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Introdução
Este relatório apresenta uma análise cinética e cinemática de um mecanismo composto por um motor (M), um garfo (F) e
uma barra (B). Esse sistema é caracterizado pelo motor que rotaciona o garfo, e este, por sua vez, gira a barra ao redor de um
eixo em sua extremidade, que permite uma rotação não resistida. O que se espera é que o mecanismo apresente um movimento
em regime transiente oscilatório amortecido até chegar em regime permanente.
O objetivo do relatório, portanto, é encontrar as relações que descrevem esse movimento ao longo do tempo quando
considerados dois casos distintos para controle do motor: (1) controle com torque constante 𝜏 = 𝑇 e (2) controle com velocidade
constante 𝜔 = Ω. O objetivo é determinar a potência mı́nima necessária do motor para atingir e manter o movimento em regime
permanente cada um desses casos.
Para a análise cinética, será utilizado o princı́pio básico da dinâmica para rotação, que relaciona torque, momento de
inércia e aceleração angular (equação de Euler). Será investigado como o torque aplicado influencia a aceleração angular e,
consequentemente, a potência necessária para manter o movimento constante.
Já para a análise cinemática, será considerada a relação entre velocidade angular, tempo e ângulo percorrido, a fim de
determinar a potência mı́nima requerida pelo motor quando a velocidade angular é mantida constante.
A compreensão desses aspectos cinéticos e cinemáticos será fundamental para entender o desempenho e a eficiência do
sistema em diferentes condições de controle do motor. Portanto, prosseguiremos com uma análise detalhada desses dois casos,
buscando uma melhor compreensão dos requisitos de potência mı́nima para a operação sustentada do mecanismo.
1
Figura 2: Referenciais utilizados para analise do problema
Desenvolvimento
Resolução pelo método de Lagrange
Uma das possibilidade para a solução do problema consiste no uso das equações de Lagrange:
𝑑 𝜕𝐿 𝜕𝐿
( )− = 𝑄𝑖 𝑁 𝐶 ; onde,𝐿 = 𝑇 − 𝑉
𝑑𝑡 𝜕 𝑞¤𝑖 𝜕𝑞 𝑖
Onde ”T”representa a energia cinética do sistema, ”V”denota a energia potencial do sistema, ”q”simboliza os graus de
liberdade do sistema, e ”𝑄 𝑖 𝑁 𝐶 ”representa os esforços generalizados não conservativas que atuam no sistema.
Observe-se que a energia potencial do sistema é nula. Portanto, conclui-se que o termo L será simplesmente a energia cinética
de rotação do garfo somada à energia cinética de rotação da barra:
𝜔 𝐼 𝐹 0 0 𝜔 𝜔𝑐𝑜𝑠(𝜑) 0 0 0 𝜔𝑐𝑜𝑠(𝜑)
1 ®¤ ® ®¤ 1
𝜃 · 𝐼 𝐹 𝜃 + 𝜔®𝑡𝑜𝑡 · 𝐼®𝐵 𝜔®𝑡𝑜𝑡 = 0 · 0 0
𝐿 = 𝑇 −𝑉 = 0 0 · + 𝜑¤ · 0 𝐼𝐵 0 𝜑¤
2 2 0 0 0 0 0
𝜔𝑠𝑒𝑛(𝜑) 0 0 𝐼 𝐵
𝜔𝑠𝑒𝑛(𝜑)
1 1 1
𝐿 = 𝐼 𝐹 𝜔2 + 𝐼 𝐵 𝜑¤ 2 + 𝐼 𝐵 𝜔2 𝑠𝑒𝑛2 (𝜑)
2 2 2
Dos quais 𝜃®¤ é a velocidade angular do garfo considerada para um sistema inercial convencional 𝑋, 𝑌 e 𝑍. Os tensores de
inércia do garfo e da barra são denotados por 𝐼 𝐹 e 𝐼 𝐵 , respectivamente, enquanto 𝜔®𝑡𝑜𝑡 representa a velocidade angular da barra
em relação a um referencial auxiliar 𝑋 ′ , 𝑌 ′ e 𝑍 ′ , que está fixado ao centro de gravidade da barra (B).
Ao utilizar 𝜔 e 𝜑 como graus de liberdade, obtém-se:
𝜕𝐿 𝜕𝐿 𝜕𝐿 𝑑 𝜕𝐿
= 0; = = 𝐼 𝐹 𝜔 + 𝐼 𝐵 𝜔𝑠𝑒𝑛2 (𝜑); ( ) = 𝐼 𝐹 𝜔¤ + 𝐼 𝐵 [ 𝜔𝑠𝑒𝑛
¤ 2
(𝜑) + 𝜔 𝜑𝑠𝑒𝑛(2𝜑)]
¤
𝜕𝜃 𝜕 𝜃¤ 𝜕𝜔 𝑑𝑡 𝜕𝜔
𝜕𝐿 1 𝜕𝐿 𝑑 𝜕𝐿
= 𝐼 𝐵 𝜔2 𝑠𝑒𝑛(2𝜑); ¤
= 𝐼 𝐵 𝜑; ( ) = 𝐼 𝐵 𝜑¥
𝜕𝜑 2 𝜕 𝜑¤ 𝑑𝑡 𝜕 𝜑¤
Por fim, os esforços generalizados não conservativos que atuam no sistema são definidos. Para o grau de liberdade 𝜔,
obtém-se:
𝑄 𝑖 𝑁 𝐶 𝜔 = 𝜏 − 𝐶𝐹 𝜔
E para o grau de liberdade 𝜑, temos:
2
𝑄 𝑖 𝑁 𝐶 𝜑 = −𝐶 𝐵 𝜑¤
Por fim, basta substituir os termos das equações e resolvê-las. Dessa forma, obtemos:
𝑑 𝜕𝐿 𝜕𝐿 2
( )− = 𝑄𝑖 𝑁 𝐶 𝜔 ⇒ 𝐼 𝐹 𝜔¤ + 𝐼 𝐵 [𝜔𝑠𝑒𝑛
¤ (𝜑) + 𝜔 𝜑𝑠𝑒𝑛(2𝜑)]
¤ = 𝜏 − 𝐶𝐹 𝜔
𝑑𝑡 𝜕𝜔 𝜕𝜃
𝜔[𝐶𝐹 + 𝐼 𝐵 𝜑𝑠𝑒𝑛(2𝜑)]
¤ ¤ 𝐹 + 𝐼 𝐵 𝑠𝑒𝑛2 (𝜑)] = 𝜏
+ 𝜔[𝐼 (1)
𝑑 𝜕𝐿 𝜕𝐿 1
( )− = 𝑄𝑖 𝑁 𝐶 𝜑 ⇒ 𝐼 𝐵 𝜑¥ − 𝐼 𝐵 𝜔2 𝑠𝑒𝑛(2𝜑) = −𝐶 𝐵 𝜑¤
𝑑𝑡 𝜕 𝜑¤ 𝜕𝜑 2
𝑠𝑒𝑛(2𝜑)
𝐼 𝐵 𝜑¥ = −𝐶 𝐵 𝜑¤ + 𝐼 𝐵 𝜔2 (2)
2
Note que chegamos a um sistema de duas equações diferenciais ordinárias de segunda ordem não homogêneas (equações 1 e
2). Para a resolução desse sistema, será utilizado o método numérico de Euler explı́cito no software Matlab. O objetivo é obter
os resultados para as condições de contorno e iniciais propostas em cada item.
¤ ¤ − 𝜔 𝜑𝑠𝑒𝑛(𝜑)
¤
𝜔𝑐𝑜𝑠(𝜑) 0 𝜔𝑐𝑜𝑠(𝜑) 0 𝜔𝑐𝑜𝑠(𝜑)
® ® ®
𝛼®𝐵 = 𝜔¤ + 𝜑¥ + 𝜔® × 𝜑¤ = 0 + 𝜑¥ + 0 × 𝜑¤ = 𝜑¥
−𝜔𝑠𝑖𝑛(𝜑)
¤ 0 −𝜔𝑠𝑒𝑛(𝜑) 0 𝜔𝑠𝑒𝑛(𝜑)
¤ + 𝜔 𝜑𝑐𝑜𝑠(𝜑)
¤
3
𝜔¤
𝛼®𝐹 = 𝜔®¤ = 0
0
Ao conhecer todos os termos da equação vetorial, é possı́vel substituı́-los na equação de Euler e proceder com a discretização
das variáveis de interesse. Dessa forma, obtemos o seguinte resultado:
∑︁
𝑀®𝐵 = 𝐼 𝐵 𝛼®𝐵 + 𝜔®𝐵 × 𝐼 𝐵 𝜔®𝐵
𝑠𝑒𝑛(2𝜑)
𝐼 𝐵 𝜑¥ = −𝐶 𝐵 𝜑¤ + 𝐼 𝐵 𝜔2 (3)
2
𝜔[𝐶𝐹 + 𝐼 𝐵 𝜑𝑠𝑒𝑛(2𝜑)]
¤ ¤ 𝐹 + 𝐼 𝐵 𝑠𝑒𝑛2 (𝜑)] = 𝜏
+ 𝜔[𝐼 (4)
Note que o sistema de equações composto pelas equações 3 e 4 é equivalente ao sistema de equações formado pelas equações
1 e 2. Assim, podemos resolver esse sistema utilizando o método numérico de Euler explı́cito no software Matlab.
Resultados
Dadas as condições iniciais e os valores relevantes para o problema, conforme apresentados nas tabelas a seguir, podemos
prosseguir com a implementação numérica do problema para os dois casos descritos.
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Figura 4: Tabela com os valores fı́sicos relevantes
Para a condição ”a”(item ”a”), na qual o motor é controlado com um valor de torque constante 𝜏 = 𝑇, as posições iniciais do
garfo e da barra são, respectivamente, 𝜃 0 = 0 e 𝜑0 = 𝜋6 , e as velocidades angulares iniciais do garfo e da barra são 𝜃¤0 = 𝜔0 = 0 e
𝜑¤0 = 0. Nesse caso, é obtido um valor de potencia total 𝑃𝑡𝑜𝑡 𝑎𝑙 = 0, 0985, juntamente com os seguintes gráficos:
5
Figura 6: Gráfico do ângulo 𝜑 entre a barra e o garfo obtido no item ”a”
6
Figura 8: Gráfico da velocidade angular 𝜑 obtido no item ”a”
Note que, como esperado, 𝜑, 𝜔 e 𝜑¤ iniciam em um regime transiente oscilatório e se desenvolvem em direção a um regime
permanente.
Agora, repetindo a análise para o segundo caso (item ”b”), no qual o motor é controlado por um valor de velocidade angular
constante 𝜔 = Ω, as posições iniciais do garfo e da barra são, respectivamente, 𝜃 0 = 0 e 𝜑0 = 𝜋6 , e a velocidade angular inicial
da barra é 𝜑¤0 = 0. A partir dessas condições iniciais, é obtido um valor de potencia total 𝑃𝑡𝑜𝑡 𝑎𝑙 = 0.10075, juntamente com os
seguintes gráficos:
7
Figura 10: Gráfico do ângulo 𝜑 entre a barra e o garfo obtido no item ”b”
8
Figura 12: Gráfico da velocidade angular 𝜑 obtido no item ”b”
Note que, novamente, como esperado, 𝜑, 𝜏 e 𝜑¤ iniciam em um regime transiente oscilatório e se desenvolvem em direção a
um regime permanente.
Algorı́timos implementados
Algorı́timo implementado implementado em Matlab para resolução do item ”a”
%y(1)=phi ; y(2)=omega ; y(3)=phiponto.
%Dy(1) = y(3);
%Dy(2) = (T - y(2) * (CF + IB * y(3) * sin(2 * y(1))))/(IF + IB (sin(y(1)))ˆ2);
%Dy(3) = - (CB/IB) * y(3) + y(2)ˆ2 * sin(2 * y(1))/2;
% Condições iniciais
y1_0 = pi/6;
y2_0 = 0;
y3_0 = 0;
% Número de pontos
N = ceil((tspan(2) - tspan(1)) / dt) + 1;
9
y = zeros(N, 3);
% Plotar os resultados
figure;
plot(t, T * ones(size(t)), ’m’);
xlabel(’Tempo’);
ylabel(’\tau’);
ylim([0, 0.002]); % Restringe o intervalo do eixo y entre -0.5 e 0.5
figure;
plot(t, y(:, 1), ’r’);
xlabel(’Tempo’);
ylabel(’\phi’);
figure;
plot(t, y(:, 2), ’black’);
xlabel(’Tempo’);
ylabel(’\omega’);
figure;
plot(t, y(:, 3), ’b’);
xlabel(’Tempo’);
ylabel(’d\phi/dt’);
% Condições iniciais
y1_0 = pi/6;
y2_0 = 0;
10
y3_0 = 0;
% Número de pontos
N = ceil((tspan(2) - tspan(1)) / dt) + 1;
% Plotar os resultados
figure;
plot(t, W * ones(size(t)), ’m’);
xlabel(’Tempo’);
ylabel(’\omega’);
ylim([0, 0.5]); % Restringe o intervalo do eixo y entre 0 e 0.5
figure;
plot(t, y(:, 1), ’r’);
xlabel(’Tempo’);
ylabel(’\phi’);
figure;
plot(t, y(:, 2), ’b’);
xlabel(’Tempo’);
ylabel(’d\phi/dt’);
figure;
plot(t, y(:, 3), ’black’);
xlabel(’Tempo’);
ylabel(’\tau’);
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