Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
problemas requerem várias soluções e através das trocas de ideias tenta-
se chegar a um acordo ou a um único resultado. Nestas negociações, nem
todos os actores têm a mesma intensidade de interesse nas diferentes
questões. A terceira característica é a natureza multifuncional das
negociações. No processo de serem mais ou menos activos em
negociações multilaterais, as diferentes partes selecionam uma lista
limitada de questões que diferem em natureza. Os actores podem dirigir,
conduzir, defender, abrandar ou cruzar ideias nas negociações. Os líderes
nas negociações tentam organizar os participantes para produzir um
acordo que vai de encontro aos interesses dos líderes. Os condutores das
negociações, também chamados de gerentes, procuram produzir um
acordo, mas de uma posição neutra, sem interesse relevante. Os
defensores defendem uma única questão e estão mais preocupados com a
promoção da sua questão do que com o sucesso geral das negociações. Os
que abrandam as negociações, procuram bloquear um acordo e proteger
a sua liberdade de ação, muitas vezes com referência a um número
limitado de questões. Os cruzadores são preenchedores nas negociações
multilaterais, sem grandes interesses e, portanto, estão disponíveis para
actuar como seguidores. Com esta diversidade de papéis, as questões e
complexidades inerentes as negociações multilaterais, muitas vezes
existem fortes probabilidades de não se chegar a acordos. As negociações
bilaterais são caracterizadas por valores variáveis, ao contrário de
escolhas fixas que devem ser votadas a favor ou contra. As decisões
negociadas são possíveis porque as partes podem reformular os
resultados propostos e porque uma das partes pode influenciar o valor
que a outra parte atribui a esses resultados (Zartman, 1978, p. 70). No
entanto, o número de partes é fixo, por definição, nas negociações
bilaterais, e assim os papéis que as partes desempenham são fixos ou são,
pelo menos, altamente limitados. As negociações multilaterais, ao
contrário, são compostas de valores variáveis, partes e funções, ou seja,
os participantes podem e, portanto, devem, jogar em todos os três níveis
de interação, trabalhando para moldar não apenas os valores ligados a
vários resultados e os próprios resultados, mas também as partes e seus
papéis para chegar a um acordo. Eles devem fazer isso porque se optarem
por ignorar estas possibilidades, outros farão uso delas, forçando as
outras partes a jogar nos três níveis em resposta. Novamente, a imensa
complexidade de ter que lidar com muitas partes, questões e funções
aumenta a possibilidade de não se chegar a um acordo. A quinta e a sexta
característica das negociações multilaterais dizem respeito aos resultados.
O acordo foi usado até agora para caracterizar o resultado, mas de facto,
2
novamente por causa da dificuldade induzida pela complexidade de se
chegar a um acordo unânime. O acordo multilateral é frequentemente por
consenso, uma regra de decisão na qual, essencialmente, a abstenção é
um voto afirmativo e não negativo. Os acordos multilaterais são por
consenso, ou seja, quando um número significativo, mas não especificado
de partidos são a favor e os demais não se opõem.
Mediação tradicional
3
essencial para se chegar à assinatura do acordo de 13 de
setembro de 1993. Geralmente esses mediadores são
representantes de países pequenos ou organizações
internacionais que não exercem a mesma influência sobre outros
actores do sistema internacional como fazem as grandes
potências. Alguns autores como Mark Hoffman admitem que a
teoria de facilitação, que molda o comportamento do mediador
de segunda via, não consegue sustentar-se sozinha. Hoffman
então a considera como “a contingent step which is potentially
complementary to other third party initiatives”. Um dos
problemas da facilitação é a falta de poder para lidar com casos
em que haja uma assimetria deste entre as partes como no
conflicto entre Israel e os palestinos. Para Jones esses limites
impedem que o mediador imponha compromissos normativos às
partes. Assim o poder crítico da teoria de facilitação fica restrito
a analisar e promover a microdinâmica dos workshops de
resolução de conflicto. A facilitação enfatiza os problemas que
contribuem para a agravação do conflicto como uma má
comunicação entre as partes que podem levar à distorção de
informações e à “demonização” do outro, gerando uma
construção negativa da imagem do inimigo. Outra meta da
facilitação é quebrar círculos de desconfiança, em que as partes
não conseguem confiar uma na outra devido à constante
desconfiança, através de negociações de pequena escala
conduzidas em segredo em que uma terceira parte neutra cria
um diálogo emancipatório. Portanto, os seus objetivos, ao
contrário da mediação tradicional, são de longo-prazo.
Multipartidária
4
mediação multipartidária permite que o trabalho de cada um dos
mediadores seja direcionado às funções que cada um estaria
mais apropriado a desempenhar. No caso de um dos mediadores
se encontrar num impasse, o outro poderia tentar abrir um novo
caminho para a negociação. Apesar dessas vantagens, Crocker,
Hampson e Aall colocam que um dos problemas que ocorrem na
mediação multipartidária é conseguir com que os mediadores
cheguem a uma análise compartilhada a respeito dos problemas
e soluções. Essa tarefa de identificação das causas do conflito e
construção de possíveis soluções torna-se complexa por
envolver mais de um tipo de mediador, já que o trabalho dos
mediadores e abordagem que dão à mediação vária de um tipo
para o outro. Eles podem atrapalhar o trabalho uns dos outros
ao transmitirem mensagens contradictórias sobre problemas e
soluções. Isso acarreta um desgaste dos esforços feitos pelos
mediadores, além de um desperdício dos recursos destinados à
mediação. Alguns especialistas, como Kriesberg, acreditam que
um só tipo de mediação não é suficiente para garantir a
eficiência desta. Para ele, a melhor forma de se conduzir um
processo de mediação é combinando a tradicional com a de
segunda via ao invés de optar por uma só. ‘This helps ensure
that peacemaking is not done only from the top down, but
laterally and from the bottom up as well.” Kriesberg considera a
mediação multipartidária adequada para os palestinos. Segundo
ele, como os palestinos estão geralmente isolados e não
possuem força convencional, o próprio processo de negociação
se torna para eles uma forma legítima de lutar em nome de sua
causa. Em 1993, por exemplo, a atuação da Noruega, que
facilitou os encontros e providenciou toda a assistência
necessária para garantir uma melhor comunicação entre os
adversários, foi em grande parte a responsável pela assinatura
dos acordos de Oslo.