EN 1090
Guia para a Implementação
Eng. Pedro Fernandes, Eng. Sérgio Gonçalves
CMM, Indústria e Serviços
A qualidade de execução de
uma estrutura metálica ou
mistas depende do cumprimento
de um conjunto de requisitos
técnicos que abrangem todas
as fases do processo. No
contexto de produtos essenciais
para a segurança, como os
componentes estruturais,
apenas os fabricantes que
disponham de um sistema
de Controlo da Produção em
Fábrica (CPF) que tenha sido
certificado por um Organismo
Notificado (ON) devidamente
aprovado, estão autorizados
a fixar a Marcação CE. Este
procedimento, envolve uma
avaliação minuciosa por parte
ON para atestar a capacidade do
CPF do fabricante para produzir
produtos em conformidade com
a norma harmonizada pertinente
(EN 1090-1 e partes relevantes),
resultando na emissão de um
certificado de CPF.
A norma de execução de
estruturas de aço e de alumínio
atualmente em vigor na Europa
é a EN 1090. Esta norma
estabelece os requisitos técnicos
fundamentais para a execução
de estruturas metálicas, servindo
como base para a obtenção
da Marcação CE tanto para
estruturas metálicas quanto
para componentes metálicos de
estruturas mistas de aço-betão.
Apenas os componentes
estruturais de aço e alumínio,
com a correspondente Marcação
CE, podem ser comercializados
na Europa. Desde julho de 2014,
todos os fabricantes devem ser
certificados pela EN 1090. Em
caso de não cumprimento, o
Decreto-Lei n.º 130/2013 prevê
coimas, contraordenações e às mesmas temáticas entre os
sanções acessórias que punem diferentes países europeus,
os fabricantes (pessoas coletivas promovendo assim uma
e singulares) não cumpridores dos significativa harmonização
termos dispostos. A fiscalização normativa.
compete à Autoridade de
Segurança Alimentar e Económica Com o presente artigo,
(ASAE). pretende-se fornecer uma visão
geral sobre o processo de
A implementação da EN 1090 e implementação da norma
a subsequente regulamentação, EN 1090, com vista à
tanto a nível nacional quanto certificação, que poderá servir
europeu, têm sido catalisadoras de guia para esse fim. Com
para o setor da construção isto, pretende-se descrever o
metálica em território nacional. A processo de implementação
adoção desta norma não só elevou desta norma, promovendo a
a competitividade das empresas, implementação em todas as
fortalecendo a confiança do empresas metalomecânicas
mercado nacional perante clientes produtoras de componentes
estrangeiros (assegurando estruturais que recaem no
a proteção do cliente e a âmbito da norma referida.
harmonização de normas), como
também gerou um incremento Para iniciar o processo de
implementação do CPF, é crucial
notável na produtividade
empresarial. Esta transformação identificar os principais produtos
ou obras a serem produzidos.
propiciou uma efetiva melhoria
na capacidade de formação de Esta etapa visa determinar o
profissionais, resultando num âmbito da certificação e as
aumento expressivo da mão de partes específicas da norma
obra qualificada. EN 1090 aplicáveis. Para isto,
poderá utilizar-se a Tabela 1
Vale a pena destacar também a para selecionar a(s) parte(s)
maior estabilidade e equidade relevante(s) da norma. A versão
no enquadramento normativo, atual da norma
o que culminou na redução do EN 1090 é constituída por 5
número de normas associadas partes (Tabela 1):
Tabela 1: Partes da norma EN 1090
NP EN 1090-1 Requisitos para avaliação da conformidade de compo-
nentes estruturais. [1]
NP EN 1090-2 Requisitos técnicos para a execução de estruturas de
aço. [2]
NP EN 1090-3 Requisitos técnicos para a execução de estruturas de
alumínio. [3]
NP EN 1090-4 Requisitos técnicos para elementos em aço, enformados
a frio. [4]
NP EN 1090-5 Requisitos técnicos para elementos em alumínio, enfor-
mados a frio. [5]
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Subsequentemente, o fabricante
deve estabelecer, documentar
e manter um sistema de
Controlo de Produção em
Fábrica para assegurar a
conformidade dos produtos
com as características de
desempenho declaradas e
exigíveis.
Este sistema deve incluir
procedimentos estabelecidos,
inspeções regulares e ensaios e/
ou avaliações, com a utilização
dos resultados para o controlo
dos produtos constituintes do
componente, equipamento,
processo de produção e
componentes fabricados. O CPF
deverá abranger o Pessoal
envolvido, os Equipamentos
utilizados, o Processo de
Conceção e Dimensionamento
Estrutural, Produtos
Constituintes, Especificação
de Componentes, Avaliação
do Produto e o controlo de
Produtos Não Conformes [1].
Em relação aos equipamentos
envolvidos no processo de
fabrico, importa reforçar que
a manutenção dos mesmos é
de extrema importância. Para
além disto, os equipamentos
de soldadura devem ser ainda
alvo de avaliação, para verificar/
validar os parâmetros relevantes
para a qualidade das soldaduras.
Empresas já certificadas
pela norma ISO 9001 podem
encontrar-se em conformidade
com a maioria destas exigências,
o que poderá acelerar algumas
fases de implementação.
Posteriormente, deve ser
avaliado o cumprimento dos
requisitos relacionados com
a soldadura caso a empresa
utilize este processo no fabrico.
A empresa deverá contratar ou
subcontratar, caso não possua,
um Coordenador de Soldadura
(IWE/IWT/IWS – International
Welding Engineer /Tecnhologist
/Specialist), a tempo inteiro
ou parcial, desenvolver
procedimentos de controlo e
inspeção de soldadura, deve
proceder à qualificação dos
procedimentos de soldadura, aos produtos fabricados deve
desenvolver especificações ser prontamente comunicada ao
de soldadura e proceder à Organismo Notificado.
qualificação dos soldadores. As
qualificações de procedimentos A norma evolui continuamente.
e pessoas deverão ser alinhadas Num futuro próximo irá
com as necessidades de projeto referenciar novos temas, como
e/ou tipo de produto a produzir. a utilização sustentável de
recursos naturais (ciclo de vida
De seguida, o fabricante dos produtos, reutilização/
deve proceder à avaliação reintegração de matérias-
da capacidade de processos primas) e recomendações para
existentes dentro da empresa, a utilização de aços de alta
como é o caso do corte térmico, resistência.
cisalhamento, arromba mento,
enformagem, entre outros. A CMM – Associação
Portuguesa de Construção
Depois disto, é necessário Metálica e Mista, através das
garantir que o sistema CPF atividades de formação e de
instalado é mantido e são assistência técnica às empresas,
criados os registos associados tem contribuído de forma
às diferentes fases. Cumprindo significativa para a divulgação
estes requisitos, é possível da EN 1090 em Portugal,
avançar para a auditoria inicial sendo ainda responsável, pela
para a obtenção do certificado tradução e implementação da
do CPF, recorrendo a um norma no país, bem como pela
dos Organismos Notificados participação nas reuniões de
disponíveis. Apesar disto, é trabalho internacionais ao nível
recomendável que a empresa do CEN, através da Comissão
se submeta, previamente, a uma Técnica CT 182 do IPQ, que é
pré-auditoria ou auditoria interna, secretariada pela CMM. Caso
para avaliar o desempenho necessite de apoio neste, ou em
do sistema criado segundo a qualquer outro tema relacionado
norma harmonizada relevante, com a aplicação da norma, não
corrigindo eventuais não hesite em contactar-nos através
conformidades ou identificando do email cmm@cmm.pt
oportunidades de melhorias.
Caso se verifique, em auditoria
de concessão, que todos
os requisitos essenciais são
cumpridos, o ON emitirá o
certificado do CPF avaliado.
Estes certificados permitem
ao fabricante apresentar uma
Declaração de Desempenho, e
a Declaração de Desempenho
permite ao fabricante apor a
Marcação CE nos seus produtos,
desde que estes se enquadrem
no âmbito da certificação
indicada no(s) certificado(s)
emitido(s) pelo ON.
O sistema CPF deverá ser alvo
de vigilância anual, devendo
ser auditado segundo a
periodicidade indicada para cada
classe de execução (ver notas
do quadro). Qualquer alteração
significativa ao sistema CPF ou
Bibliografia
[1] NP EN 1090-1: 2009 + A1:2013 – Execução de estruturas de aço e de estruturas de alumínio. Parte 1: Requisitos
para a avaliação de conformidade de componentes estruturais, Comité Europeu de Normalização, Bruxelas.

[2] NP EN 1090-2:2020 – Execução de estruturas de aço e de estruturas de alumínio - Parte 2: Requisitos técnicos
para estruturas de aço, Comité Europeu de Normalização, Bruxelas.

[3] EN 1090-3:2019 – Execution of steel structures and aluminium structures - Part 3: Technical requirements for
aluminium structures, Comité Europeu de Normalização, Bruxelas.

[4] NP EN 1090-4:2022 - Execução de estruturas de aço e de estruturas de alumínio - Parte 4: Requisitos técnicos
para elementos e estruturas de aço enformados a frio utilizados em coberturas, tetos, paredes e pisos, Comité Euro-
peu de Normalização, Bruxelas.

[5] EN 1090-5:2018 – Execution of steel structures and aluminium structures - Part 5: Technical requirements for
cold-formed structural aluminium elements and cold-formed structures for roof, ceiling, floor and wall applications,
Comité Europeu de Normalização, Bruxelas.

[6] Guide to the CE Marking of Strutural Steelwork. 1st Edition , Technical Committee 9 – Manufacturing and Erection
Standards, European Convention for Constructional Steelwork, (2012).

[7] Contrução Magazine (website), acedido a 28/12/2023 - http://www.construcaomagazine.pt/noticias/norma-en-

1090-estruturas-metalicas/

[8] Curso de formação CMM em Marcação CE – EN 1090: Execução de Estruturas de Aço e de Estruturas de Alumí-
nio, Parte 1e Parte 2, Associação Portuguesa de Construção Metálica e Mista, 2023.