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Livro 1: História da Língua Portuguesa

A língua portuguesa tem uma origem complexa e interessante. No passado, todas as pessoas falavam a mesma
língua, mas ao longo do tempo, diferentes línguas se desenvolveram devido à expansão dos povos e à influência de
suas culturas. A ciência ainda tenta descobrir se havia uma única língua primitiva da qual todas as línguas derivaram.

A língua portuguesa e outras línguas românicas evoluíram a partir do latim, que por sua vez se originou de uma
língua falada por um povo chamado ariano ou ária. Esse idioma original não foi preservado por escrito, mas estudos
mostraram que as línguas indo-europeias, como grego, latim e outras, têm relação entre si.

O latim se espalhou devido às conquistas romanas, e as pessoas dominadas pelos romanos assimilaram sua língua.
Roma se tornou uma potência mundial, mas eventualmente o Império Romano se dividiu e enfraqueceu. O Império
do Ocidente entrou em decadência e caiu nas mãos de povos bárbaros, enquanto o Império do Oriente continuou a
existir.

Depois da queda do Império Romano do Ocidente, diferentes regiões se desenvolveram de forma única, formando
reinos bárbaros. Esses reinos eventualmente se transformaram nos países europeus da Idade Média e da Época
Moderna.

Assim, a língua portuguesa e outras línguas românicas evoluíram a partir do latim, influenciado por migrações e
conquistas, e se desenvolveram em diferentes regiões ao longo dos séculos.

O Império Romano do Oriente durou até 1453, quando foi conquistado pelos turcos. Influenciado pela rica civilização
grega, esse império também teve impacto sobre os romanos, incluindo o uso do grego na liturgia cristã. A língua
latina, por sua vez, absorveu palavras e estruturas do grego.

A língua latina literária floresceu na literatura romana, mas com a invasão dos bárbaros, sua nobreza e educação
declinaram. O latim da Igreja, chamado latim medieval, tornou-se a língua das ciências na Idade Média. Também
surgiu um latim bárbaro usado em documentos legais.

O latim vulgar, falado pelas pessoas comuns, evoluiu ao longo do tempo e devido a fatores como conquistas e
fragmentação política. Isso resultou em dialetos românicos medievais e, posteriormente, nas línguas românicas
modernas, como francês, italiano, espanhol, romeno, entre outras.

Vários fatores contribuíram para essa diversificação linguística, incluindo o tempo, a política romana, a vasta
extensão do Império e as influências das populações nativas e conquistadoras. Com o tempo, o latim vulgar se
transformou nas línguas românicas de diferentes regiões, cada uma com suas características distintas.

Nos tempos antigos, o latim, a língua dos romanos, sofreu influências de outros idiomas das regiões conquistadas.
Povos com suas próprias línguas viveram nessas áreas e deixaram marcas no latim, especialmente nas palavras e
sons. Isso é chamado de "substrato lingüístico".

Na Península Ibérica, antes da dominação romana, os celtas foram importantes para a formação do português.
Algumas palavras que eles usavam continuaram no vocabulário, como "cavalo" e "camisa".

Com o tempo, o latim falado por diferentes grupos foi se transformando. As invasões bárbaras, como a dos
germânicos, influenciaram o latim falado e levaram à formação de novos dialetos, chamados "romanços". As línguas
dos invasores também contribuíram com palavras, mas o impacto foi maior no vocabulário do que na estrutura das
línguas românicas.

Esses processos de influência são chamados de "substrato" (influência das línguas pré-existentes) e "superstrato"
(influência das línguas dos invasores). O substrato teve um papel maior na diferenciação das línguas, enquanto o
superstrato afetou principalmente as palavras.

Invasões sucessivas, como as dos germânicos e árabes, fragmentaram o Império Romano e causaram mudanças
linguísticas. Os visigodos, por exemplo, inicialmente invadiram a Itália e depois se estabeleceram na Espanha,
misturando-se com a população romana.
Em resumo, o latim evoluiu devido à interação com diferentes povos e invasões, resultando na formação das línguas
românicas. O substrato lingüístico, influências de povos pré-existentes, e o superstrato, influências das línguas dos
invasores, desempenharam papéis importantes nesse processo.

No século V, o Império Romano Ocidental enfraqueceu e caiu devido às invasões bárbaras dos germânicos, como
vândalos, visigodos e francos. Essas tribos migraram para a Europa Ocidental, estabelecendo reinos. Alguns se
misturaram com a população romana e formaram reinos híbridos. Os visigodos conquistaram a Espanha, mas depois
foram derrotados pelos árabes.

A invasão árabe influenciou a língua com termos árabes, e a Reconquista cristã começou nas Astúrias. Os
muçulmanos dominaram a Península Ibérica por sete séculos até serem expulsos. A interação da língua árabe com o
românico gerou o moçárabe, falado por cristãos sob domínio muçulmano. Isso levou à formação do Estado
monárquico de Portugal, com D. Raimundo e D. Henrique desempenhando papéis cruciais na Reconquista.

A criação do Condado Portucalense e a recuperação de Granada em 1492 pelos reis católicos, Fernando e Isabel,
marcaram a formação de Portugal. Esse período de influência e conflitos moldou a história e a língua portuguesa.

O território do Condado Portucalense compartilhava a mesma língua da Galiza e estava sob a tutela de D. Raimundo.
Após a morte de D. Henrique, sua viúva se envolveu com o conde de Trava, gerando descontentamento. Seu filho D.
Afonso Henriques tomou o poder na Batalha de São Mamede e se tornou rei. Reconhecido por Afonso VII de Leão e
pelo Papa Alexandre III, Portugal se tornou independente.

Portugal expandiu-se ao sul, conquistando territórios dos mouros. Em 1250, D. Afonso III completou a conquista do
Algarve, definindo os limites atuais. A língua falada nessa região era o galego-português até o século XIV, quando se
diferenciou. A língua portuguesa evoluiu ao longo dos séculos, influenciada pelas explorações marítimas.

A previsão de João de Barros no século XVI sobre a durabilidade da língua portuguesa se concretizou. Atualmente,
cerca de 171 milhões de pessoas falam o português, demonstrando a continuidade e alcance desse patrimônio
linguístico.

A história da língua portuguesa é dividida em períodos para facilitar o estudo, mas essas divisões são apenas
ferramentas didáticas, já que a evolução de uma língua não ocorre de maneira precisa. Autores como Ismael de Lima
Coutinho, José Leite de Vasconcelos e Carolina Michaélis dividem essa história em três épocas:

Época pré-histórica: Desde as origens até o século IX, englobando a evolução do latim falado na Galiza e Lusitânia,
culminando na formação do romanço galaico-português.

Época proto-histórica: Do século IX ao XII, marcada pela definição do romanço galaico-português como língua
corrente na Península Ibérica e pela independência de Portugal no século XII.

Época histórica: A partir do século XIII, dividida em duas fases, arcaica e moderna, com a transição no século XVI. Até
o século XII, o latim era a língua escrita oficial, mas a "lingoagem" (língua) começou a ganhar importância no século
XIII. No século XIV, a prosa histórica desenvolveu características distintamente portuguesas.

Nesse contexto, documentos escritos em latim bárbaro no período proto-histórico revelam palavras e expressões do
romanço galaico-português, e o século XIII marca o início da sua expressão escrita. A fase arcaica, nos séculos XIII e
XIV, testemunha o uso do galego-português, mas somente após o século XIV a língua adquire características
genuinamente portuguesas, com o desenvolvimento da prosa histórica.

No período arcaico da história da língua portuguesa:

Até o século XIV, a língua galego-portuguesa foi exclusivamente usada na poesia lírica na Península Ibérica.

A partir do século XIV, ocorre uma divisão na unidade lingüística galego-portuguesa, culminando no século XVI com o
estabelecimento do português padrão, influenciado pelo Renascimento, gramáticos, teóricos da língua e dialetos
moçárabes meridionais.

O século XVI é visto como um marco nas fases arcaica e moderna do idioma, com a língua portuguesa começando a
apresentar características distintas das usadas nos séculos anteriores.
A fase arcaica da época histórica é subdividida em dois períodos:

Primeira fase: Século XII a 1350 ou Batalha de Aljubarrota, caracterizada pela poesia trovadoresca em galego-
português.

Segunda fase: Até o século XVI (com Camões), marcada pela prosa histórica verdadeiramente portuguesa.

A subdivisão em períodos é útil para o estudo das características gramaticais do português arcaico nos séculos XIII e
XIV.

Durante três séculos, um grupo linguístico predominou na Península Ibérica ocidental, com raízes na romanização da
região após as conquistas romanas. A influência dos celtas, fenícios, gregos e cartagineses levou à fusão de línguas,
com o latim emergindo como predominante devido à sua conexão com a língua céltica e à romanização quase
completa.

A região foi dividida em províncias romanas, e a língua latina se espalhou. No entanto, com a invasão dos germânicos
e árabes, a unidade romana se quebrou. Os visigodos e suevos tiveram pouco impacto linguístico, mas contribuíram
para a fragmentação. A Reconquista cristã levou à formação de reinos cristãos no norte, diminuindo a influência
árabe e deixando o galego-português relativamente intacto.

No século XII, três grandes grupos linguísticos se formaram: galego-português no oeste, catalão no nordeste e
castelhano no restante. A separação de Portugal da Galiza resultou no galego-português sendo o idioma
predominante na região. Fatores como peregrinações a Santiago de Compostela, comunicação com mouras e
moçárabes, educação de reis e nobres, e repovoamento influenciaram a evolução da língua.

Gradualmente, a língua adotada pelos portugueses evoluiu, influenciada pelos dialetos moçárabes e por eventos
políticos, até adquirir a forma distinta que caracteriza o português no século XIV.

Durante o período arcaico, textos eram produzidos e reproduzidos manualmente em folhas de pergaminho,
inicialmente em cartórios e conventos, depois na Corte e Universidade. Isso tornava a produção lenta e a circulação
restrita, levando a variantes e interpretações divergentes. Diferentes escribas e a dificuldade de compreender as
relações entre grafias e sons da época dificultavam a compreensão desses textos, que muitas vezes permaneciam
inéditos.

Antes do século XII, apenas conventos tinham permissão para produzir manuscritos. Esses conventos, como Lorvão,
Santa Cruz de Coimbra e Alcobaça, também eram centros de atividade cultural, produzindo escritos religiosos,
morais e didáticos. Embora careçam de valor literário, possuem importância filológica.

Com a Universidade, profissionais escreventes se juntaram à nova cultura, e a Corte começou a encomendar textos a
escribas, muitas vezes sob patrocínio do rei. Os séculos XII, XIII e XIV viram textos jurídicos, históricos, eclesiásticos e
literários, como poesia de trovadores e prosa de novelas de cavalaria.

Documentos públicos, históricos e religiosos foram os primeiros textos em galego-português, substituindo o latim. A
tradição oral precedeu a compilação dos poemas trovadorescos, refletida em cancioneiros. Cantigas de amor, de
amigo, de escárnio e maldizer eram populares, e cancioneiros como Ajuda, Biblioteca Nacional e Vaticana preservam
esses textos.

Os textos poéticos são ricos, mas a prosa literária é escassa. Hagiografias, um fabulário de Esopo e trechos de "A
demanda do Santo Graal" são notáveis. Embora novelas bretãs tenham influenciado a cavalaria portuguesa, não há
evidência de novelas autenticamente portuguesas. "A demanda do Santo Graal" é uma notável prosa mística e
simbólica do século XIII.

O texto que você forneceu parece ser um trecho de um estudo ou texto acadêmico sobre a língua portuguesa e suas
características gramaticais ao longo do tempo. Ele discute várias particularidades da língua durante diferentes fases
arcaicas e como certos sons, fonemas e estruturas evoluíram ao longo dos anos.

Ele aborda aspectos como:


Mudanças fonéticas: Explica como sons e consoantes eram pronunciados de maneira diferente em diferentes épocas
e como ocorriam transformações fonéticas, como a evolução de sons e fonemas.

Ortografia: Aborda as mudanças na ortografia, como a evolução das letras utilizadas, a distinção entre diferentes
sons (como s e z) e os diferentes valores atribuídos às letras.

Desenvolvimento da língua escrita: Comenta sobre como a língua escrita evoluiu ao longo do tempo, influenciada
por diversos fatores culturais e sociais.

Tonicidade e acentuação: Discute a tonicidade das sílabas em diferentes períodos e como isso influenciava a
pronúncia e a formação das palavras.

Metafonia: Explora a mudança de sons nas vogais, como a metafonia, que ocorre quando as vogais de uma palavra
se alteram devido a influências fonéticas.

Formação de palavras: Menciona a evolução na formação e no uso de palavras, incluindo a elisão e a crase.

O léxico do galego-português, resultado da fusão do latim vulgar da Galiza e Lusitânia, transformou-se em romanço a
partir do século XIII, sendo enriquecido por diversos estrangeirismos, como galicismos, provençalismos e grecismos.
A influência das literaturas francesa e provençal trouxe termos como "vontade", "vilão", "dama" e outros. A
influência provençal nas cantigas de amor distinguiu-as das cantigas de amigo, mais folclóricas. Algumas palavras
populares denotam origem semi-erudita, incluindo grecismos e nomes eclesiásticos. A língua arcaica dos trovadores
tinha poucos vocábulos eruditos, sendo predominantemente provençal.

A formação de palavras envolveu derivação, sufixação e composição. Derivação nominal incluiu aumentativos e
diminutivos, enquanto a derivação verbal, em -ar, era influenciada pelo latim vulgar. A exceção era a derivação de
verbos incoativos em -ecer. A derivação regressiva originou termos como "xe", e a derivação imprópria era comum
em verbos substantivados. A composição ocorria por justaposição e aglutinação, enriquecendo o léxico. A evolução
linguística demonstra o enriquecimento gradual do galego-português.

O léxico do galego-português, uma fusão do latim vulgar da Galiza e Lusitânia, evoluiu para o romanço a partir do
século XIII, sendo enriquecido por empréstimos estrangeiros, incluindo galicismos, provençalismos e grecismos.
Influências das literaturas francesa e provençal resultaram em termos como "vontade", "vilão", "dama" e outros. As
cantigas de amor galego-portuguesas foram influenciadas pela provença, enquanto as de amigo eram mais
folclóricas. Muitas palavras populares têm origem semi-erudita, incluindo grecismos e nomes eclesiásticos. A língua
arcaica dos trovadores não possuía palavras eruditas.

Foram observados processos de derivação, sufixação e composição na formação de palavras, com exemplos de
aumentativos e diminutivos. A derivação de verbos seguia padrões latinos, com exceção dos verbos incoativos em -
ecer. A derivação regressiva levou a formas como "xe", e a derivação imprópria era comum em verbos
substantivados. A composição por justaposição e aglutinação também enriqueceram o léxico. A evolução linguística
demonstra o enriquecimento gradual da língua galego-portuguesa.

Resumo das Classes de Palavras em Português Arcaico:

Artigos Definidos:

Provenientes do acusativo masculino e feminino do pronome demonstrativo latino.

Formas arcaicas: o, a, os, as, lo, los, la.

Combinavam-se com preposições como por, sobre, todos, ambos.

Artigo Definido Antigo:

Além de lo, la ou o, a, havia outro artigo definido antigo que precedia palavras como rei, conde e alcaide.

Numerais e Adjetivos:
Evolução metaplástica dos adjetivos latinos.

Exemplos de evolução: bõo (bono), maa (mala), mayor (majore).

Substantivos:

Nomes próprios de pessoas começaram a se fixar no século XII ou XIII.

Indicação da filiação, como "Gonçalo Fernandici Gonçalo, filho de Fernando."

Formas arcaicas de gênero: fim e mar eram femininos, tribo e coragem eram masculinos.

Pronomes Pessoais:

Eu era "eu," terceira pessoa era "elle" (hoje "ele" ou "ela").

Plural da terceira pessoa era formado com -s.

Pronomes oblíquos: lhe, mego, tego, sego.

Pronome ti palatizou para cho/che.

Pronome de tratamento: vossemecê.

Pronomes Possessivos:

Formas como meu, teu, seu usadas com variações, como meo, teo, seu.

Feminino de cujo: cuja (hoje cujo mantém-se invariável).

Pronomes Demonstrativos:

Formas como esse, este, aquele, aquilo.

Compostos como aquesse, aquelo, aquessos.

Ende (hoje en) como pronome pessoal.

Pronomes Indefinidos:

Além dos que usamos hoje, formas como tale, tantunhulhas, nengúu, quis, cada um, qual, quanto, quantoquer.

Lembrando que a língua evoluiu e mudou ao longo dos anos, então algumas formas arcaicas podem não ser
completamente equivalentes às atuais.

O texto trata das características gramaticais da língua portuguesa na fase arcaica, que se estendeu
aproximadamente dos séculos XII ao XVI. Ele aborda vários aspectos, incluindo fonética, flexão verbal, substantivos,
adjetivos, numerais, preposições, conjunções e outros elementos linguísticos. Alguns pontos principais são:

Flexões Verbais: No período arcaico, as formas verbais tinham terminações distintas para diferentes pessoas e
números. Houve a síncope de consoantes intervocálicas, especialmente na 1ª e 2ª pessoas do singular e na 2ª pessoa
do plural. Além disso, as formas verbais compostas eram mais comumente construídas com o verbo "haver" do que
com "ter".

Substantivos e Adjetivos: Existia uma variedade de flexões para substantivos e adjetivos, com formas diferentes para
gênero, número e caso. Muitos adjetivos e substantivos eram variáveis em gênero (masculino/feminino) e número
(singular/plural), com formas distintas para cada combinação.

Numerais: Os numerais cardinais tinham formas arcaicas diferentes das atuais, como "dous" em vez de "dois" e
"quatro" em vez de "quatro". Além disso, havia formas específicas para expressar frações e multiplicativos.

Preposições e Conjunções: O texto descreve várias preposições e conjunções que eram usadas na língua portuguesa
arcaica. Algumas delas evoluíram para as formas modernas, enquanto outras desapareceram ou tiveram seus usos
alterados ao longo do tempo.
Mudanças na Língua: O texto destaca algumas mudanças fonéticas e gramaticais que ocorreram ao longo do período
arcaico, como a evolução das formas verbais e o surgimento de novas conjunções.

Influência do Latim: Muitas das características da língua portuguesa arcaica foram herdadas do latim, incluindo
flexões verbais, formas nominais e construções gramaticais.

O texto que você forneceu parece ser uma análise sobre características gramaticais do português arcaico. Aqui está
um resumo e uma explicação dos principais pontos do texto:

O texto fala sobre características gramaticais do português arcaico, destacando:

Colocação das palavras: No português arcaico, a ordem das palavras na frase era mais flexível do que hoje, com
exemplos de posposição do sujeito ao verbo e anteposição do complemento verbal.

Concordância verbal: Havia diferenças na concordância verbal em relação ao português moderno, como o uso do
plural do verbo com coletivos no singular e vice-versa.

Regência verbal: Algumas regências verbais eram diferentes, como o uso de "em" após certos verbos de movimento
e o uso da preposição "por" com o predicativo do objeto.

Objeto direto: O objeto direto podia ser usado sem preposição em muitos casos, mas também podia ser precedido
pela preposição "por".

Pronomes pessoais: Os pronomes pessoais podiam ser usados de maneira mais flexível, inclusive com função de
sujeito e complemento.

Orações interrogativas: O uso do pronome interrogativo "cujo" e a introdução de subordinadas substantivas com a
preposição "em" eram comuns.

Pleonasmo e anacoluto: O pleonasmo (uso redundante de palavras) e o anacoluto (mudança abrupta de estrutura)
eram frequentemente empregados.

Essas características refletem as diferenças na gramática do português arcaico em comparação com o português
moderno. O texto fornece exemplos e explicações para cada uma dessas características.
Livro 2: Nova Gramática do Português

Linguagem: É um complexo de processos que nos permite usar uma língua para se comunicar. Pode ser qualquer
sistema de sinais usados para a comunicação, desde que tenham um significado convencional.

Língua: É um sistema gramatical usado por um grupo de pessoas para se comunicar. É a maneira como uma
comunidade concebe o mundo e se expressa. A língua muda ao longo do tempo para se adaptar à sociedade que a
usa.

Discurso: É a língua em ação, quando a usamos para nos expressar individualmente. Cada pessoa escolhe formas de
expressão que melhor se encaixem em seu estilo pessoal e pensamento.

Estilo: Refere-se à escolha individual de formas de expressão dentro do sistema linguístico. É como uma pessoa
escolhe falar ou escrever para expressar sua personalidade e gosto.

Variações Linguísticas: As diferentes formas em que a língua é usada e varia em diferentes contextos:

Diatópicas: Variações geográficas, como diferentes sotaques ou palavras usadas em diferentes regiões.

Diastráticas: Variações sociais e culturais, como a diferença entre a linguagem formal e informal.

Diafásicas: Variações de estilo, como a diferença entre linguagem escrita e falada, linguagem literária e linguagem do
dia a dia.

Dialeto: Uma variedade regional da língua, muitas vezes com diferenças geográficas, mas não necessariamente tão
distintas quanto uma língua separada.

Falar: A forma peculiar de se expressar em uma região específica, que pode não ser tão coesa quanto um dialeto
completo. Pode ser mais limitado e empobrecido em comparação com a língua escrita.

O texto também destaca a interdependência entre linguagem, língua e discurso, mostrando como esses conceitos
estão relacionados e como a língua é influenciada pela sociedade. Ele fala sobre a concepção recente da língua como
um diassistema, ou seja, um conjunto de sistemas linguísticos inter-relacionados, e como a variação linguística é
natural e ocorre em todos os níveis da língua. Finalmente, ele menciona que, além da inovação, há uma força de
conservação na língua, que ajuda a manter sua unidade em diferentes contextos sociais e geográficos.

Neste texto, são discutidos conceitos de correção na gramática e linguagem culta. Há diferentes ideias sobre o que é
correto e como determiná-lo. As antigas abordagens baseadas em regras rígidas foram criticadas, e novas
perspectivas surgiram.

Alguns pontos-chave são:

Antigas Abordagens vs. Novas Perspectivas: As antigas gramáticas rígidas foram questionadas e substituídas por
abordagens mais flexíveis e descritivas da linguagem. A ideia de que o povo tem um papel criativo na linguagem é
associada à noção de que as interferências conservadoras não são produtivas.

Critérios de Correção: Diferentes critérios de correção são explorados, incluindo o histórico-literário (baseado em
escritores antigos), o histórico-natural (anárquico, sem regras) e o racional (baseado na comunicação eficaz e
compreensão).

Comunidade Linguística: A correção é definida pela comunidade linguística e pelas normas que todos aceitam. Essas
normas podem variar em diferentes contextos, como região, nível de educação e estilo de fala.

Variedade Linguística: A linguagem possui várias normas e sistemas, adaptados a diferentes contextos e propósitos.
A variedade é natural e aceitável, desde que siga as normas aceitas pela comunidade.

Aceitabilidade Social: A aceitação social é um critério fundamental de correção. O que agrada e é aceito pela maioria
é considerado correto.
Descrição Linguística: Para determinar o que é correto, linguistas modernos buscam métodos descritivos detalhados
das variedades cultas, tanto na fala quanto na escrita. Esses métodos ajudam a compreender o que é obrigatório,
opcional, tolerável ou inaceitável na linguagem.

A ideia geral é que a correção linguística não é fixa, mas depende das normas e aceitação social dentro de uma
comunidade. A diversidade linguística é natural, e a abordagem descritiva é usada para entender e descrever as
diferentes variedades de maneira precisa.

A língua portuguesa tem suas raízes no latim, que era falado pelos romanos. Inicialmente, o latim era usado por um
povo rústico no Lácio, na Península Itálica. Com o tempo, o latim ganhou importância devido às vitórias militares
romanas e à expansão do Império. O latim foi usado como língua de governo e administração, e os romanos o
levaram para as regiões conquistadas.

Com o crescimento do Império Romano, a língua latina se diversificou em diferentes dialetos, incluindo o latim
vulgar falado pela população comum. A influência grega também moldou o latim escrito, com autores como Lívio
Andrônico inspirando-se em modelos gregos para criar obras literárias. Enquanto o latim literário continuava a ser
usado para escritos sofisticados, o latim vulgar evoluiu nas diferentes regiões conquistadas, levando à formação das
línguas românicas, como o francês, espanhol, italiano e português.

Eventos históricos, como a descentralização do Império Romano e as invasões bárbaras, contribuíram para a
diferenciação dos dialetos latinos em línguas distintas. O processo de romanização da Península Ibérica também
variou, com algumas regiões assimilando a cultura romana mais rapidamente do que outras.

A romanização trouxe consigo a assimilação de costumes e instituições romanas nas regiões conquistadas. À medida
que a influência romana se espalhava, as línguas locais eram gradualmente substituídas pelo latim vulgar. A
diversificação linguística ocorreu em diferentes momentos em cada região, levando ao desenvolvimento das línguas
românicas individuais ao longo dos séculos, incluindo o português.

Assim, o processo de evolução do latim para as línguas românicas, incluindo o português, envolveu uma mistura de
influências culturais, expansão geográfica e fatores históricos que moldaram as línguas faladas nas diferentes
regiões.

Durante o período visigótico na Península Ibérica, vários grupos germânicos invadiram e estabeleceram seus
domínios. Os vândalos, suevos e alanos chegaram em 409, mas os alanos desapareceram rapidamente, os vândalos
se mudaram para a África em 429 e os suevos ocuparam a Galécia e a Lusitânia. No século VI, os visigodos, um povo
germânico mais civilizado, absorveram os suevos e dominaram a Península por cerca de 250 anos. Os visigodos se
misturaram com a população romana, promovendo a união cultural.

A expansão árabe na Península começou em 711, quando tribos árabes desembarcaram e conquistaram a região. No
entanto, pequenos reinos cristãos resistiram, e um movimento de Reconquista se originou nas montanhas das
Astúrias. Durante o domínio muçulmano, houve influência cultural árabe, incluindo palavras incorporadas ao léxico,
especialmente em áreas como guerra, agricultura, comércio, ofícios e ciências.

O galego-português, uma língua que se desenvolveu na Galiza e em partes de Portugal, surgiu durante o domínio
árabe e manteve sua homogeneidade até o século XIV. Documentos do século XIII em galego-português marcam o
início da fase histórica da língua portuguesa.

Assim, os períodos de domínio visigótico e árabe contribuíram para a formação e evolução da língua portuguesa,
introduzindo influências linguísticas e culturais que enriqueceram seu vocabulário e características distintivas.

Vou resumir o texto de forma mais didática para você:

História da Língua Portuguesa:

A língua portuguesa passou por diferentes fases ao longo da história:


Português Arcaico (séculos XIII a XVI): Começou no início do século XIII e durou até a metade do século XVI. Durante
essa fase, a língua começou a se desenvolver, mas ainda não tinha regras gramaticais definidas.

Português Moderno (segunda metade do século XVI até hoje): A partir da segunda metade do século XVI, a língua
começou a ser mais codificada e estruturada, evoluindo até os dias atuais.

Dentro desses períodos, há subdivisões. No período de séculos XIII a XVI, podemos distinguir:

Português Arcaico (séculos XIII e XIV): Língua dos primeiros séculos, ainda em desenvolvimento.

Português Médio (século XV até a primeira metade do XVI): Fase de transição entre a antiga e a moderna língua
portuguesa.

Com os descobrimentos marítimos nos séculos XV e XVI, o português se espalhou para vastos territórios
conquistados na África, América, Ásia e Oceânia. Hoje, é a língua oficial de Brasil, Portugal, Angola, Cabo Verde,
Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, e Timor Leste.

Além disso, o português é falado em algumas regiões da Espanha e do Uruguai, devido a interações fronteiriças e
imigração.

Assim, a língua portuguesa passou por diferentes estágios ao longo dos anos, desde suas origens até se tornar uma
língua globalmente falada e oficial em diversos países.

Variedades do Português: Unidade na Diversidade

A língua portuguesa é falada em muitos lugares diferentes, o que resulta em variações internas na pronúncia,
gramática e vocabulário. No entanto, essa diversidade não impede a unidade do idioma.

Portugal e Brasil: Semelhanças e Diferenças

Em Portugal, a língua é notavelmente homogênea, com poucas diferenças dialetais. No Brasil, há variações regionais,
mas ainda existe uma unidade geral na diversidade.

Dialetos do Português Europeu

Os dialetos galego-portugueses podem ser agrupados em três grandes categorias com base nas características
fonéticas:

Dialetos Galegos: Não usam a sibilante sonora /z/. Além disso, não têm a fricativa palatal sonora [j] antes de e ou i.

Dialetos Portugueses Setentrionais: Usam a sibilante ápico-alveolar [?] para palavras como seis e passo. Mantêm a
pré-dorsodental [s] (como em cinco) e [z] (como em fazer) em alguns casos.

Dialetos Portugueses Centro-Meridionais: Possuem apenas as sibilantes pré-dorsodentais [s] e [z] como na língua
padrão.

Características Distintivas nos Dialetos

Além das sibilantes, outras características dialetais incluem a pronúncia [b] ou [|3] para v gráfico e a pronúncia
africada palatal [tj] para ch na maioria dos dialetos portugueses setentrionais e galegos.

Conclusão

Apesar das variações, o português mantém uma coesão considerável entre suas variedades, especialmente nos
dialetos galego-portugueses, onde as diferenças não impedem a compreensão e a unidade do idioma.

Dialetos do Português: Variações e Características

Os dialetos do português têm diferentes sons e palavras em várias regiões. Algumas coisas específicas ajudam a
identificar grupos de dialetos:

Ditongos: Como as combinações de vogais [ow] e [ej], soam diferentes em diferentes grupos de dialetos, assim como
[o] e [e].
Regiões Especiais: Existem três áreas com características únicas:

No norte, os sons [e] e [o] têm uma combinação diferente, como pjeso em vez de peso e pworto em vez de porto.

Na região da Beira Baixa e Alto Alentejo, as vogais mudam bastante.

No oeste do Algarve, as vogais são parecidas com as da Beira Baixa e Alto Alentejo.

Dialetos nas Ilhas Atlânticas: Os dialetos nos Açores e na Madeira são como os do continente, especialmente os do
grupo centro-meridional.

Em São Miguel, há semelhanças com a Beira Baixa e Alto Alentejo.

Na Madeira, há sons especiais como [aw] e [aj], além de uma mudança de som em /l/ depois de i.

Palavras Diferentes: Também há palavras diferentes, como origem árabe em dialetos do centro-sul e palavras mais
antigas em regiões mais tradicionais.

Resumindo: Os dialetos do português têm variações em sons e palavras em diferentes áreas, especialmente nas ilhas
atlânticas e em regiões específicas.

Dialetos Brasileiros: Diversidade e Características

Os dialetos brasileiros têm diferenças na pronúncia, gramática e vocabulário em todo o país. No entanto, a falta de
informações científicas rigorosas torna difícil classificá-los como os dialetos europeus. Alguns passos foram dados
para entender essas variações, como atlas regionais e monografias dialetais.

O linguista Antenor Nascentes propôs uma classificação provisória com base em diferenças de pronúncia. Ele dividiu
os dialetos brasileiros em dois grupos principais: Norte e Sul, com duas características distintas:

No Norte, as vogais são mais abertas em palavras pretônicas que não são diminutivos ou advérbios terminados em -
mente.

Ele também notou diferenças na "cadência" da fala: "cantada" no Norte e "descansada" no Sul.

Esses grupos têm subvariedades. No Norte, há o amazônico e o nordestino, enquanto no Sul, temos o baiano,
fluminense, mineiro e sulista.

Vale ressaltar que a diversidade dos dialetos brasileiros parece ser menos variada e intensa do que a dos dialetos
portugueses, e essa diversidade é mais instável.

Português em África, Ásia e Oceânia

A língua portuguesa também assumiu formas diferentes em várias partes do mundo. Em África, temos variedades
crioulas e não crioulas. As crioulas surgiram do contato com línguas indígenas e, embora derivadas do português, são
línguas distintas. No continente africano, há os crioulos das ilhas do Golfo da Guiné, de Cabo Verde e continentais,
com suas próprias características.

Em Ásia e Oceânia, existem variedades não crioulas, onde o português é oficial e misturado com palavras nativas.
Essas variedades têm diferenças fonológicas e gramaticais.

Em resumo, os dialetos brasileiros têm variações regionais, classificadas por diferenças de pronúncia. Em outras
partes do mundo, como África, Ásia e Oceânia, o português assumiu formas diversas, incluindo crioulos e variações
não crioulas, influenciadas por línguas nativas.

Fonética e Fonologia: Como Produzimos Sons da Fala

Nossa fala é composta por sons que são produzidos pelos órgãos da fala, como os pulmões, cordas vocais e
cavidades da boca, nariz e garganta. Três condições são necessárias para produzir esses sons: fluxo de ar dos
pulmões, obstáculo encontrado pelo ar e caixas de ressonância nas cavidades supralaríngeas.
O aparelho fonador é composto por partes como os pulmões, a laringe com as cordas vocais e as cavidades supra
laríngeas, incluindo a faringe, boca e fossas nasais. A língua desempenha um papel importante na produção dos
sons.

A corrente de ar expiratória dos pulmões passa pela laringe, onde as cordas vocais podem vibrar ou permanecer
relaxadas, produzindo sons sonoros ou surdos. O ar então entra nas cavidades faríngeas e pode seguir pelas vias oral
ou nasal, dependendo da posição do véu palatino.

Fonemas e Sons na Língua

Alguns sons em nossa fala são usados para diferenciar palavras, como a diferença entre "erro" e "era". Esses sons
são chamados de fonemas, que são unidades mentais sonoras distintas. Os fonemas podem ser representados por
símbolos fonéticos colocados entre colchetes, como [a], [b], [p], etc.

A descrição completa dos sons da fala envolve como eles são produzidos, transmitidos e percebidos. A disciplina que
estuda esses sons é chamada fonética, enquanto a parte da gramática que estuda o comportamento dos fonemas na
língua é chamada fonologia.

Transcrição Fonética e Fonológica

Para representar a pronúncia real dos sons, usamos um alfabeto fonético especial, com símbolos entre colchetes,
como [ka], para representar a pronúncia da palavra "ca". Os fonemas são transcritos entre barras oblíquas, como
/k/, para representar o som da letra "k".

É importante lembrar que a descrição fonética considera os movimentos dos órgãos articuladores, enquanto a
descrição fonológica está mais focada na impressão auditiva. A transcrição fonética pode variar dependendo da
região e do dialeto.

Em resumo, a fonética e a fonologia explicam como produzimos os sons da fala, como os diferenciamos e como os
representamos na escrita. Elas ajudam a entender a complexidade dos sons em diferentes línguas e dialetos.

O texto trata da classificação dos sons linguísticos em vogais, consoantes e semivogais. Vou resumir os principais
pontos de forma mais didática para facilitar a compreensão:

Vogais e Consoantes:

Vogais são sons formados pela vibração das cordas vocais e são modificados pela forma das cavidades
supralaríngeas.

Consoantes são sons onde há um obstáculo à passagem do ar na cavidade bucal.

Semivogais:

Situam-se entre vogais e consoantes.

Os fonemas /i/ e /u/ podem ser vogais ou semivogais, dependendo do contexto.

Classificação Tradicional das Vogais (3 critérios):

Região de Articulação:

Anteriores (palatais)

Centrais (médias)

Posteriores (velares)

Grau de Abertura:

Abertas

Semiabertas
Semifechadas

Fechadas

Papel das Cavidades Bucais e Nasais:

Orais

Nasais

Traços Distintivos para Vogais:

Abertura: relacionada com a elevação da língua.

Recuo ou Avanço da Articulação: posição da língua na boca.

Arredondamento dos Lábios.

Exemplos:

/i/ é uma vogal anterior, alta, não arredondada.

/u/ é uma vogal posterior, alta, arredondada.

/e/ é uma vogal anterior, média, não arredondada.

/o/ é uma vogal posterior, média, arredondada.

/a/ é uma vogal central, baixa, não arredondada.

Consoantes:

Classificadas quanto a: Modo de Articulação, Ponto de Articulação, Papel das Cordas Vocais e Papel das Cavidades
Bucais e Nasais.

Modo de Articulação:

Oclusivas: som interrompido (p, b, t, d, k, g).

Constritivas: som contínuo (f, v, s, z, J, 3).

Ponto de Articulação:

Bilabiais, Labiodentais, Linguodentais, Alveolares, Palatais, Velares.

Papel das Cordas Vocais:

Surdas: sem vibração das cordas vocais (p, t, k, f, s, J).

Sonoras: com vibração das cordas vocais (b, d, g, v, z, 3, 1, X, r, m, n, l).

Papel das Cavidades Bucais e Nasais:

Orais: som produzido apenas na boca.

Nasais: som ressoa na cavidade nasal (m, n, ji).

Lembrando que essa é uma simplificação do texto original, mas espero que isso ajude você a assimilar melhor os
conceitos apresentados.
Este texto trata da posição das consoantes, encontros vocálicos e acento tônico na língua portuguesa, com foco na
pronúncia das palavras. Vou resumir de forma didática:

Consoantes:

As consoantes portuguesas estão mais presentes em posição intervocálica, reduzindo-se em outras posições.

Pronúncia mais comum no português contemporâneo, diferente do passado.

Exemplo: "r" é pronunciado normalmente no Rio de Janeiro e outras áreas.

Encontros Vocálicos:

Ditongos: combinação de vogal + semivogal ou semivogal + vogal.

Decrescentes (vogal + semivogal): "pai", "céu".

Crescentes (semivogal + vogal): "qual", "linguiça".

Tritongos: semivogal + vogal + semivogal.

Orais: "Uruguai".

Nasais: "saguão", "enxáguam".

Acento Tônico:

Oxítonas: acento na última sílaba (ca-fé).

Paroxítonas: acento na penúltima sílaba (ba-ía).

Proparoxítonas: acento na antepenúltima sílaba (ex-ér-cito).

Monossílabos:

Átonos: são fracos, se apoiam no acento de outra palavra.

Tônicos: são fortes, têm acento próprio (cá, flor).

Acento Principal e Secundário:

Vocábulos curtos têm uma sílaba tônica.

Vocábulos longos podem ter acento principal e secundário.

Lembre-se que a posição do acento tônico em algumas palavras pode mudar seu significado, e que a pronúncia pode
variar entre regiões e países de língua portuguesa.

Acento Afetivo e Acento Intelectual

Acento Afetivo:

Quando pronunciamos uma palavra com ênfase emocional, destacamos uma sílaba diferente da tônica, aumentando
a intensidade, altura e duração dessa sílaba. Isso é chamado de "acento afetivo". Ele ocorre quando estamos
expressando uma emoção forte em relação à palavra. Por exemplo, na frase "É um homem miserável!", o acento
afetivo é colocado na sílaba "mi-", devido ao sentimento de desprezo ou raiva.

Acento Intelectual:

O "acento intelectual" é utilizado para enfatizar uma ideia, contraste ou característica específica de uma palavra,
destacando-a com maior intensidade, duração e altura. Isso não envolve emoções fortes, mas sim realça aspectos
intelectuais ou contrastantes. Em frases como "Esta medida é arbitrária" ou "Quero razões objetivas e não
subjetivas", o acento intelectual é aplicado às sílabas iniciais das palavras relevantes para enfatizar sua importância.

Diferenças Fundamentais:
O acento intelectual difere do acento afetivo em sua função e características fonéticas. O acento intelectual é
aplicado na primeira sílaba da palavra, seja ela iniciada por consoante ou vogal. Por outro lado, o acento afetivo
geralmente incide na primeira sílaba quando esta começa com consoante, mas pode estar na segunda sílaba se esta
começar com vogal. Além disso, enquanto o acento intelectual reforça a consoante inicial e a vogal seguinte, o
acento afetivo aumenta a intensidade, a duração e a altura da vogal inicial.

Regras de Ortografia:

A ortografia envolve regras para acentuar corretamente palavras. Algumas regras são:

Acentuar com agudo as vogais tônicas em palavras oxítonas terminadas em a, e, o, em casos como cajá, vocês,
jacaré.

Usar o acento circunflexo em oxítonas terminadas em e, o seguidas ou não de s, como mês, vocês, júnior.

Acentuar todas as proparoxítonas, com agudo ou circunflexo, dependendo das vogais presentes.

Palavras paroxítonas que terminam em i ou u, com agudo nas situações específicas de a, e, o fechados.

Ditongos ei, oi, ui, iu, com acento agudo quando tônicos e em palavras oxítonas.

Nas formas verbais acentuar pôde para diferenciá-la de pode.

Acentuar o verbo pôr e a forma "fôrma(s)" por distinção.

Essas são apenas algumas regras de acentuação, sendo importante consultar fontes de referência para obter uma
lista completa e detalhada das regras de ortografia.

A formação de palavras envolve vários processos morfológicos que permitem criar novas unidades lexicais a partir
de morfemas lexicais, como a derivação e a composição. Os prefixos são elementos importantes na derivação e
podem alterar o sentido ou a classe gramatical das palavras. Aqui estão alguns exemplos de prefixos de origem latina
e grega e suas formas em palavras do português:

Prefixos de origem latina:

ab- (afastamento, separação): abdicar, abjurar.

abs- (afastamento, separação): abster, abstrair.

a- (antes de consoante) ou an- (privação, negação): afortunado, analfabeto.

ad- (aproximação, direção): adjunto, adventício.

co- (contiguidade, companhia): compor, cooperar.

com- (contiguidade, companhia): compor, cooperar.

contra- (oposição, ação contrária): contradizer, contrasselar.

de- (movimento de cima para baixo): decair, decrescer.

des- (separação, ação contrária): desviar, desfazer.

dis- (separação, movimento para): dissidente, distender.

ex- (movimento para fora): exportar, extrair.

in- (movimento para dentro): ingerir, impedir.

i- (antes de consoante) ou in- (negação, privação): ilegal, imóvel, infeliz.

inter- (posição intermediária): entreabrir, entrelinha.

ob- (posição em frente, oposição): objetivo, obstáculo.


per- (movimento através): percorrer, perfurar.

pos- (posterioridade): pospor, postônico.

pre- (anterioridade): prefácio, pretônico.

Prefixos de origem grega:

an- (privação, negação): anarquia, ateu.

aná- (ação ou movimento inverso, repetição): anagrama, anáfora.

anfi- (de um e outro lado, em torno): anfíbio, anfiteatro.

anti- (oposição, ação contrária): antiaéreo, antípoda.

apo- (afastamento, separação): apogeu, apóstata.

arqui- (superioridade): arquiduque, arcanjo.

catá- (movimento de cima para baixo, oposição): catadupa, catacrese.

diá- (movimento através de, afastamento): diagnóstico, diocese.

dis- (dificuldade, mau estado): dispneia, disenteria.

ec- (movimento para fora): eclipse, êxodo.

en- (posição interior): encéfalo, emplastro.

endo- (posição interior, movimento para dentro): endotérmico, endosmose.

epi- (posição superior, movimento para, posterioridade): epiderme, epílogo.

eu- (bem, bom): eufonia, evangelho.

hiper- (posição superior, excesso): hipérbole, hipertensão.

hipó- (posição inferior, escassez): hipodérmico, hipotensão.

metá- (posterioridade, mudança): metacarpo, metátese.

pará- (proximidade, ao lado de): paralogismo, paramnésia.

peri- (posição ou movimento em torno): perímetro, perífrase.

pró- (posição em frente, anterior): prólogo, prognóstico.

sin- (simultaneidade, companhia): sinfonia, simpatia.

Esses prefixos podem ser usados para criar novas palavras ou modificar o significado de palavras existentes,
permitindo uma variedade de expressões e ampliando o vocabulário da língua.

Este texto fala sobre a formação de palavras em português através da adição de sufixos, que são pequenos pedaços
de palavras adicionados ao final de outras palavras. Existem dois tipos de sufixos discutidos: aumentativos e
diminutivos.

Aumentativos são sufixos que são adicionados a palavras para torná-las maiores em tamanho ou intensidade. Alguns
exemplos de sufixos aumentativos em português são:

-ão: Exemplo: caldeirão, paredão

-anzil: Exemplo: corpanzil

-alhão: Exemplo: grandalhão, vagalhão

-aréu: Exemplo: fogaréu, povaréu


-arrão: Exemplo: gatarrão, homenzarrão

Os diminutivos, por outro lado, são sufixos que são adicionados a palavras para torná-las menores em tamanho ou
para expressar carinho ou afeto. Alguns exemplos de sufixos diminutivos em português são:

-inho, -inha: Exemplo: toquinho, vozinha

-ete: Exemplo: artiguete, lembrete

-icho, -icha: Exemplo: governicho, barbicha

-ote, -ota: Exemplo: velhote, velhota

Esses sufixos podem ser adicionados a diferentes tipos de palavras, como substantivos, adjetivos e até mesmo
advérbios, para criar novas palavras com significados específicos. Eles podem transmitir nuances afetivas ou de
intensidade, dependendo do contexto em que são usados. Por exemplo, o sufixo -ão pode indicar algo grande ou
intenso, enquanto o sufixo -inho pode indicar algo pequeno ou carinhoso.

É importante notar que esses sufixos podem ser usados de maneiras variadas, e alguns deles têm conotações
específicas, como pejorativas (indicando algo negativo) ou valor coletivo (indicando um grupo de coisas). O gênero e
número das palavras derivadas podem variar de acordo com o sufixo utilizado.

Em resumo, os sufixos aumentativos e diminutivos em português são elementos que podem ser adicionados a
palavras para mudar seu significado, tamanho ou expressar afeto, intensidade ou outras nuances. Eles
desempenham um papel importante na formação de novas palavras na língua.

Este texto fala sobre a formação de substantivos a partir de outros substantivos e adjetivos usando diferentes
sufixos. Esses sufixos ajudam a criar palavras com significados específicos, como indicar noções coletivas, qualidades,
propriedades ou estados.

Sufixos que formam substantivos de outros substantivos:

-ada: Exemplo: multidão, coleção

-ato: Exemplo: baronato, cardinalato

-agem: Exemplo: folhagem, plumagem

-al: Exemplo: dedal, portal

-alha: Exemplo: canalha, gentalha

-ama: Exemplo: dinheirama, mourama

-ame: Exemplo: vasilhame, velame

-aria: Exemplo: carpintaria, livraria

-ário: Exemplo: operário, secretário

-edo: Exemplo: olivedo, vinhedo

-eiro(a): Exemplo: barbeiro, copeira

-ia: Exemplo: advocacia, baronia

-io: Exemplo: gentio, mulherio

-ite: Exemplo: bronquite, gastrite

-ugem: Exemplo: ferrugem, penugem

-ume: Exemplo: cardume, negrume

Sufixos que formam substantivos de adjetivos:


-dade: Exemplo: crueldade, dignidade

-ice: Exemplo: tolice, velhice

-(i)dão: Exemplo: gratidão, mansidão

-ície: Exemplo: calvície, imundície

-ez: Exemplo: altivez, honradez

-or: Exemplo: alvor, amargor

-eza: Exemplo: beleza, riqueza

-(i)tude: Exemplo: altitude, magnitude

-ia: Exemplo: alegria, valentia

-ura: Exemplo: alvura, doçura

O texto também menciona a utilização de sufixos específicos em nomenclaturas científicas, como na química e na
mineralogia, além de destacar que a linguística moderna utiliza o sufixo -ema para denotar unidades distintivas.

É importante observar que a escolha de um sufixo pode estar relacionada ao ritmo da frase, à preferência na
linguagem culta e popular, e também ao gênero e número das palavras derivadas. Além disso, o texto aponta para a
origem e evolução de alguns sufixos em relação ao latim e outras línguas.

Este trecho aborda a formação de palavras, especialmente substantivos e adjetivos, por meio de diferentes sufixos.
São apresentados diversos exemplos para ilustrar o uso desses sufixos e os significados que eles conferem às
palavras. Abaixo estão alguns dos principais sufixos mencionados, juntamente com os sentidos que eles expressam:

Sufixos que formam substantivos de substantivos e adjetivos:

-ismo: Indica doutrinas, sistemas artísticos, políticos, religiosos e modos de proceder. Exemplos: realismo,
positivismo, heroísmo.

-ista: Indica partidários de doutrinas, ocupações ou origens. Exemplos: realista, kantista, dentista.

Sufixos que formam adjetivos de substantivos e adjetivos:

-aco: Expressa estado íntimo, origem ou pertinência. Exemplos: maníaco, austríaco.

-ado: Pode indicar algo provido ou cheio de ou que possui determinada característica. Exemplos: barbado, perecível.

-aico: Denota referência ou pertinência. Exemplos: judaico, prosaico.

Sufixos que formam substantivos de verbos:

-ante: Indica semelhança ou tolerância. Exemplo: semelhante, estudante.

-ente: Expressa ação, qualidade ou estado. Exemplo: doente, resistente.

-dor: Representa agente ou instrumento da ação. Exemplo: regador, jogadora.

O texto também menciona sufixos verbais que transformam substantivos e adjetivos em verbos, como -ear
(frequentativo-durativo) e -izar (factitivo), e o sufixo -mente, que forma advérbios a partir de adjetivos, indicando a
maneira como algo é feito.

É importante observar que os sufixos conferem significados específicos às palavras e desempenham um papel
fundamental na criação de novas palavras na língua portuguesa.

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