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A NATUREZA DOS BONS OFÍCIOS E DA MEDIAÇÃO

Os bons ofícios são a tentativa amistosa de um ou vários


Estados de abrir via às negociações das partes interessadas ou de reatar as
negociações que foram rompidas. Sendo assim, o terceiro Estado seria um
simples intermediário que coloca em presença os Estados litigantes para os
levar entrar em negociações, ao contrário da mediação, embora na prática
seja difícil distinguir entre ambos.

Não necessariamente precisa ser um Estado que ofereça bons


ofícios: o serviço pode ser oferecido por um alto funcionário de organização
intergovernamental, como o Secretário Geral da ONU, por exemplo.

Por fim, recorre-se a um congresso ou conferência


internacional quando, segundo Accioly, “a matéria ou assunto em litígio
interessa a diversos Estados, ou quando se tem em vista a solução de um
conjunto de questões sobre as quais existem divergências”.

Diferentemente do entendimento direto, os bons ofícios


contam com a participação de terceiro denominado “prestador de bons
ofícios”, que deve, necessariamente, ser pessoa de direito internacional.
Embora participe da resolução, cabe ao terceiro apenas a aproximação entre
as partes conflitantes visando a facilitação do diálogo, não cabendo assim a
imposição nem mesmo a proposta de uma solução ao conflito, uma vez que
o terceiro sequer tomará conhecimento do teor da divergência.

Explica Shaw (2010, p. 761) que: “Os bons ofícios se


caracterizam, tecnicamente, quando uma terceira parte tenta estimular os
adversários a entabular negociações (...)”.

A mediação consiste na interposição de um (mediação


individual) ou mais Estados (mediação coletiva), entre outros Estados para
se solucionar pacificamente um litígio, podendo ser oferecida ou solicitada,
sendo que seu oferecimento ou recusa não deve ser considerado ato
inamistoso. Em regra geral, apresenta-se como facultativa.

O mediador participa ativamente das negociações, mas não


procura impor sua vontade, procedendo com intuitos desinteressados.

A mediação consiste semelhantemente ao sistema de bons


ofícios, na participação de terceiros, contudo, diferenciando-se no que diz
respeito ao conhecimento do conflito e à proposta de acordo.

Na mediação aquele que atuará como mediador deve ter


conhecimento amplo do conflito para que possa propor um acordo às partes
envolvidas. Proposta esta que caberá as partes acatar ou não, conforme
explica Rezek (2014, p. 396): “A solução proposta pelo mediador não é
obrigatória, e basta que uma das partes entenda de rejeitá-la para que essa
via de solução pacífica conduza ao fracasso.”

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