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Máquinas Hidraulicas A

Equação de Bernoulli

Prof. Dr. Vinícius G. S. Simionatto


FEM – Escola Politécnica
vinicius.simionatto@puc-campinas.edu.br
Introdução
• É uma das relações mais fundamentais na mecânica dos fluidos entre
pressão, vazão e desnível entre diferentes seções de um fluxo.
• Há diversas formas de se deduzir a Equação de Bernoulli. Desde que
as premissas sejam as mesmas, os resultados também são os
mesmos, o que mostra a universalidade desta equação.
• Aplicando as equações que conhecemos em um volume de controle
muito pequeno, tentaremos relacionar estas grandezas.

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Volume de Controle Diferencial

A análise do volume de controle diferencial


permitirá (após integração) análises para
fluidos que estão sob as mesmas linhas de
fluxo.

Note que não há fluxo pelas laterais do


volume de controle e as grandezas na
entrada e na saída são acrescidas de um
termo diferencial

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Volume de Controle Diferencial
Iremos aplicar o princípio da conservação
da quantidade de movimento e o princípio
da conservação da massa. Faremos isso
pois estamos considerando:

1) O volume de controle está em regime


(não enche, não esvazia, não acelera).
2) Os possíveis ganhos de velocidade e
pressão do fluido serão causados
apenas pelas forças internas entre as
moléculas do fluido.
3) Não há atrito entre moléculas de
diferentes linhas de fluxo.

Adicionalmente:

4) O fluido é incompressível.

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Volume de Controle Diferencial
Aplicaremos então o princípio da conservação da quantidade de
movimento para volumes de controle em repouso, ao longo da
𝑟 + 𝑑𝑟 linha de fluxo central S:
=0
𝑟 𝜕
Ԧ
∑𝐹𝐶𝑠 + ∑𝐹𝑆𝑠 = න 𝑉𝜌 𝑑∀ + න 𝑉𝜌(𝑉 ∙ 𝑑 𝐴)
𝜕𝑡 𝑉𝐶 𝑆𝐶
𝑃
VC em regime

∑𝐹𝐶𝑠 = −𝑃 sin 𝜃 = −𝑚𝑔 sin 𝜃 = −𝜌 𝑑∀ 𝑔 sin 𝜃 Apenas Volume Diferencial Volume do tronco de cone
𝜋 𝑑𝑠 2 𝜋ℎ 2
∑𝐹𝐶𝑠 = −𝜌 𝐴 𝑑𝑠 𝑔 sin 𝜃 𝑑∀ = 𝑟 + 𝑟 + 𝑑𝑟 2 + 𝑟 𝑟 + 𝑑𝑟 𝑉= 𝑟1 + 𝑟22 + 𝑟1 𝑟2
3 3
𝜋 𝑑𝑠
𝑑𝑧 𝑑∀ = 3𝑟 2 + 3𝑟𝑑𝑟 + 𝑑𝑟 2
∑𝐹𝐶𝑠 = −𝜌 𝐴 𝑑𝑠 𝑔 3
𝑑𝑠
𝑑∀ = 𝜋 𝑑𝑠 𝑟 2 = 𝐴 𝑑𝑠
∑𝐹𝐶𝑠 = −𝜌𝐴𝑔 𝑑𝑧
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Volume de Controle Diferencial
Aplicaremos então o princípio da conservação da quantidade de
movimento para volumes de controle em repouso, ao longo da
𝑟 + 𝑑𝑟 linha de fluxo central S:
=0
𝑟 𝜕
Ԧ
∑𝐹𝐶𝑠 + ∑𝐹𝑆𝑠 = න 𝑉𝜌 𝑑∀ + න 𝑉𝜌(𝑉 ∙ 𝑑 𝐴)
𝜕𝑡 𝑉𝐶 𝑆𝐶
𝑃
VC em regime

∑𝐹𝑆𝑠 = 𝑝𝐴 − 𝑝 + 𝑑𝑝 𝐴 + 𝑑𝐴 + 𝑑𝐴(𝑝 + 𝑘. 𝑑𝑝)

∑𝐹𝑆𝑠 = 𝑝𝐴 − 𝑝𝐴 − 𝑑𝑝. 𝐴 − 𝑝. 𝑑𝐴 − 𝑑𝑝. 𝑑𝐴 + 𝑑𝐴. 𝑝 + 𝑘. 𝑑𝐴. 𝑑𝑝

∑𝐹𝑆𝑠 = −𝑑𝑝. 𝐴 − 𝑑𝑝. 𝑑𝐴(1 − 𝑘)

∑𝐹𝑆𝑠 = −𝑑𝑝. 𝐴

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Volume de Controle Diferencial
Aplicaremos então o princípio da conservação da quantidade de
movimento para volumes de controle em repouso, ao longo da
𝑟 + 𝑑𝑟 linha de fluxo central S:
=0
𝑟 𝜕
Ԧ
∑𝐹𝐶𝑠 + ∑𝐹𝑆𝑠 = න 𝑉𝜌 𝑑∀ + න 𝑉𝜌(𝑉 ∙ 𝑑 𝐴)
𝜕𝑡 𝑉𝐶 𝑆𝐶
𝑃
VC em regime

𝜕
Ԧ = 𝑉𝜌 −𝑉𝐴 + 𝑉 + 𝑑𝑉 𝜌 𝑉 + 𝑑𝑉 𝐴 + 𝑑𝐴
න 𝑉𝜌(𝑉 ∙ 𝑑𝐴) න 𝜌𝑑∀ + න 𝜌𝑉 ∙ 𝑑𝐴Ԧ = 0
𝑆𝐶 𝜕𝑡 𝑉𝐶
= 0 𝑆𝐶
Ԧ = 𝑉𝜌 −𝑉𝐴 + 𝑉 + 𝑑𝑉 𝜌𝑉𝐴
න 𝑉𝜌(𝑉 ∙ 𝑑𝐴) −𝜌𝑉𝐴 + 𝜌 𝑉 + 𝑑𝑉 𝐴 + 𝑑𝐴 = 0
𝑆𝐶

Ԧ = 𝜌𝑉𝐴 𝑉 + 𝑑𝑉 − 𝑉 = 𝜌𝑉𝐴 𝑑𝑉
න 𝑉𝜌(𝑉 ∙ 𝑑𝐴) ∴ 𝜌 𝑉 + 𝑑𝑉 𝐴 + 𝑑𝐴 = 𝜌𝑉𝐴
𝑆𝐶

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Volume de Controle Diferencial
Aplicaremos então o princípio da conservação da quantidade de
movimento para volumes de controle em repouso, ao longo da
𝑟 + 𝑑𝑟 linha de fluxo central S:
=0
𝑟 𝜕
Ԧ
∑𝐹𝐶𝑠 + ∑𝐹𝑆𝑠 = න 𝑉𝜌 𝑑∀ + න 𝑉𝜌(𝑉 ∙ 𝑑 𝐴)
𝜕𝑡 𝑉𝐶 𝑆𝐶
𝑃
VC em regime

−𝜌𝐴𝑔. 𝑑𝑧 − 𝑑𝑝. 𝐴 = 𝜌𝑉𝐴. 𝑑𝑉

𝑑𝑝
𝑔. 𝑑𝑧 + + 𝑉. 𝑑𝑉 = 0
𝜌

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Volume de Controle Diferencial

𝑟 + 𝑑𝑟
𝑑𝑝
𝑔. 𝑑𝑧 + + 𝑉. 𝑑𝑉 = 0
𝜌
𝑟
Basta agora realizarmos a integral desta equação para obter:

𝑃 1
𝑔 න𝑑𝑧 + න𝑑𝑝 + න𝑉. 𝑑𝑉 = න0 𝑑𝑠
𝜌

𝑝 𝑉2
Equação de Bernoulli: ∴ 𝑔𝑧 + + = 𝐾 (constante)
𝜌 2

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Considerações
• A Eq. de Bernoulli só pode ser utilizada se as quatro condições abaixo
forem satisfeitas dentro de limites razoáveis de precisão:
• S – Fluxo ao longo de uma linha de fluxo (Streamline)
• A – Sem Atrito (ou atrito desprezível)
• I – Fluxo Incompressível
• R – Fluxo em Regime permanente

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Conservação de Energia
• A eq. de Bernoulli também pode ser interpretada como um balanço
de energia aplicado em um elemento diferencial do fluido:
𝑉𝑖2
Energia Cinética: 𝐸𝑐 = 𝑑𝑚.
2
𝑑𝑚
𝑑𝑚 Energia Potencial
Δ𝑧 𝐸𝑔 = 𝑑𝑚. 𝑔. 𝑧𝑖
Gravitacional:
1

2 Energia Potencial 𝑑𝑚
A energia mecânica deve se conservar 𝐸𝑝 = 𝑝𝑖 . 𝑑∀ = 𝑝𝑖 .
da Pressão: 𝜌
entre 1 e 2. Portanto:

𝑝1 𝑉12 𝑝2 𝑉22 Energia Mecânica: 𝐸 = 𝐸𝑐 + 𝐸𝑔 + 𝐸𝑝


𝑑𝑚. + 𝑑𝑚. + 𝑑𝑚. 𝑔. 𝑧1 = 𝑑𝑚. + 𝑑𝑚. + 𝑑𝑚. 𝑔. 𝑧2 = 𝐸
𝜌 2 𝜌 2

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Conservação de Energia
Reorganizando a equação podemos encontrar:
𝑝1 𝑣12 𝐸 𝑝2 𝑣22
+ + 𝑔𝑧1 = = + + 𝑔𝑧2
𝜌 2 𝑑𝑚 𝜌 2

Ou seja, podemos apresentar a equação na forma:


𝑝 𝑣2
+ + 𝑔𝑧 = 𝐾 (constante)
𝜌 2

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Formas da Equação de Bernoulli
• A forma que deduzimos por enquanto é:
𝑝 𝑣2 𝐸
+ + 𝑔𝑧 = 𝐾 =
𝜌 2 𝑑𝑚
• A grandeza 𝐾 (que normalmente não calculamos) é dada em energia
por unidade de massa (J/kg). Por isso é chamada de Forma de
Energia (Energy Form) da Equação de Bernoulli
• 𝑝/𝜌 = “Energia” de Pressão
• 𝑣 2 /2 = “Energia” cinética
• 𝑔𝑧 = “Energia” potencial gravitacional

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Formas da Equação de Bernoulli
• Dividindo ambos os lados pela aceleração da gravidade teremos:
𝑝 𝑣2 𝐾
+ + 𝑧 = = 𝐾′
𝜌𝑔 2𝑔 𝑔
• A grandeza 𝐾′ é dada em unidade de comprimento (metros), e representa
um equilíbrio de alturas de coluna de líquido. Por isso esta forma se chama
Forma de Altura Hidráulica (Head Form) da Equação de Bernoulli.
• 𝑝/𝜌𝑔 = Altura Hidráulica de Pressão
• 𝑣 2 /2𝑔 = Altura Hidráulica Cinética
• 𝑧 = Altura (Hidráulica) de Desnível
• 𝛾 = 𝜌𝑔 = Peso específico do fluido
• 𝐾′ = Altura Hidráulica

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Formas da Equação de Bernoulli
• Multiplicando a Forma de Energia pela densidade, podemos obter:
𝑣2
𝑝 + 𝜌 + 𝜌𝑔𝑧 = 𝜌𝐾 = 𝐾′′
2
• A grandeza 𝐾′′ é dado em unidades de pressão. Por isso, esta forma é
chamada de Forma de Pressão (Pressure Form) da Equação de
Bernoulli. Portanto, temos:
• 𝑝 = Pressão Estática
• 𝜌𝑣 2 /2 = Pressão Cinética
• 𝜌𝑔𝑧 = Pressão Hidrostática

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Pressão de Estagnação
• A pressão que utilizamos na Eq. de Bernoulli é uma pressão estática,
pois é a pressão aplicada no fluido como um todo.
• A pressão de um fluido não varia perpendicularmente às linhas de
fluxo. Se houvesse variação neste sentido, as linhas de fluxo se
alterariam. Por isso a pressão estática pode ser medida
perpendicularmente a um feixe de linhas de fluxo retas.

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Pressão de Estagnação
• A pressão de estagnação é a pressão obtida ao se desacelerar um
fluido até o repouso através de um processo sem atrito. Se o fluxo for
incompressível e sem variação de altura, podemos utilizar:
𝑝 𝑉2
+ = constante 𝑝, 𝑉 𝑝0 , 𝑉0 = 0
𝜌 2
• Desta forma teríamos:
𝑝 𝑉 2 𝑝0 𝑉02 1 0
+ = + V=0
𝜌 2 𝜌 2 1 2
Assim: 𝑝0 = 𝑝 + 𝜌𝑉
2

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Pressão de Estagnação
• A pressão de estagnação para fluxo incompressível é dada por:
1 2
𝑝0 = 𝑝 + 𝜌𝑉
2
1
• O termo de pressão 𝜌𝑉 2 é chamado de pressão dinâmica e só se
2
torna de fato uma pressão quando se força a parada do fluido.
• Sabendo as pressões estática e de estagnação é possível estimar a
velocidade do fluxo através da fórmula:
2 𝑝0 − 𝑝
𝑉=
𝜌

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Tubo de Pitot
• É um sensor de pressão de estagnação.

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Exemplo 1
Um tubo de Pitot é inserido em um fluxo de
ar (nas CNTP) para a medição da velocidade
do fluxo. O tubo é inserido de forma a
apontar diretamente para o fluxo, e a
pressão que ele sente é a pressão de
estagnação. A pressão estática é medida no
mesmo local, no fluido, usando um orifício
na parede do tubo. Se a diferença de
pressão medida é de 30 mmHg, determine a
velocidade do fluxo.

Dados: g = 9,81 m/s², 𝜌𝐻𝑔 = 13600 𝑘𝑔/𝑚3 ,


𝜌𝐴𝑟 = 1,23 𝑘𝑔/𝑚3
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Exemplo 2
Um tubo em U atua como um
sifão. A curva do tubo está 1m
acima do nível do reservatório e
a saída 7m abaixo deste nível. A
água entra no bocal do sifão
como um jato livre à pressão
atmosférica. Determine a
velocidade do jato na descarga
e a mínima pressão absoluta na
curva do sifão.

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Exemplo 3
Água flui através de um bocal horizontal sendo descarregada na
atmosfera. Na entrada do bocal o diâmetro é D1 e em sua saída é D2.
Desenvolva uma expressão para a mínima pressão de entrada
(manométrica) no bocal capaz de produzir uma vazão volumétrica Q.
Depois utilize a sua expressão para D1 = 76,2 mm, D2 = 25,4 mm e Q =
0,0198 m³/s.

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Obrigado

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