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LINGUÍSTICA I – UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – LETRAS

Universidade Federal de Mato Grosso


Departamento de Letras
Faculdade de Letras – Literatura Brasileira
Disciplina: Linguística I
Professor: Doutora Eliana Moraes de Almeida Alencar
202111117016 – Wagner Aparecido da Silva

ROTEIRO DE LEITURA E ESTUDO:

Faça a leitura da Segunda parte – Linguística Sincrônica, capítulos I ao IV


(Curso de Linguística Geral, p. 117 – 139), compreendendo:

Capítulo I – Generalidades.
Capítulo II – As entidades concretas da língua.
Capítulo III – Identidades, realidades, valores.
Capítulo IV – O valor linguístico.

Este roteiro o ajudará a realizar a leitura do texto. Reflita sobre os aspectos


apontados abaixo e procure responder aos questionamentos apresentados:

a) Saussure afirma que é muito mais difícil fazer a Linguística estática que a
histórica. Por qual razão um estudo sincrônico é mais difícil que um estudo diacrônico de
alguma ocorrência ou fenômeno linguístico ? Você concorda com o autor?
b) “A entidade linguística só existe pela associação do significante e do
significado; se se retiver apenas um desses elementos, ela se desvanece (...)” Nessa afirmação,
o autor retoma a composição do signo linguístico, formado por duas faces de uma mesma
moeda: o significado e o significante. Faça uma ilustração (desenho) desta composição, com
um exemplo a sua escolha.
c) “Quando ouvimos uma língua desconhecida, somos incapazes de dizer como
a sequência de sons deve ser analisada; é que a análise se torna impossível se se levar em
conta somente o aspecto fônico do fenômeno linguístico. Mas quando sabemos que
significado e que papel atribuir a cada parte da sequência, vemos então tais partes se
desprenderem umas das outras, e a fita amorfa partir-se em fragmentos; ora, essa análise nada
tem de material.” Nesse trecho, o autor destaca que a análise linguística do ponto de vista
sincrônico da língua leva em consideração todos os aspectos do signo no sistema, envolvendo
forma e substância, não somente a “matéria”, mas a plenitude dos signos. Imagine uma língua
indígena ainda não mapeada e estudada. O pesquisador terá que levar em conta no seu estudo
não apenas o caráter fônico dessa língua, mas que significados seus signos trazem.
d) Saussure propõe uma reflexão sobre a delimitação das unidades concretas da
língua, para fins de uma análise desta. O autor quer dizer que se considerarmos apenas o
aspecto fônico das palavras (signos) não conseguiremos estabelecer os limites de uma unidade
linguística. Ele exemplifica apontando elementos gramaticais das palavras. Em “cavalo” e
“cavalos” é possível dizer que há diferenças, marcadas notadamente pelo acréscimo da
desinência que indica o plural (o ‘s’). Não temos aqui apenas duas formas de uma mesma
palavra, mas palavras realmente diferentes. Então, as características gramaticais também
fornecem significação à unidade linguística. Qual é o dilema que se apresenta a um
pesquisador, quando se pensa nessa delimitação? O que Saussure conclui ao final desse tópico
no texto?
e) Ao abordar o tema da “identidade sincrônica” (p.125), o autor afirma que as
palavras possuem identidades que são marcadas sempre que se realizem em certas condições.
Se essas condições se repetem, tendemos a dizer que temos a mesma palavra sendo realizada,
como é o caso do exemplo do uso de “Senhores” em uma palestra várias vezes. No entanto,
não podemos ignorar que há diferenças na realização dessa palavra, a cada situação em que
ela é pronunciada. Assim, o que contribui para definir a identidade da palavra são as
diferenças que se estabelecem entre ela e outras palavras, no momento de sua realização. Ao
fazer essa constatação, o pesquisador de uma língua poderá chegar bem perto da verdadeira
natureza das unidades linguísticas.
f) O que seria uma “realidade sincrônica” para Saussure? Nesse tópico (p. 127),
o autor chama atenção para o fato de que apenas conceitos gramaticais (da gramática
tradicional antiga que estudamos constantemente na escola) não são suficientes para
vislumbrar os fatores constitutivos do sistema da língua. Por isso, é preciso considerar os
signos linguísticos a partir de sua realidade sincrônica, isto é, a distinção das partes do
discurso é que deve servir para classificar as palavras da língua. Novamente, Saussure quer
apontar para as diferenças nas realizações de cada palavra em oposição a outra.
g) Com o exemplo do jogo de xadrez, o autor explica a noção de “valores” no
sistema da língua. Tente descrever essa noção com suas palavras, a partir do que você
entendeu do exemplo.
h) “Para compreender por que uma língua não pode ser senão um sistema de
valores puros, basta considerar os dois elementos que entram em jogo no seu funcionamento:
as ideias e os sons.” (p.130) O que o autor explica sobre as “ideias”?
i) “O papel da língua é servir de intermediário entre o pensamento e o som, em
condições tais que uma união conduza necessariamente a delimitações recíprocas de
unidades.” Nesse sentido, a língua é chamada de domínio das articulações, no qual em cada
membro uma ideia se fixa num som e em que um som se torna signo de uma ideia. Veja, por
exemplo, a palavra “mesa”, do ponto de vista fônico um pesquisador pode decompor suas
unidades em unidades menores e a palavra-signo é a expressão de uma ideia, relembrando a
noção de signo linguístico de Saussure. O sistema da língua estabelece um valor para cada
elemento do sistema.
j) O que o autor comenta sobre a arbitrariedade do signo? Um indivíduo, por si
só, pode efetuar mudanças no sistema de uma língua?
k) Para compreender o valor linguístico do ponto de vista conceitual (p. 132),
você precisa considerar a palavra comparando-a com outra semelhante a ela e com outra que
seja diferente, pois é no jogo entre semelhanças e diferenças na oposição das palavras que
podemos entender os limites de um signo linguístico. Aqui, é importante chamar sua atenção
para o fato de que Saussure tenta explicar o funcionamento do sistema de uma língua
considerando apenas seus elementos internos, tendo em vista que o que é externo é
extralinguístico. Entretanto, Saussure olha para o momento de realização da palavra e
considera sua posição na frase-sentença, afirmando que o valor de uma unidade linguística
depende também do que está fora e em redor dele. Em “a menina brinca” e “as meninas
brincam”, o falante da língua saberá o que se quer dizer, percebendo o jogo de diferenças e
semelhanças nos elementos que formam cada signo linguístico.
l) Na parte em que trata do “valor linguístico em seu aspecto material” (p. 136),
Saussure afirma que “o que importa na palavra não é o som em si, mas as diferenças fônicas
que permitem distinguir essa palavra de todas as outras, pois são elas que levam a
significação” (p. 137). Novamente, pensemos na desinência que indica o plural em “mesa-s”.
Sabemos que essa marca tem esse valor porque opomos ao singular representado pela
ausência do “s” (mesa no singular) e com outras formas de plural como em “bola-s”, “gato-s”,
“gata-s”.
m) Igualmente, em “bola” e “bota” a diferença das palavras repousa na troca de
um dos seus fonemas, “l” e “t” são diferentes, um não é o outro. Por isso, Saussure vai dizer
que o valor das letras é puramente negativo e diferencial, seus valores não se confundem no
sistema da língua. Desse modo, é preciso relembrar mais uma vez que o signo gráfico é
arbitrário e sua forma só tem importância dentro dos limites impostos pelo sistema da língua.

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