan Ferreira
C: Responder a essa pergunta não vai trazer
absolutamente nada de bom, apenas tirar do
mestre a chance de situar o reino onde cabe
melhor em seu jogo. Por isso não aparece
em mapa nenhum. Mas EU sei onde fica. ;)
Yusuke Urameshi é mais forte que Naruto
Uzumaki? Zorro venceria o Conde de Monte
Cristo em um duelo? Jaime Lannister pode-
ria vencer Saito (Rurouni Kenshin)?
— Bruno Vieira
T: Hoje em dia ganha quem a pessoa que
escreveu a fanfic quiser.
C: Não, sim e não.
Vale pros dois: qual o maior orgulho que
teve durante toda a sua carreira? E qual o
maior arrependimento?
— Pedro Henrique Ramalho Dias
T: Meu maior orgulho é ter aproveitado as
chances que me deram e poder fazer o
mesmo por outras pessoas. Toda vez que
alguém surge na revista e cresce na carreira,
fico feliz como se fosse comigo. Também tive
muito orgulho quando pude levar meus pais
num evento de RPG. Eles não entenderam
muita coisa, mas tiveram uma noção do meu
trabalho pelo menos. Arrependimento… talvez
eu pudesse ter sido um pouco mais sério e
dado menos trabalho para o Cassaro quando
ele era o editor da revista. Eu poderia ter feito
mais HQs muito mais cedo também.
C: Sempre digo que uma ideia não vale nada
se não é executada. Nos anos 80-90, quando
as revistas de games explodiam nas bancas,
não havia nada sobre RPG — que eu havia
recém-descoberto com meus amigos. Tive
essa ideia, mas também trabalhei muito para
torná-la real, em uma editora ainda pequena
e sem recursos, com equipe mínima. Escrevia
quase tudo e ilustrava tudo — as duas ou três
primeiras edições tinham apenas desenhos
meus, outros ilustradores só chegariam mais
tarde. Levando em conta tudo que a DB fez,
todas as pessoas que influenciou, revelou ou
formou, então é meu maior orgulho. Quanto
a arrependimentos, nem sempre fui um chefe
fácil ou paciente.
39
Qual o ponto mais difícil da carreira, aquele
em que vocês pensaram: não dá mais, não
dá mais pra continuar.
— Paulo Vinicius
T: A Dragão (e Tormenta) teve uma outra
editora originalmente e nossa saída de lá
não foi amigável. Eu senti muito o golpe e
por um bom tempo não quis mais saber de
escrever sobre RPG. Fui fazer outras coisas
e ficava até meio irritado quando alguém se
referia a mim só como autor de Tormenta. O
jogo em si continuou sem mim, mas eu tinha
dúvidas se ia querer voltar. A gente inclusive
não tinha qualquer vontade de trazer de volta
a Dragão Brasil, até então. Hoje a história
toda ficou enterrada e a revista está aqui.
Tem uma lição aí em algum lugar.
C: Após mais de cem edições da DB eu
estava muito cansado, comecei a ensaiar
minha saída. A animação de Holy Avenger
dava sinais de começar (acabou não aconte-
cendo por motivo de estava-ficando-ruim-e-
-eu-reprovei, mas isso é assunto para outra
entrevista) e eu queria estar envolvido na
produção. Pouco depois, Maurício de Sousa
me convidou (sim, ele mesmo, pessoalmente)
para escrever Turma da Mônica Jovem, o
que se tornaria meu trabalho principal
durante os anos seguintes. Ainda
cuidei da DragonSlayer em seus
primeiros anos, e escrevia
Tormenta esporadicamente,
voltando em definitivo apenas
em T20. Também voltaria na
DB digital, em Dicas de Mestre e
Pergaminhos dos Leitores, até o cresci-
mento de Tormenta acabar tornando isso
pesado demais.
40
Queria pedir que ambos listem algum per-
sonagem favorito criado por outro autor
de Tormenta.
— João Lira
T: Eu sempre gostei do Luigi Sortudo, que
aparece em Holy Avenger. Também gosto
da Paladina, de Holy Avenger: Paladina.
Gosto de como o Leonel escreve os deuses
do Panteão, e pode botar na conta todos os
personagens que o Guilherme interpretou
na Guilda do Macaco.
C: Impossível “listar algum personagem”
porque, por definição, uma lista deve conter
mais de um item (desculpe). Mas são muitos.
Todos os principais na Trilogia Tormenta,
sobretudo Zebediah Nash. Khalmyr, Nimb
e Vladislav, clássicos eternos. James K.,
não resisto a uma referência de Star Trek.
Maquius, não pude deixar de incluí-lo em
Deus da Guerra. Gwen, sempre dizendo a
verdade, conforme as obrigações e restrições
de Tanna-Toh — justamente o que eu queria
ver quando as inventei.
"Eu tenho
LEDD
para
terminar
e ainda
falta um
bocado."
Atualmente, qual a parte do cenário que
vocês têm mais prazer ou interesse em
escrever? E qual a mídia em que estão
mais interessados (romance, quadri-
nhos, livros de RPG mesmo, etc)?
— Eduardo Set
T: Eu gosto muito de Aslothia, mas
acho que o que mais me interessa em
Tormenta hoje são as consequências
do pós-guerra e da queda da Flecha de
Fogo. Muitas catástrofes aconteceram de
uma vez só, muita coisa mudou. De que
maneiras sutis transformaram Arton? Que
histórias há para contar aí nesse meio?
Não sei em qual mídia. Eu tenho LEDD
para terminar e ainda falta um bocado.
C: Meus atuais lugares favoritos são
aqueles que escrevi ou editei pessoal-
mente no livro básico e Atlas de Arton:
Academia Arcana, Vectora, Galrasia,
Sanguinárias, Uivantes, Nova Mapletrim,
Tamu-ra. A exceção é Valkaria, que o
Leonel Caldela vem cuidando lindamente,
mas meu coração ainda está ali. Sobre
mídia, nunca serei feliz enquanto não
puder continuar fazendo quadrinhos.

Por que as metalianas têm... *cof* *cof* Desculpe, ato reflexo. De onde
exatamente veio a ideia dos metalianos? Sabemos que tinha a revista do
Jaspion e que o Kursor era vilão lá, mas isso veio por acaso para aquela
história e então cresceu? Ou era algo que já alugava um kitnet na sua ca-
beça e que calhou de encaixar ali?
— Tiago Soares
C: Eu tinha mesmo esse mau hábito de enfiar meus próprios personagens em
trabalhos comerciais! Milhões de anos atrás eu não pensava em ser escritor ou
roteirista, apenas desenhista. Fazia ilustrações de fantasia e ficção científica em
meu tempo livre. Entre montes de criaturas estranhas, os metalianos estavam
ali. Mais tarde, quando desenhava HQs dos Trapalhões, uma enxaqueca crônica
(provavelmente) causada por excesso de trabalho me obrigou a parar de
desenhar por um tempo. Então quis escrever um livro de ficção científica. Os
metalianos acabaram como protagonistas — porque eu, nerd recluso clássico,
não sabia o bastante sobre seres humanos para escrever sobre eles.

41
Qual universo você gostaria de adaptar
para um RPG se recebesse carta branca
da empresa?
— Francisco Duque
T: Eu não sou um cara muito de sistemas,
mas acho que um RPG de Tudo Em Todo
Lugar Ao Mesmo Tempo seria incrível.
C: Não posso contar porque é algo que
pode mesmo acontecer, se tudo der certo. ;)
Cassaro, o que aconteceu com a RPGMas-
ter, que só teve duas edições? Parou porque
a editora quis ou porque já havia decidido
ir pra DragonSlayer?
—Diogo Almeida
C: A editora da RPGMaster não tinha uma
equipe, voltar a cuidar inteiramente de uma
revista como no início da DB acabou inviável.
A DSlayer, em uma editora de RPG, foi uma
casa muito mais acolhedora.
Foi difícil dividir o cenário com os autores
mais jovens ou isso foi algo natural para
vocês?
— Gounford Thiago
T: Isso sempre aconteceu, mas hoje em dia
existe um fator prático: Tormenta é enorme e
a gente não consegue fazer absolutamente
tudo. Conseguimos elaborar, guiar, ajudar,
editar, conduzir. Mas a gente precisa de
gente nova que possa escrever e também
auxiliar uma renovação, se não o cenário fica
estagnado e morre. Nesse sentido, Tormenta
está longe de morrer.
C: Como disse, só considero Tormenta
bem-sucedido porque não depende mais
do trio original, novos autores agora cuidam
disso. É sempre interessante ver como eles
interpretam esse mundo. Ou nem sempre.
Puxo orelhas às vezes. XD
42
Olhando para trás nestas últimas duzentas
edições, e todas as mudanças que ocorre-
ram no cenário de RPG, o que vocês acham
que foi a principal mudança para melhor?
E o que era melhor lá atrás?
— Rafael Baquini Bueno
T: Hoje o RPG é mais democrático, menos
machista em seus espaços, mais consciente
com as minorias. É mais fácil explicar a
alguém o que é RPG porque o hobby já fez
parte, de alguma forma, da experiência de
todo mundo. As streams divertem e servem
de exemplo de como é jogar um sistema, o
que é muito útil para todo mundo. Tudo isso
é melhor do que antes. A única coisa que
era mais legal na época, para mim, é que eu
conseguia criar com menos responsabilidade,
no sentido de não ter o peso de 30 anos
de carreira nas costas. Eu fazia o que dava
vontade e era isso aí.
C: É fácil entender como se joga RPG hoje em
dia, graças ao milagre dos vídeos online. Sem
esse apoio, a antiga DB precisava oferecer
muito mais material introdutório, para ensinar
o leigo total — como aventuras-solo, e as
próprias edições especiais 3D&T. Ainda, a
diferença entre publicar uma revista digital e
uma revista impressa, distribuída em bancas,
é brutal. Quando a antiga DB ficava pronta
e enfim partia para a gráfica, passava-se um
mês antes de começar a chegar aos leitores.
Havia a limitação de páginas, impossível ter
uma edição com algumas páginas a mais ou a
menos, como hoje. Também não foram raras
as vezes em que um colaborador deixou de
entregar um trabalho, fosse texto ou arte,
então eu mesmo improvisava algo; a maioria
das minhas HQs no final da revista foram
feitas na correria, coisa de dois dias, para
substituir outra que não veio.

O ano era 1994 ou talvez um pouco antes,
um Dr. Careca, um Paladino e um Bárba-
ro de Mangual se encontram para decidir
o futuro do RPG do Brasil. Diante de um
artefato arcaico para os dias atuais, com
seus poderosos megas de armazenamento
e kbytes de velocidade, me digam, ó sábios,
qual foi a grande inspiração para a primeira
e lendária revista de número 1? Nada mais
nobre e lendário que após 200 encarnações
relembremos esta história antiga.
— Anderson Rosa
T: Olha, curiosamente nem eu nem o Rogerio
Saladino estávamos na primeira edição
da revista. Na verdade, eu acompanhei o
lançamento como público e só fui entrar para
a equipe pouco menos de um ano depois,
mais ou menos.
C: A inspiração, como disse, foram as mui-
tas revistas de videogames nas bancas,
mas nenhuma de RPG. Eu sabia sobre a
existência de vários títulos estrangeiros —
alguns números chegavam às livrarias de
importados. RPGs traduzidos começavam
a aparecer: Aventuras Fantásticas, D&D,
Gurps, Vampiro. Sem nenhum veículo em
nossa língua para falar sobre. Um segmento
inteiro apenas esperando para ser explorado,
sobre meu jogo favorito. Eu já trabalhava
com a Progames e Gamers, sabia conduzir
uma revista. Ah sim, também precisava de
um emprego melhor para pagar o aluguel
depois de me mudar para São Paulo! Então
a DB aconteceu.
Qual foi o maior embate criativo que vocês
tiveram nessas 200 encarnações?
— Anderson Rosa
T: Houve alguns, mas acredito que a gente
sempre conseguiu se manter no reino da
discussão profissional. Tem um que meio que
ficou famoso. Quando fiz o personagem Dee,
o sumo-sacerdote de Nimb, ele usava duas
maças como arma. Eu achava contrastante ter
um cara meio bobo da corte carregando duas
armas tão ameaçadoras. Quando a revista
impressa chegou, as maças tinham virado
dois… pirulitos. O Cassaro me explicou que
ele e a Erica haviam achado mais divertido
assim, mas eu fiquei inconformado por uns
dois anos. Hoje já passou, principalmente
depois do que o Leonel fez com isso na
Trilogia Tormenta e da representação feita
pela própria Erica recentemente em Holy
Avenger: Paladina. Os pirulitos venceram.
C: Não foram tantos quanto vocês pensam.
Mas um caso recente são as obrigações e
restrições de Valkaria. Em Tormenta20, além
da restrição antiga (viajar o tempo inteiro),
eu adicionei que os devotos são proibidos
de união estável, porque Valkaria detesta
comodismo. Houve resistência dentro e
fora do círculo de autores — Guilherme,
genuinamente preocupado com os leitores,
achava algo triste. Na fase de playtest houve
mimimi, “Ain, a deusa não me deixa casar,
não gosto mais!” Eu bati o pé, insisti. Então a
queridíssima Camila Gamino, em sua própria
mesa, desafiou a deusa pelo direito de casar.
Como eu queria que os jogadores fizessem.
43
Como é trabalhar com Tormenta por mais
de duas décadas? Como você imagina que
os jovens Trevisan e Cassaro iriam reagir
vendo onde o cenário chegou? E quais his-
tórias vocês gostaram mais de desenvolver
nesse tempo todo?
— Enzo Venturieri
T: Eu não sei se o meu eu jovem ficaria
muito surpreso no fim das contas. Eu era
muito seguro, quase arrogante. Não me
lembro de menosprezar bons trabalhos,
mas eu tinha certeza que o que eu fazia
era muito bom. Já o meu eu do meio dos
anos 2000, baqueado por várias coisas que
aconteceram, ficaria muito aliviado. Sobre
a segunda pergunta, acho que uma delas
foi a Guilda do Macaco, nossa primeira
stream, que deu origem ao Nargom. Foi meu
primeiro personagem preto e o primeiro que
eu realmente criei em mesa como jogador
e foi parar no canône, desenvolvido na
frente dos fãs. E LEDD. A série já ocupou
mais de 10 anos da minha vida, me deu e
tirou um dos melhores amigos que já tive.
Já é parte de mim.
C: Não imaginava Tormenta superando os
grandes jogos de antigamente, durando
tanto. Acreditava que eu mesmo seguiria
produzindo seus títulos até cansar, então
tudo acabaria: hoje, são muitos outros
autores cuidando de Arton. Quando a
animação da Holy quase aconteceu, eu
sonhava que essa produção pudesse dar
empregos a muitos artistas como eu — mas
foi Tormenta que acabou realizando esse
sonho, me libertando para outras ideias
e projetos, como o atual 3DeT Victory.
Sobre minhas histórias preferidas, Holy
Avenger sempre estará no topo da lista,
seguida por A Libertação de Valkaria,
Contra Arsenal, 20Deuses, Deus da Guerra
e Holy Paladina.
44
Primeiro gostaria de agradecer por todo
esforço feito durante esses anos pra facili-
tar a chegada do RPG para um público com
menor poder aquisitivo. Tendo isso como
base, vocês conseguem relatar momentos
em que afirmam que investir tempo nisso
valeu a pena?
— Marcus Vinicius Rodrigues Oliveira
T: No financiamento de 2019, eu passei uma
boa parte do dia em live e a Camila passou
o dia todo no trabalho. Foi aquela loucura,
a gente batendo meta atrás de meta. E aí
quando ela chegou em casa, invadiu meu
escritório chorando e me deu uma abraço.
Foi bem ali.
C: A cada notícia de alguém que descobriu
o RPG graças à DB. Alguém que encontrou
sua vocação, fez grandes amigos, conheceu
seu grande amor, superou uma fase difícil,
ou evitou um caminho muito errado. Vidas
mudaram para melhor. Pessoas foram salvas,
foram felizes. Fizemos muito bem a muita
gente.
Se idioma/disponibilidade não fosse um
problema, qual(is) autor(es) vocês gosta-
riam que escrevesse(m) histórias baseadas
no universo de Tormenta, e por quê?
— Nicole Mezzasalma
T: Eu acho que ia querer aquela coisa clichê
de “Pegue o conceito e faça o que quiser
com eles”. Queria ver caras como Neil
Gaiman e Grant Morrison se virando. Ou
alguma doideira do Chuck Palahniuk. Se
for algo tradicional, um conto pela Margaret
Weis. Foi com ela que tudo começou para
mim.
C: Uma série animada pelo Studio Trigger
já estaria bom.
Qual seria a recomendação de vocês para
se tornar um escritor de sucesso?
— Romulo Bartalini
T: Eu sei como se tornar um escritor, e o
único jeito é escrevendo. Não se escreve
com ideias. Uma ideia não desenvolvida é
uma ideia morta. Agora, sobre “ter sucesso”...
eu acho que é agradar a si mesmo, com
moderação. Se você não se interessa pelo
que quer escrever, não há como outras
pessoas se interessarem.
C: Sucesso é relativo. Ganhar a vida
escrevendo pode ser considerado sucesso.
Ser premiado, também. Um círculo de fãs
curtindo seu trabalho, também. Apenas
seguir publicando o que você ama escrever,
também. Para qualquer destas metas, o mais
importante é gostar de escrever, e então
querer fazê-lo bem. Se ignora a gramática
achando que “depois o revisor conserta”,
você não gosta de escrever. Se não reserva
uma parte do dia para isso, todos os dias,
você não gosta de escrever. Ninguém gosta
de algo quando não se dedica a esse algo
por livre vontade. E então? Você gosta de
escrever? Por que não está escrevendo?
Se fosse possível alterar, adicionar ou re-
mover algum detalhe bobo, canonicamen-
te, em Tormenta, o que seria?
— Mikael Santana
T: Eu teria feito a Shivara uma mulher preta.
Não é um detalhe bobo, mas é algo que
quase aconteceu e eu mudei de ideia não
sei por quê.
C: Niele não seria elfa. Era a elfa mais
famosa de Tormenta, mas oposta a tudo
que decidimos sobre os elfos. Por isso, na
Holy Paladina, voltou como qareen.
Pergunta de origem! Como vocês conhe-
ceram RPG e como vocês se conheceram?
— Henrique Castro
T: Nós jogávamos RPG no mesmo lugar,
um shopping em São Paulo, no bairro da
Pompeia. Eu fazia um fanzine com o Greg
Tocchini e a DB publicava quadrinhos. Eu
achava que a gente podia fazer melhor,
e fomos mostrar nossa publicação para o
Cassaro, que já era editor. Meu roteiro não
era lá essas coisas, mas o desenho do Greg
garantiu a entrada.
C: Foi isso mesmo, e o fato de que ele escrevia
Vampiro, nem de longe meu jogo favorito!
Sim, eu escrevia para Vampiro, mas graças
ao Trevisan não precisava fazê-lo sempre.
Primeiramente vou deixar aqui minha pro-
funda gratidão e admiração pela contribui-
ção inestimável que vocês trouxeram para
o cenário nacional de RPG. É lindo ver a
Tormenta transcender fronteiras e é inegá-
vel a dedicação e paixão pelo cenário. Isso
reflete na qualidade do que é produzido, na
legião de jogadores/as, nas histórias incrí-
veis, e nas horas de diversão que o cenário
já nos proporcionou e continua a propor-
cionar. Pensando nas últimas conquistas,
quais são suas maiores expectativas para
Tormenta no futuro?
— Yuki Hiro
T: A aposta dobra todo ano, né? Eu espero
que a gente consiga ampliar ainda mais o
nosso alcance. Agora que temos os pilares
de Tormenta publicados — T20, Ameaças e
Atlas — fica mais fácil traçar o curso.
C: Espero ver Tormenta publicado em outros
idiomas e ganhando mais títulos em outras
mídias, sobretudo audiovisual e games. O
recente curta, O Despertar Rubro, pode ser
um importante primeiro passo. Vamos torcer.
45
Qual a matéria de adaptação deu mais tra-
balho de fazer? Qual foi a adaptação de
maior sucesso ou repercussão?
— Marcelo Bicalho
T: Eu não adapto nada há décadas.
Normalmente dava polêmica coisas muito
famosas com sistemas que não necessa-
riamente tinham a ver. O Guilherme estava
lembrando ontem de Star Wars para AD&D,
em que o Darth Vader era um disfarce de
um gnomo. Sucesso e repercussão deve ter
sido Dragon Ball, escrita pelo Thiago Rosa
quando era adolescente.
C: Não recordo de nenhuma especialmente
difícil, mas quase todas foram trabalhosas.
De longe, aquelas de maior sucesso foram
as capas de Pokémon e Dragon Ball Z, no
auge das respectivas séries.
46
Vocês têm boas lembranças de algo que
aconteceu em seus aniversários e envolva a
Dragão, Tormenta, 3DeT, etc? E já agradeço
o presente, pois a DB 200 sairá no meu
aniversário \o/
— Victor Hugo de Paiva
T: Olha, acho que não. Eu faço aniversário
em janeiro, que é quando tudo dá uma
acalmada…
C: Uma vez, enquanto trabalhava, me fize-
ram uma festa surpresa na editora. Eu era
extremante rabugento antissocial, detestava
essas coisas. Até hoje sou conhecido por
querer, como presente de aniversário ideal,
ser deixado em paz.
Que matéria deixou vocês mais animados
para escrever por falar de um assunto que
vocês adoram?
— Victor Hugo de Paiva
T: Eu fiz uma coluna na DB atual sobre
Stephen King, e eu adoro Stephen King.
Também gosto da Mestrando de Ouvido
2, em que botei minha playlist global para
tocar e fui fazendo ganchos de aventura
baseados nas músicas enquanto elas
tocavam. Isso me dava de 2 a 4 minutos
para inventar e escrever cada um. Foi
muito divertido.
C: Acho que poucas vezes escrevi
sobre algo que não gostasse — veja
bem, eu era o editor e podia esco-
lher. Na DB atual, posso dizer que
fiquei animado com a adaptação
de Overwatch, meu game favorito
por bons anos, até o jogo acabar.
“Mas Cassaro, agora tem Overwatch
2 que…” QUE PENA, O JOGO ACABOU,
PRA SEMPRE.
Quais as opiniões de vocês sobre RPG que
mudaram com o tempo?
— Sascha Borges Lucas
T: Eu sempre fui muito tradicionalista, inimigo
da galhofa. Acho que aliviei um pouco, mas
não 100%. Eu também tinha a tendência de
ignorar soluções modernas como a sessão
zero. Hoje procuro ouvir com atenção e
avaliar com mais calma se é algo que pode
ou não ser útil para a gente.
C: No ano 2000 veio a Licença Aberta D20,
com a promessa de que “você nunca mais
vai precisar aprender outro sistema de RPG”.
Parecia uma solução perfeita, achava um
obstáculo desnecessário ter que aprender
outras regras para jogar outro cenário.
Adaptava tudo para D20. Hoje não penso
mais assim, cada gênero ou mundo é melhor
com regras adequadas — o próprio 3DeT não
comporta Tormenta tão bem quanto T20.
Existem muitos quadrinhos que, hoje, só
existem no final de certas edições da DB,
porque eles nunca mais foram republica-
dos? “No templo do Inseto-Rei” tem seu es-
paço certinho na linha cronológica de HA.
— Sascha Borges Lucas
T: Acho que principalmente pela falta de
originais, não?
C: Durante bons anos a DB foi a única revista
publicando HQs nacionais regularmente —
mas não recebia nenhum reconhecimento
no meio, e isso era frustrante. Até cogitamos
um almanaque reunindo essas histórias, mas
abandonamos a ideia (nem adianta pedir,
você pensou/ia pensar nisso, mas esses
arquivos não existem mais). Inseto-Rei, no
entanto, teve um remake com mais páginas
na DragonSlayer.
"[...] dizem que
a fórmula da
prosperidade é
sacrificar o
conforto presente
em nome do
conforto futuro."
Qual a história mais engraçada que você
tem sobre Tormenta?
— Diego Francisco Wolf
T: Na época em que estávamos concebendo
o Reinado, eu estava jogando Final Fantasy
IX, em que o protagonista, Zidane, tem
rabo. Achei que seria legal fazer um reino
em que todo mundo tem uma característica
física diferente, e aí queria botar rabo em
todo mundo. Então o Cassaro me contou
que em Dragon Ball o Goku tinha rabo, e
na época eu odiava anime e mangá. Na
minha gaveta tinha uma história sobre um
humano que tinha um olho de cada cor,
mas eu já tinha perdido a esperança de
desenvolvê-la, então usei a ideia em Collen.
Essa história era LEDD.
C: Nos tempos da DB eu não bebia álcool.
Um dia, uma edição capa dura de Tormenta
saiu completamente errada, terrível mesmo.
No caminho de casa passei no mercado,
peguei um vinho e o esvaziei todo naquela
noite. Não percebi nenhum efeito até tentar
subir a escada para o quarto e achá-la meio
longa demais. Não sei quanto tempo fiquei
ali, até o Trevisan telefonar, conferindo meu
estado lastimável.
47

Quando vocês começaram não havia mui-
tas referências nacionais de profissionais li-
gados ao RPG (que já trabalhassem no meio
há muito tempo). Hoje vocês ocupam esse
espaço, servindo de referência para novos
autores e escritores. Como é ser essa 1ª
geração de autores de RPG “mais velhos”?
— Denis Carvalho
T: Na real eu faço parte quase de uma
segunda geração. Ou de uma geração 1.5.
Antes de ser autor de RPG eu joguei Tagmar,
por exemplo, que foi o primeiro RPG nacional.
Fazer parte dessa leva e continuar na ativa
é uma honra e um privilégio. Quando eu
era criança e queria fazer quadrinhos, por
exemplo, meu pai me apoiava, mas eu fazia
questão de assegurar que eu faria outra
coisa para trabalhar, porque no Brasil “Só
48
o Maurício faz sucesso com quadrinhos”. E
agora, aqui estamos.
C: Nunca me considerei “primeira geração”
porque, como o Trevisan disse, houve outros
antes. Tagmar, O Desafio dos Bandeirantes,
Demos Corp. Talvez tenhamos sido, isso
sim, os primeiros totalmente focados no
crescimento do hobby. Por sua linha editorial
voltada a atrair e apoiar novatos, a Dragão
recebia muito, muito hate de grupos vetera-
nos. A própria palavra RPGista era rejeitada.
Pois então, dizem que a fórmula da prospe-
ridade é sacrificar o conforto presente em
nome do conforto futuro. Entre tentar agradar
um público chato pra caralho avançado que
não precisava de nós, ou formar a próxima
geração, seguimos aguentando o hate. Foi
a escolha certa e fez toda a diferença.
"Não se envolva
em tretas
desnecessárias."
Se a era dos smartphones tivesse chegado
aos reinos de Tormenta, que personagem e
que tipo de aplicativo eles provavelmente
desenvolveriam?
— Yuki Hiro
T: Nimb inventaria o primeiro site de apostas.
C: Klunc inventaria o iPresunto.
Quais são suas principais referências em
termo de criação artística?
— André Dorte dos Santos
T: Tenho escrito pouca prosa, mas uma das
referências é o já citado Chuck Palahniuk.
O próprio Stephen King. O Leonel é uma
influência forte, sempre. Em termos de RPG,
sem puxar o saco, são meus companheiros
de Tormenta mesmo.
C: Minhas primeiras referências vieram dos
quadrinhos — porque, antes de escrever, me
considerava apenas quadrinhista. Mauricio
de Sousa e Daniel Azulay, na infância.
Giorgio Cavazzano, da Disney italiana. John
Byrne, lenda dos comics. Johji Manabe, por
Outlanders, primeiro mangá que acompanhei
do começo ao fim. Hoje em dia, redescobri
o Conan de Robert E. Howard (foi forte
influência em Deus da Guerra) e alguns
excelentes mangás de fantasia: Frieren, Little
Witch Academia, Dungeon Meshi.
O que vocês diriam pro eu de vocês no
início da DB?
— Camila Gamino
T: Não se envolva em tretas desnecessárias.
Não confie em todo mundo. Entregue as
coisas no prazo. E nunca, nunca beba o
equivalente a uma garrafa de dois litros de
gin tônica.
C: Tire férias, seu workaholic imbecil!
Se fossem produzir um videogame de Tor-
menta, qual gênero de jogo escolheriam e
em que se basearia a história do mesmo?
— Marcus Rocher
T: Nem vou me atrever a responder essa.
Vai você, Cassaro!
C: Tormenta vai bem com qualquer gênero!
No departamento de sonhos quase impos-
síveis, queria ver um MMORPG parrudo,
como o atual Final Fantasy XIV. Mas também
ficaria feliz com um jogo de luta 2D usando
nossos personagens (acredite ou não, o
Torneio do Deus da Guerra foi inventado
com esse objetivo), ou um metroidvania
bonito como o recente Deedlit in the Wonder
Labyrinth.
Como vocês veem o mercado de RPG no
Brasil para agora e no futuro?
— Romulo Bartalini
T: Eu acho que estamos no melhor momento.
Em termos de produção, acho que as pessoas
encontraram seus nichos e os jogadores
e mestres têm o cardápio mais vasto da
história à disposição.
C: É outra era. As streams mudaram tudo,
RPG deixou de ser mistério e tem grande
público. Existem mais jogos em PT-BR hoje
que em qualquer outra época, e muito mais
acessíveis (em seu lançamento, um Vampiro
ou Lobisomem custava metade de um salá-
rio mínimo; hoje nenhum livro básico ou
acessório chega perto disso). Livros digitais
evitam a destruição de estantes, mochilas e
colunas vertebrais. Ainda, jogar por webcam
tornou mais fácil agendar sessões, sem a
necessidade de reunir todos presencialmente
(mesmo que o jogo em mesa ainda tenha
seu prazer especial). Quero ver a próxima
grande revolução. ■
49
TOOLBOX

Nem o material oficial

de Star Wars respeita
o próprio cânone...
por que você deveria?

ATRÁS DO ESCUDO
PARTE 8

QUEBRANDO
O CÂNONE
 POR LEONEL CALDELA
Talvez hoje em dia Tormenta seja o RPG
com mais material de história, geografia
e lore no país, em todos os tempos. Com
Atlas de Arton e Ameaças de Arton, temos
informações profundas sobre povos, reinos,
criaturas, heróis, vilões... E logo vem mais:
ainda este ano teremos o financiamento dos
livros Heróis de Arton e Deuses de Arton,
detalhando ainda mais nosso sistema e
universo favoritos.
Tanto material é mesmo um tesouro, uma
fonte de aventuras praticamente infinita...
Mas e se for demais?
Desta vez, em mais uma coluna da série
Atrás do Escudo, vamos discutir como incor-
porar — e como não incorporar — material
oficial em sua campanha. Afinal, todos
adoramos universos ricos... Mas na prática
essa riqueza pode nos paralisar!
TOMOS SAGRADOS
Como todos devem lembrar, Atrás do
Escudo é uma série que aborda o planeja-
mento de uma campanha de RPG sob o ponto
de vista prático, realista e honesto. Aqui
não nos preocupamos com o que “poderia
ser legal”, mas com o que frequentemente
acontece na mesa de jogo. Assim, já vamos
começar com uma “verdade desconfortável”:
A maior parte de nós (autores, leitores,
jogadores, fãs...) leva nossos cenários de
fantasia favoritos a sério demais.
Basta analisar como chamamos o material
oficial de uma série ou cenário: “canônico”.
Embora possua outras definições, a palavra
“canônico” se origina principalmente dos
dogmas da Igreja. Também é comum, em
meios literários, ouvir falar do “cânone oci-
dental”, o conjunto de livros considerados
importantes ou fundamentais para a formação
cultural de alguém. Ou seja, ao dizer que um
material é canônico, estamos colocando-o
no mesmo patamar de seriedade que um
dogma religioso ou uma das maiores obras
da literatura!
O conceito de “material canônico” e “mate-
rial não canônico” na ficção é relativamente
recente, ou pelo menos passou a ser ampla-
mente usado em tempos recentes. Antes
de videocassetes serem comuns (portanto,
na época em que Star Wars foi lançado, por
exemplo) era difícil que o público visse o
mesmo filme várias vezes. Você podia ver
no cinema, ou quando passava na TV. No
Brasil, muitas vezes a única chance de vê-lo
no idioma original era no cinema mesmo.
Isso tem a ver com a nossa discussão por um
motivo muito simples: era muito difícil que o
público tivesse acesso suficiente ao material
para notar quando havia alguma contradição.
Assim, quando Star Wars foi lançado,
logo saiu uma série de brinquedos com
nomes não oficiais e contraditórios para
vários personagens. As HQs também não
se preocupavam muito com a adesão ferre-
nha ao material original. Os fãs até podiam
estranhar, mas não havia como checar cada
informação com facilidade. Você dependia de
artigos em revistas e dos próprios produtos.
Naturalmente, assim existia menos cobrança
de exatidão.
Em séries de TV não era muito diferente,
embora por outras razões. Mesmo que os
episódios passassem repetidamente e o
público pudesse decorar informações e
notar inconsistências, o ritmo de escrita dos
roteiros era acelerado demais. Muitas vezes
não havia tempo para checar cada detalhe
para que se encaixasse no todo maior. Numa
das primeiras temporadas de Star Trek: The
Next Generation, descobrimos que lesmas
parasitas se infiltraram nos cérebros de
altos oficiais da Frota Estelar. Essa trama
51
nunca mais é abordada e o que parecia
uma conspiração capaz de abalar a Galáxia
é esquecido. E aí? Essa trama é “canônica”?
Se não for, o mesmo se aplica aos outros
eventos que acontecem no episódio?
Não há uma resposta satisfatória. A
resposta é: o episódio é uma obra de ficção
e não faz diferença.
Essa mentalidade acabava se espalhando
para obras e mídias que podiam ser exami-
nadas com facilidade. No mundo de Krynn,
de Dragonlance, não existem licantropos.
No entanto, um dos livros secundários desse
universo apresenta um personagem lican-
tropo. Em outro, os Heróis da Lança, antes de
suas grandes aventuras, viajam para uma lua!
Nesses casos, bastava consultar o material
escrito, prontamente disponível, para verificar
as inconsistências. E os fãs com certeza
consultariam esse material e notariam o erro!
Mas, com a postura derivada do cinema e
da TV, não havia essa preocupação.
Não estou defendendo que essa
mentalidade seja correta. Quando vamos
escrever profissionalmente para um cenário
existente, respeito pelo que está estabelecido
é fundamental.
Mas aqui estamos falando sobre mestrar
uma campanha de RPG para seus amigos.
Então minha primeira pergunta é: se a falta
de preocupação com o cânone não destruiu
Star Wars, Star Trek e Dragonlance, será
que vai destruir o seu jogo?
BAGUNÇA CANÔNICA
Na primeira coluna de Atrás do Escudo,
fizemos uma pergunta: por que mestrar?
Considero essa uma questão fundamen-
tal — pensar sobre isso é o que vai nos
impedir de transformar RPG de um hobby
apaixonante para uma obrigação estressante.
52
Então, mantendo a pergunta em mente,
vamos pensar sobre o cânone de um cenário
de RPG.
Ao escrever profissionalmente, existe
uma razão óbvia para respeitar o cânone:
você está sendo pago para isso. O público
está, direta ou indiretamente, entregando a
você seu dinheirinho suado em troca de uma
história. O mínimo que você pode fazer é
garantir que essa história não prejudique as
outras histórias do cenário, o que diminuiria
a diversão do público como um todo.
Mas, mestrando uma campanha casual,
essa motivação fica um pouco mais tênue.
Talvez você efetivamente goste de pesquisar,
anotar minúcias, construir (junto ao grupo)
uma narrativa que se mescla de forma
perfeita ao universo e poderia existir nos
materiais oficiais. Eu mesmo gosto disso
— quando mestrei Dragonlance, muito
tempo atrás, parte da minha diversão era
encaixar a campanha na história de Krynn de
forma tão exata quanto possível. Caso, por
exemplo, um jogador lesse um conto antigo
e descobrisse que existe um tesouro numa
aldeia próxima, ele poderia me falar essa
informação. Se os personagens ficassem
sabendo do tal tesouro, poderiam ir até a
aldeia para encontrá-lo. Assim, todos nós
tínhamos a sensação de fazer parte daquele
mundo. Mais tarde, ao ler o conto em que o
tesouro aparecia, um jogador podia pensar
“eu sei para onde esse tesouro foi”.
Por outro lado, talvez a preocupação com
o cânone em sua campanha não venha de
diversão genuína, mas de uma sensação
de dever. Nesse caso, vamos à próxima
pergunta: essa sensação vem do grupo, ou
de você mesmo?
Se vier do grupo, você tem nas mãos uma
questão de relações pessoais, não de jogo.
Pode ser útil conversar com todos, alinhar
as expectativas, deixar claro que você não
gostaria de precisar estudar Arton como se
fosse uma disciplina da faculdade apenas
para jogar RPG no fim de semana.
Se vier de você mesmo, talvez seja hora
de repensar. Porque, objetivamente, você
não tem obrigação de fazer sua campanha
de adequar perfeitamente ao cenário. Você
não precisa saber de cada detalhe, consultar
cada material, ler todo o Atlas ou decorar
cada criatura no Ameaças. RPG compartilha
de muitas características com nossas obras
preferidas — por isso usamos exemplos de
filmes, séries e livros nesta coluna. Mas, ao
contrário dessas mídias, RPG é colaborativo
e criativo. Ao ler sobre Arton, você não está
apenas recebendo conteúdo sobre um
universo. Você está sendo convidado a se
inserir nesse universo, a modificá-lo, criar
em cima dele.
Dragonlance e
suas muitas eras
Mesmo que você ache divertido usar
todo o cânone, pode encontrar algumas
dificuldades. Por exemplo, você planeja
uma aventura na cidade de Roschfallen, em
Bielefeld. Sem que você saiba, algum autor
de Tormenta está escrevendo um romance
em que todos os prédios de Roschfallen
são permanentemente transformados em
gelatina. Antes que você possa mestrar
sua aventura, o livro Capital Gelatinosa é
lançado. Você agora está em contradição
com o cânone.
E agora? Você adapta a aventura para que
se passe em outra cidade? Mas e se essa
outra for transformada em pudim de ameixa
mês que vem? Você modifica as descrições
para que tudo seja gelatina? Vai conseguir
ler todo o livro a tempo, prevendo todas as
pequenas mudanças que isso pode causar?
53
Ninguém vai te
perseguir se você
alterar eventos
canônicos na sua
campanha
Como sempre repetimos, Atrás do Escudo
é uma série que lida com a realidade do
planejamento de campanhas, com o que dá
certo e efetivamente ocorre na mesa. Então
vou dar aqui minha opinião categórica:
É impossível mestrar de acordo com
100% do cânone.
O que você precisa decidir é como e
quando descartá-lo.
SOMOS TODOS
HEREGES
Lembra quando eu disse, ali em cima,
que gostava de me apegar ao cânone na
minha campanha de Dragonlance?
Pois é, eu menti.
Eu tentei me apegar 100% ao cânone, no
início da campanha. Contudo, logo antes de
começar a mestrar, percebi que precisaria
limitar muito as ações dos personagens
jogadores, se quisesse continuar seguindo
54
o cânone. Afinal, nenhum cenário de RPG
é estático — e, nessa época, Krynn era
especialmente dinâmico. Segredos estavam
sendo descobertos, vilões estavam sendo
derrotados, heróis estavam morrendo... Eu
precisaria correr para me manter atualizado
em materiais importados (numa época em
que a internet era muito mais limitada, e eu
mesmo não tinha acesso) para que tudo se
encaixasse. Precisaria ler revistas americanas
para saber quais livros seriam lançados.
Mais do que isso: precisaria ir atrás de livros
fora de catálogo para aprender coisas que
já existiam, mas que não estavam descritas
na caixa básica.
Minha solução foi simples: estabeleci
um “ano zero” para a campanha, um ponto
no tempo em que os personagens podiam
começar a afetar o cenário. Nenhum deles
poderia, por exemplo, ser filho de um herói
famoso ou, na infância, ter tido contato com
um artefato importante, porque isso não
estava no cânone. Mas, a partir do instante
em que a primeira sessão começou, tudo
era nosso. Não só eles podiam afetar o
cenário — segredos que não tivessem sido
revelados não receberiam a solução oficial,
mas a do nosso grupo. Eventos cataclísmicos
não aconteceriam. Históricos revelados
seriam descartados.
Em suma, os jogadores poderiam ler
tudo o que existia (e a que tínhamos acesso)
sobre o cenário, e confiar que aquilo existia
na campanha. Mas tudo que fosse publicado
depois (ou que não tínhamos lido na época)
não valia. Na prática, adotando tanto do
cânone quanto era possível, criamos o “nosso
Dragonlance”.
Quando tomei essa decisão, logo percebi
algo: o meu “ano zero” não precisava neces-
sariamente ser o ano apresentado na caixa
básica do cenário. Eu poderia abraçar todo o
cânone até o ponto que quisesse. Uma das
principais tramas de Dragonlance na época
era que os deuses tinham desaparecido — e,
com eles, também a magia arcana. Mas, na
caixa básica, NPCs tinham descoberto uma
nova magia divina e arcana.
Não parece sem graça?
Nosso cânone começou logo antes
dessa descoberta. E, adivinhem, quem teve
chance de fazer isso foram os personagens
jogadores!
Isso levou a momentos engraçados,
como quando eles encontraram o NPC que
“oficialmente” redescobrira a magia arcana...
Mesmo sendo famoso, ele não tinha nada a
lhes oferecer, e na verdade lhes pediu ajuda!
Também levou a momentos marcantes.
Os jogadores puderam ler material oficial
sobre como os deuses tinham abandonado
Krynn — e sentir que seus personagens
tinham resolvido isso.
Minha escolha também foi logo validada
pelas revelações oficiais/canônicas de alguns
mistérios do cenário. Naquela época, Krynn
estava dominado por dragões gigantescos
de origem desconhecida. Na campanha,
inventei uma trama sobre dragões que
haviam roubado energia divina e outros
detalhes de que já não lembro mais. No
material oficial, o planeta tinha sido movido
fisicamente para outra região do espaço (!)
e os dragões gigantescos eram alienígenas
(!!), sendo que eram pequenos e fracotes
perto dos outros alienígenas de seu planeta
(!!!). Talvez alguns grupos tenham adorado
essa explicação, e para eles apegar-se a
essa parte do cânone fizesse sentido. Mas,
para nós, estragaria tudo.
Por fim, a escolha de descartar o cânone
a partir do “ano zero” permitiu que os jogado-
res bagunçassem Krynn, o que tornou tudo
mais divertido. Um deles queria montar um
império comercial. Não existia nada do tipo
em Dragonlance, mas durante alguns anos
houve, para o nosso grupo. Outro tinha o
objetivo de fazer uma Revolução Industrial.
E adivinhe? Inventou naves aéreas, armas
de fogo e outros avanços!
Até hoje acho que a técnica do “ano
zero” é a mais fácil e prática para lidar com o
cânone numa campanha de RPG. Se o livro
Capital Gelatinosa invalida sua aventura,
não importa: ele se passa depois do ano
zero e, para você, não é canônico. Se num
material futuro revelarmos que Khalmyr era
um leprechaun disfarçado, não importa:
a revelação aconteceu depois que você
começou a mestrar e, para você, isso não
precisa ser verdade.
Também há outros métodos. Você pode
limitar o cânone não pelo tempo, mas pelo
espaço. Digamos que toda a parte do
Reinado seja canônica na sua campanha. Mas
você pode decidir que Halak-Tûr pertence
ao seu grupo. Ou seja, mesmo que a Jambô
lance dezenas de livros passados no Deserto
da Perdição, eles só vão valer no seu jogo
se você quiser.
55
 Fiz algo parecido (embora com a menta-
lidade de autor profissional) com as Colinas
Centrais, em Fim dos Tempos. O que nos
leva ao próximo tópico...
CÂNONE DE RETALHOS
Obviamente, Fim dos Tempos é uma
campanha, bem, canônica. O que significa
que foi planejada com uma mentalidade pro-
fissional, para que pudesse ser mestrada em
Arton “básico”. Você pode fazer as mudanças
que quiser em FdT, mas da maneira como
está no livro, ela não contradiz nada e não
bagunça nada.
Em termos.
Para o primeiro arco de Fim dos Tempos,
como já discutimos várias vezes nesta coluna,
eu queria um clima de fantasia diferente.
Algo que se aproximasse mais de “causos”
e arquétipos do interior do Brasil e dos EUA
do que de sagas épicas. Também queria
trazer um pouco da esquisitice do gênero
“espada & magia” dos anos 70 para Arton, e
uma boa dose de filmes trash. Para fazer isso
sem contradizer o resto do cenário, procurei
uma região bem pequena (e desimportante)
sobre a qual apenas dois parágrafos tinham
sido escritos: as Colinas Centrais.
Dentro das Colinas, admito que descon-
siderei parcialmente o cânone do cenário.
Os tais dois parágrafos diziam que a região
era conhecida apenas por abrigar vários
monstros. Honrei esse detalhe ao inserir uma
pequena busca envolvendo um monstro em
cada uma das duas aldeias principais — mas
os jogadores da stream nem as visitaram até
o fim do arco. Nas Colinas, armas de fogo
e monstros esquisitos são comuns, como
também já mencionamos várias vezes. Não
há castelos e a única torre de mago é uma
pilha balouçante de cabanas de madeira.
Falando estritamente, as Colinas não são
56
“Arton” como estamos acostumados. Um
novato que só conhecesse o cenário através
dessa região teria uma ideia completamente
diferente sobre o mundo. Ou seja, eu fui
contra o cânone.
Para remediar isso, esses elementos estão
restritos às Centrais, por uma combinação
de geografia, falta de recursos valiosos e
alguns eventos do passado. Você pode fazer
o mesmo na sua campanha. Arton é vasto, as
distâncias são enormes e há grandes áreas
em quase todos os reinos sem nenhum ponto
mapeado. O Atlas repete várias vezes que
em cada estrada pode haver um castelo
amaldiçoado, uma aldeia mágica ou um
inocente precisando de ajuda. Quem disse
que, no meio do Império de Tauron, não pode
haver um vale dominado por centauros e
unicórnios, onde você pode rolar toda uma
campanha com temas silvestres e mágicos?
Quem disse que, nas florestas de Sambúrdia,
não existe uma enorme clareira habitada
por anões da superfície, onde caberia sua
campanha sobre construção de cidades e
desenvolvimento de terras?
Jogar com o cânone funciona para dois
lados: você não precisa decorar ou mesmo
considerar tudo que está no material básico,
se isso não for divertido. Mas, ao mesmo
tempo, o material básico não esgota tudo
que pode haver em Arton.
COROA ALTERNATIVA
Como não podia deixar de ser, vamos pla-
nejar mais um pouco de Coroa de Escamas,
nossa campanha hipotética que serve como
cobaia dos assuntos discutidos aqui. Para
quem não lembra, Coroa é uma trama sobre
nobreza e intriga palaciana. Os vilões, os
Irmãos Razanath, são nobres caídos em
desgraça pelo ataque de um dragão, que
buscam o artefato conhecido como Coração
de Kally para dominar todos os dragões do mundo e criar
um império para si. O segundo arco da campanha se
passa em Sckharshantallas, onde os jogadores devem
se envolver com os jogos da aristocracia para combater Stridnix e
seus inimigos. sua miste-
riosa criança
De cara, Coroa de Escamas se desvia do
cânone ao introduzir o Coração de Kally.
Contudo, a presença de um item, por mais
poderoso que seja, não é uma mudança
tão grande em relação ao que está
publicado. Vamos imaginar que você,
como mestre, quer bagunçar muito o
cânone artoniano, sem no entanto jogar
fora os materiais que acabaram de sair.
A primeira escolha é sobre o que não
incluir na campanha. Afinal, a história que o
grupo está criando não precisa se dobrar
a todos os elementos que estão
nos livros. Um elemento óbvio
(e canonicamente importante)
que pode atrapalhar a campanha
é a personagem Stridnix.
Stridnix é mãe de um herdeiro
legítimo ao trono do Reinado, uma
trama que foi introduzida na Guilda
do Macaco, quando Lothar Algherulff
fez um pacto com Sckhar para obter
ajuda na Guerra Artoniana. Ora, se
esta parte da campanha se passa
em Sckharshantallas, tem a ver
com intrigas políticas e envolve
um império de dragões, é lógico
que uma criança herdeira tanto
da maior coalizão de reinos quanto
do único reino dracônico seja parte
vital. Stridnix, como mãe do herdeiro,
torna-se uma NPC importante na
sua campanha, puxando consigo a
rivalidade com sua irmã e uma série
de outras tramas.
Só há um problema aqui: isso
tira o foco dos Razanath.

57
 A presença de Stridnix e seu filho dilui a
história da campanha. Não é impossível que,
ao ouvir sobre “o futuro império dos dragões”,
um jogador pergunte “qual dos dois?”. Assim,
você decide desconsiderar essa parte do
cânone. Há duas opções básicas para fazer
isso: ou você explica ao grupo que, em sua
versão de Arton, Stridnix e tudo que vem
com ela não existe, ou você inventa uma
razão para ela não se envolver.
A primeira escolha é mais direta, mas
envolve você repensar os NPCs que têm
relação com Stridnix, o motivo pelo qual
Sckharshantallas participou da guerra e
outros detalhes. Ou seja, é a melhor opção
se o grupo quiser modificar bastante o
cânone. Essencialmente, a última batalha
da Guerra Artoniana se torna um “ano zero”
para Coroa de Escamas. Tudo que tem a
ver com Stridnix, o herdeiro, as causas e
consequências dessa trama é desconside-
rado. Ao ler um material de Tormenta, um
jogador saberá que vale, desde que não
tenha relação com tudo isso. É o equivalente
do que fiz com a redescoberta da magia
em minha campanha de Dragonlance. Isso
significa que os Irmãos Razanath são a única
facção no mundo planejando criar um império
dracônico/humano.
(Em tempo: não estou dizendo que, na
cronologia oficial, haverá a tentativa de criar
um império desse tipo por Stridnix! Podem
parar de especular, tudo isso é puramente
hipotético, pensado na hora para explicar o
planejamento de Coroa.)
A segunda opção é considerar que
Stridnix existe, mas afastá-la por algum
motivo e deixar claro que a existência do
herdeiro não interfere com os planos dos
Razanath. Talvez ela e seu filho estejam
exilados em algum reino distante, ou tal-
vez estejam escondidos sob a proteção
de Sckhar. Este método tem a vantagem
de exigir menos reformulação do cenário:
tudo é igual, mas um elemento está fora do
58
alcance dos jogadores. Ninguém precisará
pensar se um futuro material de Tormenta
vale ou não. Contudo, tem a desvantagem de
submeter a campanha aos produtos oficiais.
Você está desconsiderando parte do cânone,
sim, mas de forma a não desconsiderar mais
nada. Se você lembrar de colunas anteriores,
especulamos que os jogadores poderiam
escolher se aliar aos Razanath. Mas, se vocês
só podem desconsiderar o cânone até certo
ponto, o quanto isso vai efetivamente valer?
O grupo terá a oportunidade de governar
um império dracônico ao lado dos supostos
vilões? Isso fará Stridnix e seu filho saírem
do exílio?
Não existe uma resposta definitiva. A
primeira opção dá mais controle criativo. A
segunda cria uma noção maior de conexão
com o material oficial e, se você mestrar
campanhas/aventuras oficiais de Tormenta
para o mesmo grupo, uma sensação de
“mundo vivo”, onde os personagens de
Coroa se encaixam sem problemas.
Outro bom motivo para desconsiderar
o cânone em Coroa de Escamas é aumen-
tar a interação do grupo com as intrigas
palacianas. Em princípio, a nobreza de
Sckharshantallas está ligada ao Dragão-Rei
de uma forma ou de outra. Mas isso limita
os jogadores. Eles podem jogar o jogo da
nobreza, mas nunca realmente vencer. Talvez
seja melhor bagunçar tudo isso.
Você cria uma região em Sckharshantallas
onde uma antiga maldição anula todos os
poderes dos dragões e meios-dragões. Essa
área é um segredo bem guardado por Sckhar,
pois poderia ser o foco de uma rebelião no
reino. Contudo, um dos Irmãos Razanath des-
cobre a existência do local. Os personagens
são chamados para uma audiência com o
próprio Dragão-Rei. Recebem uma proposta:
podem se tornar senhores daquela terra,
desde que a protejam contra os Razanath,
que teoricamente são seus inimigos de
qualquer forma.
 Assim, os personagens jogadores se
HISTÓRIAS
IMAGINÁRIAS
tornam figuras importantes na nobreza de
Sckharshantallas, interagindo, negociando
e disputando com os filhos e descendentes
A distinção entre “oficial” e “não oficial”
de Sckhar. O que vai existir nessa terra? A
fora de trabalho profissional é, em grande
decisão cabe a vocês. Talvez você apresente
parte, arbitrária. Se eu escrevesse sobre a
uma área com temática diferente do resto
origem da Tormenta em 2002, seria fanfic
do reino, explorando um tipo de fantasia
não oficial. Exatamente a mesma ideia em
que não existe em Arton (quem sabe uma
2003 se tornou uma das bases do cenário.
terra de fanáticos que cultuam o Nada e o
Embora isso tenha sido um passo muito
Vazio, considerando todos os outros devotos
importante para a minha carreira, a ideia
hereges?). Talvez seja uma tela em branco,
não mudou. Só o que mudou foi seu status.
que os jogadores podem preencher como
quiserem com suas decisões. Seja como Muitas das melhores histórias de vários
for, há um motivo para que a “esquisitice” universos não são canônicas, desde livros
fique restrita a esse local: o resto do reino clássicos de Star Wars até HQs consagradas
está sob domínio do dragão e este é o único da DC Comics. Para finalizar, vamos citar
ponto onde ele não toca. Alan Moore, em uma história não canônica
que talvez seja a melhor já escrita sobre o
Criando essa “bolha não canônica”, você
Super-Homem:
pode até mesmo incentivar uma possível
aliança do grupo com os Irmãos Razanath. “Esta é uma história imaginária. Todas
Afinal, nada impede que eles ofereçam uma não são?” ■
boa barganha em troca do único local seguro
no reino!

Intriga palaciana
com dragões,
uma combina-
ção perigosa

59
Histórias
de Arton
UM GUIA
 POR VINICIUS MENDES
DEFINITIVO
(ATÉ AGORA) É certo que tanto no livro básico quanto nos
PARA A novos – e gigantescos! – Atlas de Arton e
Ameaças de Arton, há informações riquíssi-
FICÇÃO DE mas e completas para quem quer conhecer
TORMENTA o cenário de Tormenta, mesmo que sequer
se queira rolar um mísero dadinho. Mas e
quando a vontade é ir mais além?
 Nesses quase 25 anos, uma infinidade
de histórias já foram contadas em Arton. De
mangás, romances e contos, a livros-jogos,
Tormenta atingiu sua maturidade como
um cenário rico, inclusivo, colorido e de
possibilidades infinitas.
No meio desse mar revolto de conteúdo,
às vezes é difícil decidir por onde dar seus
primeiros passos. “Em qual ordem eu leio?”
é uma pergunta que aparece bastante nas
redes sociais e em eventos.
Já que Tormenta surgiu nas páginas da
então impressa Dragão Brasil lá em 1999, faz
sentido aproveitar esta edição comemorativa
para finalmente sanar esta dúvida.
Prepare seus suprimentos e afie suas
armas! A jornada é longa, mas garantimos
que será divertida!
Por onde eu começo?
A resposta simples para quem não quer
perder tempo é: por onde você quiser! Todo o
material de Tormenta é pensado para funcio-
nar como o seu primeiro, claro, respeitando
a ordem dos volumes de sequências diretas.
Gostou da capa de Ledd #1? Encontrou
O Labirinto de Tapista, um de nossos livros-
-jogos, na coleção do seu primo e ficou
curioso? São todas opções válidas e você
vai se divertir bastante seja lá qual escolher.
As histórias são relativamente auto-
-contidas. Claro, sempre existe o risco de
um spoiler ou outro dependendo da trilha
seguida, mas é como assistir a primeira
trilogia de Star Wars (a de 1977) e depois
pegar o Episódio 1: você sabe quem é o
Darth Vader, mas não sabe como ele se
tornou o Darth Vader.
De qualquer forma, temos algumas
sugestões mais ordenadas, conforme o
gosto do freguês.
Eu gosto de livros!
Quanto maior, melhor!
Temos ótimas notícias! A Trilogia da
Tormenta, de Leonel Caldela, é a mais
conhecida obra literária do nosso querido
universo e uma excelente porta de entrada
para conhecer Arton pelo seu ângulo mais cru
e violento. O Inimigo do Mundo, O Crânio e o
Corvo e O Terceiro Deus foram os primeiros
romances de Tormenta e ajudaram a definir
o tom do que veio depois.
Caso você queira uma leitura mais rápida,
mas igualmente empolgante, A Joia da
Alma de Karen Soarele também apresenta
Tormenta de forma competente, dessa vez
em um único livro, e prepara o terreno para
grandes eventos futuros.
Caldela também tem sua história em tomo
único: A Flecha de Fogo. Sua particularidade
é estar centrado praticamente em um único
continente, Lamnor, mas não se iluda! Sua
trama transforma o cenário ao explorar um
elemento ancestral, criado antes mesmo da
primeira versão de Tormenta: a profecia do
general bugbear Thwor Ironfist. É essencial
para entender algumas mudanças funda-
mentais citadas em Tormenta20, mas não
é o único com essa tarefa.
A Deusa no Labirinto, de Karen Soarele,
traz de volta os personagens de Joia em
aventuras ainda mais grandiosas, ainda que
a leitura do primeiro livro não seja obrigatório
(mas deixa tudo mais legal). De certa forma faz
uma “par espiritual” com A Flecha de Fogo
na hora de explicar o que de mais importante
aconteceu nos últimos tempos.
Agora, se você quer ignorar o passado —
afinal, devorou Tormenta20 e Atlas de Arton,
virando uma verdadeira enciclopédia viva
— pode partir direto para nosso lançamento
mais recente, A Cidade da Raposa. É o
primeiro romance de Lucas Borne, lançado
61
durante a CCXP 2023. A história se passa
praticamente em uma única cidade (Thartann,
capital do reino de Ahlen), e acontece de
forma muito independente. Vai ser o assunto
entre os fãs da literatura de Tormenta pelos
próximos meses, pode apostar.
Queria algo mais curto!
Tormenta até agora possui 3 antologias
de contos, a linha Crônicas da Tormenta! E
vamos cair no óbvio e sugerir que comece
pelo começo: a nova versão de Crônicas da
Tormenta Volume 1, prestes a ser lançada!
Neste livro você encontra alguns textos
clássicos do cenário, além de colaborações
especiais, como um conto de Raphael
Draccon, além das estreias de Ana Cristina
Rodrigues e Marlon Teske nas publicações
do universo. Nesta versão atualizada, foram
incluídos um conto meu, um de Karen Soarele
e O Paladino e a Ladra, o primeiro publicado
por J.M. Trevisan.
Em Crônicas da Tormenta Volume 2,
tivemos mais colaborações, além da primeira
publicação impressa de alguns profissionais
que viriam a se tornar parte integral do time
de escritores de Tormenta, como Lucas Borne,
Davide di Benedetto, Leonel Domingos,
Bruno Schlatter e Remo di Sconzi.
Em Crônicas da Tormenta Volume 3,
pela primeira vez houve um concurso para
encontrar novos autores, e alguns deles,
como Marcela Alban, JV Teixeira e Emerson
Xavier, se tornaram parte da família, além
de mim, Vinicius Mendes com meu primeiro
conto no cenário.
E, se você está aqui, significa que assina
a Dragão Brasil. Como sempre foi tradição,
vários contos de Tormenta já foram publica-
dos na revista, e podem ser lidos em qualquer
ordem. As edições são: 113, 116, 125, 126, 128,
131, 138, 140, 141, 143, 147, 151, 153, 154, 155,
156, 160, 161, 173, 174, 189 e 190.
62
Eu adoro um mangá!
Clássico é clássico. Holy Avenger, de
Marcelo Cassaro e Erica Awano, é a mais
famosa obra de ficção de Tormenta (inclusive,
reconhecida como mangá pelo governo
japonês!). Ainda hoje, quase 25 anos depois,
é um material de muito sucesso e inúmeras
reimpressões. É um modo de conhecer Arton
por um olhar mais cômico, e nem por isso
menos épico. Sério, não tem como dar errado.
Um outro mangá, mais contemporâneo e
próximo dos caminhos atuais do cenário, é
Ledd, criado por J.M. Trevisan e o saudoso
Lobo Borges (agora ilustrado por Ricardo
Mango). Atualmente o Volume 6 da história
está sendo publicado em capítulos mensais
aqui mesmo na Dragão Brasil, e o final
deste arco deve acontecer em março. Em
seguida, receberá uma versão impressa
ainda noprimeiro semestre. Ainda dá tempo
de ler os volumes anteriores e acompanhar
com o público!
Terminou Holy Avenger xingando seu
amigo de “burro, burro, burro” e querendo
chamar sua gata de Lisandra? Holy Avenger:
Paladina, sucessora espiritual de HA, tam-
bém com a dupla Cassaro e Awano (em
andamento), é o caminho óbvio. Junto segue
20 Deuses, de Cassaro, Rafael Françoi e
Pietro Antognioni.
Prolífico, Cassaro ainda tem no currículo
DBride e Dungeon Crawlers, todas excelen-
tes pedidas. Para um lado mais trágico do
passado artoniano, vá de Khalifor, criação
de Trevisan, agora escrito e ilustrado por
Ricardo Mango.
Quero ler e jogar
ao mesmo tempo!
De forma simplista (quase simplória), dá
pra definir livros-jogos como um meio-termo
entre literatura e RPG solo. Em Tormenta, eles
também são usados como forma de expandir
a história do cenário e até mesmo jogar luz
em acontecimentos muito importantes.

Uma introdução com um nível de desafio
mais amigável e passada em um momento do
cenário que está sendo explorado nos mangás
atualmente, Ataque a Khalifor, de Guilherme
Dei Svaldi, é um excelente primeiro passo.
Já aqueles curiosos com lore recente que
querem entender como Mestre Arsenal se
tornou um deus maior, vão se sentir em casa
com Deus da Guerra, de Cassaro e Borne.
O Senhor das Sombras, livro de Athos
Beuren, possivelmente o maior nome em
livros-jogos no Brasil, é perfeito para aqueles
que buscam um maior desafio. Já O Labirinto
de Tapista é uma mistura de três grandes
talentos do cardápio de Lucas Borne: escrita,
livros-jogos e engenharia. E convenhamos,
não é qualquer fã de fantasia que pode dizer
ter encarado um labirinto projetado por um
engenheiro de verdade.
Mas em que ordem as
coisas aconteceram?
Dada a vastidão de obras acumuladas
nesses 25 anos de história, fica difícil
determinar exatamente quando se passa
cada vírgula escrita — embora a Linha do
Tempo encontrada no Atlas de Arton faça
um ótimo serviço.
Ainda assim, estamos disponibilizando
junto desta edição um PDF com uma arte que
alinha ao menos as publicações principais. A
ideia inicial foi do leitor Caio Lourêncio, então
deixamos aqui os nossos agradecimentos!
E SE EU QUISER IR ALÉM?
Aí é hora de ler o material de RPG.
Primeiro de tudo, nada melhor que nosso
Tormenta20 – Kit Introdutório, um mate-
rial digital totalmente gratuito. Depois,
o livro básico, Tormenta20: Edição
Jogo do Ano dá uma visão geral sobre
o mundo de Arton e seus habitantes.
Para as especificidades, Atlas de Arton
e Ameaças de Arton (em breve à venda)
apresentam heróis lendários, reinos
incríveis e monstros horrendos prontos
para acabar com a sua coragem.
Para quem quiser dominar as mecânicas
básicas do sistema, Só Aventuras T20, e
as campanhas Jornada Heroica: Coração
de Rubi e Jornada Heroica: Fim dos
Tempos, serão suas melhores amigas.
E quanto ao futuro?
Os romances de Kali de los Santos e
JV Teixeira deverão ser anunciados ainda
em 2024. Uma nova versão de Crônicas da
Tormenta Volume 1 com material inédito já
está sendo lançado e a Dragão Brasil vai
ganhar uma revista irmã focada em Tormenta
a partir do mês que vem, trazendo com ela
uma nova campanha. Outras novidades virão,
mas ainda é cedo para serem anunciadas.
Como podem ver, Tormenta não para, e
essa lista logo vai deixar de ser definitiva e
precisar ser atualizada. Não que isso seja
um problema, muito pelo contrário: quanto
mais Arton levarmos para vocês, melhor!
Agradecimentos extras a Daniel Duran,
Karen Soarele e Marlon Teske.
63
Notícias do Mundo de Arton • Edição 131 • Escrita e editada pelos Goblins de Valkaria

NOVA REVOADA
PREOCUPA REINADO
Q uinze anos atrás, o Reinado testemunhou
a ex traordinária revoada dracônica
convocada pela feiticeira élfica Yadallina. Na
dos. Muitos indivíduos adultos, que preferem
uma existência solitária, trocaram seus covis
isolados para viverem no caos dos conflitos
época, dragões de todas as partes lutaram em por território nas proximidades da montanha.
seu nome na batalha que extinguiu a área de
Mesmo que seja uma escolha temporária — já
Tormenta de Tamu-ra, possibilitando ainda o
que décadas são um sopro na longa vida de um
retorno de Kallyadranoch, o Deus dos Dragões
dragão — este tipo de movimentação incomum
ao Panteão após séculos de esquecimento.
não pode ser mera coincidência. Especula-se
Hoje, guardadas as devidas proporções, um que estejam outra vez respondendo a um
movimento similar chamou a atenção de chamado. Talvez uma convocação de Edauros,
sábios e aventureiros. Relatos sobre dragões o sumo-sacerdote de Kallyadranoch. Ou algo
solitários rumando para o norte são cada vez ainda maior, envolvendo o próprio Deus Dragão.
mais frequentes. E o destino parece ser as
Seja qual for o motivo, a revoada também
Montanhas Sanguinárias, onde fica a impo-
atraiu caçadores aventureiros para tentarem a
nente montanha do Dragão Adormecido. Nela
sorte contra as feras. Muitos estão se dirigindo
está o maior templo dedicado a Kallyadranoch.
até Trag’Merah, a cidade sede da Guilda dos
Desde o retorno do Terceiro, mesmo os dragões Caça-Monstros, em busca de equipamentos
mais esquivos e calculistas se tornaram ousa- e informações.

64
 A VOLTA
DO DRAGÃO
F rente inúmeros eventos trágicos da Guerra
Artoniana, o ataque que resultou no
incêndio devastador de parte da Floresta de
Jeyfar é quase sempre esquecido. Considerado
por historiadores e bibliógrafos deste período
como um fato menor. Especialmente se com-
parado ao grande mal que Ferren Asloth
provocou poucos anos depois.
É verdade que em Jeyfar as vítimas não
foram grandes cidades ou obras monumentais.
Caçadores, druidas e os últimos internos de
um mosteiro são os poucos que se lembram
do fatídico dia em que o Lorde General Olaf
Berthold ordenou que as árvores centenárias
queimassem.
Em conjunto, estes habitantes esquecidos
são chamados de Guerreiros de K’olt. Coube
a eles o árduo processo de recuperação da
floresta. Inúmeras mudas foram plantadas, e
feitiços de cura e crescimento aplicados para
revitalizar as áreas afetadas.
Orações e bençãos dos clérigos da natureza
e da vida fizeram com que Jeyfar voltasse
a crescer, estendendo seus galhos outra vez
sobre as planícies de Bielefeld. E com a volta
do verde, também retornaram os boatos sobre
um de seus mais famosos moradores. O dragão
das matas, K’olt.
Boatos sobre o dragão que vive em Jeyfar são
tão antigos quanto o Reinado. Um verdadeiro
contingente de cavaleiros jura que encontrou
e matou o dragão para provar seu valor. A
mesma busca pela criatura motivou Berthold
a realizar o ataque. Mas, de acordo com os
moradores dali, K’olt não pode ser encontrado,
exceto que assim queira.
EXIBIÇÃO
CAUSA REVOLTA
O anúncio de uma nova atração em Vectora
revoltou parte dos visitantes da cidade
flutuante. Trata-se da exposição de um rarís-
simo dragão das nuvens, um ser fantástico
que escolhe os céus como morada e passa a
vida voando livre, raramente tocando o chão.
Aprisionada por correntes e magia, a fêmea
jovem tenta a todo momento romper os
grilhões, puxando os elos metálicos, des-
carregando eletricidade através do sopro.
Em vão. Os encantamentos conjurados sobre
ela a impedem de escapar. E sua resistência
ao cárcere apenas torna o espetáculo ainda
mais rentável.
Chamada de Aethralis pelo grupo que a
detém — os Caçadores da Última Espada
— permanecerá em Vectora por mais alguns
dias, até que consigam ouro o suficiente para
levá-la dali até o lugar onde será sacrificada.
Quando perguntados sobre a repercussão
negativa, disseram se divertir com as reações
do público.
“É um monstro” — diz a líder dos Caçadores, a
elfa Quylaraellin. — “Parece bonito, mas cap-
tura crianças nos descampados de Namalkah.”
Grupos contrários a isto que consideram
crueldade excessiva pedem a interrupção
imediata daquele triste espetáculo. Também
alegam que, pelas leis de Vectora, um dragão
poderia ser considerado uma pessoa. E, por-
tanto, protegido pelos decretos de Vectorius.
Frente às queixas, Quylara foi breve: “As taxas
foram pagas. E os tibares continuam chegando”.
65
 TERROR ALADO
EM PETRYNIA
Dragões sempre foram classificados por
características em comum. Algum tipo de
sopro específico ou a cor de suas escamas,
por exemplo. Tais divisões tinham motivos
práticos. Permitiam estudá-los como grupo.
Reunir informações acerca de suas habilida-
des. E, de posse deste conhecimento, preparar
minimamente os mais ousados heróis para
enfrentá-los sabendo o que iriam encontrar.
Hoje, após o retorno de Kallyadranoch, ficou
claro que mesmo os melhores livros sobre
o assunto não eram suficientes. Cada uma
destas fantásticas criaturas é incomparável
à sua maneira. Arton está repleta de exem-
plos: desde o inexplicável Dragão-de-Aço,
passando por dracolichs e dragões bicéfalos,
chegando até os insólitos dragões cristalinos
que habitam os reinos dos deuses.
Vyrgulyon, o Incandescente, é mais um
destes exemplos sem igual. O corpo deste
dragão jovem lembra um conjunto de rochas
repleto de fissuras, por onde expele fumaça.
Seu sopro — explosivo como o disparo de
canhões — faz com que as escamas escuras
brilhem em brasa.
Este dragão da fumaça não se limita a semear
destruição, saqueando cidades e vilarejos
próximos à costa em Petrynia. Há histórias
sobre o envolvimento de Vyrgulyon até mesmo
na caça de dragões que habitam a região.
O último avistamento aconteceu nas proximida-
des de Lysianassa, junto a um bando de piratas
saqueadores. Por sua pouca idade aparente,
há quem acredite que Vyrgulyon age sob as
ordens de alguém. Talvez um capitão incauto e
ganancioso. Outros, porém, veem nas ações da
criatura uma tentativa de conquistar território,
reunindo um tesouro crescente para si.
66
A DESPEDIDA DE
ZARNEE
Todo dragão é único. Mas, talvez, nunca
mais exis ta outro como Zarnee. Es te
dragão venerável, de escamas acobreadas
e asas tão brilhantes que pareciam feitas
de metal, se tornou famoso por aprisionar
suas vítimas em masmorras repletas de
desafios complexos, desenvolvidos por ele
próprio por algum motivo incompreensível
para os mor tais.
Seu cov il mais conhecido ficava nas
proximidades da cidade de Durtras, em
Sckharshantallas. Um gesto de ousadia
proposital contra o Dragão-Rei vermelho,
que inúmeras vezes tentou se livrar do
esquivo e irritante invasor. Porém, apesar
de seu poder, Zarnee nunca representou uma
ameaça à população local. Havia vivido o
suficiente para não ligar para servos ou
riquezas, preferindo se divertir às custas
dos pequenos bípedes que invadiam seu lar.
Contudo, nem mesmo dragões são eternos.
O corpo de Zarnee foi descober to num
covil retirado, na fronteira do reino com as
Montanhas Sanguinárias. Inicialmente, os
aventureiros consideraram ser mais uma
das peculiaridades do excêntrico dragão.
No entanto, ao se aproximarem, notaram
ferimentos e sinais de luta.
Uma ferida ainda maior indicava que seu
coração foi removido, o que faz com que a
suspeita pela morte recaia sobre caçadores.
Partes de dragões são componentes valio-
sos para a fabricação de itens mágicos. O
coração de um dragão como Zarnee, que
havia encontrado a serenidade no humor,
guarda um poder incomparável.
67
 CAVERNA DO SABER

O poder devastador
de uma dragoa
protegendo seus
entes queridos

Caverna
Dragão
do

O poder primordial dos seres mais perigosos

de Arton para o seu personagem
 POR THIAGO ROSA

Boas-vindas à Caverna do Saber, o templo do conhecimento onde teorizamos sobre o

futuro de Tormenta20. Essa coluna vai apresentar material de jogo em fase de teste,
que está sendo trabalhado pela equipe de game design e pode (ou não) ser inserido
em futuros suplementos da franquia. Todas as regras mostradas aqui são opcionais e
podem apresentar mudanças caso publicadas oficialmente. Nosso principal objetivo
é dividir esse conhecimento prévio com os ávidos jogadores que têm grande apreço
pelas regras e suas muitas possibilidades!
 Dragões são algumas das criaturas mais
antigas de Arton. Portadoras do poder, são
capazes de gerar energias elementais com
seus próprios corpos. Representam toda
sorte de conceito — os maiores dragões
do fogo e do gelo estabeleceram seus
próprios reinos, arrebatando mortais para
sua causa, mas existem dragões de todos
os tipos. Os segredos, o ocaso, os rios e
os bosques… tudo aquilo que existe no
mundo pode ser tocado pelo poder, pode
se tornar parte de um dragão.
Se houve um tempo em que havia
divisões quase tribais e cooperação entre
as crias de Kallyadranoch, esse tempo
acabou com o retorno de sua divindade.
A individualidade que permeia a crença do
Deus dos Dragões se reflete em seus filhos
mais próximos, cada vez mais isolados, cada
vez mais únicos. Dificilmente existem heróis
entre os dragões — que humanos, elfos e
anões lidem com seus próprios problemas.
Cabe aos mortais mais poderosos de Arton
a manutenção de sua longevidade, expan-
são de seus tesouros e preservação de
seus territórios. Porém, mesmo seres tão
poderosos têm limites.
O tempo, muitas vezes, se revela um
deles. Embora sejam extremamente longevos,
muitas vezes os interesses de um dragão
requerem tarefas longas e pouco dignas
de toda sua majestade. É um desperdício
de preciosos anos da vida de um dragão
espionar a corte de um duque, especialmente
quando um mortal pode fazer a mesma coisa
em troca de algumas moedas ou até mesmo
de migalhas do seu poder.
O espaço também pode se tornar um
obstáculo. As ambições de um dragão não
têm limites, mas o seu território sim — é mais
perigoso deixar seres inferiores guardando
seu tesouro do que enviá-los para lidar com
outros seres inferiores em terras distantes. Os
kobolds costumam ser bons servos nessas
situações, seguindo ordens e questionando
pouco. O único problema é, infelizmente,
sua eficiência.
Além disso, dragões são curiosos.
Interações com humanoides deram ori-
gem aos kallyanach e aos feiticeiros de
linhagem dracônica. O que pode levar uma
criatura virtualmente imortal a deixar seu
território cuidadosamente preparado e
passar anos, por vezes décadas, vivendo
entre humanoides — muitas vezes enquanto
esconde a própria natureza — desafia as
teorias dos sábios. Mas, no final das contas,
mesmo um dragão tem coração. E este
coração pode ser arrebatado pelo amor,
pela amizade e pela inimizade da mesma
forma que qualquer mortal ou imortal. Se
até os deuses amam, afinal, que chance
teriam os dragões?
Através de certos rituais, um dragão pode
conceder uma pequena parcela de seu poder
para um humanoide. Poucos são aqueles
capazes de resistir a esse processo — é
necessário grande força de personalidade
para evitar serem consumidos pelo próprio
poder, desaparecendo em nuvens elemen-
tais. Aos sobreviventes, caso sirvam bem
seus senhores, cabem os verdadeiros louros.
Cabe o poder.
PODERES DRACÔNICOS
Ao longo desse artigo, encontraremos
uma variedade de poderes resultantes da
exposição de humanoides à energia elemental
dos dragões. Embora normalmente falemos
humanoides, isso não quer dizer que golens,
osteons ou outras raças exóticas não pos-
sam desfrutar dessas possibilidades. Afinal,
dragões são excêntricos e exóticos. Existem
formas de transferir seu poder para qualquer
ser vivente, seja para conseguir agentes mais
poderosos, seja para se aproveitar melhor
dessas criaturas como brinquedos.
69
 Boa parte desses poderes têm como
requisito Coração de Dragão, apresentado
pela primeira vez em Ameaças de Arton e rea-
presentado aqui para facilidade de referência.
Tematicamente, esse poder representa um
personagem tocado pelo poder dos dragões
em algum nível. Para o propósito desses
requisitos, considera-se que feiticeiros de
linhagem dracônica ou kallyanachs tenham
o poder Coração de Dragão.
PODERES GERAIS
ASAS DO DRAGÃO
Você desenvolve asas dracônicas e
recebe deslocamento de voo igual à metade
do seu deslocamento. Você sofre -1 nos
testes de resistência contra habilidades
de dragões. Pré-requisitos: Coração
de Dragão, 7º nível de personagem.
Você sofre -1 nos testes de resistência contra
habilidades de dragões. Pré-requisitos:
garras, Coração de Dragão.
COMPETÊNCIA SERVIL
Você pode gastar 1 PM para somar um d4
ao resultado de qualquer jogada de d20 que
realizar. Esse d4 aumenta em um passo sem-
pre que seu bônus de treinamento aumenta,
para d6 no nível 7 e para d8
no nível 11. Você sofre -1 nos
testes de resistência contra
habilidades de dragões.
Pré-requisito: Coração Acessórios
de dragão:
de Dragão. super na
moda

CONHECIMENTO
DRACÔNICO
Você recebe +2 em
Misticismo e resistên-
cia a magia +2. Você
sofre -1 nos testes
de resistência contra
habilidades de dra-
gões. Pré-requisito:
Coração de Dragão.

CORAÇÃO DE
DRAGÃO
Você recebe +2 PV
e +2 PM. Além disso, para você, um dragão
jovem conta como um único parceiro para
seu limite de parceiros. Pré-requisitos: Car
2, 3º nível de personagem.

GARRAS DRACÔNICAS
Suas garras causam +1d6 pontos de
dano. Esse dano é do mesmo tipo do sopro
de energia do dragão ao qual você serve.

70
COVIL PORTÁTIL
Você desenvolve um segundo estômago,
onde pode armazenar itens que engole.
Esse estômago contém uma quantidade de
espaços igual ao seu Carisma. Pré-requisito:
Coração de Dragão.
INSTINTO DRACÔNICO
Você recebe +2 em iniciativa e na margem
de ameaça das suas garras. Pré-requisito:
garras, Coração de Dragão.
SENHOR DOS CÉUS
Você recebe +5 na Defesa e em Reflexos
se voou pelo menos 3m no último turno.
Pré-requisito: deslocamento de voo, Coração
de Dragão.
SERVO DO OCASO
Você é imune à condição alquebrado.
Quando obtém um acerto crítico, você pode
gastar 1 PM para deixar o alvo lento por 1
rodada (CD Car). Você sofre -1 nos testes de
resistência contra habilidades de dragões.
Pré-requisito: Coração de Dragão.
SERVO DA PROTEÇÃO
Você recebe +5 PV e +2 na Defesa. Você
sofre -1 nos testes de resistência contra habi-
lidades de dragões. Pré-requisito: Coração
de Dragão.
SERVO DOS SEGREDOS
Você recebe +2 em Enganação,
Furtividade e Ladinagem. Você sofre -1 nos
testes de resistência contra habilidades de
dragões. Pré-requisito: Coração de Dragão.
SENTIDOS DRACÔNICOS
Você recebe +5 em Percepção e percep-
ção às cegas. Você sofre -1 nos testes de
resistência contra habilidades de dragões.
Pré-requisitos: Coração de Dragão, 7º nível
de personagem.
VIGOR DRACÔNICO
Você recebe +5 PV e +2 em Fortitude.
Você sofre -1 nos testes de resistência con-
tra habilidades de dragões. Pré-requisito:
Coração de Dragão.
PODERES DE ARCANISTA
GERADOR ELEMENTAL
Você passa a gerar uma pequena
quantidade de energia elemental no seu
corpo, mesmo sendo incapaz de conter esse
poder. No começo de cada turno, você pode
optar por receber uma quantidade de PM
temporários igual ao seu Carisma. Caso o
faça, cada PM gasto nesse turno faz com que
você perca 5 pontos de vida. Pré-requisitos:
Coração de Dragão, 13o nível.
SOPRO ELEMENTAL
Quando usa Raio Arcano, você pode gastar
mais PM para usar o poder como um sopro,
afetando uma área de linha. O tamanho dessa
linha é de 3m por PM gasto, limitado pelo
alcance do seu Raio Arcano. Pré-requisitos:
Coração de Dragão, Raio Elemental.
PODERES DE BÁRBARO
Dragões não são animais, mas algumas
tribos bárbaras veneram dragões e os adotam
como seu totem. Isso os torna uma opção para
animal totêmico. Implacável, o dragão permite
que seus bárbaros lancem Arma Mágica.
PODERES DE BUCANEIRO
ORGULHOSO COMO UM DRAGÃO
Você pode gastar uma ação de movi-
mento e 1 PM para exacerbar suas qualidades
em voz alta. Faça um teste de Intimidação:
para cada 10 pontos no resultado de seu
teste, você recebe +1 em testes de ataque
e rolagens de dano por uma rodada. Pré-
requisito: treinado em Intimidação, Coração
de Dragão.
71
PODERES DE CAVALEIRO
ESTANDARTE DO DRAGÃO
No início de cada cena, você e
todos os aliados que possam
ver seu estandarte podem
jurar lealdade a um dra-
gão como uma reação.
Caso o façam, os PMs
temporários recebidos
por Estandarte são
dobrados e sofrem -2
em testes de resis-
tência contra habi-
lidades de dragões.
Pré-requisitos: Coração
de Dragão, Estandarte.

POSTURA DE
COMBATE:
DRAGÃO
INCANSÁVEL
Enquanto esta postura
estiver ativa, você aumenta
sua margem de crítico
em dois. Sempre
que obtém um
acerto crítico,
recupera 1 PM.
Pré-requisitos:
Coração
de Dragão.

Eta lagartão, sô!

72
ITENS ALQUÍMICOS
ESCAMA COMPANHEIRA
Essa escama de dragão tratada alquimi-
camente pode ser usada como uma ação
padrão, encostando-a na região do peito,
próximo ao coração. Concede 1d10 PM
temporários, ou 2d10 caso o usuário tenha o
poder Coração de Dragão, seja um feiticeiro
de linhagem dracônica ou um kallyanach.
Só pode ser criado por alquimistas que
tenham um dragão como mestre ou como
parceiro. Preparado, T$2.000.
VITÓRIA LÍQUIDA
Esse composto exige, além dos
elementos alquímicos, o dispên-
dio permanente de 2 PM de uma
criatura com o subtipo dragão. Ao
consumi-lo, o usuário é preen-
chido de poder, recebendo +5
em testes de ataque e rolagens
de dano, +5 na Defesa, +3m de desloca-
mento, +5 na CD de suas habilidades, 50
pontos de vida temporários e 25 pontos
de mana temporários até o final da cena.
Preparado, T$ 6.000.
ITENS MÁGICOS
AMULETO DO SERVO
Esse amuleto consiste de uma pedra
preciosa envolta em uma rede de fios
de ouro. Dentro dessa pedra reside uma
fagulha do poder de um dragão. O usuário
do amuleto recebe redução 5 contra o tipo
de dano do sopro deste dragão e -5 em
testes de resistência contra suas habilidades
ou em qualquer teste de ações ofensivas
contra ele. Além disso, o servo pode lançar
a magia Aviso para enviar mensagens para
seu mestre. Acessório menor, T$ 3.000.
BRACELETES DO GUERREIRO DRAGÃO
Esses grossos braceletes de couro escuro
contam com uma grande gema incrustada em
sua superfície, como o olho de um dragão
vigilante. Uma vez por rodada, quando obtiver
um acerto crítico com garras, você pode
gastar 1 PM para fazer um ataque adicional
com garras como uma ação livre. Acessório
menor, T$ 9.000.
COLAR DO GENERAL DRAGÃO
Esse amuleto é feito das presas de um
dragão. Seu usuário pode usar Servos do
Dragão como uma ação padrão e direcionar os
kobolds invocados uma vez por rodada como
uma ação livre. Acessório menor, T$ 9.000.
73
 Um Ladino,
Um Paladino

E POUCO SE SABIA
SOBRE O OUTRO
POR
MARCELO CASSA
ASSARO
RO
 Ouro fácil.
O ar pesado, frio, úmido, não respirado em
muito tempo. A ampla câmara escura, uns poucos
véus de sol encontrando aberturas milagrosas
no teto alto. Quase impossível acreditar que a
construção gigantesca havia sido, no passado
não muito distante, um templo secreto.
Pela primeira vez em anos, o lugar recebia
uma visita. Alguém de passos leves, felinos —
cada pisada, um estudo cauteloso. O silêncio
de décadas em nada perturbado.
Leon Galtran percorria as vastas câmaras de
pedra, olhos muito abertos, absorvendo a pouca
luz. Não ousava acender tocha ou lampião, nem
mesmo algum aparato mágico de luz. Sabia, por
aprendizado e experiência, que tais coisas podem
disparar armadilhas. Algo muito esperado ali.
Estudou a arquitetura. Cheia de curvas,
rodeios, enganando o olhar. Salões cujo tamanho
exato era difícil medir, pilastras que poderiam
ser retas ou não, placas justapostas que mais
pareciam escamas. E serpentes — em absoluta-
mente todos os lugares o animal peçonhento se
achava representado. Enrodilhadas nas colunas,
correndo nas paredes, arreganhando bocarras
nos pórticos. Sempre maiores, mais ameaçadoras
que na vida real. A construção inteira foi erigida
em louvor a esse réptil.
Era o lugar certo.
Aproximou o rosto do chão poeirento, na
tentativa de confirmar a investigação prévia.
Olhou, farejou, quase tocou. Nenhum rastro.
Confirmado, ninguém percorria aqueles corre-
dores há um bom tempo. Boa notícia, quaisquer
tesouros ainda estariam por ali; má notícia,
armadilhas ainda armadas e prontas!
Ousou avançar. Deslizava pela treva, fazia
parte dela. De uma sombra, saltava para outra — o
cabelo de fogo nunca tocado por qualquer luz.
O traje escuro, uma verdadeira obra-prima de
furtividade e praticidade — movimentos livres,
fácil acesso aos instrumentos, nem uma única
fivela metálica ruidosa.
Colou-se a uma parede. Ali, a enorme imagem
esculpida de uma cobra naja. Dedos longos e
rápidos tocaram as escamas, até encontrar aquela
que o tato extraordinário percebeu diferente.
Pressionada, revelou ativar algum mecanismo.
Leve estalo no piso anunciou a desativação de
alguma armadilha, possivelmente um fosso com
estacas venenosas no fundo. Sorriu. Seguiu adiante.
Havia sido informado sobre o lugar pelo
padre Parx, amigo de longa data. Não que alguém
com um pingo de bom senso devesse confiar
em sacerdotes de Hyninn — aqueles servindo
ao Deus dos Ladrões eram famosos por seus
jogos, trapaças e artimanhas. Leon, contudo,
consultava o clérigo antes de suas incursões,
sem desapontamentos até aqui. Sabia, além
disso, existir forte rivalidade entre servos de
Sszzaas e Hyninn; cada clero nomeava seu
patrono como o mais inteligente e esperto entre
os deuses. Agora, com a queda de Sszzaas e a
grande inquisição contra seus devotos, devotos
de Hyninn não se importavam em chutar o
proverbial cachorro morto.
Tudo isso sem mencionar, claro, que Parx
ficaria com parte de qualquer tesouro encontrado.
Tesouro. Um lado da mente se ocupava em
pisar os pontos certos do corredor seguinte,
enquanto o outro imaginava as riquezas es-
condidas ali — sszzaazitas podiam ser muitas
coisas, mas não eram desapegados! Raptavam
vítimas, faziam sacrifícios ao deus-serpente e
recebiam vastas recompensas, muitas vezes na
forma de ouro, joias e gemas preciosas. Com
sorte, também algum item mágico. Não sem
motivo, ruínas sszzaazitas eram o sonho de
qualquer explorador de masmorras.
Excetuando a parte de Parx, não tinha in-
tenção de dividir nada com ninguém. Leon não
era homem (muito) ganancioso, mas precisava
de ouro com certa urgência. Logo mudar-se-ia
com a esposa para a capital. Onde tudo é melhor,
tudo é mais belo, mais limpo, mais caro.
Karin não merecia menos.
75
 Era exatamente esse o pensamento que o
impelia quando chegou ao que deveria ser a
câmara principal. Mais vasta que as anteriores,
teto destruído em vários pontos, deixando
entrar parte da floresta acima. Perfiladas nas
paredes, imensas estátuas de homens-serpente
— monstros que já rastejaram sobre Arton, hoje
extintos. Esperava-se.
No lado oposto, em frente ao altar, uma
terrivelmente familiar cama de pedra com argolas
metálicas. Leon sentiu o sangue aguar, sabendo
ser destinada a sacrifícios humanos. Pensou
mais forte em Karin.
Também pensou no relicário logo atrás. Sem
dúvida contendo o que ele veio buscar.
Antes de adentrar um passo, instinto e treino
alertaram sobre perigo. Buscou uma bolsa,
encheu a mão com o que parecia areia fina e
dourada, lançou ao ar. O brilho de símbolos
mágicos revelou, rente ao chão, a próxima
armadilha — esta, de natureza arcana. Do tipo
que apenas conjuradores podiam anular.
Em silêncio, amaldiçoou-se por estar ali sem
um mago. Por estar ali sozinho, contrariando
tradição e bom senso.
Risco calculado. Conhecia o inimigo, a natureza
do lugar. Cultistas de Sszzaas pregavam a traição,
a enganação, a inteligência como forma de vencer.
Tinham a serpente venenosa como animal sagrado.
Assim, evitavam combate direto, uso de força
bruta — tinham predileção por iludir, ludibriar.
Seus lugares sagrados não eram protegidos por
guardas ou monstros; eram, isso sim, repletos de
passagens secretas, armadilhas mortais, labirintos
intermináveis, ilusões mágicas. Não raras vezes,
uma expedição a uma ruína sszzaazita resultava
na morte do grupo inteiro, sem que houvesse um
combate sequer.
Armadilhas. Passagens secretas. Labirintos.
Tudo aquilo, Leon conhecia bem.
76
Coçou o queixo, estudou a câmara. O
gatilho místico parecia se estender por todo
o piso — como os próprios cultistas faziam
para circular por ali sem causar sua ativação?
Pareceu certo que não precisavam fazer coisa
alguma. Determinadas armadilhas mágicas,
Leon bem sabia, eram capazes de selecionar
suas vítimas. Certa vez encontrou um portal
encantado que deixava passar o mago da torre
e seus servos ogros, mas expelia chamas mortais
contra qualquer outra criatura.
Achou seguro presumir que a armadilha
não seria disparada por um cultista de Sszzaas.
Leon era eficiente e bem treinado em enganar.
Enganar pessoas, enganar criaturas, enganar até
encantamentos. Mas a técnica não funcionava
todas as vezes. Precisaria de sorte.
Levou o indicador aos lábios — gesto de
silêncio e também de prece ao deus furtivo.
Mentalizou uma oração: Esperto Hyninn, fazei-me
mais esperto que os mais espertos. Os deuses não
conseguem ver todos os lugares, mas sempre
conseguem ver onde seu nome é dito ou lembrado.
Pelo menos, assim se acreditava.
Vestiu o disfarce mental. Imaginou-se como
clérigo do deus-serpente — nada de todo im-
possível, já havia enfrentado/matado/escapado
de alguns. Imaginou-se alguém capaz de mentir,
trair, matar, em nome do Grande Corruptor.
Alterou postura, gestos, olhar. Deu um passo
à frente. Nada aconteceu. Nem após o passo
seguinte. E o seguinte. Seguiu caminhando,
pensando, sentindo, como um cultista faria.
Aos sentidos mágicos da armadilha, Leon era
sszzaazita, era alguém autorizado. Tinha per-
missão para passar. O encanto-gatilho aquietou.
Deslizando mais que andando, o ladino
alcançou a área do altar. Galgou os largos de-
graus, sempre mantendo a máscara imaginária.
Estava agora bem diante do relicário — uma
caixa de vidro muito sujo, quase não deixando
olhar dentro. Parecia conter uma coroa. De ouro,
no formato de muitas serpentes enrodilhadas.
Nos olhos de cada uma, diamantes de cores
que Leon nem suspeitava existirem. A máscara
mental por pouco não ruiu.
Leon agora era muitos. Um deles mantendo
o disfarce. Outro estimando o incrível valor
da peça, um terceiro ajudando-o na prazerosa
tarefa. Outro ainda, quase esquecido em algum
canto da mente, especulava sobre a serventia
original da coroa — talvez usada pelo clérigo
celebrante durante as cerimônias. E vários
outros Leons alertavam para o óbvio; a caixa
continha proteção, talvez a mais perigosa em
todo o templo.
Havia um mecanismo de tranca. Muito fraco,
não tomaria mais que meio minuto. Também
havia uma pequena armadilha, uma agulha
envenenada. Igualmente fácil encontrar, evitar,
desarmar. Simples, óbvia. Certo que servia apenas
para distrair, esconder algo mais perigoso. Na
verdade, simples demais até para isso.
O olhar ladino procurou, examinou, vasculhou.
Não viu sinal de outros gatilhos, arames ou
dispositivos de ativação, mundanos ou arcanos.
Absurdo. Impossível que não houvesse mais nada.
Buscou na memória algum conselho de Parx.
“O objetivo maior de um sszzaazita é a traição.
É sua arma, sua ferramenta. Ele fará você confiar,
fará você acreditar, então vai usar essa confiança
contra você.”
“Se venceu todas as defesas até aqui, então você só
pode ser alguém de inteligência e habilidade excepcio-
nais. Supondo assim, a armadilha final sszzaazita
faz o oposto do esperado para uma armadilha final.
Ela é evidente, ordinária, comum. Algo que ninguém
inteligente seria capaz de antever.”
Seria verdade? Aquela fechadura e agulha
vulgares, as únicas coisas protegendo a fabulosa
joia? Leon decidiu confiar no clérigo. Com uma
gazua e sem esforço, venceu a tranca. Evadiu-se
da agulha. Abriu a tampa. Removeu a coroa.
Nada. Nenhuma chuva de lanças ou
setas envenenadas. Nenhuma bola de fogo,
relâmpago, nuvem ácida. Nenhuma porta
secreta abrindo-se para libertar algum monstro
guardião. Estava atento a todas essas coisas
não acontecidas, mas também hipnotizado
pela coroa. Duvidava que até aquela usada
pelo imperador-rei fosse tão magnífica.
Fitava os olhos diamantinos de uma serpente,
quando ela moveu a cabeça e olhou de volta.
Deu bote. Cravou presas no braço do ladino.
Outras a seguiram. Verteram veneno mágico.
Dor queimante. O disfarce mental, destruído.
O encanto de detecção, acordado.
Claro que Parx não podia resistir a pregar
uma peça!
Do silêncio tumular ao desmoronamento
estrondoso. Em meio à floresta densa, uma nuvem
compacta de poeira e entulho subia acima das
árvores. Com a ativação da armadilha final nem
um pouco óbvia, a construção inteira ruía.
Desnecessário descrever — e impossível
medir — o desespero do aventureiro Leon
Galtran, antes gato furtivo, agora gato assustado.
Corria o caminho de volta em largas passadas
que eram quase voos, esquivando de colunas
caídas, deslizando por aberturas que duravam
meio instante, saltando rachaduras crescidas em
abismos, o templo morrendo ao redor. O braço
em fogo agarrado à coroa, sem conseguir dizer
se as serpentes ainda mordiam ou não.
De alguma forma, alcançou a câmara por
onde veio. De alguma forma, alcançou a corda
usada para descer ali. Agora, de alguma forma,
estava fora do templo. Caído perto da abertura,
que ainda expelia golfadas de poeira e trovão.
A coroa de serpentes, não mais viva, jazia
bem ao lado. Mas Leon mal conseguia ver, os
olhos cheios de terra. Não, não era terra nos
olhos. Era a peçonha. Atacando. Matando.
77
 Claro que já esperava acabar envenenado —
lidando-se com sszzaazitas, era praticamente
uma certeza. Durante a fuga, quase sem pensar,
havia alcançado frascos de antídotos — todos
os frascos de antídoto, bebidos sofregamente
enquanto corria. Antídotos para todas as
peçonhas conhecidas.
Aquela na coroa era desconhecida.
A vista escura, o coração parando, a morte
chegando. Pensou na infância em uma aldeia
afastada, no aprendizado precoce com a guilda de
ladrões. Pensou nos colegas do primeiro grupo,
naqueles que se foram, naqueles que ainda viviam.
Pensou em quando foram contratados pelo casal
de ricos fazendeiros de Deheon para resgatar a
filha, raptada por cultistas.
Pensou em Karin.
Acabaria morto pelo culto de Sszzaas. Mas,
graças a esse culto, conheceu a mulher que
amava. Até que parecia justo.
Morreu. Mas não.
Respirando outra vez, sentiu alguém tocan-
do-o no peito. Enxergando outra vez, viu um
homem ajoelhado ao seu lado. Alto, robusto,
tornado ainda maior pela armadura dourada.
Cabelo longo e farto, quase crina, em estranho
tom lilás, caindo às costas sobre a capa escura.
Suas mãos emanavam luz aquecida. Curavam.
— Você é...? — Leon conhecia aquele tipo
de poder divino. Conhecia os poucos capazes
de usá-lo.
— Eu sou.
● ● ●
Valkaria.
A cidade. A estátua. A deusa.
O panteão de Arton tinha vinte deuses.
Vinte irmãos responsáveis por criar e povoar
este mundo. Mas ali, naquele lugar, era quase
impossível pensar em qualquer outra divindade.
78
Uma mulher. De joelhos. Braços erguidos
ao céu, as mãos tocando-o de tão altas. Olhos
ansiosos na mesma direção. Ondas e espirais
douradas tentando vesti-la, sem sucesso — os
ornamentos apenas corriam sobre a vastidão
de pele marmórea, que variava do cinza-gelo
ao lilás. Cabelos longos, revoltos, não contidos
pelos adereços metálicos.
Quinhentos metros de altura — em pé,
facilmente excederia um quilômetro. Visível de
todos os pontos da capital e muito além. Maior
que as maiores estruturas construídas por mão
humana, as mais altas torres da metrópole mal
chegavam a seus quadris. E mesmo examinada
de perto não mostrava a menor falha, o mais
ínfimo sinal de desgaste, imune à erosão e rigores
do tempo.
O rosto, puro enigma, convidando a ser des-
vendado. Para alguns, a Deusa da Ambição olhava
ansiosa para algo que não podia ter, algo além de
seu toque, tal como o eterno desejo humano de
alcançar o impossível. Para outros, Valkaria na
verdade pedia socorro, suplicava aos irmãos deuses
que tivessem misericórdia de suas crianças. Outros,
ainda, entendiam que a padroeira da raça humana
estava recebendo seu povo de braços abertos, pronta
a recompensá-los após sua perigosa jornada.
Muitos mistérios — mas, para pelo me-
nos um, a resposta era muito clara. Quem a
construiu? Pergunta boba, qualquer criança
nativa dirá. Nenhuma arte, ciência ou magia dos
mortais teria sido capaz. Óbvio que a própria
Valkaria deixou ali o presente. A dama de pedra
estava naquele lugar, quase quatrocentos anos
antes, para receber os refugiados de Lamnor.
Impossível ignorar o sinal divino. Ali, sob a
generosidade da deusa, sob seus braços convi-
dativos, fundaram a primeira cidade. Que não
poderia ter outro nome.
Torres e palácios cresceram à volta, a ar-
quitetura imitando o monumento — mármore
adornado com ondas e espirais douradas.
Começando naquele ponto, a cidade cresceu
longe, extensa, populosa, obesa. Nem toda ela
limpa e elegante; em verdade, grande parte
de seus distritos tinha ruas estreitas, de terra
batida, onde transitavam carroças, mascates,
pregadores, mendigos e punguistas. Mas ali,
na parte central, à sombra da deusa, tudo era
enorme, tudo era belo, brilhante. Castelos
encimando castelos, pontes e viadutos cruzando
os céus, muralhas e escadarias sem fim, parques
e jardins suspensos. Estátuas menores em todos
os lugares, muitas exaltando outros aspectos de
Valkaria — a guerreira indomável, a andarilha
de horizontes, a caçadora de riquezas, a donzela
em perigo. Outras, prestando homenagem a
seus irmãos deuses: Khalmyr, Marah, Thyatis,
Tanna-Toh, Wynna...
O centro de Valkaria era arte e beleza
até onde a vista chegava. Recursos de toda a
nação de Deheon, por séculos, revertidos em
construções valentes, radiantes, magníficas. Pois
ali estava a Deusa da Ambição — nenhuma
riqueza era demais para agradá-la, nenhuma
feiura ou sujeira deveria tocá-la. Para Valkaria, a
tão amada Valkaria, a humanidade não poderia
oferecer menos.
Ver a deusa mudaria você para sempre,
diziam. Despertaria em você o desejo dormente
em cada ser humano, o fogo de perseguir seu
maior sonho. Sonho, esse, sempre diferente para
cada um — pois ser humano é ser parte do povo
eleito, aquele que governa Arton, mas também
é ser distinto dos seus, é ser surpreendente,
imprevisível, único. Ter um destino especial.
Mesmo os mais devotados pais invariavelmente
fracassam ao tentar decidir, ou mesmo antever,
o caminho que seus próprios filhos vão trilhar.
Os pais de Leon Galtran, com certeza, não
queriam que se tornasse ladrão.
Pensava em tudo aquilo acocorado ali, no
topo da alta muralha, perdido em contemplação
à deusa. Hipnotizado pelo ouro dos adornos
fulgindo ao sol do entardecer. Já havia se tornado
praticamente um valkariano nativo — inter-
rompendo seus afazeres de tempos em tempos
apenas para olhar. Perder-se na imensidão, na
divindade. Sonhar.
A flecha passando rente ao rosto tratou de
despertá-lo.
Dúzias de outras se seguiram, várias delas
errando o ladino por bem pouco.
Mesmo aqui, nas vizinhanças do Palácio
Imperial — morada da Família Real e grande
parte da nobreza valkariana —, Leon ainda se
admirava por ver tantos guardas armados com
arcos longos. Em outras cidades, milicianos
normalmente usavam bestas — mais baratas e
de manuseio mais fácil, exigindo pouco treino
ou talento. Bestas também eram melhores
em ambientes urbanos, onde as distâncias
costumavam ser curtas. O arco longo era mais
adequado a grandes campos de batalha. Mas
não em Valkaria! Não onde tudo é mais alto,
mais distante, mais espaçoso.
Ser crivado de flechas, em vez de setas.
Quanto luxo!
Seus caçadores amontoavam-se lá embaixo,
uns em cotas de malha, outros em couraças,
todos igualmente garbosos. Retesavam arcos
para nova salva. Decidindo não lhes dar chance
de acurar a pontaria, Leon desapareceu de onde
estava. Já estava longe quando olhos milicianos
o reencontraram, correndo o topo da muralha.
Chegou ao fim. Não parou. Pareceu voar, a bota
apenas tocando leve um mastro de flâmula no
caminho, obtendo impulso para ganhar os céus
e alcançar o telhado distante.
Mal agarrou-se à borda, mais flechas cho-
veram próximas. Novas tropas, posicionadas em
terraços logo acima. Não muito melhores que
os primeiros arqueiros, Leon pensou, pouco
precisando esforçar-se para ser um alvo difícil.
Mas seus números eram assombrosos. E a sorte
concedida por Hyninn, limitada.
79
 Como que para confirmar, uma flecha
passou perto demais, levou parte da lapela.
Leon irritou-se. Não era seu uniforme ladino
sombrio — aquele, pouco útil na maior das
cidades, iluminada mesmo à noite. Era roupa
colorida, brilhante, cara. Quase realeza. Vestir-se
de qualquer outra forma naquele distrito seria,
isso sim, chamativo.
Largou a borda, tirando a mão do caminho
de uma flecha bem a tempo. Mergulhou para o
que muitos diriam ser morte certa, caindo rumo
ao viaduto bem abaixo. Uma queda daquela
altura quebraria os ossos de alguém destreinado;
não sendo seu caso, Leon tocou o pavimento com
uma rolagem fluida e saltou de pé, sem pausa,
a velocidade da queda somando-se à corrida.
Deixou aqueles arqueiros longe apenas
para confrontar outros mais, já preparados. O
ladino, outra vez, se admirava. A milícia local
era extremamente eficaz em comunicar-se à
distância, com sinais de mão, alarmes sonoros
e até meios mágicos. Tinham códigos tão ricos
quanto a própria língua falada, talvez mais. Não
duvidou que toda a guarda valkariana já tivesse
sua localização e descrição.
Que cidade impressionante!
Para onde olhasse ou corresse, Leon encon-
trava guardas preparados. Pareciam brotar ao
longo do caminho. Planejava alcançar alguma
área movimentada e sumir em meio à aglome-
ração galante, mas àquela altura já não tinha
certeza ser possível.
A perseguição levou o ladino às vizinhanças
da estátua — não que estivesse próxima, mas já
ocupava grande parte do céu. Quase não havia
grandes estruturas diretamente sob o colosso,
apenas parques, avenidas e pequenos comércios
extorsivos. Talvez por intervenção da própria
deusa, grama e árvores cresciam vigorosas sob
sua sombra, mesmo em áreas que o sol nunca
tocava. Também não havia muros ou cercas; o
acesso à estátua não era proibido ou restringido
80
de nenhuma forma. Qualquer pessoa podia se
aproximar e tocá-la. Na verdade, dizia a tradição
local, beijar os pés da deusa assegurava sua graça.
Leon, começando a cansar, pensou que bem
podia usar uma bênção divina naquele instante.
Cruzava um grande parque, deslizava ligeiro
entre os transeuntes, aristocratas e seus servos,
lordes e madames, jovens enamorados, bardos,
mercadores. Surrupiou um manto aqui, um
chapéu ali. Testou o disfarce improvisado,
passando próximo a um guarda. Este, após um
curto momento de indiferença, ergueu a cabeça
como acordando de um cochilo, desembainhou
a espada e avançou direto para o ladrão. Certo
que fora alertado por alguma magia divinatória.
Disparando em direção oposta, Leon teve a
suspeita confirmada — misturar-se à multidão
não seria possível.
Pensou em usar as árvores como cobertura.
Alcançou um cedro robusto, correu tronco acima
quase sem uso das mãos. Atravessava as copas,
naquele ponto bastante densas, permitindo
cobrir boa distância sem tocar o solo.
Algo o atingiu. Sentiu-se agarrado, espre-
mido, esmagado. Uma mão gigante, invisível,
fechando-se à sua volta, forçando-o de volta
ao chão. Reconheceu a sensação, soube de que se
tratava. Não era sua força física sendo paralisada,
mas sua força de vontade, seu domínio sobre
os próprios movimentos. Sabendo disso, Leon
deslizou a mente escorregadia fora da prisão.
Safou-se do feitiço.
Olhou em volta, procurando o autor da
conjuração. Viu três milicianos pairando no
ar, logo acima das árvores, capas revoando ao
vento. Em vez de armaduras, usavam mantos
e capuzes nas cores da guarda.
Milícia arcana. Agora estava ficando ruim.
Talvez não tivesse tanta sorte contra a próxima
magia de imobilização. Saltou de volta à grama,
tentando usar a folhagem como cobertura, sair do
campo de visão dos magos. Dúzias de milicianos
já convergiam, fechando o cerco, desta vez sem
arcos — havia inocentes demais no caminho.
Tinham as espadas em punho. Espadas longas,
não curtas. Quanto luxo!
Leon era mais veloz que qualquer guarda
em armadura, até um pouco mais veloz que
os magos voadores. Mas estava no limite das
forças, o ar faltando, o peito queimando. Fugir
correndo não era opção.
Sem plano melhor, sem alternativa, corria na
direção da estátua — o gigantesco pé descalço
a um gramado de distância. A esta altura, só
podia mesmo implorar por um milagre. Implorar
por misericórdia perante a deusa.
Quase chegando. Alguns clérigos e clérigas
por perto. Percorriam o local regularmente para
evitar qualquer profanação ou vandalismo. Talvez
pudessem interceder junto à milícia, evitar que
o executassem ali mesmo. Correu até um deles.
Caiu.
Não havia tropeçado, claro que não. Tinha
equilíbrio perfeito. Podia correr à toda velocidade
mesmo na superfície mais estreita, acidentada
ou escorregadia. Caiu por algum outro motivo.
Estranho, não conseguia saltar de pé.
Ergueu-se com dificuldade sobre os joelhos.
Sensação aguda crescendo no ventre. Desceu o
olhar. A roupa cara e colorida trazia um grande
corte logo acima da cintura. Tingia de sangue.
Pouco atrás, o mesmo sangue gotejava de
uma imensa espada, ainda suspensa após o
golpe. Tinha gravada, na empunhadura, as
espirais da deusa. Espada santa, nas mãos de
um homem santo.
Os milicianos chegaram a tempo de ver o
ladino tombar morto.
Seu executor trajava armadura brilhante,
dourada — o mesmo ouro nos adornos da
estátua. O rosto oculto em máscara do mesmo
material, duas fendas servindo de olhos. Cabelo
que mais lembrava várias crinas de cavalo reuni-
das, em tom alvo que alguns diriam semelhante
à pele da deusa.
Era maior que qualquer guarda ali presente.
Maior e muito mais forte, difícil duvidar —
apenas ser capaz de mover-se naquela couraça
massiva, exagerada, era prova suficiente. Mas
não se movia. Postura rija, como o próprio
monumento logo atrás. A espada sangrenta
ainda suspensa no ar, firme, empunhada por
braço que bem podia ser feito do mesmo metal.
Nem o cabelo ou capa cediam ao vento.
Ninguém ali sabia quem era o gigante
dourado. Mas todos, sem pingo de dúvida,
sabiam o que ele era.
Os guardas confusos, hesitantes, as espadas
pendendo frouxas. Eram treinados para lidar
com quase qualquer situação. Não aquela.
Todos recuaram um passo quando o ser
blindado moveu a cabeça e falou.
— Cão profano — disse apenas.
Palavras severas, mas em voz clara, limpa,
honesta. Nem um pouco afetada pela máscara
metálica. Uma pureza que, ao menos, tranqui-
lizou um pouco os soldados — o homem não
parecia disposto a enfrentá-los. Pareceu anunciar
que o assunto estava resolvido.
Sem muita opção, os soldados aguardaram
por ordens superiores. Olharam para o alto,
procurando os arcanos. Um deles chegou flu-
tuando, capa esvoaçando, vindo pousar na grama
bem diante do dourado. Era alto, mas longe de
igualar o gigante, mal chegando a seus ombros.
Examinou a cena. Entendeu a situação de
pronto.
— Paladino — disse ela, puxando o capuz,
revelando cabelo negro em corte severo, curto.
Tinha a runa característica da milícia arcana
tatuada na face esquerda.
A espada santa finalmente baixou.
81
 — Eu sou.
— Marthania de Deheon. Investigadora da
milícia arcana de Valkaria.
— Paladino de Valkaria.
— Quero seu nome.
— Já o tem, milady.
Dilatou olhos negros, surpresa. Era expe-
riente em interrogatórios. Reconhecia, sem
dificuldade alguma, a verdade naquelas palavras.
— Paladino é seu nome? — quis confirmar,
assim mesmo.
— Nascido Paladino de Jallar. Tornado
Paladino de Valkaria.
— Destino traçado desde muito cedo, pelo
visto.
— Sim. Pela deusa.
Não interessada na história de vida daquele
homem, a investigadora levou o olhar ao corpo
logo atrás.
— Por que o matou?
— Cão profano — repetiu.
O silêncio e olhar fixo da arcana demons-
travam não ser explicação suficiente.
— Conspurcou solo sagrado — acrescentou.
— Insultou a deusa.
Marthania de Deheon armou-se de paciên-
cia. Sabia ser mais fácil convencer um anão a
raspar sua barba, do que demover um paladino
de seus códigos.
— A pena para esses delitos não é a morte.
— Eu sinto o mal. Eu destruo o mal.
— Ele deveria ser capturado com vida.
Levado ao tribunal de Khalmyr. Julgado.
Condenado.
— Ele foi julgado. Foi condenado.
— Repito, a pena para isso não é a morte.
Quando a deusa se tornou tão intolerante?
82
— Você questiona a deusa? Diante de seu
paladino?
A oficial da lei respirou fundo. Era como
falar com uma parede.
— Ele invadiu as dependências do Palácio
Imperial — seguiu ela. — Violou os aposentos
do Barão Corbinaria. Subtraiu valores.
O paladino, enfim, moveu-se. Levou a
espada ao suporte na cintura — não usava
bainha ou algo parecido, deixava a arma sempre
à mostra. Marchou até o corpo. Olhou por um
longo momento antes de, lento, ajoelhar-se.
Pareceu gesticular, fazer uma prece. Sempre
devagar, sempre com respeito, reverência,
cerimônia.
Voltou para junto da miliciana trazendo
uma bolsa. Entregou-a.
— Parecem ser as gemas roubadas — a oficial
confirmou. Olhou então para o ladino. — Está
mesmo morto?
— Eu não minto.
— A milícia requisita o corpo. Barão
Corbinaria talvez tenha perguntas. Um clérigo
habilitado ainda pode interrogá-lo.
— Não.
Novo silêncio. Milicianos entreolharam-se.
O olhar impaciente da arcana demandava
explicação.
— Seu corpo e alma agora pertencem à
deusa — a voz limpa enfim explicou. — Ela
decidirá seu destino. Receberá rito funerário
digno.
— Ainda há pouco ele era um “cão profano”.
— Você questiona a deusa?
Marthania apertou os olhos. Odiava lidar com
paladinos. Odiava que tais homens e mulheres
tão obtusos, teimosos, cegos, estivessem acima da
lei. Que fossem intocáveis pela justiça valkariana.
 Queria, agora mesmo, autuar aquele idiota
por assassinato e esquecê-lo na masmorra.
— Como quiser — a arcana desistia, cansada.
Era inteligente demais para aquela conversa.
Considerou o caso encerrado. Fez gestos,
conjurou comandos. No momento seguinte,
toda a milícia estava ciente da situação. Os
soldados davam as costas, embainhavam armas,
marchavam de volta a seus postos.
— Vou relatar este incidente a seus superiores
— avisou, enquanto recolocava o capuz. — Não
vai me convencer, nem por um instante, que
matar suspeitos à primeira vista é procedimento
normal na igreja.
— Eu sinto o mal. Destruo o mal. Ele foi
julgado. Condenado.
Marthania apenas resfolegou, meneando a
cabeça. Comandou a magia de voo para levá-la
longe dali.
Como odiava lidar com paladinos.
● ● ●
— Você é o pior mentiroso em todo este
mundo dos deuses!
Estavam agora em um dos vários jardins
suspensos na região, este um tanto isolado, longe
de olhares curiosos. Um trecho de gramado
vicejante em meio a arvoredos coloridos, floridos.
Nas roseiras à volta, centenas de rosas vermelhas
— as favoritas da deusa. O monumento era
visto mais distante, de perfil, inflamado pelo
sol poente.
Leon Galtran, um pouco falante e inquieto
demais para um cadáver, jazia sobre um dos
bancos de mármore. Pouco acima pairavam as
mãos do Paladino, emanando luz aquecida que
era magia curativa. O ferimento, produzido para
parecer fatal — e realmente seria, se decorrido
tempo demais —, aos poucos fechando.
Máscara recolhida, boa parte da cabeleira
agora caindo sobre os olhos cinzentos, aborrecidos.
— Eu não minto. Paladinos não mentem.
— Você não sabe mentir.
— Foi o que eu disse.
Recolheu as mãos, do corte no ventre de
Leon não restando nem cicatriz. O ladino
sentou-se, animado, ambas as mãos aplicando
tapas na barriga ilesa.
— Bem melhor! Por pouco não me partiu
em dois.
— Um ferimento mais leve seria pouco
convincente.
— Mas será que tem aí — apontou a camisa
rasgada — alguma magia para consertar roupa?
O Paladino buscou um suspiro no fundo
da alma, meneando a cabeça e afastando-se.
— Eu estava brincando — Leon saltava de
pé, rindo, braços abertos. — Pelo amor da deusa,
claro que eu estava brincando!
Passos lentos levaram o Paladino à borda do
jardim. Contemplava a deusa. Leon veio ficar a
seu lado. Durante a conversa que seguiria, não
olhariam um para o outro — olhariam para ela.
Normal, em Valkaria.
— Ouvi tudo enquanto fingia de morto.
Precisamos mesmo melhorar essa sua lábia.
— Não tenho intenção de fazer disso uma
prática regular.
— Você não chegou nem perto de enganar
a arcana. Sabe disso, não?
— Ela não tinha motivos para duvidar de
mim.
— Demorou demais quando me examinou.
Até um goblin cego notaria que você estava me
estabilizando. Não rezando.
— Eu estava rezando. Pedindo perdão à
deusa. Pedindo que não tomasse ainda sua alma.
83
 — Você estava é conjurando uma magia de
cura menor. Parando meu sangramento.
— Foi o que eu disse.
As palavras do Paladino sempre trazendo
alguma melancolia, pesar. Como se pensando
na perda recente de algum ente querido. Leon,
acostumado, não mais se incomodava; já sabia
ser, aquele, seu tom de voz normal.
— A arcana vai relatar tudo à sua igreja,
sei que vai — Leon seguiu. — Isso não vai lhe
criar problemas?
— Quase certo que sim. Ela tinha razão.
Profanação da estátua não é crime punido com
a morte.
— Vão tirar seu status de paladino? Seus
poderes?
— Claro que não. Apenas a deusa poderia
fazer isso.
Leon respirou aliviado.
— Serei repreendido — o Paladino seguiu,
amargo, olhos ao longe. — Farei penitência. Mais
algumas semanas de patrulha aos pés da deusa,
suponho. Aliás, tarefa que estou negligenciando
neste instante.
— Quer dizer, proteger a estátua?! — Leon
achava difícil crer que um colosso indestrutível
precisava de proteção.
— Vigiar contra tentativas de vandalismo,
profanação.
— E isso é considerado penitência?
— Paladinos são nascidos para lutar na
eterna batalha. Para procurar, caçar, destruir o
mal em seu covil. Somos escolhidos, especiais.
Não raro, caímos em tentação, somos seduzidos
pela arrogância, orgulho. Patrulhar, realizar
tarefas menores, nos mantém humildes.
Leon, mãos às costas, assentiu sem muita
confiança. Não conhecia outros paladinos, não
sabia muito sobre eles, apenas ouviu histórias.
84
Clérigos eram bem comuns — todos os vinte
deuses tinham clérigos. Recebiam a habilidade
de conjurar magias, realizar milagres, em troca de
servir a uma divindade, propagar seus ideais. Mas
paladinos eram raros. Poucos deuses os adotavam.
Ouviu que paladinos eram campeões de-
finitivos do bem e ordem, soldados santos na
luta contra o crime, contra o mal. Justos, mas
severos, intolerantes, presos a códigos de conduta
rigorosos. Khalmyr, o Deus da Justiça e líder
do Panteão, era servido por ordens inteiras de
paladinos. Mesmo ali, na morada de Valkaria,
os tribunais e outras instituições da lei eram
conduzidos pela igreja de Khalmyr.
Valkaria era muito diferente de Khalmyr.
Deusa de rebeldia, ousadia, liberdade acima
das regras, das leis. Para a Deusa da Ambição,
desafiar o impossível e perseguir sonhos era mais
importante do que punir ou destruir o mal.
Por isso, enquanto paladinos eram raros,
paladinos de Valkaria eram ainda mais raros.
— Muitos penitentes são designados para
a fronteira do reino — o Paladino observou.
— Espero permanecer aqui. Amo minha deusa.
Zelar por ela, estar a seus pés, é uma honra.
As regras dos deuses pouco importavam
para Leon — ele próprio longe de ser devoto
fiel, embora invocasse Hyninn, Nimb, Valkaria
e quem mais o pudesse ouvir em momentos de
aperto. Importava, apenas, que o Paladino era
seu amigo. Salvou sua vida na primeira vez em
que se viram, e outras mais.
— Bem, bem. Já que você pode acabar
encrencado por minha causa — Leon sorria
largo enquanto apanhava no cinto uma pequena
algibeira —, vamos tratar de sua compensação.
Mergulhou a mão fundo na bolsa mágica
infinita, maior por dentro, trazendo-a cheia de
diamantes, esmeraldas, rubis.
— Metade disto é seu.
 A atenção do Paladino correu da deusa
para as gemas. O queixo largo pendeu. Olhos
arregalados, crescidos além do que parecia
possível, incrédulos, saltando do tesouro para
o ladrão e de volta. Leon demorou um pouco
a entender o motivo de tanta surpresa.
— Espere aí — breve espanto no rosto de
Leon, logo transformado em riso. — Você não
sabia? Sério? Você não sabia?
Passou-se certo tempo até o Paladino, em-
basbacado, ser novamente capaz de pronunciar
palavras discerníveis.
— Mas eu revistei você — conseguiu, enfim.
— Tomei a bolsa com as joias! A miliciana levou!
— Aquilo era isca. Ninharia, deixada bem
à mostra, para ser encontrada. A maior parte
estava aqui.
O ladino mal conseguia segurar a risada. A
milícia arcana sabia sobre bolsas infinitas. Se
a investigadora o tivesse examinado de perto,
certo de que a encontraria. Leon acreditou que
o amigo havia intencionalmente apanhado a
bolsa mundana e entregue à miliciana para
evitar isso. Acreditou que o Paladino havia sido
esperto. Astuto. Inteligente.
Nem perto.
Leon cerrava os lábios, lutando para não
colocar aquele pensamento em palavras.
— Leon! — O soldado santo, exasperado.
E caiu de joelhos na direção da deusa, a
armadura produzindo um estrondo.
— Ajudei você a roubar. Outra vez.
Leon se aproximou, enquanto o Paladino
murmurava pedidos ansiosos de perdão. A visão
daquele homem imenso, cheio de vergonha,
tentando parecer menor, pouco ajudava em sua
luta interna contra as gargalhadas.
— O tal barão é podre de rico — sua tenta-
tiva de confortar o amigo embaraçado. — Não
vai nem sentir falta.
— Eu não devia ajudá-lo a roubar. A
deusa não aprova — mesmo de cabeça baixa,
o Paladino era pura indignação.
— Você não sabia. Mas a deusa, sim.
— O que isso...?
— Se ela não aprovasse, nesse caso você não
poderia ter me salvado com sua cura milagrosa.
Deusa de rebeldia, ousadia, liberdade acima
das leis. Por isso, paladinos de Valkaria eram
raros. E perturbados.
— Você abusa da bondade da deusa!
— Não é verdade? — Disse Leon em voz
alta e jovial, na direção da estátua. — Se fosse
errado roubar de um mercador de escravos
nojento, a senhora não me salvaria. Não daria
magia de cura para o Paladino. E agora eu
estaria bem morto.
— Pare com isso, Leon.
— Então não tem problema se o Paladino ficar
com a parte dele, não é? Confirma aí pra mim!
— Pare. Estou avisando.
— Maravilha! Quem cala, consente. A
senhora é a melhor das deusas!
Acocorou-se e, outra vez, ofereceu a mão
cheia de joias. O Paladino devolveu um olhar
desconsolado, voltando a suspirar.
— Fique com isso, Leon — em tom con-
formado. — Você precisa mais do que eu.
— Coisa nenhuma. Essa armadura chique
não engana ninguém. Eu sei onde você dorme.
— Fique. Não quero que precise roubar de
novo. Suas despesas pessoais devem aumentar
em breve.
Leon intrigou-se. Mais ainda quando o
Paladino esboçou leve sorriso, e completou.
— Não é verdade que Karin espera um filho?
Joias ao chão. O traseiro do ladino, idem.
Foi a vez de Leon aparvalhar por completo,
não ser capaz de dizer coisa com coisa por
longos momentos.
85
 — Como... como você... eu ainda... eu não
contei para... ninguém podia...
O Paladino seguiu de joelhos, cabeça
baixa, mas ainda sorrindo. A própria atitude
já respondia.
Muito lentamente, Leon levou o olhar em
direção à “melhor das deusas”.
— A senhora disse a ele?
Ser paladino não era fácil, não era para todos.
Demandava treino duro, força de vontade, abs-
tinência, privações. Apenas os mais esforçados,
os mais dedicados, permaneciam no caminho.
Mas havia recompensas.
A maior dessas recompensas era ser próximo
de sua divindade. Ser seu favorito.
Valkaria falava com o Paladino.
● ● ●
— Humm...
Um gemido curto. Mão levada à têmpora.
Aqueles sinais sutis do amigo, apenas,
fizeram Leon saltar como se pisasse em chapa
quente. Movimento sem pensamento, a mão
mergulhou na bolsa infinita já trazendo uma
granada alquímica.
O próprio Paladino, recobrado, também se
encontrava em pé. A máscara metálica ressurgida
por mágica no rosto. A espada santa, firme nas
duas mãos.
Moveram-se ambos para o centro do
gramado, de onde tinham melhor visão dos
arredores, costas com costas.
— Onde? — Leon, os olhos tentando
penetrar as roseiras.
— Perto — o Paladino, igualmente atento.
Diante da cena, qualquer um pensaria ser
encenação, demência ou gracejo. Uma pequena
mostra de indisposição, talvez uma tontura ou
dor-de-cabeça, podia parecer motivo fraco
86
para tanto alarme — exceto por um detalhe
importante. Numerosas graças eram oferecidas
pelos deuses a seus paladinos. Sendo, uma delas,
saúde perfeita.
Após numerosas aventuras e batalhas ao lado
do soldado santo, Leon já havia aprendido. Quando
ele simplesmente espirrava, problemas vinham.
— Ali — o Paladino moveu a lâmina na
direção de um cipreste próximo.
O ladino já saltava para nova posição, man-
tendo a árvore sob vista. Imaginava a natureza
do inimigo, sem muito sucesso. Certo de que
não era a milícia; agentes da lei não alertavam
o Paladino e seu peculiar sentido de perigo.
Por outro lado, os monstros malignos que seu
amigo era dedicado a destruir — mortos-vivos,
goblinoides, gnolls, ogros... — eram pouco
comuns ali, no centro da cidade.
Pouco comuns, mas não impossíveis.
— Revele-se! Renda-se! O Paladino de
Valkaria exige!
Leon revirou os olhos. Tantas vezes desejou
atacar furtivamente, das sombras, apanhando
seus alvos desprevenidos, apenas para ter a tática
arruinada pelo Paladino e suas jamais aceitas
ofertas de rendição.
— Chega dessa conversa, Paladino! Isso
nunca...
— Eu me rendo.
Leon, o ladino, teve a fala roubada.
Olhava incrédulo na direção da árvore
falante, procurando o dono a voz pesada. De
fato, logo atrás, notava um vulto. Ele não se
revelava, não mostrava a rendição que dizia
oferecer. Algum truque? Já havia anunciado
sua posição, que vantagem poderia...?
Um estrondo. Um golpe de força imensurá-
vel. O tronco massivo desmanchado em lascas,
que choveram violentas à volta. A folhagem,
espalhada aos céus.
 Leon, agilidade pura, esquivou das farpas
afiadas sem que lhe tocassem o cabelo ruivo.
O Paladino, de mobilidade bem menor, apenas
recebeu a rajada na blindagem, sem sofrer
mínimo dano.
Na nuvem de serragem e folhagem que aos
poucos sumia, uma silhueta. Empunhava o que
parecia ser um imenso martelo de guerra, tão
grande quanto aqueles brandidos por gigantes.
Mas, quando puderam ter uma visão mais clara
do recém-chegado, a arma impressionante
havia desaparecido.
Passado o estampido, a audição recobrada,
o Paladino e Leon ouviram aplausos.
— Belo truque — o estranho batia palmas.
Sorria.
Revelou-se como o que lembrava ser, à
primeira vista, um guerreiro. Não um soldado,
legionário ou milícia vulgar, mas um guerreiro,
sendo que no Reinado havia clara diferença.
Homem grande, não chegando à estatura do
Paladino, mas grande mesmo assim. Armadura
de evidente qualidade, tinta de vinho, bem
ajustada ao corpo, praticamente segunda pele.
Musculatura possante, quase visível sob o metal.
Força e técnica para reduzir uma árvore frondosa
a palitos. Nenhuma arma à mostra agora — mas,
como já comprovado, tinha a capacidade de
estar fortemente armado quando bem queria.
Tais habilidades podiam ser impressionantes
em outros lugares, para outras pessoas. Leon e o
Paladino, no entanto, eram aventureiros. Eram
de Valkaria. Conhecer pessoas com talentos
exóticos, extraordinários, fazia parte de suas vidas.
— Belo golpe — repetia, sorriso largo, con-
fiante. A voz era amistosa, mas forte. Carregada
de ferocidade.
O Paladino mantinha a guarda, espada em
riste. Leon, no entanto, sentia que o recém-che-
gado não parecia estar ali para duelar.
Ele aproximou-se devagar, atravessando os
restos da árvore para juntar-se à dupla. Espanou
algumas lascas do cabelo castanho, curto, algo
militar. Não pareceu dar atenção à grande lâmina
segura firme em sua direção.
Levou os olhos também castanhos ao longe,
atrás da dupla, além do jardim. Olhava para
a estátua.
— Valkaria, não é?
Pareceu aguardar confirmação. Visto que nem
o paladino, nem o ladino ofereciam nenhuma,
seguiu falando.
— Deusa da Ambição. Dos aventureiros —
disse, para ninguém em especial. — Uma deusa
que aprova alianças entre paladinos e ladrões.
Entre campeões da justiça, e campeões do crime.
Levou uma mão enluvada ao queixo,
pensativo.
— Não é como outros deuses que conheço.
— Cão profano — o Paladino enfim bradou,
não mais se contendo.
Mais rápido do que o gigante blindado
parecia capaz, metro e dez de aço lampejou
direto à garganta do guerreiro, desguarnecida
de armadura. Tocou a pele.
— Você questiona a deusa em sua própria
cidade? Diante de seu próprio paladino?
Leon temeu o pior. Sabia bem como o amigo
podia ser impulsivo, intolerante, em relação
àqueles que acionavam sua “detecção do mal”.
Mesmo aqueles que, na opinião de qualquer
não-paladino, não passavam de pessoas normais,
falíveis. Não monstros ou demônios.
O guerreiro nem desviou o olhar. O aço afiado
premindo a pele, a um fiapo de derramar sangue.
— Muito pelo contrário — ainda sorria
feroz. — É uma deusa sábia.
O Paladino não cedeu ao elogio. Foi Leon
quem deslizou entre os dois e pinçou a espada
87
com dedos cautelosos, levando-a para longe
do estranho.
— Calma, calma — tentava amansar o amigo
como se fosse um cachorro bravo. — Caso tenha
esquecido, ele já se rendeu. Está desarmado. Deuses,
ele está até puxando o saco da sua padroeira!
— Ele fede.
Leon meneou a cabeça. O Paladino e sua
forma tão gentil e afetuosa de qualificar alguém
como “maligno”!
— Para você, um monte de gente fede.
Metade do Reinado fede. Eu mesmo devo
cheirar como latrina.
— Saia do caminho, Leon.
Manter-se entre o Paladino e algo ou alguém
que ele julgava maléfico era sempre péssima
ideia. Ainda assim, confrontado com a escolha
entre lutar e não lutar, Leon sempre preferia
a segunda.
— Ele percebeu nosso esquema. Você quer
atacar a testemunha. Quem é o mal-intencio-
nado aqui?
— Nosso esquema?! Como ousa...?
O Paladino calou, seu protesto morrendo
na boca. Corou violentamente sob a máscara,
mortificado. Verdade. Ainda que a vergonha
em admitir fosse pesada, o ladino tinha razão.
Espada santa agora baixa, crise terminada. O
estranho parecia se divertir muito com a cena.
— Então — Leon voltou-se para o guerreiro
—, sobre esse “golpe” que mencionou...?
— O roubo das gemas. A simulação de
sua morte. Eu estava em meio aos curiosos,
observando. Então os acompanhei até aqui.
— Claro — ainda tentava avaliar as habili-
dades do estranho. Havia sido capaz de enxergar
além da encenação do Paladino (até aí, nenhuma
grande proeza). Seguir à distância um gigante
revestido em metal dourado também não era
88
façanha formidável. Leon talvez tivesse notado
o perseguidor, não estivesse sendo carregado,
ferido e fingindo de morto.
O guerreiro, no entanto, falava da deusa
como se a conhecesse pouco — impossível
naquela cidade, quase impossível em todo o
reino. Além disso, seu valkar era carregado de
um sotaque que Leon não conseguia apontar
no mapa do Reinado.
— Não denunciou nosso golpe à milícia — o
ladino observou.
— Acabo de chegar à cidade. Conheço
pouco. Não acho inteligente me intrometer
nos assuntos locais tão cedo.
— Mesmo assim nos seguiu.
Leon imaginou que o tesouro roubado —
“uma parte do tesouro”, para ser mais exato
— seria assunto mencionado a qualquer instante.
Por isso, recebeu as palavras seguintes com
grande surpresa.
— Pensei em sugerir que eu não diria nada
às autoridades, se tivesse a boca cheia de assado
e bom vinho.
Surpresa, de fato. O guerreiro poderia
facilmente clamar um bom punhado de joias
pelo silêncio. Em vez disso, pedia uma refeição.
Por outro lado, Leon pensou, se era mesmo
estrangeiro, teria certa dificuldade para convencer
a milícia de sua acusação. Ainda, bem possível
que fosse ele próprio alguém procurado, com a
cabeça a prêmio em um ou mais reinos. Pouco
interessado em chamar atenção, especialmente
das autoridades. Tudo somado, fazia sentido.
— Leon — o Paladino, apreensivo. — Não
me diga que pretende...
— Beber com nosso amigo aqui? Deixar
uma gema ou duas na taverna mais cara que
puder achar? Pretendo, sim.
“E você vem conosco.”
BREVES JORNADAS

PREOCUPAÇÕES
DRACÔNICAS
 POR DANIEL DURAN

Dragões. Desde lendas antigas, até a presença do próprio Sckhar em seu reino,
essas criaturas fascinantes sempre causaram espanto e pavor. Com a ascensão do
Deus dos Dragões, Kallyadranoch, esses seres se tornaram ainda mais presentes
na vida dos artonianos, para bem ou mal.
 Porém, dragões podem interagir com
mortais de diversas formas. Alguns inclusive
se apaixonam, vivendo ao lado de seus
parceiros ou parceiras em forma humanóide.
Essas uniões podem gerar proles abençoa-
das com poderes dracônicos.
RESUMO DA AVENTURA
Preocupações Dracônicas é uma breve
jornada, uma aventura curta pensada para
uma sessão única, mas que pode ser inserida
em uma campanha maior. É ideal para um
grupo de quatro personagens de 4º nível
em Tormenta20.
Enquanto lidam com um grupo de kobolds
a atormentar uma aldeia, os aventureiros são
abordados por um dragão. Ele deseja a ajuda
dos heróis para resgatarem seu filho, que
foi sequestrado por mercenários e levado
para um dos lugares que um dragão mais
teme adentrar: Sckharshantallas.
Após alguns dias caminhando sob o calor
inclemente do Reino do Dragão, encontram
os responsáveis pelo sequestro descansando
em uma taverna. Questionados, dizem não
se importar em informar a quem entrega-
ram a jovem, se derrotados em um jogo,
ou se vencidos em combate. Finalmente,
encontram o mandante do sequestro: um
mago que deseja roubar o poder dracônico
presente no sangue do menino.
Cena 1
MISSÃO INESPERADA
Kobolds são pestes encon-
tradas na maior parte de Arton.
Uma comunidade presente em
um pequenino feudo de Trebuck,
próxima da fronteira com
Sckharshantallas, contratou os
aventureiros para lidarem com
um bando de kobolds que vem
atormentando a região.
Talvez a tarefa pareça inferior ao grupo,
mas o pagamento e os pedidos emocionados
da população deveriam convencê-los a
ajudar. É possível também que as criatu-
ras tenham roubado algo importante aos
personagens, até mesmo um item de valor
sentimental. O esconderijo dos kobolds não
é distante, sem necessidade de testes para
seguir os rastros. Entretanto, a mudança
do clima é perceptível, ficando muito mais
quente e abafado justamente pela proximi-
dade à fronteira.
A trilha deixada leva a uma caverna,
e logo em sua frente há um amontoado
das criaturinhas. É possível se aproximar
sorrateiramente, mas isso exigirá de cada
personagem um teste de Furtividade
oposto à Percepção do enxame kobold (+1).
Uma falha representa que os eles notaram
a aproximação daquele aventureiro, então
os que tiverem passado agem na primeira
rodada, enquanto o enxame e
os que falharem passam a agir
a partir da segunda rodada.
Criaturas. Enxame Kobold
(Tormenta20, p. 310).
Muitos kobolds
incomodam
muita gente...
91
 O combate contra o enxame não deve
ser desafiador, porém, assim que o derrotam,
um segundo bando de kobolds, mais prepa-
rado, sai da caverna. Os veteranos atacam
mais organizadamente, o que significa uma
dificuldade mais apropriada aos aventureiros.
Criaturas. Patrulha Kobold
(NPCs & Criaturas).
Finalmente, ao vencer a patrulha, o
grupo ouve um rugido vindo de dentro da
caverna. Se movendo de forma trôpega,
uma forma muito grande deixa o buraco.
Primeiro, parece ser um tipo de ogro, seu
corpanzil imenso cheio de músculos. Porém,
assim que sai na luz, é possível notar a pele
coberta de escamas. Uma diminuta cabeça
de kobold encimando a monstruosidade.
Criaturas. Kobold Bruto
(NPCs & Criaturas).
Nesse momento, depois de dois comba-
tes, talvez o grupo esteja cansado e tenha
gastado mais recursos do que deveria. Caso
decidam fugir, ou se em algum momento
durante a cena um personagem for levado
a 0 PV ou menos, algo enorme desce em
alta velocidade dos céus, causando uma
nuvem de poeira. Quando a poeira baixa,
é possível ver um dragão.
A criatura não parece estar incomodada,
apoiando a cabeçorra repitiliana em uma das
imensas patas, a outra esmagando qualquer
que seja o adversário do grupo no momento.
“Não. Por favor, continuem. Espero não
estar atrapalhando muito.”
Caso as lutas estejam seguindo de
maneira positiva, o dragão aguarda o fim.
Ele então chega em sua forma dracônica,
batendo palmas, para então se metamor-
fosear em um belo homem de tranças
compridas.
“Impressionante o trabalho que fizeram
aqui. Acredito que sejam as pessoas certas
para o serviço que eu preciso.”
92
Cena 2
PREOCUPAÇÕES DE UM PAI
Já em sua forma humanoide, o dragão
se apresenta como Honsu. “Meu nome,
obviamente seria muito difícil para que
pronunciassem, então por favor me chamem
assim.” Ele explica que uma de suas crias foi
sequestrada por um grupo de mercenários
e levada para Sckharshantallas.
Caso seja questionado sobre o motivo de
não ir ele mesmo resolver esse problema,
Honsu respira fundo e diz muito sério: “Não
esperem que os poderosos façam tudo por
vocês...” e imediatamente gargalha. “Se eu
botar minhas asas dentro do território de
Sckhar, provavelmente vão arrancar todas
as minhas escamas antes de eu resgatar
minha cria. Por isso estava observando a
ação de vocês”. Qualquer forma de perceber
se o dragão fala a verdade, como testes
de Intuição ou a magia círculo da justiça
mostram que seu apelo é genuíno e honesto.
Quando descreve sua cria, Honsu é
particularmente vago. Não fala da espécie,
e parece bastante incomodado com qualquer
pergunta incisiva. “Todos vocês parecem
iguais, mas minha cria é maravilhosa. Vocês
claramente saberão quando o encontrarem,
devido a sua inegável semelhança a mim.”
Questionado sobre algum tipo de paga-
mento, ele explica: “Deixei meus dias de
covil para trás, há muitos anos. Porém,
ainda possuo algumas coisas daquela
época. Talvez até mesmo um ou dois
itens mágicos”. A proposta é no valor de
T$ 8000, que pode ser na forma de tibares,
ou convertida em tesouros (por exemplo: uma
bainha mágica e uma corda de escalada,
que custam cada uma T$ 3000, e mais T$
2000 tibares). Esse valor, entretanto, deve
ser dividido, então, caso decidam escolher
pelos itens, deve-se chegar a um consenso.
 Ao aceitarem os termos (esperamos que
sim), ele se oferece para levá-los até tão perto
quanto possível da fronteira. Lá, descreve os
mercenários, e diz que partiram em direção
à cidade de Thenarallan.
É hora dos aventureiros embarcarem
em uma jornada pelas terras escaldantes
de Sckarshantallas.
Cena 3
CALOR DE MATAR
O calor se intensifica muito, fazendo
todos suarem bastante, causando um terrível
desconforto. O próprio chão parece emanar o
clima árido e sufocante por vezes. Seguindo
a direção apontada, os aventureiros rumam,
a passos cansados, em direção à sua missão.
São necessários três dias para chegar
à cidade, e cada dia exige um teste de
Sobrevivência (CD 15) para avançar. Se
falhar, a viagem demora mais um dia, e se
falharem em três testes antes de chegar à
cidade, devem rolar 1d6 para determinar um
dos encontros aleatórios abaixo.
1) Durante a caminhada do dia, vêem ao
longe um urso-coruja (Tormenta20, p. 293),
e podem evitar o confronto com a criatura
se passarem despercebidos (Furtividade
oposto a Percepção da criatura);
2) Um grupo cansado de mercadores
passa pelo grupo, oferecendo todos os
seus produtos com 50% de desconto. Se o
grupo tentar negociar um desconto maior,
entretanto, os comerciantes partem irritados;
3) Após armarem acampamento para
descansar durante a noite, são atacados
por um cão do inferno (Tormenta20, p. 292);
4) Encontram os cadáveres secos de
viajantes, mortos por criaturas selvagens.
Entre os pertences dos mortos há 2d6
poções de curar ferimentos (2d8+2 PV),
escondidas (Investigação CD 20);
5) Uma serpe (Tormenta20, p. 293), dor-
mindo ruidosamente, seria temerário acordá-l;
6) O grupo encontra um acampamento
com 1 chefe bandido e 4 bandidos (ambos
em Tormenta20, p. 289), e um dragão filhote
enjaulado (não é a cria de Honsu, mas sua
presença pode criar situações engraçadas).
Além dos encontros, no começo de cada
dia de viagem, todos os personagens devem
fazer um teste de Fortitude (CD 15+1 por
teste anterior) por causa do calor. Quem
falhar sofre 1d6 pontos de dano de fogo
que só podem ser curados quando o calor
diminuir chegando à cidade.
Depois de vagarem pelo território árido,
vêm à distância algo impressionante: a
imensa estátua de um dragão. Obviamente,
não de qualquer um, mas de Sckhar em
realismo fidedigno.
Cena 4
AVENTUREIROS ENTRAM EM
UMA TAVERNA...
A sombra do dragão domina a cidade, e
diversos peregrinos devotos cruzam as ruas
em oração ao Dragão-Rei. Sua presença
é opressora, porém o calor incessante dá
uma trégua.
Encontrar pistas sobre onde estão os
mercenários não é difícil, pois são bastante
barulhentos, requerendo apenas um teste
de Diplomacia ou Investigação (CD 10).
Entretanto, caso passem no teste com um
resultado 20 ou mais, descobrem uma infor-
mação adicional: o refém, e cria do dragão,
é um jovem menino, muito barulhento e
que está constantemente esperneando. Se
questionados por quê nada foi feito para o
libertar, explicam que ninguém se mete nos
problemas de estrangeiros.
93
 As pistas levam à taverna do Aventureiro
Chamuscado, o que não parece um dos
melhores presságios. No seu interior, além
dos clientes normais, estão, em uma mesa
grande e bagunçada, os mercenários que
procuram. Sentada na cabeceira, com cara
de entediada após virar uma caneca imensa
de cerveja, está a líder da companhia, uma
mulher de ombros largos, com uma tatuagem
imensa de dragão vermelho no pescoço. Da
cria de Honsu, não há sinal algum.
Se o grupo se aproximar de maneira não
violenta, os mercenários estão confusos
demais para fazer qualquer coisa, mas sua
líder está atenta, e curiosa. Já se houver
qualquer forma de violência, ela é respon-
dida com os guerreiros sacando as armas,
mas a capitã levanta a mão, evitando as
hostilidades... por enquanto.
Se questionada sobre a cria de Honsu,
ela solta um grunhido.
“Que trabalho ingrato! A gente quase
morre contra um bendito dragão, e aí, che-
gamos aqui, e tem aquele moleque gritando
e fazendo confusão. O pagamento é feito
à contragosto e agora precisamos deixar
a poeira baixar. O que está me deixando
extremamente entediada. Vou propor algo
a vocês: eu não tenho qualquer lealdade
ao contrante, então, se me entreterem,
falo onde ele mora. Que tal?”
Nesse momento é possível sugerir qual-
quer disputa, mas se ninguém tiver uma ideia,
a líder, que se chama Killia, sugere uma boa
e velha queda de braço. Independentemente
do jogo sugerido, esse desafio pode ser
resolvido com três testes opostos da perí-
cia apropriada, ou Força no caso de uma
queda de braço. Jogos coletivos permitem
que todos os personagens façam o teste
oposto ao valor rolado por Killian a cada
rodada. No caso da queda de braço, cada
um faz individualmente três testes opostos
à mercenária.
94
Também é possível, para aqueles que não
estiverem engajados na disputa, fazer um
teste de uma perícia que pareça apropriada
para atrapalhar Killia, rolando dois dados
em um teste e usando o pior resultado.
Entretanto, só é possível que cada persona-
gem atrapalhe uma vez durante a disputa,
pois os mercenários, apesar de embriagados,
percebem a trapaça.
Se vencida, conta aos aventureiros
sobre o contratante: é Rokshmi, um mago
de cabelos ruivos e compridos. Ela indica
onde fica a propriedade dele. Entretanto,
se Killia vencer, se levanta, agradece pela
diversão, mas faz menção de partir. Qualquer
tentativa de impedi-la inicia um combate.
Criaturas. Killia, Mercenários
Embriagados x8 (NPCs & Criaturas).
Se Killia chegar à metade ou menos de
seus PV, ou se metade dos mercenários
forem derrotados, a líder do grupo ordena
que todos cessem as hostilidades. Ela
entrega as informações sobre o contratante
também, aceitando a própria derrota.
Cena 5
ROKSHMI
Indo até o local apontado por Killia, os
aventureiros encontram uma propriedade
abastada, de dois andares. As luzes no
interior estão apagadas, e não há qualquer
sinal de movimento.
Para entrar na casa é possível procurar
uma janela mais discreta e quebrá-la, tentar
destrancar uma das portas com Ladinagem
(CD 25) ou arrombar com Força (CD 20). No
interior não há nada de muito interessante:
existem algumas tapeçarias e roupas no
segundo andar (role duas vezes na tabela
8–2: Riquezas, no Tormenta20). Para encon-
trar a passagem secreta que leva ao porão
é necessário um teste de Investigação
(CD 20). Uma vez encontrada, numa parede
falsa, abrir caminho é fácil.
 Descendo os degraus para o andar infe- Epílogo
rior, o grupo ouve uma discussão acalorada.
“Seu malvado! Por que está me pren-
FAMÍLIA FELIZ
dendo aqui?” diz a voz de um menino. O filho de Honsu, agora apresentado
formalmente como Khyan, fica muito feliz de
“Moleque insolente! Eu sou Rokshmi, ser resgatado. Ele pergunta por que se deram
o poderoso! É meu direito de nascença a esse trabalho todo, e fica surpreso se for
o que corre nas suas veias. Apenas por revelado que seu pai contratou o grupo. Ele
uma piada de Nimb eu não tenho em meu
explica que seu pai sempre foi uma pessoa
sangue o poder que corre nos teus! Mas
tranquila, e qualquer menção sobre ele ser
agora isso vai mudar! Terei o que me foi
um dragão parece absurda para o garoto.
negado no berço!”
Após completarem o caminho de volta,
A voz jovem parece começar a dizer
Honsu, em sua forma humanóide, recepciona
algo, mas as palavras são cortadas por um
grito de dor. Descendo o resto do caminho, os aventureiros cheio de gratidão. Khyan
veem um menino preso na parede, cercado parece envergonhado com a atitude do pai,
de símbolos arcanos brilhantes, e uma luz sem saber sobre sua verdadeira natureza.
ligando-os à outra figura: um homem de Honsu entrega o valor combinado, mais
robes vermelhos espalhafatosos, longos uma vez agradecendo por resgatarem sua
cabelos vermelhos e olhar ensandecido. cria. Como um presente final, entrega um
mapa aos personagens, para um de seus
Quando nota a aproximação do grupo, antigos covis. Não é um lugar seguro, e
ele gargalha, olha com empáfia e diz: eles provavelmente terão de se preparar
“Quem quer que sejam vocês, chegaram
bastante antes de empreender esta jornada.
tarde demais! O processo
já começou! Tremam ante Mas esta é uma aventura para outro
meu poder!”. Escamas momento. Todos avançam para o 5º nível!
surgem em seu rosto.
Criaturas. Rokshmi,
“herdeiro”
do dragão (NPCs
& Criaturas).
Para libertar o jovem
do ritual são necessários três testes
de Misticismo (CD 25) ou destruir os
símbolos mágicos, que possuem defesa
15, RD 10 e 50 PV. Uma
vez libertado, a habi-
lidade metamorfose
dracônica de Rokshmi
para de funcionar.

Cuidado, os mercenários
estão bêbados... e
entediados

95
 NPCs & Criaturas Killia ND2
Humanóide (humano) Médio (especialista)
Patrulha Kobold ND 4 Iniciativa +3, Percepção +3
Monstro (kobold) Médio (lacaio, bando) Defesa 18, Fort +13, Ref +2, Von +7
Iniciativa +6, Percepção +2, sensibilidade Pontos de Vida 55
à luz, visão no escuro Deslocamento 6m (4q)
Defesa 23, Fort +10, Ref +15, Von +5 Corpo a corpo Montante +15 (2d8+11, 19).
Pontos de Vida 30 “De Pé, Preguiçoso!” (Movimento) Killia
Deslocamento 9m (6q) reanima um aliado vivo com 0 ou menos PV em
Corpo a Corpo [Bando] Lança +17 (1d6+1). alcance curto. O aliado acorda estável e com
À Distância [Bando] Funda +17 (1d4+6). 2d6 PV. Uma criatura só pode ser reanimada
Peste Oportunista Os ataques da patrulha por esta habilidade uma vez por cena.
kobold causam +1d4 pontos de dano contra “Lutem, Infelizes!” (Movimento) Killia grita
inimigos que já sofreram dano na rodada. ordens para seus aliados em alcance médio.
For 1, Des 2, Con 0, Int –1, Sab 0, Car –1 Eles recebem +2 em testes de ataque e rolagens
de dano até o fim da cena.
Perícias Furtividade +8.
“Mexam-se!” (Movimento) Killia aumenta
Equipamento Funda, lança, pedras x20 (1d8
em +6m o deslocamento de seus aliados em
de cada). Tesouro Metade.
alcance curto até o início de seu próximo turno.
Kobold Bruto ND4
For 4, Des 0, Con 3, Int 0, Sab 0, Car 2
Monstro (kobold) Grande (solo) Perícias Intimidação +7, Guerra +3, Jogatina +5.
Iniciativa +5, Percepção +2, sensibilidade Equipamento Meia armadura, montante.
à luz, visão no escuro Tesouro Padrão.
Defesa 23, Fort +16, Ref +10, Von +2
Pontos de Vida 120
Deslocamento 9m (6q)
Corpo a Corpo Tacape +16 (1d12+18).
Escamas de Kally Todo dano que o kobold
bruto sofre é reduzido à metade.
Peste Oportunista Os ataques do kobold cau-
sam +1d4 pontos de dano contra inimigos que
já sofreram dano na rodada.
Cabecinha A habilidade Escamas de Kally não
se aplica a acertos críticos e ataques contra a
cabeça diminuta do kobold (Defesa 33).
For 6, Des 1, Con 4, Int –3, Sab –2, Car –2
Perícias Atletismo +10.
Equipamento Tacape aumentado.
Tesouro Metade.

96
Mercenário Bêbado ND1/2
Humanoide (humano) Médio (lacaio)
Iniciativa +2, Percepção +2
Defesa 14, Fort +5, Ref +3, Von +0
Pontos de Vida 8
Deslocamento 6m (4q)
Corpo a corpo Espada longa +9 (1d8+7, 19).
À distância Arco Longo +9 (1d8, x3).
Estupor Alcoólico Devido à noite de gan-
daia, sempre que fizer um teste o mercenário
rola dois dados e usa o pior. Se ele gastar
uma ação completa, passa a rolar um dado
normalmente.
For 2, Des 0, Con 2, Int –1, Sab 0, Car –1
Perícias Atletismo +4.
Equipamento Arco longo, cota de malha,
espada longa, flechas x20. Tesouro Nenhum.
Rokshmi ND 4
Humanoide (humano) Médio (especialista)
Iniciativa +6, Percepção +4, visão no escuro
Defesa 22, Fort +4, Ref +10, Von +16
Pontos de Vida 95
Deslocamento 9m (6q)
Pontos de Mana 28
Metamorfose Dracônica No início de cada
rodada ímpar após a primeira, Rokshmi ganha
uma das características a seguir: 3ª rodada – RD
5, e imunidade a fogo; 5ª rodada – desloca-
mento de voo 9m; 7ª rodada – a habilidade
“Sopro (Padrão) Criaturas em um cone de 6m
sofrem 4d6+4 pontos de dano de fogo (Ref CD
20 reduz à metade). Recarga (movimento)”.
Magias Como um mago de 4º nível (CD 20).
• Campo de Força (Reação, 4 PM) Quando sofre
dano, Rokshmi recebe redução de dano 30
contra este dano.
• Conjurar Monstro (Padrão 4 PM) Rokshmi
conjura um monstro Médio em um espaço
desocupado em alcance curto. Ele tem Defesa
22, imunidade a efeitos que peçam um teste
de Fortitude ou Vontade, resistência a fogo
5, For 4, Des 3, 45 PV, deslocamento 12m e
pode causar 2d6+5 pontos de dano a uma
criatura adjacente se Rokshmi usar uma ação
de movimento para dar essa ordem.
• Explosão de Chamas (Padrão, 4 PM) Rokshmi
causa 5d6+6 pontos de dano de fogo a criaturas
em um cone de 6m (Ref reduz à metade).
For –1, Des 2, Con 1, Int 4, Sab 0, Car 1
Tesouro Dobro.
Rokshmi nasceu em uma família abastada
de Sckharshantallas, uma daquelas de
devoção antiga ao Dragão-Rei do Fogo.
Nunca conheceu seu pai, e no meio de
suas ilusões de grandeza, o jovem passou a
achar que este pudesse ser o próprio Sckhar.
Apesar de toda família negar, a verdade não
importava mais. Rokshmi tinha certeza de
seu glorioso propósito.
97
 MATÉRIA
VERMELHA

VINTE MOMENTOS DE DESTAQUE

À BEIRA DOS 25 ANOS DE TORMENTA
 POR VICTOR LUCKY
Em abril de 2019, a então nova
Dragão Brasil fez um apanhado de
20 grandes marcos da história de
Tormenta, às vésperas do início do
financiamento coletivo de sua nova
edição, ocorrido entre maio e julho
do mesmo ano. Era um momento
crucial, um passo ousado e de certa
forma até arriscado, cujo resultado
ninguém era capaz de imaginar.
Quase cinco anos e mais de 50
edições da revista se passaram
desde então.
Tal qual a própria tempestade
rubra, a equipe de autores e cola-
boradores de Tormenta está em
constante movimento, e cinco anos,
que podem parecer pouco tempo,
viraram um terreno fértil para grandes
novidades no cenário de RPG mais
querido do Brasil.
Nada mais justo, portanto, do que
aproveitar esta auspiciosa edição 200
da sua revista de RPG e cultura nerd
favorita para relembrar 20 momentos
marcantes da história de Tormenta
pós-Tormenta20.
1. Quebrando recordes
e mais recordes
O financiamento coletivo de Tormenta20 foi
ao ar em maio de 2019, e começou como uma
grande festa entre autores e fãs. Com a meta
inicial esmigalhada em cerca de uma hora e
as metas estendidas originais alcançadas em
doze horas, Tormenta logo virou um fenômeno
da história dos financiamentos coletivos. Foram
quatro fases de metas estendidas alcançadas
pelo público, levando Tormenta20 a se tornar,
na época, o maior projeto de financiamento
coletivo já feito no Brasil.
A campanha tornou possível a inclusão de
diversas raças e classes extras no jogo, além do
desenvolvimento de tokens, mapas, baralhos
de magia e de aventuras, e dos primeiros
suplementos do sistema: o Guia de NPCs e,
principalmente, a Jornada Heroica: Coração
de Rubi, uma campanha pronta para levar
personagens do primeiro ao vigésimo nível.
Mas não parou por aí, claro. Graças ao
apoio maciço do público, Tormenta20 pôde
expandir mais ainda seu alcance, com artistas
convidados criando novas ilustrações oficiais,
o desenvolvimento de um app portátil para
a construção de fichas de personagem e a
criação da Iniciativa T20, a plataforma oficial
para fãs publicarem seus próprios conteúdos
de Tormenta.
99
2. Eleições e campanhas
mirabolantes
A nova era de Tormenta demons-
trou, desde cedo, a importância de
dar voz ao público em certas
decisões sobre o cenário. Quanto
mais o financiamento coletivo do
sistema novo crescia, mais metas
que dependiam de votações dos
apoiadores eram alcançadas.
Assim, os fãs puderam
escolher diversas raças
novas, bem como os temas
de mapas de batalha e
alguns dos personagens
que apareceriam no Guia de
NPCs. Parecia um processo
simples e direto, e talvez
teria sido entre fãs de outros
produtos, mas não entre o
criativo público de Tormenta.
As eleições do conteúdo
extra de Tormenta20 se
desenvolveram em campa-
nhas eleitorais de proporções
quase presidenciais. Fãs
advogando fervorosamente
pela inclusão de suas raças
favoritas com postagens
de texto, ilustrações e até
vídeos de propaganda
política em caráter cômico.
Dentro do respeito e cordia-
lidade, valia tudo para tentar
mudar alguns votos.
O grande plot twist,
no entanto, não veio
do público, mas de
um dos autores do
cenário. Durante
100
uma live em que se esperava que cada
autor de Tormenta defendesse uma
das raças que estavam na fase de
repescagem, Leonel Caldela, que
deveria defender a inclusão dos cen-
tauros, tomou a decisão unilateral
e ousadamente antidemocrática
de defender os esqueletos —
que viriam a ser conhecidos
como osteons. Surgia ali
o Movimento Anarquista
Esquelético, que obteve
sucesso indiscutível em dar
uma nova (nova) chance aos
pobres mortos-vivos ossudos.
3. Adeus e
boas-vindas!
Depois de duas décadas de
contribuições memoráveis,
Rogerio Saladino, um dos
criadores originais, decide partir
para outras aventuras em sua
vida e vende sua parte de
Tormenta para Rafael Dei
Svaldi. Rafa torna-se um dos
cinco criadores principais
das novas histórias arto-
nianas, além de assumir
oficialmente algo que já
gostava de fazer: coorde-
nar os fundamentos das
regras do sistema em seus
mais meticulosos detalhes.
O novo membro do quinteto
também aproveita para
despejar seu rico estoque
de ameaças sobre os
jogadores. A Era dos
Monstros começa no
mundo real.
4. Ainda mais literatura
Mas nem apenas de RPG vive o RPGista,
pois nada melhor para ocupar o tempo entre
aventuras do que ler ainda mais sobre seu
cenário favorito. Em 2019, o mundo de Arton
testemunharia o lançamento de mais um
romance de peso: A Deusa no Labirinto,
de Karen Soarele. Planejado em cima de
um plot trabalhado em segredo por anos,
a história trouxe mudanças profundas na
continuidade de Arton. E foi além: tornou-se
um dos romances finalistas do Prêmio Jabuti
de 2020.
A antologia Crônicas da Tormenta Vol.
3, focada na Guerra Artoniana, lançada em
2021, trouxe 19 histórias novas, incluindo
contos de seis autores selecionados através
de um concurso aberto para os fãs. E 2023 foi
ano de novo romance, A Cidade da Raposa,
desta vez de Lucas Borne.
Não perca o guia de literatura e mangá
de Tormenta que preparamos nesta mesma
edição, mais adiante!
5. O maior
playtest do Brasil
Ainda durante o financiamento coletivo
de Tormenta20, o texto de regras foi enviado
periodicamente aos apoiadores, que podiam
já começar a testar as regras ao máximo.
Isso ajudou muito a diagnosticar o que quer
que pudesse significar um problema a longo
prazo. A editora coletava o feedback e,
através de avaliações internas e discussões,
aplicava as mudanças necessárias para
que o livro chegasse à versão final em sua
melhor forma.
O engajamento do público com essa fase
de testes do jogo foi imenso, com grupos
em todo tipo de rede social esmiuçando
cada vírgula do texto, testando todo tipo
de situação e levando as regras ao limite
para ver o que quebrava. Isso tornou o
playtest de Tormenta20 o maior do Brasil,
com montanhas de comentários recebidos
a cada nova versão das regras, melhorando
cada vez mais o sistema até o lançamento.
6. Mergulhados
na era das streams
Todas as boas histórias precisam de um
fim. Todos os heróis, cedo ou tarde, precisam
descansar. Junto com a gênese de um novo
jogo, o ano de 2019 também trouxe o fim da
Guilda do Macaco, a transmissão de RPG
jogada pelos autores de Tormenta.
Mesmo assim, novos começos chegariam.
No pandêmico ano de 2020, começou aquela
que é, hoje, uma das lives de RPG mais que-
ridas dos fãs do sistema: Fim dos Tempos. A
mesa é narrada por Leonel Caldela, e atrai
não apenas um grande público, mas também
convidados especiais, como Jovem Nerd e
Azaghal, que rolaram dados em Arton pela
primeira vez com a galera.
101
 Além disso, o canal da Jambô na Twitch
também teve outras incursões em Tormenta,
como Legado do Ódio, Oito Nuvens, A Última
Lição e A Diligência (esta, em parceria com
o Fala Crítica). Além disso, foram transmi-
tidas aventuras oficiais, como Lágrimas da
Dragoa-Rainha, Ossos Afogados e Rastros
do Terceiro no canal Formação Fireball
e Convocação de Valkaria no canal do
Crunchyroll. Mas a inovação mesmo veio
com a Arena de Valkaria, um programa que
colocava duplas de lutadores de caracterís-
ticas curiosas, brigando por um cobiçado
cinturão, e à mercê dos caprichos da plateia.
E claro, a casa de Tormenta também possui
programas que não envolvem jogo ao vivo.
Transmissões periódicas como a Guilda do
RPG e o Jambôverso passaram a ocorrer
semanalmente no YouTube da editora, onde
também estão arquivadas todas as aventuras
transmitidas originalmente na Twitch.
E podem se preparar que vem mais!
Em março haverá a estreia de Caravana
Quimérica, narrada pelo veterano Thiago
Rosa, com elenco de peso. Fiquem ligados nas
redes sociais da Jambô
para saber mais!
102
7. Arton muda,
e nós mudamos junto
Tormenta20 trouxe algumas das maiores
alterações na continuidade artoniana desde
sua criação. Algumas delas foram no âmbito
mais cósmico, como a troca de alguns deuses
do Panteão, e, principalmente, a mudança
da liderança divina. Outras são mais palpá-
veis ao artoniano comum, como as novas
fronteiras do pós-guerra e as consequências
geográficas da queda da Flecha de Fogo.
Mas Arton não apenas muda, Arton tam-
bém cresce. Entre as novidades recentes do
cenário estão duas novas regiões, descritas
em detalhes pela primeira vez. Ubani e
Halak-Tûr, antes conhecidas respectiva-
mente como Grande Savana e Deserto da
Perdição. São nações de culturas ricas e
fascinantes, prontas para serem visitadas
por aventureiros!
Só uma parte de Tormenta é constante:
para cada solução que aparece, uma miríade
de problemas surge. Arton nunca deixará
de ser “um mundo de problemas”, e cada
aventureiro novato pode sonhar com novas
possibilidades. Se o maior vilão de Arton pode
se tornar uma divindade,
ninguém é capaz de
parar um grupo de
heróis motivados!
8. Novas jornadas
Impossível falar de RPG sem falar de aven-
turas, e cada novo perigo de Tormenta20
é um desafio a ser descoberto. Jornada
Heroica: Coração de Rubi estreou a linha
de suplementos do novo sistema, com uma
campanha completa, levando aventureiros
do primeiro ao vigésimo nível e provocando
mudanças importantes.
Mais dois suplementos de aventuras foram
lançados desde então. O primeiro é Jornada
Heroica: Fim dos Tempos – Arco 1, que traz
a aventura da stream para as mesas dos
jogadores. O segundo é Só Aventuras T20,
uma coleção de seis aventuras clássicas de
Tormenta adaptadas para o novo sistema.
O público, claro, deseja e merece mais.
Entre os títulos já anunciados para o futuro
estão uma Jornada Heroica ambientada na
Guerra Artoniana, durante os eventos da
Guilda do Macaco, e as outras partes de Fim
dos Tempos, que serão produzidas após suas
respectivas temporadas do programa.
Mas sabemos que as coisas não
vão parar por aí…
9. Holy Avenger 2, o
Retorno da Missão!
Apesar de ter surgido nas páginas
da Dragão Brasil, muita gente conheceu
Tormenta através do mangá Holy Avenger,
escrito por Marcelo Cassaro e ilustrado
por Erica Awano, ainda nos anos 1990. E
assim como a Dragão Brasil, Holy Avenger
também estava destinada a retornar em
outro formato.
Lançado em 2020, Holy Avenger:
Paladina traz uma aventura nova, anos
depois da conclusão da série original. Apesar
de não ser uma história mensal como sua
predecessora, Holy Avenger: Paladina já
possui dois volumes em capa dura disponí-
veis, com o terceiro, e último, volume sendo
ansiosamente aguardado.
10. No Top 10 do mundo
Os “tabuleiros virtuais”, serviços online que
permitem que jogadores interajam simulta-
neamente com mapas, tokens e dados, se
tornaram lugar-comum nos últimos anos.
Dentre eles, um dos mais famosos é o
Roll20, conhecido por sua acessibilidade
e pelo amplo leque de funções no
plano gratuito.
103
 Por ser um serviço tão famoso e difun-
dido, as estatísticas de uso do Roll20 sempre
foram levadas a sério, tanto pelo público
quanto pela indústria. Em 2021, um destes
relatórios do serviço mostrou que, pela
primeira vez, Tormenta estava entre os 10
RPGs mais jogados do mundo!
Isso incentivou um estreitamento de laços
entre Tormenta e o Roll20, que resultou em
mais recursos para dar melhor suporte ao
jogo e em uma outra coisa muito importante
que ainda será discutida adiante nesta lista.
11. Jogo do Ano
e Versão Econômica
É comum que qualquer tipo de mídia
receba revisões e atualizações de tempos
em tempos. Manuais de RPG são jogos, mas
também são livros, e mesmo livros modernos
como Tormenta20 podem ser aperfeiçoados.
O esgotamento da tiragem inicial
de Tormenta20 foi o gatilho para essas
melhorias. Ambiguidades foram removidas,
correções foram aplicadas e algumas regras
foram alteradas em prol da clareza. Nada
foi mexido levianamente. O jogo continua
o mesmo de antes, compatível com todo
o material já lançado, porém ainda mais
eficiente e moderno.
104
A nova edição receberia o subtítulo de
Jogo do Ano, em referência à “tríplice coroa”
de prêmios recebidos pelo sistema: Cubo de
Ouro, Goblin de Ouro e Prêmio Ludopedia.
Mas ainda havia mais caminhos para
Tormenta. Para tornar o jogo ainda mais
acessível, foi lançada também a Versão
Econômica, um volume físico de Tormenta20
em preto e branco, tamanho menor e aca-
bamento em brochura. Apesar de custar
menos da metade da edição em capa dura,
a Versão Econômica traz o conteúdo integral
de Tormenta20. Economia de custo, mas
não de conteúdo!
12. Mais videogames
O ano de 2022 também foi de novidades
eletrônicas envolvendo Tormenta. O estúdio
brasileiro 40 Giants Entertainment lançou
Reverie Knights Tactics, um RPG tático em
turnos ambientado no mundo de Arton, com
personagens já conhecidos dos fãs através
do mangá Dungeon Crawlers.
Além disso, no painel de Tormenta da
CCXP 2022, foi exibido o primeiro trailer
do jogo Memórias da Tempestade, que
está em desenvolvimento pela Dumativa
Game Studio. Diferente de jogos anterio-
res ambientados em Arton, Memórias da
Tempestade possui envolvimento direto
dos autores de Tormenta. Ainda não há
uma data para o lançamento.
13. Caminhos separados
de 3DeT Victory
Tormenta e 3D&T dividiram muita histó-
ria ao longo dos anos, do início do cenário
até a separação entre os dois “jogos da
casa” na época de Tormenta D20. Já
tendo sido descrito como “o RPG cujos
fãs se recusam a deixar morrer”, 3D&T
voltou em 2016 com Tormenta Alpha,
uma versão mais leve e exagerada de
Arton, onde o absurdo, frequentemente,
é considerado normal.
Mas, como sempre, os fãs pediam
mais e mais 3D&T, e para dar mais
vida a uma nova versão do sistema,
decidiu-se começar um cenário pró-
prio, alinhado com a proposta de um
jogo fácil de aprender e modificar.
Assim surgiu Era das Arcas, uma
ambientação nova para um novo sistema
de jogo, agora chamado 3DeT Victory, que
prova que até títulos clássicos podem ficar
mais charmosos. Era das Arcas possui todos
os elementos clássicos derivados de animes
e mangás, além de incorporar coisas que
fãs mais antigos da Dragão Brasil conhecem
bem, como os Metalianos de Espada da
Galáxia. O RPG teve
uma campanha de
financiamento cole-
tivo de sucesso, e o
cenário já tem light
novels lançadas que
ajudam todo mundo a
entrar no clima.
Mas se engana quem pensa que a ligação
de Tormenta com 3DeT foi cortada comple-
tamente. No cenário atual, jogadores podem
se aventurar por Tormenta Alpha, agora um
MMORPG de realidade virtual que permite
que você jogue RPG enquanto joga RPG.
Em 3DeT Victory, situações de metajogo
como essas são, é claro, normais.

105
14. Regras da casa
em outros universos
Na direção oposta ao 3D&T antigo, em
que o mesmo cenário era dividido entre
sistemas, Tormenta20 permitiu que a base
do jogo fosse usada e modificada para
outros universos. O sucesso dos programas
online de RPG Ordem Paranormal, criado
por Cellbit, e Nerdcast RPG, do Jovem
Nerd, deixavam evidente que o público
não queria apenas consumir histórias
naquelas ambientações, mas também se
aventurar por elas.
Assim, as parcerias entre a Jambô e os
responsáveis pelos programas permitiram as
publicações de Ordem Paranormal RPG e A
Lenda de Ghanor RPG. Ambos com sistemas
baseados em Tormenta20, mas com muitas
regras novas e cenários exclusivos.
Ordem Paranormal RPG, coloca os joga-
dores como agentes em um mundo cheio
de atividades sobrenaturais. Já A Lenda de
Ghanor RPG é um jogo de fantasia medieval
clássica, em um mundo condenado por seus
próprios deuses.
Apesar de serem da “linhagem” de
Tormenta20, e de Ghanor ter elementos
intercambiáveis, os dois jogos são comple-
tos e independentes e precisam apenas
de seus respectivos livros básicos para
serem jogados.
106
15. Ensaiando a
conquista mundial
A entrada de Tormenta20 para a lista dos
dez RPGs mais jogados do Roll20 trouxe
uma onda de brasileiros explicando, geral-
mente pela internet, “o que é Tormenta”
para estrangeiros que não falam português.
Explicar é bom, mas e se fosse possível
mostrar a essas pessoas como é o RPG
mais querido do Brasil?
A Jambô não ficou parada, e em 2022
disponibilizou no próprio Roll20 um kit
introdutório de Tormenta20, com algumas
informações sobre o cenário, um pequeno
resumo das regras, personagens prontos e
a aventura clássica Sob os Céus de Vectora,
com mapas, tokens e todos os elementos
necessários para jogar. Tudo gratuitamente,
só chegar e baixar. O detalhe mais impor-
tante? Tudo isso em inglês.
O primeiro passo rumo ao mercado
internacional foi dado. Hoje já existem
transmissões de Tormenta20 não oficiais
na língua inglesa,e até Leonel Caldela já
deu as caras em uma delas.
Em tempo, o kit introdutório mencio-
nado também possui versão em português,
disponível no site da Jambô, pelo mesmo
preço de zero reais, sendo oficialmente a
melhor conversão de câmbio já registrada.
16. Deus da Guerra: o
livro-jogo que é (quase)
uma arma
Pouco se sabia sobre aquele infame
clérigo da guerra. Isto é, até o lançamento
do livro básico de Tormenta20, quando ele
virou um infame Deus da Guerra. Mas afinal,
como Arsenal foi parar no Panteão?
Marcelo Cassaro e Lucas Borne decidiram
que melhor que contar a história, era deixar
que os leitores a jogassem. Em 2022 foi
publicado Deus da Guerra, o livro-jogo
onde o leitor acompanha Mestre Arsenal
em sua jornada divina. “Acompanha”, porque
ninguém controla Arsenal.
Encadernado em capa dura, e recheado
de ilustrações novas, é certamente um tomo
que seria capaz de provocar danos terríveis
a divindades desavisadas.
17. Mapas melhores,
monstros maiores
Existem duas coisas que os fãs de
Tormenta nunca param de pedir: mais detalhes
sobre o cenário e mais monstros. Desde
o lançamento de Tormenta20, os dois
suplementos mais aguarda-
dos eram um guia
do cenário,
nos moldes do clássico Reinado D20, e um
manual de monstros e criaturas.
O que é melhor do que a publicação de
qualquer um deles? A publicação simultânea
de ambos! E melhor ainda? A chance de o
público decidir por ainda MAIS conteúdo.
Em maio do ano passado começou a cam-
panha de financiamento coletivo da Coleção
Arton, composta por dois volumes: Atlas de
Arton e Ameaças de Arton. Novamente, pela
natureza dos financiamentos coletivos, o
apoio do público permitiu que os dois livros
ficassem ainda maiores do que já seriam
originalmente, além do desenvolvimento
de diversos extras conquistados através
das metas estendidas.
Numa campanha de arrecadação ainda
maior que o próprio Tormenta20 original,
o público decidiu que a Coleção Arton
fosse ainda mais a fundo nas explicações
e tivesse ainda mais monstros. Quer saber
como preparar receitas típicas artonianas na
cozinha da sua casa? Atlas de Arton, página
464. Quer jogar com um personagem que na
verdade é três (ou mais) kobolds vestindo um
sobretudo? Ameaças
de Arton, página 182.
107
18. Ver (e ouvir) para crer
2023 também foi o ano em que Tormenta
abraçou de vez o audiovisual em seu reper-
tório de mídias. Não que seja exatamente
novidade, já que streams de RPG e audiolivros
já existiam no cenário antes. No entanto, his-
tórias pensadas e roteirizadas para consumo
audiovisual é algo bem diferente, e agora
elas também chegaram a Arton.
O financiamento coletivo da Coleção
Arton foi acompanhado pela estreia de
Segredos de Arton, uma série de oito epi-
sódios semanais, com histórias contadas
por Mestre Luriel, um sábio élfico de timbre
supostamente irresistível, acompanhadas
pelas ilustrações de Walter Pax e trilha
sonora envolventes. O roteiro ficou por conta
de Davide Di Benedetto, J.M. Trevisan e
Guilherme Dei Svaldi. Victor Lucky (este
mesmo que vos fala) emprestou a voz ao
personagem narrador.
108
Mas o grande trunfo viria na CCXP 2023.
A plateia do painel da Jambô assistiu,
em estreia exclusiva, O Despertar Rubro,
o primeiro curta-metragem de Tormenta,
tornado possível pelo financiamento de
Tormenta20. O filme, roteirizado por J. M.
Trevisan — com argumento elaborado em
conjunto pelos criadores do cenário — e
dirigido por Fernando Sanches, apresenta
um grupo de aventureiros descobrindo a
grandeza de seus destinos.
Informações sobre exibições futuras e
a liberação pública de O Despertar Rubro
serão divulgadas em breve.
19. Revista nova, de novo
Se a Dragão Brasil, Holy Avenger e 3DeT
voltaram, em algum momento algum fã deve
ter profetizado: “Sabe o que seria legal?
Se a revista Tormenta também voltasse!”.
 Numa revelação surpreendente durante
a CCXP 2023, foi anunciada a nova Revista
Tormenta20, em formato digital. Mais uma
vez, a Dragão Brasil volta a ter um periódico
irmão focado exclusivamente no mundo de
Arton. Sob a supervisão de J. M. Trevisan,
Thiago Rosa e Glauco Lessa, a nova revista
trará uma aventura completa todos os meses,
que juntas formarão uma campanha de
grandes desafios e recompensas.
Prepare-se para enfrentá-la, pois a Revista
Tormenta20 vem aí!
20. Deuses & Heróis
Para encerrar essa lista, é hora de olhar
para o futuro de Arton. Um futuro que será
encarado pelos principais heróis do cenário:
os personagens jogadores!
Os dois próximos suplementos de Tormenta
virão ainda este ano. Deuses de Arton trará
mais detalhes sobre as religiões e divindades
artonianas, enquanto Heróis de Arton trará
novas possibilidades de personagens únicos
para os jogadores. Mais informações virão em
edições futuras da Dragão Brasil e nas redes
sociais da Jambô Editora!
Cinco anos pode parecer pouco tempo.
Afinal, é apenas uma quinta parte de toda a
história de Tormenta. Mas todas as mudan-
ças ocorridas nesse período são uma clara
evidência de seu crescimento. A prova de
que Tormenta ainda possui muitos territórios
a serem conquistados, muito futuro a ser
vivido ao lado de seu público.
Há tanto potencial a ser explorado que
é inevitável sentir curiosidade acerca do
que vem por aí. Como serão os próximos
cinco ou dez anos e além? Eu pretendo estar
aqui, para ver o que o futuro reserva para
a Dragão Brasil e para Tormenta, e espero
ver vocês por aqui também!
5 MOMENTOS EXTRAS!
Bom, são 25 anos de Tormenta, então
por que não mais 5 momentinhos que
este autor achou dignos de nota? Só
para fechar a conta!
21. A união de Guilherme Dei Svaldi
e Karen Soarele dá origem a Gaia, a
Bebê Tormenta. Tem início a maior
aventura da vida do casal.
22. Tormenta ganha uma nova
identidade visual, repaginada para
uma nova era pelo inoxidável Dan
Ramos, que passa a dirigir a arte de
toda a linha.
23. A Dragão Brasil volta a ser
impressa, pontualmente, depois de
mais de uma década! O Almanaque
Dragão Brasil trouxe uma coleção
de matérias da encarnação digital da
revista, escolhidas pelos Conselheiros.
24. Goblin do Cantinho, um capanga
genérico que apareceu por poucos
segundos na Guilda do Macaco é pro-
movido a NPC amado pelo público,
com direito a pelúcia. Teólogos
começam a traçar hipóteses sobre
o futuro do Panteão.
25. A revista Dragão Brasil alcança
a marca de 200 edições meros três
meses antes de Tormenta comple-
tar 25 anos desde sua publicação
original. No mesmo ano, seu editor,
J.M. Trevisan, completa 30 anos
de carreira. Estudiosos buscam
estabelecer uma explicação para
este estranho alinhamento e suas
possíveis consequências.
109
ENCONTRO ALEATÓRIO

200 NOMES DE
PERSONAGENS...
 POR J.M. TREVISAN
A gente sabe, porque é algo notório,
lendário, um fardo a ser carregado por
jogadores e mestres desde sua primeira
mesa: inventar nome de personagem é
difícil. Claro, tem quem coloque o próprio
nome ao contrário ou roube de algum per-
sonagem que já existe (quantos bárbaros
chamados Conan existiram nos anos 90? E
quantos hynne chamados Frodo?). Não tem
problema. Todo mundo já passou por isso.
Mas seria mais interessante que seu
avatar neste mundo incrível que é Tormenta
(ou algum outro à sua escolha, a gente não
tem ciúme) tivesse um pouco mais de…
personalidade, não?
Para dar uma forcinha, montamos duas
tabelas de nomes pensados pelo nosso edi-
tor, com um toque de ajuda dos Conselheiros
da revista. Para usar é simples: role um dado
qualquer. Se o resultado for par, role 1d100 na
TABELA A. Se o resultado for ímpar, faça
o mesmo na TABELA B. Se quiser usar
nome e sobrenome, repita o processo.
Você também pode abrir mão
das graças de Nimb e escolher
o nome que gostar mais. Não
é como se o seu personagem
fosse nascer amaldiçoado
por ignorar os dados…
 TABELA A

d% Nome d% Nome d% Nome

1 Vatrius 35 Thurwa 69 Thurvia
2 Deela 36 Yllessa 70 Leithy
3 Olantte 37 Zanthor 71 Gerislla
4 Morkass 38 Linnbar 72 Hosdhys
5 Bowgo 39 Kosavar 73 Priss
6 Renlara 40 Petragg 74 Worlan-Diralt
7 Kasden 41 Vitrilia 75 Yolgh
8 Lizzia 42 Hasttus 76 Alben
9 Queravon 43 Giconda 77 Jaslender
10 Ssazma 44 Paramir 78 Gumbro
11 Hertaria 45 Losdavio 79 Rivalya
12 Bixley 46 Tillandra 80 Themba
13 Denell 47 Dumantir 81 Dassenthio
14 Nimbia 48 Fronlla 82 Ullah
15 Xandaruss 49 Titamnir 83 Voldrianna
16 Nandara 50 Quandine 84 Aprah
17 Fusttus 51 Ghowro 85 Cingald
18 Ragzimir 52 Zylakk 86 Nidd
19 Pelluri 53 Lovarillo 87 Xiondhano
20 Akva 54 Janvya 88 Meyrir
21 Wirza 55 Birello 89 Wolga
22 Lamusk 56 Coviano 90 Lesthr
23 Diodalus 57 Uttamar 91 Pohrv
24 Masva 58 Eutrodes 92 Katrille
25 Wynnda 59 Bebblas 93 Guezz-Zussit
26 Nolanthalla 60 Zinkk 94 Queregohr
27 Pargo 61 Futotts 95 Nulst
28 Astinio 62 Babbadunlla 96 Ianna
29 Benevolusta 63 Kylenberg 97 Filkk
30 Iolda 64 Shottz 98 Aggh
31 Hallanthara 65 Treskk 99 Ezdraltha
32 Orwalle 66 Bussbast 100 Ramanda
33 Laghastre 67 Cykro
34 Festinidio 68 Follakk

111
 TABELA B

d% Nome d% Nome d% Nome

1 Egga 34 Quinka 67 Derith
2 Liskkia 35 Asfares 68 Olgramorth
3 Domballa 36 Zully 69 Golic
4 Maleva 37 Alla 70 Venerin
5 Olthus 38 Morianto 71 Yehgar
6 Codarius 39 Jilvas 72 Krad
7 Pengg 40 Niagho 73 Admeliah
8 Collariana 41 Ywael 74 Arklay
9 Lavush 42 Ostine 75 Gorva
10 Kogne 43 Sasszane 76 Violath
11 Walzer 44 Narallar 77 Ramuera
12 Haura 45 Aures 78 Isil
13 Urra 46 Josto 79 Kelva
14 Pesilto 47 Moudarius 80 Sigghelv
15 Jubila 48 Pimpla 81 Glenie
16 Salme 49 Wastadrierme 82 Hammahum
17 Trandas 50 Conthas 83 Sorgina
18 Lankkara 51 Inidorea 84 Larudd
19 Lo 52 Nathandriel 85 Heross
20 Werth 53 Silex 86 Weinst
21 Phinder 54 Dephtra 87 Yermut
22 Quost 55 Setesh 88 Sunreok
23 Salwa 56 Nush 89 Sionach
24 Andrasgg 57 Garrak 90 Ladonn
25 Pentamillis 58 Rhosgar 91 Liriel
26 Xokhur 59 Albran 92 Gasfral
27 Yornalla 60 Amako 93 Licinta
28 Kaveste 61 Nehan 94 Alayah
29 Posk 62 Khamelen 95 Kaatz
30 Liordhum 63 Murtok 96 Nadhir
31 Dumbara 64 Firkaryel 97 Taraukar
32 Gaminta 65 Nanalla 98 Gillien
33 Odro 66 Erith 99 Gnaeus
100 Mauriadanthir

112
... E NOMES200
DE ESPELUNCAS
 POR ELISA GUIMARÃES

Em uma boa aventura é necessário que haja um lugar para que grupos cansados e
sedentos possam descansar seus corpos, molhar a garganta e, quem sabe, achar
uma pista importante para sua busca.
Seja na lendária Estalagem do Macaco Caolho, ou no notório Bar do Inferno, mais
do que bebidas e confusão, é preciso um bom antro para chamar de seu. Por isso,
apresentamos uma lista de 200 adoráveis espeluncas. O nome fica por nossa conta,
a descrição fica com vocês. É uma boa chance de pedir ajuda aos jogadores e criar
em conjunto! Se vai ser uma estalagem, uma taverna, ou qualquer outra coisa que
combine com o nome, fica a critério da mesa ou da situação.
Assim como na lista de nomes de personagens, role um dado qualquer. Se o
resultado for par, role 1d100 na TABELA A. Se o resultado for ímpar, faça o mesmo
na TABELA B.

113
 TABELA A
d% Nome d% Nome d% Nome
1 Escudo Dourado 35 Árvore Frondosa 69 Pouso da Adaga
2 Águia Real 36 Corvo Sussurrante 70 Cálice Cheio
3 Ney Bar 37 Musa Tenebra 71 Rosa Despetalada
4 Bagre Azul 38 Grifo Almiscarado 72 Sinos de Prata
5 Três Lírios 39 Portal do Viajante 73 Serpente Enroscada
6 Sol Obscuro 40 Ampulheta Quebrada 74 Serpe Venenosa
7 Taverna da Corça 41 Crânio do Troll 75 Gigante Anão
8 Bar do Pinho 42 Gato de Ébano 76 Espeto de lança
9 Bússola Quebrada 43 Caneca Partida 77 Trombeta da Danação
10 Jarra e Taça 44 Guerreiro Virtuoso 78 Ninfa Desnuda
11 Salão Carmim 45 Dama Astuta 79 Sílfide (muito) Honesta
12 Cálice de Cobre 46 Lago Fervente 80 Ourives Ouvinte
13 Ganso Azul 47 Mausoléu do Prazer 81 Vestido Viajante
14 Doze Badaladas 48 Flor de Fogo 82 Flâmula Fraudulenta
15 Donzela Vermelha 49 Estrela de Prata 83 Mercador Vesgo
16 Fada Dançarina 50 Sapo Sussurrante 84 Cálice da Paz
17 Tubarão Cinzento 51 Bota Furada 85 Descanso do Cão
18 Grifo Rampante 52 Casa do Alquimista 86 Medusa Sorrateira
19 Taverna Verde 53 Descanso de Hippion 87 Pelicano Verde
20 Golem Bêbado 54 Benção de Wynna 88 Flor de Espinhos
21 Abutre Caolho 55 Unicórnio Chifrudo 89 Lhama Sedutora
22 Cabeça do Príncipe 56 Trono de Fel 90 Cachimbo Bêbado
23 Espada Quebrada 57 Girassol Bêbado 91 Covil de Megalokk
24 Dragão de Platina 58 Espada Cantante 92 Nenúfar Sombrio
25 Serpe Descamada 59 Santo Peregrino 93 Rosa Resplandescente
26 Casa do Sabor 60 Templo das Tortas 94 Sapo Inquisidor
27 Corvo de Prata 61 Cisne Dançante 95 Capacete Vazio
28 Orc Cheiroso 62 Troll Incendiado 96 Benção da Imperatriz
29 Concha Quebrada 63 Boticário Morto 97 Máscara Escarlate
30 Peixe de Espadas 64 Pégasus Manco 98 Estrela do Mar Torta
31 Descanso do Guerreiro 65 Fim do Arco-íris 99 Delícias de Yuvalin
32 Trovoada 66 Refúgio de Arsenal 100 Corcel da Tempestade
33 Carneiro Flamejante 67 Colo de Marah
34 Caldeirão Mágico 68 Coelho Verde

114
 TABELA B
d% Nome d% Nome d% Nome
1 Chapéu Sujo 33 Vigor Vigorante 67 Bulette Estrábico
2 Árvore Curva 34 Bruxa Sorridente 68 Bússola Precisa
3 Berço de Valkaria 35 Urso Bravo 69 Cinzas da Fênix
4 Sereia Atrevida 36 Cocatriz Emplumada 70 Lagartixa Falante
5 Trobo Dentuço 37 Soldado Herói 71 Cofre Escondido
6 Brilho de Azgher 38 Dançarina da Lua 72 Cascos de Bode
7 Descanso de Khalmyr 39 Sapo de Sapato 73 Paraíso do Vazio
8 Tapete Viajante 40 Raposa Fiel 74 Tritão Cantor
9 Covil do Dragão 41 Taverna do Oleiro 75 Descanso do Elfo
10 Descanso do Hynne 42 Baú dos Encantos 76 Escudo Encarnado
11 Orc Imundo 43 Poço do Inferno 77 Trovador de Bravatas
12 Orgulho de Wynna 44 Nuvem Singrante 78 Sorriso de Lena
13 Pena e Adaga 45 Pato Banguela 79 Roda de Tibar
14 Cabeça de Grifo 46 Tribo da Meia-Idade 80 Cervo Saltitante
15 Escudo de Ferro 47 Cavalo Leal 81 Amante Carinhosa
16 Caminho da Honra 48 Encharpe Escamada 82 Adaga Adamantina
17 Goblin Sabido 49 Alegria de Triunphus 83 Escudeiro Embriagado
18 Víbora Mordaz 50 Anel de Ferro 84 Escaravelho Dourado
19 Martelo Martelante 51 Cão Rabugento 85 Sinos Cristalinos
20 Sindara Bebidas 52 Bifão do Escamoso 86 Trombone do Vale
21 Tabuleiro de Nimb 53 Katana Afiada 87 Felino Ronquento
22 Bar do Fim do Mundo 54 Coroa sem Trono 88 Dahllan Chorosa
23 Arquimago Recluso 55 Joia da Coroa 89 Coruja Diurna
24 Poção do Amor 56 Luz do Deserto 90 Repouso do Bárbaro
25 Troglodita Fortinho 57 Lagosta Bêbada 91 Segredo Secreto
26 Caneca Cintilante 58 Calça Falante 92 Sorriso da Feiticeira
27 Lobo Branco 59 Acordeão Remendado 93 Mesão de Ouro
28 Açoite da Noite 60 Segredo de Glórienn 94 Tonel Entornado
29 Quimera Tonta 61 Cova Rasa 95 Funil Furado
30 Elfo Bêbado 62 Petiscos Petardos 96 Camponês Sedento
31 Tambor Furado 63 Pergaminho de Couro 97 Meio do Caminho
32 Bardo Sem Braço 64 Velocino de Bronze 98 Encruzilhada Oculta
65 Tratado dos Três 99 Escorpião Gentil
66 Açougueiro Insano 100 Lençol de Prata

115
 PEQUENAS AVENTURAS
TRIUNFO
 POR DAVIDE DI BENEDETTO
Esta mini-aventura foi pensada para RPGs
de fantasia medieval como A Lenda de
Ghanor, Tormenta20 e quaisquer outros
jogos compatíveis com o gênero. É uma
trama flexível, sem regras, adaptável às
necessidades do seu grupo.
ASSALTO AO DESFILE
O mago da corte chama os heróis para
uma missão. Em breve os astros irão se
alinhar, fazendo uma entidade ressurgir e
destruir o reino. Mas existe um artefato capaz
de detê-la: uma arma de formato circular, que
pode banir a criatura. As lendas chamam
este objeto simplesmente de “O Disco”.
Mas há um problema! O último herói que
empunhou o disco, não é mais um aventu-
reiro. Ele se tornou general do exército de
uma república mercante, que fica do outro
lado do continente. Além disso, está prestes
a se tornar imperador, tendo acabado de dar
116
um golpe. Ele rejeitou todos os apelos dos
diplomatas do rei para devolver o artefato.
O general pretende exibir o objeto
durante uma procissão triunfal, que contará
com vários carros alegóricos, representando
momentos históricos. O desfile deixará um
grande arco junto aos muros de uma cidade
derrotada, percorrendo uma ampla avenida,
até chegar a um palácio, onde o general será
abençoado por um sacerdote, enquanto
segura o disco.
É explicado ao grupo que esta cerimônia
é a melhor oportunidade de recuperar o
artefato. A missão é viajar de navio até a
cidade, infiltrar-se nela, obter o máximo de
informações sobre a celebração, descobrir
em qual carro o disco está sendo transpor-
tado… E trazê-lo de volta.
O GRANDE DIA
Durante a fase de "planejamento" do
assalto, os personagens podem ficar livres
para investigar o desfile.
 No entanto, o general decidirá em qual
carro o disco será transportado apenas no
dia da cerimônia, a ser determinado usando
1d4. A seguir, há uma descrição de cada carro
em sua ordem de apresentação, mas o grupo
pode abordá-los em qualquer sequência.
O primeiro carro a entrar é intitulado “A
Tempestade”. Seu cenário é praticamente
uma colcha de retalhos, mas cada elemento
foi escolhido a dedo por artistas, retratando
a cena de um cavaleiro que acabou de
vencer um dragão. O cavaleiro é um ator
armadurado, mas o dragão é bem real e,
mesmo morto, emite sua aura de medo.
Não é o bastante para fazer espectadores
saírem correndo, entretanto, pode abalar
personagens que não passarem em testes
adequados. É preciso também lutar contra
o enjoo, quando carcaças de porcos são
cortadas por baloeiros sobrevoando o local
com um dirigível. Sangue “chove” sobre
o carro. Mais atores, vestidos de demô-
nios-inseto, surgem e começam atacar o
cavaleiro. Embora a luta seja encenada, os
golpes doem — é preciso passar em testes
de destreza para não ser ferido.
O segundo carro é chamado "O Mal
Dentro de Nós". Recria uma fábula sobre
uma barda incendiária. É composto por
uma torrezinha com uma sacada, cercada
por um anfiteatro onde atores interpretam
uma “plateia” assistindo a uma apresentação
musical. A atriz que interpreta a barda surge
na sacada e canta. Subitamente, os especta-
dores entram em combustão, incendiando o
carro. Na verdade, o elenco é composto por
descendentes de elementais de fogo, imunes
às queimaduras. O incêndio é breve, mas
quem for atingido deve apagar as chamas.
Se o disco estiver neste carro, pode ser
encontrado em meio às cinzas. Porém, é
preciso ser rápido: um alçapão se abre na
avenida, levando tudo para os esgotos —
onde um limo-vivo estará esperando para
digerir os escombros!
O terceiro carro, "Um Bom Lugar Para
Morrer", representa uma cidadela lendária
habitada por imortais, que são ao mesmo
tempo seus residentes e prisioneiros. A
estrutura imita uma fortaleza, cercada de altos
muros. Os atores do carro anterior ressurgem
de suas supostas mortes, correm em direção
à fortaleza, apenas para serem incinerados
novamente. Aqui um elementalista e uma
ilusionista colaboram para criar um enorme
"pássaro flamejante" que ataca a fortaleza. A
estrutura é construída com materiais tratados
para serem imunes ao calor. Os atores se
levantam novamente, realizando uma dança
no começo animada, mas que aos poucos se
torna mais monótona. Como se estivessem
cansados de reviver! Durante o desfile, a
estrutura é submetida a bolas de fogo, em
intervalo de 1d4 turnos. Se o artefato estiver
nela, será necessário realizar testes para
encontrá-lo e para escalar os muros.
Encerrando o desfile, há o quarto
carro. "O Fim da História". Tem a forma de
um trapézio, com murais que mostram as
aventuras do general quando era jovem,
antes de se tornar um líder. O vilão está no
topo da estrutura, protegido por uma guarda
cerimonial, segurando o artefato — mas esta
é uma réplica. É possível entender isso com
testes ou investigação prévia. Caso não seja
percebido, o grupo pode ter problemas. Ou
roubam o disco falso e descobrem apenas
mais tarde. Ou ameaçam chamar a atenção
do general. Ele é um guerreiro formidável.
Se isso acontecer, dispensará sua guarda
e lutará sozinho com o grupo, atendendo o
pedido de seu mais estimado conselheiro.
Uma espada mágica falante, que sempre
quer ver mais caos e destruição… ■
ESTA AVENTURA FOI SURTADAMENTE
INSPIRADA NO ARTIGO “O MELHOR DA
DRAGÃO” — DA BEM DISTANTE DB 113
117
 CHEFE DE FASE
DRAGÃO
DEAÇO
 POR DANIEL DURAN
Do meio das trevas surgem duas intensas
luzes vermelhas. Enquanto se aproximam,
um terrível rangido metálico ecoa por todo o
corredor e um cheiro ferroso vai se tornando
cada vez mais intenso. Quando a luz das
tochas revela a criatura, sua superfície é
brilhante, repleta de escamas. O corpo é
ladeado por oito patas, com garras atrozes
a arranhar as paredes. Mas o rosto, similar
ao de um dragão, está retorcido, em uma
expressão que lembra um sorriso cruel.
118
Antes mesmo do surgimento do mundo
de Tormenta em si, no conto Vingador de
Aço, escrito por Marcelo Cassaro, o Dragão-
de-Aço mostraria suas garras pela primeira
vez na sétima edição da Dragão Brasil. O
monstro reapareceria na reedição do conto
original no primeiro volume do Crônicas
de Tormenta (agora em nova versão) assim
como sua ficha para Tormenta RPG e 3D&T
Alpha na Dragão Brasil 115. Agora, mais uma
geração de aventureiros enfrentará o ódio
do drolem.
Chegou a vez de Tormenta20.
MATA DRAGÕES
POR PRAZER
Em Arton existem diversos golens, dos
mais variados tipos, formas e materiais.
Inclusive, nos anos mais recentes, cada vez
mais construtos com consciência própria
vêm surgindo, seja por obra de um artífice
prodigioso ou acaso do destino, e não são
poucos aqueles que decidem aventurar-se.
Porém, a história do Dragão-de-Aço serve
de lição sobre os perigos de animar e prover
vontade própria a um ser artificial.
Em um laboratório misterioso, escondido
no meio das Montanhas Sanguinárias, um
mago poderoso decidiu, talvez pelo desafio,
talvez por orgulho, iniciar um projeto absurdo.
Ele criaria um golem cuja forma seria inspi-
rada pelas criaturas mais poderosas de Arton:
os dragões. Um drolem, um dragão artificial.
Visualmente, a criatura se assemelharia a
um dos filhos de Kallyadranoch, porém com
a cruel diferença que a besta não possuiria
asas, sendo incapaz de alçar-se aos céus
como os seres que copiava conquistavam.
Apesar disso, seria dotado de um intelecto,
capaz de pensamento complexo e fala.
Não se sabe o que aconteceu com o
criador, porém a criatura ficou inativa por
anos. O laboratório, abandonado e esque-
cido, perdido em uma de milhares cavernas
escondidas em um dos ambientes mais
perigosos de Arton. Infelizmente, isso não
duraria para sempre.
VINGADOR DE AÇO
Um jovem de uma das diversas tribos
habitantes das Sanguinárias, junto com seu
grifo, durante uma aventura infantil, acabou
encontrando o local onde a fera jazia inerte
e acidentalmente despertou-a. Esse rapaz,
chamado Taskan Skylander não imaginava o
mal que lançara sobre o mundo. O Dragão-
de-Aço, movido pelo ódio de todas as coisas
vivas, massacrou sua aldeia.
Nos anos seguintes, enquanto Taskan
era treinado para se tornar um guerreiro
sagrado por um misterioso mestre, o dro-
lem arrasou diversas vilas, deixando seu
rastro de destruição enquanto buscava o
responsável por seu despertar. A crueldade
do Dragão-de-Aço vinha da frustração de
não compreender seu propósito de existir.
Seu ódio encontrava alvo em todos os seres
vivos, em especial dragões.
Após muitos anos de devastação, Taskan
Skylander finalmente partiu para o confronto
derradeiro com o monstro e o destino de
ambos foi selado.
Entretanto, isso pode ser diferente em
sua mesa de Tormenta20.
DRAGÃO-DE-AÇO
EM SUA MESA
A forma mais simples de introduzir o
Dragão-de-Aço em uma campanha seria
ambientá-la na época original em que a cria-
tura era uma ameaça em Arton, antes de ser
enfrentada pelo paladino Taskan Skylander.
Talvez, o grupo tenha cruzado o caminho do
guerreiro santo, e o impressionado, e eles
se juntaram na missão de derrotar a ameaça
Alternativamente, os personagens pode-
riam ter sido os responsáveis por despertar o
drolem. Um grupo de aventureiros iniciantes
nas Montanhas Sanguinárias poderia des-
cobrir, no final de uma caverna natural, o
laboratório arcano e incidentalmente animar
o construto. Seria possível uma campanha
inteira conquistando poder e buscando for-
mas de derrotar o Dragão-de-Aço, tentando
minimizar a destruição causada por ele.
119
 Mas claro, existem também opções mais
ousadas. Um vilão, inspirado pela história e
destruição causada pelo monstro no passado,
pode estar buscando uma forma de criar
outros drolem (para isso é possível usar as
regras de como modificar o nível de desafio
de uma criatura presentes em Ameaças de
Arton). Ou pode ser que deseje reanimar o
original, achando que terá controle sobre
ele, apenas para ser surpreendido quando
falhar em controlar o ódio pela vida que
verdadeiramente move o monstro.
É importante lembrar que o Dragão-de-
Aço, apesar da selvageria dos seus ataques,
é um ser inteligente e sádico. Seus planos
costumam envolver causar o máximo de
sofrimento a seus desafetos, matando-os
apenas como recurso final, pois o que está
buscando, na verdade, é uma forma de
assegurar sua própria destruição.
Dragão-de-Aço ND 17
Construto Enorme
Iniciativa +16, Percepção +15, percepção às cegas,
visão no escuro
Defesa 53, Fort +30, Ref +23, Von +18, maior que
a morte, imunidade a efeitos de atordoamento,
de metamorfose, paralisia, veneno e acertos
críticos, redução de dano 20, resistência a
magia +5
Pontos de vida 1050
Deslocamento 21m (14q), escalada 12m (8q)
Corpo a Corpo Quatro garras +42 (4d8+15, 18)
e Mordida +42 (3d8+15, x4).
Agarrar Aprimorado Garra (teste +47).
Dilacerar Se o Dragão-de-Aço acerta dois ataques
de garra em uma mesma criatura no mesmo
turno, causa mais 3d8+15 pontos de dano.
120
Liga Drolem Se o Dragão-de-Aço passar num
teste de resistência contra uma magia que
o tenha como alvo, ela é revertida contra o
conjurador.
Mandíbula Destruidora Um criatura atingida pela
mordida do Dragão-de-Aço tem sua armadura
ou escudo (a sua escolha) avariado. Se não
estiver usando armadura ou empunhando
um escudo, sofre +2d8 pontos de dano (em
ambos os casos, Ref CD 44 evita).
Ódio à Vida Sempre que começa seu turno em
alcance curto de um dragão ou humanoide, o
Dragão-de-Aço entra em uma fúria que fornece
+5 em testes de ataque e +1d8 em rolagens
de dano corpo a corpo contra essas criaturas.
Rangido Aterrador Quando realiza uma ação de
movimento para se deslocar, todas as criaturas
em alcance curto do Dragão-de-Aço ficam
apavoradas (se tiverem 4 níveis ou menos)
ou abalados (5 níveis ou mais) até o fim da
cena (Vontade CD 44 evita). Uma criatura que
passe no teste de resistência fica imune a esta
habilidade pela cena.
Sopro (Padrão) Todas as criaturas em um cone
de 15 metros perdem 8d12 pontos de vida por
veneno e ficam envenenadas por 1d4 rodadas,
perdendo 2d12 PV por rodada (Fort CD 44 reduz
à metade e evita o envenenamento). Recarga
(movimento).
For 15, Des 2, Con 16, Int 2, Sab 1, Car 0
Perícias Atletismo +29, Misticismo +21.
Tesouro Padrão, mais liga drolem (CD 32 para
extrair, reduz em 1 PM o custo para fabricar
um item com o encanto refletor).
 LIGA DOS DEFENSORES

DRAGÕES
DAS ARCAS
CONHEÇA OS DRAGÕES QUE ASSOMBRAM
A TERCEIRA CONVERGÊNCIA!
 POR BRUNO SCHLATTER
A Era das Arcas também tem dragões!
Seja na última câmara de uma Arca, no
continente monstruoso, ou nas raids épicas
de Tormenta ALPHA, há muitos deles que
podem ser enfrentados pelo seu grupo
de Arcanautas.
Vamos conhecer alguns a seguir. Note
que, além das fichas de jogo, todos têm
uma sessão de tesouros: itens especiais que
você pode adquirir após derrotar um deles,
pagando um determinado custo em XP.
DRAGÕES
DAS ARCAS
Encontrados nas câmaras mais profundas
de diversas Arcas, dragões estão entre
os perigos mais temidos por Arcanautas
inexperientes. Mas também entre os mais
procurados pelos mais experientes, pois
sabem que encontrar um deles costuma ser
indício de um farto tesouro no local!
Acredita-se que sejam uma espécie
originária do mundo misterioso de onde as
Arcas vieram, onde são seres majestosos e
perigosos. De fato, a Terceira Convergência
trouxe muitos dragões para o mundo de
fora das Arcas também: tanto entre criaturas
ancestrais, que vieram nas Convergências
anteriores e estiveram adormecidas por
séculos, como novas que nasceram junto
à explosão de raças mágicas que tomaram
o mundo desde então.
DRAGÃO DAS ARCAS
33PT SUGOI
Poder 4, Habilidade 3, Resistência 5
Ação 4, Magia 45, Vida 55
Perícias: Influência, Luta, Mística.
Vantagens: Arena (covil), Ataque Especial
(Perigoso, Potente x2, Poderoso), Desgaste,
Forte, Magia, PM Extras x3, PV Extras x3,
Resoluto, Vigoroso, Voo.
Desvantagens: Diferente.
Técnicas: Bola de Fogo.
TESOUROS
• Couro de Dragão (10XP). Pode ser
usado para criação de armaduras e roupas
de proteção mais resistentes. O item recebe
a qualidade Encantado (R+1).
• Picanha de Dragão. Você pode extrair
uma peça do corpo de um dragão das Arcas
derrotado com um teste de Sobrevivência
(12). Ela pode ser preparada como uma
refeição (12) para até quatro personagens.
Concede P+1 (aumentando também os
recursos) e Ataque Especial Poderoso (se
já tem a vantagem, reduz o seu custo à
metade), até o fim do dia.
O CONTINENTE
CONVERGIDO
A Terceira Convergência afetou de for-
mas diferentes as diversas partes do mundo.
Um dos resultados mais trágicos ocorreu
na América do Norte, onde a exploração
desenfreada de Arcas por corporações levou
a um desastre dimensional em que todo
o continente foi devastado e tomado por
criaturas monstruosas. Hoje, é um ambiente
selvagem e desértico, com pequenas comu-
nidades rústicas habitadas por caçadores
e comerciantes de partes de monstros.
Muitas destas criaturas são dragões e
criaturas aparentadas. Os antigos cânions
do continente, por exemplo, são tomadas
de serpes: répteis voadores aparentados
com dragões, mas sem a inteligência dos
seus primos. Engana-se quem pensa que
representam menos perigo, no entanto, pois
além de garras e mordidas poderosas, sua
cauda possui um ferrão venenoso e mortal.
123
SERPE DOS CÂNIONS TESOUROS
12PT NINGEN • Ajudante (30 XP). Um ovo de serpe
Poder 2, Habilidade 3, Resistência 3 capturado pode ser chocado em cativeiro,
e a criatura treinada como montaria. Ela vira
Ação 2, Magia 15, Vida 15 um Ajudante (montaria) que também concede
Perícias: Luta, Sobrevivência. as vantagens Voo e Desgaste.
Vantagens: Ataque Especial (Perigoso, • Ferrão de Serpe (20 XP). O ferrão da
Potente), Desgaste, Voo. serpe pode ser usado para criar armas como
lanças e flechas. Ela se torna um artefato
Desvantagens: Diferente, Inculto.
com a qualidade Venenoso.

Dragon Prince: ok, não é rei, mas ainda é da realeza

124
O COVIL DO
DRAGÃO-REI
Uma das raids mais famosas de Tormenta
ALPHA, o Covil do Dragão-Rei é uma
masmorra de nível épico, que deve ser
explorada simultaneamente por até oito
grupos seguindo por rotas distintas. Ao fim,
todas convergem para o confronto final, em
que 32 personagens enfrentam juntos o
poderoso Dragão-Rei!
O combate é famoso pela dificuldade,
mesmo com os jogadores em tamanha van-
tagem numérica. Baforadas de fogo atingem
áreas enormes e deixam os alvos em chamas;
e ele ainda recupera energias quando reduz
um jogador a 0 PV. Aqueles mais experientes,
no entanto, sabem se aproveitar de um ponto
cego no seu flanco esquerdo, já que um de
seus olhos foi arrancado por outro dragão
na lore do jogo.
Apesar da dificuldade elevada, a raid é
uma das preferidas dos fãs, tanto pela batalha
épica final, como pelos tesouros únicos e
itens de alto valor que podem ser obtidos.
DRAGÃO-REI
58PT KIODAI
Poder 6, Habilidade 8, Resistência 8
Ação 6, Magia 40, Vida 100
Perícias: Luta, Mística.
Vantagens: Alcance 2, Arena (o covil),
Ataque Especial (Área, Múltiplo, Perigoso,
Poderoso, Potente x2, Titânico), Brutal
(Derrota), Desgaste, Forte, Irresistível, Magia,
PV Extras x6, Resoluto, Sentidos (Infravisão,
Radar), Vigoroso, Voo.
Desvantagens: Ponto Fraco (ponto cego
no olho perdido).
Técnicas: Bola de Fogo.
TESOUROS
A aquisição de tesouros do Dragão-Rei é
limitada a um item por personagem, mas
você sempre pode fazer a raid novamente
para adquirir os outros!
• Armadura de Couro Dracônico Real
(80XP). Possui as qualidades: Abençoado,
Encantado (R+3) e Fortificado. Além disso,
uma vez por cena, você pode pagar 5 PM
para trocar todos os resultados 1 de uma
rolagem de defesa por 6 (transformando
em acertos críticos).
• Coração de Dragão-Rei (40 XP).
Acessório que concede ao personagem
+20 PM e reduz pela metade o custo em
PM de vantagens e técnicas.
• Lança de Dente de Dragão Real (110
XP). Possui as qualidades: Acurado,
Encantado (P+2), Flagelo (monstros) e Vorpal.
Além disso, uma vez por cena, você pode
pagar 5 PM para trocar todos os resultados
1 de uma rolagem de ataque por 6 (transfor-
mando em acertos críticos).
• Picanha de Dragão Real. Extraída com
um teste de Sobrevivência (15). Pode ser
preparada como uma refeição (12) para até
quatro personagens, que concede P+2 (afe-
tando inclusive recursos) e Ataque Especial
Potente e Poderoso (se já os tiver, reduz o
custo em PM pela metade) até o fim do dia. ♦
125

CONSELHEIROS
Abelardo Dantas Álvares
Abner Oliveira
Adalberto Neto
Adelmo Felipe Bento
Ademir Nistrador
Adolfo Toshiro Cotarelli Sasaki
Adriano Silva
Álan Duvale Gomes
Alan Machado De Almeida
Alan Santana
Alberto Calil Elias Junior
Alcyr Neto
Aleksander Sanandres
Alessandro Serpa Costa
Alex Aguilar Dos Santos
Alex Farias De Lima
Alex Frey
Alex Pereira
Alex Pongitori
Alex Rodrigo R. Oliveira
Alexandre Ferreira Soares
Alexandre Kososki Hull Da Silva
Alexandre Machado
Alexandre Murayama De Lima
Alexandre Uhren Mazia
Alexandre Vieira Alves
126
SEJA UM APOIADOR
DA DRAGÃO BRASIL EM
NÍVEL CONSELHEIRO OU
AVENTUREIRO PARA TER
O SEU NOME AQUI!
Alexandro De Sousa Rodrigues
Alice Olivan
Álisson Morais
Allec Ribeiro
Altair Jorge Fernandes
Alysson Carneiro
Amanda Rodrigues Velloso Santana
Ana Rosa Leme Camargo
Anael Narciso Nagib Murr
Anderson Brambilla Chaves
Anderson Costa Soares
Anderson De Mello Ogliari
Anderson Guerke
Anderson Rosa Cecilio De Oliveira
Anderson Thelles
André Bersot Higuti
André Bessa
André Centeno De Oliveira
André Dorte Dos Santos
André Duarte De Ávila Ribeiro
André Luiz Marcondes Pontes
André Macedo Matos
André Mendo
Andre Moshiba
Andre Peixoto
Andre Tosta
Andrews Da Cunha Silva Dos Passos
Angelo Daniel Dagnoni Fernandes
Ângelo Lima
Anito Kerber Junior
Antonio Mombrini
Antonio Mourão Da Silva Oliveira
Antonio Pedro Costa Oliveira Pretti
Espindula
Antônio Ricart
Antonio Victor Melo Trindade
Ariel Alves Dutra
Ariel Leonardo Alencar Leitão
Arival Curi Da Cruz
Arthur Galdino
Arthur Zimmer Dias
Augusto César Duarte Rodrigues
Augusto Cesar Jeannine Rocha Junior
Augusto De Moraes Nobre
Augusto Netto Felix
Azrael Lima
Bárbara Iara Hugo
Benaduce Guilherme
Bernardo Rocha Batista De Paiva
Breno Nunes De Sena Keller
Breno Portella
Breno Trovão
Brunão Crash
Brunno Madruga Fidalgo Brígido
Bruno Andrade Figueiredo De Oliveira
Bruno Bitencourt Oliveira
Bruno Brinca De Jesus Limeira
Bruno Cesar Aff Mendes
Bruno De Jesus Farias Silva
Bruno Doyle
Bruno Emerson Furtado
Bruno Felipe Teixeira
Bruno Filipe De Oliveira Ribeiro
Bruno Giordano
Bruno Henrique Da Cunha De Lucca
Bruno Leão Pereira
Bruno Lenzi
Bruno Messias Silva Santos
Bruno Vieira
Bruno Vinicius Sanchez De Souza
Bruno Wesley Lino
Bryan Augusto De Aguiar
Bryan Luiz Silveira Sipião
Caio Alvares
Caio Cosme Darlan Fabricio Silva Santos Eduardo Milani
Caleo Pires Bittencourt Davi Andrade Morais Guedes Eduardo Nunes
Camila Gamino Da Costa Davi Francisco Santos Eduardo Paulo Cronemberger Filho
Camilo Rodrigues Davi Freitas Eduardo Wohlers
Carlos "Grande Castor" Gonçalves Davi Mascote Domingues Elias Simões De Souza Van Do Rosário
Carlos Eduardo Pereira Santana Davi Roberto Limeira Ferreira
Carlos F. Dos Santos David De Andrade Nunes Elis Rodrigues Oliveira
Carlos Frederico Veiga David De Andrade Nunes Elliot Macedo Haddad
Carlos G C Cruz David Koltun Elton Rigotto Genari
Carlos Giovane Haefliger David Torres Offrede Elton Rodriguez
Cassio Pereira Davyson Diogenes Rodrigues Elvis Sãngelis Dias Marinheiro
Cassio Segantin Davysondr Elvys Da Silva Benayon
Cavaleiro Morto Deivide Argolo Brito Emerson M Lavatori
Célio Júnior Deivis Pereira Emílio Perez De Morais
Celso Giordano Tonetti Denis Carvalho Emmanuel Antunes
César Henrique Denis Kenji Nakano Endi Ganem
Cesar Monteiro Junior Denis Oliveira Enio Mielly Morais Maximo
Christian Meinecke Gross Diego Barba Enzo Kapps De Oliveira
Chrysthowam A. Santos Diego Barboza Enzo Venturieri
Cj Saguini Diego Bernardo Chumah Eric "Yuki Hiro"
Claudio Quessada Cabello Diego C. De Souza Estevão Costa
Cleison Ferreira Diego Matos Moura Everton Lauton
Cristian Dos Santos Diego Moreira Everton Vieira Martins
Cristian Drovas Diego Noura Fabiano Raiser Dias Bexiga
Cristiano "Leishmaniose" Cavalcante Diego Rubin Fabio Bompet Machado
Dan Cruz Diego Tavares Da Silva Trindade Fabio Carvalho
Daniel Braga Coimbra Diego Toniolo Do Prado Fabio Casanova
Daniel Carlos Diego Torralbo Fabio Grile
Daniel Doria Diogo De Almeida Camelo Fabio Luiz Pinto Lemos
Daniel Feltrin Diosh Smith Fabrício Costa
Daniel Folador Rossi Djalma Frehse Neto Fabricio Silva De Amorim
Daniel Luis Portela Da Silva Dmitri Gadelha Fagner Ferreira Rodrigues Da Silva
Daniel Macedo Douglas De Farias Ichitani Felipe Alves
Daniel Maprelian Douglas Santos De Abreu Felipe Amalfi
Daniel Nogueira Douglas Vieira Dias Felipe Augusto Gomes De Morais
Daniel Orsini Douglas Zanotta Felipe Augusto Souza Mello
Daniel Paes Cuter Duda Vila Nova Felipe Brito
Daniel Poleti Eddie Junior Felipe De Almeida Penteado
Daniel Regis Alló Weiss Eddu Fuganholi Felipe De Souza Ramos
Daniel Ribeiro Molinari Mello Éder "Dzr13" Fialho Felipe Gante
Daniel Romero Da Escóssia Pinheiro Eder Lage Felipe Granado
Daniel Saraiva De Souza Edgar Cutar Junior Felipe Intasqui
Daniel Silveira De Lemos Edilson Da Silva Medeiros Junior Felipe Leal Campos De Freitas
Daniel Ximenes Ednardo Oliveira Pena Araújo Felipe Lira Fernandes
Danielle Fredini Amaral Edson Carlos Da Silva Ghiotto Junior Felipe Manhoni De Paula Alves
Danilo Batista Da Silva Eduardo Batista Dos Santos Saigh Felipe Massao T. Masutani
Danilo Henrique Eduardo Diniz Dallacort Felipe Queiroz
Danilo Machado Eduardo Gabriel Sebastiany Felipe Rizardi Tomas
Danilo Martins Eduardo Jacinto Moreira Felipe Tenorio
Dannilo Silva Eduardo Lucas Felipe Vilarinho
Danyel Pablo Batista Muniz Eduardo Maciel Ribeiro Felipe Wellington

127
Felippe Moreira Rodrigues
Félix Gomes Da Silva Junior
Fernando Abdala Tavares
Fernando Augusto Iwata Yamamoto
Fernando Brauner
Fernando Camilo Moura Ribeiro
Fernando Douglas Tavares
Fernando Guarino Soutelino
Fernando Mateus Ferreira Vale Dos
Santos
Fernando Mendonça De Almeida
Fernando Modesto Dutra
Fernando Schwenson
Filipe Itagiba
Filipe W Santos
Flaviana Cristina Malagodi Takei
Flavio Emanoel Do Espirito Santo
Terceiro
Flavio Hiasa
Flávio Martins De Araújo
Flávio Rodrigues
Flavio Zimermann Silva
Francisco Duque
Francisco José Marques
Francisco Ribeiro
Francisco Santana De Azeredo
Franz Pietz
Gabriel Alves Brandão Machado
Gabriel Alves Rêgo
Gabriel Amaral Abreu
Gabriel Áquila
Gabriel Bomfim
Gabriel Cassa
Gabriel Cholodovskis Machado
Gabriel Custodio Da Silva Avelino
Gabriel Da Silva Cavalcante
Gabriel De Oliveira Silva
Gabriel Dos Santos Barbosa
Gabriel Elias
Gabriel Felipe
Gabriel Gasperini
Gabriel Góes Ferreira
Gabriel Hirata
Gabriel Madeira Pessoa
Gabriel Mascarenhas De Souza
Gabriel Menino
Gabriel Moreira
Gabriel Novaes
Gabriel Nunes Da Silva Sobral
Gabriel Paiva Rega
Gabriel Pessoa Dos Santos
128
Gabriel Santos Passos Henrique Da Costa Gallo Neto
Gabriel Scantamburlo Ribeiro Henrique Hitiro Takeda
Gabriel Soares Machado Henrique Martins
Gabriela Cotrim De Moraes Henrique Oliveira
Gilmar Burato Henrique Santos
Gilmar Farias Freitas Herbert Aragão
Gilvan Gouvêa Herik Giammaria De Souza Melo
Gio Mota Higor Rodrigo Da Silva Alves
Giovanni Ernesto Hiromi Honda
Giuliano Tamarozi Hugo Genuino
Gladson Caldas Hugo Matias Sperb
Glauber Rocha Hugo Oredes Agapito
Gláucio José Magalhães Hugo Pitanga
Gleison Alves Santos Neves Humberto Gs Junior
Gounford Thiago Humberto Meale
Gregório De Almeida Fonseca Humberto Reis
Guilherme Aurélio Da Silva Arantes Ian Diniz Carreiro
Guilherme Biancarelli Icaro Dos Santos Da Silva
Guilherme Britz Fontoura Icaro Issa
Guilherme Correa Virtuoso Igor Chacon
Guilherme Da Silva Alves Igor Daniel Côrtes Gomes
Guilherme Feitosa Igor Silva
Guilherme Gamal Isac Batista Guilherme
Guilherme Inojosa Cavalcanti Ismael Marinho
Guilherme Lacombe Oliva Da Fonseca Israel Silva Da Silva
Guilherme Luiz De Oliveira Aleixo Iuri Luis Da Silva Paes
Guilherme Martins Alves Iury Goncalves Nunes
Guilherme Morais Ivan Ivanoff De Oliveira
Guilherme Pinto Reis Ivan Zanutto Bastos
Guilherme Teixeira Ivens Bruno Sampaio Dos Santos
Guilherme Tolotti Ivo Iso
Guilherme Trintinalha Corrêa Jackson Callado
Guilherme Tsuguio Tanaka Jamerson Da Silva
Gustavo Almeida Agibert Jardel Prasse Pontes
Gustavo Amâncio Costa Jayme Calixto
Gustavo De Oliveira Ceragioli Jean Carlo
Gustavo Freire Schafhauser Jean Michel Macêdo Dos Santos
Gustavo Gaiato Monte Jef Ferraz
Gustavo Henrique Jeferson Dantas
Gustavo Martins Ferreira Jeferson Vicentini Freire
Gustavo Nobre Wotikoski Jefferson Anderson Ferreira
Gustavo Samuel Jefferson Frias
Guto Jardim Jeovany Nascimento
Haniel Ferreira Jessé Adriano Dias
Heitor Alencar Moraes Jessica Niohanne Parente Cipriano
Helder Aparecido Pereira Jessy Michaelis
Helder Luis Baruffi Jhonatam Fernandes Golim
Helton Garcia Cordeiro Jhonatan Cassante
Henrique Carvalho Gomes Jhonny Campos De Britto
Henrique Castro João Carlos De Lucena Lira
Henrique Costa João Felipe
João Gabriel Gomes Kevin William Guimaraes Lucas Toscano
Joao Marcos Herbstrith Braz Keyler Queiroz Cardoso Lucas Waterkemper Alberton
João Marcos Vasconcelos Kilton Fernandes Luciano Dias
João Mokdeci Kyan Derick Luciano Portella Rodovalho
João Paulo Antenor Leandro De Souza Cordeiro Luciano Viana
João Paulo Maia Cardoso Leandro Dos Santos Bezerra Lucio Pedro Limonta
Joao Paulo Melatto Fogo Leandro Ferraro Luis Augusto Monteiro Coelho
Joao Paulo Naldi Leandro Lima Dos Santos Luis Augusto Patrick Cordeiro Tavares
João Pedro De Oliveira Leandro Moreira Luiz Calmon Neto
João Pedro Dos Santos Leandro Ramos Antonio Luiz Costa
Joao Pereira Leandro Santiago Lima Luiz Felipe Aguinsky
Joao Ricardo Ramos Leandro Torres Luiz Felipe Barbosa Dantas
João Roberto Borges De Azevedo Leandro Ygor Luiz Fernando De Borba David Soares
João Severo Leonam Gabriel Luiz Frederico Jr.
João Victor Lessa Nunes Leonardo Afonso Luiz Guilherme Da Fonseca Dias
João Victor Rodrigues Leonardo Augusto Cerbarro Luiz Gustavo Nóbrega
Joaquim Silva Leonardo Batagin Luiz Junior Nakahara
Johann Rafael Dalla Barba Nunes Leonardo Buratto De Assis Luiz Mário Chaves De Sousa
Johnny Carlos De Almeida Júnior Leonardo Cibulski Luiz Otávio Gouvêa
Jonatas Monteiro Fernandes Leonardo Costa Luiz Otavio Silva Santos
Jonathan Da Silva Bandeira Leonardo Coutinho Luiz Ramiro
Jonathan Moreira Leonardo Dias Pesqueira Luiz Roberto Dias
Jonathan Pinheiro Dos Santos Leonardo Fiamoncini De Souza Luiz Santos
Jonathan Silva Araujo Leonardo Garcia Da Silva Domingues Lukas Wyllis Louza De Oliveira
Jordan Antunes De Sa Assis Leonardo Munhoz Felippi Lux Lemos
Jorge Alberto Carvalho Sena Leonardo Rafael De Bairos Rezende Makihara Akio
Jorge Botelho Leonardo Renner Koppe Marcel Ribeiro Dantas
Jorge Henrique Thimóteo Ramos Leonardo Thoms Neves Marcello Bicalho
José Alexandre Buso Weiller Leonardo Vieira Marcelo Antonio Pereira Marcolino
José Alipio Taveira Junior Liano Batista Marcelo Henrique Da Silva
José Arnaldo Da Silva Neto Lilly Soryu Marcelo Junior
José Augusto Costermani Vale Lohan Alexandre De Souza Toniatti Marcelo Nola
José Felipe Ayres Pereira Filho Lorenzzo Areias Marcelo Roger Dos Santos Reis
José Ricardo Gonçalves Barretto Luan Marcelo Werner
José Roberto Froes Da Costa Luan Manavello Márcio Kubiach
José Roberto Matos De Oliveira Lucas Alves Pullig Marco Menezes
José Rodrigues Villa Real Neto Lucas Anderson Marco Túlio Braga
Juan Carlo Santos Maia Lucas Batista Da Silva Marcos Barbalho Moreira
Judson Jeferson Pereira Moraes Lucas Bernardo Monteiro Marcos Cordeiro
Juliano Azzi Dellamea Lucas Coquenão Marcos Junqueira Braga
Juliano Domingues Lucas Correa Marcos Mineiro
Juliano Schmitt De Andrade Lucas De Souza Figueiredo Marcos Neiva
Juliano Zachias Soares Da Silva Lucas Evangelista Marcos Pincelli
Julio Cesar Berbeth Lucas Henrique Muniz Marcus Andrade
Julio Cezar Silva Carvalho De Toledo Lucas Martinelli Tabajara Marcus Balla
Júlio Marchioni Lucas Menezes Marcus Lins
Julio Porto Lucas Moreira De Carvalho Marcus Rocher
Kalleu Vinicius Natividade Pereira Lucas Ollyver Gonçalves Barbosa Marcus Vinícius Cunha Melo
Kayser Martins Feitosa Lucas Sá Teles Dos Anjos Marcus Vinicius De Oliveira
Kellisson Felipe Silva Freire Lucas Serrano De Andrade Marcus Vinicius Genico Prendes
Kevin Santos Lucas Souza Marcus Vinicius Rodrigues De Oliveira

129
Mário Ferrari Neto
Mario Hissashi Kajiya
Mário Tatsuo Makita
Marlon Marques
Marlon Teske
Maryana F Gomes
Mateus Brasil Miranda
Mateus Brum Brenner
Mateus Do Nascimento Rocha
Mateus Fernandes Geremias
Mateus Porto Calson
Matheus Araujo De Carvalho
Matheus Augusto Simão Cezar
Matheus Back Almeida
Matheus Barbosa Santiago
Matheus C. Medvedeff
Matheus Colidio
Matheus Guilherme Arraes Veloso
Matheus Henrique
Matheus Machado
Matheus Modro
Matheus Pivatto
Matheus Rodrigues
Matheus Smoking Do Eirado
Mauricio Foster Rodrigues
Mauricio Pacces Vicente
Mauro Araújo Gontijo
Mauro Juliani Junior
Mauro Rodrigues Borges
Merle Adrian
Messyo Sousa Brito
Michael Boni
Michel Medeiros De Souza
Miguel Peters
Mikael Santana Mota
Milton Vinicius Diogo De Sousa
Mirian Marinho De Santana
Mitae Do Mato
Murilo D. Andrade
Natalia Rousu
Nataniel Lopes
Neimar Alves
Neves D. Hiago
Nick Scabello
Nicole Mezzasalma
Nicollas Baltar
Nikolas Carneiro
Nycolas Cardoso Beck
Odilon Duarte
Odmir Fortes
Osvanildo Domingos De Souza Filho
130
Otávio Teixeira Pinto Rafael Garcia Morais
Pablo Alves Rafael Gomes Gerônimo
Pablo Pochmann Rafael Gonçalves
Pablo Raphael Rafael Guarnieri
Pablo Urpia Rafael Ishikawa Dos Santos
Patricia De Fatima Lopes Rafael Lichy
Patrício Correa Rafael Machado Saldanha
Paulo Crestani Rafael Pelluso
Paulo Eduardo De Lima Pacheco Rafael Ribeiro
Paulo Emilio Rafael Rodrigues Michetti
Paulo Fernando Gomes Velloso Rafael Santiago Luiz Peleteiro
Paulo Junior Rafael Sirotheau
Paulo Rafael Guariglia Escanhoela Rafael Vinicius Pita
Paulo Ramon Nogueira De Freitas Ramon Rebelo
Paulo Roberto De Assis Ferreira Rangerfantasma
Paulo Silles Raphael Alves Moure
Paulo Vinicius Raphael Coelho Silveira
Paulo Vitor Raphael Espesse
Paulo Weber Louvem Gomes Raphael Estevao Borges De Oliveira
Peco Caballero Raphael Gonçalves Villela
Pedro Augusto Ferreira Rodrigues Raphael Levy Lima
Pedro Augusto Pereira De Freitas Raphael Montero
Pedro Augusto Santos Felisberto Raphael Ribeiro
Pedro Fortini Raphael Ribeiro Cardoso
Pedro Frare Zem Raul Flavio D'Elia Barbosa
Pedro Grandchamp Neto Renan Billi
Pedro Henrique Dos Santos Gonçalves Renan Costa Viana
Pedro Henrique Kaidraivos Renan Delarosa
Pedro Henrique Martins Renan Rodrigues Cação
Pedro Henrique Matos Renato Dantas
Pedro Henrique Seligmann Soares Renato Farias
Pedro Henrique Thuler Renato Potz
Pedro Ivo Nascimento Bezerra Dos Rhand Leal
Santos Rhenan Pereira Santos
Pedro Luiz Custodio Mendes Ricardo César Ribeiro Dos Santos
Pedro Machado Ricardo Dantas De Oliveira
Pedro Martinez Marcena Ricardo Ferreira Gerlin
Pedro Nieves Ricardo Filinto
Pedro Oliveira Torres De Andrade Ricardo Mauricio Dutra Ribeiro
Pedro Victor Duarte Ricardo Okabe
Pedro Vieira Junior Richard Cardoso
Pedro Vitor Schumacher Rinaig Yanniz Mendes De Carvalho
Péricles Vianna Migliorini Roberto De Medeiros Farias
Peter Bidel Schwambach Roberto Freires Batista
Philippe Luiz Barbosa Correia Roberto Levita
Pietro Vicari Roberto Rodriques
Rafael Baquini Bueno Robson F. Vilela
Rafael Duarte Collaço Rodolfo Benedicto
Rafael Ferreira Lobo Rodolfo Xavier
Rafael Freitas De Souza Rodolpho Contini
Rafael Galdino Marinho Rodrigo André Da Costa Graça
Rodrigo Da Silva Santos
Rodrigo Darouche Gimenez
Rodrigo De Oliveira
Rodrigo Denicol
Rodrigo Fernando Comin
Rodrigo Fogagnolo Mauricio
Rodrigo Keiji
Rodrigo Mendonça
Rodrigo Moreira Clares De Souza
Rodrigo Nunes Dos Santos
Rodrigo Pereira Bettega
Rodrigo Quaresma De Andrade
Rodrigo Shibuya
Rodrigo Tadeu Delboni Barbosa
Romullo Assis Dos Santos
Romulo Bartalini
Ronaldo Filho
Ronaldo Mendes
Ronnie Von Carvalho De Souza Junior
Ruan Carlos De Lima Santana
Rubens Dos Santos
Ruy Vasconcelos
Sammy Junior
Samuel Caled Blaas Wachholz
Samuel Hamilton Belem Cruz
Sascha Borges Lucas
Sasukerdg Mendes
Saulo Fernando De Oliveira Afonso
Sebastião Proença De Oliveira Neto
Sergio Chagas
Sérgio Dalbon
Sergio Lúcio Lopes Duarte
Shane Morgan Baraboskin Standen
Silvino Pereira De Amorim Neto
Silvio Rodrigues
Soren Francis
Stella Faith
Suelson Alves Dos Santos Junior
Tácio Barreto Nascimento
Tácio Schaeppi
Tafarel Camargo
Tales Peluso Borges
Tárik Raydan
Tawan Ferraz Trindade
Thadeu Silva
Thales Barreto
Thales Bitencourt
Thales Geovane Maciel
Thalles Rezende
Thaynah Silva
Thiago Almeida
Thiago Alves Da Silva Costa
Thiago Barbosa Ferreira
Thiago Bernardi Ribeiro
Thiago Carvalho Dias
Thiago Da Luz Gabriel
Thiago De Sousa Costa
Thiago Destri Cabral
Thiago Freitas
Thiago Lima
Thiago Lorena
Thiago Morani
Thiago Ozório
Thiago Silva
Thiago Tavares
Thiago Trot
Thomas Reis
Thomaz Oliveira
Tiago Carvalho Oaks
Tiago Martins De Souza
Tiago Monnerat De F. Lopes
Tiago Pereira
Tiago Pitchon Sampaio
Tiago Santa Maria Rodrigues Marto
Tiago Soares
Tião Luna
Tomás Gomes Cardoso
Tubaranguejo
Ubiratan Augusto Lima
Ursula Batista
Valdir Camargo Junior
Vauderag Junior
Vegetal Triste
Vicente Bernard De Oliveira
Victor Bine Meira
Victor Castro De Sa
Victor Hermano
Victor Hugo Antunes
Victor Hugo De Paiva
Victor Milani
Victor Otani
Victor Pinheiro
Victor Pires Mendonça
Victor T Melo
Vinícius Barroco Milhomem Basile
Vinicius Cipolotti
Vinicius De Aquino Calheiros
Vinicius De Paiva Costa
Vinícius G. O. Miiller
Vinicius Guedes Da Silva
Vinicius Kremer Santos
Vinícius Lemos
Vinícius Lima Silva
Vinícius Macuco
Vinicius Mattos
Vinícius Nery Cordeiro
Vinicius Pelens Bosio
Vinícius Savi Silva
Vinicius Segantine
Vinicius Soares Lima
Vinicius Tadeu Dias Pereira De Faria
Vitor Alves Patriarcha
Vitor Faccio
Vitor Francisco Da Silveira Ribeiro
Vitor Gabriel Etcheverry
Vitor Giavarina Delgallo
Vítor Lucena
Vitor Mendes Demarchi
Vitor Santos Ferreira
Wagner Azambuja
Wagner Rodero Junior
Wallace De Oliveira Honório
Wallace Dias
Wallace F Lopes
Wallison Viana De Carvalho
Washington Alencar
Welington Haas Hein
Welington Simoes Junior
Wellington Barros Moraes
Wellington Silva
Welton Beck Guadagnin
Welton Sousa
Wesley Albuquerque Maranhão
Wesley Doelinger
Wesley Matheus Lino
Weslley Dos Passos Bispo
Wilkson Belem Monteiro
Willian Diego Alves Dos Santos
Willian Jeferson Nunes
Willian Marques Da Silva
Wolf Fivousix
Yago Ribeiro De Sousa Pereira
Yan Adriano Dos Santos
Yan Constantino
Yuri Alessandro Martins
Yuri Bitencourt
Yuri Castro Costa Pugliesi
Yuri Jardilino
Zeca Machado
131

AVENTUREIROS
Adam Shin Koga
Adriano De Oliveira Santos Ayub
Adriano Figueiroa Santos
Affonso Miguel Heinen Neto
Agamenon Nogueira Lapa
Alan De França Santana
Alan Felipe Ferreira
Albano Francisco Schmidt
Alcebiades Alves Da Silva Junior
Aldrin Cristhiam Manzano
Alex H. Santos
Alex Sandro Serafim
Alexandre Leite
Alexandre Mainenti Leal Lopes
Alexandre Mantovani Negro
Alexandre Straube
Alexsandro Alves
Alisson Henrique Tavares
Alisson Luiz Lima De Menezes
Allan Adann Caires Marcelino Da Silva
Allan Collier
Allan Cristhian
Allan Vitor Rodrigues Da Silva
Allisson Oliveira
Álvaro Ferreira
Alysson Martins
Ana Lucia Lieuthier
Andre Augusto Nogueira Alves
André Fernando Peres
132
André P. Bogéa
Antônio Henrique Botticelli
Antonio Pereira
Antonio Vicente Maia Neto
Arlin Vinicius Borges Monteiro
Aroni Da Luz
Arthur Carvalho Laurindo
Arthur Emílio Do Nascimento
Gonçalves
Arthur Endlein Correia
Arthur Navarro
Arthur Santos Miguel
Artino Filho
Artur Augusto Bracher Capute
Artur De Oliveira Da Rocha Franco
At Matos
Átilla Oliveira Barros
Augusto Ruckert
Bernardo Cortizo De Aguiar
Bernardo Nassau De Souza
Braian Thomaz Takahira
Brenno Ottoni
Breno Melo
Breno Muinhos
Brnvsantos
Bruna Emi Okyama
Bruno Baère Pederassi Lomba De
Araujo
Bruno Cugola Coelho
Bruno Da Silva Assis
Bruno Dahlem Pereira
Bruno Eduardo Augusto De Oliveira
E Silva
Bruno Eron
Bruno Fernandes Alves Junior
Bruno Godoi
Bruno H M Silva
Bruno Liedtke
Bruno Luis Perissotti
Bruno Meneghetti
Bruno Veck Milão
Bryan Barros Pires
Bryan Sousa De Oliveira
Caio Alexandre Consorti Paixão
Caio Assis Souza Santos
Caio Castro Vaz Bezerra
Caio César
Caio Cruz
Caio Palhares
Caio Santiago
Camila Mariscal
Camille Nunes
Camillo Ferreira Franco
Carlos Alberto De Carvalho Netto
Carlos Eduardo Areia
Carlos Henrique Araújo Bezerra
Carlos Henrique Mesquita Do Prado
Carlos Ogawa Colontonio
Caroline Voss
Cássio Augusto
Cassius Nunes
Cauã Oliveira Silva
Cayo Albuquerque Prohaska
Moscatelli
Celso Guedes De Jesus
Chris Azeredo
Clarissa Sant´Anna Da Rosa
Cláudio Andrade Neto
Claudio Carlos Bezerra Gamboni
Claudio Vinicius
Clécio Júnior
Cléo Fernando Martins Machado
Colemar F. Cunha
Cristiane Weber
Daniel Bemerguy Pontes
Daniel Benoni De Sales Duarte
Daniel Bonaldo
Daniel Diego Lacerda Cirilo
Daniel Felipe Meireles De Souza
Daniel Gomes
Daniel Gomes Lacerda
Daniel Ramos
Daniel Sacramento
Daniel Sugui
Daniel Toledo Menezes De Oliveira
Danilo Carlos Martins
Danilo Da Silva Bueno
Danilo De Souza Oliveira
Danilo Franco Penteado
Danilo Martins
Danúbio Viana Nogueira
Dartagnan Quadros
David Córdova Loures
David Lessa
David Tabosa
Davidson Guilherme Goncalves Dos
Santos Borba
Daya Christofoli
Dayane Aparecida Baraldi Ferreira
Dean Rusk Andrade Sobrinho
Débora De Oliveira Borges
Débora Mazetto
Deiverson Lucas
Delaserna - Resistência De Ionia
Diego Adão Fanti Silva
Diego De Niro
Diego Henrique Marinho
Diego Henrique Negretto
Diego José Busarello
Diego Mangini
Diego Mello
Diego Rodrigues Sala
Diego Silveira Martins Marques
Diego Vitoriano Da Silva
Diogo Campos
Diogo Fontes
Diogo Schmitz Langwinski
Dion Roger Crisanto
Djoplin Obelar
Douglas Drumond
Douglas Henrique Silva Romualdo
Douglas Nascimento
Douglas Toseto Marçal De Oliveira
Dylan Torres
Eduardo Assis Das Chagas
Eduardo Mendes Marcucci
Eduardo Neves Junior
Eduardo Tavares Machado
Elias S. Silva
Elias Junior
Elivaldo Sapucaia
Emanuel Mineda Carneiro
Emanuel Senna Rocha Barbalho
Enzo Scarpatti
Eric Ellison
Eric Machado
Erik Andrade Oliveira
Estêvão Rendeiro
Eugênio Luiz
Evandir De Souza
Everton Assis Correia
Fabiano Fernandes Dos Santos
Fabiano Martins Caetano
Fabiano Silveira
Fabio Caetano De Souza
Fabio Cristiano Faria Melo
Fábio Cunha Braga
Fábio Luiz Cortez Ribeiro
Fábio Marques
Fábio Paixão
Fabio Queiroz
Fabio Ramalho Almeida
Fábio Reginaldo Batista Guidinele
Junior
Fábio Rodrigues Dos Santos
Fabio Vaz
Fausto Reis
Felipe Eleuterio Hoffman
Felipe Horas
Felipe Maia Ribeiro Da Silva
Felipe Melo
Felipe Venezian Dos Santos
Fellipe De Paula Campos
Fernanda Pederiva
Fernanda Sereno
Fernando Barros Monteiro
Fernando Da Silva Trevisan
Fernando De Souza Alves
Fernando Do Nascimento
Fernando Henrique
Fernando Henrique Filgueira Martins
Fernando Lins Fagundes
Fernando Wecker
Filipe Barbosa
Fillipe Cesar Oliveira Da Silva Henrique Gavioli
Francisco Eduardo Rocha Júnior Henrique Lopes Nicoletti
Francisco Jose Felisbino De Oliveira Hess Grigorowitschs
Francisco Kefferson Vieira Pereira Hewerton Joao Barrichello
Francisco Márcio Barbosa Teixeira Higor Pinheiro
Frederico Detofano Homero Olivetto
Frederico Thum Hugo Gonçalves
Gabriel Avelar Da Cruz Araujo Hugo Ribeiro Da Silva
Gabriel Berwanger Silveira Ian Garcia Ribeiro
Gabriel Bittencourt Ian Ruviaro
Gabriel Da Silva Pessine Ignaltus Necro
Gabriel De Assis Fernandes Igor Tancredo Dutra Jacinto
Gabriel De Oliveira Cosmos Iman Griebeler
Gabriel Do Prado Perpetua Íris Firmino Cardoso
Gabriel Eccher Isaac Batista
Gabriel Engelmann Maltez Isaac Ziroldo
Gabriel Kolbe Teixeira Israel Borges
Gabriel Melo Santos Ítalo Da Silva Oliveira
Gabriel Oliveira Italo Machado Piva
Gabriel Portugal G. Santos Jadson W N Soares
Gabriel Santos Jardel Rocha Florencio
Gabriel Torrens Jean De Oliveira Santos
Gabriel Vandarte Casadei Jean Lima
Gabrielly Almeida De Brito Jeferson Cardoso
George Carlos Gonçalves Da Silva Jeferson Da Rosa
Geraldo Abílio Jefferson Luís Bernardo
Gibran Meira Lustosa Junior Jhonatan Batista De Almeida
Gilmar Oliveira João Alberto Boconcello Junior
Giovane Santos Araújo Pinto João Breder
Giovanni Antonio Alcides Silva Bússola João Brito De Oliveira Neto
Giovanni Fadiga Nogueira De Souza Joao Carlos Freitas Lucena
Giuliano Bortolassi João Érick Silva Ramos
Guilherme Amato Marinho João Jordan Costa Reis
Guilherme Cavalheiro Joao Lobo
Guilherme Cossu João Paulo Mallet
Guilherme Ferreira De Siqueira João Pedro Moreira Veloso Dos
Guilherme Morato De Moura E Silva Santos
Guilherme Muniz Bernardino João Victor
Guilherme Pizzatto João Victor Da Silva Pereira
Guilherme Tamamoto João Victor Nizer
Gustavo Araújo Biângulo Dos Santos João Vitor Da Silva Lima
Gustavo Araujo Fonseca Joel Spinelli
Gustavo Campos Jonathan Aparecido De Souza
Gustavo De Oliveira Pereira Jonathan Fried
Gustavo Felix Cardoso Jonathan Henrique Do Espírito Santo
Gustavo Maiorini Jonathan Nicolas Correa
Gustavo Martinez Jonathan R S Santos
Gustavo Massami Nishimura Jones Dos Santos Vieira
Gustavo Reis Jorge Alencar
Gustavo Vicente Justino Jorge Janaite Neto
Gustavo Wellington Araújo Da Silva Jorge Theodoro Eduardo Brock
Harley Lucas Gonçalves José Antônio Teodoro Borsato
Heber Agnelo Antonel Fabbri José Carlos Madureira Pinheiro Junior
Hebert J José Gabriel Ribeiro Luz
Helder Poubel José Luiz Lopes
Henrique Dos Santos Garcia Jose Maria Cardoso Da Silva Neto
Henrique Emanoel Nigre Coelho De José Moacir De Carvalho Araújo
Souza Júnior
133
José Romildo Vicentini Junior
José Vagner Ferreira Dos Santos
Júnior
José Vitor De Oliveira Santos
Josevan Silva
Jp
Juan Pablo
Jucenir Da Silva Serafim
Juliano Cataldo
Juliano Meira Santos
Julio Cesar Da Silva Barcellos
Julio Cesar Nascimento Rodrigues
Júlio César Viana Da Silva
Júlio N. S. Filho
Julio Vedovatto
Kaede Kisaragi
Karina Burini Correia
Kássio José Lara De Rezende
Kelly Cristina Trindade
Kevin De França Calixto
Kevin Rafael Da Silva Martins
Kpistrano
Lara Jennifer
Larissa Guilger
Leandro Andrade
Leandro Murano Sartori
Leldias
Lenon Rodrigues Martins
Leonardo Cardoso Fazan Dos Santos
Leonardo Marengoni
Leonardo Souza De Moura
Lex Bastos
Lihmot
Lorenzo Dombrovski Dos Santos
Luan Diego Alano
Luan Leal Oliveira
Luan Rodrigues Pereira Leal
Lucas Amaral Santana
Lucas Antonio Barboza De Sales
Paulino
Lucas C. Alves Bittencourt
Lucas Conrado Savieto
Lucas Francisco Da Costa Helt
Lucas Gabriel De Almeida Souza
Lucas Gomes
Lucas Magno
Lucas Melo
Lucas Porto Lopes
Lucas Prudencio Eiterer
Luís Felipe Hussin Bento
Luis Guilherme B G Ruas
Luis Paulo Koppe
Luiz Augusto Monteiro Santiago
134
Luiz Felipe Lemes Barbosa
Luiz Felipe Martins Silva
Luiz Fernando Franquini Vieira
Lorenzon
Luiz Fernando Reis
Luiz Paulo De Lima
Luiz Paulo Lindroth
Luiz Paulo Vieira
Luiz Ramon Magalhães
Luiz Tiago Balbi Finkel
Luiz Wanderley Santos Gomes
Lungas Neto
Lutero Cardoso Strege
Luykarlo Ramos De Sena
Manoel Firmino Da Silva Neto
Marcel Pinheiro
Marcelo Jose Dos Anjos
Marcelo Lima Souza
Marcelo Massahiko Miyoshi
Marcelo Monteiro De Aquino Bertazzo
Marcelo Oho
Marcelo Siqueira De Souza
Marcio Dias
Marcio Hiroyuki Miyamoto
Marco Carvalho
Marcos Alberto Prietsch Loureiro
Marcos José Mariano Teixeira
Marcos Lima
Marcos Santos
Marcos Vinicius Troll
Marcus Antônio Santana Santos
Marcus Vinicius Lima Sousa
Marielle Zum Bach
Mário Brandes Silva
Marlon Ricardo
Marlon Vinícius Machado
Marluce Da Costa
Mateus Carmona Maciel
Mateus Cypriano
Mateus De Souza Rocha
Mateus Freitas Dantas
Mateus Sales
Matheus Arthur Massieu
Matheus Augusto Matias Santos
Matheus Canova Faria
Matheus Da Silva Oliveira Bonfim
Matheus De Alcântara Mota
Matheus De Souza De Lucena
Matheus Dias
Matheus Dias De Oliveira
Matheus Eccel
Matheus Farencena Righi
Matheus Felipe Pires Mendes
Matheus Hobit
Matheus Kilp
Matheus Marcelo De Castro
Matheus Menarim
Matheus Nascimento
Matheus Paes Maciel
Matheus Rocha Vasconcellos
Matheus Santos
Matheus Vrechi
Mauricio Bomfim
Mauro Vinícius Dutra Tercino
Max Pattacini
Mayck Szezech
Miguel Costa Rodrigues
Miguel Macêdo Jardim Menezes
Miguel Vieira Dos Santos
Mikael Queiroz
Moises Roberto De Araújo Mota
Murillo Campos
Murilo Reimann Ardenghi
Murilo Vieira Guidoni
Mushi-Chan
Nataly Kuplich
Natan Edmundo Canassa
Natan Siqueira Dos Santos
Nathan Bisoto Varago
Nathan Borges Gonçalves
Neilton Carlos De Oliveira Guedes
Neto
Nicolas De Almeida Martins
Nicolas Pereira
Nikolas Martins Brandão Oliveira
Nill Chesther Nunes De Azevedo
Ogro900
Orlando Luiz
Othon Gilson
Otto Menegasso Pires
Pablo Henrique De Souza Nilo
Paula Sousa Ribeiro
Paulo Cesar Nunes Mindicello
Paulo Henrique
Paulo Henrique Martins De Souza
Pedro Aurélio Pinheiro Da Silva
Pedro Baldansa
Pedro Cesar Bento Mendes
Pedro Curcio
Pedro De Almeida Lima
Pedro Henrique De Mattos Draeger
Pedro Henrique Estumano Gomes
Pedro Henrique Lima Carvalho
Pedro Henrique Mendes Barbosa
Pedro Henrique Palma Ramos
Pedro Lamkowski Dos Santos
Pedro Lucas Gomes Rodrigues Rodolfo Caravana Tiago Alexandrino
Pedro Luperini Piza Rodrigo Aparecido De Toledo Tiago Alves Araujo
Pedro Marques Telles De Souza Rodrigo Araujo Ribeiro Vieira Tiago César Oliveira
Pedro Monreal Rosado Cadamuro Rodrigo Augusto Spiess Tiago Misael De Jesus Martins
Péricles Da Cunha Lopes Rodrigo Correa Marques Tiago Moura
Peter Pantoja Rodrigo Montecchio Tiago Tachard
Philip Ibbotson T Delling Rodrigo Oliveira Uelerson Canto
Philipe Salvador Loredo Rodrigo Santiago De Arruda Loiola Victor Augusto Martins Ribeiro
Philippe Pittigliani Magnus Rodrigo Zeymer Auad Victor Da Costa Peres Lopes
Pietro Atore Rogerio Basile Victor Da Silva Costa Cortizo
Piterson Nunes Martins Rogério Fabiano Dos Passos Victor Florêncio
Rafael Almeida Rogers Jhonatan Mendonça Costa Victor Hugo Simões Santos
Rafael Augusto Albuquerque Miquelini Romulo Antonio Pinto Do Vale Victor Sapateiro
Rafael Augusto Rocha Maia Ronald Monteiro Lobato De Melo Vinicius Bogossian
Rafael Balbi Ronaldo Hasselman Nascimento
Rafael Cmb Vinícius Cesar
Roque Luiz Gobbo Vinícius Corrêa Ramos
Rafael Da Silveira Melo Devera Rubens Mateus Padoveze
Rafael Lange Vinícius De Jesus Gonçalves
Samuel Alencar Vinicius Gouveia Teixeira
Rafael Noleto Samuel Batista De Carvalho
Rafael Oliveira Bezerra Vinicius Rodrigues De Sales
Samuel Cardoso Santiago Junior Vitor Carvalho
Rafael Prandi Guedes Moreira Samuel Marcelino
Rafael Sangoi Vitor Davis
Sander Yan Maciel Dias Vitor Elizeu
Raissa Wanderley Saulo Soares
Ramiro Alba Alba Filho Vitor Godoi Mendes
Saymon Dos Santos Madruga Da Silva Vitor Hugo Soares Alves
Ramom De Almeida De Barros Sidnei Gomes De Oliveira Filho
Raul 'Seuraul' Lucena E Silva Simonarde Lima Vítor Nascimento Da Silva Andrades
Raul Galli Alves Solano Pereira Doliveira Vitor Nishimura
Raul Guimarães Sampaio Suely M Marchesi Vitoria Cidade
Raul Morôni Calheira Almeida Peixoto Vitto Giancristoforo Dos Santos
Raul Natale Júnior Tales Zuliani
Tarso Halk Wagner Armani
Raul Soares Brilhante Wagner Larsen
Régis Fernando Bender Puppo Tayguara Ferreira
Teophanes Barbosa Moraes Neto Walter Andrade Neto
Renan Antonio De Lima Walter Soprani Júnior
Renan Cordeiro Costa Thales Campelo
Theógenes Rocha Wanderson De Oliveira Barros
Renan Irabi Wandson Ferreira Da Silva
Renata Gilaberte Campos Dos Santos Thiago "T8" Silva
Thiago Allison Lima Silva Wefferson David De Souza Silva
Renato Junior Wellington Botelho
Renato Lima Alves Thiago Antonio Pereira Do Vale
Thiago Assaf Reis Halabi Wellington Souza Branco
Renner Castro Wesley Francisco Da Silva
Rian Rosendo Martins Thiago Augusto Zanellato Dos Santos
Ricardo A Ritter M Barroso Thiago Bussola William AlvesQ
Ricardo Albuquerque Pereira Thiago Carvalho Gonçalves William Ferreira
Ricardo Barbosa Da Silva Thiago Curvelo William Marques
Ricardo Batista Thiago Donadel William Moraes
Ricardo Dos Santos Domingues Thiago Ferreira Willian Ramos
Ricardo Silva Rodrigues De Sousa Thiago Loriggio Wilson A S Faria
Richard 'Aguiar Bueno Thiago Monteiro Yalace De Souza
Richard Sassoon Thiago Pinheiro Yan Oliveira Prado
Robert Silva Thiago Rodrigues De Souza Yan Thiago Dos Santos Pereira
Roberto Tadashi Wakita Soares Thiago Sos Yasser Arafat Belem De Figueiredo
Robertson Schitcoski Thiago Tavares Corrêa Ygor Vieira
Robson C Oliveira Thiago Thomaz Rolim Yuri Araujo
Robson De Braga Castelo Branco Thomas Bueno Schmitt Yuri Nóbrega
Junior Thomaz Jedson Lima Yuri Travalim

135
 EXTRAS
Nas próximas páginas, veja um pouco do processo de criação do
visual definitivo do Benthos, por J.M. Trevisan, Samuel Marcelino
e Dan Ramos, incluindo artes conceituais.

136
Primeiros esboços da capa, definindo apenas a composição.

137
138
Testes de design do Dragão-Rei dos Mares. Pensamos cuidadosamente nas
características de uma criatura que passa a maior parte da vida sob as águas,
mas sem descaracterizar demais o personagem ou as formas dracônicas.

139
 Visual escolhido e aprovado pelo Quinteto, já com
as características específicas, mas respeitando o
visual clássico do Benthos.

140
141
 Primeiras cores. Definição do mood da cena.

142
143
 Capa completa.

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145