Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Pedagoga/intérprete de LIBRAS
Canutama/AM
2018
Curso de Libras Básico
Sumário
Cultura Surda
Texto: Como é ser surdo? __________________ pág.03
Introdução _______________________________ pág.04
Justificativa ______________________________ pág.06
Mitos (Deficiencia) _________________________ pág.07
Cultura Surda _____________________________ pág.09
Aspectos Legais ___________________________ pág.10
Educação de surdos _______________________ pág.16
Fisiologia – Como o ouvido funciona _________ pág.17
Alfabeto __________________________________ pág.20
Numerais _________________________________ pág.21
Característica da Língua - Classificadores _____ pág.22
Característica da Língua - Númeral ___________ pág.34
Verbos ___________________________________ pág.35
Substantivo, Adjetivos, Pronomes etc. ________ pág.40
Alimentos e bebidas ________________________ pág.50
Família ___________________________________ pág.53
Meses do ano _____________________________ pág.54
Dias da semana ___________________________ pág.55
Regiões __________________________________ pág.56
Natureza _________________________________ pág.57
Bibliografia _______________________________ pág.58
Sam nasceu numa ‘família surda’, com muitos irmãos surdos mais velhos que ele e, por
isso, demorou a sentir falta de amigos. Quando seu interesse saiu do mundo familiar, notou, no
apartamento ao lado do seu, uma garotinha, cuja idade era mais ou menos a sua. Após
algumas tentativas, se tornaram amigos. Ela era legal, mas era esquisita: ele não conseguia
conversar com ela como conversava com seus pais e irmãos mais velhos. Ela tinha dificuldade
de entender gestos elementares! Depois de tentativas frustradas de se comunicar, ele começou
a apontar para o que queria ou simplesmente, arrastava a amiga para onde ele queria ir. Ele
imaginava como deveria ser ruim para a amiga não conseguir se comunicar, mas, uma vez que
eles desenvolveram uma forma de interagir, ele estava contente em se acomodar às
necessidades peculiares da amiga. Um dia, a mãe da menina aproximou-se e moveu seus
lábios e, como mágica, a menina pegou sua casa de boneca e moveu-a para outro lugar. Sam
ficou estupefato e foi para sua casa perguntar a sua mãe sobre, exatamente, qual era o tipo de
problema da vizinha. Sua mãe lhe explicou que a amiga dele, bem como a mãe dela, eram
ouvintes e, por isso, não sabiam sinais. Elas ‘falavam’, moviam seus lábios para se comunicar
com os outros. Sam perguntou se somente a amiga e sua mãe eram assim, e sua mãe lhe
explicou que sua família é que era incomum e não a da amiga. As outras pessoas eram como
sua amiga e sua mãe. Sam não possuía a sensação de perda. Imerso no mundo de sua
família, eram os vizinhos que tinham a perda, uma desabilidade de comunicação.
INTRODUÇÃO
Uma língua define-se como um sistema abstrato de regras gramaticais, e constitui um dos veículos
mais expressivos de comunicação e de interação entre pessoas e grupos, além de ser um instrumento
intrínseco à transmissão e intercâmbio de ideias e de sentimentos.
As línguas de sinais são sistemas abstratos de regras gramaticais, naturais a comunidades de
indivíduos surdos dos países que as utilizam. Como todas as línguas utilizadas por comunidades
ouvintes, não são universais, isto é, cada comunidade lingüística tem a sua própria língua.
Assim, como as pessoas ouvintes em países diferentes falam diferentes línguas, também as
pessoas surdas por toda parte do mundo, que estão inseridos em “Culturas Surdas”, possuem suas
próprias línguas, existindo, portanto, muitas línguas de sinais diferentes, como: Língua de Sinais
Francesa, Chilena, Portuguesa, Americana, Argentina, Venezuelana, Peruana, Portuguesa, Inglesa,
Italiana, Japonesa, Chinesa, Uruguaia, Russa, Urubus-Kaapor, citando apenas algumas. Estas línguas
são diferentes uma das outras e independem das línguas oral-auditivas utilizadas nesses e em outros
países, por exemplo: o Brasil e Portugal possuem a mesma língua oficial, o português, mas as línguas
de sinais destes países são diferentes, o mesmo acontece com os Estados Unidos e a Inglaterra, entre
outros. Também pode acontecer que uma mesma língua de sinais seja utilizada por dois países, como é
o caso da língua de sinais americana que é usada pelos surdos dos Estados Unidos e do Canadá.
Os surdos de países com línguas de sinais diferentes comunicam-se mais rapidamente uns com
os outros, fato que não ocorre entre falantes de línguas orais, que necessitam de um tempo bem maior
para um entendimento. Isso se deve à capacidade que as pessoas surdas têm em desenvolver e
aproveitar gestos e pantomimas para a comunicação e estarem atentos às expressões faciais e
corporais das pessoas.
A língua brasileira de sinais é reconhecida cientificamente como um sistema lingüístico de
comunicação gesto-visual, com estrutura gramatical própria, oriunda das comunidades surdas do Brasil;
uma língua natural formada por regras fonológicas, morfológicas, sintáticas, semânticas e pragmáticas;
uma língua completa, com estrutura independente da língua portuguesa, que possibilita o
desenvolvimento cognitivo do surdo, favorecendo seu acesso a conceitos e conhecimentos existentes;
uma língua prioritária das comunidades surdas e de todos que se interessa por ela e dela necessitam, e
que deve ser incorporada ao acervo cultural do País.
A pessoa surda, como qualquer outra, se torna deficiente quando lhe é negada a língua, a cultura
e os direitos humanos.
As comunidades surdas brasileiras, enquanto minoria lingüística, reivindicam o reconhecimento
oficial da língua brasileira de sinais - LIBRAS como um direito de cidadania, considerando que: não há
comunicação efetiva entre surdos e ouvintes: os ouvintes em geral não dominam a língua de sinais e os
surdos não dominam a língua portuguesa, quer na modalidade oral quer na escrita; falta conhecimento
da língua de sinais por ouvintes que a consideram uma pantomima e lhe dão valor inferior como meio de
comunicação; na sociedade discrimina-se a língua de sinais, com a conseqüente geração de conflito nas
famílias e entre profissionais e surdos; a família e a escola precisam considerar a importância da língua
de sinais para o surdo como meio de acesso às informações existentes, permitindo-lhe interagir nas
comunidades surdas e ouvintes.
A língua brasileira de sinais e a língua portuguesa permitem ao surdo se integrar, e participar, na
sociedade como cidadão; há necessidade de se criarem mecanismos de divulgação, aquisição e
aprendizagem da língua brasileira de sinais em todo o território nacional. Esse processo foi iniciado e já
oferece resultados significativos. A comunidade acadêmica começa a se interessar pela língua de sinais;
porém, o surdo tem uma língua e um país que não a reconhece; urge, por isso, tal reconhecimento.
JUSTIFICATIVA
Nos últimos tempos tem havido muitas campanhas em prol da inclusão das pessoas com
deficiências física e mental na sociedade brasileira em todos os seus aspectos (educacional, social e
profissional).
Á partir disso, despertou-se maior interesse pela Libras (língua brasileira de sinais), em todo país,
como forma de inclusão social dos surdos. Apesar dessa ampla divulgação da Libras, faltam ainda
esclarecimentos de questões relativas à surdez e conscientização da importância da LIBRAS para o
Surdo. Faz-se necessário que se promovam informações de qualidade sobre as implicações da surdez e
sobre a língua brasileira de sinais, para desfazer preconceitos e garantir a livre expressão, o direito à
informação e a conquista da cidadania do Surdo.
É preciso, por meio de campanhas educativas - pela mídia - buscar o esclarecimento contínuo
sobre a LIBRAS, incluindo-a em encontros e eventos educacionais. É importante a presença de
programas educativos, nos moldes dos já existentes, que se façam com a LIBRAS, como o que se dá
com outras línguas para a sociedade em geral.
O Surdo, para viver na sociedade, precisa ter a sua língua divulgada para todos. Com este intuito,
este curso busca oferecer a comunidade de Canutama/AM, por meio do curso básico de Libras, não só
conhecimentos dos sinais mais básicos desta língua, mas também tornar conhecida à comunidade a
Cultura Surda e suas implicações.
“Mitos e Deficiência”
As pessoas Surdas, que estão politicamente atuando para terem seus direitos de cidadania e
lingüísticos respeitados, fazem uma distinção entre “ser Surdo” e ser “deficiente auditivo”. A palavra
”deficiente”, que não foi escolhida por elas para se denominarem, estigmatiza a pessoa porque a mostra
sempre pelo que ela não tem, em relação às outras pessoas e, não, pelo que ela pode ter de diferente e,
por isso, acrescentar às outras pessoas.
As recomendações a seguir valem para a área de comunicação. Não se trata do politicamente correto,
mas sim de legitimar avanços de mudança de mentalidade que as palavras devem refletir.
• DEFICIÊNCIA é a terminologia genérica para englobar toda e qualquer deficiência (física ou motora,
mental ou intelectual, sensorial e múltipla). O uso da preposição COM é ideal para designar pessoas
COM deficiência. Outras opções são as expressões QUE TEM ou QUE NASCEU COM.
• Exemplos: pessoas COM deficiência; ator QUE NASCEU COM síndrome de Down; menina QUE TEM
paralisia cerebral; estudante COM deficiência visual etc.
• Não tenha receio em usar a palavra DEFICIÊNCIA. As deficiências são reais e não há por que disfarçá-
las.
• A Libras não é uma linguagem, mas uma LÍNGUA. Existem outras formas de linguagem envolvendo ou
não pessoas surdas como a linguagem gestual e a corporal.
• A palavra deficiente não deve ser usada como substantivo ("os deficientes" jogam bola"), mas pode ser
usada como ADJETIVO. Essa preocupação fica mais clara de ser compreendida ao substituirmos
"deficiente" por outros substantivos, como gordo, negro, magro, louro, careca etc. Quem usaria, em uma
matéria, a expressão "os gordos", "os negros", "os carecas" etc.?
• A normalidade hoje é um conceito polêmico, por isso, para designar uma pessoa sem deficiência use o
adjetivo COMUM. Exemplo: PESSOAS COMUNS, PESSOAS SEM DEFICIÊNCIA.... Pela mesma razão,
evite usar "defeituoso", "incapacitado" e "inválido" ao se referir a alguém COM DEFICIÊNCIA.
• Para se referir às escolas que não são especiais, o ideal é usar ESCOLA COMUM e no caso das
turmas, CLASSE COMUM.
CULTURA SURDA
A sociedade ignora a existência de comunidades surdas que convivem numa situação bilíngüe.
Parte desta sociedade tem curiosidade de saber quem é o surdo e, quando atendida, tem sido positiva e
boa à aceitação da surdez.
A lingüista surda Carol Padden estabeleceu uma diferença entre cultura e comunidade. Para ela,
“uma cultura é um conjunto de comportamentos aprendidos de um grupo de pessoas que possui sua
própria língua, valores, regras de comportamento e tradições”. Ao passo que “uma comunidade é um
sistema social geral, no qual pessoas vivem juntas, compartilham metas comuns e partilham certas
responsabilidades umas com as outras”. PADDEN (1989:5).
Para esta pesquisadora, “uma comunidade surda é um grupo de pessoas que moram em uma
localização particular, compartilha as metas comuns de seus membros e, de vários modos, trabalha para
alcançar essas metas.” Portanto, nessa comunidade pode ter também ouvintes e surdos que não são
culturalmente Surdos. Já “a cultura surda é mais fechada do que a comunidade surda. Membros de uma
cultura surda se comportam como as pessoas surdas, usam a língua das pessoas de sua comunidade e
compartilham das crenças das pessoas surdas entre si e com outras pessoas que não são surdas.” Na
cultura surda, cada indivíduo é denominado com um sinal característico (físico, familiar, secular, etc) que
é dado a cada um. Ou seja, quando se dá um sinal à pessoa dá-se-lhe sua identidade em Libras, a
forma de ser conhecido e reconhecido pelos demais membros da comunidade.
Ás vezes há numa comunidade ecos de vozes familiares que refletem a realidade em que vivem. A
sociedade de hoje tende a ser fruto da mídia: só ama, respeita e quer aquilo que os meios de
comunicação divulgam, comentam e respeitam.
Urge que, nos termos da legislação vigente, se ofereçam iguais oportunidades de trabalho para
surdos e para ouvintes, respeitadas suas formações profissionais; instituições de ensino devem
desenvolver recursos estratégicos para o ensino x aprendizagem da LIBRAS, incluindo a língua de sinais
nos currículos de formação dos profissionais que atendem diretamente a pessoas surdas.
Há necessidade de se oferecerem aos Surdos todos os recursos comunitários possíveis, tendo em
vista as especificidades da comunidade surda.
Aspectos Legais
LEI 10.436/2002
o
Art. 1 É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais -
Libras e outros recursos de expressão a ela associados.
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e
expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria,
constituem um sistema lingüístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de
pessoas surdas do Brasil.
o
Art. 2 Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de
serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais -
Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil.
o
Art. 3 As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à
saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva, de
acordo com as normas legais em vigor.
o
Art. 4 O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito
Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e
de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como
parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente.
Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a modalidade escrita
da língua portuguesa.
o
Art. 5 Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
o o
Brasília, 24 de abril de 2002; 181 da Independência e 114 da República.
DECRETO 5626/2005
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, inciso IV, da
o o
Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei n 10.436, de 24 de abril de 2002, e no art. 18 da Lei n
10.098, de 19 de dezembro de 2000,
DECRETA:
CAPÍTULO I
o o o
Art. 1 Este Decreto regulamenta a Lei n 10.436, de 24 de abril de 2002, e o art. 18 da Lei n
10.098, de 19 de dezembro de 2000.
o
Art. 2 Para os fins deste Decreto, considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva,
compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura
principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras.
Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e
um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e
3.000Hz.
CAPÍTULO VII
Art. 25. A partir de um ano da publicação deste Decreto, o Sistema Único de Saúde - SUS e as
empresas que detêm concessão ou permissão de serviços públicos de assistência à saúde, na
perspectiva da inclusão plena das pessoas surdas ou com deficiência auditiva em todas as esferas da
vida social, devem garantir, prioritariamente aos alunos matriculados nas redes de ensino da educação
básica, a atenção integral à sua saúde, nos diversos níveis de complexidade e especialidades médicas,
efetivando:
VIII - orientações à família sobre as implicações da surdez e sobre a importância para a criança
com perda auditiva ter, desde seu nascimento, acesso à Libras e à Língua Portuguesa;
IX - atendimento às pessoas surdas ou com deficiência auditiva na rede de serviços do SUS e das
empresas que detêm concessão ou permissão de serviços públicos de assistência à saúde, por
profissionais capacitados para o uso de Libras ou para sua tradução e interpretação; e
o
§ 1 O disposto neste artigo deve ser garantido também para os alunos surdos ou com deficiência
auditiva não usuários da Libras.
o
§ 2 O Poder Público, os órgãos da administração pública estadual, municipal, do Distrito Federal e
as empresas privadas que detêm autorização, concessão ou permissão de serviços públicos de
o o
assistência à saúde buscarão implementar as medidas referidas no art. 3 da Lei n 10.436, de 2002,
como meio de assegurar, prioritariamente, aos alunos surdos ou com deficiência auditiva matriculados
nas redes de ensino da educação básica, a atenção integral à sua saúde, nos diversos níveis de
complexidade e especialidades médicas.
CAPÍTULO VIII
Art. 26. A partir de um ano da publicação deste Decreto, o Poder Público, as empresas
concessionárias de serviços públicos e os órgãos da administração pública federal, direta e indireta
devem garantir às pessoas surdas o tratamento diferenciado, por meio do uso e difusão de Libras e da
tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa, realizados por servidores e empregados
capacitados para essa função, bem como o acesso às tecnologias de informação, conforme prevê o
o
Decreto n 5.296, de 2004.
o
§ 1 As instituições de que trata o caput devem dispor de, pelo menos, cinco por cento de
servidores, funcionários e empregados capacitados para o uso e interpretação da Libras.
o
§ 2 O Poder Público, os órgãos da administração pública estadual, municipal e do Distrito Federal,
e as empresas privadas que detêm concessão ou permissão de serviços públicos buscarão implementar
as medidas referidas neste artigo como meio de assegurar às pessoas surdas ou com deficiência
auditiva o tratamento diferenciado, previsto no caput.
Art. 27. No âmbito da administração pública federal, direta e indireta, bem como das empresas que
detêm concessão e permissão de serviços públicos federais, os serviços prestados por servidores e
empregados capacitados para utilizar a Libras e realizar a tradução e interpretação de Libras - Língua
Portuguesa estão sujeitos a padrões de controle de atendimento e a avaliação da satisfação do usuário
dos serviços públicos, sob a coordenação da Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento,
o
Orçamento e Gestão, em conformidade com o Decreto n 3.507, de 13 de junho de 2000.
CAPÍTULO IX
Art. 28. Os órgãos da administração pública federal, direta e indireta, devem incluir em seus
orçamentos anuais e plurianuais dotações destinadas a viabilizar ações previstas neste Decreto,
prioritariamente as relativas à formação, capacitação e qualificação de professores, servidores e
empregados para o uso e difusão da Libras e à realização da tradução e interpretação de Libras - Língua
Portuguesa, a partir de um ano da publicação deste Decreto.
Art. 29. O Distrito Federal, os Estados e os Municípios, no âmbito de suas competências, definirão
os instrumentos para a efetiva implantação e o controle do uso e difusão de Libras e de sua tradução e
interpretação, referidos nos dispositivos deste Decreto.
Art. 30. Os órgãos da administração pública estadual, municipal e do Distrito Federal, direta e
indireta, viabilizarão as ações previstas neste Decreto com dotações específicas em seus orçamentos
anuais e plurianuais, prioritariamente as relativas à formação, capacitação e qualificação de professores,
servidores e empregados para o uso e difusão da Libras e à realização da tradução e interpretação de
Libras - Língua Portuguesa, a partir de um ano da publicação deste Decreto.
o o
Brasília, 22 de dezembro de 2005; 184 da Independência e 117 da República.
o
Art. 2 O tradutor e intérprete terá competência para realizar interpretação das 2 (duas) línguas de
maneira simultânea ou consecutiva e proficiência em tradução e interpretação da Libras e da Língua
Portuguesa.
o
Art. 3 (VETADO)
o
Art. 4 A formação profissional do tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa, em nível
médio, deve ser realizada por meio de:
III - cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino superior e instituições
credenciadas por Secretarias de Educação.
Parágrafo único. A formação de tradutor e intérprete de Libras pode ser realizada por
organizações da sociedade civil representativas da comunidade surda, desde que o certificado seja
convalidado por uma das instituições referidas no inciso III.
o
Art. 5 Até o dia 22 de dezembro de 2015, a União, diretamente ou por intermédio de
credenciadas, promoverá, anualmente, exame nacional de proficiência em Tradução e Interpretação de
Libras - Língua Portuguesa.
o
Art. 6 São atribuições do tradutor e intérprete, no exercício de suas competências:
I - efetuar comunicação entre surdos e ouvintes, surdos e surdos, surdos e surdos-cegos, surdos-
cegos e ouvintes, por meio da Libras para a língua oral e vice-versa;
III - atuar nos processos seletivos para cursos na instituição de ensino e nos concursos públicos;
o
Art. 7 O intérprete deve exercer sua profissão com rigor técnico, zelando pelos valores éticos a
ela inerentes, pelo respeito à pessoa humana e à cultura do surdo e, em especial:
II - pela atuação livre de preconceito de origem, raça, credo religioso, idade, sexo ou orientação
sexual ou gênero;
III - pela imparcialidade e fidelidade aos conteúdos que lhe couber traduzir;
IV - pelas postura e conduta adequadas aos ambientes que frequentar por causa do exercício
profissional;
o
Art. 8 (VETADO)
o
Art. 9 (VETADO)
Antes das discussões acerca da educação de surdos, os mesmos eram discriminados e isolados
da sociedade em asilos, hospícios, visto que eram vistos como anormais e/ou doentes.
O ano de 1880 foi um ano marcante para a educação de surdos e o modelo de “ensino” adotado
a partir de então. Durante o Congresso Internacional de professores surdos em Milão, na Itália,
discutiram-se três métodos rivais: Língua de sinais, oralista e misto (Lingua de sinais e oralista). O
resultado foi um retrocesso na educação de surdos, que ficaram a mercê de práticas ouvintistas -
repetição e imitação.. A maioria dos países adotou este método oral nas escolas, que ganharam um
papel mais clínico do que educativo – “CURAR” o surdo do seu “problema”. A língua de sinais foi
proibida nas escolas. Começou aí uma longa batalha dos surdos por seu direito linguístico cultural.
Bilinguismo
Ou seja, a criança surda tem que ter primeiro o contato com a língua de sinais – sua
primeira língua (L1), seja por meio dos professores e/ou da família; para depois compreender a segunda
língua (L2), a que é falada em seu país.
Pedagogia Surda
A educação de surdos nos fundamentos da pedagogia surda se destaca por valorizar a questão
cultural intrínseca à vida e identidade surdas, onde não existem mais práticas de subordinação ao
modelo ouvinte, valorizando a produção cultural linguística.
O canal auditivo leva o som a uma membrana circular e flexível, chamada tímpano, que vibra ao
receber ondas sonoras. Esta, por sua vez, faz vibrar, no ouvido médio, três ossículos, que ampliam e
intensificam as vibrações, conduzindo-as ao ouvido interno.
O ouvido interno é formado por um complexo sistema de canais contendo líquido aquoso. Vibrações do
ouvido médio fazem com que esse líquido se mova e as extremidades dos nervos sensitivos convertem
esse movimento em sinais elétricos, que são enviados ao cérebro, através do nervo da audição (nervo
auditivo).
O modo como os sinais elétricos são interpretados pelo cérebro ainda não está claramente entendido.
“Vendo o som”
O Som
O som é produzido quando alguma coisa faz o ar se
mover. Esse movimento chama-se vibração.
Quando as moléculas de ar vibram, elas batem
umas contra as outras, fazendo com que as
vibrações se espalhem pelo ar sob a forma de
ondas, produzindo o som.
Os Menores Ossos
Os três ossos do ouvido médio são os menores do corpo. Devido ao seu formato, chamam-se: martelo,
bigorna e estribo. Eles estão interligados de maneira que as vibrações de um osso provocam vibrações
no próximo osso da cadeia, levando as ondas sonoras até o ouvido interno, onde são transformadas em
impulsos elétricos, que chegam ao cérebro através do nervo auditivo.
O Equilíbrio
O que dá a sensação de equilíbrio são os três canais semicirculares do ouvido interno. No final de cada
um, há uma área dilatada chamada ampola. Os canais semicirculares vão dar em duas bolsas, o utrículo
e o sáculo. Toda a estrutura está imersa em líquido. A ampola, o utrículo e o sáculo são recobertos de
pêlos sensoriais. Ao movermos a cabeça, o líquido pressiona os pêlos, que convertem a pressão em
sinais elétricos conduzidos até o cérebro. As bolsas indicam a posição da cabeça, e os canais indicam a
direção em que ela se move. No utrículo e no sáculo, os pêlos estão envoltos por uma substância
gelatinosa contendo minúsculos cristais de carbonato de cálcio, os otólitos. Quando os cristais se
movem, sob influência da gravidade, estimulam os pêlos, que emitem impulsos nervosos para o cérebro.
O Ouvido e o Cérebro
Os sinais provenientes da cóclea viajam até o cérebro através do nervo auditivo. Este transporta os
sinais sonoros até a área do cérebro chamada córtex auditivo. É nessa área que o cérebro interpreta os
sinais como "sons". Na verdade, não se sabe ao certo como o cérebro interpreta as ondas sonoras
captadas pelo ouvido e transformadas em energia elétrica.
Doenças Infantis
Doenças na infância, como as viroses (sarampo, caxumba e meningite), a febre tifóide e a difteria,
podem causar perda auditiva grave, capaz de se manifestar de repente, durante a doença.
Os problemas surgem somente se a infecção bacteriana ou viral atacar a cóclea ou o nervo auditivo.
Meningite
A meningite causa inflamação da
membrana que envolve o cérebro. Além
dessa infecção atingir a garganta, o nariz e
os ouvidos, pode destruir o órgão de Corti e
o nervo auditivo.
Sarampo
O vírus do sarampo pode levar a uma infecção no
ouvido médio ou danificar a cóclea. Essas
complicações podem surgir como resultado direto
da infecção do sarampo, mas a vacinação
preventiva pode afastar essas graves
conseqüências.
Vacinação
Se uma mulher tem rubéola durante os três
primeiros meses da gravidez, parte da cóclea do
bebê poderá ser destruída, e a criança poderá
nascer com surdez neurossensorial.
Felizmente, existe hoje uma vacina que protege
as crianças contra a rubéola, a caxumba e o
sarampo. É a MMR, uma das vacinas disponíveis no
país.
1 - Características da Língua
A língua Brasileira de Sinais é uma língua visual-espacial articulada através das mãos, das
expressões faciais e do corpo. É uma língua natural usada pela comunidade surda brasileira. Estudos
sobre essa língua foram iniciados no Brasil pela Gladis Knak Rehfeldt (A língua de sinais do Brasil, em
1981). Há também artigos e pesquisas realizadas pela Lucinda Ferreira Brito que foram publicadas em
forma de um livro em 1995 (Por uma gramática das línguas de sinais). Depois desses trabalhos, as
pesquisas começaram a explorar diferentes aspectos da estrutura da língua brasileira de sinais.
1.1 CLASSIFICADORES
Brito (2004), esclarece que o sinal nas Línguas de Sinais, é formado a partir da combinação do
movimento das mãos com um determinado formato e em um dado local, podendo este lugar ser uma
parte do corpo, ou seja, tocar alguma parte do corpo, ou ser um espaço em frente ao corpo.”
Configuração de mãos: são as formas das mãos, que podem ser da datilologia (alfabeto manual) ou
formas feitas pela mão predominante.
Ponto de articulação: é o lugar onde incide a mão predominante configurada, podendo esta tocar
alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro vertical ou horizontal. É uma das unidades
mínimas que distinguem as palavras, sendo fundamentais na formação do sentido. Como nos
exemplos, “aprender” e “sábado”, que se distinguem pelo ponto de articulação: testa e boca,
respectivamente. Da mesma forma as palavras “pata” e “bata”, em português, se distinguem pela
sonoridade.
Movimento de braços e mãos: os sinais podem ter movimento ou não. 'Na Língua Brasileira de
Sinais, um movimento rotatório ao sinal "olhar" muda o significado do verbo, que passa a ser "passar
os olhos por todo o ambiente". O mesmo sinal produzido sem o movimento é interpretado como
observar; com movimento da mão de cima para baixo é usado para se referir a "olhar de alto a
baixo”. ' (HICKOK, BELLUGI E KLIMA, 2004; p. 53).
Orientação: das palmas das mãos (por exemplo, palma para cima, palma para baixo) os sinais
podem ter uma direção específica, e a inversão desta pode significar idéia de oposição, contrário ou
concordância número-pessoal.
Expressão facial e/ou corporal: muitos sinais, além, dos quatro parâmetros mencionados acima, em
sua configuração tem como traço diferenciador também a expressão facial e/ou corporal. Como os
sinais de alegre e triste que precisam estar acompanhados da expressão facial que especifica tais
sentimentos.
como forma de enfatizar,omitir, salientar e assim por diante.” Deste modo, as palavras se unem umas as
outras, assim como a outros aspectos das Línguas orais-auditivas, para formarem frases distintas, e de
forma similar, os parâmetros de cada sinal se unem, para que também a frase corporal seja completa.
“Em Língua de sinais, são utilizadas marcas não manuais, como expressões
fisionômicas e movimentos do pescoço, em sincronia com o movimento
manual, enquanto na língua oral, é utilizada a modulação do contorno melódico
(entonação e intensidade) da cadeia lingüística, em sincronia com os
segmentos fônicos (SALLES, 2004; p. 84)
Embora todas as línguas não possuam as mesmas classes gramaticas e muitas línguas não possuem
algumas, isso não implica carência ou inferioridade, as línguas tem formas diferenciadas para expressar
os conceitos. Por exemplo, na LIBRAS não há artigos, em inglês existe somente uma forma para artigo
definido: “the”.
(plural). O sinal representado por palavra da língua portuguesa que possui estas marcas,
está terminado com o símbolo @ para reforçar a ideia de ausência e não haver
confusão.
Exemplos: AMIG@ = amiga (s) ou amigo (s), ME@ = meu (s) ou minha (s), EL@= ele
As outras categorias, que existem na língua portuguesa, também existem na LIBRAS. Aqui serão
apresentadas algumas e estudos mais aprofundados destas e de outras, que não serão mencionadas, já
estão sendo feitos:
a) verbos que não possuem marca de concordância, embora possam ter flexão para aspecto verbal;
Quando se faz uma frase com verbos do primeiro grupo, é como se eles ficassem no infinitivo, por
exemplo:
b) Verbos que possuem concordância de gênero: são verbos classificadores porque a eles estão
incorporados, através da configuração de mão, uma concordância de gênero: PESSOA, ANIMAL ou
COISA. Exemplos:
c) Verbos que possuem concordância com a localização: são verbos que começam ou terminam
em um determinado lugar que se refere ao lugar de uma pessoa, coisa, animal ou veículo, que está
sendo colocado, carregado, etc. Portanto o ponto de articulação marca a localização. Exemplos:
Na LIBRAS não há marca de tempo nas formas verbais, é como se os verbos ficassem na frase quase
sempre no infinitivo. O tempo é marcado sintaticamente através de advérbios de tempo que indicam se a
ação está ocorrendo no presente: HOJE, AGORA; ocorreu no passado: ONTEM, ANTEONTEM; ou irá
ocorrer no futuro: AMANHÃ. Por isso os advérbios geralmente vem no começo da frase, mas podem ser
usados também no final. Para um tempo verbal indefinido, usa-se os sinais:
Os adjetivos são sinais que formam uma classe específica na LIBRAS e sempre estão na forma
neutra, não havendo, portanto, nem marca para gênero (masculino e feminino), em para número
(singular e plural).
Muitos adjetivos, por serem descritivos e classificadores, apresentam iconicamente uma qualidade do
objeto, desenhando-a no ar ou mostrando-a a partir do objeto ou do corpo do emissor.
Em português, quando uma pessoa se refere a um objeto como sendo arredondado, quadrado,
listrados, etc está, também, descrevendo e classificando, mas na LIBRAS esse processo é mais
“transparente” porque o formato ou textura são traçados no espaço ou no corpo do emissor, em uma
tridimensionalidade permitida pela modalidade da língua.
Em relação à colocação dos adjetivos na frase, eles geralmente vêm após o substantivo que qualifica.
Exemplos:
Em LIBRAS, também, pode ser comparada uma qualidade a partir de três situações: superioridade,
inferioridade e igualdade.
Para o comparativo de igualdade, podem ser usados dois sinais: IGUAL (dedos indicadores e médios
das duas mãos roçando um no outro) e IGUAL (duas mãos em B, viradas para baixo encostadas lado a
lado), geralmente no final da frase. Exemplos:
Pronomes pessoais
primeira pessoa (singular, dual, trial, quatrial e plural): EU; NÓS-2, NóS-3, NÓS-4, NÓS-GRUPO,
NÓS-TOD@;
segunda pessoa (singular, dual, trial, quatrial e plural): VOCÊ, VOCÊ-2, VOCÊ-3, VOCÊ-4,
VOCÊ-GRUPO, VOCÊ-TOD@;
terceira pessoa (singular, dual, trial, quatrial e plural): EL@, EL@-2, EL@-3, EL@-4, EL@-
GRUPO, EL@-TOD@
No singular, o sinal para todas as pessoas é o mesmo, ou seja, a configuração da mão predominante
é em “d” ( dedo indicador estendido, veja alfabeto manual), o que difere uma das outras é a orientação
da mão: o sinal para “eu” é um apontar para o peito do emissor (a pessoa que está falando), o sinal para
“você” é um apontar para o receptor (a pessoa com quem se fala) e o sinal para “ele/ela” é um apontar
para uma pessoa que não está na conversa ou para um lugar convencionado para uma terceira pessoa
que está sendo mencionada.
No dual, a mão ficará com o formato de dois, no trial o formato será de três, no quatrial o formato será
de quatro e no plural há dois sinais: um sinal composto formado pelo sinal para a respectiva pessoa do
discurso, no singular, mais o sinal GRUPO; e outro sinal para plural que é feito pela mão predominante
com a configuração em “d” fazendo um círculo.
Como na língua portuguesa, na LIBRAS, quando uma pessoa surda está conversando, ela pode omitir
a primeira pessoa e a segunda porque, pelo contexto, as pessoas que estão interagindo sabem a qual
das duas o verbo está relacionado, por isso, quando estas pessoas estão sendo utilizadas pode ser para
dar ênfase à frase. Ex. ¹TRISTE PORQUE AMIG@ MORRER ² AMIGO QUEM?
Quando se quer falar sobre uma terceira pessoa que está presente, mas deseja-se uma certa reserva,
por educação, não se aponta para esta pessoa diretamente. Nesta situação, o emissor faz um sinal com
os olhos e um leve movimento de cabeça para a direção da pessoa que está sendo mencionada, ou
aponta para a palma da mão encontrando o dedo na mão um pouco à frente do peito do emissor,
estando esta mão voltada para a direção onde se encontra a pessoa referida.
MULHER IRM@ DEL@ MORRER!
Estes pronomes ou advérbios têm a mesma configuração de mãos dos pronomes pessoais (mão em
d), mas os pontos de articulação e as orientações do olhar são diferentes.
Assim, EST@ / AQUI é um apontar para o lugar perto e em frente do emissor, acompanhado de um
olhar para este ponto; ESS@ / AÍ é um apontar para o lugar perto e em frente do receptor, acrescido de
um olhar direcionado não para o receptor, mas para o ponto apontado perto segunda pessoa do
discurso; e AQUELE / LÁ é um apontar para um lugar mais distante, o lugar da terceira pessoa, mas
diferentemente do pronome pessoal, ao apontar para este ponto há um olhar direcionado.
olhando para o receptor olhando para o lugar apontado, perto do emissor (perspectiva do emissor)
EU EST@ / AQUI
olhando para o recptor olhando para o lugar apontado, perto da 2a. pessoa (perspectiva do emissor)
VOCÊ ESS@ / AÍ
olhando para o receptor olhando para o lugar convencionado para 3a pessoa ou coisas afastadas
EL@ AQUEL@ / LÁ
Como os pronomes pessoais, os pronomes demonstrativos também não possuem marca para gêneros
masculino e feminino e, por isso, está ausência, ou neutralidade, está sendo assinalada pelo símbolo @.
Pronomes possessivos
Os pronomes possessivos, como os pessoais e demonstrativos, também não possuem marca para
gênero e estão relacionados às pessoas do discurso e não à coisa possuída, como acontece em
português:
Para a primeira pessoa: ME@, pode haver duas configurações de mão: uma é a mão aberta com os
dedos juntos, que bate levemente no peito do emissor; a outra é a configuração da mão em P com o
dedo médio batendo no peito.
Para as segunda e terceira pessoas, a mão tem esta segunda configuração em P, mas o movimento é
em direção à pessoa referida: segunda ou terceira.
Não há sinal específico para os pronomes possessivo no dual, trial, quadrial e plural (grupo), nestas
situações são usados os pronomes pessoais correspondentes. Exemplo: NÓS FILH@ “nosso(a)
filho(a)”
Pronomes Interrogativos
Os pronomes interrogativos QUE e QUEM geralmente são usados no início da frase, mas o pronome
interrogativo ONDE e o pronome QUEM, quando está sendo usado com o sentido de “quem-é” ou “de
quem é” são mais usados no final. Todos os três sinais têm uma expressão facial interrogativa feita
simultaneamente com eles.
Na LIBRAS, há uma tendência para a utilização, no final da frase, dos pronomes interrogativos QUAL,
COMO e PARA-QUE, e para a utilização, no início da frase, do pronome interrogativo POR-QUE, mas os
primeiros podem ser usados também no início e POR-QUE pode ser utilizado também no final.
Não há diferença entre o “por que” interrogativo e o “porque” explicativo, o contexto mostra, pelas
expressões facial e corporal, quando ele está sendo usado em frase interrogativa ou em frase explicativa
à pergunta.O pronome interrogativo COMO também tem outra forma em datilologia:
QUAL?
BLUSA MAIS BONIT@. ESTAMPAD@ OU LIS@ QUAL?
COMO?
PARA-QUE?
POR-QUE?
...interrog...
POR-QUE FALTAR ONTEM TRABALHAR?
POR-QUE ESTAR DOENTE.
QUANDO e DIA
interrogativo
QUANDO-PASSADO
interrogativo
interrogativo interrogativo
QUANDO-FUTURO ou DIA
interrogativo
DIA
interrogativo
Que-horas e Quantas-horas
Na LIBRAS, para se referir a horas, usa-se a mesma configuração dos numerais para quantidade e,
após doze horas, não se continua a contagem, começa-se a contar novamente: 1 HORA, 2 HORA, 3
HORA, etc, acrescentando o sinal TARDE, quando necessário, porque geralmente pelo contexto já se
sabe se está se referindo à manhã, tarde, noite ou madrugada.
A expressão interrogativa QUE-HORAS? (um apontar para o pulso), está relacionada ao tempo
cronológico, exemplo:
QUE-HORAS
QUANTAS-HORAS
Na LIBRAS há 2 sinais diferentes para a idéia “dia”: um sinal relacionado a dia do mês, que é a
datilologia D-I-A, e o sinal DIA (duração), (que tem a configuração de mão em d, batendo na testa no
lado direito) Exemplos:
D-I-A AMANHÃ?
AMANHÃ D-I-A 17
Os numerais de 1 a 4 podem ser incorporados aos sinais DIA (duração), SEMA-NA, MÊS e ANO e
VEZ, exemplos:
DIA-1, DIAS-2;
A partir do numeral 5, não há mais incorporação e a construção utilizada é formada pelo sinal seguido
do numeral segue. Esta construção também pode ser usada para os numerais inferiores a 5, que
permitem a incorporação mencionada acima, exemplos:
Aos sinais DIA (duração) e SEMANA podem ser incorporadas a freqüência ou duração através de um
movimento prolongado ou repetido. Exemplos:
As línguas podem ter formas diferentes para apresentar os numerais quando utilizados como
cardinais, ordinais, quantidade, medida, idade, dias da semana ou mês, horas e valores monetários. Isso
também acontece na LIBRAS.
Nesta língua é agramatical, ou seja, errado a utilização de uma única configuração das mãos para
determinados numerais que têm configurações específicas que dependem do contexto, por exemplo: o
numeral cardinal 1 é diferente da quantidade 1, como em LIVRO 1, que é diferente de PRIMEIRO-
LUGAR, que é diferente de PRIMEIRO-ANDAR, que é diferente de PRIMEIRO-GRAU, que é diferente de
MÊS-1.
Os numerais cardinais, as quantidades, e idade a partir do número 11 são idênticos. Os números 22, 33,
44 e 77 sempre são articulados com a mão apontando para a frente do emissor.
Os numerais ordinais do PRIMEIRO até o NONO têm a mesma forma dos cardinais, mas aqueles
possuem movimentos enquanto estes não possuem. Os ordinais do PRIMEIRO até o QUARTO têm
movimentos para cima e para baixo e os ordinais do QUINTO até o NONO têm movimentos para os
lados. A partir do numeral DEZ, não há mais diferença entre os cardinais e ordinais.
Em LIBRAS para se representar os valores monetários de um até nove reais, usa-se o sinal do
numeral correspondente ao valor, incorporando a este o sinal VÍRGULA para acrescentar os centavos.
Ex R$1,50.
Para representar números inteiros basta sinalizar o número seguido da letra R ” tremulando.”
Para valores de um mil até nove mil podem ser usados os sinais dos numerais correspondentes
seguidos de PONTO.
Para valores de um milhão para cima, usa-se também a incorporação do sinal VÍRGULA com o
numeral correspondente, mas aqui o movimento rotativo é mais alongado. Quando o valor é centavo, o
sinal VÍRGULA vem depois do sinal ZERO, mas na maioria das vezes não precisa usar o sinal ZERO
para centavo porque o contexto pode esclarecer e os valores para centavos ficam iguais aos numerais
cardinais.
VERBOS
Alimentos e Bebidas
Meses do Ano
Dias da semana
Regiões
Natureza
BIBLIOGRAFIA
FELIPE, Tanya A. Libras em contexto: curso básico livro do estudante: cursista. Recife: EDUPE, 2002.
SÁ, Nídia Regina Limeira de. Cultura, poder e educação de surdos. Manaus: Editora da Universidade
Federal do Amazonas, 2002.
HICKOK, Gregory; BELLUGI, Ursula; KLIMA, Edward S. A Língua de Sinais no cérebro. Scientific
American Brasil. 2004.
QUADROS, Ronice Müller. O tradutor e intérprete de Língua Brasileira de Sinais e Língua portuguesa.
Secretaria de Educação Especial: Programa Nacional de apoio à educação de surdos. Brasília: MEC;
SEESP, 2004.
______. 1995. ‘ A expressividade na Língua de Sinais’. In STROBEL, K. (org.). Surdez: abordagem geral.
Curitiba: APTA/FENEIS.
SANTOS, Milene Lopes dos. A Linguagem corporal no Universo da surdez. Montes Claros: Universidade
Estadual de Montes Claros. 2006.
WATCH TOWER bible and tract society of Pennsylvania e Sociedade Torre de Vigia de bíblias e
tratados. Beneficie-se da Escola do Ministério Teocrático. Brooklyn, New York, USA: Watch Tower bible
and tract society of New York, Inc; Cesário Lange, São Paulo, Brasil: Sociedade Torre de Vigia da bíblias
e tratados, 2001.
Sites relacionados:
http://www.libras.ufsc.br/hiperlab/avaliacao/avalibras/moodle/prelogin/adl/fb/logs/Arquivos/textos/
fundamentos/Fundamentos_da_educ_Surdos.pdf Acesso em 14 de março de 2018.