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PESQUISA PARA PROJETO DE MARÇO – TUCANO CAPOEIRA

21 de janeiro: Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa

Acompanhe os números de denúncias ocorridas nos últimos anos, além de entrevista


com a Secretária Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luislinda
Valois

Celebrado em 21 de janeiro, o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa é


instituído pela Lei nº 11.635, de 27 de dezembro de 2007. A data rememora o dia do
falecimento da Iyalorixá Mãe Gilda, do terreiro Axé Abassá de Ogum (BA), vítima de
intolerância por ser praticante de religião de matriz africana. A sacerdotisa foi acusada
de charlatanismo, sua casa atacada e pessoas da comunidade foram agredidas. Ela
faleceu no dia 21 de janeiro de 2000, vítima de infarto.

Com relação à prática de intolerância religiosa no país, apenas em 2016 a Ouvidoria da


Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) recebeu
cerca de 64 denúncias. Em 2015, foram 61 casos. Em 2014, 24 registros. No ano 2013,
49 ocorrências. E em 2012, foram 27.

Além da Ouvidoria da SEPPIR, é possível encaminhar denúncias ao Disque 100.

Contato

A Ouvidoria Nacional da Igualdade Racial pode ser acionada pelo e-mail


ouvidoria@seppir.gov.br e telefone (61) 2025-7000.

 Entrevista com a Secretária Luislinda Valois

À frente da SEPPIR, atualmente está a desembargadora Luislinda Valois. No cargo


desde julho do ano passado, a Secretária Especial de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial destaca a importância das políticas referentes à diversidade religiosa.

1 - Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Qual a importância da data


para a população negra?

Secretária Luislinda: Esta data marca a nossa religiosidade e a nossa ancestralidade. É


um marco para nós, principalmente aqui no Brasil, onde professamos a nossa religião
muito timidamente. Mas, com toda a certeza, daqui para frente nós vamos ter a abertura
total e igualmente às demais religiões que são professadas aqui no nosso país.

2 - Quais são as ações da SEPPIR voltadas para a pauta de combate à intolerância


religiosa?

S.L: Nós temos uma série de providências, de ações e práticas para o combate à
intolerância religiosa. Mas a nossa grandiosidade está na criação das “Delegacias contra
crimes de racismo, intolerância religiosa, xenofobia e afins”, que se encontram em
níveis avançados em algumas localidades. No Estado do Paraná, por exemplo, a unidade
será brevemente inaugurada. A ação é resultado de um trabalho conjunto entre a
SEPPIR e o Governo do Estado.

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Com isso, eu acho que o grande ganho que nós vamos ter é com a instalação de uma
delegacia em cada capital, em princípio, para depois ampliarmos para demais
localidades do Brasil.

3 - Os casos de intolerância são realmente passíveis de punição?

S.L: Sim, com toda a certeza. Porque a intolerância religiosa e o crime de racismo estão
preconizados e catalogados na norma criminal. Então, agora nós estamos realmente
tomando conta deste recorte e cuidando para que as devidas punições sejam tomadas.
Porque não basta dizer que se cometeu o crime, que se praticou o racismo, a injúria
racial ou qualquer coisa que o valha, e não se vir, logo em diante, a devida penalidade.
Lembrando que o racismo é um crime inafiançável, prescrito na Constituição Brasileira.

Aproveito para falar que nós não queremos tolerância. Nós queremos ser aceitos no
contexto nacional deste grande país chamado Brasil, que é também da negritude, é
também de quem professa as religiões de matriz africana.

4 - Em sua opinião, o que ainda precisa ser feito?

S.L: Eu vou ser direta. Precisa que o Poder Judiciário puna as pessoas que cometem
este tipo de crime, este tipo de infração penal. Ficamos felizes quando há a punição de
quem cometeu o delito.

Nós queremos também que as pessoas tragam ao conhecimento da SEPPIR a ocorrência


destes fatos. Nós temos uma Ouvidoria bastante atuante, temos uma Comunicação
atuante, e temos um grupo de servidores que são maravilhosos. Então nós estamos aqui
a postos para recebermos as denúncias e darmos os devidos encaminhamentos ao
Ministério Público e demais autoridades competentes.

Nós vamos lutar pelo respeito à diversidade religiosa. Esta causa é nossa briga. Gente,
eu sou de Iansã.

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Dia Internacional Contra a Discriminação Racial

O Dia Internacional contra a Discriminação Racial é celebrado anualmente em 21 de


março.

Esta é uma importante data que reforça a luta contra o preconceito racial em todo o
mundo.

A luta contra a discriminação racial só começou a se intensificar no Brasil após a


Constituição Federal de 1988, que incluía o crime de racismo como inafiançável e
imprescritível.

A eliminação de qualquer tipo de discriminação é um dos pontos centrais da Declaração


Universal das Nações Unidas:

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“Discriminação Racial significa qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência
baseada na raça, cor, ascendência, origem étnica ou nacional com a finalidade ou o
efeito de impedir ou dificultar o reconhecimento e exercício, em bases de igualdade,
aos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico,
social, cultural ou qualquer outra área da vida pública”

(Artigo I da Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de


Discriminação Racial).

Saiba mais sobre o significado do Racismo e do Preconceito.

ONG’s e instituições contra o preconceito racial organizam debates e outras atividades


que auxiliem na tentativa de conscientizar a população a acabar com qualquer referência
ao racismo e discriminação racial.

Infelizmente, ainda hoje o preconceito e discriminação racial é latente em várias partes


do mundo, inclusive no Brasil.

Quando se fala em “combate a discriminação racial” significa acabar com todos os tipos
de intolerâncias relacionadas com a etnia ou cor de pele do indivíduo, seja ele negro,
branco, índio, oriental e etc.

Origem

O Dia Internacional contra a Discriminação Racial foi criado pela Organização das
Nações Unidas (ONU), em memória ao “Massacre de Shaperville”, em 21 de março
de 1960.

Nesta data, aproximadamente vinte mil pessoas protestavam contra a “lei do passe”, em
Joanesburgo, na África do Sul. Esta lei obrigava os negros a andarem com
identificações que limitavam os locais por onde poderiam circular dentro da cidade.

Tropas militares do Apartheid atacaram os manifestantes e mataram 69 pessoas, além de


ferir uma centena de outras.

Em homenagem a luta e memória desses manifestantes, o Dia Internacional contra a


Discriminação Racial é comemorado em 21 de março.

“Hoje na História, 21 de março de 1960 acontecia o Massacre de Shaperville”

21 de março é o Dia Internacional da Eliminação da Discriminação Racial, data instituída pela


Organização das Nações Unidas (ONU), em referência ao Massacre de Shaperville. Na mesma
data, em 1960, em Gauteng, na África do Sul, no bairro de Shaperville, cerca de 5.000 pessoas
faziam um protesto pacífico contra a Lei do Passe, que na época, obrigava os negros a
portarem um cartão que indicava os locais onde era permitida sua circulação. Seguindo o
Apartheid, regime de segregação racial adotado de 1948 a 1994, a polícia sul-africana abriu
fogo sobre a multidão desarmada deixando 69 mortos e 186 feridos.

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