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Ele promete, e tem, de fato, a intenção de vir, mas depois muda de
idéia e não vem. Ora, isso é um abuso, pois ele levantou certas
expectativas em relação a seu comportamento sem chegar a cumpri-
las. Portanto, é uma inconseqüência.
(…) não nos podemos limitar simplesmente à proposição, quando
queremos explicar o que não está certo, mas devemos levar em
consideração “toda a situação” na qual a expressão lingüística ocorre. John L. Austin
(1911-1960).
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palavras e formas para exprimir as sutilezas da seqüência temporal. Assim, a raiz ma,
que significa vir, caminhar para cá, não contém o significado coberto pela nossa
palavra chegar. Nem qualquer determinação (…) que nós expressamos por “eles
vieram, eles chegaram”. A forma boge laymayse, que ouvi naquela memorável
manhã, na aldeia lacustre, significa para um nativo “eles já estão vindo para cá” e não
“eles já chegaram aqui”.
A fim de se realizar a definição espacial e temporal que obtemos usando o
pretérito perfeito do indicativo, os nativos recorrem a certas expressões concretas e
específicas. Assim, no caso citado, os aldeões, para comunicar o fato de que as canoas
chegaram, teriam usado a palavra ancorar, fundear. “Eles já ancoraram suas canoas”,
boge aykotasi, teria significado aquilo que eu supus ter sido expresso por boge
laymayse. Quer dizer, neste caso, os nativos usaram uma diferente raiz, em vez de
uma simples modificação gramatical.
(…). A curiosa expressão “remamos em lugar” só pode ser adequadamente
entendida se nos apercebermos de que a palavra remar tem aqui a função, não d
descrever o que a triupulação está fazendo mas, outrossim, de indicar a sua
proximidade imediata da aldeia de destino. Exatamente como no exemplo anterior
(…), também no caso presente a raiz nativa ua, ir para lá, ir naquela direção, não
podia ter sido usada (aproximadamente) no pretérito perfeito do indicativo para
transmitir o significado de “chegaram lá”, mas uma raiz especial que expressa ao ato
concreto de remar é empregada para assinalar as relações espaciais e temporais da
canoa dianteira com as outras. A origem dessas imagens é óbvia. Sempre que os
nativos chegam perto do litoral de uma das aldeias das outras ilhas, eles têm que
arriar a vela e usar os remos, visto que a água é muito profunda, mesmo junto à praia,
e varar a canoa é impossível. Assim, “remar” significa “chegar à aldeia de uma outra
ilha”. Acrescente-se que nesta expressão “remamos em lugar”, as duas palavras
restantes, em e lugar, teriam de ser retraduzidas, numa interpretação livre em nosso
idioma, por perto da aldeia.
Talvez não seja necessário acentuar que tudo o que eu disse nesta seção é
apenas uma ilustração baseada num exemplo concreto dos princípios gerais tão
brilhantemente formulados por Ogden e Richards (…). O que tentei deixar claro pela
análise de um texto lingüístico primitivo é que a linugagem está essencialmente
enraizada na realidade da cultura tribal e dos costumes de um povo, e que não pode
ser explicada sem uma constante referência a esses contextos mais amplos da
expressão verbal. Bronislaw Malinowski (1884-1942).
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II – APÊNDICE
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1 – Hiponímia
(...) levar-nos à noção de INCLUSÃO no sentido em que tulipa e rosa estão incluídas
em flor, e leão e elefante em mamífero, (ou talvez animal). (...) A inclusão tem
portanto a ver com a inserção numa determinada classe. (PALMER, 1979: 91).
Para que haja esta relação hiponímia, faz-se mister algumas condições
necessárias: os termos inclusos devem pertencer à mesma classificação; e, o
critério da classificação é aquilo que têm em comum, tornando assim a
multiplicidade organizada (conjuntivamente) numa unidade. A unidade é
conjunto assim como a multiplicidade é subconjunto daquela.
Se tulipa e rosa são casos de flor, então tulipa e rosa pertencem ou estão
contidos – agrupados – num conjunto maior que lhes é característico: se por um
lado, tulipa e rosa sejam reconhecidos, discriminados ou diferenciados em sua
singularidade; por outro, são identificadas, unificadas por sua particularidade:
ambas são espécies dum gênero a que se submetem a serem classificadas.
Por que classificamos? Para organizar os dados sensíveis de modo em que
gêneros e espécies estejam hierarquizados em formas conjuntivas que pressupõem
ou implicam relações hiponímicas: conjuntos/subconjuntos. O trâmite da
Lógica381 das combinações dependem desse extrato lingüístico, pois o pensamento
(movimento) está subordinado aos elementos da língua ou tipo de linguagem
(formato e conteúdo).
Em suma, a relação hiponímica é uma relação de dependência lógica entre
subordinados e sobre-ordenadores. Detalhe, como categoria de relação, o que é
gênero numa relação com seus elementos agrupados será espécie para um
conjunto ou classe maior de que faz parte. Por exemplo: se ‘flor’ é gênero de suas
espécies ‘tulipa’ e ‘rosa’, por sua vez, ‘flor’ é espécie ou aspecto de vegetal. Flor,
folha, caule, frutos e raiz são hipônimos de vegetal, uma vez que vegetal é um
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gênero que abarca, engloba em seu bojo os aspectos constituintes: flor, folha,
caule, frutos e raiz.
O termo usado por Lyons para referir esta relação é Hiponímia. O termo
<superior> é o SUPERORDENADO e o <inferior> o HIPÔNIMO. (PALMER, 1979:
91).
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contingente (duas flores serem belas) como algo necessário estendido ao seu
gênero (as flores são belas).
Se no primeiro momento temos uma contradição lógica – de caráter
predominantemente sintagmático –; no segundo momento temos uma confusão
categorial (a tomada de um pelo outro), sendo tal fenômeno um desdobramento
semântico da noção necessário/contingente – de caráter predominantemente
paradigmático III382 –. Para sintetizar o conteúdo citarei Luciano Amaral Oliveira:
2 – Pressuposição
(...) Podemos fazer contrastar É significativo que o João chegasse cedo com É
provável que o João chegasse cedo e, da mesma maneira, Lamento que ela o dissesse
com Suponho que ela o dissesse. Na primeira frase de cada par a afirmação contida na
oração subordinada é pressuposta (...); na segunda não é.
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(...) aquilo que é pressuposto pode ser identificado pelo facto de as pressuposições não
serem afectadas pela negativa, isto é, logicamente implícitas tanto na frase afirmativa
como na negativa correspondente. Assim, (...) não lamento que ela o dissesse continua
a implicar que ela o disse. Assim, a pressuposição é aquilo que está implícito numa
frase positiva e na negativa correspondente. (PALMER, 1979: 167).
(...) O João casou / não casou com a irmã de Fred implica que Fred tinha uma irmã;
(...) Ele bebeu / não bebeu outro copo de cerveja implica que ele já tinha bebido pelo
menos um copo. (...). O João estava / não estava preocupado com a infidelidade da
mulher sugere-se que o que é pressuposto é que a mulher do João era infiel. Mas em
relação à negativa isso não é necessariamente verdade, podendo a frase negativa
significar ou que ela era infiel mas ele não se preocupava com isso, ou que ele não se
preocupava porque ela não era fiel. Por outras palavras, a negativa pode negar aquilo
que se alega ser ao mesmo tempo pressuposição e asserção, e nesse caso o teste pela
negativa tem de falhar. (PALMER, 1979: 167 e 168).
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3 – Acarretamento e Pressuposição
A noção de hiponímia pode ser estendida para sentenças. Assim chegamos à noção de
ACARRETAMENTO. Observemos as sentenças:
A situação descrita em (29) está incluída na situação descrita em (28). Portanto, (29) é
hipônima de (28). Uma outra maneira de expressar essa relação é dizer que (28)
ACARRETA (29). (FIORIN Vol. II, 2007: 145).
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= conjuntos/subconjuntos – mas como especificamente sentencial, afirmando o
passado pelo tempo verbal empregado como extensão do mesmo ato. Então, (29)
não é hipônima de (28), pois falta-lhes a classificação – apesar de serem
implicativas – mas (28) acarreta (29) por condições morfológicas (no caso aqui é
o verbo em seu aspecto temporal) de modo a derivar outra sentença como
condição necessária de (29) = (28). Voltemos à explicação das autoras383:
Ducrot (1972) fala de três tipos de implícitos. O primeiro tipo é aquele baseado
no enunciado, o qual deixa “não-expressa uma afirmação necessária para a
completude ou para a concorrência do enunciado, afirmação à qual a sua própria
ausência confere uma presença de um tipo particular: a proposição implícita é
assinalada – e apenas assinalada – por uma lacuna no encadeamento das proposições
explícitas”. Um exemplo (...): “Zé ta muito educado e solícito, logo ele ta querendo
pedir alguma coisa”. Nesse exemplo, fica implícito que Zé não costuma ser educado
nem solícito a não ser quando quer pedir alguma coisa. (OLIVEIRA, 2008: 131-132).
383São elas: Ana Lúcia de Paula Müller e Evani de Carvalho Viotti. Elas escreveram o texto do
capítulo sobre Semântica Formal.
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não é de seu feitio, inclinamo-nos a afirmar: há algum interesse diferenciado para
que haja uma ação diferenciada. É um modo analógico de pensar: “Conduta
regular, intenção costumeira; conduta irregular, intenção ou motivo diferente do
habitual”. Um comportamento costumeiro deve estar motivado para tal, pois todo
ato humano é motivado. Uma atitude incomum requer por analogia à sua
motivação um desejo ou meta também incomum. Interpretamos atos por uma
questão de freqüência: conduta usual, motivo relacionado ao temperamento
próprio da pessoa; conduta inusitada, motivo interpretado como um intento (um
meio) para atingir um objetivo (finalidade). O meio de que nos servimos para
atingir a finalidade almejada é calculada ou avaliada mediante ao contexto interno
do motivo perante o ato incomum: “quem age para agradar (mais do que de
costume) pretende pedir algo: um favor”. Este estudo que proponho adicionado às
citações de S. Freud sobre apraxia e de K. Manheimm sobre função dos
pensamentos e práticas por implicação envolve uma interdisciplinaridade entre
tais autores e o Ato Ilocutório de J. L. Austin: meu contributo é explicitar por
quais critérios predicamos a intencionalidade do agente informacional =
Teleologia. Tal resultado da interpretação já não seria possível caso a pessoa em
questão tivesse o hábito de ser assim – independentemente do resultado; ou
mesmo se a pessoa estivesse habituada a agir assim quando recebesse um favor: aí
o motivo da ação seria para retribuir o favor feito. Contudo, para alguém que com
freqüência age querendo ajudar somente na condição de “pedir algo em troca” fica
estigmatizado como interesseiro, ou seja, alguém incapaz de dar algo por
gratuidade (no sentido de estar satisfeito por dar). Aqui está um exemplo de ação
instrumental (que faz das pessoas como meios: uma ação extrinsecamente
motivada) da ação social (que age para atingir a pessoa, uma ação
intrinsecamente motivado).
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o contexto é o que permite ao locutor descobrir o que está subentendido, o que é
exterior ao significado literal. (OLIVEIRA, 2008: 132).
O terceiro tipo de implícito, que não está baseado na enunciação, é o que Ducrot
chama de pressuposição lingüística ou simplesmente de pressuposição, em que há
384Um dos aspectos da eloqüência. Esta é uma sub-área da Retórica: corresponde ao como
se diz, à maneira de expressar algo. Também é conhecida – pelo menos este aspecto – como
Estilística.
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presença de dois elementos: o posto e o pressuposto. (...) No enunciado “O Brasil não
está mais na Copa do Mundo”, o pressuposto é o Brasil esteve na Copa do mundo e o
posto é “o Brasil não está na Copa do Mundo”. (...).
Vogt lembra que “o posto constitui a significação explícita do enunciado e o
pressuposto, a sua significação implícita”. (OLIVEIRA, 2008: 132).
385 Figura de linguagem a revelar uma maneira dócil de nos reportarmos a alguém:
geralmente empregado para diminuir o impacto duma emoção já esperada por parte da
segunda pessoa (para quem se fala).
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implicativa entre antecessor-sucessor, sendo a dependência necessária do sucessor
em relação ao antecessor.
4 - Implicaturas
(...) Um dos raros exemplos de Grice diz respeito à implicatura que resulta do uso de
“mas” em vez de “e” em uma frase como “O João é dirigente desportivo, mas é
honesto” – que tem não só o significado explícito de que o João é um dirigente
desportivo, mas também o implícito (por implicatura convencional), de que a
combinação dessas duas características em uma mesma pessoa é inesperada. Uma vez
que a versão “mas” induz a implicatura e a versão “e” (“o João é dirigente desportivo
e honesto”) não induz, então, dado que ambas têm exatamente as mesmas
CONDIÇÕES DE VERDADE, conclui-se que as implicaturas convencionais não
derivam das condições de verdade da frase que as induzem e, logo, que não são
identificáveis com IMPLICAÇÕES. (MURCHO, GOMES e BRANQUINHO Org.
ANTÔNIO HORTA BRANCO e PEDRO SANTOS, 2006: 398 e 399).
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temos uma interpretação intencional de quem se fala; aqui em relação a “João”,
temos uma interpretação, um predicado que não se atribui a João propriamente
dito, mas ao juízo de valor que o locutor tem da classe de dirigentes desportistas e
– que por ventura – João faz parte (é um caso).
Para resumir: no primeiro tipo temos uma interpretação psíquica da
volição da pessoa de quem falamos – e para isso temos uma conjuntura
pragmática como base! –; na implicatura convencional temos o critério do
conectivo como base (critério) para interpretamos o predicado adversativo entre
dirigente desportista e honestidade: mas que não está necessariamente nos atos de
“João”, mas na mente do elocutor. A diferença crucial entre ambas é que se a
primeira guarda uma necessidade interpretativa psico-pragmático-volitivo-social;
na segunda, temos apenas uma visão geral – predominantemente indutiva e,
portanto, contingente – duma classe ou grupo de pessoas. Aquele versa sobre a
ação; este, sobre o conceito indutivo que versa sobre uma classe temos (o locutor)
da pessoa em questão.
Os autores Antônio Horta Branco e Pedro Santos afirmam que a
implicatura convencional não é uma implicação. Compreendamos o seguinte: em
qual aspecto? No aspecto de algo necessário a ser implicado a “João” não é uma
implicação; contudo, no aspecto de que quem se utiliza do termo adversativo –
como o caso de “mas” – revela a qualificação que o locutor imagina de “João” que
pertence à classe de dirigentes desportivos já predicada como incompatível (ou
pelo menos com contrário à expectativa que se têm dele) ao atributo ou adjetivo
“honesto”.
(...) (“mas” transporta sempre a mesma implicatura convencional qualquer que seja o
contexto de elocução de frases em que ocorram) e são separáveis (uma vez que, como
seu viu, é possível que, quando o item que as induz é substituído por outro idêntico no
contributo que faz para as condições de verdade das frases em que ocorrem, a
implicatura não seja preservada). (MURCHO, GOMES e BRANQUINHO Org. ANTÔNIO
HORTA BRANCO e PEDRO SANTOS, 2006: 398-399).
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Vejamos o conceito de valor e sistema, pois eles são antecedentes
cronomicamente em relação à formação daquilo que se convencionou chamar:
teoria dos campos.
A noção de CAMPO também aparece na escola psicológica denominada de
387
Gestalt . Esta noção será deduzida da atividade de atribuir significado
(significação) e das associações ou os critérios pelos quais elas se dão. Discorrerei
na seguinte seqüência os temas: valor, sistema, associações de campo e,
finalmente, campos semânticos. Este último será valiosíssimo como técnica ou
método de explicitação do significado através de determinadas operações
associativas para, depois, abrir campo de investigação na e para a Pragmática.
5. Valor/Sistema/Associações
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Se observarmos diversas árvores e estudarmos seus elementos, relações entre as
partes e funções desempenhadas = sistema, expandiremos o conceito de ‘árvore’.
Tanto os aspectos sensoriais, como os afetivos e os cognitivos sintetizaremos no
significante ‘árvore’.
Embora haja quase total assentimento de que qualquer árvore em nossa
frente será nominada de ‘árvore’, haverá diferenças apreciativo-semânticas: tanto
quanto ao conteúdo afetivo (conotação) como ao conteúdo cognitivo (denotação).
Bem, para alguém com grande variedade de contato com árvores poderá haver
diferença também na denominação se o que vejo ou é ou não é uma árvore.
Quanto maior o número de contato com as espécies, mais elementos teremos para
distinguir, para atingir aquilo que há de comum a todas as árvores. Tanto as
espécies dependem da classificação para serem reconhecidas e comparadas, como
o gênero depende da variedade das espécies para ser conceituado de modo
preciso. Filosoficamente, atingir o que tem de essencial num objeto é
considerarmos aquilo que se repete, aquilo que há de comum em todas as
variedades ou tipos de árvores (em contraposição ao que cada uma tem de
acidental, variável).
(...) Todo o pensamento , toda a referência, foi sustentado, é uma adaptação de vida
aos contextos psicológicos que interligam os elementos em contextos externos. Por
mais “universal” ou mais “abstrato” que seja a nossa adaptação, a explicação geral do
que está acontecendo é a mesma. Desta maneira, chegamos a um sentido claro e
definido de “significado”. De acordo com isto, o significado de A é aquilo que o
processo mental interpretando A esta adaptado. É este o mais importante sentido em
que as palavras têm significado. (OGDEN-RICHARDS, 1972: 206).
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diferenciada, usaremos termos com noção gradativa entre diferentes espécies de
cor-de-rosa.
Ao empregarmos a palavra azul céu, azul-royal e azul-marinho traremos a
noção conjunto de que reconhecemos pertencerem à matiz azul (gênero) e,
simultaneamente, como sendo diferentes entre si (espécies).
A ocorrência do objeto que estimula nossa percepção sensorial mais os
termos empregados bastam para associarmos o estímulo sonoro-visual (fala-
escrita) à correspondente percepção sensorial: tanto ao vermos quanto a vermos
alguém apontar e dizer: esta flor é vermelha. Associar é comparar situações
regulares e extrair-lhes um vínculo associativo: uma espécie de reação entre fala e
imagem, entre fala e conceito.
Se alguém afirmar: “Gosto da pessoa x”, e outra afirmar “Sinto carinho
pela pessoa x”, e outra afirmar “Sinto ternura pela pessoa x” e outro afirmar
“Desejo a pessoa x” e ainda, “Estou apaixonado pela pessoa x”. A cada um destes
termos ocorrerão duas etapas:
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exato momento ouvirmos alguém proferir – duma determinada maneira – “Gosto
da pessoa X”. Nessa comparação entre outras pessoas e a pessoa singular que nos
fala, inferiremos uma certa qualidade, um certo modo de ser, um certo grau de
intensidade para este ‘gostar’.
Tanto o caso formativo (1º caso) como o caso modal (2º caso) denominá-
lo-emos de pragmáticos (classificatórios e modais)! Pois o fenômeno complexo de
apreendermos significados a um significante = significação primária =
assimilação de gênero; e o segundo fenômeno complexo de inferirmos
significados a um significante = significação secundária = aplicação do gênero ao
caso singular e comparação de outros modos com o respectivo modo presente na
pessoa que fala. No 2º caso temos o reconhecimento classificatório (gostar
significa tal situação pela pessoa X) e, também, um inferimento ou predicação
(gostar da maneira como esta pessoa fala comparado ao que outras pessoas falam
representa uma qualidade tal de intensidade tal à pessoa X).
Acabou? Não! Pois o processo de significar contém uma terceira etapa:
visa aos comportamentos, às atitudes que as pessoas que dizem “gostar” têm com
a pessoa X. Então,
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qualidade da intenção ou sentimento da pessoa em face do comportamento que ela
tem em comparação com mais pessoas que afirmam o mesmo em casos similares.
Sintetizando:
2º e 4º casos são comuns quanto à comparação entre os modos de dizer (2º caso)
e os modos de agir (4º caso). Aos modos de dizer inferiremos qualidade e
intensidade: pela maneira como se expressa na fala (2º caso); aos modos de se
comportar (atitudes para com a pessoa X) na relação entre ação e intenção (4º
caso). Comparar = avaliar a qualidade e intensidade para apreciar a
ação/comportamento em relação à pessoa X inferir o grau da intenção (ou afeto)
em relação à pessoa X.
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Uma contrariedade pragmática ocorrerá quando afirmarmos “Não gosto da
pessoa X” quando o tratamento da pessoa para com X for do de “Gosto da pessoa
X”. Teremos uma contrariedade performática: o fenômeno da Negação. É
quando a boca nega o que o sujeito afirma em seus atos. A intenção está do lado
(equivalente) à ação, mas não à fala. O critério para reconhecermos tal fenômeno
é o comportamento – mas em detrimento – à fala.
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deles. O valor é um conceito – uma categoria explicativa da lingüística a conferir
um significado por oposição que um termo está submetido a uma malha, a um
conjunto de significantes com significados próximos. Somente na comparação
destes termos adquiriremos uma diferença, uma discriminação: seja por
intensidade (gradação), seja por situações (contextos extra-lingüisticos).
(…). o valor que um termo tem em relação aos outros termos do sistema lingüístico é
essencial para o estudo do significado, como demonstra o famoso exemplo dado por
Saussure: “sinônimos como recear, temer, ter medo388 só têm valor próprio pela
oposição; se recear não existisse, todo seu conteúdo iria para seus concorrentes”.
Portanto, cada palavra da língua tem seu conteúdo semântico influenciado pelo
conteúdo semântico das outras palavras dessa língua, e todas as palavras, por se
relacionarem entre si, fazem da língua um sistema estruturado. (OLIVEIRA, 2008: 60).
(...) Quando vemos palavras diferentes, supomos que deve haver também alguma
diferença no significado, e, na vasta maioria dos casos, há de facto uma distinção,
muito embora ela possa ser difícil de formular. Muito poucas palavras são
completamente sinônimas no sentido de serem permutáveis em qualquer contexto,
sem a mais leve alteração de significado objectivo, do tom sentimental ou do valor
evocativo. (ULLMANN, 1973: 294).
388Se nesta mesma cadeia estivessem os termos ‘sinto pânico’ e ‘apavorado’, certamente eles
estariam no topo da escala enquanto intensidade da emoção.
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Outro modo ainda de diferenciar os sinônimos é agrupá-los numa série em que os seus
significados e tonalidades distintivas por-se-ão em relevo por contraste (...).
(ULLMANN, 1973: 297).
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Vale lembrar que a noção da arquitetura como esqueleto da obra, alicerces (de
ferro que sustentam o cimento); bem como para os biólogos e médicos a
dissecação em partes e as funções de cada órgão, e, por fim, dos lingüistas e
filósofos da linguagem, ao esboçarem a construção das palavras pelas letras, das
frases pelas palavras e do texto pelas frases, revelam os graus de montagem dum
dado fenômeno como graus de complexidade combinatória. Para estes, a idéia de
combinação(assim como para a química) expõe uma sintaxe (o sintagma de
Saussure) pela qual servir-nos-emos para interpretarmos a partir de seus
elementos (morfologia = substantivo, adjetivo, advérbio etc..) e das funções deles
dentro da frase, perante as funções (sintaxe = sujeito, verbo, complemento). Já a
noção de estruturas de parentesco de Strauss, denota o caráter formal, de conjunto
a que nossa conduta está subordinada à classe parental a que o indivíduo se
reporta, e não ao indivíduo singular. Seja a apreciação da posição como sintagma
(função), seja como paradigma (conjunto, classe que o identifica), o efeito
simbólico, representacional deve à posição e à classe as categorias explicativas
que são homólogas entre a Antropologia e a Lingüística, como também entre a
Química (posição) e a Biologia (classe, morfologia, tipos de células). Minha visão
ou valor das relações entre as partes em relação a um todo é complementar e não
dissociativa como nos formalismos estruturalistas vulgares.
O conceito de homologia estabelece uma relação de determinação e
independência relativa entre níveis ou âmbitos de atuações. Tais âmbitos não se
misturam, mas mantêm interações e determinações.
Esta procura das relações constitutivas da totalidade não deve porém ser
concebidas em termos reducionistas, como nivelamento de certas unidades a outras
unidades, mas antes como uma procura de homologias que preserva os níveis de
especificidade e garante – graças uma série de permutações – uma conexão dialética e
não mecânica. (BONOMI, 2001: 125).
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pragmática.Então, um sistema é um movimento através do qual os elementos
estão numa rede de relações389.
(...) todas as palavras estão cercadas por uma rede de associações que as ligam com
outros termos. Algumas dessas associações baseiam-se em ligações entre os sentidos,
outras são puramente formais, enquanto que outras, finalmente, envolvem ao mesmo
tempo a forma e o significado. Na fórmula gráfica de Saussure, <Um termo dado é
como que o centro de uma constelação, o ponto onde convergem outros termos
coordenados, cuja soma é indefinida>. (ULLMANN, 1973: 498).
Quando ouvimos ou lemos a frase Comprarei uma casa, por exemplo, o significado de
casa é ativado em nossa mente. Entretanto, esse significado não está relacionado a um
referente específico, a uma coisa específica, mas sim a um referente prototípico que se
plasma em nossa mente ao armazenarmos o significado de casa. E esse significado
suscita imagens distintas na mente de indivíduos distintos: o que eu imagino como
sendo uma casa ao ouvir a palavra casa não é a mesma coisa que Bill Gates imagina e
nem o que um morador pobre de uma favela imagina. (OLIVEIRA, 2008: 63).
389 Tal qual um único fio está interligado numa teia de aranha.
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Um operação mental de significação por sucessão é um sintagma, sendo a
Sintaxe um grau maior de relações, pois estuda as relações entre morfemas na
frase: sua disposição e os significados interpretados pela relação
antecessor/sucessor.
Por outro lado, fora do discurso, as palavras que oferecem algo de comum se
associam na memória e assim formam grupos dentro dos quais imperam relações
muito diversas. Assim, a palavra francesa enseignement ou a portuguesa ensino fará
surgir inconscientemente no espírito uma porção de outras palavras (...); por um lado
ou por outro, todas têm algo de comum entre si. (SAUSSURE, 2006: 143).
O que está em jogo aqui é o critério pelo qual associamos: num temos uma
combinação a ser interpretada em sua sucessão; a outra, a ser interpretada pelo
conjunto ou seleção de termos por determinadas características em comum.
Além da relação muito especial e sui generis que une o nome ao sentido, as
palavras estão também associadas a outras palavras, com as quais têm qualquer coisa
em comum, no som, no sentido, ou em ambos ao mesmo tempo. A palavra light [luz],
por exemplo, estará ligada com darkness [escuridão], day [dia], sun [sol], etc., por
associações entre os sentidos; com o adjectivo light<leve>, porque duas palavras
homônimas; e com o adjectivo light<claro>, o verbo to light [iluminar], o substantivo
lightning [relâmpago], etc., tanto por razões formais como semânticas. (ULLMANN,
1973: 130 e 131).
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(ensinamento – desfiguramento – armamento – etc.) é formado por palavras que
possuem o mesmo sufixo; e as palavras do quarto grupo (ensinamento – elemento –
lento etc.) estão relacionadas por razões fonológicas. (OLIVEIRA, 2008: 72).
6 – Componentes Semânticos
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componentes semânticos versam sobre o significado: envolvendo relações entre
gênero e espécie. Para tal, usamos as expressões ‘+’ e ‘–’respectivamente denotar:
presença e ausência do predicado que aparece após estes sinais.
Por exemplo:
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falante entende por básico no dia-a-dia quanto à qualidade de ser o mais geral
possível. Em segundo lugar, o processo de análise dos componentes semânticos que
podem ser identificados na maioria das palavras resulta numa análise pouco
sistemática e pouco econômico. (OLIVEIRA, 2008: 69).
Mas por quê? Porque além de humano, temos vegetal e mineral; e, além de
mamífero, termos anfíbio e réptil. Estas classificações não são pares antitéticos,
pelo simples motivo de terem mais de dois termos em sua classificação.
393Ao empregar este adjetivo refiro-me à falta de sensibilidade, interesse e perspicácia, bem
como uso indevido, descomprometido e superficial. E para tanto é desnecessário ter o 3º
grau de instrução (faculdade) ou mesmo mais: depende duma atividade, dum exercício e
cuidado...o que envolve escolha e, portanto, ética. Somos, também, aquilo que fazemos da
comunicação: o que falamos, como falamos e para quais propósitos.
394 Ou, segundo o lingüista dinamarquês LOUIS HJELMSLEV: plano do conteúdo.
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sistema lógico-categorial395 das classes de palavras que são
organizaçõesintelectivas de nosso entorno em conjunto e sub-conjuntos (formas
conjuntivas)396.
7 – Campos
(...) a teoria dos campos teve uma importância fundamental para os destinos dos
estudos do significado. (...). A teoria dos campos incorpora a orientação estruturalista
saussureana à semântica, abandonando o caráter atomístico dos estudos do significado
que seguem uma orientação historicista, já que a semântica histórica analisa elementos
isolados enquanto a semântica estrutural analisa elementos dentro de um sistema.
(OLIVEIRA, 2008: 67).
Porém, há seleção de termos que não dizem respeito aos critérios acima
expostos: eles pertencem a uma outra ordem ou âmbito: são os casos de
associações entre termos por fatores externos (sensoriais): ao relacionarmos ou
selecionarmos: terra, plantação, enxada, semente referimo-nos a um conjunto de
atos ou movimentos com específicos elementos: no plantio, está em questão todos
esses materiais ou utensílios. Logo, são agrupados por questões pragmáticas pelos
395 Lógico porque estabelece relações necessárias entre os conjuntos; categoriais porque
alguns deles são pares antitéticos. Numa combinação entre os dois temos aquilo que me
referi sobre E. Husserl, G. Ryle, I. Kant e N. Hartmann: o estudo de suas relações na Teoria do
Conhecimento. Também denominada por Husserl e Kant por: Lógica Transcendental. Ryle, e
em menor medida Hartmann, parece ser os únicos a estabelecerem uma conexão Ética entre
a maneira que empregamos estas relações lógico-categoriais.
396Formando um sistema classificatório responsável pelo articulação: pelo trâmite do
pensamento dedutivo (inferencial).
573
quais executamos alguma ação.Há também seleção de elementos por estarem
dispostos em proximidade: nalgum tipo de sucessão: se for estática denominá-lo-
emos de sucessão espacial (chão, parede, coluna, teto, calha etc.); se for
dinâmico chamá-lo-emos de sucessão temporal (início, meio e fim de um
movimento). O primeiro corresponde a uma determinada disposição das partes de
um todo (conjunto); já o segundo, corresponde a um determinado processo dos
momentos de algo em movimento. Ambos pertencem ao eixo sintagmático-
metonímico de nosso entorno. Será uma seleção por contigüidade. Entretanto, se
agruparmos os seguintes elementos: borboleta, avião, águia e morcego; qual será
então o critério de tal agrupamento? Será um seleção por verossimilhança: todos
eles voam e têm asas. Seja na ação equivalente, seja no formato similar, ambos os
aspectos pertencem ao eixo paradigmático-metafórico de nosso entorno. Cabe
ressaltar uma diferença entre dois tipos de Campos: os lexicais e os associativos.
Fica claro, portanto, que os campos associativos e campos lexicais não são a
mesma coisa. Enquanto os campos lexicais se estruturam de forma exclusivamente
lingüística, os campos associativos se organizam a partir de fatores extra-lingüísticos.
(OLIVEIRA, 2008: 73).
(...) Quando se diz aqui que os campos lexicais se estruturam de forma exclusivamente
lingüística, quer-se dizer que os itens que compõem um campo lexical estão
relacionados por componentes de significação. Por exemplo, as palavras livro,revista e
jornal fazem parte do mesmo campo lexical pelo fato de compartilharem os
componentes [ENTIDADE INANIMADA] e [PARA SER LIDO]; as palavras professor e
professora, por sua vez, fazem parte de um outro campo lexical e compartilham os
componentes [HUMANO] e [QUE LECIONA]. Entretanto, as palavras professor,
professora, livro e aula não pertencem ao mesmo campo lexical, embora sejam
574
facilmente associadas uma às outras por quem tiver tido a experiência de estudar numa
escola, formando um campo associativo. (OLIVEIRA, 2008: 73).
4) Esta última e quarta etapa está para além do escopo deste volume; contudo,
proponho uma axiologia como um exame valorativo dos efeitos de todo o
conjunto das três etapas ou formas de atuação. Se o significado total 397 é uma
intrincada rede de associações das formas de vida comum (3), dos atos e discursos
singulares (2) e plano de ação instrumental (1) e se – conforme minha Tese – há
uma homologia entre Discurso, Comportamento e Intenção (pelos efeitos destes
dois últimos a ativarem os desvios comunicativos), então, os expedientes
falaciosos e destituidores intersubjetivos serão empregados em cada caso de
575
Intenção/Comportamento (quando estes foram avaliados pelas conseqüências). Os
fatores associativos e lexicais, mais as regras de seleção combinação (sintaxe), as
de sentido (semântico) e a de significado global (pragmático) são uma
complexíssima montagem de significado e, como tal, necessita de diversos
âmbitos pelos quais uma visão de mundo ou juízo totalizante398 seja proferido
com precisão.
O campo lexical na citação de Luciano Amaral Oliveira equivale aos
instrumentos culturais e aos cargos sociais agrupados por classificação quanto ao
que tem de comum (critério metafórico399). Já, o campo associativo relaciona-se
com o aspecto institucional (pessoas e objetos), mas poderiam ser também juízos
de valor: adjetivos, implicações dos comportamentos (de algum setor institucional
específico). Corresponde a algum tipo de sucessão (critério metonímico400).
398 Seria isso uma pretensão de significado absoluto? Não, pois a significação é contínua;
porém, é totalizante no aspecto de incluir todos os setores suscetíveis de serem associados
para, em conjunto, significarem, inferirem ou predicarem algum fenômeno na malha sócio-
cultural.
399 Pertence ao eixo paradigmático: campo de associações = critério de similitude.
400 Pertence ao eixo sintagmático: campo de combinações = critério de contigüidade.
576
Este acervo mnêmico dos fenômenos sociais pelos quais os indivíduos
estão imersos nas mesmas águas correspondem a um topos, ou seja, são
armazenados no Pré-Consciente e podem facilmente serem resgatados. É o
elemento comum dessas formas de vida pelos indivíduos neles inseridos que
trazem o sentimento de pertença de gregário.
401 O significado é sistêmico; tanto quanto o é nossas ações e, valemo-nos dos três âmbitos:
cenário sócio cultural, ações e discursos em relação à pragmática, aos cálculos estratégicos e
à semântica. É óbvio que a semântica não se isola, nem a pragmática, mas ambas
interpenetram-se como jogo dialético entre: dimensão sensorial, dimensão dos sentidos do
discurso e dimensão ético-prático das implicações ou efeitos.
577
falante, são procedimentos que se aproximam muito das condições de nossas
“análises”. (FREUD - Vol. VI, 2006: 71).
578
foco. Tais casos, serão explícitos casos de falácias argumentativas de auto-defesa.
Aqui a auto-defesa não é de conteúdos latentes – oriundos de atividade
inconsciente – mas do próprio ego a favor de alguma forma de desapropriação do
ser humano, de exploração ou abuso instrumental.
Esta visão tem por base a perspectiva que dá uma importância primordial, na
análise lingüística, à DISTRIBUIÇÃO dos elementos lingüísticos, perspectiva está
579
intimamente ligada ao nome de Zeiling Harris. (…). refere especificamente que para o
linguista o significado de uma unidade é o conjunto de probabilidades sujeitas a
determinadas condições e deixa para o sociólogo o significado <externo> ou
<práticos>. (PALMER, 1979: 107 e 108).
Revertendo, uma vez mais, à nossa locução nativa, não será preciso sublinhar
especialmente que, numa linguagem primitiva, o significado de qualquer palavra
isolada depende, num elevado grau, do seu contexto. As palavras “madeira”, “remo”,
“lugar” tiveram de ser retraduzidas em livre interpretação para mostrar qual é o seu
verdadeiro significado, transmitido a um nativo pelo contexto em que eles aparecem.
Também é igualmente claro que o significado da expressão “chegamos perto da aldeia
(de nosso destino), literalmente “remamos em lugar”, só é determinado tomando-o no
contexto da frase toda. Esta, por sua vez, só se torna intelegível quando colocada no
seu contexto de situação, se me permitirem criar uma expressão que indica, por um
lado, que a concepção de contexto tem de ser ampliada e, por outro lado, que a
situação em que as palavras são proferidas nunca pode ser tida como irrelevante para a
expressão lingüística. Vemos como a concepção de de contexto deve ser
substancialmente ampliada se quisermos que ela nos forneça toda a sua utilidade. De
fato, deve romper os limites da mera lingüística e ser transportada para uma análise
das condições gerais em que uma linguagem é falada. (…), o estudo de qualquer
linguagem, falada por um povo que vivem em condições diferentes das nossas e
possuidor de uma cultura diferente, deve ser realizado em conjunção com o estudo da
sua cultura e do seu meio.
(…). Uma declaração, falada na vida real, jamais está desligada da situação em
que ela foi proferida. Pois cada declaração verbal, por um ser humano, tem a
580
finalidade e a função de expressar algum pensamento ou sentimento real, nesse
momento e nessa situação, e que, por um outro motivo, é necessário tornar conhecido
de um outra pessoa ou pessoas – a fim de que sirva ou aos propósitos de ação comum,
ou ao estabelecimento de vínculos de comunhão puramente social ou, ainda, para
livrar o elocutor de sentimentos ou paixões violentos. (…).
Estará agora perfeitamente claro que o ponto de vista do Filólogo, que se ocupa
tão-só dos remanescentes de línguas mortas, deve diferir do do Etnógrafo que, privado
dos dados fixos e ossificados das inscrições, tem de valer-se da realidade viva da
línguagem falada in fluxu. (MALINOWSKI, em Ogden/Richards: 303 a 305).
Uma frase idiomática é uma seqüência de palavras cujo significado global não
pode ser determinado a partir do significado das palavras que a constituem. (…). As
frases idiomáticas constituem, semanticamente, unidades singulares. Mas não são
unidades gramaticais como as palavras, pois não existe forma de passado. (…). As
frases idiomáticas chamam a atenção apenas porque, sendo formadas por várias
palavras, funcionam como uma só, ao passo que ao discutirmos os morfemas, as
581
palavras transparentes, (…), estivemos quase sempre a comparar palavras com
palavras. (PALMER, 1979: 55).
(…).O estudo do contexto lingüístico tem interesse para a semântica por duas
razões.
Primeiro, porque podemos distinguir muitas vezes significados diferentes a partir
dos contextos lingüísticos das palavras. Nida, por exemplo, estudou o uso de cadeira
em:
582
impeça mecessariamente de concordar com Firth e investigar apenas os casos de co-
ocorrência que nos pareçam mais interessantes.(PALMER, 1979: 111).
(…) a palavra toalha pode ser entendida literalmente como sendo uma peça de tecido
usada para enxugar uma parte molhada do corpo. Nesse caso, uma pessoa estaria
pedindo a Eddie para que ele jogasse esse objeto para ela. A interpretação de jogue a
toalha é feita palavra por palavra, composicionalmente. Uma uma outra interpretação
é feita no contexto das lutas de boxe: o ato de jogar uma toalha significa desistir da
luta. Eddie, treinador ao lado do ringue, ouviria essa sentença de seu assistente, pois
seu lutador estaria sendo massacrado pelo adversário. (…). Observe-se que jogar a
toalha é uma expressão idiomática, que não se limita ao verbo jogar ou ao substantivo
toalha apenas. (…). Afinal, jogar a toalha, significando “desistir”, é uma expressão
idiomática. Portanto, não se constitui um caso de ambigüidade lexical, embora pareça
à primeira vista. (OLIVEIRA, 2008: 112).
583
9 – Semântica: Generalização e Restrição
(…). Até princípios dos anos de 1930, os trabalhos neste campo concentraram-se
quase exclusivamente em torno de dois problemas: a classificação das mudanças de
significado, e a descoberta das leis semânticas. (ULLMANN, 1973: 407).
584
A polissemia é um traço fundamental da fala humana, que pode surgir de maneiras
múltiplas. (…).
1) Mudanças de aplicação. - Como vimos ao analisar as várias formas de imprecisão
no significado, as palavras têm um certo número de aspectos diferentes, de acordo
com o contexto em que são usadas. (…). As mudanças de emprego são
particularmente observáveis no uso dos adjectivos, uma vez que eles têm a
possibilidade de variar o seu significado de acordo com o substantivo que qualificam.
(ULLMANN, 1973: 331).
“Vá mais devagar”, neste caso, sem complementação, ficará ambíguo. Pois o
termo devagar significa genericamente 'diminuir algo em movimento' e
dependendo com qual substantivo, adquirirá ou a especificação 'diminuição de
velocidade' ou a de 'diminuição de força empregada'.
2) Especialização num meio social. – a Michel Bréal chamou a atenção para o facto de
que a polissemia surge frequentes vezes como uma espécie de taquigrafia verbal. <Em
todas as situações, em todos os ofícios e profissões>, escreve ele, <há uma certa ideia
que está tão presente na mente de cada um, tão claramente implicada, que parece
desnecessário declará-la quando se fala> (Essai de Sémantique, p. 154). Para um
advogado action [acção], significará naturalmente <acção legal>; para o soldado
significará uma operação militar, sem qualquer necessidade de um epíteto
585
qualificativo. Deste modo, a mesma palavra pode adquirir um certo número de
sentidos especializados, dos quais um só será aplicável em determinado meio.
(ULLMANN, 1973: 334).
586
1) Boca do Forno
2) Pé da mesa
* Este dois primeiros são tipos de métaforas com o significado de semelhança
sensorial e funcional: um forno abre como uma boca, embora não pareça uma
boca = semelhança funcional ; uma mesa tem um suporte em baixo para sustentá-
la = semelhança por contigüidade espacial estática.
3) Boca de Lobo
4) Pé de alface
A metáfora não é a única figura que pode dar origem à polissemia. A metonímia,
que não se baseia na semelhança, mas noutras relações entre os dois termos, pode agir
do mesmo modo. (ULLMANN, 1973: 339).
587
centro da cidade (provavelmente no centro da cidade = metrópole, em
contraposição a um bairro (periferia) ou cidade interiorana).
O facto de um signo poder designar uma coisa sem deixar de designar outra, o
facto de que, por ser um signo expressivo da segunda tenha também de o ser para a
primeira, é precisamente o que faz da linguagem um instrumento de conhecimento.
Esta <tensão acumulada> das palavras é a origem fecunda da ambiguidade, mas é
também a origem dessa predicação analógica, causa única do poder simbólico da
linguagem. (ULLMANN, 1973: 338).
5) Influência estrangeira.– Um dos muito processos pelos quais uma língua pode
influir noutra é peça mudança de significado de uma palavra já existente. Algumas
vezes, o sentido importado abolirá completamente o antigo: assim o francês
parlement, que significa originariamente <fala, discurso> (do verbo parler <falar>) e
que depois veio a designar um <tribunal judicial>, adquiriu em data mais recente, sob
a influência do inglês parliament, o seu sentido moderno de <assembleia legislativa>,
único significado no qual presentemente se usa. (…). Em muitos casos, contudo, o
sentido antigo sobreviverá ao lado do novo, dando assim origem a um estado de
polissemia.
O <empréstimo semântico>, como é vulgarmente designado, será particularmente
frequente quando houver um contato íntimo entre duas línguas, das quais uma sirva de
modelo á outra. (ULLMANN, 1973: 341 e 342).
Há um interessantíssimo exemplo citado por Stephen Ullmann sobre
<empréstimo semântico>, pelo qual descreverei o processo de sua formação com
base em termos teóricos já estudados neste apêndice.
588
Muitos conceitos importantes da fé cristã devem o seu nome a empréstimos
semânticos do hebreu ou do grego. Na Bíblia, a palavra hebraica ml'k <mensageiro>
era muitas vezes usada no sentido de <anjos>. Como não havia em grego uma palavra
para designar <anjo>, os tradutores da Bíblia copiaram a polissemia do termo hebraico
usando o grego . Do grego a palavra
passou para o latim e acabou por se tornar um termo internacional: inglês angel,
francês ange, alemão engel, russo ângel, húngaro angyal, etc. (ULLMANN, 1973: 343).
589
10 – Significados e Precisão: Semântica e Pragmática
A importância da Definição
(…), no início de qualquer exame sério desses assuntos, devemos nos munir de uma
lista tão completa quanto possível dos diferentes usos das principais palavras.
(OGDEN-RICHARDS, 1972: 143).
590
(TSUI-JAMES- BUNNIN Org. BLACKBURN, 2002: 78).
(…), podemos dizer que, numa falsa asserção, acreditamos que um referente está num
“lugar” em que ele não está, ou que acreditamos estar-nos referindo a um referente
diferente daquele a que estamos realmente nos referindo. Podemos, por exemplo, dizer
que em duas asserções contraditórias nos referimos ao mesmo referente mas
atribuímos-lhe “lugares” diferentes; ou podemos dizer que estamos nos referindo a
dois referentes diferentes e lhes atribuímos o mesmo “lugar”. (OGDEN-RICHARDS,
1972: 121).
591
Os efeitos sobre o organismo, devidos a qualquer sinal, que pode ser qualquer
estímulo de fora ou qualquer processo ocorrendo dentro, dependem da história passada
do organismo, tanto geralmente como de um modo mais preciso. (…). assim, quando
acendemos um fósforo, os movimentos que fazemos e o som de raspar são estímulos
atuais. Mas a excitação que resulta é diferente da que teria sido se nunca tivéssemos
riscado antes um fósforo. As experiências passadas de riscar fósforos deixaram em
nossa organização engramas, vestígios residuais, que ajudam a determinar o que será
o processo mental. (…). Independentemente de prévias situações semelhantes, nós não
teríamos essa noção. (…). A expectativa é a excitação de parte de um engrama
complexo, que é ativado por um estímulo (o riscar) apenas semelhante a uma parte da
situação de estímulo original.
(…). Um sinal é sempre um estímulo semelhante a alguma parte de um estímulo
original e suficiente para ativar o engrama formado por esse estímulo. (OGDEN-
RICHARDS, 1972: 70 e 71).
403A finalidade a ser atingida pelos meios empregados numa cadeia de sucessão, na qual o
resultado – os efeitos esperados – são alcançados = função.
404 Para questões estáticas, os objetos são diferenciados; para questões dinâmicas, os
processos são diferenciados. Como a gestação e o aborto são processos, eventos, então a
diferenciação recai, aplica-se sobre os momentos do processo.
592
Ora, como podemos responder a isso se o conceito de ser humano está
indefinido? E por que está indefinido?
Para os que afirmam “Ser humano é quando o bebê sai do ventre”, teremos
como implicação lógica (rede de implicações) que somente cometeremos aborto
(morte do bebê) após a saída dele do ventre, pois se o que está dentro ainda não é
ser humano, logo, não será aborto. Compreendeis?
Se outra pessoa afirmar “Ser humano é quando há o feto”. Um feto é uma
formação de aproximadamente de 2 a 3 semanas. Então, matar o bebê que está
dentro do ventre após este período será um aborto, pois antes disso (por ainda não
ser humano), não será um aborto.
Se uma terceira pessoa afirmar: “Ser humano será quando houver a
concepção”, ou seja, perante esta definição, será após no momento da fecundação
= entrada do gameta masculino = espermatozóide, rompendo a coroa protetora do
gameta feminino = óvulo, e atingindo seu núcleo para compartilharem
geneticamente seus genes e crescerem até formar um adulto. Neste caso, qualquer
morte após a fecundação, qualquer morte no período gestacional será um aborto.
593
(…) a causa mais comum de incompreensão reside, como já foi muito reconhecido, na
ambigüidade de termos e, no entanto, fazemos muito poucos progressos no sentido de
concordarmos a respeito de definições. (OGDEN-RICHARDS, 1972: 146).
Qual deles está certo? Depende! Todos eles só podem ser considerados
dignos de uso se – e somente se – satisfizeram as seguintes condições:
594
assim poderá cuidar? Não poderá. E se cuidar será forçado = por obrigação. Um
criança necessita da vontade, de olhar escópico da mãe e do pai; se não tiver,
crescerá com problemas psíquico-afetivos. O que fazer?!
Antes que eu responda, consideremos pragmaticamente a questão: por
mais que o esposo queira que a criança fique viva, seria hipocrisia e falta de
sensibilidade de nossa parte sancionar: é errado matar, sob qualquer condição!
Pois, não sabemos o que a pessoa está sentindo para afirmarmos isso e, também, o
ventre é dela. Sinceramente, se eu estivesse nesta situação, a ponto de sentir ódio
pela criança: ou eu daria a alguém a criança após que nascesse, ou mataria.
Provavelmente faria a primeira opção. Mas numa situação em que a pessoa não
têm consciência de adoção e não quer a criança em seu ventre: eu, sendo esposo
dela, argumentar-lhe-ia o seguinte: “Ainda que eu deseje e seja contra a morte de
uma criança inocente, entendo teu sofrimento atroz e não tenho o direito de
afirmar teu dever nas condições extremas e traumática que estás; logo, ainda que
eu não deseje, não posso te impedir (e não devo) de abortar, pois o ventre é teu,
assim como teus sentimentos. Melhor será assim do que a criança nascer num solo
materno não-acolhedor”. Sou “a favor” do aborto: no âmbito geral enquanto
preceito; sou contra, sou a favor da vida e, qualquer um com sentimentos intensos
de cuidado e desejo humano, sentirá assim.
Contudo, é inflexível, hipócrita e violento sancionarmos algo válido
independente do contexto de situação, por não refletirmos e pesarmos prós e
contras. É similar ao exemplo de Bertrand Russell: podemos não matar por valor
humano, mas para um assassino prestes a explodir um trem, se o matarmos antes
da explosão, evitaremos um mal ainda maior: a morte de dezenas de pessoas!
Assim, entre dois males, cabe uma reflexão valorativa (ética ou axiologia), pois
se, e somente se, na condição de se evitar um mal maior do que a morte de uma
pessoa (e ainda assassina), então, nestas condições, sou a favor de matar. O que
não significa que admita isso em casos totalmente diferentes, com outras
implicações. Compreendeis?
Viver bem necessita de convívio amoroso, sendo matar, roubar e mentir,
situações que comprometem negativamente quaisquer relações intersubjetivas.
Entretanto, para casos extremos, nos quais há a escolha entre dois males, será
nossa obrigação evitar o dano maior. Bem, se quisermos sermos colaboradores
duma vida em que os atos de efeitos bons prevalecem sobre os maus e, entre ou
dois ou mais males, deliberemos sobre o menor deles e, no limite, no menor
595
número deles (dentre o que for possível). Tais considerações são integradoras e
evita a unilateralidade, nem libertinagem, nem rigidez quanto a algo determinado
como universalmente como um dever. A pragmática requer axiomas gerais e
aplicações deles em casos singulares, sendo que quando estes forem extremos e
atípicos, uma reflexão sobre eles a partir dos efeitos. Outra coisa digna de nota:
segundo estatísticas, o número de abortos em países em que é permitido costuma
ser menor do que nos países que são proibidos? Mas por quê?
Porque, geralmente onde há proibição, há a tendência de desejarmos burlar
a lei. Quando a permissão, por não haver obstáculos, ocorre um aborto de menos
risco (pois na condição de proibição legal, muitas abortam de maneira inadequada
para sua própria saúde). Então, numa estatística desse tipo, seria a favor da
legalização, mas não de sua prática. Numa estatística contrária, seria contra a
legalização do aborto. Seria correto me predicarem de Volúvel? Não. Coerência
entre contexto de situação e ação!
Argumentar sobre as ações a serem tomadas é tão indefinido assim? Meus
exemplos demonstram que não. É óbvio: parto de valores gregários e não-
etnocêntricos.Em seu aspecto formativo (genético) o significado é o resultado de
determinadas operações significadoras; em seu aspecto transformativo
(aplicativo) o significado é uma recorrência mnêmica do que fora formado – tal
aspecto deixa em aberto que outras informações sejam incluídas e outras
excluídas, daí o caráter dinâmico e progressivo do significado: ou seja um
significação = dialética entre o formado e a reatualização dele por meio de novas
combinações/associações.
596
herdado esquema comum de concepção que nos cerca e nos penetra, natural e
irresistivelmente, como o ar que respiramos, nem por isso deixa de nos ser imposto e
limita os nossos movimentos intelectuais de inúmeras maneiras – tanto mais segura e
irresistivelmente porque, sendo inerente na própria linguagem que devemos usar para
expressar o mais simples dos significados, foi adotado e assimilado antes de podermos
começar sequer a pensar por nós próprios”. (OGDEN-RICHARDS, 1972: 46 e 47).
Todo o pensamento, toda a referência, foi sustentado, é uma adaptação devida aos
contextos psicológicos que interligam os elementos em contextos externos. Por mais
“universal” ou mais “abstrato” que seja a nossa adaptação, a explicação geral do que
está acontecendo é a mesma. Desta maneira, chegamos a um sentido claro e definido
de “significado”. De acordo com isto, o significado de A é aquilo a que o processo
mental interpretando A está adaptado. É este o mais importante sentido em que as
palavras têm significado. (…) “É necessário uma maior adesão às definições, se
quisermos chegar a um entendimento. Nomeie-se um comitê para definir os termos
fundamentais que são usados numa discussão” (OGDEN-RICHARDS, 1972: 206).
597
participação voluntária do campo consciente. Tal atividade, em linhas gerais, é
involuntária, sendo apenas o resultado final, a resposta do sujeito frente ou perante
o estímulo [significante(s)].
As afirmações e negações sobre um tema ou conduta específica – como a
morte ou assassinato por exemplo – são em sua maioria o que Erich Fromm frisou
sabiamente: tendemos a carregar, repetir os valores adquiridos no seio de nossas
relações interpessoais… porém, a maturidade para um ser humano melhor
somente atingiremos se e na medida em que questionamos as insuficiências dos
valores sob o critério de tradição e autoridade, para o de valorar pelas
conseqüências menos danosas que se deseja manter ou as mais danosas que se
deseja evitar!
598