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Quinze tópicos que você deve ter aprendido em Efésios

Prezados leitores, estudar um livro como Efésios num semestre é


prazeroso. Sabemos das limitações dos autores, afinal ninguém é perfeito.
Sabemos também como é exíguo o tempo na exposição da Palavra e no
espaço da própria lição, que difere radicalmente de um livro. Mas há alguns
tópicos que são fundamentais para compreender o assunto. E tanto podem
estar na Bíblia, na própria lição e em obras paralelas.
Escrever é fazer escolhas. Fatalmente, alguém que se propusesse a
preparar essa lista talvez abordasse assuntos diferentes sobre a carta aos
Efésios. De toda forma, espero que você professor e aluno possam
aproveitar e até discutir com seus alunos. É assim que o processo de
aprendizagem se solidifica.

Processo de aprendizado
1) Que Efésios tem 6 capítulos e, 155 versículos. É fundamental,
elementar reter essa informação para se ter ideia da amplitude do livro e
uma visão espacial. É uma carta curta, embora significativa.
Livro Capítulos Versículos Palavras Letras

Efésios 1 23 464 2537

Efésios 2 22 408 2318

Efésios 3 21 383 2154

Efésios 4 32 561 3076

Efésios 5 33 510 2849


Livro Capítulos Versículos Palavras Letras

Efésios 6 24 457 2473

Efésios Total 155 2783 15407

*A quantidade de palavras e letras variam de versão para versão

2) A estrutura é de uma carta. O Novo Testamento possui quatro estilos


literários: Biografia (Mateus a João), história (Atos), carta ou epístola
(Romanos a Judas) e profecia (Apocalipse). O estudante mais simplório deve
perceber a diferença entre estes estilos e procurar compreender o livro por
essa perspectiva. Sendo uma carta, espera-se que contenha um remetente,
que é Paulo, e um destinatário, que é a igreja em Éfeso;
3) Efésios é uma das epístolas da prisão. Ou seja, uma das que foi escrita
quando Paulo estava preso. As demais são: Filipenses, Colossenses e
Filemon. Especula-se que Efésios seja uma continuação à carta aos
Colossenses, porém, muitos assuntos são diferentes. Colossenses tende
mais à apologia, enquanto Efésios ao cuidado pastoral;
4) A Epístola aos Efésios foi escrita por volta de 61/62 d.C., sendo Tíquico
o portador da carta ao seu destino (Ef 6:21). É importante memorizar esta
provável data para termos em mente que o Evangelho havia chegado tão
distante, em tão pouco tempo. Éfeso distava de Jerusalém cerca de
1.800km, mas os pregadores daquela época não tinham à disposição
nenhuma das facilidades que temos, exceto os navios, que eram lentos e
demorados em relação aos de hoje em dia;
5) A cidade de Éfeso ficava na Ásia. Infelizmente, muitos estudantes
bíblicos não tem a mínima noção de Geografia Bíblica. O assunto é pouco
explorado nos cursos teológicos, mas aí está um manancial de informações
valiosas, que enriquecem qualquer pregação ou ensino bíblico e tornam a
nossa compreensão mais amistosa em relação aos povos da antiguidade.
Pasmem! Muita gente chega ao fim do estudo do livro sem fazer o link com
a carta de Apocalipse 2:1ss ou as história dos capítulos 18 e 19 de Atos.
A Ásia era um continente importantíssimo nos dias de Paulo e local de
agrupamento das tropas romanas. Era também ponto de passagem,
distava cerca de 700km de Atenas e seu porto, depois assoreado, estava no
meio do caminho para Roma, a capital de então!
Ásia menor
Éfeso abrigava o templo de Diana, para os romanos, ou Ártemis, para
os gregos, que era tido como uma das sete maravilhas do mundo e para o
qual acorriam milhões de peregrinos. O comércio era próspero e a cidade
muito rica e grande, abrigava à época de Paulo, mais de 500.000 habitantes.
Éfeso e Mileto foram o berço da filosofia como a conhecemos. A cidade
também havia sido declarada a capital romana na Ásia, desde 133 a.C.

Templo de Diana de Éfeso


A cidade foi destruída em 264 d.C.
6) A igreja de Éfeso não foi fundada por Paulo. Há alguma controvérsia a
respeito, mas certamente não foi o apóstolo Paulo o fundador do trabalho
ali, por onde passou rapidamente ao deixar Priscila e Áquila (Atos 18:19,20).
Atos 18:24 fala das campanhas evangelísticas promovidas por Apolo, que
foi, provavelmente, o precursor do trabalho. Tempos depois, Paulo chegou
ali e encontrou doze discípulos (Atos 19:17) e se demorou por mais de três
anos na escola de um certo Tirano, além de outras passagens nas
cercanias;
7) Paulo correu ali grande perigo de morte. O problema aconteceu
quando Demétrio, ourives, apresentou uma queixa contra o apóstolo (Atos
19:24) porque o comércio de imagens estava definhando e a pregação do
Evangelho se expandindo. Uma multidão ensandecida gritou por quase
duas horas: “Grande é a Diana dos efésios!”. Até que o tumulto se desfez e
o apóstolo pode seguir em paz;
8) Os capítulos 1 a 3 e 4 a 6 são diferentes em sua estrutura. Enquanto
os três primeiros serve a uma elaborada cristologia, com doses de
eclesiologia, a segunda parte enfoca conselhos sintéticos direcionados ao
dia a dia da Igreja. Isso deu margem à especulações de que seriam ou duas
cartas ou que uma parte tenha sido escrita por outra pessoa. Entretanto, há
alguns elos que contradizem essa afirmação. É o caso do termo mistério
utilizados em seus contextos em Efésios 1:9, 3:3,4,9, 5:32 e 6:19. Ou seja, é
um só autor, aproveitando uma carta para repassar o máximo de
informações;
9) O ponto central da carta é revelar a igreja como um mistério
escondido pelos séculos e agora revelado a todos. Como já dissemos,
apesar da cristologia, menos enfática é verdade que em Colossenses, Paulo
demonstra a seus leitores como é importante o organismo surgido pela
manifestação do Evangelho: a igreja proveniente da reunião de salvos em
Cristo, quer judeus, quer gregos (Efésios 2:14,16,18; 3:6). Todos, agora,
estão reunidos num só corpo, salvos pela graça (Efésios 1:8). Ou seja, todas
as características externas perderam o sentido e agora a condição é Cristo!
Que, aliás, é mencionado diretamente pelo título de Messias nada menos
que 46 vezes!
10) Efésios é a carta que define a regeneração. O homem está morto em
seus delitos e pecados (Efésios 2:1,5), sendo ressuscitado para uma nova
vida em Cristo (2:6). Este conceito de morte espiritual não era comum.
Embora se vejam lampejos dele no Antigo Testamento (Isaías 1:6). Efésios
também menciona o novo e o velho homem (Efésios 4:22,24) opondo as
duas naturezas, antes e depois da regeneração;
11) A carta elenca alguns dos principais cargos da igreja de todos os
tempos. Efésios 4:11 registra: “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e
outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e
doutores”. Embora não mantenhamos essa estrutura hoje, tal e qual
desenhada em Efésios, percebemos a clara preocupação divina com o
estabelecimento de autoridades, não segundo si mesmas, mas dadas pelo
Senhor, para a edificação do corpo de Cristo;
12) A família está no centro do trabalho da Igreja. Paulo repete e amplia
algumas instruções da convivência familiar. O apóstolo sabia que como
célula mater da sociedade, a família é fundamental para a manutenção da
Igreja local. Famílias saudáveis e estruturadas produzem igrejas saudáveis e
estruturadas. A maioria dos desarranjos locais se originam em problemas
familiares. Um detalhe que salta aos olhos é a medida do amor que deve
haver entre os cônjuges, mais precisamente do marido em relação à
esposa: “como Cristo amou a Igreja!” (Efésios 5:25);
Leia mais: Você ama sua esposa como Cristo amou a Igreja?
13) A eleição e predestinação não se referem a pessoas, mas ao plano
salvífico de Deus (Efésios 1:5). Ele arquitetou o plano da salvação, cada
etapa, cada momento (Efésios 1:11). E ofereceu a oportunidade aos
homens, independentemente de suas obras (Efésios 2:8,9) ou de linhagem
humana. O ponto principal que Paulo desenha aqui é que se houvesse
predestinação, como concebida por alguns teóricos, os judeus seriam parte
automaticamente salvos. Deus, porém, incluiu os gentios para mostrar: 1)
Sua multiforme sabedoria (Efésios 3:10); 2) Sua misericórdia sem
preconceitos de cor, raça e sexo (Efésios 2:12,13). A tese se viraria contra os
gentios, pois alguns anos depois a igreja de Éfeso seria repreendida no
Apocalipse por ter deixado o primeiro amor e estar caída (Apocalipse 2:1ss);
14) Há uma batalha espiritual. O conceito de possessão maligna é
estranho ao Antigo Testamento. A ação maligna era conceituada a partir de
episódios como os de Saul (I Samuel 16:14) e Jó (Jó 1:6-8). A batalha se
restringia à oposição aos desígnios de Deus e seus planos (Daniel 10:13),
quase nada pessoal. Do contato com os persas e gregos surgiu toda a
estruturação que conhecemos e que pontua o Novo Testamento. Efésios
vem demonstrar que esse poderio não é desarticulado, nem fraco e que só
é vencido em e através de Cristo (Efésios 6:10,11);
15) Fomos selados pelo Espírito Santo. Ele é referido como o penhor, selo
e garantia no coração dos cristãos (2 Coríntios 1:22; 5:5, Efésios 1:13-14;
4:30). Todas essas palavras denotam identificação de propriedade. Por
vezes, o arrabôn (termo grego usado para penhor) era o penhor que
provava o interesse de compra, a caução de garantia que é comumente
exigida hoje em algumas transações financeiras. O Espírito Santo pulsa no
salvo lhe dando certeza do arrebatamento!
Leia mais: O que é o selo do Espírito Santo?
Como frisamos no início há vários outros assuntos na carta que devem
despertar um legítimo interesse por seu estudo e apreciação. Sugiro que
professores e alunos possam ir adiante, lendo, relendo, pesquisando para
que cresçamos na graça e conhecimento do Senhor Jesus.

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