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Contabilidade, organizações e sociedade 49 (2016) 41e50

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Contabilidade, organizações e sociedade


Pág i n a i n i ci a l da revista: www.elsevier.com/locate/aos

Revisitando as funções da contabilidade na sociedade


Stephen P. Walker
Escola de Administração da Universidade de Edimburgo, 29 Buccleuch Place, Edimburgo, EH8 9JS, Reino Unido

A R TIC L EIN F O A B S T R A C T

Histórico do artigo: A fim de facilitar o desenvolvimento de novas agendas de pesquisa, os autores pioneiros em AOS
Recebido em 29 de maio de 2015 embarcaram em jornadas difíceis em busca das interconexões entre a contabilidade e o social.
Aceito em 26 de novembro de 2015 Contribuições como a de Burchell et al (1980) localizaram várias funções da contabilidade na
Disponível on-line em 15 de
sociedade e inspiraram investigações históricas de mudança de agenda. Entretanto, como Hopwood
dezembro de 2015
(1985) reconheceu, a participação de historiadores nesse projeto exige reinvestimentos no
pensamento teórico e epistemológico. Este artigo incentiva explorações renovadas dos conceitos que
podem orientar a pesquisa de história da contabilidade que busca investigar o social. Tais
investimentos são especialmente urgentes, uma vez que as noções de "sociedade" e "social" mudaram
desde os primeiros anos da AOS. O estudo mapeia os problemas de conexão entre a contabilidade e o
social, indica como os historiadores sociais têm abordado questões semelhantes e revela o escopo para a
utilização de outras noções do "social" que têm o potencial de ampliar os entendimentos históricos
dos papéis da contabilidade na sociedade. O último é ilustrado por meio de uma discussão sobre as
interações entre a contabilidade e o controle social.
© 2015 Elsevier Ltd. Todos os direitos reservados.

contabilidade na sociedade (Napier, 2006). Os estudos históricos


1. Introdução
geralmente parecem presumir

Uma das conquistas inegáveis da AOS tem sido sua afirmação Endereço de e-mail: walker.sp@gmail.com.
do social na contabilidade. A revista tem declarado de forma
consistente seu compromisso de explorar as dimensões sociais da
disciplina e de incentivar novos pensamentos, pesquisas e ações
sobre contabilidade e sociedade. Várias características do social
permaneceram entre os objetivos e o escopo da AOS. Foram
incentivadas investigações sobre as relações entre a teoria
contábil, a prática e os valores sociais; a contabilidade e o
ambiente social da organização; a função social da contabilidade; a
contabilidade social e a auditoria social; e os aspectos sociais da
definição de padrões.
Desde os primeiros anos da AOS, os pesquisadores históricos
foram identificados como participantes-chave na análise da
contabilidade e da sociedade. Os primeiros artigos de referência,
como "The roles of accounting in organi- zations and society"
(Os papéis da contabilidade nas organizações e na sociedade), de
Burchell, Clubb, Hopwood, Hughes & Nahapiet (1980),
sinalizaram que a operação das instituições de contabilidade na
sociedade, a mudança social e o contexto social eram elementos
formativos do projeto "social" para o qual os historiadores
poderiam contribuir. Em grande parte como consequência de
vários estudos históricos, no início da década de 1990,
considerou-se que uma agenda que ligava a contabilidade ao
social havia sido firmemente estabelecida. Entretanto,
permanecem dúvidas sobre até que ponto os estudos de história
da contabilidade demonstram o papel constitutivo da
um conceito sociológico central - o controle social. O artigo
em vez de analisar as relações entre a contabilidade e o social
conclui com a observação de que a alteração das noções do
(Walker, 2008a). Com o objetivo de estimular ainda mais a
social tem implicações para aqueles que buscam compreender os
pesquisa histórica sobre contabilidade e sociedade, este artigo
papéis da contabilidade na sociedade, tanto no presente quanto
incentiva explorações renovadas do tipo iniciado por Burchell
no passado.
et al. em 1980.
Na próxima seção, o leitor se familiariza novamente com o
problema de formular agendas de pesquisa que conectem a 2. Localização da contabilidade na sociedade
contabilidade ao vasto espaço do "social". O surgimento do
"social" nos objetivos da AOS, os desafios que isso representou e O estabelecimento de uma agenda de pesquisa que entrelaça a
a participação dos historiadores em sua busca são mapeados. contabilidade e o social representa um desafio assustador. Hopwood
Em seguida, é examinada a maneira pela qual os historiadores (1985) ofereceu insights sobre esse problema em seu "Tale of a
sociais abordaram a problemática "social". O potencial dos Committee that Never Reported". O artigo descreve a tentativa
historiadores da contabilidade para reabrir a busca de conexões fracassada, no final da década de 1970, de formular uma agenda de
entre a contabilidade e as dimensões do social é sugerido por pesquisa que revelasse a natureza sociopolítica da contabilidade.
meio de uma exploração das interfaces entre a contabilidade e Fundamentalmente, o desacordo surgiu

http://dx.doi.org/10.1016/j.aos.2015.11.007
0361-3682/© 2015 Elsevier Ltd. Todos os direitos reservados.
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do social, que se concentra em diversos problemas sociais (como a pobreza) e nos


porque: procedimentos, instituições e pessoal envolvidos para resolvê-los (Deleuze, 1979;
Donzelot, 1979). Essa noção do social também é muito evidente no livro de Estes
Não só havia uma reconhecida escassez de entendimentos (1973), Accounting and Society. Nele, é enfatizado o papel potencial da contabilidade e
empíricos e teóricos da interseção entre a contabilidade e o dos contadores na solução de problemas sociais e na garantia do progresso social.
social, como também as próprias questões eram de um nível
de generalidade suficiente para permitir diferenças
fundamentais de opinião quanto ao seu significado,
importância e implicações (Hopwood, 1985).

Além disso, foi reconhecido que a elaboração de um


programa de pesquisa sobre contabilidade e o social "exigiria um
grande investimento em um novo pensamento conceitual"
(Hopwood, 1985, p. 367). Hopwood relatou como os problemas
para determinar os contornos da investigação da contabilidade a
partir de uma perspectiva social eram tão grandes que o comitê,
que nunca apresentou um relatório, voltou a discutir sobre o
assunto, onde era mais fácil encontrar pontos em comum na
própria contabilidade.
Em relação aos três campos que aparecem no título
Contabilidade, Organizações e Sociedade, os limites imprecisos
complicam a busca por pontos de interação. Embora seja
amplamente reconhecido que a contabilidade é mutável e não tem
"essência" (Miller & Napier, 1993) e que as organizações,
embora aparentemente limitadas, exibem vários graus de
complexidade, a sociedade é conceitualmente ilimitada. A
"sociedade", embora fundamental para a sociologia, é um termo
amorfo e polissêmico (Elliott e Turner, 2012, pp. 1e5). Quando a
investigação sociológica se estende além da investigação
formalista das relações sociais (como defendido por Simmel e
Weber) para abraçar a síntese de todas as ciências sociais (como
previsto por Durkheim e Sorokin), as complexidades envolvidas
na definição de agendas de pesquisa que conectam a
contabilidade e a sociedade se tornam ainda mais aparentes. A
etimologia de "social" sugere que, na França do Iluminismo,
onde surgiu o conceito moderno de sociedade, ela era entendida
como nada menos que "a estrutura essencial da existência
humana coletiva" (Baker, 1994).1 A palavra tende a ser
empregada de maneira casual e assumida (Sewell, 2005, p. 319).
De acordo com Wallerstein (2001, p. 245), nenhum conceito é
usado "de forma mais automática e irrefletida do que
sociedade". Ele continua a ser "um adjetivo notavelmente
flexível e agradável" (Curtis, 2002).
O "social" pode se referir a qualquer forma de interação humana
(Sewell, 2005, p. 322) e o uso moderno predominante de
"sociedade" representa o agregado dos padrões mutáveis dessas
diversas interações (MacIver & Page, 1962, pp. 5e6).2 Em sua
história das relações de poder, Mann (1986, p. 2) argumentou que
o tratamento da "sociedade" "como uma totalidade unitária e
não problemática" era tão inútil que deveria ser abolido do léxico
sociológico. Esse ataque à "sociedade" ganhou ritmo nos últimos
tempos. Wallerstein (2001, p. 245) argumentou que o termo
deveria ser descartado por causa de suas associações com o
Estado-nação unitário e o pensamento científico social
ultrapassado do século XIX. Ele foi identificado como uma
"categoria zumbi" Beckiana - um conceito morto, incapaz de
captar os fundamentos da modernidade do segundo estágio, mas,
ainda assim, mantido vivo no discurso político e acadêmico
(Slater & Ritzer, 2001). Urry (2000, p. 1) argumentou que a
"sociedade" tem um futuro limitado como conceito organizador
central da análise sociológica. Seu enquadramento até agora nas
agendas de pesquisa em torno das sociedades (ocidentais) como
territórios delimitados é prejudicado pelo globalismo. Essas
críticas têm

1 Consulte também Poovey (2002), Schatzki (2002, pp. 124e125), Latour (2005,

p. 6) e Sewell (2005, pp. 321e328) sobre a etimologia de "social" e "sociedade".


2 Deve-se observar que outros comentaristas adotam um conceito mais específico
Miller
S.P. Walker / Contabilidade, Organizações (2007)49refletiu
e Sociedade "Mesmo em 1980, uma 43
posteriormente:
(2016) 41e50
implicações para os estudantes de contabilidade que buscam
análise sociológica da contabilidade que pudesse misturar com
encontros com o social.
sucesso preocupações em nível micro e macro permaneceu em
grande parte uma aspiração. Na verdade, nem mesmo estava claro
3. AOS e histórias da contabilidade e da sociedade
quais conceitos e questões orientariam essa agenda de pesquisa"
(também Chapman, Cooper e Miller,
Considerando as complexidades mencionadas anteriormente,
não se pode deixar de ficar impressionado com a tentativa
odisseia da AOS de se aventurar no social e libertar a disciplina
contábil de seu "edifício técnico" (Hopwood, 1983). Hopwood
estava determinado a que a nova revista adotasse uma noção
expansiva do social, bem como do organizacional. Como ele
refletiu mais tarde, embora no início da década de 1970
houvesse "um interesse real e crescente na contabilidade social,
eu tinha começado a me conscientizar de que as forças sociais
influenciavam todas as contabilidades, mesmo aquelas de uma
forma mais convencional, embora essas forças permanecessem
em grande parte mal compreendidas" (Hopwood, 2009). Essa
percepção, sem dúvida, aumentou a sensação de antecipação de
embarcar em "uma aventura intelectual e editorial". Mas ela foi
inevitavelmente acompanhada por "momentos de ansiedade".
Foi difícil traçar um novo curso para os domínios conectados da
contabilidade, da organização e do social. Localizar o território
da contabilidade e da sociedade foi especialmente desafiador.
Na primeira frase escrita na nova revista, seu editor
corajosamente
anunciou que "a Contabilidade desempenhou um papel vital
no desenvolvimento da sociedade moderna" (Hopwood,
1976). Em vários momentos do "The Path Ahead", o social
foi mencionado antes do organizacional e comportamental e
havia "agora uma necessidade urgente de pesquisa que possa
fornecer uma base para ver a contabilidade como um fenômeno
social e organizacional". Embora a contabilidade e os
relatórios sociais tenham sido um item significativo nessa
agenda (ver O'Dwyer & Unerman, 2015), a necessidade de
investigar os papéis sociais da contabilidade, o significado
social da contabilidade e como os desenvolvimentos e valores
sociais em constante mudança impactaram o pensamento e a
prática contábil também foram enfatizados. Reconheceu-se,
no entanto, que a condução de tais investigações era incerta,
dada a "magnitude do salto intelectual entre a contabilidade e
as ciências sociais e comportamentais" necessário para alcançá-
la. A AOS forneceria o fórum para aqueles que estivessem
suficientemente encorajados a dar o salto.
Os editoriais de 1977 (Hopwood, 1977a, 1977b) enfatizaram
novamente a importância de explorar o "social". O editor
observou que, embora os projetos sobre contabilidade social
(responsabilidade) estivessem sendo ativamente buscados, "a
natureza social essencial de toda a contabilidade permanece
pouco reconhecida e certamente pouco pesquisada" (Hopwood,
1977c; 1985). A natureza social da criação de conhecimento na
contabilidade foi enfatizada. Foram feitas referências à
contabilidade como reflexo de interesses sociais
contemporâneos, ideologias e estruturas de poder (Hopwood,
1978a). Houve um reconhecimento de que "a contabilidade não
pode mais ficar isolada de seu contexto social" (Hopwood,
1978b). É importante ressaltar que, para os fins do presente
trabalho, os historiadores foram identificados como
contribuintes significativos para essa nova agenda de pesquisa.
A pesquisa histórica demonstraria "como as mudanças nos
padrões de organização e controle social e os conjuntos de
valores e ideologias relacionados influenciaram o
desenvolvimento das práticas contábeis" (Hopwood, 1977c,
1985). Porém, para ajudar a gerar "uma compreensão social e
ideológica da contabilidade", seria necessário que os
historiadores se afastassem de sua fixação com o
acompanhamento cronológico dos desenvolvimentos técnicos e
sua adoção de abordagens predominantemente funcionalistas e
ateóricas (Hopwood, 1978a, 1983, 1987).
Realizar essas ambições continuou sendo um desafio. De fato,
como
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2009). No entanto, um grande avanço na busca da contabilidade A história do valor agregado de Burchell et al. (1985) no
e do social ocorreu em 1980, quando Burchell et al. escreveram Reino Unido representou uma tentativa determinada de abordar
não apenas sobre as potencialidades da pesquisa, mas ofereceram essa questão. Seu influente artigo enfatizou a existência de "uma
insights sobre como a contabilidade estava entrelaçada com as penetração entre a contabilidade e a sociedade", em oposição a
práticas sociais. Sem se intimidar com o fato de que estavam duas esferas distintas. Embora os autores percebessem o social
entrando em uma arena de "complexidade enorme e em grande de forma ampla como "o ambiente", eles mostraram como a
parte desconhecida", os autores produziram uma contribuição investigação histórica das constelações nas quais a contabilidade
formativa. surgiu e foi moldada poderia iluminar as interdependências com
Embora relutassem em se aventurar muito no desconhecido e o social. A contabilidade foi revelada como incorporada em
reconhecessem que seus comentários sobre "contabilidade e redes de relações sociais. Burchell et al. (1985) incentivaram
prática social" eram breves e conjecturais, "On the roles of uma visão dialética da contabilidade, que identificou como o
accounting in organizations and society" começou a especificar social "passa pela contabilidade" e como a contabilidade amplia
assuntos para investigação. Por meio da exploração do trabalho e configura o social.
daqueles que, como Marx e Weber, reconheceram o significado Burchell et al. (1985) enfatizaram que o foco na mudança era
social da contabilidade, Burchell et al. (1980) abordaram as importante para desvendar as inter-relações entre a contabilidade
conexões entre a contabilidade e os principais elementos da e o social. A realização de análises contextualizadas dos processos
sociedade, como a ordem social e a distinção social. Eles de mudança contábil e suas consequências organizacionais e
identificaram as instituições do ofício contábil como prontas para sociais também foi defendida por Hopwood (1987, 1990). Essa
serem questionadas e, assim, prepararam o cenário para uma concentração na mudança destacou novamente o papel que os
grande quantidade de estudos futuros sobre a sociologia política historiadores poderiam desempenhar. Foi por meio do estudo dos
da regulamentação contábil, a contabilidade e o estado, e a mecanismos de mudança contábil que a interação entre o social e
sociologia ocupacional da profissão contábil (veja também o organizacional se tornaria visível.5 De fato, os estudos
Hopwood, 1977c, 1985; Mason, 1980). Estudos históricos sobre históricos de descontinuidades significativas, como a
esses temas foram especificamente convidados. investigação de Robson (1991) sobre o surgimento da definição
Coterminando com a explicação inicial de Burchell et al. de padrões no Reino Unido, mostraram como o modo de análise
(1980) sobre os papéis da contabilidade na sociedade, houve o de Burchell et al. (1985) poderia ser ampliado com base na
surgimento e a maturação da abordagem da economia política sociologia da tradução para conceituar a inter-relação entre a
para estudar a contabilidade (Cooper & Sherer, 1984; Tinker, contabilidade e seu contexto social.
1980; Tinker, Merino, & Neimark, 1982). Essa abordagem N a esteira desses avanços, o tom era mais confiante no início
enfatizava que a contabilidade deveria ser entendida no contexto da década de 1990. Embora ainda em seus estágios iniciais,
da distribuição de poder na sociedade e nos conjuntos de relações progressos inconfundíveis haviam sido feitos no estudo das funções
sociais caracterizados pelo conflito de classes. Os proponentes da da contabilidade na sociedade. "A Nova História da Contabilidade"
abordagem da economia política da contabilidade também revelou os efeitos revigorantes da utilização da teoria social para
destacaram o papel que os historiadores poderiam desempenhar na formular questões de pesquisa e analisar evidências históricas
compreensão do "ambiente histórico e institucional específico da (Miller, Hopper e Laughlin, 1991). Os historiadores começaram a
sociedade" em que a contabilidade operava (Cooper & Sherer, investigar a contabilidade, o poder e o conhecimento, e a
1984). A descrição histórica foi importante para entender "o profissionalização dos contadores (Napier, 2006). As histórias
comportamento da contabilidade e dos contadores no contexto contribuíram significativamente para a compreensão da sociedade e
das instituições, estruturas sociais e políticas e valores culturais das práticas contábeis (Morgan e Willmott, 1993). O conteúdo do
da sociedade em que estão historicamente localizados" (Cooper altamente influente Accounting as Social and Institutional Practice era
& Sherer, 1984). As histórias críticas tornariam visíveis os "principalmente histórico" (Miller, 1994).6 O surgimento de novos
processos sociais e as ideologias que deram origem às teorias temas para investigação e o aumento da pluralidade metodológica
contábeis dominantes e aos modos de representação (Tinker et garantiram que:
al., 1982). Elas revelariam como o papel da contabilidade na
No espaço de pouco mais de uma década, houve uma
dominação e opressão social mudou à medida que o capitalismo
profunda transformação na compreensão da contabilidade. A
evoluiu (Tinker & Neimark, 1987).
contabilidade passou a ser vista como uma prática social e
Um desenvolvimento adicional na busca de maneiras de
examinar institucional, intrínseca e constitutiva das relações sociais, em
O principal problema da contabilidade e da sociedade durante o vez de derivada ou secundária (Miller, 1994, p. 1).
início da década de 1980 foi o reconhecimento de que o social e
o organizacional deveriam ser investigados como domínios Para muitos historiadores da contabilidade, especialmente, a
conectados. Hopwood (1983), em particular, argumentou que a noção de "contabilidade como uma prática social e institucional"
organização representava uma "parte significativa do social" e começou a assumir um status quase canônico. Ela foi descrita
que a contabilidade funcionava de forma a incorporar o social na como um paradigma, uma perspectiva genérica adotada por
organização (também Hopwood, 1987; Miller, 1994; Neu, pesquisadores que pretendiam explorar o funcionamento da
2006).3 No entanto, apesar desses avanços e em meio a sinais de contabilidade em organizações e sociedades (Potter, 2005). As
que os sociólogos estavam demonstrando interesse na sugestões provisórias de Burchell et al. (1980) para o estudo da
contabilidade como um elemento do surgimento da prática "prática contábil e social", juntamente com os insights de
calculadora na modernidade (Hopwood, 1983), em meados da Burchell et al. (1985) sobre o estudo da "contabilidade em seu
década de 1980, continuou-se a lamentar que "embora a relação contexto social" e a introdução de Miller (1994) à Contabilidade
entre a contabilidade e a sociedade tenha sido postulada com como Prática Social e Institucional, motivaram inúmeras
frequência, ela foi submetida a pouca análise sistemática" investigações históricas que buscavam penetrar na contabilidade
(Burchell, Clubb, & Hopwood, 1985). Além disso, embora "o e no social.
social tenha sido colocado em contato com a contabilidade... a Muitas dessas investigações mostraram que, quando a
mistura dos dois não foi explorada" (Burchell et al., 1985).4 contabilidade e a

3 Alguns textos sociológicos também fazem essa conexão, localizando a "sociedade" como o

nível mais alto de organização - sendo a sociedade uma forma de organização configurada para
controle do comportamento humano (MacIver & Page, 1962, p. 5). 4 A título de ilustração, uma análise do conteúdo da AOS até 1984 relatou que
apenas 6,8% dos artigos foram fundados em sociologia ouWalker
S.P. ciência política (Brown,
/ Contabilidade, Organizações5 eComo Napier
Sociedade demonstra em sua análise abrangente, os "relatos de
(2006)41e50
49 (2016) 45
Gardner, & Vasarhelyi, 1987). mudança" têm sido uma característica importante dos estudos de história na AOS.
6 De fato, 20% das páginas da revista de 1976 a 2005 foram preenchidas com

conteúdo histórico (Napier, 2006).


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representação ou os métodos pelos quais escrevemos história" (Poovey,


fenômenos sociais são essencializados, os pontos de
2002). Como observa um historiador, "eu uso a palavra sociedade
convergência são revelados. Por exemplo, estudos sobre a
quando quero invocar um senso de totalidade
história da profissão contábil empregaram conceitos de
fechamento social e exclusão social (consulte Poullaos, 2009
para uma revisão). Os adeptos das abordagens de economia
política para o estudo do passado contábil mostram que as
variações nas relações sociais de produção são fundamentais
para a compreensão das figurações contábeis em constante
mudança (Bryer, 1999, 2000a, 2000b, 2005, 2006). O conflito
social foi destaque nos estudos de Lehman (1992) e Gallhofer e
Haslam (1991). Carmona, Ezzamel e Mogotocoro (2008)
exploraram as interfaces entre a contagem e o espaço social
(também Carmona e Ezzamel, 2009). Walker (2008b) examinou
como o processamento, o registro, a classificação e a comunicação
inerentes às práticas contábeis poderiam montar identidades
sociais e reforçar o estigma social. Ezzamel (2012, pp. 27e28)
identificou de forma impressionante os atributos da
contabilidade (como organização, avaliação, ritualização,
temporalidade, relatórios e memorização coletiva) que constroem
a ordem social (também Ogborn, 2007, pp. 67e103; Vollmer,
2003).
Entretanto, as contribuições formativas das décadas de 1980 e
1990 nem sempre inspiraram estudos históricos que penetram
nas interdependências entre a contabilidade e a sociedade. Não é
incomum encontrar investigações que subscrevem a noção de
contabilidade como prática social, mas fazem poucas tentativas
de demonstrá-la, sendo as adesões declaradas ao "social" ou ao
"contexto social" consideradas suficientes em si mesmas (Walker,
2008a). Em estudos históricos, como observaram Burchell et al.
(1985), "a relação da contabilidade com o social tende a ser
declarada e presumida em vez de descrita e analisada". Uma
consequência disso, como Napier (2006) observou, é que o papel
constitutivo (em oposição ao reflexivo) da contabilidade na
sociedade "quase não foi analisado" pelos historiadores da
contabilidade. Assim, permanecem questões importantes sobre
como e onde os historiadores podem desvendar o papel da
contabilidade no social e procurar descobrir seu funcionamento em
fenômenos como: a construção de relações sociais, a implantação
do controle social, a solidificação das estruturas sociais e a
formação da identidade social (Walker, 2008a).
Considerando que foi atribuído aos historiadores um papel
fundamental na exploração da interação entre a contabilidade e a
sociedade, a persistência de tais questões sugere que são desejáveis
outros empreendimentos do tipo inaugurado por Burchell et al.
(1980). Ao contemplar essa tarefa, podemos refletir sobre as
experiências de historiadores que atuam em outros campos e que
lutaram com as complexidades epistemológicas decorrentes da
investigação do problemático "social". As experiências dos
historiadores sociais são especialmente relevantes.

4. Reexaminando o social na história social

Assim como na contabilidade durante a década de 1970, também


na história, houve uma crescente adesão à noção de que o social e o
sociológico deveriam assumir um lugar de destaque na disciplina.
No entanto, uma década mais tarde, as teorias culturais começaram
a desafiar "a própria possibilidade ou conveniência da explicação
social" (Bonnell & Hunt, 1999) e até mesmo questionaram se o
"social" já havia existido (Hause, 1996). Embora identificado como
um alicerce essencial do assunto, "o social" foi considerado
insuficiente, pois era conceitualmente incapaz de sustentar o
edifício que repousava sobre ele. Falava-se em "O fim da história
social?" (Joyce, 1995). Assim como vários estudos de história
contábil realizados em seu nome, o social havia se tornado pouco
mais do que um "vasto e neutro pano de fundo" (Joyce, 1995), um
"recipiente particularmente espaçoso" (Sewell, 2005, p. 328), um
termo nebuloso rotineiramente afixado que "não mais evoca um
conjunto comum de suposições sobre sociedade, cultura,
S.P. Walker / Contabilidade, Organizações uma "virada
quee Sociedade material"
foi observada (Dolwick, 2008, 2009; 47
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(Jordanova, 2000, p. 37). As investigações mostraram que "o
Joyce, 2010). Ele oferece oportunidades semelhantes para buscar
social" estava, na verdade, "em questão" desde o início do
histórias que explorem as relações mutuamente constitutivas
desenvolvimento da sociologia e se mostrou inadequado como
formadas nas redes de atores materiais e humanos reunidos para
descritor tanto no presente quanto no passado (Joyce, 2002).
a realização da contabilidade (veja, por exemplo, Persson e
Posteriormente, foram feitas tentativas de abordar o que havia
Napier, 2014),
sido negligenciado anteriormente, ou seja, "repensar a noção
2015).
do próprio social" (Joyce, 2010).
Em um paralelo potencialmente interessante com a
contabilidade, uma das dificuldades identificadas foi que muitos
dos primeiros defensores da importação do "social" para a
história "obtiveram grande parte de seu propósito original e
impulso daquilo a que se opunham" (ou seja, narrativas
tradicionais sobre diplomacia e elites políticas).
Consequentemente, não houve um esforço conjunto para definir
e explorar os contornos do novo campo, seus principais
conceitos e prioridades temáticas. Fundamentalmente, as
questões teóricas e conceituais que envolvem a "sociedade" não
foram resolvidas (Jordanova, 2000, p. 39). O resultado, como
observou Vincent (2001, p. 156), foi que a história social ficou
"muito dividida, muito centrífuga" e seus praticantes ficaram
com "projetos baseados em uma noção de senso comum do
social [que] não cumpriram suas promessas" (Bonnell & Hunt,
1999).
Na história, os problemas que afligem "o social" têm
estimulado incursões regenerativas nas origens da proposição
fundamental. Eles também inspiraram tentativas de
reconfigurar as agendas de pesquisa e buscar inovações
metodológicas na busca de novas histórias do social. Foram
sugeridos vários caminhos a seguir. Um deles já teve um
impacto profundo na agenda de pesquisa da história da
contabilidade:
É o trabalho de Foucault que mais enfaticamente nos liberta
dos limites das abordagens tradicionais da sociedade e do
social, os discursos e práticas organizados em torno de
concepções de sociedade, tornando-se os meios pelos
quais diferentes grupos, indivíduos e instituições se
identificam e se organizam, e lidam com o poder. É o
trabalho posterior de Foucault sobre a natureza da regra
que é mais adequado, no qual se dá atenção às suas formas
mais expressamente políticas, encontradas, por exemplo,
nos modos de "governamentalidade" e no papel do Estado
moderno (Joyce, 1995).

Em sua defesa da análise de sistemas mundiais, Wallerstein


(2001, pp. 246-247) exorta o foco em "sistemas históricos"
em vez de "sociedades". Schatzki (2002, pp. 256-264; 2003)
recomenda a compreensão do local social por meio da
configuração mutável de práticas e de uma abordagem para a
análise histórica que reconheça o entrelaçamento da natureza
e da sociedade. Sewell (2005, p. 369) defende um
"renascimento" no qual o social é estudado como
configurações mutáveis de práticas semióticas. Joyce (2010)
relatou como os recentes entendimentos do social levantam
questões mais amplas sobre a história do poder, o Estado e a
necessidade de novas conceitualizações e ferramentas
analíticas. O exemplo mais importante desse último é a
formulação de Latour (2005) de uma compreensão
fundamentalmente nova da "sociedade" e sua remontagem do
"social". Aqui o social está alinhado ao seu significado original
de "associação", e seu estudo busca explicar como as
associações são feitas e transformadas (Latour, 2002). Para
Latour (2005, p. 13), a "sociologia das associações" deve
avançar a partir da "sociologia do social". A teoria da rede de
atores enfatiza a inseparabilidade de pessoas e coisas, e de
sujeitos e objetos. São postuladas sociedades-naturezas nas
quais os seres humanos interagem com os não humanos para
compor um conjunto heterogêneo de atores. O pensamento
latouriano está informando os entendimentos do "social" em
campos específicos de investigação histórica, na medida em
48 S.P. Walker / Contabilidade, Organizações e Sociedade 49 (2016) 41e50

Essa imprecisão e falta de penetração são incentivadas pelo fato


Embora essas abordagens ofereçam oportunidades
de que, apesar de sua centralidade no estudo sociopolítico, o controle
interessantes e já estejam causando impacto na pesquisa histórica
social
sobre contabilidade (Latour, em particular), há também um caso
para reviver projetos iniciados na AOS durante a década de 1980
que tentam explicitamente localizar interações entre
contabilidade e sociedade. Essas contribuições formativas
alertaram os acadêmicos sobre as possibilidades de investigações
históricas da contabilidade e das mudanças sociais, das relações
sociais e da importância dos contextos sociais. Várias décadas
depois, as ontologias do "social" e da "sociedade" mudaram e essas
mudanças desafiam os historiadores a localizar novas conjunções
entre a contabilidade e a sociedade e a rever as prioridades
temáticas em sua investigação da contabilidade como prática
social.
Explorações das interseções entre a contabilidade e a vida
organizacional não são incomuns (Miller & Power, 2013).
Embora a sociologia represente um espaço comparativamente
vasto e desafiador, buscas semelhantes por novas interfaces entre
a contabilidade e a sociedade são desejáveis para revigorar a
pesquisa histórica (Gibbs, 1989, p. 1). "Após 30 anos" de AOS,
Anthony Hopwood (2005) reiterou a necessidade de uma
"compreensão sociológica da contabilidade e suas
consequências" e defendeu novos questionamentos da
contabilidade "em nome de uma série de diferentes agendas
culturais, sociais e políticas". A sociologia política tem
informado diversos estudos sobre a contabilidade e o Estado. A
crescente conexão entre a contabilidade e os ramos da sociologia
econômica tem sido articulada (Mennicken, Miller, & Samiolo,
2008; Miller, 2007). Buscas semelhantes de interações entre a
contabilidade e o sócio-histórico, na tradição de Burchell et al.
(1980), podem abranger esses e outros subcampos da sociologia.
A título de ilustração, o restante do artigo tenta fazer essa busca
em relação ao que, para muitos estudantes da "sociedade", continua
sendo um conceito central e duradouro: o controle social.

5. As funções da contabilidade no controle social

As solicitações de estudos sobre contabilidade e "controle"


apareceram no AOS desde o início. Em "The Path Ahead",
Anthony Hopwood (1976) argumentou que "é preciso considerar
mais explicitamente as questões de poder, influência e controle".
Pouco tempo depois, ele se referiu à necessidade de pesquisas
históricas sobre "padrões mutáveis de organizações sociais e
controle" (Hopwood, 1977c). O controle foi posteriormente
mencionado por vários comentaristas da área. Por exemplo, em
sua análise da literatura sobre a "nova pesquisa contábil",
Morgan e Willmott (1993) observaram o foco no "significado
social e histórico mais amplo da contabilidade como uma
tecnologia de controle social e organizacional".
Embora se possa aceitar que a contabilidade seja
potencialmente um instrumento de controle social, a maneira
pela qual suas tecnologias são mobilizadas nesse sentido é
frequentemente presumida em vez de demonstrada. Embora as
contribuições para a literatura comportamental e "crítica" possam
se referir ao controle social, o conceito raramente é desvinculado
das noções generalizadas de estratégias gerenciais de controle,
controle organizacional e relações de poder (Covaleski, Dirsmith
e Samuel, 1996). Na verdade, o próprio termo "controle", embora
considerado fundamental para a disciplina contábil, é
invariavelmente tomado como um dado e "definido
temporalmente como simplesmente "estar lá"" (Hoskin, 1992).
Quando o controle social aparece em estudos históricos da
contabilidade, ele tende a ser aplicado de forma ateórica e, se não
for definido, é percebido como indistinto de outros mecanismos de
controle (Tyson, Oldroyd e Fleischman, 2005; Walker, 2004).

5.1. Controle social


sociedade
S.P. Walker / Contabilidade, Organizações de(2016)
e Sociedade 49 massa.
De particular importância em relação 49à
41e50
(assim como "sociedade") é um conceito vago, frequentemente
contabilidade foi a mudança dos modos de controle baseados no
empregado de forma casual (Innes, 2003, pp. 1e5; Gibbs, 1989,
paternalismo e nas relações interpessoais para aqueles focados na
pp. 55e58). De fato, Cohen sugeriu que o controle social "tornou-
institucionalização e na implantação de técnicas burocráticas.
se um conceito do tipo Mickey Mouse" (1985, p. 2). Outros o
Atualmente, a compreensão do controle social tende a colocar
descreveram como vazio devido às diversas aplicações englobadas
em primeiro plano as práticas criadas para garantir a
em sua órbita. Elas podem variar de mecanismos opressivos de
conformidade dos indivíduos com as normas aceitas.
aplicação da lei a qualquer influência restritiva sobre a ação
individual, como os processos de socialização (Carlen, 1995). Em
estudos históricos, o conceito "tem sido tão amplo que o torna
mais produtivo de confusão do que de análise significativa"
(Mayer, 1983, p. 22; Muraskin, 1976). No entanto, outros (como
Ginsberg) argumentam que o controle social representa um dos
principais pilares da Sociologia. Gibbs (1989, pp. 18-20) afirma
que o "controle" (do qual o "social" é uma dimensão) constitui
nada menos que a noção central da disciplina sociológica. Da
mesma forma, em 1975, depois de mapear o surgimento da
"sociedade disciplinar", Foucault (1994, p. 57) descreveu a
modernidade como "a era do controle social". Embora sua
teorização tenha sido considerada deficiente por muito tempo, a
frequência com que o controle social é utilizado pelos cientistas
sociais é sugestiva de sua relevância percebida (Gibbs, 1984).
Assim como acontece com "o social", a compreensão dos
limites epistêmicos do controle social é problematizada por
mudanças temporais em seu significado (Janowitz, 1975). O
controle social foi inicialmente associado ao darwinismo social
(Stedman Jones, 1983) e relacionado ao estudo progressivo das
fontes de coesão social e cidadania (Rothman, 1983). Para os
comentaristas radicais, como Marx, ele se referia às tentativas
do Estado, por meios explícitos e ocultos, de preservar a ordem
em uma sociedade capitalista repleta de conflitos. Os primeiros
teóricos do controle social, como Ross (1929, p. 395),
argumentavam que sua função era a regulamentação do
comportamento dos indivíduos para manter a ordem social. Para
o sociólogo funcionalista Parsons (1951, p. 321), os mecanismos
de controle social eram ativados quando os processos de
socialização não conseguiam corrigir os desvios. Parsons
também sugeriu que os dispositivos usados para punir o
comportamento anormal e recompensar a conformidade podem
ser conscientes e inconscientes, primários e secundários.
Durante as décadas de 1950 e 60, o estudo do controle social
também enfatizou a representação e a coerção (Rothman, 1983,
p. 109). Na década de 1970, o controle social foi destaque nas
análises do processo de trabalho sobre a fabricação do
consentimento do trabalhador nas organizações (Burawoy,
1979, pp. 7e12).
Na esteira dessa ambiguidade, os estudantes de controle social
O conceito de "sociedade de controle" foi cada vez mais
utilizado para o estudo dos "processos sociais universais pelos
quais as sociedades eram integradas e a conformidade social
induzida" (Blomberg & Cohen, 1995, p. 4). O conceito foi
especialmente aplicado a investigações sobre a maneira pela
qual grupos sociais poderosos mantinham a ordem entre seus
governados. Os historiadores argumentaram, por exemplo, que
na Grã-Bretanha do século XIX foram feitas tentativas de
moralizar e controlar as perigosas classes mais baixas por meio
de processos formais de lei, policiamento e encarceramento, mas
também, de forma mais sutil, por meio de filantropia, educação,
religião e atos de caridade. A legislação vitoriana de bem-estar
social era frequentemente interpretada não como motivada pelo
humanitarismo, mas pelas tentativas das classes dominantes de
manter a estabilidade sociopolítica em uma nação traumatizada
pelo industrialismo urbano, pela ascensão do proletariado e
pela demanda capitalista por uma força de trabalho
complacente (Mayer, 1983, pp. 17-19). Também houve um
reconhecimento de que as técnicas e os processos utilizados para
"controlar" mudam com o tempo. Por exemplo, eles podem
mudar de abordagens punitivas para benevolentes.
Donajgrodzki (1977) argumentou que, durante o século XIX, a
mudança nos padrões de controle refletia o surgimento da
50 S.P. Walker / Contabilidade, Organizações e Sociedade 49 (2016) 41e50

normas. As abordagens pós-funcionalistas alinham o conceito à e comunicadas, e por meio das quais as decisões formais ou
sociologia do desvio e enfocam o interacionismo simbólico em programadas podem efetuar o controle da sociedade". As
oposição à manutenção das estruturas sociais. Os estudos tecnologias burocráticas de processamento e comunicação de
enfatizam as maneiras pelas quais o desvio é construído e informações, como a contabilidade, foram fundamentais para o
gerenciado por meio de processos interpessoais, organizacionais exercício do "controle".7 Embora os historiadores da
e estatais. As respostas ao desvio são atualizadas por meio de contabilidade possam contestar sua cronologia, Beniger (1986, pp.
uma série de instituições e práticas. Cohen (1985, pp. 1e3) 16e17, 393, 422e424) argumenta que o surgimento de "técnicas
abordou a definição vaga de controle social enfatizando que ele contábeis modernas" (e a expansão da classe de funcionários que
representa respostas organizadas ao comportamento "desviante, as executavam) em meados do século XIX foi parte de um
problemático, preocupante, ameaçador, problemático, ameaçador conjunto de novas tecnologias de controle "dramáticas" que
ou indesejável". As respostas organizadas podem incluir punição, surgiram em resposta a uma crise de controle provocada pela
dissuasão, tratamento, prevenção e segregação. Sua industrialização.8
implementação também requer a definição de desvio, a Se considerarmos o controle social em seu sentido mais
identificação do desviante e a elaboração de soluções para o desvio amplo como a tentativa de "extrair a conformidade de indivíduos
(Black, 1976, pp. 1e2). ou grupos a algum padrão ideal de conduta", ou como as formas
As tentativas de refinar o conceito de controle social pelas quais a sociedade regula o comportamento, então, como
incentivaram a formulação de vários esquemas de classificação. Os sugere Chriss (2007, p. 1), as arenas e os procedimentos para sua
métodos "formais" de controle social são baseados na lei e realização são quase ilimitados. O estudo do controle social
incluem sistemas jurídicos, a polícia e as prisões (Black, 1976). passa a ser a investigação de "todos os mecanismos e recursos
A conformidade também é mantida por meio do controle pelos quais os membros da sociedade tentam garantir o
sociocultural "informal". Isso "é expresso por meio de uma ampla comportamento de conformidade com as normas dos outros" (p.
variedade de instituições sociais, desde a religião até a vida 12). Para os primeiros behavioristas, como Lumley (1925, pp.
familiar, incluindo, por exemplo, lazer e recreação, educação, 6e13), os meios de controle social incluíam qualquer estímulo
caridade e filantropia, trabalho social e assistência aos pobres" que levasse um indivíduo ou grupo a "fazer algo". Esses "meios"
(Blomberg & Cohen, 1995; Donajgrodzki, 1977; Stedman Jones, incluem punição, recompensas, elogios, propaganda,
1983). Uma ampla variedade de práticas pode ser operada nessas publicidade, lisonja, fofoca e riso. De acordo com esses critérios,
diversas arenas, desde a internalização benigna de normas até as normas e práticas contábeis, bem como os agentes contábeis
dispositivos para penalizar o comportamento aberrante e que as operam, aparecem como instrumentos de controle social
recompensar a conformidade. As análises do controle social bastante punitivos e virulentos. De fato, o uso inicial do termo
informal geralmente enfatizam a importância da socialização e "controle social" nos círculos contábeis revela que ele se refere
de seus agentes (Chriss, 2007, pp. 45-52). amplamente ao uso da contabilidade como uma tecnologia de
Mayer (1983) identifica um "sistema de controle" em que as regulamentação governamental e política pública, sendo o
formas de controle são diferenciadas de acordo com a tentativa "social" entendido como relacionado ao mundo além da empresa
de alterar o comportamento, utilizar a força, exercer poder ou (Rorem, 1928; Sanders, 1944). Percebido dessa forma, o controle
permitir a escolha. Ele se refere a um continuum que vai de social foi considerado cada vez mais relevante para os
"controles coercitivos, que usam ou implicam força, legal ou contadores durante uma era de intervenção estatal crescente
extrajudicial", a "controles sociais, que consistem na autorregulação (Clark, 1939).
do grupo fora dos limites da força" (p. 24). Outros comentaristas Outras definições amplas, como a oferecida por Black (1998),
fazem distinção entre controles sociais de borda dura que afirma que o controle social é "como as pessoas definem e
(coercitivos) e de borda suave (mais sutis), e entre "controle respondem ao comportamento desviante" (variando desde a
social descendente" (exercido pelos poderosos) e "controle social proibição legal até um olhar de desaprovação), também são tão
ascendente" (em que os menos poderosos exercem controle sobre abrangentes que inevitavelmente incluem a contabilidade. Há uma
os poderosos) (consulte Innes, 2003, pp. 6e8). Nye (1958) abundância de literatura acadêmica que ilustra como a
distinguiu sanções "diretas" contra o desvio, verificações contabilidade é uma das inúmeras tecnologias utilizadas para
"internas" do desvio (que emanam da socialização) e controle regular o comportamento individual, incentivando algumas
social "indireto". Lemert (1967, p. 21) diferenciou os meios atividades e desencorajando outras, e instituindo padrões, regras
"passivos" de controle social (como a conformidade com os valores e diretrizes que estabelecem normas e garantem a conformidade.
tradicionais) e os meios "ativos" (conscientemente organizados e Os códigos associativos e as sanções articuladas pelas
implementados como, por exemplo, agências de controle organizações profissionais de contabilidade também controlam o
estabelecidas por estatuto). Innes (2003) afirma que as técnicas comportamento de seus membros.
reconfiguradas e cada vez mais difundidas de controle social na Na verdade, os próprios contadores tornam-se agentes de
modernidade tardia (que vão desde o policiamento e a lei até a controle. Quando eles intervêm como terceiros de forma a garantir
gestão de riscos e o ambiente construído) exigem um exercício a conformidade dos outros com as normas, eles ativam o controle
adicional de redefinição (pp. 143-147). Ele propõe que o controle social "formal". Chriss (2007, p. 104) observa que as funções
social seja mantido como um "conceito mestre" a ser analisado desempenhadas por grupos ocupacionais, como contadores e
de forma a reconhecer seu caráter "ambiental" (Innes, 2003, pp. auditores, são cada vez mais semelhantes à governamentalidade
147-155). Isso envolve distinguir os controles como informais, foucaultiana. O contexto cada vez mais regulatório no qual eles
orgânicos ou como práticas de ordenação social, e examinar o operam garante que os próprios contadores estejam sujeitos a
grau em que os controles sociais são deliberadamente fabricados controles formais. Os regimes de treinamento das empresas de
para lidar com o desvio. contabilidade e dos órgãos profissionais também podem ser
concebidos como sistemas informais de controle social por meio
5.2. Contabilidade e controle social de suas funções de socialização ocupacional. Chriss (2007, pp.
64-86) chamou a atenção para a importância do "controle social
A contabilidade é vista como essencial para a organização e médico" e para a maneira como a medicina funciona de forma
para a a minimizar o comportamento desviante (Conrad & Schneider,
1980,
controle gerencial (Berry, Coad, Harris, Otley, & Stringer, 2009;
Emmanuel, Otley e Merchant, 2004, pp. 3e35). Ela também é identificada entre a gama de práticas de cálculo que aparecem no
aumento do "controle" na "sociedade da informação". Em suaOrganizações
S.P. Walker / Contabilidade, e Sociedade
7 Beniger (1986,49p.(2016) 41e50controle de forma ampla como "influência proposital 51
7) define
exploração da Revolução do Controle desde o século XIX, Beniger em direção a uma meta predeterminada".
(1986, p. vi) relata o "complexo de mudanças rápidas nos arranjos 8 Apesar de especificar as décadas de 1850 e 1860 como o período de

desenvolvimento das técnicas contábeis modernas, Beniger também mostra que a


tecnológicos e econômicos pelos quais as informações são
contabilidade era um dispositivo de controle informacional na atividade comercial
coletadas, armazenadas e processadas, pré-industrial (pp. 124 e 127, 187). Ele também argumenta que a contabilidade de
custos era "em grande parte uma questão de adivinhação, na melhor das hipóteses"
antes de 1900 (p. 423). Estudos históricos recentes podem contestar essa afirmação.
52 S.P. Walker / Contabilidade, Organizações e Sociedade 49 (2016) 41e50

abordagem de governamentalidade (Miller & Rose, 1990; Rose &


p. 242, citado em Chriss, 2007, p. 64; também Zola, 1972). O
Miller, 1992) e as investigações históricas sobre contabilidade e
surgimento dessa forma de controle social está enraizado na
raça, povos indígenas e pobres ilustram amplamente esse fato
medicalização dos problemas sociais, na difusão do discurso
(Annisette, 2009; Greer & Neu, 2009; Walker, 2004). Como um
médico e no alto status do médico na modernidade.
procedimento classificatório
Especialistas em conhecimento de alto status há muito tempo
estão envolvidos na ativação de mecanismos formais e informais
de controle social. Na sociedade pré-industrial, o controle social
religioso era perceptível. A lei é frequentemente entendida como
uma forma abrangente e direta de controle social. Podemos
também falar de um "controle social contábil"? Há paralelos com o
surgimento do "controle social médico". Esses paralelos incluem o
avanço do status da profissão de contador e dos médicos de
negócios, "o sacerdócio da indústria" (Matthews et al., 1998), a
crescente autoridade do conhecimento contábil e a importação da
linguagem, da terminologia e dos valores contábeis nas
organizações e na vida cotidiana (Hopwood, 1994). De fato, foi
sugerido que o fenômeno da contabilização - a colonização da
contabilidade como processo de cálculo, linguagem e lógica
organizacional - acompanhou a marcha da Nova Gestão Pública
(Power & Laughlin, 1992). Embora as evidências empíricas
sugiram que o grau de contabilização é limitado (Kurunmaki,
Lapsley e Melia, 2003; Lapsley, 2007), nos serviços de saúde, a
"sacralidade" da prática médica foi desafiada pela autoridade
crescente das prescrições contábeis.
Além disso, os estudantes de controle social cada vez mais se
referem à contabilidade e à auditoria como dispositivos de
controle. Em uma discussão sobre a racionalização weberiana,
Chriss (2007, p. 23) refere-se ao desenvolvimento de técnicas
contábeis que monitoram e coordenam o trabalho na sociedade
industrial. Outros comentaristas observaram a maneira pela qual
a contabilidade e dispositivos administrativos semelhantes
informaram as abordagens da justiça criminal na pós-
modernidade. Simon e Feeley (2003) se referem a uma nova
penologia de justiça atuarial que percebe o crime como um
problema administrativo a ser gerenciado por vigilância,
identificação, classificação, procedimentos contábeis e medição de
risco, em oposição à punição e à reabilitação. Innes (2003, pp.
140-141) considera o perfil elevado da auditoria como um
indicativo da maneira pela qual o controle social está sendo
"reformulado e reconfigurado". Innes percebe a auditoria como
uma forma direta de controle da atividade desviante e como um
"metacontrole", pois ela afeta ou não o funcionamento dos
próprios sistemas de controle. Nesse contexto, é feita referência
específica à "explosão da auditoria" de Power (1997). A
identificação das inúmeras arenas em que os rituais de
verificação são praticados é considerada uma evidência do
"controle creep" (Innes, 2003, p. 141).
É possível localizar as técnicas de cálculo e aqueles que as
praticam dentro dos refinamentos de definição mais restritos do
controle social articulados acima? A contabilidade é
potencialmente uma forma não coercitiva de controle social. Ela
pode ser concebida e conscientemente empregada como uma
técnica de controle social. Ela pode ser formal (exigida por lei ou
envolvendo intervenção de terceiros) ou informal, latente ou de
bordas suaves. O desempenho da contabilidade em arenas da
vida cotidiana, como o lar e o local de trabalho, pode ser
entendido como controle social "informal", por meio do cultivo
de pressões de grupo sobre o indivíduo para que ele se adapte às
normas de proficiência, metas e valores organizacionais e
familiares. Como uma forma de inscrição, a contabilidade pode
ser um componente de um programa de controle social
descendente imposto pelos poderosos. Ela pode ser utilizada
como um dispositivo administrativo implantado como parte de
um programa "ativo" de controle social (como em áreas de política
social), seja por si só ou como parte de um conjunto de tecnologias
e processos. De acordo com Cohen (1985), a contabilidade pode
representar uma resposta organizada à necessidade de identificar
e lidar com um grupo problemático. Os defensores de uma
de e conformidade.
S.P. Walker / Contabilidade, Organizações Desde
que se saiba que o procedimento está
Sociedade 49 (2016) 41e50 53
A contabilidade pode ajudar na identificação e na definição do
em operação, o fato de manter os registros pode impedir
comportamento desviante a ser controlado. Ela compreende
comportamentos desviantes. Wheeler (1969, p. 14) observou
uma técnica sistemática que, por meio do processo de registro,
que: "embora possa parecer um espelho passivo dos eventos, a
facilita o monitoramento dos esforços para modificar o
existência do registro em si serve como uma restrição social: as
comportamento e verificar o sucesso ou não de uma estratégia de
pessoas geralmente são motivadas a
controle de punição, correção ou tratamento.
Também podemos invocar a contribuição de Jones e Newburn
(2002) ao localizar a contabilidade como um dispositivo de
controle social. De acordo com sua taxonomia de graus de
controle social, as organizações e os indivíduos cuja função
principal é policiar, inspecionar e regulamentar realizam
atividades de controle social "primárias". O controle social
"secundário", por outro lado, é conduzido por indivíduos que
exercem uma função de controle, mesmo que isso não seja
fundamental para o papel que lhes foi designado. Exemplos desses
últimos incluem professores, zeladores e guardas ferroviários.
Contadores e guarda-livros coletam e registram dados que têm
potencial de vigilância e podem ser utilizados para modificar o
comportamento dos indivíduos nas organizações. A tarefa de
controle que eles realizam é potencialmente multidimensional,
indo além de uma intencionalidade centrada no registro de
informações financeiras. Nesse sentido, os funcionários da
contabilidade podem ser considerados agentes colaborativos do
controle social secundário. Entretanto, em alguns casos, esses
funcionários podem manter registros contábeis como uma forma
de controle social primário, como nas instituições disciplinares.
Embora os comportamentalistas, como Lumley (1925), tenham
adotado noções de controle social inutilmente amplas, eles
enfatizaram que sua atuação dependia de sistemas eficazes de
comunicação entre o controlador e o controlado. Isso nos alerta
para a função de controle social da contabilidade como um
processo que envolve a coleta, o registro, o processamento e a
troca de informações. Como outras práticas burocráticas, quando
um indivíduo se torna sujeito de um registro contábil, ele
potencialmente entra em uma rede de relacionamentos que
facilita seu controle por meio da vigilância, do monitoramento
da adesão às "regras" e do exercício da disciplina (Sarangi &
Slembrouck, 1996, pp. 4e6). Além disso, a própria criação de
um registro pode ser conscientemente empregada para facilitar
o controle social.
A contabilidade está envolvida na determinação de normas
contra as quais o desvio é localizado por meio de suas práticas
de regulamentação, classificação, definição de padrões e
referências e identificação de exceções. A contabilidade, como
um mecanismo de controle social, pode garantir a
conformidade com as normas por meio de seus efeitos de
correção, restrição e confirmação. O mecanismo de correção do
controle social é evidente no processo de prestação de contas de
acordo com perguntas e categorizações pré-escritas
(determinadas pelo poder) que codificam o comportamento
normal/aceitável. Foucault observa como a investigação
biográfica do criminoso é, em si, uma técnica de controle que
serve "para reconstituir todos os detalhes sórdidos de uma vida
na forma de conhecimento, para preencher as lacunas desse
conhecimento e para agir sobre ele por meio de uma prática de
compulsão. É um conhecimento biográfico e uma técnica para
corrigir vidas individuais" (1991, p. 252). Depois que as
informações contábeis são acumuladas, o indivíduo se torna
visível e governável. O relato é uma base para a tomada de
decisões e intervenções para disciplinar, punir, reabilitar ou
capacitar o sujeito, ou seja, para a ativação do controle social
"formal". As informações sobre os indivíduos também podem
ser agregadas e distribuídas aos centros de poder, onde podem
ser tomadas decisões para direcionar grupos de indivíduos.
Os processos de contabilidade também podem ter impacto
como um dispositivo de restrição. O fato de que um relato
sobre um indivíduo ou grupo será mantido e usado como base
para a tomada de decisões fornece um incentivo para garantir a
criação de um "bom" registro, o que encoraja o comportamento
54 S.P. Walker / Contabilidade, Organizações e Sociedade 49 (2016) 41e50

conflito civil e a violência. As novas tecnologias de governança,


desenvolver um registro "bom" e não um "ruim"". A
incluindo a contabilidade, podem ser utilizadas no controle de
documentação da conduta e as caracterizações que surgem a
populações selvagens. No contexto do consumismo globalizado e da
partir dela garantem que "uma forma poderosa de controle social
centralidade das redes de informação de alta velocidade, Elliott e
pode ser exercida por aqueles que têm o poder discricionário de
Turner (2012, pp. 163 e 165) também preveem o surgimento de
fazer de um evento uma "questão de registro"" (Wheeler, 1969, p.
"sociedades de entretenimento". O aumento associado aos
15). Nesse sentido, a contabilidade pode funcionar como uma
entretenimentos mediados, às socialidades baseadas na Internet e à
forma informal e indireta de controle social. Por exemplo, a
recreação on-line sugere
necessidade de prestar contas das circunstâncias pessoais e
familiares perante agentes poderosos pode desencorajar um
solicitante de assistência social. Um funcionário de uma fábrica
pode não se sentir inclinado a ser negligente quando sua
produtividade é monitorada e registrada. Uma vez coletadas, as
informações contábeis podem ser processadas, trocadas e
divulgadas de maneiras que também restringem o
comportamento de outras pessoas. Por exemplo, nos sistemas de
previdência social, a publicação de contas com nomes de
indivíduos é dissuasiva por seus efeitos estigmatizantes (Walker,
2004, 2008b).
A contabilidade também pode servir como um mecanismo de
confirmação. Ela pode incorporar as estruturas hierárquicas por
meio das quais o controle social é exercido. A determinação dos
dados contábeis a serem registrados, sua extensão e os métodos
usados para sua coleta consolidam a distribuição assimétrica de
poder, as ideologias dominantes e o relacionamento entre o
governante (como coletor de dados) e o governado (fornecedor
de dados). Os poderosos podem impor "visibilidade
compulsória" (Foucault, 1991). Para Foucault, o interrogatório e o
registro de um participante de uma instituição confirmavam as
relações de poder. As revelações podem ser usadas para construir
um corpo de conhecimento sobre o indivíduo que não apenas o
torna um objeto, mas também confirma sua subjugação (1991, pp.
294-295). Quando os socialmente dominantes são responsáveis
por manter a contabilidade, os livros e registros que eles mantêm
oferecem uma confirmação simbólica de sua capacidade de exercer
controle social sobre os outros.

6. Conclusões

O controle social representa apenas um tema sociológico que


merece maior atenção no empreendimento incessante de
identificar os papéis da contabilidade na sociedade. O conceito é
geralmente associado à investigação dos conjuntos estruturados
de relacionamentos que prevaleceram na sociedade industrial
(Elliott & Turner, 2012, p. 16) - o quadro temporal da maioria
das pesquisas de história da contabilidade (Edwards, 2009).
Embora o presente artigo tenha solicitado uma renovação do projeto
para localizar explicitamente o entrelaçamento da contabilidade e
do social na pesquisa histórica, tais exercícios também são
potencialmente benéficos para aqueles que buscam agendas mais
contemporâneas. De fato, as mudanças modernas nas
caracterizações da sociedade, suas relações e instituições
configurativas sugerem novos pontos de interação com a
contabilidade. As caracterizações recentes incluem a sociedade de
consumo, a sociedade de risco, a sociedade da informação, a
sociedade em rede, a sociedade global e até mesmo a sociedade
de auditoria. Elas servem como um lembrete de que "com o
mundo agora globalmente remodelado à imagem de corporações
e agências transnacionais, novas formas de sociedade,
socialidade e o social estão sendo constantemente, ainda que
precariamente, reconstituídos" (Elliott & Turner, 2012, p. 14).
Tais transformações também reforçam a conveniência de uma
sondagem contínua de oportunidades para explorar os papéis da
contabilidade na sociedade. Elliott e Turner (2012, pp. 159 e
168), por exemplo, preveem uma série de "futuros sociais"
durante o século XXI. Em cada um deles, surgem possíveis
interfaces com a contabilidade. Os autores apontam para o
surgimento de "sociedades selvagens" nas quais os impactos
desorientadores da globalização e do neoliberalismo incitam o
Event,
S.P. Walker / Contabilidade, Organizações London49School
e Sociedade of Economics
(2016) 41e50 and Political Science, 1e2 de 55
conexões adicionais entre contabilidade e cultura (Jeacle, 2012).
maio de 2015.
Elliott e Turner (2012, pp. 165e168) também detectam o
surgimento de "sociedades catastróficas" e formações sociais
condicionadas pelas ameaças biológicas, ambientais e nucleares Referências
que ameaçam a humanidade e as reconfigurações fundamentais
Annisette, M. (2009). Race and ethnicity (Raça e etnia). Em J. R. Edwards, & S. P. Walker
que resultariam de sua atuação. Nessa visão, as agendas de (Eds.), The Routledge companion to accounting history (pp. 451e469). Abingdon:
pesquisa contábil existentes relacionadas à sustentabilidade, às Routledge.
sociedades em desenvolvimento e aos conflitos militares têm
ressonância especial. A contabilidade e os rituais de
verificação na sociedade catastrófica também podem ser mais
fortemente implicados na gestão global de recursos escassos,
especialmente de alimentos, água e combustível. Um foco
renovado na contabilidade em situações de crise (Walker,
2000) provavelmente acompanhará a sociologia da ruptura, do
trauma e da calamidade (Vollmer, 2013). As agendas
emergentes relativas ao funcionamento da contabilidade na
gestão de desastres naturais e humanitários e no controle de
populações deslocadas provavelmente assumiriam maior
proeminência em
"sociedades catastróficas" (Sargiacomo, 2014, 2015).
Como o fundador da AOS reconheceu há 40 anos, aventurar-
se no vasto e mutante espaço do social em busca de pontos de
conexão com a contabilidade representa um grande desafio. Os
primeiros anos da AOS foram caracterizados por tentativas
determinadas de localizar explicitamente maneiras de fornecer
esse componente mais testado da missão da revista. Esse desafio
é ainda mais intimidador para os historiadores que, tendo sido
identificados como participantes importantes, receberam a tarefa
de explorar essas conexões no abismo do tempo. No final da
década de 1970, o "Committee that Never Reported" reconheceu
que "uma história social aprimorada da contabilidade" exigia
investimentos "no aprimoramento dos entendimentos teóricos e
epistemológicos dos pesquisadores históricos da área"
(Hopwood, 1985). Autores como Burchell et al. (1980) deram
início a esse empreendimento. Sem mais excursões do tipo que
eles e outros inauguraram, é provável que o "social" na história
da contabilidade simplesmente se irradie "amplamente,
livremente, até mesmo indiscriminadamente, em todos os
jardins em sua vizinhança" (Febvre, 1953, citado em Sewell,
2005, p. 318).
Em seu editorial de comemoração dos 30 anos da AOS, Anthony
Hopwood
(2005) nos lembrou que "a necessidade de novas
compreensões do funcionamento organizacional e social do
ofício contábil continua sempre real". Investimentos
contínuos "no pensamento conceitual" precisam ser feitos
para que o impulso seja mantido (Hopwood, 1985). Os
defensores da "Nova História da Contabilidade" alertaram
seus adeptos sobre a perspectiva de perda de impulso se a
busca por fatos sobre o passado não fosse acompanhada por
esforços para ampliar o "aparato teórico" necessário para
interpretá-los, ou se fosse enfrentada por uma relutância em
se conectar com "correntes intelectuais emergentes nas
ciências sociais" (Miller et al., 1991). Da mesma forma, na
história, reconhece-se que "o social precisa de constante
escrutínio e reinterpretação teórica" (Joyce, 2010). A
relutância em fazer perguntas contínuas como "Como os
historiadores podem explorar as funções da contabilidade na
sociedade?" não apenas frustra as ambições dos
pesquisadores que estão pensando em entrar no campo, mas
também não faz justiça ao legado daqueles que, no passado,
tentaram corajosamente fornecer algumas respostas.

Agradecimentos

Agradecemos os comentários sobre versões anteriores deste


artigo a Chris Chapman, Wai Fong Chua, David Cooper,
Mahmoud Ezzamel, Keith Robson e aos participantes do
Accounting, Organiza- tions and Society 40th Anniversary
56 S.P. Walker / Contabilidade, Organizações e Sociedade 49 (2016) 41e50

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