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Este documento serve apenas como guia e auxiliar de estudo para a unidade
curricular referida. Não deverá ser reproduzida, considerada ou utilizada para qualquer
outro efeito.
ÍNDICE GERAL
I
Seminário I – Introdução à Reabilitação Vestibular
Habituação ......................................................................................................................................... 44
Substituição ....................................................................................................................................... 45
Intervenção ...................................................................................................................61
Raciocínio e estratégias de intervenção ............................................................................................. 61
Técnicas ............................................................................................................................................. 62
Equipamentos .................................................................................................................................... 66
Particularidades I - VPPB .................................................................................................................. 71
Particularidades II - Envelhecimento ................................................................................................ 75
Particularidades III – Lesão Central ................................................................................................. 77
CAPITULO VI – CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 79
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 81
MATERIAL DE ESTUDO ....................................................................................................... 83
Bibliografia essencial ...................................................................................................83
Links ................................................................................................................................................... 83
ANEXOS
Anexo I – Escala Falls Efficacy Scale
Anexo II – Escala Tinetti
Anexo III – Índice Dinâmico de Marcha
Anexo IV – Dizziness Handicap Inventory
Anexo V – Protocolo de Exercícios de Cawthorne e Cooksey
II
Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
ÍNDICE DE TABELAS
III
Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
ÍNDICE DE FIGURAS
IV
Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
LISTA DE ABREVIATURAS
V
Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
INTRODUÇÃO
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
CAPÍTULO I
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
Figura 1.1 – Sistema Vestibular Periférico
Labirinto
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
primariamente envolvida na avaliação da posição da cabeça em relação com a gravidade,
embora responda também à aceleração ou desaceleração linear (como na travagem de um
carro). A segunda é o labirinto cinético, que se associa com os canais semi-circulares e
está implicada na avaliação do movimento angular da cabeça (Seeley, Stephens & Tate,
2011).
O sistema otolítico é composto pelo utrículo e sáculo, cada um formado por uma
membrana basal que sustenta as células ciliadas. Sobres essas células sensoriais há uma
estrutura acessória de aspecto gelatinoso em que estão mergulhados os cílios das células
sensitivas do nervo vestibular. A matriz gelatinosa contém os cristais de carbonato de
cálcio de pequenas dimensões (otólitos), que formam a membrana otolítica. Estes cristais
são mais densos que o material em que estão imersos (endolinfa), tornando a membrana
mais pesada e assim sensível à acção gravítica (Herdman, 2007).
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
Figura 1.3 – Neuroepitélio macular
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Scarpa. Se a cabeça estiver inclinada, os otólitos deslocam-se em resposta à gravidade e
estimulam determinadas células pilosas a diferentes níveis de intensidade. Este padrão de
estimulação e subsequente padrão de potenciais de acção é traduzido pelo encéfalo em
informação específica sobre a posição e aceleração linear da cabeça (Seeley, Stephens, &
Tate, 2011).
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
Canais semicirculares
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
movimento relativo entre a cúpula e a endolinfa. À medida que o movimento continua, o
líquido nos CSCs inicia o movimento e deforma a cúpula. Quando o movimento da cabeça
cessa, a endolinfa continua a mover-se por causa da sua aceleração, provocando a
deslocação da cúpula na mesma direcção em que a cabeça se tinha estado a mover. Por
isso este sistema detecta mais as mudanças de velocidade do que o movimento em si
(figura 1.8). Processa-se desta forma porque a endolinfa e a cúpula têm a mesma
densidade (ao contrário da membrana otolítica que tem otólitos), por isso não é afectada
pela aceleração linear (Seeley, Stephens, & Tate, 2011).
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
As correntes endolinfáticas nos CSCs podem ser ampulípetas, que se dirige do arco
do canal para a crista ampular, ou ampulífugas, que se dirige da ampola para o arco do
canal. Devido à disposição anatómica, o canal horizontal é mais excitado com uma
corrente ampulípeta, enquanto o anterior e posterior são mais excitados com uma corrente
ampulífuga (figura 1.10). As Leis de Ewald procuram explicar esse fenómeno: no canal
semicircular horizontal. A corrente endolinfática ampulípeta desperta reflexos mais
intensos que a ampulífuga; nos canais semicirculares superior e posterior a corrente
ampulífuga provoca reflexos mais intensos. Por exemplo, ao se rodar a cabeça para o lado
direito ocorrerá, por inércia, uma corrente ampulípeta à direita (lado da rotação) e
ampulífuga à esquerda (excitação CSCh direito, inibição CSCh à esquerda, informação
rotação à direita) (Greenstein & Greenstein, 2000 e Herdman, 2007).
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
VIII par craniano: vestíbulo-coclear ou estato-acústico
O nervo vestibular por sua vez ramifica-se em nervo vestibular superior, inervando
o utrículo e os CSCs horizontal e superior; e o inferior que inerva o sáculo e o CSCp
(Jones et al, 2009; Seeley, Stephens & Tate, 2011).
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O input sensorial viaja das células sensoriais ciliadas das membranas otolíticas e
cúpula, pelos axónios até os corpos neurais bipolares do Gânglios de Scarpa, e depois
directamente até aos núcleos vestibulares no tronco cerebral, pelo nervo vestibular e
vestíbulo coclear. (Jones et al, 2009).
Núcleos vestibulares
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Em suma, além das informações vestibulares estes núcleos recebem informações
visuais, proprioceptivas, tácteis e auditivas. É nos núcleos vestibulares que ocorre grande
parte da transdução e processamento da informação de posição e movimento para
controlo dos reflexos visuais e posturais (Herdman, 2007).
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
Figura 1.14 – Vias vestibulares centrais
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Irrigação Sistema Vestibular
Irrigação Arterial
Os tecidos do labirinto são irrigados pela artéria labiríntica, que é oriunda da AICA
ou, directamente, da artéria basilar. Como explica a figura 1.17 a artéria labiríntica vai-se
ramificando até aos seus ramos distais (Herdman, 2007):
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Figura 1.17 – Irrigação Labirinto
Herdman (2007)
Drenagem
A drenagem venosa é feita pela veia interna do labirinto (drena para o seio petroso
inferior), pela veia do aqueduto do vestíbulo (drena para o seio petroso superior) e pela
veia do aqueduto da cóclea (drena para a veia jugular interna). Não há comunicação do
labirinto com vasos ou nódulos linfáticos (Bertol & Rodríguez, 2008).
Como já foi referido para que uma posição seja mantida, são fornecidas
informações sensoriais que vão orientar contracções musculares apropriadas (integração
com componente aferente “onde estamos” com a componente eferente “o que fazemos”).
Estas informações funcionarão respeitando uma hierarquia entre si para auxiliar o Sistema
Nervoso Central (SNC) na realização de ajustes posturais (Shumway-Cook & Woollacott,
2012)
Além da hierarquia funcionam também, através das vias vestibulares, com
interacções directas apenas modeladas pelo SNC, que compõem os reflexos para
estabilização do olhar, da cabeça e corpo durante o movimento (Herdman, 2007).
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
Interacção vestíbulo-oculomotora
Movimentos Sacádicos
O movimento sacádico é um movimento extremamente rápido executado pelos
olhos entre um ponto de fixação e outro. É um movimento ocular rápido de focagem na
fóvea de imagens da retina periférica (voluntário ou automático). É utilizado para definir
rostos, ler, etc… A latência das respostas varia entre 150 a 200 milissegundos. Como
explicado nas vias vestibulares, é controlado pelas vias centrais pelo que se estiver
alterado reflecte uma lesão central. (Greenstein & Greenstein, 2000).
Perseguição lenta
O movimento de perseguição lenta ocorre quando os olhos fixam um objecto que
se move e acompanham-no. Sistema funciona para velocidades menores (até 30 º/s)
necessitando de sacadas correctivas para velocidades maiores. Tal como o anterior,
alteração indica lesão central (Greenstein & Greenstein, 2000)
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
Movimento de vergência
No movimento de vergência, os olhos convergem ou divergem. Isso ocorre
naturalmente quando um objecto se aproxima ou se afasta da face do observador
(Greenstein & Greenstein, 2000)
Reflexo vestíbulo-oculomotor
O movimento vestíbulo-ocular é uma resposta reflexa a rápidas alterações da
posição da cabeça. É um movimento ocular reflexo oposto ao do movimento da cabeça.
(Herdman, 2007) Ele tem dois componentes: o linear, mediado pelos órgãos otolíticos,
compensa a translação; e o angular, mediado pelas informações provenientes dos CSCs,
compensa a rotação. O RVO é o principal responsável pela estabilização do olhar, tendo
os CSCs relações estreitas funcionais com grupos respectivos de músculos oculomotores
(Herdman, 2007):
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
(exemplo rotação direita da cabeça, movimento ocular esquerda), a proporção entre o
movimento ocular e a amplitude do movimento cefálico, o seu ganho, é igual a 1. Na
disfunção pode ocorrer uma diminuição desse ganho (Greenstein & Greenstein, 2000;
Herdman, 2007).
Nistagmo
O nistagmo é uma oscilação ocular involuntária rítmica e conjugada, mudando
alternadamente de sentido. Pode ter várias origens (Vargas, 2005):
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
É um movimento rítmico composto por 2 fases:
A fase rápida é que dá a direcção do nistagmo, pelo que nas lesões o nistagmo
patológico é contralateral ao lado da lesão (Vargas, 2005).
Implica a combinação do seguimento ocular lento e um movimento sácadico de
recentragem, onde um deslocamento suave do olho persegue o movimento do campo
visual quase à mesma velocidade, e num movimento rápido o olho retoma a sua posição
central sempre que o globo ocular alcança a sua posição extrema (Vargas, 2005).
Esta oscilação pode ser uma resposta normal a estímulos como a rotação da cabeça
ou estimulação visual (nistagmo optocinético) ou patológica em resposta à alteração
função vestibular (nistagmo espontâneo).
O nistagmo optocinético (NOC) é fisiológico, e consiste num movimento
involuntário dos olhos, caracterizado por uma sucessão de batimentos oculares que têm
uma componente lenta numa determinada direcção e uma componente rápida (sacada
ocular) que consiste no movimento correctivo na direcção oposta. Os olhos fixam um
ponto e passam rapidamente para outro a uma velocidade mais ou menos constante,
consoante a velocidade do estímulo. O NOC estabiliza os alvos móveis no campo visual.
Importante para a organização espacial e para distinção de referências fixas e alvos
móveis (Herdman, 2007).
Na vida diária as condições são diferentes das existentes em laboratório e, assim, o
NOC é, mais habitualmente, desencadeado pelo movimento do individuo em relação à
paisagem estática circundante, do que pelo deslocamento do campo visual, tendo a
aceleração corporal associada (Garcia, Entrudo, Ferreira, & Monteiro, 1996).
No nistagmo espontâneo o desequilíbrio de actividade entre vestíbulos promove a
referida oscilação rítmica sem estímulos associados (nem movimento nem estímulos
visuais), ou seja, é resultado de uma fase lenta (RVO) derivada da assimetria proveniente
da hipofunção dando informação de rotação para o lado contrário quando o individuo está
na verdade parado, é então feita uma recentragem no sentido oposto com a informação
proveniente das outras informações sensoriais. Numa fase aguda é mais visível e depois
é compensado pela supressão do RVO (fixação do olhar) (Herdman, 2007).
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
Figura 1.21 – Nistagmo fisiológico vs patológico
Interacção vestíbulo-espinhal
Reflexo vestíbulo-espinhal
Este reflexo tem como objectivo estabilizar o corpo. Consiste na montagem de
vários reflexos denominados de acordo com o tempo (dinâmico vs estável) e as
informações sensoriais (canal vs órgão otolíticos). Mantém o alinhamento vertical do
tronco (Herdman, 2007)
Quando a cabeça vai para uma direcção, o corpo alonga nesse lado e encurta para o
outro, ou seja, a actividade extensora é induzida no lado para o qual a cabeça é inclinada,
e flexora no lado oposto (Herdman, 2007).
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Reflexo vestíbulo-cólico
O RVC age sobre a musculatura do pescoço a fim de estabilizar a cabeça no espaço.
O movimento cefálico reflexo produzido compensa o movimento detectado pelos órgãos
otolíticos ou CSCs. Compensa as deslocações da cabeça que ocorrem durante a marcha
(Herdman, 2007).
Reflexos cervicais
Reflexo cérvico-ocular
Reflexo cérvico-espinhal
Reflexo cérvico-colico
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oposição ao alongamento, através de contracções reflexas dos músculos adequados. O
grau em que o RCC contribui para a estabilização da cabeça em indivíduos normais é
incerto, mas é provável que seja útil principalmente para estabilizar o movimento cefálico
no plano vertical, e também pode ser facilitado depois da perda labiríntica (Herdman,
2007).
Interacção visuo-vestibular
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controlo da posição corporal depende da noção de posição e de movimento do corpo, em
relação ao campo gravitacional e do ambiente (Shumway-Cook & Woollacott, 2012).
Actualmente, o controlo postural é visto como sendo o resultado de uma complexa
e dinâmica ligação entre o sistema sensorial (constituído pelos sistemas visual,
somatossensorial ou proprioceptivo e vestibular) e o sistema motor (Shumway-Cook &
Woollacott, 2012).
O sistema motor é responsável pela actividade muscular adequada à manutenção
do equilíbrio e orientação corporal desejada. A actividade muscular tónica dos músculos
antigravitacionais associada à rigidez intersegmentar gerada pelos componentes passivos
dos músculos e articulações, ajudam significativamente a manutenção do alinhamento
corporal, aquando da posição ortostática (Shumway-Cook & Woollacott, 2012).
O corpo humano é visto como um pêndulo invertido devido à sua instabilidade
(grande altura do centro de gravidade, e estreita base de sustentação). Assim, é necessário
um controlo activo constante, por parte do sistema de controlo postural e dos grupos
musculares responsáveis pelo mesmo. Este controlo muscular activo é efectuado com
base em estímulos sensoriais, captados continuamente pelos sistemas visual,
somatossensorial ou proprioceptivo e vestibular, que são enviados ao Sistema Nervoso
Central (SNC) e integrados no sistema de controlo postural (Freitas Junior, P. & Barela,
J.A., 2006).
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Os APAs são modificados por uma variedade de condições, tais como postura,
velocidade de movimento e aspectos patológicos.
Muitos estudos têm descrito mudanças de actividade nos músculos posturais,
associados a movimentos voluntários simples ou complexos. O controlo central de
movimento paralelo, envolve múltiplos comandos coordenados de forma a cumprir um
determinado objectivo (Robert, 2007).
Definem-se por APA´s preparatórios os ajustes ligados à activação da musculatura
tónica que precede e prepara o contexto postural para o movimento, num mecanismo de
feedforward. Os APA´s acompanhatórios, como o próprio nome indica, acompanham e
ajustam a activação da musculatura tónica ao contexto postural durante o movimento,
dando resposta a perturbações externas esperadas e inesperadas, num mecanismo de
feedback (Shumway-Cook & Woollacott, 2012).
Estratégias de equilíbrio
De entre os ajustes apreendidos ao longo da vida, existem alguns, mais ou menos
padronizados, a que o individuo responde face a um desafio de equilíbrio. A desafios mais
pequenos/médios com estratégias de pequena e média amplitude (tornozelo e anca), sem
necessidade de modificar a base de suporte; e desafios maiores com estratégias de maior
amplitude (passo), com necessidade de modificar a base de suporte. O objectivo é sempre
prevenir o desequilíbrio e consequente queda (Herdman, 2007).
As estratégias posturais incluem:
• Tornozelo;
• Anca;
• Suspensão;
• Extensão protectiva das extremidades superiores;
• Agarrar;
• Passo. (Raine, 2009).
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da anca. Nas disfunções, as mudanças de estratégias de apoio são frequentemente
utilizadas prematuramente, devido à falta de actividade anti – gravítica (Raine, 2009), ou
então como estratégias de fixação/compensação (Shumway-Cook & Woollacott, 2012).
Face à resposta estas estratégias podem ser avaliadas e classificadas quanto ao seu
recrutamento (presentes ou ausentes), à sua adequação à amplitude do desafio de
equilíbrio (adequada ou desadequada) e à sua eficácia na manutenção do equilíbrio e
prevenção de queda (eficaz ou ineficaz).
Limites de estabilidade
Intimamente relacionado com os APAs e com as estratégias de equilíbrio do
tornozelo e da anca estão os limites de estabilidade que dizem respeito à distância limite
de deslocação do centro de massa a partir do qual ocorre queda, num determinado
contexto postural. Expressam a área na qual o indivíduo pode mover o seu centro de
massa e manter o equilíbrio. Essa área resulta da projecção de um cone, o que leva a
depreender que o equilíbrio não é uma posição, mas um espaço. Podem ser estáticos,
quando as oscilações decorrem sem modificação da base de suporte; ou dinâmicos,
quando envolve modificação da base de suporte (exemplo marcha ou alcance fora da base
de suporte) (Shumway-Cook & Woollacott, 2012).
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
Figura 1.23 – Limites de estabilidade
(Shumway-Cook & Woollacott, 2012)
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CAPÍTULO II
Sinais e Sintomas
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abertos, falsa ilusão de movimento do ambiente. Pode ser de dois tipos: associada ao
movimento cefálico ou associada ao nistagmo espontâneo em pacientes com hipofunção
severa. Tal ocorre quando há compromisso do RVO, não havendo capacidade de manter
o alvo fixo na fóvea. É um sintoma típico de arreflexia vestibular bilateral (AVB).
Hipersensibilidade/ Indisposição associada ao movimento - Mau estar geral
(tonturas, náuseas, vómitos) associado a movimento do próprio, de forma passiva ou do
campo visual.
Desequilíbrio - O desequilíbrio é caracterizado pela incapacidade de manter o
centro de gravidade dentro da base de suporte de forma linear quer numa postura
estável/estática quer numa situação dinâmica, com possibilidade de queda iminente. O
paciente refere que não “controla” o seu corpo. Não é exclusivamente vestibular e
apresenta características diferentes consoante a área afectada. Qualquer défice sensorial,
perceptual ou motor pode desencadear. È um sinal que é objectivado pela avaliação.
Nistagmo - O Nistagmo patológico é o grande elemento semiológico do labirinto.
Origina-se em virtude de um desequilíbrio de informações aferentes dos labirintos como
já referido. O nistagmo vestibular é bifásico com uma componente lenta e outra rápida.
A componente lenta deve-se ao órgão vestibular periférico e a rápida ao tronco cerebral
entre os núcleos oculomotores do III par e os núcleos vestibulares com mediação pelo
sistema reticular. Uma lesão periférica unilateral diminui o potencial de acção que chega
ao SNC, resultando em diminuição da actividade no núcleo vestibular ipsilateral e uma
diminuição no tónus do nervo oculomotor, produzindo movimentos oculares
contralaterais. Por exemplo, se o labirinto esquerdo é afectado, passa a haver uma
“hipertonia” relativa do labirinto direito, com diferença nos tónus que chegam ao SNC
(D›E). Com isso, ocorre situação semelhante à rotação da cabeça para a direita, com
movimento ocular lento para esquerda e fase rápida para direita; também há sensação de
queda para o lado direito. Como por convenção o sentido do nistagmo é dado pela fase
rápida, o nistagmo bate para o lado contralateral à da lesão.
O nistagmo proveniente da lesão periférica tem características específicas que
ajudaram a definir as leis de Alexander:
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• Grau III – Se surgem batidas inclusivamente no olhar em sentido oposto.
O nistagmo tem que bater sempre para o mesmo lado independentemente do lado a
que o olho está localizado (por exemplo num nistagmo para a direita, este bate sempre
para a direita mesmo quando o globo ocular está descentrado à esquerda). Esse é um
nistagmo periférico característico. Quando muda o sentido do nistagmo consoante a
localização do globo ocular, não é um nistagmo típico de uma lesão periférica. Estudando
a intensidade, a duração e a direcção do nistagmo optocinético podemos obter
informações importantes sobre os processos patológicos do sistema vestibular sendo
muito importantes no diagnóstico diferencial entre periférico e central (Vargas 2005).
Entidades Clínicas
Vestibulopatias periféricas
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
Tabela 2.1 – Exemplos de vestibulopatias periféricas
Insuficiência vértebro-basilar Insuficiente perfusão no labirinto
Metabólico/hormonal Alterações metabólicas
VPPB Alterações mecânicas dos otólitos
Nevrite vestibular Infecção ou Inflamação do nervo vestibular
Doença de Meniere Síndrome vertiginoso com sinais cocleares
Vertigem Postural Fóbica Síndrome vertiginoso associado a fobias
Labirintites Afecção das estruturas do labirinto
Ototoxicidade Intoxicação por utilização de fármacos (ex gentamicina)
Neoplasias (ex Neurinoma do Afecção directa e/ou indirecta por infiltração do ouvido interno ou
acústico) compressões extrínsecas
VPPB
V – Vertigem
P – Posicional
P – Paroxística
B - Benigna
É uma das causas mais comuns de vertigem, principalmente na população idosa e
feminina, correspondendo a cerca de 17% das causas de vertigem. Não é uma doença,
mas sim uma síndrome que pode ser sequela de várias doenças do ouvido interno.
É caracterizada por crises vertiginosas intensas durando poucos segundos,
relacionadas/desencadeadas com certas mudanças da posição da cabeça, como olhar para
cima ou virar-se rapidamente, principalmente no leito ou ao levantar-se rapidamente
deste. Resulta consequentemente em desequilíbrios e quedas frequentes.
Etiologia
Na maioria das vezes, a vertigem posicional paroxística benigna é idiopática,
contudo o seu aparecimento pode ser secundário a outras afecções otoneurológicas como
a doença de menière, nevrite vestibular, labirintite, otosclerose, cirurgia do ouvido médio,
pós-estapectomia, vestibulopatia recorrente, infecções, entre outras.
Fisiopatologia
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
Existem duas teorias que explicam a fisiopatologia da VPPB:
Cupulolitíase: degeneração do utrículo, levando à libertação de otólitos (cristais
de carbonato de cálcio) que irão se alojar na cúpula do canal semicircular interferindo na
fisiologia normal das estruturas ali existentes.
Canalolitiase (Ductolitiase): O mesmo princípio do anterior mais em vez de
estarem aderentes à cúpula, os cristais estão livres na endolinfa dos CSCs gerando uma
alteração da sua corrente durante a movimentação da cabeça, desencadeando o nistagmo
posicional.
Os otólitos acumulam-se em qualquer canal semicircular. O canal posterior é o
mais envolvido (91% dos casos), pois apresenta-se numa posição mais inferior quando o
individuo está na posição ortostática.
Em qualquer canal que o otólito se deposite, é hipo ou hiperestimulador do canal,
gerando um desequilíbrio em relação ao canal contralateral, causando a sensação de
vertigem.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito por história sugestiva e nistagmo presente às manobras de
diagnóstico (figura 2.1). (vide exame objectivo). O quadro clínico clássico é de vertigem
precipitada por movimentos da cabeça, acompanhado de nistagmo. O nistagmo inicia-se
após um período de latência de alguns segundos, intensifica-se e gradualmente melhora
em cerca de 20 a 30 segundos, mesmo se a manobra provocativa é mantida.
É rotacional, com fase rápida batendo em direcção ao ouvido estimulado, podendo
estar acompanhado de uma componente vertical ou horizontal. A resposta é fatigável:
repetindo-se a posição provocativa, a resposta torna-se progressivamente menos intensa
e desaparece temporariamente.
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
Figura 2.1 – Tipos de VPPB
Tratamento
A VPPB é um problema mecânico do labirinto, pelo que deve ser tratada como
tal. O tratamento medicamentoso é raramente efectivo e pode ser contraprodutivo por
interferir nos mecanismos de habituação central. Existem várias manobras de libertação
descritas na literatura, ou de reposicionamento como também são denominadas. As
manobras de Brandt-Daroff, de Semont e de Epley são as utilizadas com maior
frequência. O objectivo destas manobras é induzir um movimento do cálculo para que
este saia do CSC e “caia” no utrículo e assim seja reposicionado. Os CSCh e CSCa
requerem manobras de reposicionamento particulares. (Vide particularidades intervenção
VPPB)
Doença de Ménière
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também pode estar presente, com menor frequência. É uma alteração flutuante, com
períodos de crise e períodos intercrise, cada crise é como uma perda súbita da função
vestibular de forma que o SNC não tem tempo de compensar. A Doença de Meniére (DM)
também é conhecida por hidropsia endolinfática.
Epidemiologia
A incidência apresenta variação ampla, desde 157 / 100.000 hab (na Inglaterra), até
4 /100.000 hab (no Japão). Ocorre raramente na raça negra e na raça asiática. Não se
observa preponderância sexual, e o seu pico de incidência entre os 40 e 60 anos.
Fisiopatologia
O mecanismo etiológico não está esclarecido porém existem alguns factores que
poderão estar relacionados:
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• Alteração da permeabilidade das membranas do ouvido interno;
• Etiologia vascular,
• Alergia por alimentos como o trigo, milho, legumes, carnes, chocolate e
fermentos;
• Causas hormonais: a insuficiência de estrógenos e o hipotireoidismo são
causas raras e conhecidas;
• O Stress : aumento da osmolaridade da perilinfa;
• Teoria Imunológica: sabe-se que o saco endolinfático tem função e alguns
pacientes respondem bem ao tratamento com esteróides;
• Alterações do fluxo da endolinfa;
• Factores extrínsecos e herança multifactorial: incluem otites médias,
otosclerose, trauma, sífilis, leucemia e auto-imunes.
A Doença de Ménière está descrita como sendo resultado da interacção de factores
genéticos com os ambientais.
Diagnóstico
Não existe nenhum teste que estabeleça o diagnóstico de doença de Ménière. Para
tal, é necessário uma anamnese acurada, exames audiológicos e vestibulares, feita pela
especialidade médica de ORL.
DM Secundária
A DM pode ser secundária a:
• Sífilis otológica – sífilis recente, onde os sintomas aparecem dentro de dois
anos após exposição, e sífilis tardia, após dois anos de exposição;
• Vestibulopatia recorrente – sem sintomas auditivos;
• Síndrome de Cogan – ceratite intersticial não sifilítica, perda auditiva
Ménière-like e sintomas vestibulares intensos. De provável etiologia auto-
imune.
Tratamento Clínico
Existem muitas opções de tratamento como anti-vertiginosos (Betahistina),
diuréticos dentre outros.
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
Cirúrgico: A intervenção cirúrgica é reservada apenas para os pacientes que
continuam a ter vertigem incapacitante apesar do tratamento conservador utilizado
por cerca de 6 meses a 1 ano. Não se indica a cirurgia para casos em que não houve
melhoria da hipoacusia ou do zumbido.
Labirintite
O ouvido interno pode ser acometido por infecções bacterianas e virais, por
alterações metabólicas e/ou hemodinâmicas que provoquem uma lesão uni ou bilateral do
labirinto. Manifestam-se de forma abrupta com hipoacusia e vertigem intensa. O exame
otoneurológico mostra nistagmo espontâneo, batendo para o lado oposto à lesão e
geralmente de forte intensidade com arreflexia à prova calórica. Quanto mais cedo o
tratamento melhor é o prognóstico. Este deve ser dirigido à causa (antibioterapia ou
retrovirais) e à melhoria dos sintomas (reabilitação vestibular). A perda completa da
função labiríntica é irreversível.
Nevrite vestibular
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
Vestibulopatias centrais
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
• Vertigem, náuseas, vómitos e nistagmo;
• Oscilópsia e diplopia.
Esclerose múltipla
Ataxias cerebelosas
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
Diferencial periférico vs central
Vestibulopatias mistas
Envelhecimento
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
(localizados nos órgão otolíticos). A hipoactividade inerente ao processo de
envelhecimento contribui para a diminuição dos inputs sensoriais globais, determinando
isto, num atraso e/ou uma menor eficácia na elaboração das respostas motoras necessárias
à manutenção de equilíbrio, o que estará directamente associado com a presença de
quedas.
A dependência visual para o movimento é uma estratégia para compensar a
deterioração de outras informações sensoriais envolvidas no controlo postural e no
movimento. Por exemplo, uma vez que as informações somatossensoriais estão
comprometidas (devido à localização dos seus mecanorreceptores nas articulações,
cápsulas, ligamentos, músculos, tendões e pele), a tarefa de detectar o tipo de superfície
sobre a qual o idoso se encontra, ou a detecção da disposição dos segmentos corporais
encontram-se dificultadas, sendo compensadas pelo input visual. A questão é que assim
a manutenção é assim mais consciente e menos automática, retirando a capacidade de
dupla tarefa, provocando a lentificação do movimento e quedas.
A estratégia deverá passar pela manutenção das aferências sensoriais o mais
funcionais possível.
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
da função, apesar da lesão estrutural. Esta restauração “funcional” assenta numa
organização neurológica. Obtém-se mediante diferentes modos (Herdman, 2014):
• Plasticidade de todo o sistema vestibular para dar resposta a disfunção vestibular.
• Varia consoante idade, mecanismo da lesão, medicação, performance física e co-
morbilidades associadas.
Adaptação
Habituação
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
de cada movimento até a sintomatologia desaparecer (ex. treino de habituação de Norré).
Não é consensual na literatura que este processo seja muito diferente do conceito da
adaptação (Herdman, 2014).
Substituição
Substituição Sensorial/Funcional
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
Substituição Comportamental.
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
CAPÍTULO III
REABILITAÇÃO VESTIBULAR
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
História
Objectivos
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
• Desenvolver estratégias compensatórias para lidar com o desequilíbrio e a
ansiedade;
• Promover a estabilização visual durante os movimentos de cabeça;
• Melhorar a interacção vestibulo-visual durante o movimento de cabeça;
• Ampliar a estabilidade postural estática e dinâmica;
• Diminuir a sensibilidade individual ao movimento;
• Melhorar o equilíbrio;
• Aumentar o nível de independência na vida diária.
Indicações
Raciocínio clínico
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
Avaliação
Exame Subjectivo
História
• Inicio:
o Súbito:
▪ Episódio espontâneo - Ex neuronite;
▪ Posicional – Ex VPPB;
o Agravamento progressivo – Ex Neurinoma do acústico
o Evento único, episódico ou continuo
o Evolução por crises – Ex Doença de Meniére;
o Sintomas associados
▪ Auditivos (hipoacusia, acufenos, plenitude auricular) ou
autonómicos;
• Qualidade/intensidade;
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
• Padrão temporal:
o Duração dos sintomas;
o Duração de cada episódio;
o Duração entre episódios;
• Factores desencadeantes:
o Associada ao movimento
▪ Posição da cabeça relativamente à FG;
▪ Movimento corporal (carro, elevador, etc.).
o Associada à visão:
▪ Ler, ambientes com muitos alvos móveis.
o Doença ou hospitalização recente;
o História de infecção viral, Antibióticos.
• Outros sintomas associados.
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
• Mudanças de posição (deitado para sentado, sentado para de pé
(hipotensão postural);
• Vertigem associada e incapacidade de manter a posição de pé e/ou
lateropulsão;
• Vertigem associada a cefaleias;
• Tonturas com alterações de glicémia.
Outros componentes
Exame Objectivo
Exame vestibular
Oculomotricidade
• Perseguição lenta
o Cabeça fixa, olhos perseguem objecto abaixo de 1-2 HZ;
o Alterado se tem sacadas correctivas e/ou não apresenta movimento
fluido.
• Sacádicas
o Cabeça fixa, posicionamento rápido dos olhos no alvo (na fovea);
o Verificar velocidade, adequação e movimento conjugado;
o Antes do alvo: hipometria; Após o alvo: hipermetria.
• Supressão RVO
o Cabeça e objecto movem em uníssono;
o Alterado se desencadear nistagmo e não conseguir fixar o alvo.
Se estiverem alteradas estas provas indicam lesão central como visto anteriormente.
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
RVO
Pesquisa de Nistagmo
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
• Head Shaking Test
o Cabeça flectida e rodar vigorosamente para a esquerda e direita;
o Observar se existe nistagmo, indicando lesão (periférica);
o Retira informação fixa.
• Posicional
o Posição cefálica em várias posições. Por exemplo nistagmo em
determinadas posições sugestivo de insuficiência vertebro-basilar.
Posições e movimentos
Exame de Postura
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
Exame de Equilíbrio
• Equilíbrio estático:
o Fixações;
o Orientação postural;
o Resposta a perturbações externas;
o APA´s;
o Estabilidade postural;
o TCISE
▪ Superfícies instáveis;
▪ LBS (tandem, semitandem, pés juntos, unipodal);
▪ Movimentos oculares;
▪ Movimentos cefálicos;
▪ Olhos fechados.
• Equilíbrio Dinâmico
• Testes
o Fukuda - Avalia o RVE
▪ 80 passos de braços estendidos e olhos fechados;
▪ Desvio mais de 45º sugere lado da lesão.
o Romberg
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
▪ Olhos abertos e fechados - lesão cerebelosa;
▪ Olhos fechados – vestibular.
• Escalas
o Escala de equilíbrio de Berg;
o Escala Tinetti (Anexo II).
Exame da Marcha
• Cadencia;
• Fluência;
• Comprimento do passo;
• Frequência;
• Analise das fases;
• Largura BS;
• Pontos de fixação;
• Múltipla tarefa:
o Mudanças de direcção;
o Com movimentos oculares;
o Com movimentos cefálicos (esperados e inesperados);
o Com olhos fechados;
o Com alteração da superfície de referência;
o Com obstáculos;
o Tandem;
o Acelerada;
o Retrograda;
o Combinação de mais elementos consoante performance anterior do
individuo.
• Escalas
o Índice dinâmico de marcha (Anexo III)
▪ Avalia o equilíbrio na marcha e face a múltiplas tarefas.
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
Exame Funcionalidade
• Actividades globais
o Transferências;
o Actividades da vida diária.
• Escalas
o DHI - Impacto das queixas na QVRS (Anexo IV);
o Vestibular Activities daily living scale.
Outros
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
Figura 3.2 – TCISE
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
Figura 3.3 – Modelo integrador que descreve a funcionalidade humana segundo a CIF
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
Código Descrição
d230 Capacidade de fazer a rotina diária
d410 Modificação básica da posição corporal
d415 Manutenção básica da posição do corpo
d450 Andar
d455 Deslocar-se em torno de algo
Actividade e
d460 Deslocar-se em diferentes locais
participação
d469* Andar e mover-se, com objectivos específicos ou
inespecíficos
d475 Conduzir
d640 Fazer tarefas domésticas
(d840–d859) Capitulo completo: Trabalho e emprego
e110 Produtos ou substâncias para consumo pessoal
e120 Produtos e tecnologia para mobilidade pessoal
interior/exterior e transporte
Factores
e240 Iluminação
ambientais
e310 Família imediata
e355 Profissionais de saúde
e580 Serviços, sistemas e políticas de saúde
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
Intervenção
Técnicas
Rotatórias
Hiporreflexias
A cadeira rotatória de alta frequência é uma técnica que tem sido desenvolvida por Alan
Semont, e tem por objectivo “simetrizar” os dois vestíbulos, principalmente no que
concerne ao reflexo vestíbulo-ocular, podendo ser trabalhados todos os três canais
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
semicirculares bastando para isso orientar a posição da cabeça em relação ao eixo de
rotação da cadeira.
Como procedimento deve ser feito com rotações rápidas (a uma velocidade superior a
360º/seg) e segue a sequência:
• Series de 3/5 voltas com paragem brusca;
• Depois da paragem há uma inversão do nistagmo (Exemplo nistagmo esquerdo
rotação esquerda sentido horário inversão de nistagmo para o outro sentido) e é
pedido ao doente que fixe um ponto (fixação);
• É contabilizado o tempo até o paciente se sentir estabilizado pela fixação (resposta
vestibular), sendo que o objectivo é a resposta simétrica para os dois vestíbulos.
O restabelecimento da simetria vestibular permite obter a supressão do nistagmo
espontâneo e assim a estabilidade do olhar levando ao desaparecimento de grande parte
dos sintomas mais incapacitantes relacionados com a vestibulopatia.
Hiperreflexias
A rotação em cadeira a baixa velocidade com fixação ocular cria um conflito entre
a visão foveal - que é fixa - e a visão da retina periférica - que é variável - dando uma
informação de movimento com uma velocidade variável, uma vez que no ambiente, nem
todos os objectos estão à mesma distância.
Por seu lado, o sistema vestibular também dá uma informação de movimento mas
neste caso de velocidade regular. O sistema nervoso central fica assim com uma tarefa
difícil de gerir. Para gerir estas informações conflituantes o SNC escolhe uma estratégia
de inibição de uma das informações em disputa. Por uma questão de hierarquia a
informação inibida é a informação vestibular, levando a uma inibição do vestíbulo e à
diminuição da hiperrreflexia, diminuindo assim também a causa do conflito sensorial e
consequentemente a perturbação do equilíbrio e a sensação de vertigem.
Procedimento:
• Com rotações lentas e fixação visual durante a rotação;
• A velocidade de rotação deve ser de cerca de 10º/segundo (pode treinar-se esta
frequência fazendo rodar a cadeira 90º durante 9 segundos);
• As amplitudes de movimento devem oscilar entre 20 e 120º;
• Podem associar-se outros exercícios como rotação da cabeça no plano horizontal
(esquerda/direita) e/ou no plano vertical (flexão/extensão).
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
Estimulação optocinética
Posturografia computadorizada
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
As plataformas multissegmentos fazem a leitura das oscilações posturais através da
deslocação de dois eléctrodos num campo electromagnético que é gerado pela antena
incorporada no equipamento. Este tipo de plataforma apresenta como vantagem o facto
de conseguir uma leitura real da organização espaço-temporal dos segmentos em resposta
ao desafio de equilíbrio. Permite também avaliar e melhorar a estratégia da anca e a
reorganização espacial dos segmentos corporais. Todavia não se consegue avaliar a
transferência de peso (ex.: STATITEST™). As plataformas de somatório de forças
avaliam o individuo como um único ponto, o centro de pressão, registando as oscilações
posturais como um cilindro (ex. Neurocom ou BRU). As plataformas de pressão plantar
avaliam a distribuição do peso em todo o pé, associando a acelerómetros que permitem
avaliar a oscilação postural e a sua velocidade (ex. Footscan).
Associado a isso mas como forma de complementaridade existem vários jogos ou
estímulos, com o objectivo de destabilizar o individuo para que esse seja exposto a
diversas condições e que se reajuste perante isso. Podem ser jogos interactivos posturais
(RVE), estímulos foveais ou retinianos (RVO) ou ainda locais tudo em realidade virtual.
A PCT não está indicada para todos os pacientes com patologia vestibular, nem em
todas as fases de uma vestibulopatia. Enquanto não obtivermos a estabilização ocular,
não se procede a esta intervenção devido ao erro de feedback visual.
TENS - VES
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
A sua aplicação é de duplo bipolar:
• Canal 1 – paravertebrais 1 eléctrodo ao nível de C2 do lado não
afectado e outro pelo menos 2cm abaixo;
• Canal 2 – no trapézio superior contralateral.
A posição é cruzada para seguir a via de activação muscular entre o trapézio e a
musculatura cervical na rotação da cabeça (Alpini & Cesarini, 1999).
Na literatura a sua utilização e fundamentação científica é muito controversa, apesar
de bons resultados empíricos.
• Visão:
• Óculos opacos;
• Vendas;
• Somatossensorial:
o Vários tipos de superfícies instáveis (colchoes, espumas densidades
diferentes, cunhas, rolos);
• Multissensorial:
o Obstáculos;
o Escadas;
o Passadeira.
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
A progressão é gradual conjugando vários factores de integração sensorial, tais
como:
Equipamentos Específicos
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
circulares e Túnel Optocinético) e Interacção Sensorial (Barras Optocinéticas e Túnel
Optocinético associados à inclinação e flexo-extensão de cabeça). Essas informações
visuais devem ser adaptadas gradativamente pelo indivíduo, nas condições: posição
ortostática sobre piso firme, posição ortostática sobre colchão de espuma, marcha sobre
piso firme, marcha sobre colchão de espuma ou sentado sobre uma bola de Bobath. Na
postura estática, para promover maiores desafios, pode-se alterar a posição da base de
sustentação como, por exemplo, pés juntos, posição de passo, Tandem e apoio
unipodálico (Gazzola et al, 2008).
O programa de reabilitação vestibular por realidade virtual deve considerar os
dados da avaliação posturográfica, módulo igualmente integrante da BRU; o qual aponta
os estímulos visuais e somatossensoriais que provocam maior impacto no controle
postural do indivíduo. O módulo de posturografia avalia este tipo de pacientes através de
estímulos visuais projectados nos óculos de realidade virtual e fornece informações
acerca da posição do centro de pressão (CoP) do paciente, por meio de indicadores
quantitativos: área do limite de estabilidade (LOS), área de elipse e velocidade de
oscilação em dez condições sensoriais. O tempo de realização do treino de equilíbrio
corporal dependerá da habilidade do paciente para efectuar os ajustes posturais
apropriados durante os exercícios. O programa de reabilitação deve igualmente ser
baseado na história clínica e nas avaliações funcionais, o que possibilitará a recuperação
do equilíbrio corporal e contribuirá para a prevenção de quedas, dependendo obviamente
do tipo de paciente. Preconiza-se, em média, 24 sessões de 30 minutos com oito estímulos
cada e dez minutos de jogos de treino postural, duas a cinco vezes por semana (Gazzola
et al, 2008).
Além do Módulo de Reabilitação, a BRUTM dispõe de Jogos de Treino Postural
(“Postural Training Game” - PTG) por Bioretroalimentação (“Biofeedback”). Esta
técnica terapêutica é utilizada na Reeducação do Equilíbrio Corporal para obter
modificações nas reacções posturais por meio do reconhecimento, da parte do paciente,
de seus problemas posturais (Gazzola et al, 2008).
STATTITESTTM
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
aumentar/ melhorar o controlo motor; desencadear, desenvolver e/ou aperfeiçoar as
estratégias de equilíbrio (tornando-as mais adequadas e eficazes), aumentar/ maximizar
os limites de estabilidade e aumentar/ maximizar a estabilidade postural (Luzio &
Benzinho, 2004).
Como já foi referido o programa de reabilitação vestibular deve considerar os
dados ligados à história clínica, avaliações funcionais e avaliação posturográfica, módulo
igualmente incluído na STATITTESTTM. A Posturografia multisegmentos
STATITESTTM permite avaliar a estabilidade postural, visualizando o contributo das
aferências somatosensorias, visuais e vestibulares, para a manutenção do equilíbrio,
através de diferentes condições de teste (Teste clínico de Interacção no Equilibrio). Além
disto, este equipamento mostra as estratégias adoptadas pelo indivíduo ao longo das
várias condições de teste. Este modelo contempla seis condições de teste, sendo cada uma
delas repetida três vezes, nomeadamente: 1ª- em Plano Fixo com Olhos Abertos (OA);
2ª- em Plano Fixo com Olhos Fechados (OF); 3ª- em Plano Instável com OA; 4ª- em
Plano Instável com OF; 5ª- Prova Impulsional com OA; 6ª- Prova Impulsional com OF.
Programa de Reeducação na Plataforma é iniciado pela realização das Medidas de
Superfície, que fornecem a primeira informação objectiva sobre os limites de estabilidade
do indivíduo, para além dos quais se pode registar queda. Numa perspectiva de tratamento
e (re) avaliação, o doente realiza ainda as Medidas de Evolução (que englobam as
Medidas de Estabilidade e o Campo do Equilíbrio). As Medidas de Estabilidade medem
a evolução da estabilidade postural, ou seja, o doente deve conservar-se o mais estável
que puder e deslocar-se o menos possível, em diferentes situações visuais [OA, OF, com
estimulação optocinética (NOC) vertical e horizontal] e diferentes condições
proprioceptivas (em plano fixo, sobre espuma, trampolim e Plataforma de Bessou). O
Campo do Equilíbrio é um exercício semelhante às Medidas de Superfície, em que o
doente é representado por um círculo amarelo e o movimento efectuado, por intermédio
da mobilização do seu CdG (centro de gravidade), por uma superfície circunscrita a preto
que vai evoluindo. Ainda dentro das possibilidades de reeducação, inclui-se o jogo
interactivo das “Maçãs”. O objectivo deste jogo consiste em obrigar o paciente a deslocar
o seu centro de gravidade, mobilizando para tal a cintura pélvica, em vários sentidos,
nomeadamente para onde possuir estratégias de equilíbrio mais débeis. Este exercício
obriga assim o doente a deslocar as ancas em vários sentidos, movimento esse que faz
deslocar no monitor uma pequena "minhoca", o interface, que deve tocar os objectos
representados. Assim que a minhoca toca durante algum tempo no objecto este vai-se
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
destruindo progressivamente, durante um período pré-determinado. O exercício das
“Maçãs” baseia-se na estimulação das transferências de peso, facilitação e estimulação
da dissociação das cinturas escapular e pélvica, mediante biofeedback visual e/ou sonoro.
Este exercício é utilizado para: aumentar/ maximizar o controlo motor, desencadear,
desenvolver e aperfeiçoar as estratégias de equilíbrio (torná-las mais eficazes e
adequadas) em todos os quadrantes, mas especialmente naqueles em que o doente
apresenta estratégias de equilíbrio mais diminuidas, ou em que estão ausentes
(informação proporcionada também pelas Medidas de Superfície e Campo do Equilíbrio),
empiricamente corrigir eventuais desvios do centro de gravidade, aumentar/ maximizar
os limites de estabilidade e aumentar/ maximizar a estabilidade postural (Centro Técnico
Hospital, 1999), (Luzio & Benzinho, 2004).
Este exercício contém inúmeros parâmetros que o programa permite alterar, no
sentido de proporcionar um maior grau de dificuldade, bem como adequá-lo às
necessidades do doente, nomeadamente: o nível de dificuldade pode variar de 1 a 10, o
que obriga o doente a estabilizar o seu centro de gravidade (minhoca) e, por conseguinte,
a postura, durante mais tempo, sobre o objecto (maçã) para o destruir, aperfeiçoando as
estratégias de equilíbrio e a estabilização postural. O tamanho dos objectos também pode
ser diminuído progressivamente, o que exigirá maior precisão de movimentos, isto é, uma
maior estabilização do centro de gravidade no objecto para o destruir, bem como
estratégias de equilíbrio mais aperfeiçoadas. O tempo disponível para a realização da
prova também poderá ser alterado. Com um tempo de prova menor, o doente necessitará
de maior habilidade de movimento, com estratégias de equilíbrio eficazes e adequadas a
cada um dos quadrantes, bem como uma boa estabilização postural para conseguir
manter, imediatamente, sem erros, o seu centro de gravidade. O nível de dificuldade pode
ainda ser agravado, aumentando a amplitude de deslocação. Em função da amplitude de
deslocação, o doente tem de mobilizar mais ou menos o seu centro de gravidade, em
relação à posição de equilíbrio, o que vai implicar por um lado o aumento/ maximização
dos seus limites de estabilidade com aperfeiçoamento das estratégias de equilíbrio e
aumento/ maximização da dissociação de cinturas escapular e pélvica; e por outro uma
maior precisão de movimento. Este exercício possibilita ainda a escolha da disposição
dos objectos, seja de modo constante ou aleatório. Após a realização de cada um dos
exercícios, o programa permite a visualização do tempo que o doente levou a realizar o
exercício, a distância percorrida em cm pelo seu centro de gravidade e ainda a distância,
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
sendo que a partir da conjugação destes parâmetros, pode-se avaliar a evolução do doente
(Centro Técnico Hospital, 1999), (Luzio & Benzinho, 2004).
Há ainda a salientar que o programa STATITESTTM tem alguns destes exercícios
pré-definidos, mas é possível, a qualquer momento, construir um novo para cada doente,
de acordo com as necessidades sentidas no momento, ou seja, é possível colocar os
objectos onde o doente tem maior dificuldade em mobilizar o seu centro de gravidade,
corrigindo estes desvios, facilitando e estimulando estratégias de equilíbrio mais
adequadas e eficazes. Considera-se ser portanto, um exercício lúdico, apelativo e de fácil
compreensão e adesão (Luzio & Benzinho, 2004).
Particularidades – VPPB
Manobra de Dix-Hallpike:
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
1. O paciente começa na posição neutra;
2. A cabeça é virada rapidamente para o lado direito;
3. Verificar a existência do nistagmo (geotrópico ou ageotrópico);
4. Virar para a posição neutra até o nistagmo desaparecer;
5. Virar para o lado esquerdo rapidamente;
6. Verificar a existência de nistagmo (geotrópico ou ageotrópico).
Manobra de Semont
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
Figura 3.4 – Manobra de Semont
Procedimento:
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
Manobra de Epley
Procedimento:
Manobra de Barbecue
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
Manobra/Exercicios de Brandt-Daroff
Os exercícios de Brandt-Daroff podem ser realizados pelo doente em casa, sob risco
de não o fazerem correctamente. Estes exercícios geralmente indicados em casos muito
persistentes de VPPB ou como suplemento da manobra de Epley ou da manobra de
Semont.
Considerações
Em alguns doentes apesar de se observar o nistagmo rotatório típico, verifica-se um
espontâneo quando ele se extingue – faz prever uma patologia labiríntica prévia.
Em VPPB bilaterais, apesar de mais intensas de um lado, devem-se fazer
sucessivamente a manobra libertadora aos dois lados, começando pelo lado pior.
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
Particularidades – Envelhecimento
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
tratáveis e oferecer aos pacientes e familiares intervenções terapêuticas apropriadas (Melo
& Azevedo, 2007).
Para além de todas as causas acima referidas, a população idosa é a população
com predominante sintomatologia de instabilidade, tontura e perda de equilibrio, podendo
ser resultado de diversas doenças, contudo em 85% dos casos são decorrentes de
desordens funcionais primárias e secundárias do sistema vestibular. Sendo que esta
sintomatologia acima referida tem como principal complicação a queda. (Santana et al
2006)
Segundo Ganança et al, 2006, as quedas apresentadas pelos pacientes
vestibulopatas ocorrem principalmente fora do domicílio mas num ambiente conhecido.
Para os idosos com disfunção vestibular crónica, as tarefas tornam-se mais complicadas
de serem realizadas à medida que o ambiente exige maior controlo postural. Fora do
domicílio, a estabilização do campo visual, os movimentos de cabeça e tronco e,
sobretudo, o equilíbrio dinâmico são potencialmente mais exigentes e mais precisos.
Entre as diversas disfunções vestibulares, a causa de origem vestibular mais
frequente nos idosos, que levam ao aparecimento de vertigem ou tontura e
consequentemente à origem de queda, é a VPPB, isto é, vertigem posicional paroxística
benigna.
Tendo em conta o processo fisiológico de senescência as pessoas idosas, que
relatem ou não a presença de instabilidade postural e/ou o evento de queda, devem ser
submetidas, a exercícios de estimulação vestibular. Serão exercícios com carácter
preventivo e curativo em relação às alterações do equilíbrio e ao risco de quedas. Por
outro lado, idosos com alterações de equilíbrio marcadas devem seguir um programa de
RV rigoroso, específico e personalizado. Visto estar demonstrado que este conceito reduz
as consequências dos deficits de equilíbrio e de melhorar a QV do idoso.
78
Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
processamento da informação sensorial no cerebelo seja melhorado, e assim optimizado
o componente periférico.
Tendo em conta o raciocínio inerente à reabilitação do equilíbrio (contendo a RV),
utiliza-se vários estímulos expondo o paciente a desafios de equilíbrio, estudando quais
as suas principais dificuldades. (Herdman et al, 2007).
Pode-se aqui referir que a reabilitação vestibular sobrepõe-se um pouco com a
neurológica, porque apresentam objectivos iguais com abordagens e mecanismos
diferentes, optimizando o outcome obtido. (Brown et al, 2006)
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
CAPITULO VI
CONSIDERAÇÕES FINAIS
81
Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS
Bertol, E. & Rodríguez, C. A. (2008) From dizziness to vertigo: a proposal for the
management of the vertiginous patient in Primary Care Rev. APS, 11 (1) pp. 62-
73
Brown, K.E et al (2006). Physical therapy for central vestibular dysfunction. Arch
Phys Med Rehabil. 87 pp.76-81.
Furman, J.M. & Whitney S.L. (2000) Central causes of dizziness. Physical
Therapy. 80 pp.179 –187
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Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
Herdman, S. (2014). Vestibular Rehabilitation. (4th edition) Philadelphia: F. A.
Davis Company
Seeley, R.R., Stephens, T.D, & Tate, P. (2011). Anatomia e Fisiologia (8ª edição)
Loures: Lusociência
84
Abordagens Específicas em Fisioterapia – Introdução à Reabilitação Vestibular
MATERIAL DE APOIO
Bibliografia essencial
Bibliografia complementar
Links de interesse
http://www.dizziness-and-balance.com/
http://www.vestibularseminars.com
http://www.otoneuro.pt/
https://vestibular.org/
Aplicações
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ANEXOS
Sentar/levantar da cadeira
Deitar/levanter da cama
Pequenas compras
A pontuação da FES é a soma das pontuações obtidas em cada um dos 10 itens. A pontuação
máxima possível é de 100 e a de mínima 10. Assim sendo, quanto mais elevada é a pontuação,
maior é a confiança, traduzindo-se numa elevada auto eficácia.
In Melo (2011) Adaptação cultural e validação da escala “Falls Efficacy Scale” de Tinetti Ifisionline Vol. 1 (2): pp. 33-43
Teste de equilíbrio (Instruções: Utente sentado numa cadeira rígida, sem braços)
1. Equilíbrio sentado 0 – Inclina-se ou desliza na cadeira
1 – Estável, seguro
2. Levanta-se da cadeira 0 – Incapaz sem ajuda
1 – Capaz, usa membros superiores para auxiliar
2 – Capaz de se levantar, uma tentativa
3. Tentativas para se levantar 0 – Incapaz sem ajuda
1 – Capaz, requer mais de uma tentativa
2 – Capaz de se levantar, uma tentativa
4. Equilíbrio de pé imediato 0 – Instável (cambaleia, move os pés, oscila o tronco)
(primeiros 5 1 – Estável, mas usa dispositivo de auxílio à marcha
segundos) 2 – Estável, sem dispositivo de auxílio
5. Equilíbrio de pé 0 – Instável
1 – Instável, mas aumenta a base de suporte (entre os
calcanhares maior que 10 cm de afastamento) e usa
dispositivo de auxílio
2 – Diminuição da base sem dispositivo de auxílio
6.Desequilíbrio ao extremo (utente na 0 – Começa a cair
posição de pé com os pés o mais 1 – Cambaleia, agarra-se e segura-se em si mesmo
próximos possível, o examinador 2 – Estável
empurra suavemente o utente na altura
do esterno com a palma da mão 3
vezes seguidas)
7. Olhos fechados 0 – Instável
1 – Estável
8. Girar 360º 0 – Instabilidade (agarra-se, cambaleia)
1 – Passos descontinuados
2 – Continuidade
9. Sentar-se 0 – Inseguro (não avalia bem a distancia, cai na
cadeira)
1 – Usa os braços ou não tem movimentos suaves
2 – Seguro, movimentos suaves
Teste de marcha
(Instruções: Utente de pé com o examinador, caminha num corredor ou sala, primeiro no seu
ritmo normal, e em seguida rápido, porém muito seguro, com os dispositivos de auxilio à
marcha usuais)
1. Iniciação da marcha 0 – Após a ordem “vá” (qualquer hesitação ou múltiplas
tentativas para iniciar)
1 – Sem hesitação
O objectivo do teste “Índice da Marcha Dinâmica (Dynamic Gait Index)” é avaliar o equilíbrio
durante a marcha em diferentes contextos de tarefas funcionais. É constituído de oito tarefas
funcionais que incluem marcha em superfície plana, mudanças na velocidade da marcha,
movimentos horizontais e verticais da cabeça, passar por cima e contornar obstáculos, giro sobre
seu próprio eixo corporal, subir e descer escadas.
5. Marcha e rotação
Instruções: Comece a andar no ritmo normal. Quando eu disser ‘vire-se e pare’, vire o mais rápido
que puder para a direção oposta e pare.
Pontuação: marque a categoria inferior que se aplica
(3) Normal: Consegue virar com segurança dentro de 3 segundos e pára rapidamente, sem
nenhuma perda do equilíbrio.
(2) Comprometimento mínimo: Consegue virar com segurança < 3 segundos e pára sem
nenhuma perda do equilíbrio.
(1) Comprometimento moderado: Vira lentamente, precisa de dicas verbais, precisa dar vários
passos curtos para recuperar o equilíbrio após virar ou parar.
(0) Comprometimento severo: Não consegue girar com segurança, precisa de ajuda para virar
e parar.
8. Degraus
Instruções: Suba estes degraus da maneira que você faz em casa (isto é, usando o corrimão se
necessário). Quando chegar ao topo, vire e desça novamente.
Pontuação: marque a categoria inferior que se aplica
(3) Normal: Alternando os pés, sem usar o corrimão.
(2) Comprometimento mínimo: Alternando os pés, mas precisa usar o corrimão.
(1) Comprometimento moderado: Coloca os 2 pés no degrau, precisa usar o corrimão.
(0) Comprometimento severo: Não consegue fazer de forma segura.
In Castro SM. (2005). Versão brasileira do Dynamic Gait Index: adaptação cultural e estudo de confiabilidade [Dissertação]. São
Paulo; Universidade Bandeirante de São Paulo
Nome:__________________________________________________________
Idade:__________________ Data:___/___/_____
In Garcia,V. et al (2008) Validação e adaptação do dizziness handicap inventory para a língua e população portuguesa de Portugal, ACTA ORL/Técnicas em
Otorrinolaringologia Vol. 26 (2: 128-132)
O Examinador
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