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PARTE II
GRAMÁTICA
Fonética e fonologia
Fonética
No acto da fala, produz-se um contínuo sonoro que está associado às propriedades físicas dos sons, à sua
própria produção e à sua percepção. Estas são as áreas em que, tradicionalmente, se subdivide a fonética.
- articulatória
Fonética - acústica
Fonética articulatória - perceptiva
A fonética articulatória estuda os movimentos do aparelho fonador, aquando da produção dos sons, ou seja, da
emissão da mensagem.
Para que haja produção
dos sons característicos
da fala humana é
necessário estarem
reunidas três condições:
corrente de ar, obstáculo à
corrente de ar e caixa de
ressonância.
Estas condição
são reunida pelo aparelho
fonador humano,
constituído pelas
seguintes partes:
- os pulmões, os
brônquios e a traqueia –
órgãos respiratórios que
fornecem a corrente de ar
envolvida na produção
dos sons;
- a laringe, onde
se localizam as cordas
vocais, cuja vibração
intervém na realização de
alguns sons;
- as cavidades supralaríngeas (faringe,
boca e fossas nasais), que funcionam como
caixas de ressonância.
na traqueia, chegando à laringe. Na laringe, o ar encontra o primeiro obstáculo à sua passagem, a glote, responsável
pelo escoamento do fluxo de ar pulmonar, que fica à altura da chamada maçã-de-adão e é a abertura entre duas pregas
musculares das paredes superiores da laringe, chamadas cordas vocais.
As cordas vocais podem estar fechadas ou abertas. Se estiverem abertas, o ar passa sem obstáculo,
originando um som surdo; se estiverem fechadas, o ar força a passagem fazendo vibrar as cordas vocais e dando
origem a um som sonoro.
Para se perceber melhor a distinção entre sonoro e surdo, atente-se na pronúncia de duas consoantes como
/k/ [> surdo] e /g/ [> sonoro], colocando os dedos na maçã-de-adão. Na primeira produção, não é sentida vibração, mas,
na segunda, é sentida uma leve vibração.
Após a saída da laringe, o ar entra na faringe, um cruzamento com duas vias de acesso ao exterior, a boca e
as fossas nasais. No meio, encontra-se o véu palatino que funciona como uma válvula entre as regiões oral e nasal. Ao
passar livremente pelas duas cavidade, o ar origina um som nasal; se a passagem pela cavidade nasal for impedida,
obrigando-o a passar apenas pela cavidade bucal, o resultado é um som oral.
Pode constar-se esta diferença, comparando /a/ [> oral] e /ã/ [> nasal] ou /o/ [> oral] e /õ/ [> nasal] em palavras
como: cato/canto e cota/conta, onde a primeira vogal do par de palavras é oral e a segunda é nasal.
É na cavidade bucal, caixa de ressonância, que ao separar mais ou menos os maxilares, usar as bochechas e,
especialmente a mobilidade da língua e dos lábios, que são modulados e é produzida uma infinidade de sons, utilizando
também o palato, o véu palatino, a úvula e os alvéolos.
Conforme seu papel, os órgão do aparelho fonador distinguem-se em activos e passivos.
- órgãos activos: aqueles que se movimentam para a realização dos sons da fala;
- órgãos passivos: aqueles que não se movimentam para a realização da fala.
Fonética acústica
A fonética acústica estuda a transmissão da mensagem, a sua natureza física, sendo o som estudado como
um fenómeno vibratório que possui certas características: amplitude, duração, frequência.
Para que o som seja possível, são necessários três requisitos:
- fonte de energia: proporciona uma vibração que, na fala, corresponde à formação de um fluxo de ar,
necessário à produção da fala;
- fonte sonora: movimentação vibratória do(s) corpo(s) originada pela fonte de energia;
- caixa de ressonância: elementos que irão moldar o som (faringe, boca, fossas nasais).
A partir do momento em que o som é formado, este propaga-se através do ar cmo uma onda sonora que pode
ser medida pela sua…
- frequência, número de oscilações completas que ocorrem por segundo, sendo a sua unidade o Hertz (Hz);
- amplitude, força da vibração responsável pela onda sonora, a qual é medida em decibéis (dB).
No entanto, o ouvido humano não é capaz de identificar todos os tipos de sons. Os únicos sons audíveis têm
uma frequência entre 20 Hz e 20 000 Hz (20 kHz). Os sons acima desta faixa são chamados de ultrassons e os que
estão abaixo são chamados de infrassons.
Fonética perceptiva
A fonética perceptiva (auditiva) estuda a percepção dos sons, desde o aparelho auditivo à recepção da fala.
O aparelho auditivo, responsável pela transformação do som em impulsos nervosos que são transmitidos como
mensagens para o cérebro que as descodifica e interpreta, torna possível a compreensão do enunciado.
O aparelho auditivo humano está dividido em três partes, cada uma com funções distintas e indispensáveis
para o bom funcionamento da audição: ouvido externo, ouvido médio, ouvido interno.
Ouvido interno, composto pela cóclea, pelo aparato vestibular e pelo órgão de Corti.
Pela Coordenação do Curso de Língua Portuguesa
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Curso de Língua Portuguesa – PARTE II – GRAMÁTICA
- Cóclea: canal em forma espiral onde estão os fluidos responsáveis pela transformação das vibrações
provenientes do ouvido médio em ondas de compressão;
- Órgão de Corti: responsável pela transformação das ondas de compressão em impulsos que são enviados ao
cérebro para serem descodificados;
- Aparato vestibular: formado por três canais semicirculares que se juntam numa zona central, o vestíbulo. Ao
vestíbulo está ligada a cóclea, sede do sentido da audição. Ao conjunto destas duas estruturas chama-se labirinto.
As funções do aparato vestibular são auxiliar na manutenção do equilíbrio e na compensação dos movimentos
da cabeça, para controlar o movimento dos olhos, evitando assim que a visão fique desfocada.
Por fim, o cérebro é o grande responsável pela descodificação da mensagem coptada pelo ouvido em forma de
sequência de sons de fala. À capacidade de identificar e interpretar estas sequências emitidas em impulsos dá-se o
nome de percepção da fala.
Fonologia
A fonética, que estuda a natureza física da produção, propagação e percepção dos sons da fala (fones), está
intimamente relacionada com a fonologia, que tem como objecto de estudo a variedade dos sons e a forma como se
organizam num sistema de contrastes. O trabalho da fonologia reside no interior de uma dada língua, estudando o
papel de cada som e o seu valor distintivo. Além disso, a fonologia estuda tópicos como a estrutura silábica, o acento e
a entoação.
Em português nem todos os sons que pronunciamos têm o mesmo valor, por exemplo, na palavra erro é o
timbre, fechado ou aberto, da vogal tónica que vai estabelecer uma relação de oposição entre o nome e o verbo.
Na série de palavras: faca, vaca, laca, saca, maca, tem-se cinco palavras que apenas se distinguem pela
consoante inicial.
Todo o valor distintivo entre duas palavras de uma língua é estabelecido em termos de oposição ou contraste
entre dois sons, o que revela que cada um desses sons tem uma representação física, que é o fonema. Os sons
vocálicos e consonânticos diferenciadores destas palavras correspondem assim a fonemas diversos.
Os sons linguísticos
Para a classificação dos sons é importante ter em consideração três aspectos:
- como são produzidos;
- como são transmitidos;
- como são entendidos.
Tradicionalmente, devido à complexidade de uma classificação baseada na transmissão e compreensão, a
classificação dos sons assenta essencialmente no modo como os sons são produzidos, na sua articulação. Contudo,
alguns pontos de classificação também se baseiam no modo como são transmitidos, na sua acústica.
Semivogais ou glides
As semivogais ou glides situam-se entre as vogais e as consoantes e são os fonemas /i/ e /u/ que quando
juntos a uma vogal, formam uma sílaba. Na transcrição fonética estas vogais assilábicas transcrevem-se [j] e [w].
Vejamos, a título de exemplo:
- decrescentes ou verdadeiros, quando a semivogal vem depois da vogal. Ex.: meu, pai, herói, Caetano, intuito.
- crescentes ou falsos, quando a semivogal antecede a vogal. Ex.: tranquilo, igual, equestre, eloquente.
- orais, quando constituídos por uma vogal oral; Ex.: mau, pai, boi, qual, leite, sorriu.
- nasais, quanto constituídos por uma vogal nasal; Ex.: mãe, não, salão, põe, Camões, amam, tem, muito.
Em português apenas os ditongos crescentes são estáveis, ou seja, são pronunciados como ditongos e nunca
como sequências de duas vogais. A pronúncia dos ditongos crescentes, exceptuando os que são constituídos pela
semivogal [w] precedida das consoantes [k] (grafia q, quadra) ou [g] (água) pode alternar com a pronúncia das mesmas
sequências gráficas como vogais pertencendo a sílabas diferentes. Veja-se o que acontece com as sequências ia, ie,
io, ao, ua, eu, uo em palavras como glória, série, génio, lagoa, água, ténue, resíduo, que ditas rapidamente podem ser
pronunciadas como ditongos crescentes e numa fala pausada podem ser pronunciadas como duas vogais de sílabas
diferentes, ou seja, como hiatos.
Tritongos
Os tritongos são formados por uma semivogal, uma vogal e outra semivogal, podendo ser classificados,
segundo a sua natureza composicional, como orais ou nasais. Ex.: enxaguei, delinquiu; xaguão, delínquem, xaguões.
Hiato
Os hiatos são formados pelo encontro de duas vogais que pertencem a sílabas diferentes. Não constituem
ditongo, uma vez que não se trata de uma vogal e de uma semivogal pronunciadas de forma contínua. São duas vogais
pronunciadas de modo distinto, pois pertencem a sílabas distintas.
Compare-se:
- pais (plural de pai) em que o encontro ai se pronuncia numa só sílaba [ʹpaiʃ].
- país (região) em que o a pertence a uma sílaba e o i a outra [paʹiʃ].
O alfabeto da Língua Portuguesa é formado por vinte e seis letras. Cada uma delas com uma forma minúscula
e outra maiúscula.
MINÚSCUL MAÍUSCUL
MAÍUSCULA DESIGNAÇÃO MAÍUSCULA MINÚSCULA DESIGNAÇÃO MINÚSCULA DESIGNAÇÃO
A A
A a Á J j jota S s esse
B b Bê K k capa ou cá T t tê
C c Cê L l ele U u u
D d Dê M m eme V v vê
E e Ê N n ene W w dáblio ou dâbio
F f Efe O o ó X x xis
G g gê ou guê P p pê Y y ipsilon
H h Agá Q q quê Z z zê
I i i R r erre
GRAFIA Ç DÍGRAFOS Rr Ss Ch Lh Nh Gu Qu
DESIGNAÇÃ
O
cê cedilhado ou cê-cedilha erre duplo esse duplo cê-agá ele-agá ene-agá guê-u quê-u
- Til
O til (~) emprega-se sobre o a e o para indicar que estas vogais são nasais. Ex.: órfã, sermões.
- Apóstrofo
O apóstrofo (') usa-se para assinalar a supressão de um fonema (geralmente vogal), ou de uma sequência de
letras, no verso, na língua oral ou em palavras compostas ligadas pela preposição de. Ex.: minh'alma (por minha alma),
c'roa (por coroa), ‘tá (por está).
- Cedilha
A cedilha (,) coloca-se debaixo da letra c, antes de a, o e u, passando assim aquela letra a representar a
fricativa surda /s/. Ex.: caça, açúcar, preço.
- Hífen
O hífen (-), ou traço de união, emprega-se:
a) para indicar a divisão silábica na translineação;
b) para ligar a preposição de às formas monossilábicas do presente do indicativo do verbo haver; Ex.: hei-de,
hás-de;
c) para ligar os pronomes enclíticos às formas verbais, quando eles se seguem ou neles se intercalam; Ex.:
lavo-me, levar-te-ei;
d) para ligar ocasionalmente encadeamentos vocabulares; Ex.: o desafio Portugal-Espanha;
e) para ligar palavras compostas por justaposição; Ex.: couve-flor, amor-perfeito, pão-de-ló;
f) em palavras derivadas por prefixação; Ex.: além-mar, recém-casado, co-autor, ex-ministro, bem-aventurado, sem-
razão, vice-almirante, ab-rogar, co-habitar, ante-histórico, anti-ruga, contra-senso, circum-navegar, hiper-rugoso, sub-bibliotecário.
O hífen não se emprega na formações em que o prefixo ou falso prefixo termina em vogal e o segundo
elemento começa por r ou s, devendo estas consoantes duplicar-se. Ex.: antirreligioso, antissemita, contrarregra,
contrassenha, cosseno, extrarregular, infrassom, minissaia, biorritmo, biossíntese, electrossemáforo, microssegundo, microrregião .
O hífen não se emprega, ainda, nas formações em que o prefixo, ou pseudoprefixo, termina em vogal e o
segundo elemento começa por vogal diferente. Ex.: antiaborto, coeficiente, extraordinário, aeroespacial, auto-aprendizagem,
agro-industrial, hidroeléctrico, plurianual .
- Trema
..
O trema ( ) é usado nas palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros. Ex.: Hüber, Müller, Wölfflin;
hübneriano, mülleriano, wölffliniano.
Acentos gráficos
Os acentos gráficos são sinais diacríticos com os quais se indica, na escrita, a pronúncia de um vogal ou a
sílaba tónica de uma palavra.
O acento grave utiliza-se para marcar a contracção da preposição a com o artigo definido a ou com pronome
demonstrativo começando por a, assim com:
. na contracção da preposição a com as formas femininas do artigo ou pronome demonstrativo o. Ex.: à (de
a+a), às (de a+as).
O acento circunflexo utiliza-se para assinalar a vogal tónica oral ou nasal, se esta for a, e ou o fechados, assim
como…
. na sílaba final de uma palavra, quando a vogal respectiva seja o ou e fechados. Ex.: avô, francês, vê.
. na vogal fechada da sílaba tónica das palavras esdrúxulas. Ex.: câmara, esplêndido, estômago.
Sinais de pontuação
Os sinais de pontuação são recursos gráficos próprios da linguagem escrita. Embora não consigam reproduzir
toda a riqueza melódica da linguagem oral, eles estruturam os textos e procuram estabelecer as pausas e as entoações
da fala. Basicamente, têm como finalidade…
- assinalar as pausas e as inflexões de voz (entoação) na leitura;
- separar palavras, expressões e orações (que devem ser destacadas);
- esclarecer o sentido da frase, afastando qualquer ambiguidade.
Os sinais gráficos utilizados na pontuação são: ponto (.), vírgula (,), ponto e vírgula (;), dois pontos (:), ponto de
interrogação (?), ponto de exclamação (!), reticências (…), travessão (–).
a) O ponto (.) marca o fim de uma frase de tipo declarativo e corresponde-lhe uma pausa longa. Também se
utiliza na formação de abreviaturas.
b) A vírgula (,) marca uma pausa breve e usa-se para separar…
- elementos de uma enumeração. Ex.: O João comprou livros, cadernos, lápis e uma pasta.
- o vocativo. Ex.: Nuno, fecha a porta.
- os complementos circunstanciais, de modo geral. Ex.: Ontem, à tarde, estive na biblioteca.
- as orações subordinadas que precedem as subordinantes ou nelas estão incorporadas. Ex.: Porque choveu
muito, as batatas apodreceram. O João, quando tu chegaste, estava a tocar violino.
- as orações ligadas assindeticamente, isto é, sem ser por conjunção. Ex.: O Luís levantou-se, abriu a janela, olhou
para o céu azul e sorriu.
- uma oração intercalada ou a relativa explicativa. Ex.: Na próxima semana, informou o meteorologista, o tempo vai
melhorar. O João e a Marta, que já entregaram o exercício, podem sair.
- as conjunções e locuções conjuncionais mas, porém, portanto, por conseguinte… Ex.: A Rita queria levantar-se,
mas não tinha força. Todos os alunos saíram, o Rui, porém, ficou a acabar o trabalho.
- o aposto. Ex.: D. Dinis, o Lavrador, mandou plantar o pinhal de Leiria.
- emprega-se ainda, para evitar a repetição desnecessária de um verbo. Ex.: O Zé é de Cabinda; a Maria, do
Huambo; o Hélder, de Malanje.
A vírgula nunca se utiliza
. Para separar o sujeito de predicado. Ex.: «A Faculdade de Psicologia, reabriu em novas instalações.»
. Para isolar orações relativas adjectivas restritivas. Ex.: «O rapaz, que partiu o candeeiro, terá de o pagar.»
. Entre dois elementos separados pela conjunção coordenativa copulativa. Ex.: «Puskas, Di Stefano, e Valdano
foram figuras históricas do Real Madrid.»
c) O ponto e vírgula (;) frequentemente marca o fim de uma frase e corresponde-lhe uma pausa mais ou
menos longa. Emprega-se…
- para separar as orações coordenadas, sobretudo se são extensas ou formadas por elementos separados por
vírgulas. Ex.: O museu é um centro de cultura; dá a conhecer obras de autores do passado e do presente; torna viva a história de
um povo e ajuda a formar a consciência colectiva.
- em vez de vírgula, quando duas ou mais orações subordinadas dependem da mesma subordinante. Ex.: Não
te esqueças que nós vamos sair; que o teu irmão já fica a dormir; que deves apagar as luzes e deitares-te cedo.
- para separar os vários itens de enunciados, como acontece, por exemplo, em textos de teor legal (leis,
decretos, portarias, regulamentos, estatutos), textos didácticos etc. Ex.:
São deveres do aluno:
a) ser respeitado, nas suas ideias, bens e funções por todos os órgãos e estruturas existentes na escola, e ser ouvido sobre todos
os assuntos que lhe digam directamente respeito;
b) eleger e ser eleito para os órgãos da escola, de acordo com a legislação em vigor e as regras previstas nos normativos internos
da escola;
c) reivindicar, individual ou colectivamente, junto dos órgãos e estruturas da escola, a melhoria dos processo de
ensino/aprendizagem;
d) tomar posição sobre qualquer assunto da vida da escola;
e) participar na elaboração e definição das regras de trabalho e de convívio;
(…)
d) Os dois pontos (:), a que corresponde uma pausa longa, empregam-se para introduzir uma citação (discurso
directo ou não) ou para anunciar uma enumeração ou uma explicação. Ex.: Abri a janela e sorri: o dia estava maravilhoso.
Fui ao mercado e comprei frutos variados: maçãs, uvas, bananas e pêssegos. E o avô abriu: “Quem tudo quer tudo perde”.
e) O ponto de interrogação (?) assinala uma frase interrogativa (directa) e a sua entoação; corresponde-lhe
uma pausa longa. Ex.: Já foste, hoje, ver o teu avô?
O ponto de interrogação não se usa nas frases interrogativas indirectas. Ex.: Perguntei-lhe se queria ir ao cinema .
Para denotar surpresa por vezes combina-se o ponto de interrogação com o ponto de exclamação. Ex.: Trinta e cinco dias
e trinta e cinco noites sobre o mar. E que mar?!
f) O ponto de exclamação (!) assinala uma frase exclamativa e a sua entoação; corresponde-lhe
também uma pausa longa. Ex.: Que lindo vestido compraste!
Também chamado ponto de admiração, o ponto de exclamação coloca-se no final das frases que retractam
emoções e sensações: surpresa, dor, alegria, indignação, revolta, entusiamo etc.
g) As reticências (…) marcam uma pausa correspondente a uma interrupção ou suspensão da mensagem. Ex.:
Se tu soubesses…
h) O travessão (-), a que corresponde também uma pausa mais ou menos longa, serve para…
- no diálogo, introduzir, em discurso directo, a intervenção de um locutor. Ex.: E o aluno respondeu: - Sei eu.
- isolar uma palavra ou outros elementos num texto. Ex.: A verdade – julgo eu – é a que tu conheces.
- destacar, dando ênfase, a parte final de um enunciado. Ex.: Exacta, sei-a – eu dividi / Para dar-ta inteira – a minha
vida.
- exprimir um enquadramento ou uma sucessão na narrativa ou numa enumeração. Ex.:
Numa apresentação oral deve considerar:
- colocar o público à vontade,
- manter o contacto visual com o público,
- modelar a voz para tornar o discurso mais vivo e interessante,
- deixar as mãos livres.
- indicar uma relação de analogia ou de oposição entre dois termos. Ex.: Sempre foi uma relação de amor-ódio.
a) Os parênteses curvos (( )) servem para isolar uma palavra ou palavras, ou até uma ou mais frases (uma
explicação, reflexão, reacção emocional etc.), no conjunto do texto; corresponde-lhes uma pausa mais ou menos longa.
Ex.: O João olhou a prateleira (era onde costumava estar a fotografia do pai) e suspirou.
Os parenteses curvos servem ainda para assinalar uma alínea. Ex.: a) / b) / c)
b) Os parênteses rectos ou colchetes ([ ]), utilizados na Língua Portuguesa, na Matemática, na Informática e
outras áreas, tem um uso restrito. Serva para…
- intercalar, numa frase, observações próprias. Ex.: Dir-me-ão que é limite: deixa ser. / Se me dobrou demais por ser
mulher / [esta rima, mas foi só por acaso]
- isolar uma construção que internamente já está separada por parênteses. Ex.: O estudo clarifica [os riscos do
uso de substâncias químicas (pesticidas e fertilizantes) na agricultura] e propõe uma mudança para um tipo de agricultura
mais natural, a agricultura biológica ou orgânica.
- registar a transcrição fonética. Ex.: [’fiʎu] filho.
- indicar a supressão de partes de um texto. É necessário incluir as reticencias. Ex.: Rosa – disse-lhe ele –, o
linhar não vale vinte e cinco libras, vale quarenta sem regateio […] Por esse preço não vendas, que nem Deus te perdoa…
c) A barra oblíqua ( / ) pode, em contexto, indicar…
- oposição. Ex.: bem/mal, verdadeiro/falso, vivo/morto.
- especificação do ano, em documentos legislativos oficiais. Ex. Decisão 97/481/CE, Decreto-Lei nº 55/2009, de 2
de Março
- os elementos de uma data escrita em algarismos. Ex.: 14/02/2018
- o final de um verso, numa citação linear. Ex.: Ser poeta é ser mais alto, é ser maior / Do que os homens! Morder
como quem beija! / É ser mendigo e dar como quem seja / Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
- a mudança de estrofe, quando a barra está duplicada. Ex.: Valeu a pena? Tudo vale a pena / ?Se a alma não é
pequena. // Quem quer passar além do Bojador / Tem que passar além da dor .
A barra oblíqua é ainda utilizada…
- na representação de fonemas. Ex.: /n/, /g/, /ʀ/, /?/
- na divisão das sílabas métricas. Ex.: As / ar / mas / e os / ba / rões / a / ssi / la(dos).
d) As aspas (« ») e as comas ( “ ”) servem para distinguir uma citação do resto do texto. O sinal pontuação
coloca-se depois das aspas, sempre que a pausa coincide com o fim das transcrição de parte de uma frase. Quando se
transcreve toda a frase, o sinal de pontuação coloca-se antes de fechar as aspas ou as comas. Estes sinais auxiliares
da escrita servem para…
- indicar o início e o fim de uma citação destando-a do resto do texto. Ex.: Como diz Fernando Pessoa «Pedras no
caminho? / Guardo todas, um dia vou construir um castelo…», assim também eu penso .
- evidenciar palavras ou expressões que não são de uso habitual, geralmente estrangeirismos, empréstimos,
neologismos, regionalismos, arcaísmos etc. Ex.: O movimento «slow food» está a ganhar adeptos por todo o mundo .
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- realçar a expressividade de uma palavra ou expressão. Ex.: A Margot voltou, viu o «seu» livro nas minhas mãos e
franziu a testa. / «Amigo» vai ser, é já uma grande festa !
- indicar que uma palavra ou expressão é usada em sentido figurado. Ex.: No Paquistão, as crianças são
«esventradas» à nascença. Roubam-lhes os sonhos, os sorrisos, a inocência e a infância, mas aprendem a andar .
- acentuar a ironia de uma palavra ou expressão. Ex.: Pomos à prova todas as nossas capacidades de
«socialização», enfim, de sobreviver fora de um ambiente que não seja propriamente o nosso .
- indicar o título de uma obra. Ex.: Em «O gorro Vermelho», um título e uma história que imediatamente trazem à
memória «O Capuchinho Vermelho»; Sofia tem de levar o jantar a casa da avó .
Nas obras impressas os elementos que estão entre aspas, muito frequentemente, aparecem em itálico.
Sobre a hierarquia das aspas e das comas, quando uma citação já contiver uma ou mais expressões entre
aspas, etas deverão ser grafadas com um formato diferente das primeiras. Para que não se confundam, a hierarquia
habitual é: aspas (« »), comas duplas (“ ”) e comas simples (‘ ’).
e) O asterisco ( * ) é um sinal auxiliar de escrita utilizado…
- depois e em cima de uma palavra no texto para indicar em nota, no pé da página, qualquer informação
(referência, citação, comentário) sobre o termo ou o assunto que é tratado. Ex.:
Cosmogonia*, ciência e filosofia são três formas que, ao abordar a realidade, a configuram de modo não coincidente.
__________________________________________
* A cosmogonia refere-se às teorias explicativas da origem do mundo.
- antes e em cima de uma palavra do texto para assinalar que se trata de uma forma hipotética. Ex.: formosu- >
*fermosu-
- para indicar uma construção agramatical. Ex.: * O Marcos e a Sofia esteve nos açores. (falta de concordância do
verbo com o sujeito.
f) A chaveta ({ }) é um sinal auxiliar da escrita que serve para indicar as partes ou divisões dum assunto. Se as
divisões se enunciarem antes do assunto dividido, volta-se a chaveta.
g) O fim de parágrafo ( § ) é um sinal auxiliar da escrita pouco utilizado, actualmente, porém, serve para marcar
o fim de um parágrafo nos textos longos.
Transcrição fonética
A representação gráfica dos sons produzidos por um falante usando os símbolos e convenções de um alfabeto
fonético designa-se transcrição fonética. Numa transcrição fonética, os símbolos do alfabeto são colocados entre
colchetes ou parênteses rectos [ ]; assim, a transcrição da palavra mata, usando os símbolos do IPA, será: [’matɐ].
Alfabeto fonético
Um alfabeto fonético é um sistema de representação gráfica dos sons constituído de modo a que cada som
seja representado por um e um só símbolo e que cada símbolo do alfabeto represente um único som da língua (por
exemplo, o símbolo [z] usa-se para representar os casos de <zumbir, exame, peso˃);
. um som único pode ser representado por uma combinação de grafemas (dígrafos): <ch˃, <nh˃ e <lh˃;
. o valor de um grafema pode depender do contexto em que ocorre, como em <casa˃, <saco˃, <mosca˃ ou
em <acto˃, <pera˃;
. um grafema único pode representar mais de um som, como em <óxido˃;
. a ocorrência de um grafema pode não corresponder a um som, como em <acto˃ ou <haver˃.
O Alfabeto Fonético Internacional (IPA, na sigla em Inglês) é o sistema de notação adoptado pela International
Phonetic Association. O IPA é formado por um conjunto de símbolos e diacríticos (sinais auxiliares) que permitem
representar os sons das línguas.
O subconjunto apresentado a seguir permite representar os sons do português europeu padrão (para
representar outras variedades da língua ou outras línguas será necessário incluir outros símbolos).
b bola ɬ mal
t lata ʎ malha
d dar ɾ aro, ir
ð dedo ʀ carro, ré
k oco i fila
VO
GA
g gato e fazer
m mola ɛ anel
n nada a mala
ɲ ninho ɔ mola
f foca o oco
IS
v vento u gato, muro
s caça, saco, fossa ɨ medir
z asa, exame, zumbir ɐ bala
ʃ acha, xícara, mastro j pai
GLIDES
ʒ já, Lisboa w mau
Diacríticos
ACENTO PRINCIPAL DESVOZEAMENTO FRONTEIRA DE SÍLABA NASALIZAÇÃO
[’pɛlɨ]
’ [’malɐ] • [’ma•lɐ] ~ [’mãtɐ]
Ex.2: “A ciência age para compreender, enquanto a técnica deve compreender para agir” (Gillet apud Santos,
1999, pág. 93).
[ a si’ẽsiɐ ’aʒe parɐ kõpɾiẽ’dɛr ẽ’kwãtu a ’teknikɐ ’deve kõpɾiẽ’dɛr pɐɾɐ ɐ’ʒiɾ ]
Artigo
Artigos são palavras que se empregam para designar seres que são conhecidos (artigos definidos) e seres que
não são conhecidos (artigos indefinidos):
O rapaz viu o filme. (O rapaz - identificado; o filme - identificado)
Um rapaz viu o filme. (Um rapaz - não identificado; o filme - identificado)
O rapaz viu um filme. (O rapaz - identificado; um filme - não identificado)
Todos os artigos podem aparecer em contracção com preposições:
ao (a+o); à (a+a); dos (de+os); no (em+o); pelo (per+o); pelas (per+as); numa (em+uma); dum (de+um) etc.
Nome ou substantivo
Nome ou substantivo é a palavra que tem como propriedades semânticas, sintácticas e morfológicas
seguintes:
1-Representar coisas, seres, estados ou qualidades. Ex.: Lisboa, árvore, alegria, inteligência.
2-Ser precedido por determinantes ou quantificadores. Ex:: esta cidade, os frutos, muita paciência.
3-Ser flexionável em número, género e grau. Ex.: rapazes, raparigas, rapazito.
Classes de nomes
Nome próprio e nome comum
Os nomes próprios são aqueles que individualizam os seres (pessoas, animais ou coisas), distinguindo-os de
todos os outros da sua espécie. Escrevem-se sempre com maiúscula inicial:
O Pedro tem um gato.
Não sei se irei ao Japão.
Passei em Física.
Os nomes comuns são aqueles que não individualizam os seres:
O rapaz tem um gato.
Não sei se irei àquele país de que te falei.
Passei em todas as disciplinas.
Os nomes não-contáveis designam conjuntos que não podem ser descontinuados, distinguindo partes
singulares ou partes plurais.
EXEMPLOS EXPLICAÇÃO
Bebi água assim que pude. Os nomes água, outro e verdade designam realidades que não podem
Recebi um anel de ouro. segmentar-se em partes distintas. Ainda que dividamos água em água+água,
Reconheço que não disse a verdade. continuamos a obter água, não admitindo, deste modo, singular ou plural.
Senti um ódio enorme. O nome ódio não integra um conjunto divisível em partes, logo não se poderá
*Senti dois ódios enormes. enumera-lo, não sendo possível determinar a quantidade de ódio.
Os nomes massivos são nomes não-contáveis que referem nomes de matéria ou nomes de substância.
EXEMPLOS EXPLICAÇÃO
Água, vinho, ar, farinha, açúcar, areia Os nomes massivos podem ser medidos.
etc.
Ferro, ouro, prata, cobre
Apesar dos nomes massivos não referirem conjuntos singulares ou conjuntos plurais como segmentos de um
todo, podem ser usados com diferentes valores, no singular e no plural.
Nome colectivo
O nome colectivo designa o conjunto de seres ou coisas, referindo o todo, uma parte organizada como um todo
ou um grupo de seres da mesma espécie.
EXEMPLOS EXPLICAÇÃO
A turma fez uma visita de estudo. Turma designa o todo composto por alunos.
A armada abateu um navio inimigo. Armada designa o conjunto de navios de tropas de mar, como parte organizada.
A matilha aproximou-se da caça. Matilha designa um grupo de cães.
Género de nomes
Existem dois géneros gramaticais em Português: o masculino e o feminino. São masculinos os nomes a que se
podem antepor os artigos o, os, um, uns:
o homem, os livros, um erro
São femininos os nomes a que se podem antepor os artigos a, as, uma, umas:
a mulher, a letra, umas plantas
Porém, os nomes de seres inanimados têm um género único, que não corresponde ao sexo; poderia ter-se-
lhes atribuído, arbitrariamente, o outro género. Portanto, nestes nomes, o género gramatical não tem qualquer relação
com o género natural.
Seres animados
Regra geral: o masculino é indicado pelo morfema -o e o feminino obtém-se substituindo-o pelo morfema -a.
Nesta regra podem incluir-se também os nomes terminados em -e (-o/ -a; -e/ -a):
tio/ tia; aluno/ aluna; gato/ gata; infante/ infanta; mestre/ mestra
Alguns nomes terminados em -e, sobretudo os provenientes de particípios presentes latinos, só têm uma forma
para os dois géneros:
o emigrante/ a emigrante; o estudante/ a estudante; o pedinte/ a pedinte; o ouvinte/ a ouvinte; o gerente/ a gerente; o
servente/ a servente
Os nomes ou substantivos que terminam em consoante formam o feminino com o acrescentamento do
morfema -a:
freguês/ freguesa; marquês/ marquesa; juiz/ juíza; professor/ professora; senhor/ senhora, general/ generala
Alguns nomes terminados em -tor e -dor formam o feminino em -triz, e alguns terminados em -dor formam o
feminino em -dora ou -deira:
actor/ actriz; embaixador/ embaixatriz; imperador/ imperatriz; lavrador/ lavradora e lavradeira; tecedor/ tecedora e
tecedeira; vendedor/ vendedora e vendedeira
Outros nomes formam o feminino com a terminação -essa, -esa, -isa ou -ina:
abade/ abadessa; conde/ condessa; cônsul/ consulesa; duque/ duquesa; poeta/ poetisa; profeta/ profetisa; czar/ czarina;
herói/ heroína
Os nomes terminados no masculino em -ão formam o feminino -ã, -ona, -oa ou -ana:
aldeão/ aldeã; anão/ anã; cidadão/ cidadã; irmão/ irmã; órfão/ órfã; chorão/ chorona; comilão/ comilona; valentão/
valentona; beirão/ beiroa; leão/ leoa; leitão/ leitoa; João/ Joana; sultão/ sultona
Nota:
a) Não seguem a regra anterior: barão/ baronesa; perdigão/ perdiz; ladrão/ ladra, ladrona, ladroa; lebrão/ lebre
b) Além do nome ladrão, também têm mais do que uma forma no feminino: bretão/ bretoa ou bretã; vilão/ viloa ou
vilã
Os nomes terminados em -eu formam o feminino mudando o -eu em -eia: ateu/ ateia; europeu/ europeia; fariseu/
fariseia; hebreu/ hebreia; pigmeu/ pigmeia; plebeu/ plebeia
O masculino genérico
Às vezes emprega-se o masculino para designar todos os representantes da mesma espécie, abrangendo
ambos os sexos:
O homem terá de respeitar o ambiente.... (homem < homem e mulher)
O leão é o rei da floresta. (leão < leão e leoa)
Número de nomes
Existem dois números em Português:
1º O singular que designa uma pessoa ou coisa;
2º O plural que designa várias pessoas ou coisas.
Formação do plural
Os nomes terminados em vogal ou ditongo formam o plural acrescentando-lhes, no final, um -s:
gato/ gatos; gata/ gatas; peru/ perus; avô/ avôs; irmã/ irmãs; mãe/ mães; céu/ céus
Quando a vogal nasal ou o ditongo nasal, em posição final, são representados graficamente por -m, a palavra
forma o plural em -ns:
armazém/ armazéns; item/ itens; jardim/ jardins; bombom/ bombons; álbum/ álbuns; jejum/ jejuns
Além das variações com -s, muitos nomes sofrem também uma alternância de timbre da vogal tónica,
passando de o fechado (ô) para o médio (ó):
almoço(mô)/ almoços(mó); caroço(rô)/ caroços(ró); coros, corpos, corvos, destroços, fogos, fornos, impostos, jogos, olhos,
ossos, ovos, poços, porcos, postos, povos, rogos, socorros, tijolos
Os nomes terminados em ão apresentam três tipos de plural, de acordo com a terminação que tinham no
Latim, ou então por analogia:
1º tipo: manu(m)>mão/ manus>mãos; germanu(m)>irmão/ germanos>irmãos; orphanu(m)>órfão/ orphanos>órfãos
2º tipo: cane(m)>cão/ canes>cães; pane(m)>pão/ panes>pães
3º tipo: actione(m)>acção/ actiones>acções; leone(m)>leão/ leones>leões; oratione(m)>oração/ orations>orações
Há nomes cujo plural oscila entre duas ou mais formas, podendo adoptar-se qualquer delas. Estão neste caso:
aldeão/ aldeões, aldeãos, aldeães; anão/ anões, anães; ancião/ anciões, anciãos, anciães; refrão/ refrãos, refrães; verão/
verões, verãos
Concluindo, os nomes terminados no singular em -ão formam o plural de três modos diferentes: -ãos, -ães e -
ões.
Os nomes terminados em -n, -r, -s, e -z formam o plural acrescentando-lhes -es:
íman/ ímanes; líquen/ líquenes; cânon/ cânones; dólar/ dólares; cadáver/ cadáveres; deus/ deuses; ananás/ ananases;
país/ países; rapaz/ rapazes; voz/ vozes
Os nomes terminados em -al, -ol e -ul fazem o plural mudando o -l em -is. No Português Antigo o plural era,
respectivamente, em -ales, -oles e -ules. Porém, a partir do século XVI dá-se queda do -l- intervocálico e assim resultam
as formas actuais:
capital/ capitales>capitães>capitais; anzol/ anzoles>anzoes>anzóis; azul/ azules>azues>azuis
Os nomes terminados em -el, tónico ou átono, formam o plural, respectivamente, em -éis (tónico) e -eis
(átono). No Português Antigo o plural de todos estes nomes era em -eles:
papel/ papeles>papees>papéis; móvel/ móveles>móvees>móveis; túnel/ túneles>túnees>túneis
Os nomes terminados em -il tónico formam o plural mudando o -il em -is. No Português Antigo o plural era em -
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Curso de Língua Portuguesa – PARTE II – GRAMÁTICA
iles:
ardil/ ardiles>ardies>ardiis>ardis; covil/ coviles>covies>coviis>covis; peitoril/ peitoriles>peitories>peitoriis>peitoris
Os nomes terminados em -il átono formam o plural mudando o -il em -eis. No Português Antigo o plural era em
-iles:
fóssil/ fóssiles>fóssies>fósseis; projéctil/ projéctiles>projécties>projécteis; réptil/ réptiles>répties>répteis
Os nomes diminutivos formados com sufixos -zinho e -zito têm a marca do plural na palavra primitiva e no
sufixo:
cãozinho/ cãezinhos; balãozito/ balõezitos; movelzinho/ moveizinhos; hotelzito/ hoteizitos
Os nomes compostos por aglutinação formam o plural segundo as regras dos nomes simples:
bancarrota/ bancarrotas; girassol/ girassóis; malmequer/ malmequeres; varapau/ varapaus
O singular genérico
O singular é, às vezes, usado em substituição do plural, podendo trazer assim mais força expressiva ao nome
em causa.
O homem tem de superar as épocas de crise. (homem<todos os homens).
Se o primeiro elemento é verbo e o segundo é nome, adjectivo ou verbo, só o segundo elemento vai para o
plural:
beija-flor/ beija-flores; mata-borrão/ mata-borrões; porta-voz/ porta-vozes; treme-treme/ treme-tremes; guarda-chuva/
guarda-chuvas
Se o composto é formado por palavra invariável seguida de nome ou outra palavra variável só este segundo
elemento vai para o plural:
bem-aventurança/ bem-aventuranças; ex-presidente/ ex-presidentes; pseudo-sábio/ pseudo-sábios; sempre-noiva/
sempre-noivas; abaixo-assinado/ abaixo-assinados
Se o composto é formado por dois nomes ligados por preposição, só o primeiro vai para o plural:
ave-do-paraíso/ aves-do-paraíso; caminho-de-ferro/ caminhos-de-ferro; lua-de-mel/ luas-de-mel
Se o composto é formado por dois nomes mas o segundo funciona como determinante, só o primeiro leva a
marca do plural:
navio-escola/ navios-escola; palavra-chave/ palavras-chave
Em muitos nomes compostos, designadamente naqueles em que entram verbos, existe a mesma forma para o
singular e para o plural:
o, os bom-serás; o, os limpa-chaminés; o, os saca-rolhas; o, os salva-vidas; o, os sem-vergonha; o, os sempre-em-pé
Alguns nomes têm forma de plural mas designam um único objecto composto de duas partes iguais ou apenas
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Grau de nomes
Os nomes têm formas para indicar o aumento (grau aumentativo) ou a diminuição (grau diminutivo) da ideia ou
do ser:
Normal: rapaz, pardal, casa
Aumentativo: rapagão, pardalão, casarão
Diminutivo: rapazinho, pardalito, casinha
O grau aumentativo ou diminutivo pode ser expresso por dois processos:
Sintético: por meio dos sufixos aumentativos e diminutivos:
rapagão, ricaço, fornalha, bocarra, rapazinho, viela, folheto, riacho
Analítico: por meio de um adjectivo que se junta ao nome:
rapaz grande, casa enorme; rapaz pequeno, casa minúscula
Em muitos casos, os sufixos aumentativos apresentam sobretudo uma tonalidade depreciativa, que se
sobrepõe à primitiva ideia de grandeza:
figurão, pardalão, mulheraça, carantonha, dentuça
Por seu turno, os sufixos diminutivos podem expressar carinho, ironia, desprezo ou depreciação:
mãezinha, empregadito, rapazola, grupelho, livreco
Pronome
Pronome quer dizer em vez do nome.
O pronome é a palavra que faz a vez do nome, em certos casos, para evitar repetição de uma palavra ou até
de uma frase. O pronome nunca precede o nome.
Para além de evitar a repetição, o pronome desempenha outras funções e pode substituir:
. um sintagma nominal:
A Carla passou aqui com o irmão. Ela estava com pressa. (ela<a Carla)
. uma frase:
A Helena está muito zangada e até já o disse. (o<a Helena está muito zangada)
. um adjectivo:
O Rui era simpático, mas já não o é. (o<simpático)
. um sintagma preposicional:
Deu a chave à vizinha. (ou) Deu-lhe a chave. (lhe<à vizinha)
Há casos em que os pronomes não servem apenas para substituir as palavras ou os sintagmas já expressos.
Consideremos as seguintes espécies de pronomes:
. Representantes: quando substituem palavras ou frase já expressa:
Vou devolver o disco que me emprestaram. (que<o disco)
. Antecipantes: quando anunciam o que vai seguir-se:
- Quem telefonou?
- Foi a mãe. (que<a mãe)
. Designativos: quando apresentam alguém:
Ele estava contente.
Classes de pronomes
Os pronomes subclassificam-se em pronomes pessoais, pronomes possessivos, pronomes demonstrativos,
pronomes indefinidos, pronomes interrogativos e pronomes relativos.
Pronome pessoal
O pronome pessoal é usado para se referir aos participantes do discurso; pode exercer na frase a função de
sujeito, complemento directo, complemento indirecto, complemento oblíquo ou circunstancial.
O pronome pessoal, no entanto, indica a pessoa:
1ª, a que fala, locutor: eu, nós
2ª, a quem se fala, o destinatário: tu, vós
3ª, de quem se fala: ele (ela), eles (elas)
PRONOMES PESSOAIS
Nº PESSOA PRON.SUJ COMPL.DIR COMPL.IND.S/PREP. COMPL.IND.C/PREP. COMPL. OBLÍQUO/ CIRCUNST.
1ª eu me me mim mim, -migo
SING
2ª tu te te ti ti, -tigo
3ª ele, ela se, o, a lhe si, ele, ela si, -sigo, ele, ela
1ª nós nos nos nós nós, -nosco
PLUR
O pronome pessoal de valor reflexivo ocorre quando o complemento directo ou indirecto representa o mesmo
indivíduo que o sujeito.
PRONOME PESSOAL DE VALOR REFLEXIVO: EXEMPLOS:
Ele vestiu-se depressa.
se, si, consigo Ela só pensa em si.
Os alunos levaram os testes consigo.
O pronome pessoal de valor recíproco indica uma acção mútua entre dois ou mais indivíduos.
PRONOME PESSOAL DE VALOR RECÍPROCO: EXEMPLOS:
Nós e os rapazes encontrámo-nos no bar.
nos, vos, se O Luís e a mãe cumprimentam-se.
Vós vos entendereis.
O pronome pessoal de valor impessoal marca a identificação do sujeito, através da terceira pessoa do singular.
PRONOME PESSOAL DE VALOR IMPESSOAL: EXEMPLO:
se Come-se bem neste restaurante.
O pronome pessoal de valor inerente ao verbo: o pronome pessoal se pode integrar o verbo.
EXEMPLOS:
Levantou-se cedo. [verbo levantar-se]
Lavou-se e saiu de casa. [verbo lavar-se]
Quando numa oração surgem dois pronomes átonos, com as funções de complemento directo e complemento
indirecto, estes podem ser combinados:
Pronome possessivo
O pronome possessivo é a palavra que estabelece uma relação de pertença com um elemento do discurso ou
antecedente tomado por um possuidor.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
O determinante possessivo varia conforme a pessoa, o número, o
Estas pinturas são abstractas como as tuas.
possuidor (singular ou plural) e objecto possuído) singular ou plural).
Valor deíctico ou anafórico do possessivo:
Vamos no teu carro. O meu avariou. O enunciador manifesta a relação de pertença relativamente ao
antecedente carro, servindo como correferente do enunciador/ locutor.
Os pronome possessivo deve ser precedido pelo determinante artigo ou
Esta casa é parecida com a vossa.
pelo determinante demonstrativo.
PRONOME POSSESSIVO
UM SÓ POSSUIDOR VÁRIOS POSSUIDORES
Nº PESSOA
MASCULINO FEMININO MASCULINO FEMININO
1ª meu minha nosso nossa
SING
Pronome demonstrativo
O pronome demonstrativo é a palavra que estabelece uma referência de proximidade ou distância com um
participante do discurso ou um antecedente textual.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
Isso agrada-me. [ter férias] O pronome demonstrativo retoma uma referência anterior no discurso.
Valor deíctico ou anafórico do pronome demonstrativo:
Comprei um casaco. Este está a ficar velho. O enunciador manifesta a relação de proximidade com o antecedente,
estabelecendo uma referência espacial.
Este dia foi aborrecido, aquele é que foi O enunciador manifesta distância relativamente ao objecto
divertido. demonstrado, estabelecendo uma referência temporal.
Não gosto da minha ideia, essa é melhor. O objecto referido anteriormente no discurso está distante do
enunciador, mas próximo do interlocutor.
Ela afirmou-o com toda a certeza. [Afirmou isso] O pronome demonstrativo retoma um elemento do discurso.
PRONOMES DEMONSTRATIVOS
VARIÁVEIS SINGULAR VARIÁVEIS PLURAL
MASCULINO FEMININO MASCULINO FEMININO
este esta estes estas
esse essa esses essas
aquele aquela aqueles aquelas
o outro a outra os outros as outras
o mesmo a mesma os mesmos as mesmas
tal tal tais tais
a a os as
INVARIÁVEIS
isto isso aquilo
Os pronomes demonstrativos isto, isso, aquilo não se referem, normalmente, a seres animados e são
invariáveis em género e número, fazendo-se a concordância do masculino singular. São considerados pronomes
neutros.
Isto é bonito.
Podes ir-te embora; mas isso não está certo.
Os pronomes o, a, os, as são (pronomes) demonstrativos quando precedem o pronome relativo que ou a
preposição de, equivalendo a "este", "esse", "aquele" etc.
Gosto deste disco. É o que te dei.
Estas luvas são as da Cristina.
O pronome tal é (pronome) demonstrativo quando equivalente a "este", "esta", "isto", "esse" etc.
Não me digas tal!
O pronome demonstrativo pode apresentar grande tonalidade afectiva.
Nem me digas mais nada. Essa não!
Aquilo é que é um homem!
O pronome demonstrativo pode revestir-se de um forte sentido pejorativo.
Aquilo é um homem que não presta para nada!
Pronome indefinido
O pronomes indefinido é a palavra que corresponde ao uso pronominal do determinante indefinido e do
quantificador.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
As minhas amigas de Lisboa não vieram, mas vieram umas outras. O antecedente do pronome indefinito não é
Alguém perguntou por ti. especificado.
PRONOMES INDEFINIDOS
VARIÁVEIS SINGULAR VARIÁVEIS PLURAL
MASCULINO FEMININO MASCULINO FEMININO
algum alguma alguns algumas
nenhum nenhuma nenhuns nenhumas
todo toda todos todas
muito muita muitos muitas
pouco pouca poucos poucas
tanto tanta tantos tantas
outro outra outros outras
certo certa certos certas
qualquer qualquer quaisquer quaisquer
INVARIÁVEIS
alguém, algo ninguém tudo outrem cada nada
Pronome relativo
O pronome relativo inicia uma oração relativa, retomando o antecedente.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
Quem vai ao mar perde o lugar. O pronome relativo inicia:
Trouxe o livro que te prometi. - oração subordinadas substantivas relativas;
- orações subordinadas adjectivas relativas restritivas;
Vem cá a minha amiga, a qual esteve em Londres, - orações subordinadas adjectivas relativas
para me trazer uma prenda. explicativas.
PRONOMES RELATIVOS
VARIÁVEIS SINGULAR VARIÁVEIS PLURAL
MASCULINO FEMININO MASCULINO FEMININO
o qual a qual os quais as quais
cujo cuja cujos cujas
quanto quanta quantos quantas
INVARIÁVEIS
que quem onde
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Curso de Língua Portuguesa – PARTE II – GRAMÁTICA
Cujo (-a,-os,-as) tem, ao mesmo tempo, valor relativo e possessivo, e concorda com o objecto possuído em
género e número:
O salão, cujas portas precisam de ser pintadas, vai ficar pronto dentro de dias.
Pronome interrogativo
O pronome interrogativo é a palavra que identifica o constituinte interrogativo nas frases interrogativas parciais;
palavra que introduz uma pergunta sobre a pessoa ou a coisa que o sintagma ou grupo nominal (que foi substituído
pelo correspondente pronome interrogativo) designaria.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
Quem viste?
O pronome interrogativo substitui o constituinte
O que queres?
interrogado.
Quanto custa?
PRONOMES INTERROGATIVOS
VARIÁVEIS SINGULAR VARIÁVEIS PLURAL
MASCULINO FEMININO MASCULINO FEMININO
qual? qual? quais? quais?
quanto? quanta? quantos? quantas?
INVARIÁVEIS
que? o que? quê? o quê? quem? onde?
O sintagma nominal substituído pelo pronome interrogativo pode aparecer expresso na resposta ou antes (da
resposta):
- Quem é que chegou? - Foi o João.
- Tenho quinze anos. E tu, quantos tens?
Quem emprega-se só para as pessoas, que para as pessoas e seres inanimados, e quê e onde para seres
inanimados. Qual e quais usam-se tanto para animados como para inanimados.
- Quem veio hoje?
- Que homem és tu?
- De que estás a falar?
- Disseste o quê?
- Onde vamos? (onde<a que lugar)
São absolutamente correctas as formas reforçadas que se empregam a nível coloquial e popular.
- O que é que disseste?
Pronominalização
Pronominalizar é substituir um complemento directo ou indirecto (e, até mesmo, um sujeito, um complemento
oblíquo…), numa oração, pelo pronome pessoal correspondente.
Depois do verbo, nas frases declarativas afirmativas: Chamo-me Ary. / Pede-lhe o jornal. / Lembro-me do número. /
Os professores viram os alunos e chamaram-nos.
Antes do verbo…
… nas frases negativas: Não me chamo Ary. / Nunca te enganaste?
… nas frases interrogativas (com o emprego do interrogativo): Como te chamas? / O que lhe aconteceu? / Porque
nos preocupamos com isso? / Quanto te custou esta casa? / Quem me telefonou? Etc.
… depois das conjunções ou locuções subordinativas: Ele quer que lhe digas a verdade. / Como te esqueceste dos
documentos vim trazer-tos. / Se o vires, chama-o. / Quando te levantares, fecha a janela. Etc.
… depois dos advérbios já, ainda, bem, só, sempre, também, talvez, etc.: Já me esqueci disso. / Ainda nos vamos
arrepender. / Bem te avisei. / Também lhe enviaram esse aviso?
… depois das preposições para, de, por, sem, até: Isto é para te lembrares de mim. / Cansei-me de te avisar. Etc.
… depois dos indefinidos todo (a), todos (as), tudo, alguém, nada, ninguém: Todos se esqueceram de tomar o
medicamento. / Tudo se transforma, nada se perde. / Ninguém nos disse nada. / Alguém te perguntou alguma coisa?
No meio do verbo…
… quando o verbo se apresenta no futuro, nas frases declarativas afirmativas: Levarei o livro depois do almoço. >
Levá-lo-ei depois do almoço / Dir-lhe-ei a verdade. / Pagá-la-ei com cheque.
… quando o verbo se apresenta no condicional, nas frases declarativas afirmativas: Comprá-lo-ia se tivesse
dinheiro. / Dir-to-ia se tivesse dinheiro. / (Não o compraria se tivesse dinheiro. / Também o compraria se…) Etc.
Havendo condições que obriguem a anteposição do pronome ao verbo, mesmo com os verbos no futuro e no
condicional, o pronome deve aparecer antes do verbo.
Ex.: Já encontrei o livro que o professor recomendou. Requisitá-lo-ei esta tarde. Só o requisitarei esta tarde.
Adjectivos
Adjectivos são palavras que servem para precisar o significado dos nomes, ao juntar-lhes características que
os delimitam:
Casa pequena.
A casa é pequena.(nome predicativo do sujeito)
Adjectivo é um modificador do nome; a palavra que caracteriza o nome, atribuindo-lhe qualidades (ou defeitos)
e modos de ser, ou indicando-lhe o aspecto ou o estado: sindicato fictício, eficiente, deficitário, representativo. É
necessário apresentar a relação que se estabelece entre o nome e o adjectivo para poder conceituar este último. Na
realidade, nomes e adjectivos apresentam muitas características semelhantes e, em muitas situações, a distinção entre
ambos só é possível a partir de elementos fornecidos pelo contexto:
Ex.: O jovem angolano tornou-se participativo.
O angolano jovem enfrenta dificuldades para ingressar no mercado de trabalho.
Na primeira frase, jovem é nome, e angolano é adjectivo. Na segunda, invertem-se esses papéis: angolano é
nome, e jovem passa a ser adjectivo.
O adjectivo é um modificador do nome. Ser adjectivo ou ser nome não decorre, portanto, de características
morfológicas da palavra, mas de sua actuação efectiva numa frase da língua; decorre no contexto da morfossintaxe.
Género de adjectivos
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Curso de Língua Portuguesa – PARTE II – GRAMÁTICA
A maioria dos adjectivos tem uma forma para o masculino e outra para o feminino, sendo, portanto, adjectivos
biformes:
homem alto/ mulher alta; ramo seco/ terra seca
Adjectivos uniformes são os que têm a mesma forma tanto para o masculino como para o feminino:
homem inteligente/ mulher inteligente; solo fértil/ área fértil
A formação do feminino dos adjectivos é semelhante à dos nomes. Têm forma irregular os adjectivos:
bom/ boa; mau/ má
Nos adjectivos compostos, só o segundo elemento toma a forma do feminino:
luso-brasileiro/ luso-brasileira; herói-cómico/ herói-cómica
Excepto: homem surdo-mudo/ mulher surda-muda
Número de adjectivos
O adjectivo concorda em número com o nome que caracteriza. Quando caracteriza vários nomes do singular,
toma a forma do plural:
livro bonito, livros bonitos, livro e caderno bonitos
A formação do plural dos adjectivos é semelhante a dos nomes:
luso-brasileiro/ luso-brasileiros; médico-social/ médico-sociais; surdo-mudo/ surdos-mudos
Grau de adjectivos
A categoria de grau estabelece uma gradação no significado de uma palavra na relação entre termos de
comparação.
O grau dos adjectivos varia entre normal, comparativo e superlativo.
- Grau superlativo: indica o grau mais elevado da característica expressa pelo adjectivo. Apresenta duas
formas: absoluto e relativo.
. Grau superlativo absoluto: exprime um elevado grau da característica sem estabelecer qualquer relação.
No superlativo absoluto tem-se a considerar o seguinte:
.. Absoluto sintético: é formado na maioria dos casos com a junção do sufixo -íssimo ao grau normal do
adjectivo:
O João é fortíssimo.
.. Absoluto analítico: é formado pela junção do advérbio muito ao grau normal do adjectivo:
O João é muito forte.
. Grau superlativo relativo: exprime a característica de um ser ou de um objecto no grau mais elevado ou
menos elevado, em relação a todos os outros seres ou objectos de determinado conjunto. O superlativo relativo pode
ser…
.. Superlativo relativo de superioridade: formado pelo artigo definido, advérbio mais, grau normal do adjectivo e
preposição de:
O João é o rapaz mais forte da escola.
.. Superlativo relativo de inferioridade: formado pelo artigo definido, advérbio menos, grau normal do adjectivo e
preposição de:
O João é o rapaz menos forte da escola.
GRAU EXEMPLO
Grau normal forte
Grau comparativo de superioridade mais forte do que
Grau comparativo de igualdade tão forte como
Grau comparativo de inferioridade menos forte do que
Grau superlativo absoluto sintético fortíssimo
Grau superlativo absoluto analítico muito forte
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Curso de Língua Portuguesa – PARTE II – GRAMÁTICA
Grau superlativo relativo de superioridade o mais forte
Grau superlativo relativo de inferioridade o menos forte
Por vezes, empregam-se ainda outros processos para obter a superlativação dos adjectivos:
. recorrendo a outros advérbios de quantidade (imensamente, extraordinariamente etc.):
Estou imensamente satisfeito.
O carro apresentou-se extraordinariamente competitivo.
Classes de adjectivos
Adjectivo qualificativo
Os adjectivos qualificativos exprimem qualidades, estados ou modos de ser expressos pelo nome.
EXEMPLOS:
menino lindo casa grande homem sereno
menino feio casa pequena homem nervoso
Adjectivo relacional
Os adjectivos relacionais combinam-se com nomes, atribuindo um valor temático ou referencial. Normalmente,
derivam de uma base nominal.
EXEMPLOS:
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Curso de Língua Portuguesa – PARTE II – GRAMÁTICA
conselho estudantil mulher portuguesa engenheiro civil
população american amor maternal manifestaçã popular
a o
Adjectivo numeral
Os adjectivos numerais expressam ordem ou sucessão e precedem o nome, antecedidos por artigos,
demonstrativos ou possessivos. Tradicionalmente, pertencem à subclasse dos numerais ordinais.
EXEMPLOS:
O vigésimo quinto ano de casamento foi festejado com toda a pompa.
Este segundo prato está uma delícia.
O meu primeiro nome é Augusto.
Numerais
Numerais são palavras que indicam uma quantidade de indivíduos ou coisas; são palavras variáveis que
indicam a quantidade exacta de seres ou a posição que o ser ocupa.
Ex.: Sete atletas cortaram a meta.
Numerais cardinais
Numerais cardinais são palavras que indicam (simplesmente) o número de pessoas, animais ou coisas:
Sete atletas cortaram a meta.
- Flexão
Os numerais cardinais um, dois e as centenas a partir de duzentos variam em género: um/ uma; dois/ duas;
duzentos/ duzentas etc.
Ambos, como equivalente do cardinal dois, varia em género:
ambos os homens/ ambas as mulheres
Os restantes numerais cardinais são invariáveis.
O cardinal cem emprega-se quando é imediatamente seguido de um nome ou de uma unidade de ordem
superior: cem pessoas; cem mil. Cento usa-se quando se segue um numeral inferior: cento e um; cento e noventa etc.
Numerais ordinais
Numerais ordinais são palavras que indicam a ordem que as pessoas, animais ou coisas ocupam numa série:
Este atleta foi o sétimo a cortar a meta.
- Flexão
Os numerais ordinais variam em género e número:
primeiro/ primeira; primeiros/ primeiras etc.
Nota: dez mil > décimo milésimo; milhão > milionésimo
Na contagem dos séculos e na enumeração dos reis e dos papas, empregam-se os ordinais: século terceiro ou
terceiro século, D. João Segundo, o papa Bento Sexto; usa-se os cardinais, colocando-os depois: Luís Doze, o papa João Vinte
e Um etc., apesar de que estas numerações, habitualmente, se escrevam em números romanos: século III, D. João II, o
papa Paulo VI, Luís XII, o papa João XXI.
Numerais multiplicativos
Numerais multiplicativos são palavras que indicam o aumento proporcional, a sua multiplicação.
- Flexão
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando equivalem a nomes:
A mãe deu-lhe o triplo dos encargos que me deu a mim.
Quando equivalem a adjectivos, variam em género e número:
Comprou os alimentos em quantidades triplas.
Nota: duplo > dobro, triplo; as restantes formas são eruditas e geralmente substituem-se pelo numeral cardinal
seguido da palavra "vezes": quatro vezes, cinco vezes etc. Aos numerais multiplicativos correspondem verbos duplicar,
triplicar etc.
Numerais fraccionários
Numerais fraccionários são palavras que indicam a diminuição proporcional, a sua divisão:
Comi um terço de maçã.
- Flexão
Os numerais fraccionários concordam com os cardinais que designam o número de partes:
Eu recebi um quinto e tu três décimos do prémio total.
Meio concorda em género com o nome que designa a quantidade:
quatro dias e meio, quatro semanas e meia.
Numerais colectivos
Numerais colectivos são palavras que, mesmo no singular, indicam um grupo de seres; equivalem a nomes.
Eles formam um trio notável.
- Flexão
Os numerais colectivos variam em número:
No concerto, actuaram alguns trios.
Determinante
Determinante é a palavra que ajuda a caracterizar o nome; é a palavra variável que determina o nome,
precedendo-o.
Li o livro que me ofereceste.
Li um livro.
Gosto deste carro.
Gosto daquele carro.
A situação de cada um dos livros ou de cada um dos carros é diferente:
o livro - refere-se a determinado livro, por nós conhecido;
um livro - é uma referência vaga, indefinida;
este carro - será um carro que está "aqui" ao pé do falante ou do emissor e do receptor;
aquele carro - será o carro que estará distante tanto do emissor como do receptor.
A maioria dos determinantes varia em género e número, e essa variação pode até ajudar a distinguir o género
e o número dos nomes invariáveis:
o estudante/ a estudante; nenhum lápis/ nenhuns lápis
Classes de determinantes
Os determinantes subclassificam-se em artigos, determinantes possessivos, determinantes demostrativos,
determinantes indefinidos, determinantes interrogativos e determinantes relativos. Há referências incontestáveis sobre
determinantes numerais, adjectivos, entre outras.
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Curso de Língua Portuguesa – PARTE II – GRAMÁTICA
Determinante artigo
O determinante artigo distingue o grau de especificidade do nome, com o qual estabelece concordância de
número e de género.
O artigo definido é usado para determinar um nome, cujo referente real é já conhecido pelo enunciador e pelo
receptor da informação.
O artigo indefinido é usado para determinar um nome, cujo referente real não foi referido anteriormente.
Sobre a classe, conferir em particular o tema dos artigos.
Determinante possessivo
O determinante possessivo é a palavra que influencia a construção referencial do nome que precede,
atribuindo-lhe valor de posse.
Costuma, igualmente, aparecer precedido de outro determinante, o artigo definido; por vezes, é reforçado com
a palavra próprio, que intensifica a noção de posse:
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
As tuas pinturas são abstractas. O determinante possessivo varia em pessoa e concorda em número e género com
o nome que determina.
O meu carro avariou. Valor deíctico ou anafórico do possessivo:
O enunciador manifesta a relação de pertença relativamente ao carro, servindo
como correferente do enunciador/ locutor.
*Minha casa não me agrada. O determinante possessivo deve ser precedido pelo artigo ou pelo demonstrativo.
A minha casa não me agrada.
Esta minha casa não me agrada.
Meu filho, descansa. O determinante possessivo não ocorre precedido de artigo ou demonstrativo
Ana, sua filha, deu-lhe os parabéns. quando desempenha a função de vocativo ou de modificador apositivo.
[a seu pai].
Todos os meus amigos gostam de cinema. Os determinantes possessivos podem ser precedidos de alguns quantificadores.
DERMINANTE POSSESSIVO
UM SÓ POSSUIDOR VÁRIOS POSSUIDORES
Nº PESSOA
MASCULINO FEMININO MASCULINO FEMININO
1ª meu minha nosso nossa
SING
Determinante demonstrativo
O determinante demonstrativo é a palavra que influencia a construção referencial do nome que precede,
atribuindo-lhe valor de proximidade ou distância no tempo ou no espaço.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
Estes dias tenho estado de férias. O determinante demonstrativo concorda em género e número com o nome que
determina.
Este carro está a ficar velho. Valor deíctico ou anafórico do demonstrativo:
Aquele ano foi muito intenso. O enunciador manifesta a relação de proximidade com o carro, estabelecendo
Esse carro tem um bom preço. uma referência espacial. O enunciador manifesta distância relativamente ao
objecto determinado, estabelecendo uma referência temporal.
O objecto demonstrativo está distante do enunciador, mas próximo do interlocutor.
*A essa casa não me agrada. O determinante não pode coocorrer com o artigo.
Esta minha filha é muito distraída. Combinado com o determinante possessivo, o demonstrativo deve precede-lo.
Estive à tua espera todos estes dias. Os determinantes demonstrativos podem ser precedidos de alguns
quantificadores.
DETERMINANTE DEMONSTRATIVO
SINGULAR PLURAL
MASCULINO FEMININO MASCULINO FEMININO
este esta estes estas
esse essa esses essas
aquele aquela aqueles aquelas
o outro a outra os outros as outras
o mesmo a mesma os mesmos as mesmas
tal tal tais tais
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Curso de Língua Portuguesa – PARTE II – GRAMÁTICA
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
Podes ver este retracto. este indica o que está mais próximo do locutor:
Este ano, vou brilhar no exame.
Repara nesse retracto. esse indica o que está mais próximo do destinatário:
Vou oferecer-te aquele retracto. aquele indica um afastamento maior em ralação ao locutor e ao interlocutor:
Não me vais falar na mesma coisa. mesmo e outro são determinantes demonstrativos quando precedidos de outro
Comprei aquele outro carro de que te falei. determinante:
Determinante indefinido
O determinante indefinido é a palavra que influencia a construção referencial do nome que precede de modo
indefinido; não sendo identificado o referente do nome que determina.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
Umas ouras raparigas vieram à festa. O referente do nome determinado pelo indefinido não é especificado.
Uma certa pessoa perguntou por ti. O determinante indefinido pode ocorrer com o artigo indefinido, sendo
portanto diferente deste.
DETERMINANTE INDEFINIDO
VARIÁVEIS SINGULAR VARIÁVEIS PLURAL
MASCULINO FEMININO MASCULINO FEMININO
algum alguma alguns algumas
nenhum nenhuma nenhuns nenhumas
todo toda todos todas
muito muita muitos muitas
pouco pouca poucos poucas
tanto tanta tantos tantas
outro outra outros outras
certo certa certos certas
INVARIÁVEL
cada
Determinante relativo
O determinante relativo precede o nome na oração relativa, determinando uma relação entre o referente do
nome e o referente da oração principal.
EXEMPLOS:
O rapaz cuja casa foi assaltada é da minha turma.
Voltei a encontrar aquela senhora cujo nome não me lembro.
DETERMINTE RELATIVO
SINGULAR PLURAL
MASCULINO FEMININO MASCULINO FEMININO
cujo cuja cujos cujas
Determinante interrogativo
O determinante interrogativo precede o nome na oração interrogativa, identificando o constituinte interrogado.
EXEMPLOS:
Que rua procuras?
A qual livro te referes?
Quais livros?
DETERMINANTE INTERROGATIVO
VARIÁVEIS SINGULAR VARIÁVEIS PLURAL
MASCULINO FEMININO MASCULINO FEMININO
QUALIDADE qual? qual? quais? quais?
QUANTIDADE quanto? quanta? quantos? quantas?
INVARIÁVEL
que
Quantificador
O quantificador é a palavra ou locução que expressa uma informação acerca do valor de número, qualidade ou
parte do referente do nome com que se combina. O quantificador apresenta valores de quantidade relativos a entidades
e situações.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
Conheci várias pessoas.
O quantificador quantifica o referente
Qualquer dia vou a Roma.
do nome, pessoas, dia e irmãos.
Tenho dois irmãos.
Classes de quantificadores
Quantificador universal
O quantificador universal estabelece uma relação entre o grupo nominal e todos os elementos do grupo a que
pertence.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
Todo o homem é mortal. O quantificador universal tem em conta o conjunto de que faz
Qualquer mulher gosta de receber flores. parte o referente do nome (todo o homem, toda a mulher).
QUANTIFICADOR UNIVERSAL
todo/ toda/ todos/ todas ambos
nenhum/ nenhuma/ nenhuns/ nenhumas cada
qualquer
Quantificador existencial
O quantificador existencial atribui informação acerca da existência da entidade referida pelo nome, remetendo
para uma parte do conjunto.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
Um filho foi para a praia e o outro ficou em casa. No conjunto dos filhos, remete-se apenas para parte da totalidade.
Vários rapazes foram à discoteca. Dentro do conjunto, identifica-se uma quantidade não precisa.
Poucos rapazes foram para casa. A entidade referida é designada face a um ponto de referência.
QUANTIFICADOR EXISTENCIAL
algum/ alguns algo/ alguém diverso/ diversos
um/ uns bastante/ bastantes raros
pouco/ poucos muito/ muitos vários
Quantificador numeral
O quantificador numeral indica uma quantidade precisa ou o lugar que a quantidade ocupa numa série
ordenada.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
O meu primo fez dois anos.
Tenho o dobro da tua idade. Os numerais referem a quantidade numérica.
Só como metade do bolo.
Quantificador interrogativo
O quantificador interrogativo identifica o constituinte interrogativo nas frases interrogativas, sendo substituído
por um quantificador.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
Quantos bolos comeste? As respostas às interrogações recorreriam a numerais:
- Comi dois.
Quanto coube a cada um? - Coube metade.
Quantificador relativo
O quantificador relativo tem como antecedente relativizado um grupo nominal introduzido por quantificador.
EXEMPLOS:
Fiz todos os trabalhos quantos pude fazer.
Comi tudo quanto havia.
QUANTIFICADOR RELATIVO
Quanto/ quantos
Quanta/ quantas
Verbo 4
Flexão verbal
Os verbos flexionam-se, em português, em número, pessoa, modo e tempo, cujos valores estão contidos nos
afixos adjuntos ao verbo sob a forma de desinência.
As categorias verbais de voz e aspecto não se manifestam através de processos de afixação, tal como os
4
Cfr. noções de Dicionários:
Verbos: classe de palavras que expressa acção, estado ou mudança de estado (p.ex.: pagar, ser, tornar). Do lat. verbum,i.
Verbo abundante: aquele que tem duas ou mais formas para um ou mais modos, tempos ou pessoas: gastar (cujo particípio é gastado ou gasto), nascer (cujo
particípio é nascido, nato ou nado), ir (cuja 1a pess. do plural do pres. ind. é vamos ou [ant.] imos).
Verbo acurativo: numa locução, o verbo que assinala com precisão o início de um processo, ou seu fim, etc.; verbo determinativo. [P. ex.: estar, começar, principiar,
continuar, acabar, cessar, ir, tornar, em frases como estar escrevendo, começar a trabalhar, continuar a ler, cessar de comer, ir trabalhar, tornar a ver.]
Verbo adjectivo: qualquer outro verbo que não o verbo ser; verbo atributivo.
Verbo anómalo: verbo extraordinariamente irregular em sua formação e conjugação.
Verbo activo: o que designa acção praticada pelo sujeito.
Verbo atributivo: verbo adjectivo.
Verbo aumentativo: verbo derivado cuja significação é encarecida ou exagerada para mais: esmurrar, refulgir, rebrilhar, repousar, retremer, tresgastar, ressuar.
Verbo auxiliar: aquele que numa conjugação perifrástica precisa o tempo, o modo ou a voz. [Tb. se diz apenas auxiliar.]
Verbo auxiliar de tempo: verbo semi-auxiliar. [Tb. se diz apenas auxiliar de tempo.]
Verbo auxiliar modal: verbo modal. [Tb. se diz apenas auxiliar modal.]
Verbo biobjectivo: verbo transitivo directo e indirecto.
Verbo birrelativo: verbo bitransitivo indirecto.
Verbo bitransitivo: aquele que pede dois objectos, ou, ainda, dois complementos circunstanciais; verbo transitivo directo e indirecto.
Verbo bitransitivo circunstancial: o que pede dois complementos circunstanciais, como, p. ex., o verbo ir em / Este varal da varanda até o portão.
Verbo bitransitivo indirecto: o que pede dois objectos indirectos, como o verbo resultar na frase “E desse dano lhe resultou deidade gloriosa.” (Luís de Camões, Os
Lusíadas, VI, 24.) [Sin.: birrelativo.]
Verbo catenativo: verbo lexical que rege a forma nominal de outro verbo, que lhe é contíguo: ele quer comer; ele tentou correr.
Verbo causativo: aquele que expressa noção de causa: mandar (ex.: Mandei-a sair), fazer (ex.: Fiz João escrever), deixar (ex.: Deixei as crianças irem à praia ). [Cf.
verbo factitivo.]
Verbo copulativo: verbo de ligação.
Verbo declarativo: verbo dicendi.
Verbo defectivo: o que não tem todos os tempos, modos ou pessoas: abolir, precaver, reaver, relampejar.
Verbo de ligação: aquele que, juntamente com o predicativo, constitui o predicado de um sintagma nominal com função de sujeito; verbo copulativo, verbo
predicativo: ser (ex.: Maria é bonita), andar (ex.: Ela anda triste), estar (ex.: Ele está triste). [É assim denominado por ligar o predicativo ao sujeito.]
Verbo de opinião: verbo que precede uma declaração, indicando ser esta uma opinião ou uma crença; verbo opinativo. [P. ex.: achar, crer, pensar.]
Verbo depoente: o que tem forma passiva e significação activa: rapaz lido, ou viajado, ou experimentado, i. e., ‘que leu’, ‘que viajou’, ou ‘que tem ou adquiriu
experiência’. [Sin.: verbo médio-passivo. Tb. se diz apenas depoente.]
Verbo desiderativo: aquele que exprime desejo.
Verbo desitivo: o que exprime acção que diminuiu ou cessou.
Verbo determinativo: verbo acurativo.
Verbo dicendi: cada um dos verbos como, p. ex., dizer, afirmar, exclamar, perguntar, responder, redarguir, que antecedem, mediata ou imediatamente, uma
declaração, pergunta, etc.; verbo declarativo: “O processo mais simples para isso [para o narrador dar a conhecer ao leitor palavras ou pensamentos de outrem] é
apresentar-nos o indivíduo e deixá-lo expressar-se, acrescentando-se um verbo dicendi (disse, perguntou, respondeu) para anunciar a entrada do novo falante.” (J.
Matoso Câmara Jr., Ensaios Machadianos, p. 25.) [Cf. verbo de opinião.]
Verbo diminutivo: verbo derivado cuja significação se exagera para menos: bebericar (ou beberricar), chamuscar, chupitar, dormitar, namoricar (ou namoriscar),
saltitar, saltaricar, saltarilhar.
Verbo ergativo: verbo intransitivo cujo sujeito não é o agente da acção verbal, mas tema; verbo inacusativo. [P. ex.: O gelo derreteu. Já na frase O calor derreteu o
gelo, calor é agente e gelo, tema.] [Tb. se diz apenas ergativo.]
Verbo estativo: aquele que indica uma situação que não é focalizada como um processo dinâmico. [P. ex.: saber, parecer.]
Verbo factitivo: verbo transitivo directo cujo objecto é, por sua vez, um agente sob a influência de um sujeito:
A mãe adormece a criança (quem adormece é a criança, i. e., o agente). [O carácter factitivo pode ser indicado pelos sufixos -ecer (adormecer,
estremecer);-entar (afugentar, adormentar); -izar (amenizar, cristianizar); -fazer, -ficar (liquefazer e liquidificar, estupefazer e estupidificar; mumificar,
rectificar), etc.; pelos v. causativos fazer, mandar, etc. (fazer o aluno estudar; mandar o homem trabalhar).] [V. verbo causativo.]
Verbo frequentativo: o que exprime acção repetida ou frequente; verbo iterativo: bebericar, escoicear, saltitar.
Verbo imitativo: verbo derivado de um substantivo, e que exprime ação imitativa da qualidade ou estado inerente ao ser que tal substantivo designa: borboletear,
cabriolar, corvejar, encabritar-se, pavonear, peruar, serpear, serpejar, serpentar, serpentear.
Verbo impessoal: aquele que não especifica o sujeito agente e que se apresenta sempre na 3 a pessoa do singular ou em formas nominais: ventar (ex.: Venta muito
aqui), nevar (ex.: Está nevando), haver (ex.: Há crianças na rua).
Verbo inacusativo: verbo ergativo (q. v.). [Tb. se diz apenas inacusativo.]
Verbo inactivo: aquele que não exprime acção, mas estado ou fenómeno, não sendo, pois, activo nem passivo; verbo neutro: chover, relampejar, morrer, viver.
Verbo incoativo: aquele que exprime começo de acção ou de estado: alvorar, alvorecer, amadurecer, anoitecer, florescer.
Verbo intensivo: verbo derivado que exprime reforço da acção.
Verbo intransitivo: o que exprime acção ou estado que não passa ou transita do sujeito a nenhum objecto, como, p. ex., andar, brincar, lutar, trabalhar, nas frases: O
pequeno já anda; A criança brinca; Está sempre a lutar; O homem trabalha.
Verbo irregular: aquele que não segue o paradigma da sua conjugação: estar, haver, trazer, sentir, tossir.
Verbo iterativo: verbo frequentativo.
Verbo lexical: aquele que expressa os significados do mundo extralinguístico.
Verbo médio-passivo: verbo depoente.
Verbo modal: verbo que exprime modalidades lógicas, como possibilidade, necessidade, probabilidade, etc.; verbo auxiliar modal. [ Poder e dever, quando seguidos
de infinitivo, são ex. de verbos modais em português.] [Tb. se diz apenas auxiliar modal e modal.]
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Curso de Língua Portuguesa – PARTE II – GRAMÁTICA
tempos compostos. Contudo, os valores aspectuais podem surgir em associação com os tempos verbais.
VERBO
PESSOA
O
NÚMER
Primeira Segunda Terceira
Singular Plural
pessoa pessoa pessoa
MODO
TEMPO
Formas finitas Formas não finitas Presente Pretérito Futuro
Indicativo Infinitivo Perfeito Imperfeito Mais-que-perfeito
Conjuntivo Gerúndio
Condicional Particípio
Imperativo
ASPECT
VOZ
O
Perfectivo Imperativo Habitual Genérico Iterativo Activa Passiva
O verbo é constituído, no seu infinitivo impessoal, pelo radical+vogal temática+desinência do infinitivo: amar <
am(radical)+a(vogal temática)+r(desinência).
O tema é constituído pelo radical+vogal temática: ama.
Vogal temática
A vogal temática identifica o paradigma de flexão verbal a que um determinado verbo pertence. Assim, as
vogais temáticas –a, -e, ou –i, que se identificam na forma de infinitivo, fazem corresponder o verbo ao modelo de
flexão da primeira, segunda ou terceira conjugação.
. Primeira conjugação
Paradigma seguido pelos verbos que se identificam pela vogal temática –a-, na forma infinitiva do verbo.
. Segunda conjugação
Paradigma seguido pelos verbos que se identificam pela vogal temática –e-, na forma infinitiva do verbo.
. Terceira conjugação
Paradigma seguido pelos verbos que se identificam pela vogal temática –i-, na forma infinitiva do verbo.
EXEMPLOS:
PRIMEIRA CONJUGAÇÃO SEGUNDA CONJUGAÇÃO TERCEIRA CONJUGAÇÃO
vogal temática –A- vogal temática –E- vogal temática –I-
Verbos de 1ª conjugação Verbos de 2ª conjugação Verbos de 3ª conjugação
am- A- r beb- E- r ca- I- r
cant- A- r corr- E- r color- I- r
danç- A- r l- E- r fuj- I- r
gost- A- r mant- E- r sent- I- r
lav- A- r perd- E- r sorr- I- r
pass- A- r sofr- E- r sub- I- r
trat- A- r viv- E- r part- I- r
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
andamos O sufixo –amos codifica simultaneamente o valor de primeira pessoa, de número plural, de tempo presente e modo indicativo.
Andes O sufixo –es codifica simultaneamente o valor de segunda pessoa, de número singular, de tempo presente e modo conjuntivo.
(ele) andaria O sufixo –aria codifica simultaneamente o valor de terceira pessoa, de número singular e modo condicional.
Número de verbo
O verbo é variável em número, sendo flexionado no singular e no plural. O singular tem como referente o
sujeito uma só pessoa ou objecto e o plural tem como referente do sujeito mais do que uma pessoa ou coisa.
EXEMPLOS:
SINGULAR PLURAL
ando andamos
andas andais
anda andam
Pessoa
O verbo possui três pessoas que referem a pessoa gramatical que serve de sujeito:
Primeira/Segunda/Terceira.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
ando andamos A primeira pessoa corresponde aos pronomes pessoais: -eu (singular) e nós (plural).
andas andais A segunda pessoa corresponde aos pronomes pessoais: -tu (singular) e vós (plural).
anda andam A terceira pessoa corresponde aos pronomes pessoais: -ele/ela (singular) e eles/elas (plural).
Modo
Os modos verbais expressam gramaticalmente as atitudes e opiniões dos falantes, tais como: constatação,
certeza, dúvida, suposição, permissão, obrigação etc.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
O dia está quente. Os exemplos mostram que as formas verbais finitas:
Os pais estiveram na reunião. - podem ocorrer numa frase simples como forma única (está);
És inteligente. - podem ser flexionados em pessoa, número, tempo e modo (a forma estiveram
Serias premiado se estudasses. corresponde à terceira do plural, do modo indicativo, no tempo pretérito perfeito;
Levanta-te. - flexionam-se no Indicativo (és), Condicional (serias), Conjuntivo (estudasses) e Imperativo
(levanta).
- Indicativo
O modo indicativo exprime, regra geral, uma acção, um estado ou um facto considerado como realidade. O
indicativo é o modo fundamental nas frases simples.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
Estou na praia. O modo Indicativo projecta as acções no domínio dos acontecimentos, referindo-as
Quando era jovem, lia mais livros. no presenta (estou), no passado (era) ou no futuro (irei).
Amanhã irei ao cinema.
- Conjuntivo
O modo conjunto, por oposição ao modo indicativo, perspectiva as acções, os estados ou os factos no plano
de incerteza, probabilidade, eventualidades ou irrealidades. Embora o modo conjuntivo surja em frases simples e
coordenadas, é fundamental, sobretudo, nas orações subordinadas.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
Oxalá esteja bom tempo. O modo Conjuntivo não se pode verificar na realidade, na medida a sua realização
Levantasses-te mais cedo e o dependente de outras acções.
trabalho estaria feito. - esteja apresenta um desejo cuja concretização está dependente de outra acção;
Se quiseres, vem cá jantar. - levantasses expressa a dependência de uma condição;
- quiseres mostra uma possibilidade.
- Condicional
O modo condicional é usado, regularmente, para, em orações condicionadas, referir factos que não se
realizaram e cuja realização é incerta.
EXEMPLO: EXPLICAÇÃO:
Se pudesse, gostaria de visitar Tóquio. O modo Condicional apresenta acções cuja realização é incerta.
O condicional é entendido por alguns autores como uma categoria temporal e não modal, sendo, nesse caso
mais frequentemente referido como futuro do perfeito simples que, na perspectiva de Cunha e Cintra (1998), se
emprega para designar acções posteriores à época de que se fala: Ex.: Tens a certeza de que, passadas as primeiras
semanas, não lamentaria aquele sacrifício? (Augusto Abelaira). Há autores que admitem as duas classificações,
distinguindo a categoria temporal, quando a perspectiva é o passado, e a categoria modal, quando a perspectiva é o
tempo futuro.
- Imperativo
O modo imperativo expressa permissão, obrigação ou ordem, podendo também ser usado para transmitir
informações, instruções, conselhos, convites, súplicas etc.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
Anda comigo à praia. O modo imperativo transmite valores de:
Levanta-te e trabalha. - convite;
Amai-vos. - ordem;
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Curso de Língua Portuguesa – PARTE II – GRAMÁTICA
Segue até ao fim da rua e vira à esquerda. - conselho;
- informação ou instrução.
Utiliza-se as formas do presente do conjuntivo nas pessoas em que o modo imperativo não tem formas
próprias, e também nas formas negativas. Ex.: Óptimo! Cantem eles! / Não cantes!
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
Nos dias quentes, tenho ido à praia. Os exemplos mostram que as formas verbais não finitas:
Vou lendo sempre que posso. - não podem ocorrer numa frase simples como forma única, podendo
Apesar de termos fome, vamos jantar mais tarde. constituir parte de formas compostas (tenho ido);
Vamos indo. - o Gerúndio e o Particípio não admitem flexão de pessoa, número ou tempo
Tenho nadado todos os dias. (lendo, nadado);
Adoro passear. - o Infinitivo não admite flexão de tempo (termos);
- ocorrem nos modos Gerúndio (indo), Particípio (nadado) e Infinitivo
(passear).
- Infinitivo
O modo Infinitivo, quando usado na forma invariável – infinitivo impessoal – não exprime nem tempo, nem
modo. O Infinitivo exibe, deste modo, o processo verbal em potência, de forma vaga.
O modo Infinitivo admite flexão em número e pessoa – infinitivo pessoal – quando tem sujeito próprio.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
Rir como um louco. Usos do Infinitivo Impessoal:
Viver para o trabalho. a) sem sujeito determinado, apresentando os estados expressos pelos
verbos de forma genérica;
Marchar. b) com valor imperativo;
Os rapazes estão a dormir e as raparigas a ler. c) numa descrição ou narração;
Este livro é fácil e bom de ler. d) dependendo de adjectivos como fácil, possível, bom etc;
Estou a ouvir. e) precedido da preposição “a” com os verbos estar, andar, ficar etc.
A Joana pediu para nós irmos com ela. Usos do Infinitivo Pessoal:
a) quando o sujeito está claramente expresso;
Antes de saíres fecha a janela. b) quando refere um agente não expresso;
Abandonarem assim um monumento. c) indicando indeterminação do sujeito (terceira pessoa do plural).
- Gerúndio
O modo gerúndio apresenta a acção designada pelo verbo no decorrer do seu desenvolvimento.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
Estavam todos rindo como loucos. O gerúndio é usado para:
- dar conta da acção que se desenrola continuamente (rindo);
Vendo que não estavas, voltei para casa. - com o valor de uma acção precedente da acção principal (vendo).
- Particípio
O particípio apresenta o resultado da acção. As formas do particípio são frequentemente usadas com valor de
adjectivo, podendo flexionar-se como tal, ou como constituintes dos tempos verbais compostos.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
Bem vista a situação, o exame nem foi difícil. O particípio passado do verbo «ver», vista, é usado com valor de adjectivo,
concordando com o nome em género e número.
Tenho visto muitos estrangeiros. - visto é a forma do verbo principal no particípio do pretérito perfeito composto
do modo indicativo.
Eles tinham dito que não vinham. - dito é a forma do verbo principal no tempo pretérito mais-que-perfeito composto
do modo Indicativo.
Tempo
A categoria verbal de tempo localiza situações, eventos ou estados num determinado ponto de ordenação
linear, orientado do passado para o futuro. Os tempos gramaticais orientam-se em três domínios: passado, presente e
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Curso de Língua Portuguesa – PARTE II – GRAMÁTICA
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
A Sofia está em casa. Os exemplos situam as acções tendo em conta três momentos essenciais:
- em está, o ponto de situação e o momento de enunciação são simultâneos;
A Sofia saiu. - em saiu, o ponto de evento é passado relativamente ao momento de fala;
- no terceiro enunciado, têm-se em conta três momentos: o momento de enunciação, sendo-lhe
A Sofia saíra quando tu chegaste. anteriores, tanto o momento de referência, chegaste, como o momento do evento, saíra, que é
o momento que localiza uma maior anteriormente.
. Tempos simples: formam-se pela junção do radical, com a vogal temática, o sufixo de tempo, modo e
aspecto e a desinência de pessoa e número.
INDICATIVO CONJUNTIVO
PRESENTE A acção decorre no momento de enunciação.
IMPERFEITO A acção decorre num momento anterior ao momento de enunciação, não sendo
determinado o momento de fim da acção.
PRETÉRITO
FINITAS
Gerúndio andando
Particípio andado
. Tempos compostos: são constituídos por formas do verbo ter (ou haver), o verbo auxiliar, e o particípio do
verbo principal.
TEMPOS COMPOSTOS
MODOS: TEMPOS: EXEMPLOS:
Pretérito Perfeito tenho andado, …
Indicativo Mais-que-perfeito tinha andado, …
Futuro terei andado, …
Perfeito tenha andado, …
Pretérito
Conjuntivo Mais-que-perfeito tivesse andado, …
Futuro tiver andado, …
Condicional Composto teria andado, …
Impessoal ter andado
Infinitivo
Pessoal ter andado…
Gerúndio tendo andado
Valores temporais
. Tempos do modo Indicativo
- Presente do Indicativo
O PRESENTE DO INDICATIVO USA-SE PARA: EXEMPLOS:
a) enunciar um evento que ocorre no momento de enunciação; Estou com fome.
b) enunciar acções ou estados permanentes; A Terra gira em torno do Sol.
c) referir acções habituais ou características do sujeito; Levanto-me cedo.
Pareço um palhaço.
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Curso de Língua Portuguesa – PARTE II – GRAMÁTICA
d) narrar factos do passado com vivacidade; Vasco da Gama sai de Lisboa e encoraja os seus homens.
e) apresentar um facto no futuro próximo. Amanhã vou à Covilhã.
- Futuro do indicativo
O FUTURO DO INDICATIVO USA-SE PARA: EXEMPLOS:
a) indicar factor futuros; O pai voltará amanhã.
b) expressar incerteza acerca de factos actuais; Será que temos de voltar mais tarde?
c) manifestar uma súplica ou pedido; Poderás sair agora comigo?
d) em enunciados condicionados, expressar factos de Se procurares melhor, verás que encontras.
realização provável.
- Presente do Conjuntivo
O presente do conjuntivo usa-se para apresentar hipóteses, probabilidades ou intenções a partir de um ponto
de enunciação no presente.
- Imperfeito do Conjuntivo
O imperfeito do conjuntivo usa-se para apresentar hipóteses, probabilidades ou intenções, colocando o ponto
de ocorrência do evento no passado.
- Futuro do Conjuntivo
O futuro do conjuntivo usa-se para apresentar hipóteses, probabilidades ou intenções, colocando o ponto de
ocorrência do evento no futuro.
Aspecto
O aspecto é a categoria que permite descrever e identificar o sentido de uma situação, a partir da informação
lexical e gramatical.
Aspecto lexical: apresenta-se através do significado intrínseco que a palavra ou conjuntos de palavras
veiculam, podendo ser alterado pelo aspecto gramatical.
O aspecto lexical permite estabelecer a distinção entre…
EXEMPLOS EXPLICAÇÃO
1)-Situações estativas ou A Maria está doente. - A situação não é dinâmica.
estados (situações não O Pedro é simpático. - Não contém a noção de fim.
dinâmicas) - O estado não é delimitado (sem início nem fim).
- A situação é homogénea, a acção não é divisível em momentos.
2)-Eventos (situações dinâmicas)
. Eventos durativos (ou processo O João leu o livro. - O evento tem duração e tende para o fim.
culminado) A Maria lavou a louça.
. Eventos não durativos (ou A Ana espirrou. - O evento é instantâneo, sendo um estado em si mesmo,
ponto) O Luís acordou. portanto, sem estado consequente.
Aspecto gramatical: verifica-se no domínio da predicação, podendo o valor aspectual variar em função do valor
temporal e das combinações com verbos auxiliares e estruturas de quantificação.
O aspecto gramatical pode distinguir-se entre…
acordou.
Estava a estudar, quando chegaste.
Geralmente, no Verão faz calor. . Sem valor temporal. - Advérbios ou locuções com sentido plural.
Os adolescentes são vaidosos. . Sem intervalo de tempo limitado.
Normalmente, os homens gostam de
futebol.
Tenho almoçado em casa. . Estados ou processos com início no - Pretérito Perfeito Composto Indicativo;
Iterativo
A Ana tem estado doente. passado que perduram no presente. - Advérbios ou locuções adverbiais de
tempo.
Voz
A categoria verbal admite duas perspectivas de voz, em português, dependendo da relação de agente entre o
sujeito e a forma verbal.
Na voz activa, o acontecimento ou situação expressa pelo verbo é praticado pelo sujeito.
Na voz passiva, o acontecimento ou situação expressa pelo verbo é sofrida pelo sujeito. O processo de
conjugação da voz passiva compreende o verbo auxiliar ser, no tempo e modo que se quer conjugar, e o particípio
passado do verbo principal. Ex.: O público aplaudiu a cantora (>voz activa). / A cantora foi aplaudida pelo público (>voz passiva).
Tipologias verbais
Verbos regulares
Os verbos regulares são conjugados totalmente conforme o paradigma de conjugação a que pertencem –
primeira conjugação, segunda conjugação ou terceira conjugação. Em português, é nos verbos da primeira conjugação
que há maior regularidade.
Verbos irregulares
Os verbos irregulares não se conjugam conforme o paradigma a que pertencem, podendo haver variações no
radical do verbo ou nos sufixos de flexão. No entanto, os verbos de tipologia irregular podem ter formas regulares.
Verbos abundantes
Os verbos chamados abundantes possuem duas formas de sentidos equivalentes, verificando-se esta
ocorrência, sobretudo em formas do particípio.
A forma fraca corresponde à forma verbal flexionada de forma regular, afixando a desinência de modo –do.
A forma forte apresenta-se reduzida ou irregular relativamente ao paradigma verbal.
Verbos defectivos
Os verbos defectivos são usados apenas em alguns tempos, modos ou pessoas, tendo, portanto, formas
inexistentes.
As formas lacunares dos verbos defectivos são supridas pelo emprego de formas verbais ou perífrases
equivalentes. Assim, por exemplo, para substituir a forma defectiva do verbo falir, no Presente do Indicativo, podemos
usar «abro falência»; para substituir a forma defectiva do verbo banir, no Presente do Indicativo, podemos usar
«expulso».
. Formas supletivas: quando os verbos são defectivos no seu radical, podem recorrer a formas supletivas para
eliminar essa lacuna. Ex.: verbo ser: és, eras, fui, fosse etc.
Verbo impessoal
Os verbos impessoais são verbos cuja ideia expressa não pode aplicar-se a pessoas, conjugando-se apenas
na 3ª pessoa do singular.
. Verbos que exprimem fenómenos naturais. chover/ chove/ choveu Conjugam-se na 3ª pessoa
trovejar/ troveja/ trovejou do singular.
ventar/ venta/ ventou
relampejar/ relampeja/ relampejou
amanhecer/ amanhece/ amanhecia
anoitecer/ anoiteceu/ anoitecera
. Verbo haver, quando significa «existir». Há pessoas em casa.
Houve aulas hoje.
Havia dias que não aparecia.
. Verbo fazer, quando significa tempo decorrido Faz tempo que não te vejo.
Verbo unipessoal
Os verbos unipessoais são verbos cuja ideia expressa não pode aplicar-se a pessoas. São apenas conjugados
na 3ª pessoa do singular e do plural.
. Verbos que indicam acções de animais. Ganir/ gane/ ganem Conjugam-se na 3ª pessoa
Ladrar/ ladra/ ladram do singular e do plural.
Zurrar/ zurra/ zurram
Galopar/ galopa/ galopavam
Esvoaçar/ esvoaça/ esvoaçaram
. Verbos que indicam conveniência ou Convém irmos embora.
necessidade, sendo o sujeito uma oração Agrada-nos que venhas.
substantiva.
Classes de verbos
Verbo principal
O verbo principal constitui o núcleo semântico de uma oração e determina a ocorrência do sujeito e dos
complementos.
Dependendo da determinação ou não da selecção de complementos, pode classificar-se como: intransitivo,
transitivo directo, transitivo indirecto, transitivo directo e indirecto e transitivo-predicativo.
Usar-se-ão as seguintes abreviaturas: SUJ. (sujeito), V. (verbo), C.D. (complemento directo), C.I.
(complemento indirecto), C.I. (complemento indirecto), C.OBL. (complemento oblíquo).
Verbo auxiliar
O verbo auxiliar ocorre na oração ou frase sem determinar o sujeito ou os complementos e precedendo o verbo
principal ou o verbo copulativo. Os verbos auxiliares são usados na formação de tempos compostos, na formação da
voz passiva ou em perífrases de valor aspectual.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
Eu tinha dito que era melhor esperares. Os verbos auxiliares precedem o verbo principal na formação de…
Este vestido foi oferecido pela maria. . tempos compostos;
Os amigos estão a chegar. . voz passiva;
. perífrases com valor aspectual.
Em síntese, os verbos principais são aqueles que exprimem o significado do verbo, em certos casos de
conjugação; os verbos auxiliares são aqueles que transmitem algumas características pronominais da classe dos
verbos, como sejam: tempo, modo, pessoa, e até o aspecto e a voz. Nos exemplos seguintes…
A forma verbal simples estudou, inclui em si todas as características do verbo: tempo, modo, pessoa...
A forma verbal composta é constituída por um verbo principal estudar (estudado, estudada, estudar), que
exprime sobretudo o significado do verbo, e um verbo auxiliar ter (tem), ser (foi), andar (anda a) que auxiliam o principal,
transmitindo algumas características próprias da classe dos verbos, como sejam: tempo, modo, pessoa, e até o aspecto
e a voz.
Os verbos auxiliares:
Verbo copulativo
Os verbos copulativos (ou predicativos, ou de ligação) transmitem uma informação acerca do sujeito, através
de um complemento essencial para a designação do sujeito, o predicativo do sujeito.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
Os verbos copulativos seleccionam
sintagmas, cujos núcleos podem ser: São verbos copulativos:
A minha mãe é bibliotecária. . nominais ser, estar, ficar, parecer,
A turma está irrequieta. . adjectivais permanecer, continuar,
No debate, a Ana ficou contra mim. . preposicionais tornar-se e revelar-se.
Os feirantes continuam muito mal. . adverbiais
Formas de conjugações
Conjugação pronominal
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. A conjugação pronominal efectiva-se com os pronomes pessoais o, a, os, as; a acção do sujeito reflecte-se
num outro. Os pronomes tomam por vezes as formas lo, la, los, las e no, na, nos, nas.
Ex.: Ela ama-o com todo o afecto.
amo-o, ama-lo, ama-o; amamo-lo, amai-lo, amam-no
. A conjugação pronominal reflexa é feita com os pronomes me, te, se, nos, vos, se; a acção do sujeito recai
sobre ele próprio. Ex.: Sentei-me nas escadas.
sento-me, sentas-te, senta-se; sentamo-nos, sentais-vos, sentam-se
. A conjugação pronominal recíproca é formada com os pronomes pessoais do plural, exprimindo reciprocidade
na acção praticada; a acção de cada um dos sujeitos recai mutuamente sobre ambos.
abraçamo-nos, abraçais-vos, abraçam-se
Conjugação perifrástica
A forma perifrástica é constituída por um verbo principal no infinitivo ou no gerúndio, e um verbo auxiliar, no
tempo que se quer conjugar.
Alguns dos verbos auxiliares da conjugação perifrástica são: ir, vir, andar, dever, deixar, estar, ter, haver,
começar, acabar, continuar. Ex.: Tenho de comprar o livro. (>ideia de necessidade) / A neve ia caindo. (>ideia de duração)
Conjugação do verbo LOUVAR (ou TER SIDO LOUVADO), (conjugação na voz passiva)
TEMPOS COMPOSTO
MODOS
PRESENTE PRET.IMPER. PRET.PERFEITO PRET.M.Q.PERFEITO FUTURO
eu tenho sido louvado eu tinha sido louvado eu terei sido louvado
--- --- tu tens sido louvado tu tinhas sido louvado tu terás sido louvado
ele tem sido louvado ele tinha sido louvado ele terá sido louvado
INDICATIVO
nós temos sido louvados nós tínhamos sido louvados nós teremos sido louvados
vós tendes sido louvados vós tínheis sido louvados vós tereis sido louvados
eles têm sido louvados eles tinham sido louvados eles terão sido louvados
eu tenha sido louvado eu tivesse sido louvado eu tiver sido louvado
--- --- tu tenhas sido louvado tu tivesses sido louvado tu tiveres sido louvado
ele tenha sido louvado ele tivesse sido louvado ele tiver sido louvado
CONJUNTIVO nós tenhamos sido n. tivéssemos sido louvados nós tivermos sido louvados
louvados vós tivésseis sido louvados vós tiverdes sido louvados
vós tenhais sido louvados eles tivessem sido louvados eles tiverem sido louvados
eles tenham sido louvados
eu teria sido louvado
tu terias sido louvado --- --- --- ---
ele teria sido louvado
CONDICIONAL
n. teríamos sido louvados
vós teríeis sido louvados
eles teriam sido louvados
IMPERATIVO --- --- --- --- ---
OUTRAS FORMAS
PESSOAL IMPESS. GERÚNDIO PART.PASSADO
eu ter sido louvado
tu teres sido louvado ter sido tendo sido louvado ---
INFINITIVO ele ter sido louvado louvado
nós termos sido louvados
vós terdes sido louvados
eles terem sido louvados
Advérbio
Na palavra advérbio, assim como na palavra adjectivo, existe o prefixo latino ad, que indica a ideia de
proximidade, contiguidade. Portanto o nome praticamente já diz o que é o advérbio: é palavra capaz de caracterizar o
processo verbal, indicando circunstâncias em que esse processo se desenvolve. A função principal do advérbio é ser
modificador da frase ou do grupo verbal.
Advérbio é a palavra (por vezes considerada invariável) que serve para determinar ou intensificar o sentido do
verbo, do adjectivo ou de outro advérbio.
- Junto de um verbo:
Não percebeste bem o que te quis dizer.
Estávamos descansados, quando, repentinamente, começou a chover.
- Junto de um adjectivo:
Ela é muito elegante.
- Junto de um (outro) advérbio:
Correu-me bastante mal o dia.
- Pode equivaler a uma frase:
"- Foste ao cinema?
- Não! (<Não fui ao cinema!)"
A locução adverbial é o conjunto de duas ou mais palavras que funciona como um advérbio. Formam-se
geralmente associando…
. uma preposição e um nome
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Grau de advérbios
A categoria de grau estabelece uma gradação no significado de uma palavra ou na relação entre termos de
comparação.
O grau dos advérbios varia entre normal, comparativo e superlativo.
Comparativo
. de superioridade: mais perto
. de igualdade: tão perto
. de inferioridade: menos perto
Neste caso, e nos outros, o comparativo de inferioridade, substitui-se pelo de superioridade do advérbio
antónimo:
em vez de menos perto, dizemos mais longe
em vez de menos cedo, dizemos mais tarde etc.
Ex.: A patrícia estava mais longe do que o João. (e não "menos perto")
Superlativo absoluto
. analítico: muito perto
. sintético: pertíssimo
Superlativo relativo
. de superioridade: o mais perto
. de inferioridade: o menos perto
Os advérbios bem e mal, à semelhança dos adjectivos bom e mau, também apresentam comparativos e
superlativos irregulares:
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
O Zé escreveu melhor a carta. melhor = advérbio
Antes de adjectivos formados pelo particípio do verbo, os graus comparativo e superlativo sintético dos
advérbios bem e mal são: o mais bem e o mais mal:
EXEMPLOS:
Quero o trabalho o mais bem feito possível.
O monumento mais bem conhecido de Lisboa é o Mosteiro dos Jerónimos.
Foi o livro mais mal escrito que li.
Classes de advérbios
Advérbio de predicado
O ADVÉRBIO DE PREDICADO:
- ocorre internamente ao grupo verbal com função de Vou para aí.
complemento oblíquo, modificador do grupo verbal ou Almocei bem.
predicativo do sujeito; Ele ficou ali.
- pode ser afectado pela negação; Não vou para aí.
Não almocei bem.
Ele não ficou ali.
- não é afectado por estruturas interrogativas. É para aí que vais?
Almoçaste bem?
Foi ali que ele ficou?
Advérbio de frase
O ADVÉRBIO DE FRASE:
- modifica a frase; Provavelmente, vou chegar tarde.
Felizmente, consegui acabar a tempo.
Naturalmente, estarei presente.
- não é afectado pela negação; *Não provavelmente, vou chegar tarde.
*Não felizmente, consegui acabar a tempo.
*Não naturalmente, estarei presente.
- não é afectado por estruturas interrogativas. *É provavelmente que vais chegar tarde?
*É felizmente que vais conseguir acabar a tempo?
*É naturalmente que estarás presente?
Advérbio conectivo
O ADVÉRBIO DE FRASE:
- estabelece relações entre frases ou constituintes Saí de casa. Seguidamente, tomei um café.
de frases; A professora chamou as alunas, nomeadamente a Ana e a Maria,
para justificarem o sucedido.
- estabelece relações, por exemplo, de Comi demais, consequentemente tive uma dor de barriga.
consequência, contraste ou ordenação; A Maria, porém, havia-me avisado.
Preparei os legumes, seguidamente temperei a carne.
- não é afectado pela negação; *Comi demais, não consequentemente tive uma dor de barriga.
*A Maria, não porém, havia-me avisado.
*Preparei os legumes, não seguidamente temperei a carne.
- não é afectado por estruturas interrogativas; *Foi consequentemente que tiveste uma dor de barriga?
*A Maria havia-te avisado, porém?
*Temperaste seguidamente a carne?
- podem ocorrer entre o sujeito e o predicado (ao A Maria, porém, havia-me avisado.
contrário das conjunções).
Advérbio de negação
O ADVÉRBIO DE NEGAÇÃO:
- nega o sentido afirmativo de uma frase ou constituinte; As flores [não] são bonitas.
- ocorre como modificador do grupo verbal ou de um O João não ofereceu flores à mae.
constituinte do grupo verbal. O João ofereceu não flores, mas um perfume à mãe.
Advérbio de afirmação
O ADVÉRBIO DE AFIRMAÇÃO:
- usa-se nas respostas às interrogativas totais; Gostaste do filme?
- Sim.
- ocorre como modificador de um constituinte, para reforçar Não fui à sessão da tarde, mas sim à da noite.
o valor afirmativo.
Advérbio interrogativo
O ADVÉRBIO INTERROGATIVO:
- identifica o constituinte interrogativo. Onde estiveste?
Como chegaste?
Advérbio relativo
O ADVÉRBIO RELATIVO:
- identifica o constituinte relativizado numa oração relativa A discoteca onde estive era enorme.
e é substituível por um grupo adverbial ou preposicional. [Estive lá / na discoteca]
Preposição
A preposição é a palavra invariável que estabelece relação entre elementos da frase; palavra invariável que
liga dois elementos da oração, subordinando o segundo ao primeiro.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
Em chegando a casa, dou-te uma ajuda. A preposição pode ter como complemento:
Vou para casa. - orações;
- grupos nominais;
Estou preparada desde já. - advérbios.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
Jantai com ele! - verbo e pronome
Comprei uma pulseira de prata. - nome e nome
Fugiu durante a guerra. - verbo e nome
Contracção de preposições
As preposições a, de, em e por podem aparecer contraídas com o artigo definido e com alguns determinantes
e pronomes
a+a>à; a+o>ao; de+a>da; de+o>do; em+a>na; em+o>no; per+a>pela; per+o>pelo; a+aquela>àquela;
a+aquele>àquele; de+ela>dela; de+ele>dele; em+esta>nesta; em+este>neste…
Conjunção
A conjunção é a palavra invariável que serve para relacionar orações ou elementos semelhantes da mesma
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oração; palavra invariável que relaciona orações, constituintes coordenados e orações subordinadas complectivas e
adverbiais.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
Fui ao supermercado e voltei. A conjunção estabelece relações entre:
A Ana e a mãe saíram. -orações
Pedi-te que voltasses cedo. - constituintes coordenados
Vou sair, embora esteja frio. - orações subordinadas complectivas
- orações subordinadas adverbiais.
Classes de conjunções
Conjunção coordenativa
As conjunções coordenativas ligam orações da mesma natureza ou palavras que, na oração, desempenham
iguais funções; relacionam termos ou orações cuja função é idêntica, introduzindo o elemento coordenado.
EXEMPLOS:
Eu e a Maria fomos à praia.
Eu não vou à viagem, nem me importo com isso.
Conjunção subordinativa
As conjunções subordinativas estabelecem uma relação de dependência entre orações; relacionam orações,
em que uma depende ou completa o sentido da outra, introduzindo orações subordinadas complectivas e orações
subordinadas adverbiais.
EXEMPLOS:
O prédio ruiu, porque não era conservado.
A Ana foi a Paris, visto que teve oportunidade para isso.
EXEMPLOS:
Tenho trabalhado para que tudo volte ao normal.
Estudei bastante a fim de que possa subir as notas.
EXEMPLOS:
Nunca apareces quando te peço.
Sempre que posso vou a Serralves.
EXEMPLOS:
Ainda que quisesse, não conseguiria ir agora de férias.
Parece que vai chover, embora esteja calor.
EXEMPLOS:
Nada disto teria acontecido, se fizesses o que te digo.
Gostaria de ir ao Namibe, se tivesse dinheiro.
EXEMPLOS:
Está de tal forma frio, que nem vou sair da cama.
Foi uma situação tão engraçada que ninguém ficou indiferente.
Interjeição
A interjeição é a palavra invariável que exprime emoções, sensações, estados de espírito, ou que procura agir
sobre o interlocutor, levando-o a adoptar determinados comportamentos sem que se faça uso de estruturas linguísticas
mais elaboradas.
A interjeição é frequente nas frases exclamativas e, na escrita, costuma ser acompanhada de ponto de
exclamação:
Ah! que grande asneira fizeste.
Oxalá cheguemos a tempo!
INTERJEIÇÕES E LOCUÇÕES INTERJECTIVAS
SURPRESA ah! oh! ih! olá! ole! ena! chiça! caramba! diabo!
credo! cáspite! essa agora! meu Deus!
APLAUSO ah! oh! eia! upa! viva! vamos! coragem! bravo! bis! apoiado!
força! muito bem!
ALEGRIA ah! oh!
CHAMAMENTO ó! eh! pst! pchiu! olá! olé! socorro! ó da guarda! aqui d´el-rei!
DOR ai! ui! ah! ai de mim! pobre de mim!
DESEJO oxalá! salve! bem haja! Deus queira! quem me dera!
CÓLERA apre! irra! toma!
INDIGNAÇÃO oh! ui! uh! credo! abrenúncio! Jesus!
DÚVIDA hum! ora! credo!
CANSAÇO uf! ah!
REPULSA ui! safa! fora! morra! abaixo! chiça! abrenúncio! tarrenego!
ORDEM caluda! silêncio! fora! arredo! basta! alto! alto já!
SILÊNCIO chiu! pchiu! caluda! silêncio!
Não se deve confundir a interjeição de chamamento, ó (- Ó Fernando, anda cá!) com a interjeição oh!, que pode
exprimir surpresa, alegria, dor etc:
- Oh! que pouca sorte tivemos!
Chama-se também à interjeição, palavra-frase, por constituir, só por si, uma frase.
Frase
Parágrafo é parte de um texto escrito que desenvolve uma ideia básica e que se inicia com a mudança de linha
tendo a primeira linha destacada pelo avanço (ou recuo) ligeiro em relação às outras.
Frase é um conjunto de palavras em volta de um verbo ou de verbos; unidade gramatical organizada em volta
de um verbo ou de verbos.
Frase é um enunciado de sentido completo, unidade mínima de comunicação, que pode ser constituída por
uma única oração (frase simples), por mais do que uma oração (frase complexa) ou apenas por um verbo (frase
elíptica, estando os restantes constituintes subentendidos).
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
Hoje comi um gelado. Frase simples
Hoje comi um gelado que era delicioso. Frase complexa
Comi. (Por exemplo, como resposta à questão: “Comeste um gelado?”) Frase elíptica
Elementos do predicado
O predicado pode ser constituído apenas por um verbo ou locução verbal.
Ex.: O meu primo adoeceu.
Ele está a sofrer.
. Complemento directo. Refere-se ao ser sobre o qual recai a acção expressa pelo verbo. Pode ser constituído
por um nome (ou expressão nominal), pronome, numeral ou oração completiva.
Ex.: Ele comprou estas revistas.
Nunca pensei isso.
Tem tartes de maçã? Quero duas, por favor.
Ela pediu que viesses cedo.
. Complemento indirecto. Nome ou pronome que refere o ser sobre o qual recai indirectamente a acção
expressa pelo verbo. Geralmente é precedido pela preposição a. Ex.: Empresta o teu livro ao Paulo.
. Predicativo do sujeito. Palavra ou expressão que se junta ao verbo para lhe completar o sentido e caracterizar
o sujeito. Os verbos que servem de ligação entre o sujeito e o predicativo do sujeito chamam-se verbos copulativos ou
de ligação (ver, estar, andar, ficar, continuar, parecer, permanecer...).
Ex.: Ele parecia feliz.
A Gabriela continua doente.
. Predicativo do complemento directo. É a palavra ou expressão que completa o sentido do verbo e caracteriza
o complemento directo.
Ex.: Os alunos consideram aquele professor antipático. (aquele professor > complemento directo, antipático > predicativo
do complemento directo)
O Daniel tornou aquela viagem um inferno. (aquela viagem > complemento directo, um inferno > predicativo do
complemento directo)
O predicativo do complemento directo pode vir antecedido de por ou como.
Ex.: Eles tratavam a vizinha por avó.
Considero aquele homem como um modelo a seguir.
. Complemento agente da passiva. Este complemento só existe nas frases que estão na forma passiva e indica
o ser que pratica a acção sofrida pelo sujeito. Geralmente é introduzido pela preposição por. Ex.: A animação foi feita pela
Deolinda.
O agente da passiva é o complemento de um verbo conjugado na voz passiva e designa o ser que pratica a
acção sofrida pelo sujeito. Pode ser representado por um nome ou pronome. Ex.: O espectáculo foi visto por todos.
5
Confrontar o complemento circunstancial com o complemento oblíquo:
O complemento oblíquo é o grupo preposicional ou grupo adverbial seleccionado pelo verbo, que pode ser substituído por otros grupos preposicionais ou adverbiais.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
O Martinho foi à inauguração da exposição.
A Paula presidiu à reunião.
A decisão depende de todos. O complemento oblíquo é
A Maria gostou da exposição. constituído por:
O Manuel conta com a nossa ajuda.
O Hugo concordou com a opinião do pai. - grupo preposicional ou
O Eduardo mora em leiria.
A Deolinda confia na colega.
A Júlia mora aqui perto.
- grupo adverbial.
A rapariga foi ali à loja.
O que é que o Martinho fez?
Para identificar o complemento oblíquo,
- Foi a inauguração da exposição.
poder-se-á fazer o teste da retoma
O que é que o Manuel fez?
anafórica, não devendo o grupo
- Conta com a nossa ajuda.
preposicional ou o grupo adverbial
O que é que a rapariga fez?
ocorrer na pergunta.
- Foi ali à loja.
. Aposto ou continuado. O aposto ou continuado é o nome ou expressão nominal que se junta a outro nome ou
a um pronome, a título de explicação ou de apreciação. Coloca-se separado por vírgulas.
Ex.: Carata, a minha vizinha, partiu uma perna.
Vocês, os optimistas, são mais felizes.
Visitei os meus avós, pessoas adoráveis.
. Vocativo. O vocativo é a palavra ou expressão que, numa frase, indica a pessoa, animal ou coisa
personificada, a quem nos dirigimos directamente. O vocativo pode ser precedido da interjeição ó, e separa-se sempre
por vírgula(s) dos outros elementos da frase.
Ex.: Marta, chega-me esse livro.
Ouve lá, Rita, por acaso viste o meu irmão?
Nem penses numa coisa dessas, ó Tiago!
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
As crianças dormem. Na frase simples, o verbo ocorre a apresentar
As crianças dormem no quarto. uma propriedade ou a estabelecer uma relação
As crianças estão irrequietas. entre membros da frase.
A frase complexa combina mais do que um verbo principal ou copulativo, obtendo unidades frásicas
complexas.
Oração. Cada unidade frásica contida dentro de uma frase complexa denomina-se oração.
Oração é um conjunto de palavras em volta de um verbo; unidade gramatical organizada em volta de um
verbo.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
ORAÇÃO ORAÇÃO
Estudo. Frase simples.
Vou ao mercado.
As crianças dormem, enquanto os pais jantam. Na frase complexa, podem identificar-se mais do
As crianças dormem no quarto, pois estavam cansadas. que um verbo principal ou copulativo como
predicado de cada uma das orações.
As crianças estão irrequietas, os adultos estão tranquilos.
Orações coordenadas
As orações coordenadas são autónomas, não dependem umas das outras, isto é, cada uma tem sentido
próprio; são sintacticamente independentes, uma não exerce função sintáctica em relação à outra. Na palavra
coordenação existe o prefixo co-, que indica nivelamento, igualdade, companhia ; e o mesmo prefixo de cooperar, co-
líder, co-piloto.
Nas frases complexas formadas por coordenação, as orações surgem ligadas por conjunções coordenativas
ou por pausas. De acordo com o sentido das conjunções ou locuções coordenativas que as unem, as orações
coordenadas recebem nomes diferentes.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
Encontrei a Ana, encontrei a Sofia, mas a ti não te vi. As orações coordenadas assindéticas estão ligadas pela pausa, podendo
Vou ao supermercado, vou ao talho e venho para casa. combinar-se numa frase complexa orações sindéticas e assindéticas.
A Maria está elegante, tem um vestido preto, arranjou o Uma frase complexa constituída apenas por coordenadas assindéticas é
cabelo, maquilhou-se, nem parece a mesma. usada para fazer uma enumeração.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
Ontem fui à praia e amanhã vou passear no campo.
As conjunções coordenativas nunca
Vou ao cinema ou vou ao teatro.
ocorrem na primeira oração coordenada,
Visitei um museu, mas não o pude ver todo.
precedem apenas a segunda oração
Tenho algum tempo, logo fico um pouco mais.
coordenada.
A Ana tem dor de cabeça, porque apanhou demasiado sol.
Nem almocei, nem lanchei. Quando se recorre às conjunções
Não só ontem fui à praia, como amanhã vou passear no campo. correlativas, estas ocorrem antes de cada
Logo, ou vou ao cinema ou vou ao teatro. uma das orações coordenadas.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
Vou a um concerto ou vou ao teatro. A verdade de uma oração constrói-se com base na
Nem fui ao concerto nem fui ao teatro. verdade da oração alternativa e vice-versa.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
O Manuel foi às aulas, mas o professor faltou. A segunda oração coordenada apresenta uma ideia que
Estou indisposto, todavia vou à escola. contradiz a informação expressa na primeira oração.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
O professor faltou, logo não houve aula. A segunda oração apresenta a consequência da
Estava indisposto, por conseguinte não fui trabalhar. proposição expressa na primeira oração coordenada.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
Vamos para a praia que o sol está a abrir. A segunda oração coordenada apresenta a justificação da
Não vou sair pois está um tempo desagradável. proposição inicial.
Orações subordinadas
Ao contrário das orações coordenadas, as orações subordinadas estão dependentes de uma outra oração (a
oração subordinante ou principal), com a qual estabelecem uma determinada relação. Na palavra subordinação existe o
prefixo sub-, que indica posição inferior: a oração subordinada é sintacticamente dependente da principal.
A ligação entre a oração subordinada e a oração subordinante pode ser estabelecida por uma conjunção ou
locução subordinativa, por um pronome relativo ou por um pronome ou advérbio interrogativo (por um verbo no infinitivo,
no gerúndio ou particípio passado).
Nas orações ligadas por subordinação existe uma estrutura de encaixe, ou seja, a oração subordinada é um
constituinte da oração subordinante.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
Está calor, embora seja Verão. A oração subordinante pode constituir uma unidade de sentido, como acontece
no primeiro exemplo, ou pode necessitar de ver o seu valor completo pela
Pensei fazer um piquenique.
oração subordinada, como acontece na segunda frase complexa.
As orações subordinadas podem assumir diferentes funções sintácticas na frase que as assemelham a
expressões nominais, adjectivais ou adverbiais. Como tal, constituem-se as seguintes tipologias de orações
subordinadas: subordinadas substantivas, subordinadas adjectivas e subordinadas adverbiais.
Orações subordinadas adjectivas relativas: surgem depois do nome e são introduzidas por pronomes,
advérbios ou adjectivos relativos. Subdividem-se em explicativas e restritivas.
Orações subordinadas adjectivas relativas explicativas. Estas orações acrescentam ao antecedente uma
informação acessória, podendo, portanto, ser suprimidas. Separam-se obrigatoriamente por vírgula.
Orações subordinadas adjectivas relativas restritivas. Estas orações restringem, isto é, limitam o sentido do
nome (ou do pronome) antecedente, sendo, por isso, indispensáveis ao sentido da frase. Não se separam, na escrita,
por vírgula.
Pode deduzir-se que a oração subordinada adjectiva relativa restritiva pode ser finita, quando recorre do modo
indicativo (…), ou não finita, quando são usados o infinitivo, gerúndio ou particípio.
ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJECTIVAS RELATIVAS RESTRITIVAS
FINITAS EXPLICAÇÃO:
A ideia que me deste foi espectacular. A oração subordinada adjectiva relativa restritiva recupera o
tratava o tema do valor do antecedente, limitando o seu sentido: a ideia que
O filme que vi ontem
terrorismo. me deste e só essa, ou o filme que vi e só esse.
NÃO FINITAS Correspondendo às finitas:
INFINITIVAS a cantar.
Ouvia-se um pássaro Ouvia-se um pássaro que cantava.
GERUNDIVAS cantando.
O livro policial que foi comprado no Natal é empolgante.
PARTICIPIAIS O livro policial comprado no Natal é empolgante.
O livro policial que se comprou no Natal é empolgante.
A oração subordinada adverbial temporal pode ser finita, quando recorre ao modo indicativo, ou não finita,
quando são usados o infinitivo, gerúndio ou particípio.
Orações subordinadas adverbiais causais. Indicam o motivo ou a causa por que acontece o que se afirma na
oração subordinante. Estabelecem com a oração subordinante uma relação de causa ou apresentam um motivo ou
razão.
A oração subordinada adverbial causal pode ser finita, quando recorre ao modo indicativo, ou não finita,
quando são usados o infinitivo, gerúndio ou particípio.
A oração subordinada adverbial consecutiva pode ser finita, quando recorre ao modo indicativo, ou não finita,
quando é usado o infinitivo.
ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERVIAIS CONSECUTIVAS
FINITAS NÃO FINITAS
A polícia foi tao rápida que surpreendeu os ladrões na loja. Os assaltantes foram tao violentos, a ponto de
O alarido foi tanto que a notícia saiu no jornal. magoarem uma senhora idosa.
INFINITIVAS
As crianças ficaram tao assustadas que o psicólogo se O nervosismo foi tal, a ponto de uma vítima
prontificou a ajudar. insultar o agente policial.
Orações subordinadas adverbiais concessivas. Apresentam um contraste face ao que se esperaria ou seria
previsível perante o exposto na oração subordinante. Assim, a oração subordinada concessiva tanto enuncia uma
situação inesperada, como uma expectativa contrariada.
A oração subordinada adverbial concessiva pode ter um carácter factual, quando apresenta uma ideia
contrastiva, ou condicional, quando a ideia expressa é simultaneamente contrastiva e condicional, com recurso a formas
verbais finitas (conjuntivo) ou não finitas (infinitivo, gerúndio e particípio).
Apesar de estar frio, passeio na praia. Mesmo se estiver frio, irei passear na praia.
INFINITIVAS
NÃO Fui à livraria, apesar de ter pressa. Mesmo que possa ter pressa, irei à livraria.
FINITAS GERUNDIVAS Embora estando frio, estou a passear na praia. Mesmo estando frio, irei passear na praia.
PARTICIPIAIS Mesmo apressado, fui à livraria. Mesmo se apressado, irei à livraria.
ORAÇÕES COORDENADAS
ASSINDÉTICAS Elas falaram, ralharam, choraram.
COPULATIVAS Ele trabalha e diverte-se. / Não vou trabalhar, nem fico em casa.
SINDÉTICAS
ADVERSATIVAS Foste, mas já não chegaste a tempo. / Ela é bonita, contudo é antipática.
DISJUNTIVAS Quer chova, quer neve. / O réu ora afirmava isto, ora dizia aquilo.
CONCLUSIVAS Tu sabes, logo (portanto) não reprovarás.
EXPLICATIVAS Sai dessa cama, pois não estás doente.
ORAÇÕES SUBORDINADAS
SUBSTANTIVAS
INTEGRANTES Peço-te que venhas. / Que venhas é o meu desejo.
COMPLETIVAS INFINITIVAS Não duvido ser ele o criminoso. / É certo ter ele praticado o crime.
INTERROGATIVAS INDIRECTAS Diz-me se vens. / Não sei que idade tens.
RELATIVAS Quem tudo quer tudo perde.
ADJECTIVAS RALATIVAS
EXPLICATIVAS Amélia, que é bonita, casou com um pintor.
FINITAS O homem que cometeu o crime deve ser castigado.
INFINITIVAS Ouvia-se um pássaro a cantar.
RESTRITIVAS
NÃO FINITAS GERUNDIVAS Ouvia-se um pássaro cantando.
PARTICIPIAIS O livro policial comprado no Natal é empolgante.
ADVERBIAIS
TEMPORAIS FINITAS Quando tu chegaste, eu estava a ver televisão.
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Curso de Língua Portuguesa – PARTE II – GRAMÁTICA
INFINITIVAS Depois de chegares, fizemos o jantar.
NÃO FINITAS GERUNDIVAS Em tu chegando, fazemos o jantar
PARTICIPIAIS Uma vez chegado tu, fazemos o jantar.
FINITAS Reprovaste, porque foste preguiçoso.
INFINITIVAS Vou jantar fora, por causa de não ter nada em casa.
CAUSAIS
NÃO FINITAS GERUNDIVAS Deixando-se, o João chumbou o ano.
PARTICIPIAIS Empenhada, a Rita só teve boas notas.
FINITAS Estuda, para que não reproves.
FINAIS
NÃO FINITAS INFINITIVAS Cheguei mais cedo, para ir à Internet.
FINITAS Se não chovesse, iríamos à praia.
INFINITIVAS A avaliar pelos estragos, o acidente foi grave
CONDICIONAIS
NÃO FINITAS GERUNDIVAS Faltando mais uma vez, chumbo o ano.
PARTICIPIAIS Visto desse modo, concordo contigo..
COMPARATIVAS O Brasil é mais distante do que a Itália.
FINITAS A polícia foi tao rápida que surpreendeu os ladrões na loja.
CONSECUTIVAS
NÃO FINITAS INFINITIVAS Os assaltantes foram tao violentos, a ponto de magoarem uma senhora idosa.
Fui viajar, se bem que não tivesse muito dinheiro.
FINITAS
Irei viajar, mesmo se não tiver muito dinheiro.
Apesar de estar frio, passeio na praia.
INFINITIVAS
Mesmo se estiver frio, irei passear na praia.
CONCESSIVAS
Embora estando frio, estou a passear na praia.
NÃO FINITAS GERUNDIVAS
Mesmo estando frio, irei passear na praia.
Mesmo apressado, fui à livraria.
PARTICIPIAIS
Mesmo se apressado, irei à livraria.
Entoação da frase
A entoação da frase é a curva melódica efectuada pela voz humana ao pronunciar as palavras e as frases.
Estas três frases…
O pai saiu de casa.
O pai saiu de casa?
O pai saiu de casa!
são absolutamente iguais, se se excluir o sinal de pontuação, o qual indica, em certa medida, a entoação da
frase.
Com efeito, é a entoação que se dá à frase que faz com que essa mesma frase seja perfeitamente
compreendida.
Tipos de frase
A frase, quanto aos tipos, isto é, consoante a intenção de comunicação do seu emissor, pode ser declarativa,
interrogativa, imperativa ou exclamativa.
- Frase de tipo declarativo. Contém a intenção de informar sobre um acontecimento, descrever uma situação...
e tem as marcas do código oral (entoação descendente), código escrito (ponto final).
Ex.: Ontem fui ao cinema.
- Frase de tipo interrogativo. Contém a intenção de formular uma pergunta, apresentar uma dúvida... e tem as
marcas do código oral (entoação ascendente), código escrito (ponto de interrogação).
Ex.: Que filme foste ver?
- Frase de tipo exclamativo. Contém a intenção de exprimir sentimentos (satisfação, alegria, surpresa,
indignação...) e tem as marcas do código oral (entoação descendente e prolongada), código escrito (ponto de
exclamação).
Ex.: Um filme magnífico!
- Frase de tipo imperativo. Contém a intenção de aconselhar, fazer pedidos ou chamadas de atenção,
ordenar... e tem as marcas do código oral (entoação descendente), código escrito (modo imperativo do verbo, ponto
final ou ponto de exclamação).
Ex.: Fala-me desse filme!
Formas de frase
Em função da natureza da mensagem que se pretende transmitir, é possível associar ao tipo de frase
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EXEMPLOS:
Vais para casa mais cedo?
- Sim, vou.
Ontem trabalhei até mais tarde, hoje vou mais cedo para casa sim.
EXEMPLOS:
O dia hoje está quente. – frase na forma afirmativa
O dia hoje não está quente. – frase na forma negativa
As frases de forma negativa requerem a presença de elementos negativos, que poderão ser: não, nem, sem,
ninguém, nada, nunca ou nenhum. Nas frases de forma negativa, a negação ocorre sobre o predicado.
As frases de forma negativa poderão construir-se com:
a) Os marcadores de negação:
EXEMPLOS: CARACTERÍSTICAS:
Nós não vimos o filme. Não é o marcador mais generalizado da negação frásica:
Esta casa não foi edificada nas melhores condições. - geral, precede o primeiro elemento verbal;
O atleta não ganhou a corrida dos cem metros. - estabelece com o verbo uma unidade sintáctica que não pode
não
Não o atleta ganhou a corrida dos cem metros. ser fragmentada;
Não assistiu à prova nenhuma pessoa. - quando não existe outro elemento a negar a frase
Assistiu à prova nenhuma pessoa. precedendo o núcleo verbal, o “não” é obrigatório.
Nem comemos peixe nem comemos carne. Nem é o marcador de negação que ocorre na coordenação:
nem Não lemos o jornal nem vemos o filme. - pode preceder ambas as orações coordenadas ou apenas a
última.
Os alunos saíram da aula sem terem terminado o Sem funciona como uma preposição de valor negativo:
trabalho. - nega a oração subordinada, sendo o seu primeiro elemento;
sem
Os alunos saíram da aula sem não terem terminado - Sem não ocorre na oração subordinada com outro elemento
o trabalho. negativo.
b) Os quantificadores negativos:
EXEMPLOS: CARACTERÍSTICAS:
Ninguém pode sair da sala.
ninguém
Ela não contou a verdade a ninguém.
Nada foi feito para impedir o distúrbio.
nada
Não foi feito nada para impedir o distúrbio. Os quantificadores negativos podem ocorrer:
Nunca soubemos o que tinha acontecido. - isolados e estabelecerem eles próprios a negação;
nunca
A Filipa não sai nunca de casa. - em complementaridade de domínios negativos.
Nenhum aluno resolveu o exercício.
nenhum/
Em aula nenhuma leram um livro completo.
nenhuma
Não vi nenhum livro danifica.
relação com outra(s) entidade(s), que, na frase passiva, se torna o agente da passiva.
A construção activa/passiva pode ocorrer com alguns dos verbos das seguintes tipologias:
EXEMPLO: EXPLICAÇÃO:
O Tiago é que arrumou o quarto. - frase de tipo declarativa e de forma afirmativa e enfática
Eu cá nunca arrumo o quarto. - frase de tipo declarativa e de forma negativa e enfática
Pode-se concluir que uma frase pertence necessariamente a um dos quatro tipos, o qual pode combinar-se
com uma ou mais formas.
TIPO DECLARATIVA TIPO INTERROGATIVA TIPO IMPERATIVA TIPO EXCLAMATIVA
FORMA AFIRMATIVA Este homem puxa o burro. Queres que empurre? Empurra com força. Que burro teimoso!
Este homem não puxa o Não queres que Não empurres com força. O burro não é teimoso!
FORMA NEGATIVA
burro. empurre?
Este homem puxa o burro. Queres que empurre? Empurra com força. Que burro teimoso empurra
FORMA ACTIVA
este homem!
O burro é puxado por este Queres que o burro Que o burro seja Que burro teimoso é
FORMA PASSIVA
homem. seja empurrado? empurrado com força. empurrado por este homem!
É o homem que puxa o Será que queres que João, empurra tu com Este burro é que é teimoso!
FORMA ENFÁTICA
burro. empurre? força.
Construção frásica
Tipos de estrutura
A língua portuguesa obedece a um padrão de combinação entre as palavras. Nas frases declarativas, a
construção mais usual é aquela em que o sujeito precede o verbo, sucedendo-lhes os complementos. Diz-se, então,
que a ordem sintáctica regular em português é SVO (sujeito-verbo-objectos).
No entanto, o padrão básico pode ser alterado, verificando-se alterações de natureza discursiva. Os tópicos
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marcados não correspondem ao caso típico da ordem de palavras em português. Neste tipo de estruturas, que não são
discursivamente neutras, as expressões assume um estatuto diferente conforme assumam a posição de tópico (posição
inicial) ou a informação de maior grau de novidade (posição final). Veja-se os exemplos:
Podem ainda surgir outros tipos de estruturas em que a ordem básica SVO é alterada:
Processos sintácticos
Concordância
A concordância é o processo sintáctico que se verifica entre duas ou mais palavras que partilham elementos
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ao nível da flexão de pessoa, género ou número, em função do lugar que ocupam na frase.
Assim, é obrigatório haver concordância entre sujeito e verbo flexionado no predicado, entre determinantes e
nome, entre quantificador e nome, entre nome e adjectivo, entre sujeito e predicativo do sujeito, entre complemento
directo e predicativo do complemento directo e entre sujeito e particípio passado em construções passivas.
Concordância entre:
EXEMPLOS: REGRA:
SUJEITO E VERBO FLEXIONADO NO PREDICADO
O verbo flexionado no predicado concorda em pessoa e número com o sujeito.
Eu fui a Paris.
Surge no singular quando a entidade designada é singular ou no plural quando a entidade é plural.
Tu foste a Bruxelas.
A pessoa varia conforme o enunciador coincida com o sujeito (1ª pessoa), o sujeito seja o
Eles viajaram.
interlocutor (2ª pessoa) ou uma entidade distinta das anteriores (3ª pessoa).
Eu e a Susana fomos a Paris.
O verbo flexiona-se na 1ª pessoa do plural, quando um dos constituintes nominais do sujeito
Eu, a Anabela e o Tiago visitámos
composto corresponde à 1ª pessoa;
Montamartre.
A viagem e a estadia custaram 500 O verbo flexiona-se na 3ª pessoa do plural quando o sujeito é composto por dois elementos na 3ª
euros. pessoa do singular;
O meu primo e grande amigo veio O verbo flexiona-se na 3ª pessoa do singular, quando a entidade designada é singular, mesmo
connosco. quando o sujeito é composto.
Chegamos hoje de Paris eu e a Anabela. Quando o sujeito composto ocorre em posição pós-verbal, o predicado pode conjugar-se no plural,
Cheguei hoje de Paris eu e a Anabela conforme acontece quando o sujeito é pré-verbal, ou no singular, quando uma das entidades pode
[não chegou/ chegou depois]. actuar independente da outra.
DETERMINANTE E NOME
O Luís é bom rapaz.
Aquela casa tem vários jardins. Os determinantes precedem o nome, flexionando-se no mesmo número e género.
Num certo dia fui a Troia.
O meu quarto fica no sótão. Os determinantes possessivos, além de estabelecerem concordância em número e género, fazem-
As tuas pinturas são abstractas. no também em pessoa.
QUANTIFICADOR E NOME
Conheci várias pessoas.
Diversos rapazes foram à discoteca. Os quantificadores concordam com o nome, flexionando-se no mesmo número e género.
O meu primo fez dois anos.
NOME E ADJECTIVO
Os gatos pretos não me dão azar.
Aquelas casas são lindas.
Enquanto modificador do nome, o adjectivo ocorre no mesmo número e género daquele.
A casa é lindíssima.
Os rapazes são audazes.
SUJEITO E PREDICATIVO DO SUJEITO
A casa é enorme.
Os quartos são espaçosos.
O predicativo do sujeito concorda com o sujeito em número e género, quando o predicativo do
sujeito é constituído por grupo adjectival ou grupo nominal
O Fábio é topógrafo.
O teu filho está um homem.
Os meus pais são um amor. O predicativo do sujeito não concorda com o sujeito quando é constituído por uma expressão
Os testes estão um desastre. nominal qualitativo.
COMPLEMENTO DIRECTO E PREDICATIVO DO COMPLEMENTO DIRECTO
O Pedro achou a aula aborrecida.
O predicativo do complemento directo concorda com o complemento directo em número e género,
A polícia considerou os dois homens
quando o predicativo do complemento directo é constituído por grupo adjectival.
suspeitos.
SUJEITO E PARTICÍPIO PASSADO EM CONSTRUÇÕES PASSIVAS
As flores foram compradas pelos
Nas construções passivas, a forma do particípio, constituinte do grupo verbal, concorda em número
rapazes.
e género com o sujeito.
A notícia foi publicada.
Elipse é o processo sintáctico que consiste na omissão de expressões que são recuperáveis através do
contexto linguístico ou da situação.
1.- As expressões elípticas podem ocorrer com um antecedente na estrutura frásica que permite inferir o valor
da expressão omitida.
EXPRESSÕES ELÍPTICAS NÃO REALIZADAS NA SEGUNDA ORAÇAO, MAS IDENTIFICÁVEIS
EXEMPLOS: ATRAVÉS DO ANTECEDENTE, NA PRIMEIRA ORAÇÃO:
2.- Este processo permite evitar repetições redundantes, ou seja, os enunciados tornar-se-iam demasiados
longos e acabariam por desviar a atenção da informação focada. Este é, portanto, um processo sintáctico muito
recorrente e importante para a eficácia do processo comunicativo.
Num determinado contexto situacional, é possível interpretar as expressões elípticas.
EXEMPLOS: CONTEXTO SITUACIONAL:
Estando numa loja a escolher vestidos, uma mulher dirige-se para o funcionário e aponta
Levo aquele.
para o funcionário e aponta para um vestido entre vários outros.
Estando duas pessoas a ver televisão, uma tem o comando remoto e faz um movimento
Não mudes!
para carregar no botão e outra reage à acção, fazendo um pedido.
Frase parentética: surge intercalada numa oração ou no final da frase, como comentário ou explicação acerca
da entidade referida no grupo nominal, quando intercalada, ou em toda a frase, quando final. O carácter parentético das
orações intercaladas é fornecido pelas pausas, na oralidade, ou por vírgulas ou traços, na escrita.
As orações parentéticas, ocorrendo intercaladas, constituem modificadores apositivos que não contribuem para
a construção de sentido do referente, mas para estender o seu âmbito de significado.
EXEMPLOS: EXPLICAÇÃO:
Os assaltantes, crê-se, encontraram-se ainda em parte incerta. As orações parentéticas:
O local vandalizado, diz-se, ficou num estado lastimável. - apresentam uma posição não confirmada;
Esta terra, como eu digo, está de mal a pior. - salientam um ponto de vista pessoal;
A situação, acredito, está prestes a ser resolvida. - citam a fonte de uma informação;
O episódio, como refere o jornal, terá acontecido durante a madrugada. - apresentam o locutor de um enunciado oral
Tudo isto se deu bem cedo – disse um popular – ainda estava deitado e ouvi barulhos. transposto para a escrita;
-adicionam informação acessória à interpretação do
O Sr. Manuel, que é sereno e nada teme, apanhou o susto da sua vida.
enunciado, na medida em que não definem
O assalto, que foi capa de jornal, deixou os moradores em estado de alerta.
restritivamente a entidade a que se apõem.
Estudo da palavra
A palavra é uma unidade gráfica e fonológica, com significado ou função gramatical e pertence a uma
determinada classe.
EXEMPLOS EXPLICAÇÃO
Hoje vi o luar sob o céu estrelado. Pode identificar-se oito palavras, separadas pelos espaços em branco.
Aquele rapaz teve uma atitude sjeiola. A forma sublinhada não é identificada como uma palavra em língua portuguesa.
Este fim de semana vou a Paris. Pode reconhecer-se na palavra sublinhada um sentido cristalizado na língua.
Palavra simples6
A palavra simples é formada por um único radical e admite afixos derivacionais, sendo uma unidade de sentido
indivisível. Ex.: dou / damos; lindo / linda; bomba / bombas; tempo / tempos.
Palavra complexa
A palavra complexa é divisível em unidades menores de sentido, sendo formada através dos processos de
derivação ou composição. Ex.: dádiva, lindamente, bomba-relógio, contratempo.
Base: é o constituinte a partir do qual se formam novas palavras, podendo corresponder a um radical, a uma
palavra simples ou a uma palavra complexa.
6
Palavra primitiva. Palavras primitivas são aquelas que não são formadas a partir de outras palavras; ou são palavras simples que não têm origem em nenhuma
outra; elas sim, estão na origem de outras que se formam a partir delas: água, mar.
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EXEMPLOS EXPLICAÇÃO
cas- > casario A palavra casario é derivada da base correspondente ao radical.
sol > solar A palavra solar é derivada da base correspondente à palavra simples.
solar > solarengo A palavra solarengo é derivada da base correspondente à palavra complexa.
Palavra invariável: não admite qualquer especificação de flexão. São palavras invariáveis as preposições e
conjunções.
- Interfixo / infixo: afixo que ocorre entre duas formas de base ou entre a base e um afixo; afixo no interior da
palavra. Ex.: o l de chaleira, o t de cafeteira, o z de capinzal.
Derivação
A derivação é o processo de formação de palavras a partir de outras já existentes. As palavras derivadas
estabelecem com a palavra base uma relação semântica e formal.
A derivação por afixação é o processo morfológico de formação de palavras que consiste no acréscimo de um
afixo a uma base, ou na redução de um som ou sons de uma palavra. As palavras assim formadas adquirem um novo
significado e, em alguns casos, mudam de categoria gramatical (isto é, passam a pertencer a uma classe de palavras
diferente da palavra que lhe deu origem).
Na derivação por afixação, as palavras podem ser formadas por prefixação, sufixação e parassíntese.
Prefixação
Na prefixação, o afixo é colocado à esquerda da base: contar - des - contar > descontar; colocar - re - colocar >
recolocar; contente - des - contente > descontente; feliz - in - feliz > infeliz.
Os prefixos não alteram a acentuação da base, nem a classe da palavra da base.
PREFIXOS COMUNS EM PORTUGUÊS (ORIGEM LATINA)
PREFIXOS EXEMPLOS SENTIDO
7
O radical é o constituinte que permite criar novas palavras, transmitindo uma mesma base de significação.
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Curso de Língua Portuguesa – PARTE II – GRAMÁTICA
Ab- abdicar afastamento
Abs- abstémio, abster
Ad- adjacente, adjunto aproximação
A- acercar, aproximar
Des- desaparecer, desobedecer separação
desregrar, desfaçatez acção contrária
Dis- disseminar, dispersar separação
Di- dilatar movimento para diversos lados
dissabor, dissemelhante negação
Ex- exportar, expatriar movimento para fora
E- emigrar
In- (im-) ingerir, inalar, importar movimento para dentro
I- imigrar
In- (im-) inacabado, imortal negação
I- ilegal ausência
Per- perseguir, perfurar movimento através
Pos- póstumo, pospor posterioridade
Pre- preceder, prefácio anterioridade
Re- refazer, repor repetição
Trans- transpor, transmontano movimento para além de
Vice- vice-presidente substituição, em lugar de
Vis- visconde
Sufixação
Na sufixação, o afixo é colocado à direita da base.
EXEMPLOS EXPLICAÇÃO
amoroso, amorosamente O sufixo –oso foi associado à base amor. À nova base amoros- uniu-se o
sufixo –mente.
felizmente, infelizmente O sufixo –mente foi associado à base feliz. Juntando o mesmo sufixo à base
infeliz- foi criada uma nova palavra por sufixação.
cafeteira, cafézinho À base caf- é associado o sufixo –teira e à base e, neste caso, palavra
simples, café é associado o sufixo –zinho.
Os sufixos alteram a posição do acento principal da base (a sílaba tónica de feliz é –liz, passando o acento
principal de felizmente a estar na sílaba –men-); determinadas classes de palavras (do adjectivo feliz forma-se o
advérbio de modo felizmente).
Os sufixos, por outro, podem ser classificados em…
- Nominais, quando formam nomes.
- Adjectivais, quando formam adjectivos.
- Verbais, quando formam verbos.
- Adverbiais, quando formam advérbios.
SUFIXOS AUMENTATIVOS
SUFIXOS EXEMPLOS SUFIXOS EXEMPLOS
-ão cadeirão -edo rochedo
SUFIXOS DIMINUTIVOS
-aça mulheraça -eirão bonacheirão
SUFIXOS EXEMPLOS SUFIXOS EXEMPLOS
-aço giraço -orra cabeçorra
-acho/ -a riacho -ilho/ -a pecadilho
-ada chuvada -orro cachorro
-abre casebre -im espadachim
-aréu mundaréu -uça dentuça
-eco/ -a trabalheco -inho/ -a casinha
-arra bocarra -zarrão homenzarrão
-ejo lugarejo -ino/ -a pequenino
-ela ruela -isco/ -a chuvisco
-ete palacete -ito/ -a livrito
- eto/ -a maleta -ucho pequenucho
-ico/ -a namorico -zinho/ -a pãozinho
-icho/ -a barbicha -zito/ -a nuvenzita
Parassíntese
Na parassíntese, o afixo é colocado, simultaneamente, tanto à esquerda (prefixação) como à direita (sufixação)
da base.
EXEMPLOS EXPLICAÇÃO
encurtar O processo de associação simultânea do prefixo en- e sufixo –ar associados à base curt- furmou uma nova palavra.
desalmado O processo de associação simultânea do prefixo des- e sufixo –ado associados à base alm- formou uma nova palavra.
Derivação imprópria
A derivação imprópria consiste em formar nomes (nominalização) a partir de palavras ou expressões não
nominais.
EXEMPLOS EXPLICAÇÃO
Ele foi empurrado contra a parede. / A tua casa tem um contra: fica longe. preposição > nome
O João regressa amanhã. / É preciso pensar no amanhã. advérbio > nome
Conversão
Obtém-se uma nova palavra partindo de outra já existente, sem qualquer transformação formal da mesma, por
conversão. O processo de conversão integra a palavra numa nova classe de palavras.
EXEMPLOS EXPLICAÇÃO
Vamos comer sopa. O verbo comer foi convertido em nome, bastando, para
O comer está na mesa. isso, antepor o artigo o.
Luanda é cidade capital de Angola. Sendo a primeira utilização de capital a de adjectivo, é
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Curso de Língua Portuguesa – PARTE II – GRAMÁTICA
Visitei a capital de Portugal. regular encontra-la como nome.
Aprecio o silêncio da noite. Muitas vezes os nomes, adjectivos ou verbos ganham
Silêncio! Prestem atenção ao filme. expressividade tornando-se interjeições.
Composição
A composição é o processo morfológico que consiste em formar uma nova palavra pela união de duas ou mais
bases. Podem ocorrer dois processos de composição: composição morfológica ou composição morfossintáctica.
EXEMPLOS EXPLICAÇÃO
ortografia Junção do radical orto- à palavra grafia.
homonímia Junção do radical homo- ao radical –nímia.
aguardente Junção das palavras água e ardente.
embora Junção das palavras em, boa e hora.
fidalgo Junção das palavras filho, de e algo.
EXEMPLOS EXPLICAÇÃO
abelha-mestra / trabalhador-estudante Junção de palavras das classes nome+nome.
amor-perfeito / ferro-velho Junção de palavras das classes nome+adjectivo.
belas-artes / primeiro-ministro Junção de palavras das classes adjectivo+nome.
azul-marinho / luso-africano Junção de palavras das classes adjectivo+adjectivo.
guarda-chuva / beija-flor Junção de palavras das classes verbo+nome.
lua-de-mel / caminho-de-ferro Junção de palavras das classes nome+preposição+nome.
contra-atacar Junção de palavras das classes preposição+verbo.
Extensão semântica. Dada a necessidade de referenciar novas realidades, as palavras podem adquirir novas
significações, alargando o âmbito do seu significado. Assim, por exemplo, a informática, como área recente da
realidade, tem levado ao alargamento semântico do léxico português:
- rato (componente periférico do computador);
- janela ( área de visualização de documento informático);
- abrir, fechar, copiar, salvar (acções praticadas em ambiente informático).
Neologismos. Os neologismos são palavras ou expressões novas que integram o léxico da língua, num
período recente, não tendo, no entanto, sido dicionarizadas. Os neologismos surgem como necessidade para
referenciar um novo aspecto da realidade ou por questões de prestígio social, quando existem já palavras na língua
para referir a realidade em causa.
aeródromo, aeroporto, estádio, patologia, televisão, conceptismo, fixismo, radiodifusão...
Arcaísmo. Os arcaísmos são palavras e locuções que, pertencendo ao léxico do português, caíram em desuso:
soidade (saudade), asinha (depressa), catar (inquirir), enha (minha), mui (muito), viver a sabor (viver em função do prazer)...
Cultismo. Consiste no uso de palavras rebuscadas das línguas de prestígio (Latim, Grego...): cátedra, óculo,
madre, padre, pleno (cheio), cardíaco...
Truncação (ou truncamento). Forma-se novas palavras a partir da eliminação da sequência final da palavra,
não havendo alteração do sentido ou da classe da palavra: quilo < quilograma; pneu < pneumático; foto < fotografia;
metro < metropolitano; manife < manifestação; otorrino < otorrinolaringologista; moto < motociclo.
Acronímia
Os acrónimos são palavras derivadas das iniciais de várias palavras. Ex.:
ONU < Organização das Nações Unidas
CITA < Centro de Informação e Turismo de Angola
SIDA < Sindroma de Imuno Deficiência Adquirida
OVNI < Objecto Voador Não Identificado
LASER < Ligths Amplification by Simulated Emission of Radiations
Sigla
8
O empréstimo verifica-se quando há adopção de uma palavra ou expressão de uma língua estrangeira. Este fenómeno pode ser estudado no âmbito do
neologismo.
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Curso de Língua Portuguesa – PARTE II – GRAMÁTICA
As siglas formam-se, como os acrónimos, através das iniciais de várias palavras. No entanto, distinguem-se
daqueles por os seus elementos serem pronunciados separadamente. Ex.:
CPLP < Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa
HIV < Vírus de Imunodeficiência Humana
AFP < Agência France-Presse
OMS < Organização Mundial de Saúde
ONG < Organização Não Governamental
As siglas podem pronunciar-se letra a letra ou como qualquer outra palavra (pronúncia silábica). As letras que
compõem as siglas podem surgir separadas ou não por um ponto. Ex.: C.P.L.P., H.I.V., A.F.P., O.M.S., O.N.G.
Entrecruzamento (/amálgama9). Palavras entrecruzadas são aquelas que resultam do cruzamento de duas
palavras, em que se utilizou o início de uma e a parte final de outra: informática < informação automática; bit < binary digit;
cibernauta < cibernético astronauta.
Hibridismo. Palavras híbridas são aquelas que têm elementos de idiomas diversos: agrónomo (lat. agro +
grego nomo), decímetro (lat. deci + grego metro), sociólogo (lat. socius + grego logo), monossílabo (grego mono + lat. sílaba),
televisão (grego tele + lat. visione)
Onomatopaísmo. As onomatopeias são palavras que resultam da reprodução de vozes ou ruídos, tanto de
animais como de abjectos: tic-tac, toc-toc, trimm!!, có-có-ró-có-có, miar, cacarejar, chilrear, coaxar…
Expressão idiomática
Expressão idiomática é uma combinação fixa de palavras que adquire um significado que não pode ser
compreendido pela divisão das palavras da expressão idiomática. Estas expressões são vulgarmente conhecidas como
«franses-feitas».
EXEMPLOS EXPLICAÇÃO
andar de boca em boca informação transmitida oralmente
perder a cabeça tomar uma atitude imponderada
sem pés nem cabeça sem sentido
dor de cotovelo inveja
ter língua de serpente maldizer
dar com a língua nos dentes pronunciar-se indiscretamente
com uma mão à frente e outra atrás sem recursos materiais
fazer o gosto ao dedo ter uma experiência agradável
ter as costas largas acarretar com culpas alheias
ferver em pouca água exaltar-se sem motivos suficientes
ficar em águas de bacalhau deixar um assunto pendente
deitar areia nos olhos enganar
(ou tritongo) e que se pronunciam numa só emissão de voz. Se se disser lentamente uma palavra, fica dividida em
pequenos segmentos fónicos. Por exemplo, na palavra aluno, esta não será pronunciada a-l-u-n-o, pois isso seria
soletrar, mas sim a-lu-no.
te lha do
SÍLABA ÁTONA SÍLABA TÓNICA SÍLABA ÁTONA
ad mi ra vel men te
S. ÁTONA S. ÁTONA SÍLABA SUBTÓNICA S. ÁTONA SÍLABA TÓNICA S. ÁTONA
De acordo com a posição em relação à sílaba tónica, a sílaba átona pode ser…
- Pretónica: antes da sílaba tónica. Ex.: telhado.
- Postónica: depois da sílaba tónica. Ex.: telhado.
Contagem silábica
As palavras podem classificar-se quanto ao número de sílabas.
Número de sílabas Exemplos:
Monossílabo 1 é, eu, há, dó, mão, cruz, teu, sim, quais
Dissílabo 2 fo-lha, te-la, pra-ta, a-í, me-sa, u-va, ma-nha, ru-a, qual-quer
Trissílabo 3 fun-da-ção, mé-di-co, a-ba-no, or-gu-lhar, ar-tis-ta, fu-ra-cão
Polissílabo mais de 3 gra-má-ti-ca, a-pren-di-za-gem, so-bre-tu-do, an-ti-ga-men-te, in-com-pre-en-sí-vel
Mnemónica para a classificação das palavras quanto à acentuação com a utilização do acrónimo EGA:
E representa a terceira sílaba a contar do fim (palavra Esdrúxula)
G representa a segunda sílaba a contar do fim (palavra Grave)
A representa a última sílaba (palavra Aguda)
Há palavras monossilábicas que não têm acento tónico (palavras átonas); pronunciam-se subordinando-se à
palavra a que se ligam e podem classificar-se em…
- Proclíticas: as que se pronunciam subordinando-se ao acento tónico da palavra seguinte. Ex.: O livro. Que
lindo.
- Enclíticas: as que se pronunciam subordinando-se ao acento tónico da palavra anterior. Ex.: Comeu-a. Deu-ma.
- Mesoclíticas: as que dependem do acento tónico tanto da palavra que as precede como da que as sucede.
Ex.: Amá-lo-á.
Denotação. A denotação é o valor constante associado ao significado de uma palavra, remetendo para o
aspecto da realidade imediata que referencia.
EXEMPLOS EXPLICAÇÃO
pé A palavra apresentada corresponde, na realidade, à parte inferior do corpo que se articula com a perna.
gato O sentido denotativo da palavra refere o animal mamífero doméstico.
Conotação. A conotação corresponde aos sentidos que uma palavra pode assumir em contextos ou situações
distintas entre si.
EXEMPLOS EXPLICAÇÃO
1)-Preciso de usar pé de cabra para arrancar este Não deixando de ter o valor denotativo apresentado anteriormente, a palavra pé pode
prego. referenciar outras realidades, se tivermos em conta os seus significados conotativos:
2)-Aos 40 anos já aparecem os primeiros pés de 1)-Ferramenta de carpintaria.
galinha. 2)-Ruga no canto do olho.
3)-O navio naufragado foi encontrado a 30 mil pés 3)-Unidade de medição.
de profundidade.
1)-O João é um gato. O significado denotativo de gato assume novos valores quando alterado o contexto:
2)-Há um gato na montagem do sistema 1)-Homem bonito e atraente.
mecânico, por isso não funciona. 2)-Erro.
Monossemia. Quando uma palavra admite um único significado, diz-se monossémica. De notar, que esta
propriedade se verifica em palavras de carácter predominantemente técnico. Sendo uma das características da língua
ser económica, o mais usual é que a mesma palavra possua vários sentidos.
EXEMPLO EXPLICAÇÃO
ornitologia Independentemente do contexto ou da situação, esta palavra remete sempre para a área da zoologia que estuda as aves.
Polissemia10. Quando a mesma palavra pode adquirir vários significados, existindo entre eles traços de sentido
comuns, diz-se polissémica, ou seja, pode assumir vários significados.
EXEMPLOS EXPLICAÇÃO
O meu leitor de CD’s está avariado. O nome leitor refere o electrodoméstico com a função de ler ou identificar a informação
digital de um Compact Disk.
O Pedro é o leitor mais assíduo desta O nome leitor refere a pessoa que se dedica à acção de ler, enquanto acto de identificar o
biblioteca. sentido da informação veiculada por palavras, frases ou textos.
Relações semânticas
10
Polissemia: multiplicidade de significados de uma palavra (p.ex.: bolo, referindo-se a 'doce' e a 'pancada de palmatória' etc.). Do fr. Polysémie. (In Aulete Digital,
Dicionário contemporâneo da Língua Portuguesa)
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Relações de hierarquia
Hiperonímia. Relação hierárquica de inclusão semântica entre duas unidades lexicais, partindo do genérico
(hiperónimo) para o específico (hipónimo), sendo que o primeiro impõe sempre as suas propriedades ao segundo,
criando assim, entre eles, uma dependência semântica.
Ex.: O termo meio de transporte impõe as suas propriedades semânticas aos seus hipónimos : autocarro, avião, comboio,
metro, barco etc.
Um hiperónimo pode substituir, em todos os contextos, qualquer um dos seus hipónimos; o contrário não é
possível.
Hiponímia. Relação hierárquica de inclusão semântica entre duas unidades lexicais, partindo do específico
(hipónimo) para o genérico (hiperónimo), sendo que o primeiro, para além de conservar as propriedades semânticas
impostas pelo segundo, possui os seus próprios traços diferenciadores.
Ex.: O significado de gato implica o significado de animal.
Relações de inclusão
Holonímia. Relação de hierarquia semântica entre duas unidades lexicais; uma denota um todo (holónimo) sem
impor obrigatoriamente as suas propriedades semânticas à outra, considerada sua parte (merónimo).
Ex.: Carro estabelece uma relação de holonímia com volante, sem porém lhe impor as suas propriedades.
Meronímia. Relação de hierarquia semântica entre duas unidades lexicais, uma denotando a parte (merónimo)
e criando uma relação de dependência ao implicar a referência a um todo (holónimo), relativo a essa parte.
Ex.: A unidade lexical dedo (merónimo) implica a unidade lexical mão (holónimo).
Relações de equivalência
Sinonímia. Relação de equivalência semântica entre duas ou mais unidades lexicais que reenviam para o
mesmo referente. Pode verificar-se diferentes relações entre sinónimos:
Sinónimos totais ou absolutos
EXEMPLOS EXPLICAÇÃO
Ontem fui ao dentista. Os significados das palavras são idênticos, verificando-se sobretudo
Ontem fui ao estomatologista. com termos técnicos.
Sinónimos relativos
EXEMPLOS EXPLICAÇÃO
Esta rosa é linda. As palavras têm o mesmo valor denotativo, mas podem adquirir
Esta rosa é bonita. diferentes valores conotativos.
Sinónimos parciais
EXEMPLOS EXPLICAÇÃO
Vou iniciar a minha formação como estagiário. As palavras são consideradas sinónimas apenas em
Vou iniciar a minha formação como aprendiz. determinados contextos.
Relações de oposição
Antonímia. Relação de oposição entre o significado de duas unidades lexicais que apresentam, em comum,
alguns traços semânticos permitindo relacioná-las de forma pertinente. Os antónimos podem assumir tipologias
distintas:
Antónimos conversos
EXEMPLOS EXPLICAÇÃO
esposa / marido A relação de oposição entre as palavras estabelece-se com base em
mãe / filho duas posições que podem assumir pontos de vista alternantes.
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professor / aluno
Antónimos direccionais
EXEMPLOS EXPLICAÇÃO
descer / subir Partindo de um determinado ponto de referência, podem assumir-se
ir / vir duas direcções opostas.
chegar / partir
Antónimos não-binários
EXEMPLOS EXPLICAÇÃO
Janeiro / Fevereiro Relação entre palavras que integram conjuntos ciclicamente
terça-feira / quarta-feira organizados.
Outono / Inverno
Relações de homofonia. Propriedade semântica característica de duas unidades lexicais que possuem a
mesma forma fonética mas significados diferentes.
Ex.: passo / paço; sem / cem.
Relações de homografia. Propriedade semântica característica de duas unidades lexicais que possuem a
mesma forma gráfica (homógrafos), formas fonéticas idênticas, mas conservando significados diferentes.
Ex.: copia (verbo copiar) e cópia (nome masculino); domestica / doméstica; sé / se; este / Este…
Relações de paronímia. Propriedade semântica característica das unidades lexicais com sentidos diferentes,
mas com formas relativamente próximas.
Ex.: exprimir / espremer; emigração / imigração; previdência / providência; cumprimento / comprimento; conjectura /
conjuntura.
RELAÇÕES ENTRE AS PALAVRAS
DE HIERARQUIA hiperonímia hiponímia
SEMÂNTICAS DE INCLUSÃO holonímia meronímia
DE EQUIVALÊNCIA sinonímia (total / parcial)
DE OPOSIÇÃO antonímia (contraditória / contrária / conversa)
FONÉTICAS DE HOMONÍMIA
E DE HOMOFONIA
GRÁFICAS DE HOMOGRAFIA
DE PARONÍMIA
Campo semântico. Campo semântico é o conjunto de sentidos que pode ter uma mesma palavra. A mesma
palavra pode assumir vários valores em função do contexto (frases, sequências de frases, discursos ou textos) e da
situação.
EXEMPLOS EXPLICAÇÃO
Nunca parti o pé. (“parte inferior do corpo que se articula com a perna) A palavra pé partilha traços de sentido em todas
Plantei um pé de café. (“exemplar individual de uma planta”) as expressões, no entanto refere elementos da
Acabei de gastar o meu pé de meia. (“poupança”) realidade distintos.
Infelizmente, não passo de um pé de chinelo. (“pessoa pobre”)
Siga a ordem de contagem. (“conjunto seriado”) O campo semântico de ordem é vasto, sendo o
Coloquei o dinheiro à ordem. (“depósito bancário”) sentido verificado pelo contexto ou situação em
Preciso de ordem em casa. (“sossego”) que a palavra é enunciada.
este mosteiro foi criado pela ordem de Cister. (“organização religiosa”)
Campo lexical. Campo lexical é o conjunto de palavras que remete para diferentes elementos de um
determinado domínio da realidade. Sendo o léxico da língua um sistema vasto, podem identificar-se campos lexicais em
que conjuntos de palavras estabelecem entre si relações semânticas e remetem para uma mesma realidade extra-
linguística.
EXEMPLOS EXPLICAÇÃO
leão, elefante, tigre, tubarão, falcão, jacaré etc. Este conjunto lexical remete para o campo de animal.
pai, mãe, filho, tio, sobrinho, avô, cunhado etc. As palavras organizam-se em torno do campo lexical de parentesco.
ensinar, aprender, professor, aluno, aprendizagem, O campo lexical de ensino organiza este conjunto de palavras em torno
estudo, etc. de uma mesma realidade.
Figuras de estilo
Figura(s) de estilo é um desvio em relação ao uso corrente da língua com o objectivo de embelezar e conferir
expressividade ao que se diz e ou se escreve. Aparece(m) com maior frequência nos textos literários.
Em nível fónico
+ Aliteração: repetição intencional de sons consonânticos dentro da mesma palavra ou em várias palavras
seguidas. Ex.:
"Olha a bolha d'água
no galho!
Olha o orvalho!" (Cecilia Meireles)
+ Assonância: repetição intencional dos mesmos sons vocálicos. Ex.:
"Tem um nome estranho a Isa:
Não é Isabel nem Isaura,
também não é Isadora
e não chega a ser Elisa
nem um resto de Luisa.
A Isa é Isa, é isso." (João Pedro Mésseder)
Em nível morfossintáctico
+ Anáfora: repetição, no início de frases ou de versos sucessivos, de uma palavra ou grupo de palavras. Ex.:
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não." (Sophia de Mello Breyner Andresen)
+ Assíndeto: consiste na omissão das conjunções entre as palavras ou frases sucessivas. Ex.:
"(...)
salta para a rua,
corre açodada,
galga o passeio,
desce a calçada,
à hora marcada,
puxa que puxa,
larga que larga,
(...)" (António Gedeão)
+ Elipse: omissão de uma palavra ou palavras que se submetem facilmente. Ex.:
"- Sabei que não fui um homem qualquer!
- Calculo!
- E amo-vos! Tenho a ousadia de o confessar!
- Também eu!" (Gentil Marques)
+ Enumeração: é a apresentação sucessiva de vários elementos da mesma classe gramatical. (ver também
gradação)
Ex.: "No ar, na cal, no vidro, tocava a sua felicidade... "
"Um grito que atravessava as paredes, as portas, a sala, os ramos de cedro ." (Sophia de Mello Bregner Andresen)
+ Hipérbato: consiste na inversão da ordem mais habitual das palavras na oração ou da ordem das orações no
período. Ex.: "Gato escaldado de água fria tem medo. (em vez de: "... tem medo de água fria.")
+ Interrogação retórica: não é uma verdadeira pergunta para a qual se espere resposta. O seu objectivo é dar
vivacidade ao discurso, criar expectativa. Ex.:
"Vais morrer com a saia rota,
sem flores nos cabelos...
- Mas isso que importa
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Curso de Língua Portuguesa – PARTE II – GRAMÁTICA
se depois de morta
até as mãos da terra
hão-de floresce-los?" (José Gomes Ferreira)
+ Paralelismo: repetição da mesma estrutura frásica. Ex.:
"Para que ela tivesse um pescoço tão fino
Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
Para que a sua espinha fosse tão direita
(...)" (Sophia de Mello Bregner Andresen)
+ Polissíndeto: é o contrário do assíndeto, ou seja, é a repetição intencional de conjunções. Ex.:
"Elas cortam o pão e aquecem o café.
Elas picam cebolas e descascam batatas.
Elas mingam sêmeas e restos de comida azeda.
Elas chamam ainda escuro os homens e os animais e as crianças. Elas enchem lancheiras e tarros e pastas de escola
com latas e buchas e fruta..." (Maria Velho da Costa)
+ Quiasmo: consiste na existência de quatro elementos dispostos dois a dois, segundo uma estrutura cruzada.
Ex.:
"Ó minha menina loura,
Ó minha loura menina,
Dize a quem te vê agora
Que já foste pequenina..." (Fernando Pessoa).
+ Repetição: repetição de palavras para intensificar ou reforçar uma ideia, ou exprimir a duração de alguma
coisa. Ex.:
Muita aflição, muita dor, muitas lágrimas, muitas preces; muitos votos e ladainhas, muitas bofetadas em si mesmo, muitas
demonstrações de contrição e muitos clamores a Nossa Senhora... " (António Sérgio).
+ Zeugma: consiste na omissão de algum termo contido numa proposição anterior. Ex.: "O noivo vai a cavalo e o
arrependimento a garupa." (> o arrependimento vai a garupa) (Provérbio)
Em nível semântico
+ Alegoria: série de metáforas, comparações, imagens, utilizadas para concretizar um pensamento ou uma
realidade abstracta. Ex.: "O polvo, com aquele seu capelo na cabeça, parece um monge; com aqueles seus raios estendidos,
parece uma estrela; com aquele não ter osso nem espinhas, parece a mesma brandura, a mesma mansidão. E debaixo desta
hipocrisia tão santa (...), o dito polvo é o maior traidor do mar." (P. António Vieira, Sermões de Santo António)
+ Antítese: apresentação de um contraste ou oposição entre duas ideias ou duas coisas. Ex.:
"A morte sabe dar com fogo e ferro,
Sabe também dar vida com clemência." (Camões)
+ Apóstrofe: chamamento ou interpelação de pessoas ou de alguma coisa personificada. Ex.: "Tu, só tu, puro
Amor, com força crua." (Camões)
+ Comparação: consiste em estabelecer uma relação de semelhança por meio da conjunção como ou de outra
expressão equivalente (à semelhança de, tal, mais do que...), ou de verbos que sirvam para comparar (parecer,
assemelhar-se, lembrar...). Ex.: "[Os seus olhos] eram azuis como o céu e o mar em ribeiros, azuis como a nossa felicidade, os
nossos risos, o nosso amor." (Ilse Losa)
+ Eufemismo: consiste em expressar uma ideia ou uma realidade desagradável de uma forma atenuada, mais
suave. Ex.:
"Frade: Pera onde levais gente?
Diabo: Pera aquele fogo ardente
que nom temestes vivendo." (>inferno) (Gil Vicente)
+ Gradação: trata-se de uma enumeração em que se verifica uma progressão de sentido crescente ou
decrescente. Ex.:
"Ocorrem-me em revista exposições, países,
Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo, o mundo!" (Cesário Verde)
+ Hipálage: é uma inversão de sentido em que se transfere para uma palavra uma característica que, na
realidade pertence a outra. Ex.: "[Beatriz] Abria os olhos molhados de culposas lágrimas." (Beatriz é que é culposa e não as
lágrimas) (Camilo Castelo Branco)
+ Hipérbole: emprego de termos exagerados, a fim de pôr em destaque determinada realidade. É uma das
figuras mais comuns na linguagem corrente. Ex.: "um calor de morrer; surdo como uma porta; suar em bica; ficar sem pinga de
sangue."
+ Ironia: consiste em exprimir uma ideia dizendo precisamente o contrário. Ex.:
"E irritando-se mais:
- Deixe, que a sua mãe também é um bom anjinho, não haja dúvida!"
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+ Metáfora: consiste na substituição de um termo por outro, com o qual apresenta semelhanças. É uma
espécie de comparação abreviada, porque não está presente a palavra ou expressão comparativa. Ex.:
"As tuas mãos são passarinhos brancos." (Ilse Losa)
"- Uma borboleta branca - retorquiu Sexta-Feira - é um malmequer que voa." (Michel Tournier)
+ Imagem: consiste no recurso a aspectos sensoriais para, a partir daí, provocar uma forte evocação afectiva e
os seus consequentes efeitos sugestivos e emocionais. Ex.: Os teus olhos são dois lagos encantados onde o céu se mira
como um espelho!" (Érico Veríssimo, Clarissa)
+ Metonímia: substituição de um termo por outro com que está em íntima ligação. Ex.: É frequentemente usada
na linguagem corrente:
"Comprei uns ténis." (>uns sapatos para jogar ténis)
"Vou beber um copo." (>o conteúdo de um copo)
+ Oximoro: ligação de dois termos que se esclarecem, mutuamente. Ex.: "Amor é fogo que arde sem se ver."
(Camões)
+ Perífrase: designa algo ou alguém de um modo mais descritivo, alongado e enfático e não pelos termos
habituais, ou seja, diz por muitas palavras o que poderia ser dito por poucas. Ex.: "Que depois de morta foi rainha." (>Inês
de Castro) (Camões)
+ Personificação: atribuição de propriedades humanas a animais, coisas ou ideias. Ex.: "O vento soluça e
geme..." (António Nobre)
+ Pleonasmo: consiste em reforçar uma ideia pela repetição de palavras com significado idêntico . Ex.: "(...) gritar
e ninguém responder é a tristeza mais triste que eu conheci." (Alves Redol)
+ Sinédoque: consiste em tomar a parte pelo todo ou vice-versa, o singular pelo plural ou vice-versa . Ex.: "Que,
da ocidental praia lusitana." (Portugal) (Camões)
+ Sinestesia: consiste na mistura de sensações que pertencem a sentidos diferentes. Ex.:
"E fere a vista com brancuras quentes,
A larga rua macadamizada." (>sensações visuais e tácteis) (Cesário Verde)
- Informativa ou referencial: o emissor procura basicamente informar; as palavras são usadas no seu sentido
denotativo. A mensagem centra-se na informação que o emissor transmite ao receptor. Predomina em jornais, livros
didácticos e científicos.
“Aos 86 anos, Alberto Silva vai organizar uma prova de ciclismo para veteranos e tentar bater o recorde de velocidade.
Tudo por amor a Angola.
Pepino foi futebolista, corredor de longas distâncias e é ciclista desde o fim dos anos 70. Esteve em Portugal para dar a
conhecer – e cativar participantes – a competição que está a organizar, o Desafio Pepino. Numa primeira etapa, perfez 550
quilómetros entre Benguela e Luanda, com o objectivo de entregar uma carta ao Presidente José Eduardo dos Santos.”
(Texto de César Avó, in revista Tabu, 27 de Outubro de 2007 – com supressões)
- Emotiva ou Expressiva: revela a atitude do emissor perante a mensagem que produz, caracterizando-se pela
expressão de sentimentos e emoções. Segundo o psicólogo e linguista alemão Buhler, citado por Gomes (s/d, pág.62),
o discurso centrado no eu estaria impregnado de uma função expressiva.
“Não ‘guento mais!... Eu toda muito pobrezinha em minha casa e aquele Pedro de Andrade cheio de riqueza, sem filho
nem filha para lhe receber… Vou mesmo amigar com esse homem… ( pára) Mas… se fico só com ele e depois adianto não partir?...
(Continua a andar) Ah, não importa, vou mesmo… Se não aprenhar, paciência, vou embora outra vez. Não ‘guento mais!...”
(José Mena Abrantes, Teatro - I volume, Ed. Cena Lusófona, 1999)
- Apelativa: o emissor pretende agir sobre o receptor, quer movê-lo a uma determinada acção, atitude,
comportamento. Segundo Buhler, supracitado (idem), o discurso centrado no tu estaria impregnado de uma função
apelativa.
“Cuidado com as minas!
Elas mutilam e matam!”
- Poética: o emissor aproveita a própria mensagem, nos sons, nas palavras, para sugerir, ampliar
impressões… está presente em textos de natureza muito diversa, mesmo nas produções verbais mais correntes.
“Sou mais um caule na floresta densa
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Um tronco de preguiça vertical
Inerte, muda e anónima presença
Perdida no silêncio vegetal.” (Miguel Torga)
- Fática: emissor e receptor procuram verificar se o canal de comunicação funciona e se mantém o contacto
entre os dois participantes do acto comunicativo.
“-Oi.
-Oi.
- Tudo bem?
- Tudo. Você?
- Bem, bem.
- Então, tudo bem.
- Escuta…
- Arrã.” ( Luís Fernando Veríssimo, O Melhor das Comédias da Vida Privada, 1ª ed., Dom Quixote, 2005)
- Metalinguística: emissor e receptor usam o código com o mesmo conteúdo semântico e sempre que se
estuda a língua através da língua. O dicionário é um exemplo típico desta função.
“-Olá, Bento, eu sempre na excelência com minha cachopa.
-Mano Tamoda, cachopa é quê?
-Cachopa é donzela.
-Donzela é quê? – interrogou Kidi.
-Donzela é ninfa.
-Ninfa é quê.
-Ninfa é muchacha ou muchachala…” (Uanhenga Xito, in Mestre Tamoda)
Jakobson, citado por Gomes (idem), nas suas conferências (em 1960 e 1962), fez corresponder a cada um dos
seis elementos da comunicação uma determinada função ou papel. Assim…
... ao destinador (emissor ou locutor), fez Jakobson corresponder uma função emotiva (ou expressiva);
… à mensagem corresponderia uma função poética (ou estética);
… ao destinatário, uma função conativa (ou apelativa);
… ao contexto, uma função referencial (denotativa ou informativa);
… ao código, uma função metalinguística;
… ao canal, uma função fática.
São três os processos de que dispõe o narrador para relatar as palavras e o pensamento dos personagens.
- Discurso directo11. No discurso directo, o narrador reproduz as palavras dos personagens tal como eles as
pronunciaram. Geralmente um enunciado em discurso directo é marcado pela presença de verbos como dizer,
perguntar, responder, reclamar, comentar, propor..., que podem estar colocados antes, no meio ou depois das palavras
do personagem.
Ex.1: A criança perguntou:
- Já posso sair da mesa?
Ex.2: - Vim cedo para casa - explicou ele -, porque o professor faltou.
11
Cfr. noções de Dicionários:
Discurso directo, texto no qual o narrador, escritor etc. reproduz as palavras de alguém ou de um personagem exactamente como foram ou teriam sido ditas. Nota-
se a presença dos chamados verbos dicendi (como dizer, afirmar, asseverar etc.): Exs.: Então ele disse: -É melhor deixar o menino entrar; - Ela está muito enganada
- asseverou, indignado, o marquês; "Quer entrar?"perguntou o rapaz; Trata-se de uma fraude, garantiu Pedro, depois de examinar longamente o documento.
Ex.2: A pergunta do mestre não lhe saía da cabeça. Se observou bem a Lua! Que sim, que a tinha observado bem. Que
mais queria ele saber?
Formas de tratamento
12
Idem: Discurso indirecto, texto no qual o narrador, escritor etc. reproduz as palavras de alguém citando-as em orações subordinadas com os conectivos que e se,
ou em orações reduzidas de infinitivo, seguindo-se a um verbo dicendi, ou descrevendo-as em suas próprias palavras. Exs.: Então ele disse que era melhor deixar o
menino entrar; Indignado, o marquês asseverou que ela estava muito enganada; O rapaz perguntou se ele queria entrar; Depois de examinar longamente o
documento, Pedro garantiu tratar-se de uma fraude.
13
Idem: Discurso indirecto livre ou discurso indirecto aparente, forma de narrativa que concilia os discursos directo e indirecto, com ausência de verbos dicendi e
dos conectivos subordinantes que e se, e no qual também se inserem falas directas de personagens.
As formas de tratamento são modos diversos de se dirigir a pessoas de respeito com respeito.
Os pronomes de tratamento abrangem dois tipos: o familiar e o protocolar.
Os pronomes do tipo familiar são: o Senhor, a Senhora, Você, usados também em alguns meios sociais, que
se abreviam da seguinte maneira: o Sr., a Srª., V.
Os pronomes do tipo protocolar são os que se empregam na correspondência oficial.
Propriedades de um texto
A palavra texto provém do Latim textu-, que significa “tecido, entrelaçamento”. Tendo em conta esta origem
etimológica, nunca se deve esquecer que o texto resulta desta acção de tecer, de entrelaçar unidades que formam um
todo inter-relacionado.
Pode definir-se texto como um conjunto de frases relacionadas entre si que formam um todo com sentido.
À pergunta: O que é que faz com que um texto possa ser considerado um texto? respondem alguns autores do
seguinte modo: um texto, para ser texto, deve ter, pelo menos, as seguintes propriedades:
1. adequação no uso dos vários registos de linguagem mobilizados;
2. coerência: organização estruturada da informação que o texto contém;
3. coesão: eficiente uso de mecanismos linguísticos que ligam as várias ideias;
4. progressão temática: que cada elemento novo desenvolva os (e se integre nos) elementos conhecidos
(dado/novo, pressuposições, implicações);
etc.
Ao considerar as propriedades que fazem com que um texto seja texto, convém não esquecer o seguinte:
- esta “identificação” das várias propriedades de um texto justifica-se por razões metodológicas; na prática,
porém, nem sempre é fácil delimitar as fronteiras entre elas; porque,
- por vezes, um mesmo fenómeno envolve uma ou mais propriedades;
- autores há que se limitam aos aspectos específicos da textualidade, não considerando dimensões não
propriamente linguísticas.
Adequação
Fala-se de adequação de um texto, quando quem fala ou escreve produz um enunciado (um texto) que está
em sintonia com a sua cultura, com a cultura daquele a quem se dirige, com as exigências do contexto (espácio-
temporal) em que se encontra etc.
Se alguém (estudante de uma das turmas da escola do ensino secundário, por exemplo) se dirigir a uma
colega nestes termos “Sabei, Senhora Minha, que o Vosso Pai…”, certamente o fará, apenas, num contexto de humor
ou no ensaio de alguma peça dramática. Não deixaria de provocar um sorriso quem, numa situação corrente, assim se
expressasse no século XXI.
Do mesmo modo, numa conferência formal, ou num programa formal de televisão, não é de esperar que um
ministro ou o presidente de uma qualquer instituição refira, a dado momento: “ O gajo foi bué porreiro co’a malta.”
Chocaria muita gente. Mas já se ouviu coisa pior…
Há registos de linguagem mais cuidados, reservados a situações exigentes. Há outros, que correspondem a
situações correntes; e há registos que só costumam ser usados em contextos restritos ( familiar, técnico-profissionais,
desportivos etc.). Há, ainda, o calão, que implica componentes éticas e estéticas e que, genericamente, se evita…
Assim, por exemplo, verbos socialmente “neutros”, como “respondeu” ou “disse”, nas expressões “Ela
respondeu…”, “Ela disse…” podem ser considerados de uso corrente; mas, se for substituído por outros (em parte)
sinónimos, verifica-se que acrescentou-se informação (conotativa, sociolinguística, estilística, psicológica…) que lhe fica
associada:
“Ela retorquiu…”, “Ela contrapôs…”, “Ela replicou…”, “Ela objectou…” …
“Ela respondeu…”, “Ela disse…”, “Ela afirmou…”
“Ela espumou…”, “Ela rosnou…”, “Ela berrou…”, “Ela cacarejou…” …
A adequação implica, pois, uma apropriada operacionalização e mobilização dos registos de língua, do uso da
sinonímia, do uso de hiperónimos e hipónimos, da operacionalização dos mecanismos de coerência e coesão etc.
Importa, pois, das várias possibilidades que a língua disponibiliza, saber escolher aquelas que se afiguram
mais de acordo com a maneira de ser dos falantes, com o seu estatuto, a situação em que se encontram etc. A isso
chama-se adequação.
Coerência
Diz-se que um texto é coerente quando aquilo que ele transmite está de acordo com o conhecimento que cada
falante tem do mundo e quando nele são respeitados três princípios gerais: o princípio da não contradição, que
assegura que, num texto, as situações representadas não sejam logicamente incompatíveis; o princípio da não
tautologia, que garante a ausência de repetições de informação desnecessárias; o princípio da relevância, que obriga a
que as situações representadas estejam relacionadas entre si.
Assim, o enunciado “Tenho dormido pouco. No fim-de-semana vou aproveitar para me deitar tarde.” Não é
coerente pois nele se desrespeita o princípio da não contradição. Já no exemplo, “Tens que estudar duas horas por dia
pois não podes deixar de te dedicar ao estudo cento e vinte minutos por dia.”, a segunda parte do enunciado é
redundante em relação à primeira, havendo, portanto, desrespeito do princípio da não tautologia. Por fim, no exemplo
que se segue, é evidente a violação do princípio da relevância uma vez que a resposta não tem qualquer relação de
sentido lógico-conceptual com a pergunta: “- Gostas de ler? – A minha mãe comprou-me um vestido nos saldos.”
Coesão
Os fragmentos de um texto estão ligados entre si, isto é, estabelecem entre eles determinadas relações
através de uma série de mecanismos, fundamentalmente linguísticos, a que se dá o nome de coesão.
“Entende-se por coesão um conjunto de processos que, recorrendo a determinados grupos de vocábulos, ou classes de
palavras, permite fazer um texto a partir de um “puzzle” de frases soltas (ou mesmo uma frase a partir de palavras soltas).
Imaginemos um conjunto de 50 cartões, cada um com uma frase simples. Essas frases só constituirão um texto quando, para além
de estarem dispostas segundo uma dada ordem entre si, estiverem articuladas de forma a que umas possam remeter para outras,
construindo uma mensagem uniforme [ou plural, se o objectivo for esse]. (…)”
Edite Prada, in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, 10 de Fevereiro de 2006
A coesão textual manifesta-se nas várias articulações gramaticais do texto. Um texto, portanto, sobretudo
extenso, não é um somatório de frases desgarradas . Entre elas, há “articuladores”, “ligados”, “grampos”, “clipes” lexicais
que estabelecem ligações semânticas entre elas, de modo a obter-se um conjunto significativo.
Assim como uma peça de vestuário não existiria, se apenas se tivesse fragmentos de tecido, assim um texto
não pode existir, se não houver elementos que liguem os vários constituintes do mesmo.
No mundo têxtil, tem-se, pois, as linhas, os pontos, as molas, os botões, os fechos etc. que se encarregam de
fazer essas ligações, essas conexões. E no mundo do texto? De que elementos se dispõe?
- anáfora: repetição de uma informação variando os mecanismos (O filme foi interessante. Nós vimo-lo duas
vezes, porque O filme nos agradou mesmo.) Imagine-se o texto: “O filme foi interessante. Nós vimos o filme duas vezes,
porque o filme nos agradou memo.”
- deíxis (demonstração): referências ao contexto…
- tempos e modos: pode identificar-se relações de tempo (passado, presente, futuro) ou de modo (certeza,
dúvida, desejo…), assim ligando acções, factos, ideias…
- conectores (enlaces): conjunções, preposições etc.
- relações semânticas: o uso de hiperónimos/hipónimos, sinonímia etc. auxiliam nas ligações textuais…
Em síntese, essencialmente do plano gramatical (embora, também, com repercussões semânticas), a coesão
inclui todos os mecanismos (linguísticos, paralinguísticos) susceptíveis de assegurar a ligação entre as frases de um
texto. Trata-se, em síntese, de mecanismos…
- de entoação e de pontuação;
- de referência (extratextual (deíxis) e intratextual (anáfora, catáfora));
- de substituição (sinonímia, hiponímia/hiperonímia; pronominalização…);
- de apagamento ou elipse;
- de ligação (“conectores discursivos” ou “marcadores textuais” – causais, temporais, condicionais,
consecutivos, finais…)
-…
Para… Usa-se…
... articular ideias de contraste, oposição, mas, porém, todavia, contudo, no entanto, apesar de, ainda que, embora, mesmo que, por mais
restrição que, se bem que…
… adicionar e agrupar elementos e ideias e, além disso, e ainda, não só… mas também / como ainda, bem como, assim como, por um
lado… por outro lado, nem… nem (negativa)
... introduzir uma conclusão a partir da pois, portanto, por conseguinte, assim, logo, enfim, concluindo, em conclusão
ideia principal
... resumir, reafirmar por outras palavras, ou seja, em resumo, em suma, ou melhor…
... exemplificar por exemplo, isto é, ou seja, é o caso de, nomeadamente, em particular, a saber, entre outros…
... comparar como, conforme, também, tanto... quanto, tal como, assim como, pela mesma razão...
… indicar uma consequência por tudo isto, de modo que, de tal forma que, daí que, tanto…. que, é por isso que…
… dar uma opinião na minha opinião, a meu ver, em meu entender, parece-me que…
… exprimir dúvida talvez, provavelmente, é provável que, possivelmente, porventura…
… insistir nas ideias já expostas com efeito, efectivamente, na verdade, de facto…
… esclarecer, explicar uma ideia quer isto dizer, isto (não) significa que, por outras palavras, isto é…
… organizar as ideias por ordem em primeiro lugar, num primeiro momento, antes de, em segundo lugar, em seguida,
sequencial (tempo ou espaço) seguidamente, depois de, após, até que, simultaneamente, enquanto, quando, por fim,
finalmente, ao lado, à direita, à esquerda, em cima, no meio, naquele lugar…
… introduzir raciocínios que apresentam a com o intuito de, para (que), a fim de, com o objectivo de, de forma a…
intenção, o objectivo com que se produz o
que é descrito anteriormente
… anunciar uma ideia de causa pois, pois que, visto que, já que, porque, dado que, uma vez que, por causa de…
… indicar uma hipótese ou condição se, caso, a menos que, salvo se, excepto se, a não ser que, desde que, supondo que…
… exprimir um facto dado como certo com certeza, naturalmente, é evidente que, certamente, sem dúvida que…
… evidenciar ideias alternativas fosse… fosse, ou (…ou), ora… ora, quer… quer…
Formas nominais
Para além das formas verbais flexionadas (em pessoa, número, tempo e modo), os verbos podem ainda
assumir formas nominais:
Infinitivo Pessoal – relaciona-se com um sujeito que pode estar ou não expresso. Usa-se na 3ª pessoa para indicar a indeterminação do sujeito.
Impessoal – não tendo sujeito próprio, usa-se para fazer sobressair uma acção que é encarada de um modo geral, abstracto, ou usa-se
para designar estados de coisas (morrer, desmaiar, estar, ser etc.). Por vezes pode ter o valor de um imperativo.
Particípio Usado isoladamente – sem auxiliar – representa uma acção acabada no presente, no passado ou no futuro. Muitas vezes equivale a um
adjectivo.
Gerúndio Utiliza-se para representar uma acção simultânea de outra. É muito utilizado em complexos verbais que sugerem duração da acção, uma
acção que se realiza por etapas.
a.- Repetição
Ex.: As crias ficam indefesas quando nascem e precisam de muitos cuidados. Os animais que podem esconder as crias
num lugar seguro, como um ninho, têm normalmente vários filhotes. Os animais que não o podem fazer têm apenas um ou dois
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Curso de Língua Portuguesa – PARTE II – GRAMÁTICA
filhotes, para os poderem vigiar com atenção.
b.- Substituição
. por sinonímia
Ex.: Os ratos têm grandes ninhadas – oito crias é bastante frequente. Os filhotes nascem num ninho que os mantém
quentes.
. por antonímia
Ex.: A Rita não disse a verdade. A história que contou não passa de uma enorme mentira.
. por hiperonímia/ hiponímia
Ex.: A Lili gosta de peixe, muito particularmente de sardinhas. (hiperónimo/ hipónimo);
Os filhotes da girafa são um alvo fácil para leões, leopardos e panteras, mas as mães usam as suas poderosas pernas
para os defender desses felinos. (hipónimos/ hiperónimo).
. por holonímia/ meronímia
Ex.: Depois das obras a minha casa ficou muito mais bonita. A sala, então, está fantástica! (holónimo/ merónimo).
Progressão temática
Quando duas pessoas se encontram, ou se correspondem, perguntam com frequência: “ Novidades?” Já os
latinos procediam de modo idêntico: “Quid novi?” (Que há de novo?). É nesta busca de “novas” que radica uma das
mais antigas manifestações de comunicação humana: a narrativa. Quem não contasse… morria (lembre-se As Mil e
Uma Noites). Ora, os textos narrativos caracterizam-se, justamente, por manterem, constante e progressiva, essa sede
de “novidade”.
De modo semelhante, também num qualquer texto informativo, expositivo, argumentativo… deve haver
“avanços” na informação prestada (“progressão temática”). Se assim não for, o texto torna-se repetitivo, enfadonho,
desinteressante, soporífero, sebáceo (isto é, com “bamba” a mais para tão pouco “músculo”). Ao conhecimento dado
como adquirido, pressuposto (como sendo partilhado pelos interlocutores) tem de se acrescentar algo de novo. Ora,
esta oposição dado/novo (ou conhecido/desconhecido) constitui uma importante componente da enunciação, em geral,
e do enunciado (oral ou escrito), em particular. Veja-se o seguinte exemplo:
O Joaquim comprou uma bicicleta.
O que é que neste enunciado pode representar novidade? Não se sabe; essa resposta pode ser dada se se
conhecer a situação dos interlocutores. Com efeito, nesta frase, tanto pode constituir novidade
- o próprio Joaquim (imagine-se que quem tinha ficado de comprar a bicicleta foi o Júlio);
- o acto de comprar (imagine-se que o Joaquim vive na miséria ou é muito avarento);
- o facto de ser uma (imagine-se que ele tinha prometido comprar oito);
- o facto de ser uma bicicleta (imagine-se que ele tinha prometido comprar uma mota de alta cilindrada); etc.
À medida que a novidade se vai incorporando no “conhecido”, vai-se buscando uma informação nova que, por
sua vez, passará a fazer parte do universo conhecido (ou “tema”). Quando um elemento da frase assume o lugar de
tema, por exemplo, encabeçando a ordem da frase, fala-se em “tematização” (ou “topicalização”).
“Se eu fosse pintor começaria a delinear este primeiro plano de trepadeiras entrelaçadas, com pequenos jasmins e
grandes campânulas roxas, por onde flutua uma borboleta de marfim, com um pouco de ouro nas pontas das asas” (1º plano).
“Mas, logo depois, entre o primeiro plano e a casa fechada, há pombos de cintilante alvura, e pássaros azuis tão rápidos e
certeiros que seria impossível deixar de fixá-los (…)” (2º plano).
“…Por detrás, estão as velhas casas, pequenas e tortas, pintadas de cores vivas, como desenhos infantis, com seus
varais carregados de toalhas de mesa, saias floridas, panos vermelhos e amarelos, combinados harmoniosamente pela lavadeira
que ali os colocou” (3º plano).
Veja-se, como exemplo, o seguinte fragmento de Lanza del Vasto (id. pág. 48):
“Não falemos das alterações que o progresso das máquinas faz constantemente sofrer às instituições humanas. Falemos,
somente, das vantagens pelas quais os loucos se deixam atrair: poupam tempo, poupam esforços penosos, produzem a
abundância, multiplicam o intercâmbio e levam a um contacto mais íntimo entre os povos, acabarão por assegurar a todos os
homens a felicidade perpétua.”
Veja-se também:
a. Honrar pai e mãe.
b. Honrarás pai e mãe.
c. Honra pai e mãe.
Diálogo ( ou conversacional)
Aquele que corporiza (em discurso directo), e alternadamente, o intercâmbio das falas de duas ou mais
personagens.
Este protótipo textual, no entanto, exige a existência de, pelo menos, dois interlocutores que tomam a palavra
alternadamente e tem marcas específicas, tais como:
. o uso do travessão (ou equivalente);
. o sujeito das frases com verbo declarativo costuma aparecer depois do verbo;
. o uso do discurso directo, com as respectivas marcas linguísticas etc.
O protótipo textual narrativo inclui a entrevista, a mesa-redonda, a conversa telefónica…
Veja-se, a título de exemplo, estes dois fragmentos numa ressonância a Saint-Exupéry ((id. págs. 46-47):
A – O principezinho perguntou ao homem o que é que ele fazia. Ele esclareceu-o que era um acendedor de estrelas,
tendo deixado o principezinho muito intrigado. Pôs-se, então, a falar sozinho e a contar estrelas em voz alta…
B - - O que é que fazes? – perguntou o principezinho.
- Sou um acendedor de estrelas! – respondeu ele.
Intrigado, o principezinho inquiriu:
- E o que é um acendedor de estrelas? …
O resumo
Resumir é reduzir um texto às suas partes mais importantes, usando palavras claras e precisas.
Partindo do texto a resumir, deve proceder-se da seguinte forma:
A síntese
Embora se aproxime muito do resumo e, portanto, as regras para a sua preparação e redacção sejam
semelhantes, a síntese – a que se chama, por vezes, resumo crítico – tem as suas especificidades:
. é menos impessoal do que o resumo, pois é redigida na 3ª pessoa, com indicação de nome dos autores, e é
mais dirigida ao leitor apresentando um carácter apreciativo, pois permite que se destaquem as intenções do autor;
. embora mantenha a neutralidade e a fidelidade na reconstituição das ideias do texto original, confere maior
liberdade na ordem e na organização das ideias;
. usa-se, com frequência, para comparar vários textos entre si, dando-se, nesse caso, maior relevo à
confrontação dos textos do que à reconstituição exaustiva das ideias dos textos-base.
A tomada de notas
Não são só os textos escritos que são objecto de resumo ou de síntese. Muitas vezes ter-se-á a necessidade
de resumir ou sintetizar o conteúdo de uma conferência ou de um colóquio a que se tenha assistido, de um programa
de rádio ou de televisão ou até de algumas aulas.
Para tal, saber tirar apontamentos é uma garantia de que se adquire apenas a informação que é realmente
importante. Pretender tomar nota de tudo o que se ouve numa destas situações não permite prestar atenção aos
conteúdos, e é provável que se percam conceitos importantes.
A apresentação:
. escrever com letra clara;
. deixar margens para fazer anotações;
. destacar os títulos escrevendo-os em maiúsculas ou sublinhando-os.
Os conteúdos:
Não reproduzir na íntegra. Para tomar apontamentos:
. ouvir atentamente;
. compreender;
. anotar as ideias-chave de uma forma sintética e esquemática.
Debate
O debate é uma discussão entre várias pessoas que, tendo opiniões diferentes sobre um tema, procuram
convencer o público que as ouve. Cada participante procura defender as suas ideias a refutar as dos outros.
Funções do moderador:
. Abrir a sessão, introduzindo o tema e apresentando os participantes.
. Dar a palavra aos participantes, garantindo uma distribuição equilibrada do tempo.
. Animar o debate, com novas perguntas e sínteses parciais sempre que for oportuno.
. Dar a palavra ao público para que interrogue os participantes.
. Encerrar o debate, fazendo um balanço final.
Relatório
O Relatório é um texto escrito para descrição de factos passados com o objectivo de conduzir a uma decisão
e, daí, a uma acção; texto escrito para apresentação de acontecimentos, de informações, de visitas de estudo, de
experiências etc.
Elaboração de guiões
Guião para o relatório de uma excursão
a) Porquê, quem e como organizou a excursão;
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Curso de Língua Portuguesa – PARTE II – GRAMÁTICA
Visita de estudo
A proposta de organização de uma visita de estudo tem como objectivo desenvolver as competências
seguintes:
. planificar devidamente uma actividade, isto é, prepará-la, executá-la e avaliá-la;
. conhecer melhor a realidade social em que a (nossa) escola se insere;
. estabelecer e/ ou desenvolver relações interpessoais positivas;
. promover a interdisciplinaridade, através do contributo dos saberes de outras áreas disciplinares.
Entrevista
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Curso de Língua Portuguesa – PARTE II – GRAMÁTICA
A Entrevista é um diálogo que visa conhecer as ideias de uma pessoa com o objectivo de divulgá-las. O
entrevistador funciona como representante da curiosidade popular junto da pessoa em foco.
A Entrevista é uma importante base do trabalho jornalístico, uma vez que, muitas vezes, o repórter é
testemunha directa dos factos. Ele pode reconstituir os acontecimentos através da própria observação ou da indagação
e depoimento quando não tenha estado presente.
A Entrevista é uma técnica de comunicação que pode apresentar diversas modalidades em função dos
domínios e dos objectivos visados – da entrevista radiofónica e televisiva, à entrevista utilizada no domínio
socioprofissional, entre outras.
Porém, qualquer um destes tipos de entrevista, nomeadamente a entrevista desenvolvida em contexto escolar,
tem em vista recolher dados de informação e opinião sobre temas específicos.
2º Antes da entrevista
a)- Escolha do tema
É necessário precisar muito bem o tema sobre o qual se deseja obter informações. Por exemplo: perante o
tema “A droga”, eis alguns aspectos sobre os quais se deverá indagar:
. Que drogas existem;
. O que provocam;
. Por que razões criam dependência;
. Como se cura um toxicodependente etc.
b)- Escolha da pessoa (ou pessoas) a entrevistar
Deve ser conhecedora do tema. Por exemplo, no caso do tema “A droga”, poderão entrevistar-se:
. psicólogos;
. responsável por um centro de atendimento a toxicodependentes.
Às vezes, a pessoa a entrevistar não se escolhe pelo tema, mas por ter sido protagonista de algo que interessa
conhecer.
c)- Procura de informação (documentação) sobre o tema ou a pessoa, em livros, dicionários, enciclopédias
etc., o que permitirá:
. não perder tempo com perguntas cujas respostas se podem obter por iniciativa própria;
. fazer perguntas inteligentes cujas respostas não tenham sido encontradas em nenhum livro.
d)- O questionário
Deverão anotar-se as perguntas, procurando que elas sejam abertas, isto é, que evitem a respostas SIM ou
NÃO. Por exemplo:
. A pergunta “Este centro funciona bem?” não é boa, porque, provavelmente, a resposta será: SIM.
. A pergunta “Pode explicar como funciona este centro?” está bem formulada.
e)- Formação da equipa (3 a 5 membros)
A entrevista pode ser preparada e realizada por uma só pessoa. No entanto, se se trabalhar em equipa, será,
com certeza, mais elaborada, abarcará mais aspectos e far-se-á com maior espírito crítico.
3º Durante a entrevista
a)- Situar o entrevistado, mediante uma breve introdução:
. Quem é: nome, idade, sexo, onde vive…
. A sua actividade: ofício, ocupação …
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4º Depois da entrevista
A redacção
Depois da entrevista transcrita, poderão ser feitas algumas modificações, respeitando sempre as respostas:
modificar para aclarar ou tornar mais compreensível; suprimir repetições desnecessárias…
Costuma redigir-se uma introdução e um parágrafo final (despedida, síntese, agradecimento…)
É conveniente mostrar ao entrevistado a redacção definitiva para que ele autorize a publicação e para que, se
for necessário, corrija alguma resposta que, no seu entender, não reflicta bem o que ele pretendia dizer. Assim, serão
evitadas possíveis reclamações.
5º Técnicas de entrevista
. Solicita-se a entrevista com antecedência. Faz-se o pedido por carta ou telefone. A pessoa a ser entrevistada
é que marca o lugar, a hora e a duração da entrevista.
. Informar-se bem sobre o assunto da entrevista e preparar as perguntas também com antecedência.
. A entrevista, embora planeada previamente, deve ser flexível para permitir improvisação e, portanto,
espontaneidade no decorrer do diálogo.
. Conduzir a entrevista como uma conversa, fazendo anotações só se for o caso e quando se certificar de que
se entendeu os factos correctamente.
Configuração gráfica
A configuração gráfica constitui um meio de estruturar e dar forma ao texto, ou seja, corresponde à
organização dos diversos elementos gráficos que integram as páginas que compõem um trabalho académico, um livro
ou outras publicações.
Através desta configuração estabelece-se/ define-se os tipos e corpos de letra, o alinhamento às margens, o
espaço entre letras e o espaço entre linhas (entrelinhamento), a distribuição do texto em termos de títulos, subtítulos,
parágrafos, legendas; bem como o destaque que merecem, e muitas outras características verbais ou icónicas.
A disposição gráfica dos elementos que constituem as páginas contribui para a sua caracterização qualitativa,
pelo que a preocupação com os itens que abarca tem sido crescentemente notada.
Uma configuração gráfica eficaz é aquela em que os vários elementos foram adequadamente seleccionados/
definidos e posicionados, ou seja, não só não interferem na qualidade da leitura, como lhe conferem fluidez.
Note-se que a configuração gráfica pode ser da responsabilidade do autor, quando se aplica a teses, ensaios
ou quaisquer outros trabalhos académicos. Ao obstante, esta é uma competência essencialmente atribuída ao designer
gráfico (ou designer editorial) na concretização dos projectos gráficos que resultam na paginação de uma obra
destinada à edição/ publicação.
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Curso de Língua Portuguesa – PARTE II – GRAMÁTICA
Tipos de letra
A escolha do tipo de letra é, normalmente, uma das primeiras etapas da configuração gráfica. O responsável
pela configuração pode optar entre dois tipos de letra: a letra de imprensa e a letra manuscrita.
A letra de imprensa corresponde a um estilo de carácter tipográfico, seja pelo processo de composição
tipográfica ou de fotocomposição, seja pela reprodução manuscrita.
Aa Bb Cc
As famílias tipográficas mais comummente utilizadas em trabalhos académicos ou em obras impressas são a
«Times New Roman» (criada em 1932), a «Helvetica» (desenvolvida em 1957) e a «Arial» (concebida em 1982). Estas
são fontes preferenciais pela sua excelente legibilidade.
Aa Bb
Independentemente do tipo de letra, o autor tem ao seu dispor duas variações possíveis: a letra maiúscula e a
letra minúscula.
Letra maiúscula
A letra maiúscula corresponde à configuração gráfica que cada letra do alfabeto pode assumir, por oposição à
letra minúscula.
ABC
Letra minúscula
A letra minúscula corresponde à configuração gráfica que cada letra do alfabeto pode assumir, por oposição à
letra maiúscula.
abc
Abreviatura
No decurso da construção do seu texto, o autor pode fazer uso de abreviaturas, por forma a assegurar uma
maior fluidez do discurso.
A abreviatura constitui uma forma convencionada de representação gráfica de uma palavra através da escrita
de apenas um subconjunto das suas letras, ou seja, trata-se de uma forma encurtada ou reduzida de uma palavra,
constituída por uma ou mais letras dessa palavra, seguidas de um ponto, e que se pronuncia como se estivesse por
extenso. A finalidade da representação escrita de uma palavra com menos letras do que as da sua grafia normal é a
economia de tempo e espaço, bem como um incremento da fluidez do discurso escrito.
Alínea
Por forma a melhor estruturar o seu texto, sobretudo quando entende necessária a enumeração de diversos
itens ou assuntos, o autor pode socorrer-se de uma série de alíneas, ou seja, pode apresentar as suas ideias através de
uma listagem onde regista a subdivisão de unidades textuais.
Parágrafo
As divisões principais que estruturam o discurso escrito são os parágrafos. Trata-se de uma forma de
organização do texto, caracterizada pela unidade das ideias nele incluídas, tendo em conta o seu sentido completo e a
sua independência sintáctica.
Cada parágrafo corresponde a uma unidade autossuficiente de um discurso escrito, ou seja, inicia e encerra a
abordagem de um determinado ponto de vista ou ideia. Porém, em regra, cada novo parágrafo vem na enfiada do
anterior e prepara o subsequente parágrafo. No caso de o texto corresponder a um diálogo, cada parágrafo pode
equivaler à mudança do protagonista do discurso.
O início de um parágrafo é efectivado numa nova linha do texto. Esta linha pode, ou não, estar re-entrada em
relação à margem esquerda. O parágrafo é delimitado por ponto final (.), ponto de interrogação (?), ponto de
exclamação (!) ou reticências (…).
Em termos de formatação o parágrafo é identificado pelo símbolo: ¶.
Em termos de revisão de provas o sinal tipográfico correspondente à divisão de parágrafo é: §.
Período
Cada parágrafo pode ser constituído por períodos. Cada período é caracterizado por conter uma ou mais
frases simples (em que existe um único verbo principal ou copulativo) ou complexas (que contêm mais do que uma
oração, logo, mais do que um verbo principal ou copulativo) e por ser delimitado por ponto final (.), ponto de
interrogação (?), ponto de exclamação (!) ou reticências (…).
Espaço
Elemento crucial para a inteligibilidade de um texto é o espaço ( ). Este, aparentemente «vazio» elemento da
configuração gráfica desempenha um papel fundamental pois, codificado por unidades de medida, serve para separar
letras, palavras, linhas, parágrafos, estruturando a informação de forma distinta e favorecendo a sua imediata
percepção.
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Curso de Língua Portuguesa – PARTE II – GRAMÁTICA
Margem
A margem corresponde ao espaço em branco em volta do «corpo de texto», ou mancha escrita de uma página.
Podendo ser superior, inferior e lateral, direita ou esquerda.
A formatação requerida para as margens do texto é variável de acordo com as finalidades do autor, as normas
instituídas, a linha gráfica do editor, ou da entidade receptora do trabalho etc. No entanto, é usual deixar 2,5 centímetros
nas margens superior, inferior e direita, e 3 centímetros na margem esquerda.
Formas de destaque
O autor tem ao seu dispor um conjunto de recursos de configuração textual que lhe permitem pôr em evidência
um palavra, uma expressão, uma frase ou uma parte específica do texto. As formas de destaque incluem: itálico
(cursivo ou grifo), negrito, sublinhado, subscrito, sobrescrito.
Observações:
a) Quando o livro é da autoria de uma só pessoa deve ser apresentado, em bibliografia, na seguinte forma:
KEITA, Boubacar N. História da África Negra. 1ª Edição. Luanda: Texto, 2009.
. Agradecimentos (mencionar, em tom de agradecimento, todos e tudo que colaboraram de uma forma directa
ou indirecta para a elaboração do trabalho).
. Introdução.
. Desenvolvimento.
. Conclusão.
. Bibliografia (e notas bibliográficas).
Na elaboração do trabalho científico é importante observar as normas metodológicas estabelecidas pela escola
ou por cada instituição e é também importante não se esquecer do professor ou do orientador respectivo; todo o
trabalho científico requer um guia ou orientador; este vai tirar certas dúvidas sobre como fazer uma citação bibliográfica
e não só, quando, como e onde colocar a nota de rodapé, quantas páginas deve ter o trabalho, o quê que nunca deve
aparecer no trabalho etc. Apesar disso, vale apenas ter em conta o seguinte decálogo, sobre elaboração de um trabalho
escrito:
1º Escrever em folhas brancas, formato A4, de preferência;
2º Não escrever no verso das folhas;
4º Não entregar folhas com rasuras;
5º Dactilografar ou processar o texto; não sendo possível fazê-lo, escrever de forma legível;
6º Na primeira página, deve figurar o título do trabalho, a identificação do seu autor, o nome da pessoa ou
entidade a quem se dirige (ou, se for o caso, da disciplina a que se destina e da escola) e a data;
7º Fazer, se o tamanho do trabalho o justificar, um índice, colocando-o na 2ª página ou no fim;
8ª Numerar as páginas, sem contar com a da capa e com a numeração visível apenas a partir da página 2;
9º Pôr capas no trabalho, sempre que possível;
10º Usar uma só cor, de preferência (todas, excepto a vermelha e similares).
bbbbbbbb
boca de um beco Foi grande a balbúrdia,
Na Bica do Belo A turba se ria,
Um bravo cadélo O bruto bramia,
Berrava: báu, báu. E o broma a bater!
vvvvvvv
Vinde ouvir caros ouvintes - Adivinhais o motivo
(Vale a pena). Era uma vez Porque assim se ataviou?
Vitorino Vaz Ventura É porque ia a Vila Verde,
Dos Arcos de Val de Vez À vôda do Pai-Avô.
tttttttttt
Triste tralha atrapalhado Com tripas de atum de truz.
De taipar tanta trapeira,
Consertar tanto telhado, Eis trinta e três cães famintos
Estragar tanta goteira, (outros dizem trinta e seis)
Entram de tropel ladrando
Na festa de Santo Entrudo Que estrago!... Agora o vereis:
Entra trôpego e zoupeiro,
De tamancos tosco e rude, Transtes, trancas, tocos, tronxos,
No int’rior do seu palheiro. Estoiram… Tudo é trope!
Bater, latir, tombos, roncos
Sentou-se num tamborete, Terminam este aranzel.
Sem dizer nem chuz nem buz,
E pôs-se a entrudar sozinho
sssssssss
Para fazer sabonetes Deita-se nesta mistura
Mui belos e transparentes Sumo de limão azedo,
Inventou certo estrangeiro Com soda, melaço e rosas
Três receitas excelentes: Colhidas de manhã cedo.
rrrrrrrrr
Um rato roento roía
O rabo do rodovalho
E a Rosa Rita Ramalho
De o ver roer se ria.
1.- Diante dos colegas, pronuncie-se, com diferentes entoações, a interjeição Ah!, tentando traduzir vários sentimentos:
espanto, admiração, indignação, desilusão, alegria etc.
B Exercícios de improvisação
Os exercícios que agora são propostos poderão ajudar a descobrir o actor que há dentro de cada um (pessoa). A turma
deve ser dividida em grupos, desenvolvendo cada uma das tarefas apresentadas; em alternativa, poderá ser escolhida uma única
actividade para ser realizada por todos os grupos em simultâneo.