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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

JOSÉ ROBERTO DA CARMO JR

JUAREZ BERGMANN FILHO

CADERNO DE LUTERIA

INTRODUÇÃO A LUTERIA

VIOLÃO ACÚSTICO MODELO TORRES

CURITIBA 2024
LUT001 e LUT 002

Introdução à Luteria

A luteria é uma atividade que envolve a construção, manutenção e o reparo de


instrumentos de corda, combinando habilidades manuais, conhecimento acústico e uma
paixão profunda pela música. Esta prática milenar é essencial para o desenvolvimento
de instrumentos musicais que são fundamentais para diversas culturas musicais ao
redor do mundo. Os luthiers, especialistas nesta arte, são responsáveis por criar
instrumentos como violões, violinos, violoncelos e contrabaixos, que produzem sons
ricos e expressivos e são carregados de significados por seus processos de construção,
materiais e beleza. Esta visão não apenas celebra a função dos instrumentos como
veículos de expressão musical, mas também como artefatos que refletem a riqueza
cultural e a habilidade artesanal.

Breve História

Apesar da construção de instrumentos musicais ser uma atividade muito mais antiga,
para nossa disciplina, definiremos a Idade Média como um ponto de partida
significativo, onde os artesãos, também conhecidos como luthiers, desempenharam um
papel crucial no desenvolvimento da música. Durante este período, a construção de
alaúdes e vihuelas marca importantes marcos da atividade luteria na Europa, servindo
como testemunhos da habilidade e inovação desses primeiros luthiers.

Ao longo dos séculos, a arte da luteria expandiu-se consideravelmente, abrangendo uma


vasta gama de instrumentos de corda. Especialmente notável é o desenvolvimento do
violão clássico tal como o conhecemos hoje, que deve muito de sua forma, som e técnicas
de construção às inovações introduzidas por luthiers históricos no século XIX. Foi nesta
época que foram solidificadas as bases para as técnicas modernas de construção de
violões, estabelecendo padrões que continuam a influenciar luthiers contemporâneos e
a construção de instrumentos em todo o mundo.

Importância da Luteria

A luteria é muito mais do que a simples construção de instrumentos musicais.


Ela representa a criação de artefatos repletos de significado cultural, capazes de produzir
som e, por extensão, música. Esses instrumentos agregam valor de múltiplas maneiras,
transcendendo sua função primária para se tornarem veículos de expressão cultural,
tradição e inovação artística.

Cada instrumento é um testemunho da dedicação, habilidade e meticuloso


cuidado do luthier. Ele reflete o conhecimento profundo dos materiais e das técnicas
empregadas, desde a escolha da madeira até os métodos de construção e acabamento.
Esse processo resulta não apenas em instrumentos de alta qualidade sonora, mas
também em objetos únicos, que carregam a identidade de seu criador e a rica tradição
da luteria.

A luteria é fundamental para manter viva a tradição musical, assegurando que


os músicos tenham acesso a instrumentos de qualidade excepcional. Um instrumento
feito por um luthier estabelece uma conexão profunda e pessoal com o músico que o
toca, muito além do que um instrumento de produção em massa pode oferecer. Esta
relação instrumento/instrumentista possibilita uma expressão musical mais rica e
intimista, onde cada nuance e detalhe do som pode ser explorado e valorizado.

Além disso, a luteria desempenha um papel crucial no desenvolvimento musical,


contribuindo para a preservação e o enriquecimento das culturas musicais. Ao construir
instrumentos que são tecnicamente refinados e culturalmente significativos, os luthiers
apoiam a inovação dentro de tradições estabelecidas e fomentam novas formas de
expressão musical.

A conexão entre um instrumento autoral e o músico que o toca é emblemática do


impacto transformador que a luteria pode ter, tanto no nível individual quanto no
coletivo.

Visão Geral da Construção de Instrumentos de Corda

Construir um instrumento de corda é um processo detalhado e complexo que envolve


várias etapas críticas, desde a seleção cuidadosa da madeira até o acabamento final e
ajustes acústicos. Cada passo no processo de construção requer precisão e um
entendimento profundo da interação entre as partes do instrumento, para criar um som
harmonioso e expressivo. Este curso focará especificamente no violão clássico modelo
Torres, destacando as técnicas e inovações que caracterizam este emblemático
instrumento.

Visão Geral da Construção de Instrumentos de Cordas

Construir um instrumento de corda é um processo intricado e detalhado,


marcado por várias etapas fundamentais que vão desde a concepção inicial do projeto e
a seleção meticulosa da madeira e outros materiais, até os acabamentos finais e os ajustes
precisos de regulagem. Cada fase da construção demanda um alto grau de cuidado,
precisão, e um profundo entendimento de como as diferentes partes do instrumento
interagem para produzir som.

O desenvolvimento da técnica luteria é gradual, exigindo paciência e


persistência. O sucesso e a qualidade do instrumento final são diretamente
proporcionais ao esmero e à dedicação investidos pelo artesão em cada passo do
processo, influenciados por fatores como habilidade, qualidade dos materiais e
ferramentas, tempo dedicado, e a capacidade de manter foco e atenção aos detalhes.
A Escolha do Violão e do Projeto Modelo Torres

Nesta disciplina, concentraremos nossos estudos e práticas no violão clássico modelo


Torres, um marco no mundo da luteria. Aprofundaremos no desenho, nas proporções e
nas técnicas específicas, assim como nas inovações introduzidas por Antônio de Torres,
que fizeram deste modelo um referencial na construção de violões. A escolha deste
modelo específico não é apenas uma homenagem à sua importância histórica, mas
também uma oportunidade para explorar as complexidades da luteria através de um
projeto desafiador e ricamente instrutivo. Tal escolha está fundamentada em vários
aspectos importantes:

 Base Pedagógica: O violão é considerado um instrumento base para todos os


luthiers, servindo como ponto de partida essencial para a construção de uma
ampla variedade de outros instrumentos de corda. Através de sua construção, os
estudantes aprendem princípios fundamentais que podem ser aplicados em
outros contextos da luteria.
 Significado Cultural: O violão ocupa um lugar de destaque na cultura brasileira,
sendo central em diversos gêneros musicais e expressões artísticas do país. Essa
relevância cultural torna o estudo e a prática da construção de violões
particularmente significativos para os estudantes brasileiros.
 Legado de Antonio Torres: Antonio Torres é reconhecido como um dos luthiers
mais influentes na história da construção de violões. Seus projetos e técnicas
revolucionaram a forma como os violões são construídos, estabelecendo padrões
que permanecem referências até os dias atuais. Estudar e construir um modelo
Torres permite aos estudantes uma conexão direta com essa rica herança
histórica.
 Desafio e Aprendizado: A construção de um violão modelo Torres apresenta
desafios únicos, oferecendo aos estudantes a oportunidade de aprofundar suas
habilidades manuais, compreensão de materiais e uso de ferramentas
especializadas. Trabalhar com madeiras de alta qualidade e executar técnicas
específicas de luteria proporciona uma experiência educativa rica, culminando
na criação de um instrumento com excelente sonoridade e beleza estética.

O luthier Antonio de Torres Jurado

Antonio de Torres Jurado (1817-1892) é amplamente reconhecido como um


pioneiro na construção do violão moderno, com um impacto comparável ao de seu
homônimo Antonio Stradivari na fabricação de violinos.

Suas contribuições à luteria, incorporando inovações estruturais e tonais,


definem até hoje os padrões seguidos por fabricantes de violões ao redor do mundo.
Durante sua vida, artistas renomados como o violonista e compositor Francisco Tárrega,
tocaram em seus instrumentos. A sua influência na luteria e na música se estende por
gerações, mantendo a alta estima de seus instrumentos tanto para colecionadores quanto
para músicos que os utilizam em performances. Torres não apenas aperfeiçoou a
construção do violão mas também definiu o projeto e a sonoridade que caracterizam o
violão clássico moderno. A qualidade sonora de seus instrumentos permitiu aos
músicos expressar-se com liberdade artística sem precedentes.

Figura 1 - Luthier Antonio de Torres Jurado (1817-1892)

Algumas caraterísticas dos violões de Torres.

 Qualidade Sonora: Os instrumentos de Torres eram apreciados por sua


qualidade sonora superior para a época, que permitia uma gama de
dinâmicas musicais mais ampla, um timbre mais rico e uma projeção mais
acentuada, o que proporcionava ao músico possibilidades de
expressividade sem precedentes. A capacidade desses violões de
sustentar notas claras e ricas em ressonância harmônica abriu novas
possibilidades para compositores e intérpretes, tornando-se assim peças
fundamentais para o repertório do violão clássico do período do século
XIX.
 Inovação na Construção: Torres introduziu mudanças significativas na
construção dos violões, como o aumento das dimensões do corpo do
instrumento e a implementação do sistema de varetas colados ao tampo
em formato de leque, que contribuíram para o desenvolvimento do som
do instrumento. Essas inovações permitiram que o violão projetasse um
som mais poderoso e com maior sustentação, características que eram
essenciais para performances solo em salas de concerto.
 Legado Duradouro: A influência de Torres na luteria se estende muito
além de sua época, com luthiers contemporâneos ainda seguindo os
princípios estabelecidos por ele. Seus instrumentos continuam a ser
altamente valorizados por colecionadores e músicos, não apenas como
peças históricas, mas como instrumentos vivos, frequentemente
escolhidos para gravações e concertos devido à sua excepcional qualidade
sonora.

Antonio de Torres Jurado deixou um legado duradouro, estabelecendo o


desenho e a sonoridade que continuam a ser a referência para a construção de violões,
inspirando luthiers e músicos a explorar novas possibilidades de expressão musical.

Exemplo de violão Torres – Violão número 124 – Ano 1888

Este violão, criado por Antonio de Torres em 1888 e numerado como No 124, é
um exemplar notável da maestria do luthier. Pertencente ao acervo de Richard Bruné, o
instrumento foi originalmente parte da coleção de O o Winkler, adquirido de Regino
Sainz de la Maza, como destacado em uma entrevista na revista Guitar Magazine em
abril de 1976. Restaurado entre 2014 e 2015 pelo ateliê de Bruné, o violão passou de
Winkler para Victor Rangel-Ribeiro, da Orpheus Music Shop em Nova York. Quase
idêntico ao último Torres possuído por Francisco Tárrega (No 114, 1888), este violão se
distingue pelos lados e fundo de maple e por uma roseta diferente. Internamente, ambos
são idênticos em termos de montagem e reforços. Exceto pelo braço, recentemente
substituído, e pelas tarraxas, trocadas por volta da Segunda Guerra Mundial, o violão
mantém suas partes e acabamento originais, inclusive o verniz aplicado por Torres.

Este instrumento não apenas demonstra a genialidade de Torres como luthier,


mas também prova que violões bem construídos e cuidados podem superar os limites
do tempo, mantendo-se plenamente funcionais como instrumentos musicais.
Figura 2 - Visão geral
Figura 3 – Detalhe do tampo
Figura 4 - Detalhe do Fundo
Figura 5 - Estrutura interna - barras e leque harmônicos

Figura 6 - Detalhe da mão


Figura 7 - Detalhe da Roseta

Figura 8 – Etiqueta
Tabela de Especificações e Materiais

Característica Descrição
Construtor Antonio de Torres Jurado
Ano de construção 1888
Local Almeria - Espanha
Número de Série Número 124
Escala 653 mm da pestana ao rastilho
Largura da pestana 50 mm
Espaçamento entre as 41,5 mm (entre as cordas 1 e 6, centralizadas)
Cordas
Tampo Abeto (Spruce)
Laterais e Fundo Maple Olho de Pássaro (Bird's Eye Maple)
Tarraxas Não são originais. (Substituídas posteriormente)
Procedência Regino Sainz de la Maza, Otto Winkler, Victor Rangel-Ribeiro
Restauração 2014-2015 pelo ateliê de Richard Bruné.
Particularidades Verniz original de Torres, espessuras de topo, lado e fundo
inalteradas.

Notas Adicionais

O violão é destacado por sua qualidade sonora excepcional, equiparando-se em


volume e projeção a instrumentos modernos em testes de audição.

A preservação do verniz original de Torres e a manutenção das espessuras


originais das partes do violão são aspectos notáveis que contribuem para sua
sonoridade distinta e sua condição excepcional entre os instrumentos sobreviventes de
Torres.

Atividades adicionais:

Que tal reservar um tempo para ouvir uma peça tocada em um violão Torres?

Ouça a gravação do violonista Pepe Romero, tocando as peças “Capricho Árabe” e


“Lágrima” do compositor Francisco Tárrega, tocando em um violão Torres do mesmo ano
daquele que vimos anteriormente, 1888 (Número 114).

Capricho Arabe

Lagrima

Ou então um pouco de música brasileira, “Eterna Saudade” de Dilermando Reis, tocada


em um Torres de 1887, pelo violonista Taso Comanescu.

Eterna Saudade
Módulo Prático:

Construção de um Violão Clássico Modelo Torres.

Definição do Projeto / Planta:

No início do processo de construção de um instrumento musical, o primeiro


passo essencial é a definição do projeto e, se possível, a obtenção de uma planta
detalhada. Para este módulo, utilizaremos uma planta inspirada nas características e
dimensões fundamentais de um violão modelo Torres. Contudo, é importante salientar
que esta planta não representa uma cópia direta de um instrumento específico
previamente construído por Antonio de Torres, mas sim uma adaptação elaborada para
se adequar às necessidades educativas e práticas do nosso curso.

A adaptação do projeto visa também incorporar considerações de construção e


materiais, permitindo uma experiência de aprendizado mais acessível e alinhada com a
realidade atual dos estudantes, dos recursos disponíveis e do estágio inicial de
aprendizado.

É crucial para o sucesso na construção do instrumento que cada aluno tenha


acesso a uma planta impressa em proporção 1:1.

A disponibilidade de uma planta em tamanho real é indispensável para garantir


a precisão no acompanhamento do projeto, possibilitando uma compreensão clara das
dimensões, dos contornos e da disposição dos componentes do violão. Esta abordagem
assegura que os estudantes possam seguir rigorosamente o desenho proposto, uma
competência fundamental que as disciplinas de Introdução à Luteria visam desenvolver.

Forneceremos a planta necessária, destacando nossa ênfase na importância da


fidelidade ao projeto. Este compromisso com a precisão e o detalhe desde a fase inicial
de planejamento reflete o rigor acadêmico e a excelência prática que aspiramos cultivar
em nossos estudantes. Ao adotar este método, reforçamos o objetivo educacional de não
apenas construir um instrumento, mas também de imergir no processo artesanal,
promovendo uma compreensão profunda dos princípios que regem a luteria de alta
qualidade.

Ao avançarmos neste módulo prático, encorajamos os estudantes a dedicarem-se


ao estudo cuidadoso da planta e ao meticuloso seguimento das etapas de construção,
assegurando assim a realização de um projeto que seja ao mesmo tempo um tributo à
herança de Antonio de Torres e uma expressão da sua própria maestria como luthiers
emergentes.

Etapas de construção - Abordagem Didática

Na jornada de construção de um violão é crucial reconhecer que o processo de


construção não segue uma linearidade rígida. Ao contrário do que pode ser a prática
em ambientes profissionais ou oficinas especializadas, a sequência das etapas de
construção em um ambiente de aprendizagem precisa ser adaptada para atender às
necessidades educativas e ao nível de iniciação dos estudantes no curso de graduação.

Entendemos que cada fase do processo de construção de um instrumento musical


é única e que a ordem das etapas pode variar significativamente de acordo com diversos
fatores, incluindo o projeto específico, os materiais disponíveis e a experiência do luthier.
No contexto acadêmico, definimos o procedimento e a sequência de construção de forma
a otimizar o aprendizado, garantindo que os alunos progridam de maneira gradual,
começando com materiais, procedimentos e ferramentas mais simples e avançando para
técnicas mais complexas à medida que desenvolvem suas habilidades e compreensão do
ofício. Este enfoque gradual permite aos estudantes uma imersão cuidadosa nos
fundamentos da luteria, familiarizando-se primeiro com os conceitos básicos antes de
enfrentar desafios mais sofisticados.

A sequência de etapas proposta visa não apenas facilitar o aprendizado, mas


também cultivar uma apreciação profunda pela arte da construção de instrumentos,
destacando a importância de cada detalhe no resultado final.

É importante salientar que, embora tenhamos estabelecido uma sequência de


construção pensada especificamente para o ambiente acadêmico, outras sequências e
abordagens são possíveis e válidas.

Embora adotemos um rigor metodológico inicial no ensino da luteria,


encorajamos nossos estudantes a pesquisar e explorar diversos métodos, técnicas e
procedimentos à medida que aprofundam seu aprendizado. Essa abordagem visa
enriquecer seu repertório e habilidades, reconhecendo que a arte da construção de
instrumentos se beneficia significativamente da experimentação e da personalização.
Para apoiar essa exploração, nossa biblioteca disponibiliza uma ampla seleção de
literatura sobre a construção de uma variedade de instrumentos, complementada pela
valiosa troca de experiências entre os construtores, enriquecendo ainda mais o processo
educativo.

Ao adotar este processo de construção gradual, nosso objetivo é proporcionar aos


alunos uma fundação sólida em luteria, equipando-os com o conhecimento e as
habilidades necessárias para abordar projetos mais desafiadores no futuro, sempre com
uma apreciação pela arte e pela ciência que envolvem a criação de instrumentos musicais
de qualidade.

ETAPA: Escolha de Materiais

Nesta etapa fundamental do processo de construção, enfatizamos a utilização de


madeiras de alta qualidade, com um foco especial em espécies predominantemente
brasileiras. A escolha desses materiais não é aleatória, mas fundamentada em várias
razões estratégicas e pedagógicas:
Valorização da Matéria-Prima Nacional: Optamos por madeiras brasileiras para
promover e valorizar os recursos naturais disponíveis em nosso país, reconhecendo a
riqueza e a diversidade da flora brasileira.

Disponibilidade e Custo: As madeiras nacionais oferecem uma disponibilidade


mais ampla e um custo mais acessível em comparação com materiais importados,
facilitando o acesso dos alunos a materiais de alta qualidade sem onerar excessivamente
os custos de produção, especialmente no início do curso.

Familiarização Gradual com Espécies de Madeiras: Ao longo do curso, os alunos terão a


oportunidade de se familiarizar com uma variedade de madeiras u lizadas na construção de
instrumentos.

Para as disciplinas de Introdução a Luteria, destacam-se as seguintes madeiras e medidas:

Lista de Madeiras e Medidas para Construção de Violão


Kit de Madeiras para Violão:
Parte Madeira Dimensões (AxLxC) em mm
Braço Cedro 20 x 76 x 800 (1 peça)
Escala ou Espelho Ipê 6 x 65 x 500 (1 peça)
Cavalete Ipê 10 x 30 x 200 (1 peça)
Estrutura Interna Marupá 40 x 50 x 750 (1 peça)
Tampo Marupá ou Freijó 5 x 170 x 550 (2 peças)
Fundo Imbuia 3 x 170 x 550 (2 peças)
Laterais Imbuia 3 x 95 x 750 (2 peças)
Frisos Imbuia 4 x 9 x 750 (4 peças)
Lâminas Amapá e Imbuia 1000 (2 peças)

Essa tabela apresenta um resumo das madeiras e das dimensões específicas


que serão utilizadas durante a disciplina para a construção de um violão. As
quantidades entre parênteses indicam o número de peças necessárias para cada
componente do kit. A seleção de madeiras abrange espécies brasileiras tradicionais na
luteria, conhecidas por suas qualidades acústicas e estéticas.
Imbuia: Conhecida por sua durabilidade e beleza estética, é frequentemente
usada em laterais e fundos de instrumentos.

Ipê: Valorizado por sua resistência e densidade, ideal para escalas e cavalete.

Cedro Rosa: Preferido por sua leveza e propriedades mecânicas, comumente


usado na confecção do braço e da mão.

Louro Freijó: Apreciado por seu padrão visual único e propriedades acústicas,
utilizado para tampos.
Marupá: Escolhido por sua leveza e propriedades acústicas, sendo uma opção
para tampos e estrutura interna.

Essa seleção cuidadosa de madeiras não apenas assegura a construção de violões


com excelente sonoridade e beleza, mas também instiga os alunos a explorar e apreciar
a vasta gama de materiais naturais oferecidos pelo Brasil. Ao trabalhar com essas
madeiras, os estudantes não só aprendem sobre as propriedades físicas e acústicas
relevantes para a luteria, mas também desenvolvem um senso de responsabilidade e
apreço pelo patrimônio natural do país.

Sequência de Construção - Luteria de Violão Clássico Modelo Torres

Na disciplina LUT001, nosso foco será em fornecer um panorama abrangente das


técnicas e processos envolvidos na construção de um violão clássico. Vamos agrupar as
etapas de construção por técnica, uso de ferramentas e similaridades no processo.
Inicialmente, direcionaremos nossa atenção para a estrutura interna do instrumento,
utilizando barras e tacos feitos de madeiras mais macias para formar a base acústica e
estrutural. Em seguida, abordaremos a construção do espelho e do cavalete, exigindo
madeiras mais duras e resistentes devido à tensão das cordas. Avançaremos para o braço
do violão e o entalhe detalhado da mão, habilidades essenciais para a ergonomia e
tocabilidade do instrumento. A marchetaria será explorada na criação das rosetas,
permitindo aos alunos exercitar sua criatividade e precisão artística. Por fim,
concluiremos com a preparação da forma e das laterais do violão, etapas que dão suporte
ao início da confecção do corpo do instrumento. Cada uma dessas fases será ensinada e
discutida em detalhes nas aulas, assegurando que os alunos ganhem uma compreensão
completa do ofício de construir um violão.

Na continuação do nosso percurso formativo em Luteria, a disciplina LUT002


será dedicada à construção do corpo do instrumento e montagens finais.
Concentraremos esforços na preparação minuciosa e na calibragem do fundo e do
tampo, elementos cruciais para a ressonância e o timbre do violão. Os alunos aprenderão
a entalhar o canal e colar a roseta, uma peça central da estética frontal do violão, além de
aplicar os leques, tacos e demais componentes da estrutura interna que garantem a
integridade e uma melhor sonoridade do instrumento. Seguiremos com a colagem do
fundo e do tampo nas laterais, um processo que exige precisão e cuidado para assegurar
a simetria e a forma correta do violão. O corte dos canais e a colagem dos frisos serão
abordados em seguida, detalhes que reforçam a estrutura e adicionam contornos visuais
elegantes ao instrumento.

A fase subsequente envolve a preparação, o ajuste e a colagem do braço ao corpo,


uma etapa técnica que tem um impacto significativo na tocabilidade do violão. O entalhe
final do salto, a colagem do espelho e do cavalete serão as últimas etapas estruturais
antes de passarmos para os acabamentos. A montagem dos acessórios finais, como
tarraxas e cordas, e a regulagem minuciosa desses componentes, garantirão que o
instrumento esteja pronto para produzir música com a qualidade esperada de um violão
construído com tamanha dedicação e esmero.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
CURSO DE TECNOLOGIA EM LUTERIA
Introdução a Luteria 1 e 2 (LUT 001 e LUT002)

Ficha Inventarial – Violão 001 - Modelo Torres

INFORMAÇÕES GERAIS (identificação)

Nome do discente:
Disciplina:
Curso:
Data:

Descrição geral:

Autoria:
Ano de fabricação:
Marcas / inscrições:
Madeiras utilizadas e medidas:
Tampo:
Fundo:
Laterais:
Escala:
Cavalete:
Roseta:
Descrever construção da Roseta:
Tarraxas:
Trastes:
Cordas:

Observações:
INFORMAÇÕES TÉCNICAS

Comprimento total do instrumento:


Comprimento total do corpo:
Largura máxima do corpo:
Altura total do corpo:
Comprimento total do braço:

Comprimento da escala:
Largura do braço na pestana:
Largura do braço no corpo:
Angulação do braço em relação ao
corpo:
Peso total do instrumento:
Dimensão da mão/caixa de cravelhas:
Ponto mais largo- ponto mais estreito da
caixa de cravelhas/mão:

Intervenções/Restauros indicados (se


necessário):
FOTOS

Instrumento inteiro:

Frente, fundo e lateral Plano fechado do


corpo:

Frente, fundo e lateral Plano fechado de


caixa de cravelhas:
Frente, fundo e lateral Plano fechado do
entalhe das efes:
Detalhes e Ornamentações:
Especificidades: (marcas, insígnias, etc.)

Versão preliminar da ficha catalográfica do MIMU


Baseado em Bergmann Filho 2016, (PRIM - Protocolo de Registro de Instrumentos Musicais)
Baseado em Normas de Inventário - Instrumentos Musicais (Maria Helena Trindade – Organização) -
disponível em: http://www.ibermuseos.org/pt/recursos/documentos/normas-de-inventario-instrumentos-
musicais/
Baseado em Museu Virtual de Instrumentos Musicais (MVIM) disponível em
http://www.mvim.com.br/normas-para-o-catalogo-2/

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