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A Construção do Discurso Civilizatório: Uma

Análise Crítica Através do Iluminismo,


Imperialismo e Neocolonialismo

O discurso civilizatório, com suas raízes no Iluminismo europeu, permeou as


relações de poder entre nações e culturas durante séculos. Este discurso,
amparado em matrizes conceituais como o etnocentrismo, justificou a
dominação e a exploração de povos considerados "inferiores" pelas potências
europeias. Neste trabalho, analisaremos criticamente a construção do discurso
civilizatório em três contextos distintos: o Iluminismo, o Imperialismo e o
Neocolonialismo, com foco na organização e funcionamento da sociedade na
inter-relação entre indivíduo e coletividade.

1. O Iluminismo e a Universalização da Razão:

O Iluminismo, com seu ênfase na razão e no progresso, propôs a ideia de uma


"civilização universal" baseada nos valores europeus. Essa visão, embora
idealista, contribuiu para o desenvolvimento de conceitos como direitos humanos
e igualdade. No entanto, a universalização da razão também mascarou o
etnocentrismo europeu, relegando outras culturas a um estado de "barbárie".

2. O Imperialismo e a "Missão Civilizadora":

O Imperialismo, impulsionado pelo expansionismo europeu, utilizou o discurso


civilizatório para justificar a conquista e dominação de outros territórios. A
"missão civilizadora" consistia em levar a "civilização" e o "progresso" aos povos
colonizados, muitas vezes através da imposição cultural e da violência. Essa
visão paternalista e etnocêntrica ignorou a riqueza e a diversidade das culturas
colonizadas, causando graves impactos sociais e culturais.

3. O Neocolonialismo e a Persistência do Etnocentrismo:

No contexto do Neocolonialismo, o discurso civilizatório se manifesta de forma


mais sutil, através da hegemonia cultural e econômica das potências ocidentais.
Essa hegemonia perpetua a dominação e a exploração dos países em
desenvolvimento, através de mecanismos como a imposição de políticas
neoliberais e a apropriação de recursos naturais.

4. Crítica ao Discurso Civilizatório:

O discurso civilizatório, em suas diversas formas, é uma ferramenta de poder


que serve para justificar a dominação e a exploração. É fundamental uma análise
crítica desse discurso, reconhecendo suas raízes etnocêntricas e seus impactos
negativos nas sociedades colonizadas e neocolonizadas.

5. Repensando a Inter-relação entre Indivíduo e Coletividade:

A crítica ao discurso civilizatório abre caminho para repensar a inter-relação


entre indivíduo e coletividade. É necessário reconhecer a diversidade cultural e
construir relações de respeito mútuo e interculturalidade, valorizando as
diferentes formas de organização social e os saberes tradicionais.

Conclusão:

A construção do discurso civilizatório é um processo histórico complexo que


precisa ser analisado criticamente. É fundamental reconhecer as raízes
etnocêntricas desse discurso e seus impactos negativos para construirmos um
futuro mais justo e intercultural.

Referências:

▪ Said, Edward. Orientalism. Vintage, 1979.:]


▪ Quijano, Aníbal. "Colonialidad del poder, eurocentrismo y América Latina."
CLACSO, 2000
▪ Mignolo, Walter D. "The Darker Side of Western Modernity: Global
Futures, Decolonial Options." Duke University Press, 2011.:

Significado de Etnocentrismo
Visão de mundo própria da pessoa que considera a sua sociedade, sua nação,
seu país ou grupo étnico superiores aos demais.

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