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Avaliação econômica

de projetos mineiros
Camila Marques dos Santos

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

> Conceituar os parâmetros econômicos do fluxo de caixa nos projetos de


mineração.
> Analisar os fatores envolvidos na gestão de riscos nos empreendimentos
mineiros.
> Explicar a importância tecnológica, social e econômica dos minérios.

Introdução
A mineração representa para a indústria um setor de suprimento de bens primários
de fundamental importância para o desenvolvimento da sociedade atual. Por
outro lado, por tratar de recursos não renováveis, a mineração cada vez mais
enfrenta a dicotomia de grande necessidade versus escassez de bens minerais.
Desse fato decorre a intensa busca por novas jazidas minerais para implantação
de novos projetos mineiros. Para isso, é indispensável a realização de estudos
exploratórios confiáveis, embasados em parâmetros geológicos, ambientais,
sociais, econômicos e legislativos, e que venham a comprovar a existência de
uma reserva mineral passível de ser aproveitada economicamente. A reunião
desses diversos parâmetros vai definir o fluxo de caixa de um projeto mineral, e
é com base nesse fluxo que se pode determinar os indicadores econômicos e de
rentabilidade de um empreendimento de mineração.
Ainda, sabe-se que diversos impactos sociais e ambientais decorrem da implan-
tação, da operação e do fechamento de uma mina, seja esse fechamento precoce
ou planejado. Esses impactos podem e devem ser minimizados se a atividade
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for planejada e executada dentro do conceito de desenvolvimento sustentável.


Para isso, estudos de gestão de risco devem ser implementados pela empresa
responsável pelo projeto, seguindo normas específicas, a fim de eliminar ou
minimizar os impactos e prever situações de risco a que esse tipo de projeto está
exposto, de acordo com a especificidade de cada projeto.
Neste capítulo, você vai ter uma visão ampla da importância da atividade
de mineração para o país. Você vai estudar as etapas necessárias para a imple-
mentação de um empreendimento mineiro, com foco na avaliação econômica,
verificando quais são os parâmetros econômicos do fluxo de caixa, e na gestão
de risco, compreendendo os fatores envolvidos nesse tipo de empreendimento.

Economia mineral: conceitos e aplicações


Recursos minerais e energéticos são de fundamental importância para
a vida do homem e para a dinâmica da economia mundial. Entretanto, a
estrutura na qual o setor de recursos minerais opera é multidisciplinar e re-
quer conhecimentos de economia, finanças, administração, meio ambiente,
geologia, legislação, geopolítica, entre outros. Portanto, o profissional
dessa área tem o grande desafio de combinar todo esse conhecimento
multidisciplinar com os conhecimentos técnicos de exploração, extração
e processamento.
A economia mineral é o estudo da teoria econômica aplicada à indústria
mineral, enfocando aspectos sobre descoberta, extração, processamento e
uso das commodities, além do manejo de rejeitos provenientes dessa ativi-
dade (GORDON; TILTON, 2008). Após a Segunda Guerra Mundial, a economia
mineral se estabeleceu em consequência da necessidade de abastecimento
de bens minerais a longo prazo. Inicialmente, ela estava voltada para ques-
tões tradicionais como análise de mercado de commodities, principalmente
preço e previsão de demanda, e avaliação econômica de empreendimentos
minerais (GORDON; TILTON, 2008).
A partir disso, a economia mineral se diversificou em decorrência da
evolução da humanidade e passou a abranger temas como desenvolvi-
mento sustentável, mineração em terras indígenas e impactos ambientais
das atividades mineiras, assim como questões relativas à regulação, à
produção e ao uso dos recursos minerais. Finalmente, cabe à economia
mineral discutir questões como a classificação dos recursos minerais
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(metálicos, não metálicos e energéticos), as dimensões macroeconômi-


cas — como produto interno bruto (PIB), renda nacional, importações e
exportações —, entre outras.
A indústria mineral consiste em um setor que supre bens de primordial
importância para o desenvolvimento da sociedade atual. Com isso, há a ne-
cessidade de buscar novas jazidas minerais, que, por sua vez, exigem so-
mas elevadas de capital de investimento. O Brasil é um país historicamente
vinculado à mineração. Isso porque, desde o período colonial, a mineração
proporcionou o equilíbrio econômico das cidades e das futuras capitais,
gerou riquezas para a população e foi responsável por parte da ocupação do
território nacional. Segundo Santos (2021), esse setor foi responsável por cerca
de 3% do PIB nacional em 2019 e 2020 e contribui para a geração de milhares
de empregos diretos e indiretos.
A busca e a exploração de bens minerais requerem a realização de estu-
dos exploratórios e confiáveis, que comprovem a existência de uma reserva
que permita o aproveitamento econômico de um bem mineral e gere lucro.
Para isso, vários fatores econômicos são considerados para determinar os
indicadores de rentabilidade.

Avaliação econômica de projetos


de mineração e fluxo de caixa
A implantação de um projeto mineiro passa por várias fases de avaliação
até que sua viabilidade de execução seja constatada ou não. Inicialmente,
há a busca e a comprovação da existência do bem mineral, na chamada fase
de prospecção e exploração mineral. Após comprovada a existência de uma
reserva mineral em determinada área geográfica, o projeto passa por uma
avaliação econômica, para determinar se é possível ter aproveitamento
econômico desses recursos, por meio dos estudos de avaliação de recursos
e de viabilidade econômica.
Nas fases de prospecção e exploração, a mineralização é identificada, os
corpos de minério são definidos, e a mina é planejada. Em seguida, as reservas
e os recursos são calculados, juntamente com o teor e a tonelagem, com um
certo nível de precisão e acurácia durante a fase de avaliação de recursos.
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Uma mina só passará a existir se produzir e vender algo de valor. Após a


avaliação de recursos, entram em foco as seguintes questões: qual é o valor
de uma certa tonelagem de rocha mineralizada? O que significa valor nesse
contexto? Como esse valor é calculado e avaliado? São essas questões que
devem ser analisadas na fase dos estudos de viabilidade econômica.
“Valor” é um conceito financeiro e é função de uma série de aspectos,
não só técnicos, mas também sociais, legislativos e ambientais. A análise
integrada de todas essas variáveis determinará a viabilidade econômica do
empreendimento de mineração. Segundo Moon, Whateley e Evans (2006), as
principais variáveis que afetam o valor de uma mina são:

„ tempo de vida da mina e taxa de produção;


„ qualidade da mineralização;
„ localização da mineralização;
„ condições de mercado;
„ contexto econômico;
„ desenvolvimento sustentável;
„ saúde e fatores de segurança;
„ controle governamental;
„ política sindical.

Fluxo de caixa
Todos os valores elencados por Moon, Whateley e Evans (2006) afetarão o
rendimento e os investimentos de um projeto de mina e são reunidos sob o
conceito de fluxo de caixa. O fluxo de caixa é um modelo financeiro integrado
de vários parâmetros econômicos e por meio do qual é possível determinar
os indicadores econômicos das alternativas de investimento.
Segundo Suslick (2001), o fluxo de caixa é representado pelas entradas
e saídas de caixa ao longo de um período de apuração ou período contábil
— normalmente um ano (Figura 1). No caso dos projetos mineiros, o fluxo de
caixa é a base para a avaliação de projetos e é calculado anualmente durante
um período de 10 anos ou durante o tempo de vida esperado da mina. O fluxo
de caixa é determinado como a receita que entra no projeto (rendimento)
menos o valor que sai do projeto (custo).
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Figura 1. Fluxo de caixa hipotético de um projeto de mineração.


Fonte: Mackenzie e Doggett (2000 apud MIRANDA JÚNIOR, 2011, p. 196).

Exemplo
O exemplo a seguir traz uma série de custos de um projeto de mineração
fictício de uma ocorrência de esfalerita e galena; tais custos devem ser con-
tabilizados para a concepção do fluxo de caixa. A partir dos resultados do
estudo de viabilidade, os primeiros 3 anos de um fluxo de caixa de 10 anos
são apresentados a seguir.
O plano é extrair o minério de uma mina subterrânea e produzir con-
centrados de galena e esfalerita no local principal. Deve-se considerar que
o concentrado será comercializado para uma fundição de chumbo e zinco
(Pb-Zn), a fim de produzir o metal. A seguir, são apresentadas as estimativas
do fluxo de caixa para a situação hipotética, excluindo-se os juros sobre o
capital financiado. Suponha que as unidades são US$ 1.000 e 1.000 toneladas.

1. O capital inicial total para estabelecer a mina é de $140.600. A implan-


tação da mina se prolongará por 2 anos: ano-1 e ano-2.
2. A produção de minério projetada é de 2.400t ano-1, mas no primeiro
ano de produção serão apenas 1.600t ano-1. O teor médio do minério
é estimado em 9,3% de zinco e 2,0% de chumbo.
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3. Receita: o preço de venda do zinco é considerado $0,43 lb-1, e o do


chumbo é $0,21 lb-1. Traduzir esse valor para minério dá uma receita
de US$ 46,6 por tonelada.
4. Custos operacionais por tonelada:
„ Mineração: $ 7,25
„ Processamento de minerais: $ 8,10
„ Sobrecargas: $ 4,35
„ Total: $ 19,70 por tonelada de minério
5. O custo inclui o transporte dos concentrados de esfalerita e galena
para um porto local e as despesas de carregamento. Os concentrados
são vendidos para a fundição no porto; então, é responsabilidade da
fundidora enviar os concentrados para sua planta.
6. Há um pagamento de royalties aos proprietários anteriores de minerais:
4,5% da receita bruta menos o custo de produção.
7. O cálculo 5 é feito antes do pagamento do imposto.

Em outras palavras, os cálculos são feitos para estimar se uma tonelada de


rocha mineralizada pode economicamente ser convertida em minério. O corpo
mineralizado só tem valor em virtude de sua habilidade de produzir uma série
de fluxos de caixa positivos (rendimento excede despesas) por um período.
De acordo com Wellmer, Dalheimer e Wagner (2008), os principais parâ-
metros econômicos que compõem o fluxo de caixa são descritos a seguir:

„ Investimento: corresponde basicamente ao dinheiro gasto no projeto antes


do início da produção e comumente é representado por valores negativos,
enquanto os anos de produção são representados por valores positivos.
„ Custos e receitas.
„ Reinvestimentos: são os gastos feitos durante o andamento do projeto,
como os gastos com manutenção de equipamentos.
„ Recuperação de capital de giro: o capital de giro é o dinheiro necessário
para manter o projeto em operação, já que, algumas vezes, o pagamento
pela venda de commodities não é mensal; esse capital deve retornar
no fim da vida útil do projeto.
„ Receitas do valor residual de uma mina: são os valores resultantes de
revendas ou reaproveitamento de certos produtos ou equipamentos
do projeto, como o maquinário da planta de beneficiamento.
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Além destes, existem ainda os custos com mitigação de impactos ambien-


tais e com reabilitação das áreas utilizadas e impactadas pelas atividades de
mineração. A proteção ambiental é uma questão cada vez mais importante
para as empresas relacionadas às atividades de mineração. Ainda, as leis
federais e estaduais têm cobrado padrões ambientais cada vez mais altos,
o que aumenta ainda mais os custos para que haja o mínimo impacto sobre
o meio ambiente.

Características da indústria da mineração


e gestão de riscos
A atividade mineira apresenta características peculiares quando comparada a
outros ramos da atividade industrial. Algumas das características que tornam
essa atividade singular são listadas a seguir, com base em Rudenno (2009).

Alto investimento: geralmente a indústria da mineração requer investimento


com capital elevado desde o início, perdurando até as fases finais.

Longos períodos de pré-produção: o intervalo de tempo para implantação


de um projeto mineiro, considerando desde a descoberta de um depósito
mineral até a implantação da mina e a produção, é bastante considerável
e variável. Dessa forma, quanto maior o tempo de pré-produção, maior a
exposição a riscos internos (como elevação dos custos de financiamento
e produção) e externos (como crise econômica, forte queda de preços da
commodity trabalhada, aumento da taxa de inflação, entre outros).

Elevado risco: a pesquisa mineral nas fases de prospecção e exploração


envolve alto risco de investimento, devido ao possível insucesso na cam-
panha exploratória e à possível inexistência de um depósito mineral na
área pesquisada; além disso, o capital investido não é recuperado. Os ris-
cos relacionados à atividade mineral vêm de diversas fontes e podem ser
principalmente geológicos, de engenharia, ambientais, econômicos ou até
políticos. Esses últimos têm a ver com a grande flutuação de preços de bens
minerais e com a estabilidade política de um país. Investir em um projeto
cujo país tem legislação clara e instituições estáveis certamente gera mais
confiança a um investidor.
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Recursos não renováveis: a vida útil de uma mina depende da sua taxa de
produção, que, por sua vez, depende do mercado e da lei de oferta e demanda.
Porém, ao contrário de outras indústrias que podem operar indefinidamente,
bastando ter demanda de escoamento, a indústria mineral apresenta quan-
tidade finita de recursos, o que exige constante pesquisa e prospecção.

Rigidez locacional: os bens minerais estão distribuídos por toda a crosta


terrestre e, obviamente, devem ser extraídos no local de sua ocorrência. A
localização do depósito mineral pode representar um entrave ou uma elevação
de custos para a abertura de um projeto.

Gestão de riscos
Os empreendimentos mineiros são de elevado risco e, portanto, devem ser
analisados minuciosamente, considerando todas as variáveis que envol-
vem esse tipo de empreendimento. Para isso, as empresas devem adotar
práticas de gerenciamento de riscos. A gerência de riscos é a prática que
visa à proteção dos recursos humanos, materiais e financeiros de uma
empresa, seja por meio da redução de riscos ou do financiamento dos
riscos remanescentes, segundo De Cicco e Fantazzini (1994). Dessa forma,
o gerenciamento de riscos busca a diminuição de falhas e a mitigação de
danos por meio do planejamento de ações de emergência e não se restringe
apenas à administração dos gastos.

Os estudos de riscos devem identificar perigos, estimar riscos e


propor medidas de gerenciamento. Essas medidas se dividem em
medidas preventivas e ações emergenciais (SOUZA, 1995). As medidas preventivas
visam a reduzir as probabilidades de ocorrência e reduzir os riscos, enquanto as
ações emergenciais indicam as medidas a serem tomadas em caso de acidentes.

Nesse sentido, a Norma Brasileira (NBR) 31000:2018 (ASSOCIAÇÃO BRA-


SILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2018), da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) e da Organização Internacional de Normalização (ISO), é
amplamente utilizada, pois estabelece os princípios, a estrutura e um processo
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pelo qual se pode gerenciar qualquer tipo de risco de forma transparente e


sistemática em qualquer contexto. Além disso, fornece parâmetros para gestão
de riscos e auxilia organizações de todos os tipos e tamanhos a gerirem seus
riscos de maneira eficiente.
De acordo com a ABNT NBR ISO 31000:2018 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE NORMAS TÉCNICAS, 2018), a gestão de risco consiste em um conjunto
de ações coordenadas para dirigir e controlar uma organização em re-
lação aos riscos. A gestão de riscos pode ser aplicada em várias áreas e
níveis de uma organização, de acordo com suas necessidades particulares.
Segundo essa norma, o gerenciamento de riscos obedece a arquitetura
(princípios, estrutura e processo) contida no documento para gerenciar
riscos de maneira eficaz.
A arquitetura do gerenciamento de riscos está simplificada na Figura 2, e
seu desenvolvimento é composto pelos elementos descritos a seguir:

a) Escopo, contexto e critério: servem para entender os objetivos da


organização, o ambiente em que ela busca esses objetivos, as partes
interessadas e a diversidade de critérios de riscos — ou seja, quais
riscos a organização pode assumir ou não.
b) Processo de avaliação de riscos: constitui o processo global de identifi-
cação, análise e quantificação de riscos de acordo com as ferramentas
descritas pela norma ISO/IEC 31010:2012 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 2012) e com base no conhecimento e nos pontos
de vista das partes interessadas.
c) Tratamento de riscos: identifica as opções disponíveis de tratamento
para os riscos identificados anteriormente, além de avaliar, elaborar
e implementar planos de tratamento.
d) Monitoramento e análise crítica: o monitoramento consiste no acom-
panhamento rotineiro do desempenho real, em comparação ao de-
sempenho esperado, enquanto a análise crítica investiga a situação
atual com um foco específico.
e) Registro e relato: proporciona o diálogo entre as partes envolvidas,
garantindo que as diversas visões sejam levadas em consideração.
As partes potencialmente afetadas pelo projeto são chamadas de
stakeholders.
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Figura 2. Relação entre os princípios, a estrutura e o processo da gestão de riscos.


Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2018, p. vi).

Gestão de riscos no planejamento do fechamento


de mina
De maneira geral, as atividades humanas — principalmente aquelas relaciona-
das às atividades industriais — são potenciais fontes de geração de acidentes
e podem causar danos ao meio ambiente, à saúde e à segurança pública.
Portanto, essas atividades devem ser submetidas a uma análise criteriosa de
riscos, em que as possibilidades de acidentes sejam avaliadas em relação à
sua probabilidade de ocorrência e à magnitude dos danos que podem causar.
O fechamento de mina é entendido como o encerramento das atividades
por exaustão do minério, por razões técnicas ou econômicas, e é também
chamado de descomissionamento ou desativação. O ciclo de vida de uma mina
é apresentado na Figura 3. Desde o estudo de viabilidade até o fechamento
de uma mina, o processo de gestão de riscos possibilita a identificação de
perigos e situações críticas que possam culminar em acidentes ou perdas e/
ou ampliar as oportunidades de ganho para a empresa, para a sociedade e
para o meio ambiente.
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Os riscos de fechamento de uma mina precisam ser identificados e mo-


nitorados durante toda a vida útil da mina e até mesmo durante um período
pós-fechamento. Há uma diversidade de modelos para gestão de riscos do
fechamento de mina, como as diretrizes elaboradas pelo Department of the
Environment, Transport and the Regions (DEPARTMENT OF THE ENVIRONMENT,
TRANSPORT AND THE REGIONS, 2000) e pelo Conselho Internacional de Mine-
ração e Metais (CONSELHO INTERNACIONAL DE MINERAÇÃO E METAIS, 2008),
ambos do Reino Unido. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram)
propôs o desenvolvimento de um guia para planejamento do fechamento
de mina (GFM) pelas empresas, para servir como diretriz para planejar o
fechamento de uma mina de acordo com as suas especificidades, segundo
Sánchez, Silva-Sánchez e Neri (2013).
Por exemplo, em 2011, a Vale desenvolveu um GFM com os objetivos de
orientar os profissionais envolvidos no projeto, no planejamento e na operação
de minas sobre as práticas aplicadas na empresa, além de estabelecer dire-
trizes para o fechamento de mina com base nas normas técnicas nacionais e
internacionais aplicáveis e em requisitos legais. De acordo com o GFM da Vale,
em termos ambientais, o plano de fechamento da mina visa a garantir que:

„ o ambiente pós-mineração seja seguro e autossustentável dos pontos


de vista físico, químico e biológico;
„ a qualidade dos recursos hídricos seja protegida;
„ os critérios de fechamento da mina sejam cumpridos.

Em termos socioeconômicos, o plano de fechamento da mina deve pre-


ver uma forma de minimizar os impactos e garantir oportunidades para o
desenvolvimento comunitário. A reabilitação ambiental, por sua vez, busca
obter uma condição ambiental estável, de acordo com os valores estéticos
e sociais das circunvizinhanças. Procura-se dar um determinado uso para a
área interferida, de acordo com o plano preestabelecido para o uso do solo.
No que diz respeito aos riscos jurídicos e financeiros, há necessidade de
garantir fundos para o fechamento de mina ainda no início do projeto, para
que uma possível falta de recursos no final da vida útil do projeto não atra-
palhe a implantação de medidas necessárias de reabilitação. Por fim, para o
fechamento da mina, é necessário atentar-se ao corpo técnico responsável
e escolher criteriosamente uma equipe multidisciplinar, para evitar erros
grosseiros nas medidas de reabilitação e na previsão orçamentária.
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Figura 3. Etapas do ciclo de uma mina e cenários de fechamento programado, suspensão


temporária e fechamento prematuro.
Fonte: Sánchez, Silva-Sánchez e Neri (2013, p. 43).

A implantação de um projeto de mineração resulta de uma série de etapas


que se inicia com a pesquisa mais relacionada ao contexto geológico do
corpo mineralizado e se amplia e abrange aspectos econômicos, ambientais
e sociais com o avanço do projeto. A avaliação econômica de um projeto
mineral, por sua vez, deve considerar as especificidades dessa atividade,
não só no âmbito econômico, mas também no social. Para isso, a avaliação
econômica deve ser acompanhada por estudos de gestão de risco desde as
fases iniciais do projeto até o fim da vida útil da mina.

Referências
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riscos: princípios e diretrizes. Rio de Janeiro: ABNT, 2018.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO/IEC 31010:2012: gestão
de riscos: técnicas para o processo de avaliação de riscos. Rio de Janeiro: ABNT, 2012.
CONSELHO INTERNACIONAL DE MINERAÇÃO E METAIS. Planejamento para o fechamento
integrado de mina: kit de ferramentas. [S.l.]: ICMM, 2008.
Avaliação econômica de projetos mineiros 23

DE CICCO, M. G. A. F.; FANTAZZINI, M. L. Os riscos empresariais e a gerência de riscos.


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MACKENZIE, B.; DOGGETT, M. Economic guidelines for mineral exploration: seminar
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