Você está na página 1de 37

CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO

TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA


Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Técnico Integrado em Mecânica

Inspeção & Controle da Qualidade

Profº.: Francisco Carlos Nipo

Abril / 2022
CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Ensaios Mecânicos dos Materiais


Introdução
Propriedade dos Materiais
Essas propriedades podem ser reunidas em dois grupos: propriedades físicas e propriedades químicas.

As propriedades físicas determinam o comportamento do material em todas as circunstâncias do processo


de fabricação e de utilização, e são divididas em propriedades mecânicas, propriedades térmicas e
propriedades elétricas.
As propriedades mecânicas aparecem quando o material está sujeito a esforços de natureza mecânica. Isso
quer dizer que essas propriedades determinam a maior ou menor capacidade que o material tem para
transmitir ou resistir aos esforços que lhe são aplicados.
A elasticidade é a capacidade que o material deve ter de se deformar quando submetido a um esforço, e de
voltar à forma original quando o esforço termina.
A plasticidade é a capacidade que o material deve ter de se deformar quando submetido a um esforço, e de
manter essa forma quando o esforço desaparece.
As propriedades térmicas determinam o comportamento dos materiais quando são submetidos a variações
de temperatura. Isso acontece tanto no processamento do material quanto na sua utilização. É um dado
muito importante, por exemplo, na fabricação de ferramentas de corte.
As propriedades elétricas determinam o comportamento dos materiais quando são submetidos à passagem
de uma corrente elétrica.

As propriedades químicas são as que se manifestam quando o material entra em contato com outros
materiais ou com o ambiente.
CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Ensaios Mecânicos dos Materiais


Os engenheiros e técnicos de qualquer especialidade devem compreender como
as várias propriedades mecânicas são medidas e o que elas representam.
Essas propriedades são necessárias ao projeto de estruturas ou componentes
que utilizem materiais predeterminados, a fim de que não ocorram níveis
inaceitáveis de deformação e/ou falhas em serviço, ou o encarecimento do
produto em função do superdimensionamento de componentes.

As propriedades mecânicas dos materiais são verificadas pela execução de


ensaios cuidadosamente programados, que reproduzem o mais fielmente
possível as condições de serviço. Dentre os fatores a serem considerados nos
ensaios incluem-se a natureza da carga aplicada, a duração de aplicação dessa
carga e as condições ambientais.

Os ensaios dos materiais podem ser classificados quanto à integridade


geométrica e dimensional da peça ou componente ou quanto à velocidade de
aplicação da carga.
CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Classificação dos Ensaios Mecânicos

a) Destrutivos: comprometem a integridade física


da amostra (parcial ou total);
Tração, Dureza, Fadiga, Fluência, Torção,
Flexão, Impacto e Tenacidade a Fratura.
Quanto à intensidade
geométrica e b) Não Destrutivos: não comprometem a integridade física da
dimensional de peça amostra;
Visual, Líquidos Penetrantes, Partículas
Magnéticas, Radiografia industrial (Raios X e
Gama), Ultrassom e Microdureza.
CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Classificação dos Ensaios Mecânicos

a) Estáticos: carga aplicada lentamente (estado de equilíbrio);


Tração, compressão, Flexão, Dureza, Torção.

Quanto à velocidade b) Dinâmicos: carga aplicada rápida ou ciclicamente;


de aplicação da Fadiga e Impacto.
carga
c) Carga Constante: carga aplicada durante um longo período
(carga na unidade de tempo)
Fluência.
CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Conceitos de Tensão e Deformação


Se uma carga é estática ou varia de maneira relativamente lenta com o tempo e está
aplicada uniformemente sobre uma seção transversal ou na superfície de um elemento
estrutural, o comportamento mecânico pode ser determinado por um simples ensaio de
tensão-deformação. Existem quatro meios nos quais uma carga pode ser aplicada: tensão,
compressão, cisalhamento e torção (Figuras a, b e c). Na prática de engenharia muitas
cargas são de torsão em vez de cisalhamento puro, este tipo de carregamento é ilustrado na
Figura d.

Figura: Representação esquemática de como uma carga aplicada gera diferentes deformações (Callister, W.; 2007).
CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Conceitos de Tensão e Deformação


Tensão é definida genericamente como a resistência interna de uma
força externa aplicada sobre um corpo, por unidade de área.

Deformação é definida como a variação de uma dimensão qualquer


desse corpo, por unidade da mesma dimensão, quando submetido a
um esforço qualquer.
CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Ensaio de Tração
O ensaio de tração consiste na aplicação gradativa de carga de tração
uniaxial nas extremidades de um corpo de prova especificado
tecnicamente, conforme mostra a figura abaixo.

Figura: Desenho esquemático de um corpo de prova submetido à carga de tração (Callister, W.; 2007).
CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Conceitos de Propriedades Mecânicas dos Materiais

Tensão convencional, tensão nominal ou tensão de engenharia (σ) é definida genericamente como a
resistência interna de uma força externa aplicada sobre um corpo, por unidade de área.

Onde F é a carga instantânea aplicada em uma direção perpendicular à seção reta da amostra, e Ao
representa a área da seção reta original antes da aplicação da carga, como ilustra na figura a seguir. No
Sistema Internacional (SI), a unidade da tensão de engenharia, chamada somente de tensão, é o Newton
por metro quadrado (N/m²), que é denominada Pascal (Pa), ou o seu múltiplo, o mega pascal (M Pa). Nos
Estados Unidos é usual a unidade libras-força por polegada quadrada, denominada psi (1 M Pa = 1 N/mm²
= 145 psi, 1 psi = 6,9 x 10-³ M Pa).

Nota Técnica: Unidade do Sistema Internacional (SI).


1 kgf é o peso normal do quilograma-padrão, ou seja,
1 kgf = (1 kg) . (9,80665 m/s²) ≈ 9,81 N, (1 kgf = 9,8 N);
1 N = (1 kg) . (1 m/s²) = 1 kg . m/s²;
1 Pa = 1 N/m².
Fonte: Inmetro; 2019.
CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Conceitos de Propriedades Mecânicas dos Materiais


Gráfico Tensão X Deformação
O ensaio de tração permite que as deformações no material durante o ensaio sejam uniformemente
distribuídas no corpo de prova até ser atingida uma carga próxima ao final do ensaio, quando aparece o
fenômeno da estricção ou redução da seção transversal do corpo de prova. Em adição a isso, a velocidade
lenta de aumento da carga durante todo o teste permite medir satisfatoriamente a resistência a tração do
material.

A deformação (uniforme) e a variação desta com a força aplicada é uma informação útil fornecida pela
máquina de ensaio. Esta informação é fornecida na forma de gráfico e mostra a relação entre a força
aplicada e as deformações ocorridas durante o ensaio e onde é possível analisar o comportamento do
material.

Mas o que nos interessa para a determinação das propriedades do material ensaiado é a relação
entre tensão e deformação. No ensaio de tração, o registro da curva tensão/ deformação é feito através de
medições simultâneas da força F aplicada e da variação do comprimento sofrido pelo corpo de prova
durante a realização do ensaio.

A tensão σ, que é expressa em mega pascal (M Pa), Newton por milímetro quadrado (N/mm2) ou em
quilograma-força por milímetro quadrado (Kgf/mm2), é calculada dividindo a força F ou carga aplicada, pela
área da seção inicial da parte útil do corpo de prova, S0.
CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Ensaio de Tração Uniaxial

Corpos de Prova e Máquina de Ensaio Mecânico Universal


CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Ensaio de Tração Uniaxial


CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Comportamento do Corpo de Prova Durante o Ensaio de Tração

Força
(KN)

Deformação (mm / mm)


CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Conceitos de Propriedades Mecânicas dos Materiais

A deformação de engenharia (ε) é definida de acordo com a expressão (Callister, W.; 2007):

Onde lo é o comprimento original da amostra antes da aplicação da carga, e li é o comprimento instantâneo. A


grandeza (li – lo) é simbolizada por ∆l, e representa a deformação ou a variação no comprimento (ou ainda
alongamento) a um dado instante. No Sistema Internacional (SI), a unidade de deformação de engenharia, doravante
denominada somente por deformação, é o metro por metro (m/m); logo, a deformação é unidimensional
(independente do sistema de unidades). Frequentemente, a deformação é expressa em porcentagem (valor da
deformação multiplicada por 100).

Nota: ε = 0,1 mm / mm ( a unidade mm / mm indica, por exemplo, que ocorreu uma deformação de 0,1 mm por 1 mm
de dimensão do material), ou ainda 0,1 mm/mm x 100 = 10%.
CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Conceitos de Propriedades Mecânicas dos Materiais

Região de Comportamento Elástico


Comportamento Tensão (σ) vs Deformação (ε)

A grande maioria dos materiais metálicos submetidos a uma tensão de tração relativamente baixa
apresenta uma proporcionalidade entre a tensão aplicada e a deformação observada, conforme a relação:

Esta relação de proporcionalidade foi obtida a partir da analogia com a equação da elasticidade de uma
mola (F=k.x) onde é conhecida como lei de Hooke. A constante de proporcionalidade E, denominada
módulo de elasticidade ou módulo de Young, fornece uma indicação da rigidez do material (resistência do
material à deformação elástica) e depende fundamentalmente das forças de ligação atômica. No Sistema
Internacional (SI), os valores de E são normalmente expressos em giga pascal (G Pa), devido serem
valores muito elevados (Callister, W.; 2007).
CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

A diferença na magnitude do módulo de elasticidade dos metais, cerâmicas e polímeros é consequência


dos diferentes tipos de ligação atômica existentes nessas três classes de materiais. Além disso, com o
aumento da temperatura o módulo de elasticidade tende a diminuir para praticamente todos os materiais,
com exceção de alguns elastômeros.
Nos materiais metálicos, o módulo de elasticidade é considerado uma propriedade insensível com a
microestrutura, visto que o seu valor é fortemente dominado pela resistência das ligações atômicas.

Tabela: Módulo de Elasticidade para vários materiais à temperatura ambiente. (Callister, W.; 2007).
CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

O processo de deformação no qual a tensão e a deformação são proporcionais é chamado de deformação


elástica. Neste caso, o gráfico da tensão em função da deformação resulta em uma relação linear, conforme
mostra abaixo.

Figura: Diagrama esquemático tensão vs deformação correspondente à deformação elástica para ciclos de carga e descarga
(Callister, W.; 2007).

A inclinação (coeficiente angular) do segmento linear no gráfico tensão vs deformação corresponde ao


módulo de elasticidade E do material, o qual, como já mencionado, pode ser considerado como sendo uma
medida de rigidez ou de resistência do material à deformação elástica; ou seja, quanto maior esse módulo,
menor será a deformação elástica resultante da aplicação de uma determinada tensão (maior rigidez).
CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

A figura abaixo compara o comportamento elástico de um aço e do alumínio à temperatura de 20°C. Para
uma dada tensão, o alumínio deforma elasticamente três vezes mais que o aço.

Figura: Comparação do comportamento elástico de um aço e do alumínio.

A deformação elástica é pequena e não permanente, pois nesse caso os átomos se afastam das posições
originais quando submetidos à carga, mas não ocupam novas posições. Assim, quando cessada a carga
aplicada a um material metálico deformado elasticamente, os átomos voltam às posições originais e o
material tem as suas dimensões originais restabelecidas. Em uma escala atômica, portanto, a deformação
elástica macroscópica é manifestada como pequenas alterações no espaçamento interatômico e na
extensão de ligações interatômicas; como consequência, a magnitude do módulo de elasticidade representa
uma medida da resistência à separação de átomos adjacentes.
CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Comportamento no Gráfico Tensão versus Deformação.


Deformação elástica: é reversível, ou seja, quando a carga é retirada, o material volta às suas dimensões
originais:
# Átomos se movem, mas não ocupam novas posições na rede cristalina;
# Numa curva σ x ε, a região elástica é a parte linear inicial do gráfico.

Deformação plástica: é irreversível, ou seja, quando a carga é retirada, o material não recupera suas
dimensões originais:
# Átomos se deslocam para novas posições em relação aos outros átomos.

Figura: Comparação do comportamento elástico e plástico (Callister, W.; 2007).


CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

CRITÉRIOS PARA DEFINIR O COMPORTAMENTO ELÁSTICO

O nível de tensão em que as deformações plásticas começam depende muito da sensibilidade do


equipamento usado para monitorar o ensaio, já que a transição do comportamento elástico para o
comportamento plástico é gradual. Vários critérios para a determinação que estão disponíveis e do uso
pretendido para os resultados (material que não apresenta patamar de escoamento).
- Limite de proporcionalidade: É a maior tensão em que existe proporcionalidade direta entre as tensões e
as deformações. É o valor em que inicia o desvio do relacionamento linear no diagrama tensão vs
deformação.
- Limite elástico: É a maior tensão que o material pode suportar sem que exista alguma deformação plástica
que se possa medir macroscopicamente, após a completa remoção da carga.
- Limite de escoamento: É a tensão requerida para produzir uma deformação plástica especificada,
usualmente de 0,2 %, quando o material não apresentar um patamar de escoamento.

Figura: Diagrama tensão vs deformação de engenharia com


σ esc definida para uma deformação de 0,2 % (Callister, W.; 2007).
CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Para alguns materiais, tais como o ferro fundido cinzento, o concreto e vários polímeros, a região elástica
da curva tensão vs deformação não é linear. Nesse caso, não é possível determinar um módulo de
elasticidade como visto anteriormente e, assim, utiliza-se normalmente um módulo tangencial ou um módulo
secante, conforme ilustrado na figura abaixo.
O módulo tangencial é descrito como sendo a inclinação da curva tensão vs deformação em um nível de
tensão específico, enquanto o módulo secante representa a inclinação de uma secante traçada desde a
origem até algum ponto específico sobre a curva.

Figura: Diagrama esquemático tensão vs deformação mostrando um comportamento elástico não-linear (Callister, W.; 2007). .
CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Determinação do Módulo de elasticidade (E).

Figura: Diagrama esquemático tensão vs deformação em tração (Callister, W.; 2007).


CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Propriedades Elásticas dos Materiais


Quando uma tensão de tração é aplicada sobre uma amostra metálica, uma elongação elástica e uma
deformação (ez) resulta na direção da tensão aplicada (assumida como sendo a direção z), como indicado
na Figura. Como um resultado desta elongação, existirão constrições nas direções laterais (x e y)
perpendiculares à tensão aplicada; a partir destas contrações, a deformação compressiva ex e ey podem
ser determinadas. Se a tensão aplicada for uniaxial (apenas na direção z), então ex = ey . Um parâmetro
denominado coeficiente de Poisson (ν) é definido como a razão entre as deformações lateral e axial, ou
seja:

ν = deformação lateral / deformação axial


CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

O sinal negativo é incluído na expressão para que ν seja sempre um número positivo, uma
vez que ex e ez terão sempre sinais opostos. Teoricamente, o coeficiente de Poisson para
materiais isotrópicos, mesmas propriedades mecânicas em todas as direções, deveriam ser
0,25; além disso, o valor máximo para ν (ou aquele valor para o qual não existe nenhuma
variação de volume) é 0,50. Para muitos metais e outras ligas, valores do coeficiente de
Poisson variam entre 0,25 e 0,35. Tabela mostra valores de ν para vários materiais metálicos
comuns. Para materiais isotrópicos, os módulos cisalhamento transversal (G) e de
elasticidade longitudinal (E) estão relacionados entre si e com coeficiente de Poisson de
acordo com a expressão.

Tabela: Módulos de elasticidade e de cisalhamento e coeficiente de Poisson. (Callister, W.; 2007).


CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Em muitos metais G é cerca de 0,4 E; assim, se o valor de um módulo for conhecido, o outro
pode ser aproximado.
CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Resiliência (Ur)

A habilidade de um material absorver energia quando deformado elasticamente e retornar, quando


descarregado, às dimensões originais, é denominada de resiliência. Que representa a energia de
deformação por unidade de volume exigida para tensionar um material desde um estado com ausência de
carga até a sua tensão limite de escoamento (σ esc). Portanto, é a área sob a curva tensão vs deformação
de engen

As unidades de resiliência para o Sistema Internacional


(SI) é o joule por metro cúbico (J/m3), que é equivalente
ao Pascal (N/mm2).
A unidade MJ/m3 vem de

Figura: Representação no gráfico (σ vs ε) do módulo de resiliência (Callister, W.; 2007).


CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Conceitos de Propriedades Mecânicas dos Materiais

Região de Comportamento Plástico


Comportamento Tensão (σ) vs Deformação (ε)

Acima de uma certa tensão, os materiais começam a se deformar plasticamente, ou seja, ocorrem
deformações permanentes. O ponto na qual estas deformações permanentes começam a se tornar
significativas é chamado de limite de escoamento.
Durante a deformação plástica, a tensão necessária para continuar a deformar um aumenta até um ponto
máximo, chamado de limite de resistência à tração, na tensão é a máxima na curva tensão-deformação de
engenharia. Isto corresponde a tensão que o material pode resistir; se esta tensão for aplicada e mantida, o
resultado será a fratura. Toda a deformação até este ponto é uniforme na seção. No entanto, após este
ponto, começa a se formar uma estricção, na qual toda a deformação subseqüente está confinada e, é
nesta região que ocorrerá ruptura. A tensão corresponde a fratura é chamada de limite de ruptura.

Limite de Escoamento
O escoamento é entendido como um fenômeno localizado, que se caracteriza por um aumento
relativamente grande na deformação, acompanhada por uma pequena variação na tensão. Isso acontece
geralmente no inicio da fase plástica. Durante o aumento a carga oscila entre valores muito próximos um
dos outros, conforme figura a seguir.
CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Figura: Limite de escoamento (Callister, W.; 2007).

Limite de Resistência à Tração


É a tensão correspondente ao ponto de máxima carga atingida durante o ensaio. Após o escoamento ocorre
o encruamento que é um endurecimento causado pela quebra de grãos que compõem o material quando
deformados a frio. O material resiste cada vez mais à tração externa necessitando de uma tensão cada vez
maior para se deformar. É nessa fase que a tensão começa a subir até atingir um valor máximo, esse
chamado Limite de Resistência, conforme apresentado na figura abaixo.

Figura: Limite de resistência à tração (Callister, W.; 2007).


CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Ductilidade

A ductilidade é outra propriedade mecânica importante. Ela representa uma medida do grau de deformação
plástica que o material suportou até a fratura. Um material que experimenta uma deformação plástica muito
pequena ou mesmo nenhuma quando da sua fratura é chamado de frágil. Os comportamentos tensão vs
deformação em tração para materiais dúcteis e frágeis estão ilustrados esquematicamente na figura abaixo.

Figura: Representação esquemática do comportamento tensão-deformação em tração para materiais dúcteis e frágeis (Callister,
W.; 2007).
CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Ductilidade
A ductilidade pode ser expressa quantitativamente tanto pelo alongamento percentual como
pela redução de área percentual. O alongamento percentual AL % é a porcentagem da
deformação plástica quando do momento da fratura:

A redução de área percentual, RA%, também chamada de estricção, é definida como sendo:
CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Limite de Ruptura

Continuando a tração, chega-se a ruptura do material, no chamado Limite de Ruptura.


Note que a tensão no limite de ruptura é menor do que no limite de resistência, devido à diminuição de
área que acontece no corpo de prova depois que se atinge a carga máxima, conforme figura abaixo.

Figura: Limite de ruptura (Callister, W.; 2007).


CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Tenacidade (UT)

A capacidade de um material absorver energia até o momento da fratura é denominado de tenacidade. Já o


módulo de tenacidade expressa à energia absorvida por unidade de volume, desde o início do ensaio de
tração até a fratura do corpo de prova. O módulo de tenacidade é expresso em unidade de trabalho por
volume (N.m/m³).

UT =

Figura : Representação esquemática da tenacidade para material dúctil (Callister, W.; 2007).
CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Tenacidade (UT)

UT =

Figura : Representação esquemática da tenacidade para material frágil (Callister, W.; 2007).
CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Ensaio de tração: Curva Tensão (σ) vs Deformação (ε)

Curva de Engenharia ou
Diagrama Tensão x Deformação
Convencional.
(Callister, W.; 2007).
CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Tensão Verdadeira e Deformação Verdadeira


Na figura 1, o declínio na tensão necessária para continuar a deformação após passar pelo máximo, ponto M,
parece indicar que o material está se tornando mais fraco. Isto não é, de forma alguma, o caso; na verdade, a resistência
do material está aumentando. Entretanto, a área da seção transversal está diminuindo rapidamente dentro da região da
estricção, onde a deformação está ocorrendo. Isto resulta numa redução na capacidade da amostra em suportar carga. A
tensão, baseia-se na área da seção transversal original antes que qualquer deformação ocorra e não leva em conta esta
redução de área. Equações 1 e 2 são válidas apenas até o surgimento da estricção; além deste ponto a tensão e
deformação verdadeiras deveriam ser calculados a partir da carga real, área de seção transversal e comprimento
reais da base de medida. Uma comparação esquemática dos comportamentos tensão vs deformação de engenharia
e verdadeira é feita na figura 2. A tensão verdadeira necessária para sustentar a crescente deformação continua a
subir além do ponto de tração M'.

Equações 1 e 2

Fonte: Callister, W.; 2007.

Figura 1: Comportamento da curva Figura 2: Comparação entre os comportamentos das


Tensão vs Deformação de engenharia. curvas Tensão vs Deformação (verdadeira, corrigida e engenharia).
CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Características do Ensaio de Tração

• O ensaio de tração consiste na aplicação gradativa de carga de tração uniaxial nas extremidades de um
corpo de prova especificado tecnicamente (norma);

• O ensaio de tração permite que as deformações no material durante o ensaio sejam uniformemente
distribuídas no corpo de prova, quando surge o fenômeno da estricção ou redução da seção transversal
do corpo de prova até ser atingida uma carga máxima próxima ao final do ensaio;

• O aumento da carga lento e gradativo durante todo o ensaio permite medir a resistência que o material
oferece;

• A variação uniforme da deformação e a força aplicada são informações úteis fornecida pela máquina de
ensaio. Esta informação é apresentada na forma de um gráfico, cujo traçado é orientado pelos pontos
experimentais, e mostra a relação entre a força aplicada e as deformações ocorridas durante o ensaio
onde é possível analisar o comportamento do material;

• A determinação das propriedades do material ensaiado é a relação entre tensão e deformação. No


ensaio de tração, o registro da curva tensão versus deformação é realizado por meio de medições
simultâneas da força aplicada e da variação do comprimento sofrido pelo corpo de prova durante a
realização do ensaio;

• A tensão, que é expressa no Sistema Internacional (SI) em mega Pascal (M Pa), Newton por milímetro
quadrado (N/mm2).
CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA
Técnico em Mecânica Campus Itaguaí

Bibliografia

1- Ciência e Engenharia de Materiais Uma Introdução, William D. Callister Jr., 7º


edição, editora LTC, 2007.

2- Ensaios Mecânicos de Materiais Metálicos, Fundamentos teóricos e Práticos,


Sérgio Augusto dd Souza, 5ª edição, editora Blucher, 1982 (14ª reimpressão –
2014).

Você também pode gostar