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Notas para discussão - Demian Fiocca

ISEB e CEPAL

• O desenvolvimento deveria ser fruto de uma estratégia nacional


definida com a participação das burguesias nacionais e dos
técnicos do Estado
• O desenvolvimento deveria ser o produto de uma estratégia de
industrialização
• O desenvolvimento dos países subdesenvolvidos só seria possível
se fosse fruto de planejamento e de estratégia, tendo como
agente principal o Estado

Aspectos de “Do ISEB e da CEPAL À Teoria da Dependência”, e “A inserção externa e o desenvolvimento”


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ISEB e CEPAL
Diagnóstico:

1. Duas transformações:

a. Passagem do capitalismo mercantil (acumulação de capital) para o


industrial (incorporação de progresso técnico)
-conflito entre capital e trabalho

b. Revolução nacional e origem do Estado-nação moderno: instrumento de


ação coletiva para a estratégia de desenvolvimento
- conflito entre interesses nacionais e externos

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ISEB e CEPAL
Desafios:

Três tendências da industrialização periférica:


•“desemprego estrutural”
•“desequilíbrio externo”
•“deterioração dos termos de intercâmbio”.

ISEB em CEPAL atribuem o subdesenvolvimento não só a fatores internos,


mas também è exploração dos países desenvolvidos.

Papel do Estado: liderar a superação desses desafios.

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ISEB e CEPAL
Sínteses do conceito de desenvolvimento

“...um processo integrado de desenvolvimento econômico, social e político


(...) que dava origem a uma classe orientada para a acumulação de capital e
a inovação (...) e a formação de um Estado-nação moderno que tinha dois
papéis: (...) mercado interno seguro (...) coordenava a estratégia nacional
de desenvolvimento”

“Desenvolvimento “é o processo de acumulação de capital, incorporação de


progresso técnico e elevação dos padrões de vida da população (...) que se
inicia com uma revolução capitalista e nacional; (...) sob liderança
estratégica do Estado nacional e tendo como principais atores os
empresários nacionais”.

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TEORIA DA DEPENDÊNCIA – Departamento de
Sociologia da USP

(i) burguesia nacional não tem autonomia (não plena, pelo menos)
“as elites dos países dominados, revelando sua dependência ou sua
subordinação em relação às elites centrais, associavam-se a elas”
“enquanto a interpretação desenvolvimentista pressupunha que estava surgindo
uma burguesia industrial e nacional, em conflito com as velhas elites latino-
americanas (...) em parte patriarcais, em parte mercantis”

(ii) o desenvolvimento pode ocorrer mesmo assim (sem uma burguesia


nacional autônoma), ainda que encontre limites e seja moldado pela
persistência da dependência, sob formas novas em relação à forma mercantil.
“participação das empresas multinacionais no desenvolvimento, trazendo sua
poupança externa, e dos empréstimos internacionais, também envolvendo
poupança externa, será condição para o desenvolvimento da América Latina”

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ISEB-CEPAL
Referências: “nação” versus “Cosmópolis”
Referências: “desenvolvimento econômico e acordo de classes” versus
“justiça social e conflito de classes”
Referências: teoria do imperialismo: o subdesenvolvimento resultava em
parte do predomínio dos países desenvolvidos

TEORIA DA DEPENDÊNCIA
Referências: “nação” versus “Cosmópolis”
Referências: “desenvolvimento econômico e acordo de classes” versus
“justiça social e conflito de classes”
Referências: teoria do imperialismo: o subdesenvolvimento resultava em
parte do predomínio dos países desenvolvidos

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Vitoria acadêmica da Teoria da Dependência

Nos anos 50, com sucesso da industrialização (Vargas e JK) predominam ISEB
e CEPAL

No final dos anos 1960 e nos anos 1970,


(i) com a superação do conflito entre indústria e setor agro-exportador;
(ii) revolução cubana e guerra fria;
(iii) ditaduras apoiadas pelos EUA e crescimento com desigualdade

Perde espaço a abordagem do ISEB-CEPAL e predomina a Teoria da


Dependência

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Versão do Desenvolvimento nacional-
dependente:

•“Negar a premissa principal [da Teoria da Dependência]: a impossibilidade de


existir uma burguesia nacional ou, mais amplamente, de elites nacionais”
• “A burguesia ou o empresariado nacional e a própria burocracia do Estado
vivem um processo de permanente contradição entre sua tendência a se
identificar com a formação do Estado nacional e a tentação de se aliar ao
capitalismo dos países centrais”
•“...na perspectiva nacional-dependente o desenvolvimento é possível porque
existe sempre a possibilidade de os empresários e os intelectuais voltarem a se
associar aos trabalhadores e aos técnicos do governo”. *
* [por exemplo]: o pacto de classes formado na redemocratização do
Brasil.

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Versão do Desenvolvimento nacional-
dependente:
Crítica da versão nacional-dependente à Teoria da Dependência

•[a Teoria da Dependência] “afirma a impossibilidade da existência de uma


burguesia nacional”
• “caráter não-nacional da burguesia era permanente e intrínseco”
• “[o desenvolvimento] só é possível de forma subordinada ou associada;... “ *
*OBS DF: esta parece ser uma formulação melhor. No livro de FHC e
Faletto, encontrei passagens que negam a autonomia plena da
burguesia nacional (dependente), mas não que afirmem sua
inexistência.

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TEORIA DA DEPENDÊNCIA – em Desenvolvimento e
Dependência da AM

“A interpretação geral aqui sustentada (...) [deve] realçar a contradição entre


a nação concebida como uma unidade social relativamente autônoma (...) e
o desenvolvimento considerado como processo logrado (...) através de
vínculos de novo tipo com as economias centrais”

“A interpretação proposta considera a existência de limites estruturais


precisos para um desenvolvimento industrial controlado nacionalmente,
dentro dos quais jogam as distintas forças sociais”

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TEORIA DA DEPENDÊNCIA – em Desenvolvimento e
Dependência da AM

“ A participação direta de empresas estrangeiras outorga um significado


particular ao desenvolvimento industrial da região” (...) tanto o fluxo de
capitais quanto o controle das decisões econômicas passam pelo exterior;
os lucros, mesmo quando a produção e a comercialização dos produtos
realizam-se no âmbito da economia dependente, aumentam virtualmetne a
massa de capital disponível por parte das economias centrais”

- Vide razões econômicas dos constrangimentos ao controle nacional (p. 130)


- Vide reconhecimento de que “um forte setor estatal” pode aumentar a
autonomia nacional (p. 103)
- Vide restrições objetivas ao sucesso do protecionismo (p. 131)

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TEORIA DA DEPENDÊNCIA – em Desenvolvimento e
Dependência da AM

“nem a relação de dependência (...) implica a inevitabilidade de a


história nacional tornar-se puro reflexo das modificações ocorridas
no polo hegemônico externo, nem estas são irrelevantes para a
autonomia possível da história nacional”

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Gustavo Franco
Diagnóstico do contexto histórico

“ Será justamente o processo de abertura, através de seus efeitos sobre o dinamismo


tecnológico do país, que definirá os contornos básicos do novo ciclo de crescimento”

“Três eixos fundamentais do processo de globalização: (...)


(i) O fenomenal crescimento das redes de filiais de Empresas Transnacionais (ETNs)
resultou numa transição (...) de um status de "federações de filiais" para (...) uma
nova identidade supranacional (...);
(ii) A proliferação de estratégias de ajustamento e racionalização compreendendo
desintegração vertical, outsourcing e relocalização no exterior (...)
(iii) A proliferação de "novas formas" de investimento internacional compreendendo
uma miríade de vínculos financeiros (...) sem necessariamente envolver a
complexidade do processo de investimento direto.”

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Gustavo Franco
Tese

“A perda de importância do Brasil no cenário global (...) cai de sexto a décimo


terceiro no ranking dos países receptores de investimento direto. [de 1980 a 1994]”
[pois...]
“Deve ser evidente que, em tempos de globalização, o investimento direto não pode
ser constrangido a níveis elevados de integração vertical, vale dizer, a níveis baixos
de importação, como foi a norma dos anos 50 e 60 no Brasil”

“a progressiva estagnação da produtividade à medida que, ao longo dos anos 1980,


os níveis de proteção vão atingindo o paroxismo (...) ao custo de eliminar quaisquer
incentivos na direção do aperfeiçoamento produzidos pela competição.”

“A correlação positiva entre produtividade e abertura, conforme já observado, está


solidamente ancorada na experiência internacional”.

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Gustavo Franco
Tese

“ A crise fiscal na raiz desse fenômeno está associada ao crescimento dos gastos
de custeio, em boa medida decorrentes dos efeitos da Constituição de 1988 (...)
A responsabilidade pelo crescimento nos anos a seguir deverá recair
predominantemente sobre o setor privado.”

“ O novo modelo que se esboça, onde a mola mestra do processo é o


crescimento da produtividade, as ações de governo não são, em si,
deflagradoras do processo de desenvolvimento. A dinâmica básica do
desenvolvimento brasileiro começa a prescindir das ações de governo,
especialmente no que toca aos grandes programas e projetos de investimento”

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Gustavo Franco
Crítica do Desenvolvimentismo

“Dois mais importantes pilares da retórica do modelo de substituição de


importações:
(i) a identificação entre desenvolvimento e gasto público e
(ii) a identificação entre autodeterminação (e soberania) com auto-suficiência
(autarquia).”
[abertura melhora a capacidade de reação a crises externas: exemplo 7%
versus 34% de export/import]

“clichês do debate doutrinário, ou uma discussão dessa misteriosa entidade


denominada "o modelo neo-liberal", ou o chamado "consenso de
Washington”

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Gustavo Franco
Defesa do câmbio apreciado

“ em um survey recente sobre os efeitos reais de programas de estabilização


chega-se a uma constatação muito simples: qualquer que seja o modelo e a
trajetória, nos casos onde a estabilização é bem sucedida, é invariavelmente
verificado que a taxa de câmbio ao final do processo é mais alta (mais apreciada)
que aquela verificada no início.” (...)
É típico de todas as experiências hiperinflacionárias que se conhece a ocorrência
de maciças fugas de capital, e as razões para isso devem ser óbvias.”

[questionamento da relevância do critério de PPP]


(história econômica de como o câmbio fixo no mundo teria sido, em certa medida,
um contingência histórica – não é que teria sido de fato melhor – e o câmbio
flutuante é o ápice da melhor teoria econômica]

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Versão do Desenvolvimento nacional-
dependente:
Crítica da versão nacional-dependente à Teoria da Dependência

[Corolário da TD] seria: “já que os países latino-americanos não podem contar
com uma burguesia nacional, não lhes resta outra alternativa senão se
associarem ao sistema dominante e aproveitar as frestas que esse oferece para
que a AL se desenvolva”

“uma condição necessária do desenvolvimento desses países seria o influxo de


poupança externa, já que as oportunidades de desenvolvimento autônomo via
substituição de importações haviam se esgotado”

OBS: parecem críticas mais precisas quando aplicadas às teses de


Gustavo Franco ou ao Governo FHC, do que sobre o texto de
Desenvolvimento e Dependência na AM.

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Fim

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Back up
• - Com a industrialização dos anos 1930, a sociedade latino-americana
deixa a estrutura de oligarquia e massa rural e surgem as classes médias
burguesas e burocráticas (do Estado).
• Surge a possibilidade de aliança da burguesia com as classes populares
(deveria prevalecer o nacionalismo sobre o conflito de classes).
- Getúlio e Perón: “pacto política nacional-popular”

• Tese central da CEPAL: a Lei das vantagens comparativas não se realizava


na realidade, pois o poder econômico dos países centrais e de suas classes
trabalhadoras impediam que os preços dos produtos industriais caíssem
com o avanço da produtividade. Deterioração dos termos de intercâmbio
para os países produtores agrícolas e de insumos.

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