Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
JOSÉ ALCERTE
São luís
2020
JOSÉ ALCERTE
São Luís
2020
JOSÉ ALCERTE
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________________
Profa. Me. Poliana Sales (Orientador)
Docente ESTÁCIO
_______________________________________________________
1º Examinador
Docente ESTÁCIO
_______________________________________________________
2º Examinador
Docente ESTÁCIO
Oliveira Neto, José Alcerte Coelho de
30 f.
CDD: 659
AGRADECIMENTO
Eduardo Galeano
RESUMO
Seja na época dos desenhos rupestres, ou em tempos atuais, o ser humano sempre
se interessou por histórias.
2. A NARRATIVA
3. STORYTELLING
Contar histórias sempre foi uma habilidade inerente ao ser humano. Elas
foram usadas em diferentes contextos, para diferentes fins. As pinturas rupestres são
exemplos de como a narrativa nos acompanha desde a antiguidade, estas foram umas
das primeiras formas de comunicação onde se contava histórias (TERRA, 2009, p.
01).
A tradução de storytelling significa contar história. No Brasil o uso da
expressão em inglês, faz parecer um conceito novo, na maneira de se comunicar, mas
tal prática já vem sendo usada há anos, seja no simples ato de contar um fato ocorrido
para alguém, no sermão do padre, na aula do professor, e até mesmo na publicidade
que, atualmente, faz mais uso dela, do que ja faz no passado. Pois, em tempos de
mídias de sociais, o storytelling vem se mostrando como uma ótima estratégia para
criar conexões com o público, através das histórias.
A palavra conectar, com certeza tem sido umas das palavras mais usadas,
nesta era da informação e, majoritariamente, no sentido tecnológico. Mas, contar
histórias também tem a ver com conexão, em um sentido menos literal, o storytelling
tem o poder de conectar pessoas (XAVIER, 2015, p.27).
É compreensível que a mais antiga forma humana de troca de experiências,
de repente tornou-se praticamente “novidade” e tem feito as pessoas de todas as
áreas se interessarem pelo assunto. O storytelling trouxe questões de fundamental
importância. O fato de que as narrativas clássicas dão sinais de enfraquecimento,
fazendo confusão em nossas histórias individuais e consequentes crises de identidade
(XAVIER, 2015, p. 28).
Xavier (2015) faz uso de três tipos de definições para storytelling. Em todos
eles, uma palavra sintetiza o que o storytelling representa: tecarte. A tecarte seria
junção perfeita de técnica e arte, que carrega em seu significado o fato de que criar
histórias, trata se sim de arte, mas que sem técnica, provavelmente, não vai muito
longe em seus objetivos.
Objetivo é uma boa palavra para se ter em mente na hora de construir um
bom storytelling. Afinal, toda história tem seu início e fim, e para transitar de um para
outro é necessário saber o seu objetivo, escolher o caminho a percorrer para se
chegar ao fim. É possível contar uma mesma história de diferentes maneiras, com
propósitos distintintos. Ninguém estará disposto a contar uma história se não houver
espectador. Portanto, o maior o propósito de quem trabalha com storytelling é a
atenção do público, fazendo desse objetivo, um dos motivos, pelo qual ele se tornou
tão pertinente a essa época. Em meio a tanta informação é urgente a necessidade de
chamar a atenção.
Foi para estabelecer um elo com o consumidor que as marcas se viram com
necessidade de contar histórias, pois ele é imprescindível para se construir uma boa
história, e é o pressuposto para uma boa comunicação. Esse elo se cria em dois polos
simultâneos: o emocional e o cultural. A emoção é essencial para comunicação, sem
ela a mensagem não se conecta a ninguém, torna-se vazia e ineficaz. E ao falar de
emoção, me refiro a todas os tipos, inclusive o humor. O ser humano precisa de algo
para amar e na economia da atenção se a marca não busca criar conexões, com o
consumidor, ela não representa nada para ele. No polo cultural, que também está
ligado ao emocional, podemos perceber que sem elementos de referência que tragam
relevância e identificação para aquilo que se está sendo dito, torna se inútil. Uma boa
história nos prende nesses dois pontos (XAVIER, 2015, p 28).
Identificação é boa palavra para se entender o motivo pelo qual o storytelling
gera tanta aproximação entre marca e consumidor. As pessoas tendem a se
aproximar de quem aparentemente as entente. Um bom exemplo disso são os grupos
de apoio, seja lá qual for o motivo do grupo, as pessoas se sentam em círculos
próximos para ouvir histórias semelhantes as suas, gerando conexão e fortalecimento.
A identificação sinaliza que alguém te entende.
Um outro fator aproximativo é a autenticidade. Contar histórias também
significa doar emoções e vivências que nem sempre são as mesmas do espectador,
mas autênticas e relevantes o suficiente para tocar o espectador. As parábolas de
Jesus falavam de uma região que predominava a agricultura e o pastoreio de ovelhas,
daí o motivo delas fazerem alusões ao bom pastor, as sementes, videiras e outros
elementos. É certo que é uma realidade diferente de muitas pessoas, mas por sua
autenticidade, acaba nos conectando. Além da autenticidade é importante reconhecer
que as histórias de Jesus não tratavam daqueles elementos em última instância, mas
do anseio do homem por encontrar significado para a vida. Com este exemplo das
parábolas de Jesus, podemos entender que para ser empático e relevante na vida das
pessoas, nem sempre as histórias precisam estar contextualizadas em tempos atuais,
elas só precisam ser autênticas e transmitir emoções (XAVIER, 2015, p. 28).
O espanhol Miguel de Unamuno apud Xavier (2015) vai fundo nesse princípio
de identificação ao trazer a seguinte reflexão: “para que se escreve um romance? Para
se escrever o romancista. E para que escrever o romancista? Para escrever o leitor,
para se tornar um com o leitor. E é só se tornando um que o romancista e o leitor do
romancista se salvam, ambos, de sua solidão radical. Na medida em que se tornam
um, eles se atualizam e, atualizando-se, eternizam-se”. eja um escritor,um cineasta,
um produtor de conteudo para internet, só conseguirá criar um elo com o espectador,
se antes se colocar no lugar dele, pois isso é o que define empatia. É um tanto
intrigante, para alguns, falar de empatia dentro da publicidade, tendo em vista, para
muita gente, a propaganda é enganosa, ludibriadora e tantas outras coisas que
distorcem o verdadeiro sentido da publicidade. È certo em muitos casos, ela foi
corrosiva, e enganou muita gente em troca de lucro, porém existem aquelas marcas
que junto com os publicitários, se dedicam descobrir verdades a respeito do seu
consumidor, e levando para os anúncios
4. Campanha Oreo Faz de Contos
Em agosto de 2020, véspera do Dia dos Pais, a Oreo Brasil lança a campanha
Faz de Contos que se propõe a recontar histórias clássicas infantis, como do João Pé
de Feijão, Rapunzel, e o Patinho Feio. Essas três histórias foram recriadas em outros
contextos, e abordando temas que trazem assuntos relevantes, como acessibilidade,
racismo, bullying e personagens que trazem representatividade. A campanha foi
produzida pela agência Sapient AG2, para a Mondelez International, empresa dona
da marca de biscoito Oreo (FIGURA 1).
Cair na cilada do óbvio, na hora de idealizar uma campanha, é mais facil do
que muitos pensam. Campanha de Dia dos Pais geralmente são cheias de clichês, e
saturam tema paternidade de maneira rasa, principalmente, as propagandas de
varejo, que resumem a importância daquele dia a simplesmente compras de camisas,
gravatas, furadeiras e tudo que pode referenciar o tradicional modelo de pai. Além
dessas, tem os filmes publicitários, com músicas emocionantes de fundo, e imagens
que retratam o companheirismo de pai e filho, textos tocantes e tudo que comumente
assistimos nesse período. Para conseguir ir fundo em conceito e descortinar verdades
que têm fácil identificação, mas nem sempre estão na tela ou nos outdoors, por passar
despercebidos aos anunciantes e perceber verdades que ninguém vê é uma
característica de um bom publicitário.
Essa campanha da Oreo é exemplo de como se pode ir fundo em uma
temática, se mantendo na proposta inicial (falar de pais) trazendo assuntos relevantes.
Uma maneira de se distanciar do comum na publicidade ou qualquer outra área, é
pensar nos assuntos que rodeiam aquele tema, exemplo: partindo do tema
paternidade, vem a maneira de participar da vida dos filhos, e contar histórias para os
filhos é uma forma de fazer isso. Mas, as clássicas histórias infantis estão
desatualizadas e têm poucas referências para as crianças de hoje, recriar essas
histórias em novos contextos foi a proposta da Oreo.
A repercussão positiva da campanha provou que a boa ideia de referenciar
pais da atualidade ensinando valores éticos através de histórias e o poder das
narrativas de produzir identificação e emocionar.
4.2 Rapunzel
Foi necessário aqui resumir a história original, para que pudéssemos fazer
uma análise das mudanças trazidas na recriação da história. Pensar em rapunzel , ou
em qualquer outro personagem de contos de fadas , é pensar em príncipes, loiros de
olhos azuis, e na princesa com os mesmos padrões, e trazer uma rapunzel negra para
essa história, com certeza foi uma ótima maneira de contestar padrões impostos pela
sociedade, e confrontar o racismo. Representatividade não deveria ser um assunto da
“moda” mas de fato o assunto tem se manifestado com frequência nas rodas de
conversas, e principalmente nas mídias sociais. A ausência de um príncipe na história,
traz um diferencial disruptivo à posição da mulher nos contos de fada, que é sempre
na posição de ser salva pelo príncipe.
A tradicional história do menino que deu todo que tinha em troca de feijões
mágicos, nos ensina a acreditar em nossos sonhos, mesmo que eles pareçam
absurdos. É certo que existem algumas discussões se há ou não uma moral na
história, mas com certeza a moral citada acima pode representar muito, a recriação
dessa história nesse projeto (FIGURA 4).
Diferente das outras duas histórias anteriores, esta não foca em narrar a
história do patinho feio, mas a história de um pai que não se via hábil a contar história,
mas resolveu tentar começar pela a do Patinho feio, mas logo foi questionado por
seus filhos, que não viram sentido na mensagem da história que passava a ideia de
que temos um lugar específico, para se sentir bem, e com certo tipo de padrão de
beleza e logo tiveram a ideia de recriar a história (FIGURA 5). Trazendo para a própria
narrativa a proposta da campanha. Talvez por isso, essa foi a última das três histórias
a ser veiculada nas mídias, talvez por representar muito todo o projeto, que se tratava
da figura do pai em novos tempos.
5. Considerações finais
O objetivo deste trabalho foi estudar as narrativas como um campo do
conhecimento para que fosse melhor entendido o motivo pelo qual a contação de
história ainda faz tanto sentido na vida das pessoas em tempos de tanta informação.
REFERÊNCIAS