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PREFEITURA DE OURO PRETO

Atenção Secundária
Rua Mecânico José Português, S/N
OURO PRETO/ MG
(31) 35593255
atencaosecundaria.saude@ouropreto.mg.gov.br

PROTOCOLOS DE ENCAMINHAMENTO DA ATENÇÃO BÁSICA PARA A


ATENÇÃO ESPECIALIZADA: NEUROLOGIA

Ouro Preto, Julho de 2023


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Secretaria Municipal de Saúde de Ouro Preto

SECRETÁRIO MUNICIPAL DE SAÚDE


Leandro Leonardo Assis Moreira

SECRETÁRIA ADJUNTA DE SAÚDE


Isabela Teixeira Rezende Guimarães

MÉDICA REGULAÇÃO
Luiza de Alcantara Dutra

ENFERMEIRA REGULAÇÃO
Taciana de Oliveira

ELABORAÇÃO
Carolina Ponciano Gomes de Freitas
Médica de Família e Comunidade

Taciana de Oliveira
Enfermeira
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APRESENTAÇÃO

As diretrizes para a organização de Redes de Atenção à Saúde – RAS estabelecem


a Atenção Básica como ordenadora e estruturante do sistema de saúde, coordenadora do
cuidado e centro de comunicação da RAS. A Atenção Básica deve constituir a porta de
entrada preferencial dos usuários com o sistema, sendo o primeiro elemento de um
processo contínuo e integral de atenção.
A regulação assistencial ou regulação do acesso consiste na “disponibilização da
alternativa assistencial mais adequada à necessidade do cidadão, de forma equânime,
ordenada, oportuna e qualificada”, sendo um mecanismo de organização e gestão da rede
de atenção à saúde. O processo regulatório deve favorecer a resolução dos casos que
exigem a ação coordenada de vários pontos da rede de atenção, permitindo o
conhecimento mais aprofundado e dinâmico da rede assistencial, identificando áreas
críticas e necessidades de saúde, contribuindo para melhor controle dos gastos em saúde,
otimização dos recursos e qualificação da prestação de serviços de saúde. O processo de
regulação deve ocorrer em todos os níveis de produção do cuidado (rede de atenção básica
e especializada) e através do Serviço de Regulação.
O Serviço Municipal de Regulação de Serviços Especializados é a estrutura
responsável pelo recebimento, avaliação e agendamento de procedimentos ambulatoriais
de média e alta complexidade, conforme oferta disponível em Unidades Prestadoras de
Serviços municipais, contratadas ou referenciadas. Os PROTOCOLOS CLÍNICOS são
“recomendações sistematicamente desenvolvidas com o objetivo de orientação de
médicos e pacientes acerca de cuidados de saúde apropriados em circunstâncias clínicas
e específicas” (DENASUS, MS).
Os motivos de encaminhamento selecionados são os mais prevalentes para a
especialidade Neurologia. Ressaltamos que outras situações clínicas ou mesmo achados
na história e no exame físico dos pacientes podem justificar a necessidade de
encaminhamento e podem não estar contempladas nos protocolos. Solicitamos que todas
as informações consideradas relevantes sejam relatadas. As informações do conteúdo
descritivo mínimo devem ser suficientes para caracterizar a indicação do
encaminhamento e sua prioridade, além de contemplar a utilização dos recursos locais
para avaliação e tratamento do caso. O resultado de exames complementares é uma
informação importante para auxiliar o trabalho da regulação, e deve ser descrito quando
realizado pelo paciente e sua solicitação consta no conteúdo descritivo mínimo de cada
protocolo. Pacientes com diagnóstico de cefaleia e indicação de investigação com exame
de neuroimagem, suspeita ou diagnóstico de polineuropatias agudas (após avaliação em
emergência) ou com sintomas e sinais atípicos, suspeita ou diagnóstico de epilepsia
recente, declínio cognitivo rapidamente progressivo ou vertigem de origem central (já
avaliada em serviço de emergência) devem ter preferência no encaminhamento à
Neurologia, quando comparados com outras condições clínicas previstas nos protocolos.
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É responsabilidade do médico assistente tomar a decisão e orientar o


encaminhamento para o serviço apropriado (urgência/emergência ou ambulatório de
atenção especializada), conforme sua avaliação.
Atenção: oriente o paciente para que leve, na primeira consulta ao serviço
especializado, o documento de referência com as informações clínicas e o motivo do
encaminhamento, as receitas dos medicamentos que está utilizando e os exames
complementares realizados recentemente.

OBSERVAÇÕES A SEREM CONSIDERADAS NO PREENCHIMENTO DE


TODAS AS SOLICITAÇÕES DE CONSULTA EM NEUROLOGIA:

As indicações serão analisadas segundo os seguintes tópicos:


⮚ História clínica e exame físico;
⮚ Pedidos ilegíveis sem termos técnicos adequados ou sem identificação do
profissional solicitante;
⮚ As solicitações de consultas/exames/procedimentos devem ser emitidas em
formulário próprio normatizado pela Secretaria Municipal de Saúde, com
identificação da Unidade de Saúde, preenchimento completo, legível, constando
data da solicitação, identificação do médico assistente com carimbo e assinatura;
⮚ O preenchimento adequado é indispensável para a avaliação técnica da solicitação
e classificação como “PRIORIDADE”, para agendamento que será efetuado
conforme oferta disponibilizada à Central Municipal de Serviços Especializados;
⮚ O Médico e/ou Enfermeiro Auditor/Regulador poderá solicitar informações
complementares, para subsidiar a avaliação técnica da solicitação.
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PROTOCOLO DE ENCAMINHAMENTO - NEUROLOGIA OURO PRETO -


MG
PROTOCOLO BASEADO EM AFECÇÕES MAIS COMUNS

1-CEFALEIA: CASOS QUE DEVEM SER ENCAMINHADOS AO SERVIÇO DE


URGÊNCIA

início súbito ou recente com dor de forte intensidade (“pior cefaleia da vida”); ou que
desperta o paciente

cefaleia iniciada após trauma de crânio recente;

cefaleia recente em pacientes com SIDA e/ou neoplasia.

paciente HIV com padrão novo de cefaleia ou alteração em exame de imagem;

Início da cefaleia após 50 anos de idade.

cefaleia com sinais neurológicos focais

sinais de doença sistêmica: febre, mialgias, petéquias, confusão mental, rigidez de nuca

crise hipertensiva e confusão mental;

suspeita de glaucoma (pupila fixa com midríase média / olho vermelho).

padrão novo de cefaleia em paciente com história recente/atual de neoplasia, uso de


anticoagulantes ou com discrasias sanguíneas;

mudança de padrão (tipo; frequência; intensidade).

ATENÇÃO: CEFALÉIA + SINAIS DE ALERTA = PROPEDÊUTICA DE IMAGEM


NO SERVIÇO DE URGÊNCIA. NÃO SOLICITAR IMAGEM DE FORMA
ELETIVA
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CEFALEIA: CASOS DE CUIDADO AMBULATORIAL - QUANDO


ENCAMINHAR?

1. CASOS REFRATÁRIOS:

⮚ Cefaleia já caracterizada; E
⮚ Medicação sintomática e profilática já em uso por MAIS DE 06 MESES; E
⮚ Ao menos duas drogas profiláticas já em doses otimizadas; OU
⮚ Paciente com cefaleia e exame de imagem (RMN ou TC de crânio) com
alteração sugestiva de potencial indicação cirúrgica

CONTEÚDO QUE DEVE SER COLOCADO NO RELATÓRIO DE


ENCAMINHAMENTO
● Sinais e sintomas (descrever idade de início da cefaleia, tempo de evolução,
características da dor, frequência das crises, mudança no padrão, exame físico
neurológico sumário, outros sinais e sintomas associados);
● Comorbidades (infecção pelo HIV, neoplasia, trauma craniano recente);
● Tratamentos em uso ou já realizados para cefaleia
● Anexar laudo de exame de imagem (TC ou RMN de crânio)

2- EPILEPSIA:CASOS QUE DEVEM SER ENCAMINHADOS AO SERVIÇO DE


URGÊNCIA

crise convulsiva secundária a suspeita de infecção do sistema nervoso central, distúrbio


hidroeletrolítico, abstinência de álcool ou suspeita de acidente vascular cerebra

crise convulsiva que dura mais que 5 minutos

crises que recorrem sem a completa recuperação da consciência.

EPILEPSIA: CASOS DE CUIDADO AMBULATORIAL - QUANDO


ENCAMINHAR?
Encaminhar, para avaliação e seguimento pela Neurologia, diante da suspeita clínica
bem fomentada
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dúvida diagnóstica sobre a natureza das convulsões;

diagnóstico prévio de epilepsia com controle inadequado das crises com tratamento
otimizado e descartada má adesão;

paciente com epilepsia e efeitos adversos intoleráveis da medicação;

paciente com epilepsia controlada há pelo menos 2 anos que deseja avaliação para retirada
da medicação

mulheres com epilepsia que estão gestantes ou que desejam planejar gravidez

3- DOENÇA DE PARKINSON: CASOS DE CUIDADO AMBULATORIAL -


QUANDO ENCAMINHAR?

Encaminhar, para avaliação e seguimento pela Neurologia, diante da suspeita clínica


bem fomentada
Se atentar para: Medicamentos potencialmente indutores mais comuns de síndrome
Parkinsoniana

antipsicóticos (tanto típicos quanto atípicos);

antieméticos (metoclopramida e bromoprida);

antivertiginosos (flunarizina e cinarizina);

anti-hipertensivos bloqueadores do canal de cálcio (anlodipino, nifedipina, verapamil,


diltiazem);

metildopa;

lítio

amiodarona;

ácido valpróico.
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4- DEFICIÊNCIAS COGNITIVAS ( DEMÊNCIAS): CASOS DE CUIDADO


AMBULATORIAL - QUANDO ENCAMINHAR?

SE:
● Deficiência Cognitiva Leve - DCL: envolvimento somente de alteração de
memória OU
● Deficiência Cognitiva Maior - DCM: envolvimento de memória e outros domínios
cognitivos, como atenção, cálculo, comportamento, por exemplo

REALIZAR AVALIAÇÃO INICIAL:

● Mini-Exame do Estado Mental (Mini-Mental), com estabelecimento do escore


específico e ajustado por escolaridade;

Analfabetos : 13
1-7 anos de escolaridade : 18
> 8 anos de escolaridade : 26

● Deverão ser investigadas outras causas: toxicológicas, infecciosas,metabólicas,


estruturais, vitamínicas, hormonais que possam justificar o quadro apresentando.
Solicitar de acordo com o raciocínio clínico:

Toxicológicas
Infecciosas
Metabólicas
Estruturais

Hemograma
• Glicemia de jejum
• Colesterol total e frações
• Triglicerídeos
• Sódio; potássio; cloro; cálcio; fósforo,Mg
• Uréia; creatinina
• AST; ALT
• Vitamina B12
• Vitamina D3
• Ácido Fólico
• TSH e T4
• VDRL
• Anti-HIV
• Exame de imagem:
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➢ caso justificado pelo exame clínico neurológico sugestivo


de causa estrutural.

CASO A INVESTIGAÇÃO ACIMA DESCRITA SEJA CONSIDERADA


NORMAL, O PACIENTE DEVERÁ SER ENCAMINHADO À
NEUROLOGIA PARA POSSÍVEL DIAGNÓSTICO DE ALZHEIMER
ENTENDA QUE: PACIENTE EM VIGÊNCIA DE DELIRUIM, NÃO DEVE
SER AVALIADO QUANTO A COGNIÇÃO
PARA AVALIAÇÃO COMPLETA DO IDOSO, DEVE REALIZAR: IVCF 20
link: https://www.ivcf20.org/

5- SÍNCOPE OU PERDA TRANSITÓRIA DA CONSCIÊNCIA: CASOS DE


CUIDADO AMBULATORIAL - QUANDO ENCAMINHAR?

Episódio de alteração de consciência sugestivo de crise convulsiva

língua mordida;

desvio cefálico lateral persistente durante a crise;

posturas não usuais de tronco ou membros durante a crise;

contração muscular prolongada de membros (atentar para o fato de que pacientes com
síncope podem apresentar abalos musculares não prolongados);

confusão mental prolongada após a crise;

não lembrar de comportamentos anormais testemunhados por outra pessoa e que


aconteceram antes ou depois da alteração de consciência

ATENÇÃO: Sem avaliar primeiro a necessidade de encaminhamento de urgência ou à


cardiologia após investigar etiologias cardiovasculares.
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6-VERTIGEM: CASOS QUE DEVEM SER ENCAMINHADOS AO SERVIÇO DE


URGÊNCIA

1- Vertigem Central:
● Nistagmo vertical (altamente sugestivo) ou outras apresentações (horizontal,
rotatório ou multidirecional). Nistagmo de origem central não costuma ter latência
(e se presente dura até 5 segundos), não é fatigável (pode durar semanas a meses) e
não é inibido com a fixação do olhar;
● Grave desiquilíbrio e dificuldade para caminhar ou mesmo ficar em pé;
● Presença de outros sinais e/ ou sintomas neurológicos focais (cefaleia, diplopia,
disartria, parestesia, fraqueza muscular, dismetria);
● Surdez súbita unilateral;
● Vertigem e nistagmo menos intensos, raramente associados a zumbido ou
hipoacusia;

2- Sinais de gravidade:
● Sintomas ou sinais neurológicos focais (como cefaleia, borramento visual, diplopia,
disartria, parestesia, fraqueza muscular, dismetria, ataxia); ou
● novo tipo de cefaleia (especialmente occipital); ou
● surdez aguda unilateral; ou
● nistagmo vertical.

6-VERTIGEM: CASOS DE CUIDADO AMBULATORIAL - QUANDO


ENCAMINHAR?
➔ Suspeita de Vertigem de origem periférica

1-Vertigem periférica:
● Nistagmo horizontal ou horizonto-rotatório. Geralmente desencadeado após teste
provocativo (como Manobra de Dix-Hallpike), com tempo de latência em torno de
20 segundos após manobra. O nistagmo é inibido após fixação do olhar e é
fatigável;
● desiquilíbrio leve a moderado (geralmente para o lado do labirinto comprometido),
porém consegue caminhar;
● comumente associada à sintomas auditivos (zumbido, hipoacusia, plenitude aural);
● vertigem e nistagmo pronunciados, associado a náusea e vômito.
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● No encaminhamento deve conter OBRIGATORIAMENTE:


● Tratamento em uso ou já realizados para vertigem (não farmacológico e/ou
medicamentos utilizados com dose, posologia e resposta a medicação);
● Resultado de TSH e glicemia de jejum ou hemoglobina glicada, com data;
● Medicamentos que cursam com vertigem

FONTES:

1. INDICE DE VULNERABILIDADE CÍNICO-FUNCIONAL IVCF20.


Disponível no link: https://www.ivcf20.org/;
2. PROTOCOLOS DE ENCAMINHAMENTO DA ATENÇÃO BÁSICA
PARA A ATENÇÃO ESPECIALIZADA, Vol II, Cardiologia- 2016.
Disponível em: PROTOCOLOS DE ENCAMINHAMENTO DA ATENÇÃO
BÁSICA PARA A ATENÇÃO ESPECIALIZADA
3. PROTOCOLOS DE REGULAÇÃO AMBULATORIAL-
OTORRINOLARINGOLOGIA ADULTO, UNIVERSIDADE FEDERAL
DO RIO GRANDE DO SUS E SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DO
RIO GRANDE DO SUL, 2023. Disponível em: Otorrinolaringologia Adulto
4. PROTOCOLOS DE ENCAMINHAMENTO PARA NEUROLOGIA
ADULTO-REGULA-SUS, 2018. Disponível em:Protocolos de
encaminhamento para neurologia adulto

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