A maioria dos pacientes com malformações da orelha interna possuem perda
auditiva severa a profunda bilateral e são candidatos ao implante coclear (Sennaroğlu e
Bajin, 2017). O sistema de classificação mais aceito dessas malformações foi inicialmente proposto por Jackler et al. (1987) e posteriormente aperfeiçoado por Sennaroğlu e Bajin (2017), e se baseia no período da embriogênese em que houve interrupção do desenvolvimento da orelha interna (Mazón et al., 2017). As anomalias de partição incompleta da cóclea constituem a maioria das malformações cocleares e 41% das malformações da orelha interna. Nesse grupo estão as malformações cocleares onde existem defeitos em sua arquitetura interna, porém há uma clara diferenciação entre cóclea e vestíbulo. Denomina-se tríade de Mondini quando o defeito coclear ocorre na zona apical do modíolo resultante da fusão das espiras média e apical (partição incompleta tipo II), associado à dilatação do vestíbulo e alargamento do aqueduto vestibular (Jackler 2005; Sennaroğlu e Bajin, 2017). Normalmente, os pacientes com partição incompleta tipo II tem perda auditiva progressiva, levando a necessidade de implante coclear em algum momento. A pressão do líquido cefalorraquidiano transmitido para a orelha interna pode ser o responsável por essa evolução desfavorável. Como a parte basal do modíolo é normal, todos os tipos de eletrodos podem ser usados durante a cirurgia (Sennaroğlu e Bajin, 2017). Suri et al. (2021), em um estudo com 338 pacientes com perda auditiva neurossensorial severa a profunda, em que 27 tinham displasia de Mondini, compararam os resultados do implante coclear em crianças com a malformação com aquelas com orelha interna normal, e não encontraram diferença estatística entre os grupos após um ano. Tal resultado evidenciou que o implante coclear é uma intervenção eficaz para crianças com displasia de Mondini. Outro estudo, de Chen et al. (2014), com 545 pacientes em que 31 pacientes tinham displasia de Mondini, relatou achados semelhantes, sem diferença significativa entre os grupos em dois anos.
1. Sennaroğlu L, Bajin MD. Classification and current management of inner ear
malformations. Vol. 34, Balkan Medical Journal. Galenos Publishing House; 2017. p. 397–411. 2. Jackler RK, Luxford WM, House WF. Congenital malformations of the inner ear: a classification based on embryogenesis. Laryngoscope. 1987 Mar;97(3 Pt 2 Suppl 40):2- 14. doi: 10.1002/lary.5540971301. PMID: 3821363. 3. Mazón M, Pont E, Montoya-Filardi A, Carreres-Polo J, Más-Estellés F. Inner ear malformations: a practical diagnostic approach. Radiologia. 1o de julho de 2017;59(4):297–305. 4. Jackler RK. Congenital malformations of the inner ear. In: Cummings CW, Flint PW, Harker LA, et al, eds. Cummings otolaryngology: head and neck surgery. 4th ed. Philadelphia, Pa: Elsevier Mosby, 2005; 4413–4414. 5. Suri NM, Prasad AR, Sayani RK, Anand A, Jaychandran G. Cochlear implantation in children with Mondini dysplasia: Our experience. Journal of Laryngology and Otology. 1o de fevereiro de 2021;135(2):125–9. 6. Chen X, Yan F, Liu B, Liu S, Kong Y, Zheng J, et al. The development of auditory skills in Young Children with Mondini dysplasia after cochlear implantation. PLoS One. 23 de setembro de 2014;9(9).