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1.

Introdução
0 projecto de pesquisa com o tema: Contribuições da atenção farmacêutica na unidade de
tratamento intensivo, enquadra-se na cadeira de farmácia hospitalar e clínica. Terá como
finalidade a elaboração de monografia para a conclusão do curso de Licenciatura em
Farmácia na Universidade Católica de Moçambique (UCM)-Beira.
Terá como seu objetivo principal conhecer as contribuições da atenção farmacêutica na
unidade de tratamento intensivo.
A escolha do tema deve-se ao facto de unidade de tratamento intensivo ser um local pelo qual
os pacientes tendem a ter problemas relacionados aos medicamentos (PRMs), segundo os
dados publicados pela Organização Mundial da Saúde em 2016, mostraram que 1 milhão de
pacientes morrem em ambientes hospitalares em todo mundo devido a erros que podem ser
evitáveis.
Em Moçambique, o ministério da saúde afirma que a maioria das mortes hospitalares são
provenientes dos cuidados intensivos, e estas, estão relacionadas com o uso inadequado de
medicamentos, reações adversas e interações medicamentosas ( MISAU, 2018).
Para alcançar os objetivos traçados nesta pesquisa, será realizado um estudo descritivo de
carácter bibliográfico, onde aa informações serão colectadas a partir de livros, dissertações,
teses, artigos, periódicos e sites de internet como SciELO, Google académico, BVS e
PubMed.
O projecto de pesquisa, estará estruturado em três (3) capítulos: capítulo I será apresentado a
introdução, problema, objetivos e justificativa; capítulo II fundamentação teórica e capítulo
III procedimentos metodológicos, cronograma e orçamento do projecto.
1.1 Problematização
No âmbito hospitalar, a unidade de tratamento intensivo é um local que os pacientes estão
mais vulneráveis aos problemas relacionados aos medicamentos (PRMs). Isto pode estar
associado tanto a natureza crítica de suas doenças, como também a presença da polifarmácia,
o uso de medicamentos de alto risco e constantes mudanças na farmacoterapia devido a
instabilidade hemodinâmica que os mesmos apresentam. Dessa forma, os eventos adversos e
suas consequências têm dimensões mais graves em pacientes sob cuidados intensivos e estão
frequentemente relacionados em desfechos fatais Ou necessidade de medidas adicionais de
suporte à vida resultando no aumento do tempo de internação ( Santiago et al, 2019).
Anualmente, estima-se que 1 milhão de pacientes morrem em hospitais em todo mundo
devido aos erros evitáveis. A Organização Mundial da Saúde e outros estudos, afirmam que
essas mortes tem surgido devido ao problemas relacionados com os erros de medicação,
reações adversas medicamentosas, uso inadequado de fármacos, falta de monitoramento
farmacoterapêutico assim como a falta de educação e orientação ao paciente (OMS, 2016).
Em Moçambique, o ministério da saúde afirma que a maioria das mortes nos pacientes em
cuidados intensivos estão meramente relacionados ao uso inadequado de medicamentos,
reações adversas medicamentosas, automedicação, uso inadequado de medicamentos assim
como interações medicamentosas ( MISAU, 2018).
De acordo com Coelho (2012), a taxa de mortes nos cuidados intensivos por causa de uso de
medicamentos esta entre 5,4 a 33% por ano.
Scrignoli, Texeira e Leal (2016), concluíram que são taxas de interações entre os fármacos
mais prescritos nos serviços de cuidados intensivas: interações graves 7,6%, interações
moderadas 60,2%, e interações leve 3,3%
Santo, et al. (2013) acrescentam que, devido a complexidade dos serviços oferecidos nos
cuidados intensivos requerem por sua vez a administração de vários fármacos que na sua
maioria injetável com consequência a taxa de incompatibilidade entre fármacos está entre
10% a 78%.
Diante as informações acima expostas, surge a seguinte questão: Quais são as contribuições
da atenção farmacêutica para pacientes em unidade de tratamento intensivo?
1.2 Objectivos

✓ Geral
•Conhecer as contribuições da atenção farmacêutica na unidade de tratamento intensivo.

✓ Específicos
• Descrever as principais actividades da atenção farmacêutica na unidade de tratamento
intensivo;
• Identificar as contribuições da atenção farmacêutica na unidade de tratamento
intensivo;
 Descrever a importância da atenção farmacêutica na unidade de tratamento intensivo..
1.3 Justificativa
A escolha do tema justifica-se pelo fato da unidade de tratamento intensivo ser um local pelo
qual os pacientes necessitam de um acompanhamento contínuo de profissionais qualificados
devido as condições que os mesmos apresentam. Isto porque, os pacientes ficam susceptíveis
à problemas relacionados aos medicamentos ( PRMs) devido a uma farmacoterapia que está
em constante modificação. Sendo assim, o paciente necessita de uma terapia medicamentosa
adequada e eficaz. Portanto, ter profissionais como o farmacêutico inserido na equipe de
saúde, poderá trazer resultados clínicos positivos, representando as últimas oportunidades de
Identificar, corrigir ou minimizar possíveis riscos associados à terapêutica escolhida evitando
que os erros aconteçam, assim, melhorando a bem estar do paciente.
O presente estudo justifica-se também em dois âmbitos: Académico e Profissional.
Relevância Académica: no âmbito académico a pesquisa poderá servir como fonte de
consulta fornecendo aos académicos informações necessárias para pesquisas futuras na
mesma temática ou em matéria relacionada ao uso de medicamentos nos cuidados intensivos.
Relevância Profissional: no âmbito profissional o estudo se relevará, por abordar uma
temática vital para profissão farmacêutica, tendo em conta que, visa, para além de ilustrar as
contribuições da atenção farmacêutica na unidade de tratamento intensivo, também trazer a
tona o papel do profissional Farmacêutico em atividades ligadas á dispensa e distribuição de
medicamentos.
CAPÍTULO II: Fundamentação teórica
2. Unidade de tratamento intensivo
2.1.1 Historial
Segundo Batista e Rocha (2019), a história do surgimento das unidades de tratamento
intensivo nos remete a varias “eras” assim chamada pela contribuição de vários personagens
importantes nesse contexto, onde iniciou com a chamada “era Florence” A Unidade de
Terapia Intensiva é idealizada como Unidade de Monitoração de paciente grave através da
enfermeira Florence Nightingale (A primeira Enfermeira Intensivista que preconizou a
unidade de tratamento intensivo) (Batista & Rocha, 2016).
A Unidade de Terapia Intensiva foi criada em 1926, em Boston pelo Dr. Walter Dandy. A
ideia era que, alocando os pacientes mais graves próximos aos profissionais da saúde,
facilitaria o monitoramento e o atendimento (Honorato et al., 2016).
2.1.2 Definição
A Unidade de Tratamento intensivo, é caracterizada pela dependência hospitalar destinada a
cuidados diretos e intensivos a pacientes com quadros graves ou que apresentem riscos que
comprometem sua saúde, podendo inclusive levar ao óbito ( Morais, 2021).
Esta unidade visa uma recuperação hábil do paciente, acompanhado de uma assistência
multiprofissional capacitada e preparada para agir sobre a complexidade, o estresse e a
sobrecarga de trabalho que este tipo de serviço proporciona ( Nascimento et al., 2013).
A unidade de tratamento intensivo é sinônimo de complexidade e gravidade, com taxas de
óbito de 5,4 a 33% , porém, têm-se visto e analisado o aprimoramento contínuo de novas
tecnologias necessárias ao suporte e manutenção indispensáveis ao paciente (Mantovanelli &
Júnior, 2021).
As unidades de tratamento intensivo desempenham um papel decisivo na chance de
sobrevida e pacientes gravemente enfermos. Esse departamento corresponde a 30% dos
recursos financeiros da unidade hospitalar, mesmo que possuam menos de 10% dos leitos
ocupados ( Batista et al, 2019).
Estes recursos terapêuticos incentivam a longevidade e a cura, mesmo quando as perspectivas
esgotam-se e a morte é inevitável.
Concomitantemente aos avanços terapêuticos ocorridos nas últimas décadas, apontasse a
evolução da terapia medicamentosa, recurso nitidamente inquestionável, com inúmeros
benefícios ao individuo, por vezes possibilitando a cura ( Oliveira et al, 2022).
Entende-se por terapia medicamentosa o ramo da farmacologia médica como um recurso
terapêutico à base de medicamentos que visam à profilaxia, diagnóstico e tratamento das
doenças, focando na longevidade e cura do paciente ( Calvante et al., 2019)
Estes, possuem diversas classificações:
 Quanto a sua origem: podem ser natural, animal, vegetal ou artificial;
 Quanto ao foco de ação: são organotrópicos ou etiotrópicos;
 Quanto à ocasião de uso: elenca-se em preventivo, substitutivo, usados para suprimir
a causa da doença ou sintomático;
 Quanto aos efeitos no indivíduo: como por exemplo, efeitos tóxicos, adversos,
sistêmicos, secundários e terapêuticos (Calvante et al., 2019).
2.1.3 Classificação
As unidades de tratamento intensivo podem ser divididas em:
 Adulto;
 Pediátrico;
 Pediátrica Mista e Neonatal.

Unidade de tratamento intensivo adulto


É caracterizada como unidade complexa, dotada de sistema de monitorização contínua, que
admite pacientes potencialmente graves ou com descompensação de um ou mais sistemas
orgânicos e que com o suporte e tratamento intensivo tenham possibilidade de se recuperar”
(Júnior et al., 2021).
É destinada para pacientes acima de 18 anos. O hospital pode usá-los para jovens de 15 a 17
anos, desde que defina normas para regular essa situação ( Júnior et al., 2021).
Pediátrico
São internados recém-nascidos prematuros, crianças que correm risco de vida e necessitam de
cuidados 24 horas por dia, bem como aqueles que sofreram algum problema no nascimento
( Júnior et al., 2021).
Pediátrica Mista e Neonatal
Essas unidades são especialmente projetadas para atender às necessidades específicas de
bebês prematuros, recém-nascidos com problemas respiratórios, infecções graves, problemas
cardíacos, distúrbios metabólicos e outras condições médicas complexas. Além disso,
também podem fornecer cuidados intensivos a crianças mais velhas com doenças graves ou
que tenham passado por cirurgias complexas (Mantovanelli & Júnior, 2021).
Para Mantovanelli e Júnior (2021), A classificação dos serviços de cuidados intensivos
também pode se feita levando-se em consideração aos serviços fornecidos para cada unidade,
por exemplo: unidade de terapia intensiva neurológica, unidade de terapia intensiva
cardiológico, unidade de terapia intensiva cirúrgica, unidade de terapia intensiva emergencial.
2.2 Condições para a admissão de pacientes na unidade de tratamento intensivo
A Sociedade Americana de Cuidados Críticos (SCCM) 2016 ,sugere que as admissões da
unidade de tratamento intensivo sejam feitas com base numa combinação de elementos a
ponderar:
 Necessidades específicas do paciente que só podem ser atendidas dentro do ambiente
da UTI experiência clínica disponível;
 Priorização de acordo com a condição do paciente;
 Diagnóstico;
 Disponibilidade de leito;
 arâmetros objetivos no momento do encaminhamento (como a frequência
respiratória);
 Potencialidade para o paciente se beneficiar das intervenções na Unidade de
tratamento intensivo e prognóstico (SCCM, 2016).
2.3 Priorização de pacientes na unidade de tratamento intensivo
 Pacientes que necessitam de intervenções de suporte de vida, com alta probabilidade
de recuperação e sem nenhuma limitação de suporte terapêutico (Morais, 2021).
Tatamentos incluem: suporte ventilatório, drogas vasoativas contínuas, etc. Nesses pacientes,
não há limites em se iniciar ou introduzir terapêutica necessária. Exemplo: instabilidade
hemodinâmica, pacientes em insuficiência respiratória aguda necessitando de suporte
ventilatório ( Morais, 2021).
 Pacientes criticamente enfermos mas que têm uma probabilidade reduzida de
sobrevida pela doença de base ou natureza de sua doença aguda (Morais, 2021)
Esses pacientes podem necessitar de tratamento Intensivo para aliviar uma doença aguda,
mas limites ou esforços terapêuticos podem ser estabelecidos como não intubação ou
reanimação cardio-pulmonar ( Morais, 2021).
2.4 Condições específicas ou patologias determinadas apropriadas para admissão em
unidade de tratamento intensivo
Sistema cardiovascular
 Choque cardiogênico;
 Arritmias Complexas requerendo monitorização contínua e intervenção;
 Insuficiência cardíaca congestiva aguda com insuficiência respiratória e/ou
requerendo suporte hemodinâmico;
 Emergências hipertensivas;
 Parada cardio-respiratória (Pós-reanimação);
 Tamponamento cardíaco com instabilidade hemodinâmica;
 Aneurisma dessecante da aorta;
 Bloqueio cardíaco completo ou situações de bloqueio associados a distúrbios
hemodinâmicos aos quais são necessários tratamento intensivo e/ou marca passo
temporário ( Morais, 2021).
Pneumologia
 Insuficiência respiratória aguda necessitando de suporte ventilatório;
 Embolia pulmonar com instabilidade hemodinâmica;
 Pacientes em unidade intermediária com deterioração espiratória.
Neurologia
 Doença vascular Cerebral aguda com alteração do nível de consciência.
 Coma metabólico tóxico ou anóxico;
 Hemorragia Intracraniana com risco de herniação;
 Hemorragia sub-aracnóide aguda;
 Meningite com alteração do estado mental ou comprometimento respiratório;
 Hipertensão intracraniana;
 Pós-operatório do SNC;
 Status epilepticus;
 Trauma crânio encefálico grave ( Morais, 2021).
Farmacologia ( ingestão/overdose
 Instabilidade hemodinâmica;
 Coma com instabilidade respiratória ou não;
 Convulsão de difícil controle ( Morais, 2021)
Gastroenterologia
 Hemorragia digestiva persistente com sinais de choque;
 Insuficiência hepática fulminante;
 Pancreatite grave;
 Gastrenterite com choque;
 Perfuração esofágica com ou sem mediastinite;
 Úlceras gastroduodenais complicadas/perfuradas ( Morais, 2021).
Endocrinologia e metabolismo
 Cetoacidose diabética complicada;
 Distúrbios hidroeletrolíticos e acido-básico graves;
 Crise tireotóxica ou coma mixedematoso com instabilidade hemodinâmica;
 Estado hiperosmolar com coma e/ou Instabilidade hemodinâmica;
 Outros problemas endócrinos com crise adrenal com instabilidade hemodinâmica
( Who, 2020).
Cirurgia
 Pacientes de pós-operatório necessitando de monitoração hemodinâmica e suporte
ventilatório ( Who, 2020).
Sistema renal
 Insuficiência renal aguda
Diversos
 Choque séptico com instabilidade hemodinâmica;
 Lesões por choque elétrico, afogamento, hipotermia;
 Hipertermia maligna;
 Distúrbios hemorrágicos complicados;
 Politraumatizados ( Who, 2020).

2.5 Medicamentos
Os Medicamentos são produtos farmacêuticos, tecnicamente obtidos ou elaborados, com
finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico (Lei nº 5.991 de
17/12/1973) ( Toneto et al., 2013).
2.5.1 Classificação dos medicamentos
o Quanto ao número de substâncias activas
- Simples: aqueles que contém apenas um princípio activo;
- Compostos: apresentam dois ou mais princípio activo ( ANVISA, 2012)
o Quanto a via de administração
- Enteral: oral, sublingual, retal;

- Parenteral: intravenosa, intramuscular, subcutânea, respiratória, tópica, ocular e


auricular.
o Quanto a origem
- Natural ( animal ou vegetal);
- Mineral;
- Semi-sintético;
- Sintético ( ANVISA, 2012)
o Quanto ao modo de preparo
- Industrial;
- Magistral;
- Oficinal
o Quanto ao modo de ação
Profilática: possuem ação preventiva contra doenças (exemplo: vacinas);
Curativa: podem curar doenças (exemplo: antibiótico);
Paliativa: podem diminuir sinais e sintomas das doenças, mas não proporcionam a
cura (exemplo: antitérmicos e analgésicos);
Fins Diagnósticos: para realização de exames, ex. RX com contraste ( ANVISA,
2012).

2.5.2 Problemas relacionados com medicamentos


são situações em que ocorrem eventos adversos ou indesejáveis relacionados ao uso de
medicamentos. Esses problemas podem ocorrer devido a diversos fatores, como erros de
prescrição, dispensação ou administração de medicamentos, interações medicamentosas,
reações alérgicas, uso incorreto de medicamentos, entre outros (Nunes et al., 2017).

Alguns exemplos de problemas relacionados com medicamentos incluem efeitos colaterais


graves, intoxicações, falta de eficácia do medicamento, uso inadequado de medicamentos em
populações específicas (como crianças, idosos ou gestantes), uso de medicamentos
contraindicados ou incompatíNunes et al., 2017 (Nunes et al., 2017).

2.6 Eventos adversos a medicamentos (EAM)


são reações indesejáveis ou prejudiciais que ocorrem como resultado do uso de
medicamentos. Esses eventos podem variar em gravidade, desde efeitos colaterais leves até
reações graves que podem colocar a vida do paciente em risco (França et al., 2021).
Os eventos adversos a medicamentos podem ser classificados em duas categorias principais:
o Reações adversas a medicamentos (RAM);
o Erros de medicação.

Reações adversas a medicamentos (RAM): São efeitos indesejáveis que ocorrem como
resultado do uso correto de um medicamento, dentro das doses terapêuticas recomendadas.
Essas reações podem ser previsíveis, como náuseas, sonolência ou tontura, ou imprevisíveis,
como reações alérgicas graves (França et al.,, 2021).
Erros de medicação: São falhas no processo de uso de medicamentos, que podem ocorrer
em qualquer etapa, desde a prescrição até a administração. Isso inclui erros de prescrição,
dispensação, administração incorreta de medicamentos, confusão de nomes de medicamentos,
entre outros ( França et al., 2021).

2.7 Incompatibilidade Medicamentosa


A incompatibilidade medicamentosa ocorre quando dois ou mais medicamentos interagem de
maneira prejudicial quando administrados juntos. Essa interação pode resultar em uma
diminuição da eficácia de um ou ambos os medicamentos, aumento dos efeitos colaterais ou
até mesmo em reações adversas graves (Paes et al., 2017).

Existem diferentes tipos de incompatibilidades medicamentosas:

Incompatibilidade física: Ocorre quando dois medicamentos não podem ser misturados em
uma mesma solução ou quando a mistura de medicamentos resulta em alterações físicas,
como precipitação, formação de cristais ou mudança de cor. Essa incompatibilidade pode
ocorrer quando medicamentos são misturados em uma seringa, frasco ou bolsa de infusão
( Paes et al., 2017).

Incompatibilidade química: Ocorre quando dois medicamentos reagem quimicamente entre


si, resultando em uma alteração na estrutura química de um ou ambos os medicamentos. Isso
pode levar à formação de substâncias tóxicas ou à perda de eficácia dos medicamentos ( Paes
et al., 2017).

Incompatibilidade farmacocinética: Ocorre quando um medicamento afeta a absorção,


distribuição, metabolismo ou eliminação de outro medicamento no organismo. Isso pode
resultar em níveis inadequados de um ou ambos os medicamentos no sangue, levando a uma
diminuição da eficácia terapêutica ou aumento dos dos efeitos colaterais (Paes et al., 2017).

Incompatibilidade farmacodinâmica: Ocorre quando dois medicamentos têm efeitos


farmacológicos opostos ou quando um medicamento potencializa ou diminui o efeito do
outro. Isso pode resultar em uma diminuição da eficácia terapêutica ou em reações adversas
graves (Paes et al., 2017).

2.8 Interação medicamentosa


É o termo utilizado para descrever as alterações que ocorrem quando dois ou mais
medicamentos são administrados juntos e afetam a maneira como esses medicamentos agem
no organismo ( Tomassi, 2012). Essas interações podem resultar em efeitos indesejáveis,
diminuição da eficácia terapêutica ou aumento dos efeitos colaterais.
Existem diferentes tipos de interações medicamentosas:

Interações farmacocinéticas: Refere-se às alterações que ocorrem na absorção, distribuição,


metabolismo e eliminação dos medicamentos no organismo. Por exemplo, um medicamento
pode aumentar ou diminuir a velocidade de absorção de outro medicamento, afetar sua
distribuição nos tecidos, interferir em seu metabolismo no fígado ou alterar sua eliminação
pelos rins. Isso pode levar a níveis inadequados de um ou ambos os medicamentos no sangue,
resultando em diminuição da eficácia terapêutica ou aumento dos efeitos colaterais ( Tonello
et al., 2013).

Interações farmacodinâmicas: Refere-se às alterações que ocorrem nos efeitos


farmacológicos dos medicamentos quando administrados juntos. Por exemplo, um
medicamento pode potencializar ou diminuir o efeito de outro medicamento, resultando em
uma resposta terapêutica diferente da esperada. Isso pode levar a uma diminuição da eficácia
terapêutica ou aumento dos efeitos colaterais ( David et al., 2013).

Interações por mecanismo de ação: Ocorre quando dois medicamentos atuam no mesmo
alvo ou via de ação no organismo, resultando em uma potencialização ou antagonismo dos
efeitos terapêuticos. Por exemplo, dois medicamentos que atuam para diminuir a pressão
arterial podem ter um efeito aditivo, levando a uma queda excessiva da pressão arterial
( David et al., 2013)

Interações por efeito aditivo ou sinérgico: Ocorre quando dois medicamentos com efeitos
semelhantes são administrados juntos, resultando em um efeito maior do que a soma dos
efeitos individuais. Por exemplo, a combinação de dois analgésicos pode proporcionar um
alívio da dor mais eficaz do que cada medicamento isoladamente ( David et al., 2013).

2.9 Classes de medicamentos mais prescritos na unidade de tratamento intensivo


As classes de medicamentos mais prescritos nas Unidades de Tratamento intensivo podem
variar dependendo das necessidades específicas de cada paciente e das condições clínicas
(Paiva, Marques & Garcês, 2019).
No entanto, algumas classes de medicamentos comumente prescritas em unidades de
tratamento intensivo incluem:
 Sedativos e analgésicos: Esses medicamentos são usados para controlar a dor, reduzir
a ansiedade e promover o conforto do paciente. Exemplos incluem propofol,
midazolam e fentanil ( Paiva et al., 2019).

 Antibióticos: São prescritos para tratar infecções bacterianas. A escolha do


antibiótico depende do tipo de infecção e dos resultados dos testes de sensibilidade.
Exemplos incluem ceftriaxona, vancomicina e meropenem (Paiva et al., 2019)

 Vasopressores: Esses medicamentos são usados para aumentar a pressão arterial e


melhorar o fluxo sanguíneo em pacientes com choque ou hipotensão. Exemplos
incluem noradrenalina, dopamina e adrenalina ( Barros et al., 2013).
 Diuréticos: São utilizados para aumentar a produção de urina e remover o excesso de
líquidos do corpo. Exemplos incluem furosemida e hidroclorotiazida ( Barros et al.,
2013)

 Anticoagulantes: São prescritos para prevenir a formação de coágulos sanguíneos em


pacientes com risco aumentado de trombose. Exemplos incluem heparina e
enoxaparina ( Barros et al., 2013).

2.10 Atenção farmacêutica


2.10.1 Historial
No século XX, o papel do farmacêutico associava-se à produção e comercialização de
produtos medicinais, além disso, esse profissional apresentava grande vínculo com equipes
de saúde e com o próprio paciente. No entanto, essa atuação tradicional sofreu uma
diminuição, a partir da Segunda Guerra Mundial, em função do desenvolvimento da indústria
farmacêutica (Chagas, 2013,p.11).
Esse fato levou a um descompasso entre a formação do profissional e as ações demandadas
pela sociedade, gerando uma frustração em alguns profissionais, pois os conhecimentos
adquiridos na graduação já não eram mais aplicados de forma permanente na prática diária e
acabavam se perdendo (Chagas, 2013, p.11).
A partir desta, o farmacêutico relacionado à área assistencialista distanciou-se das equipes de
saúde e dos pacientes, passando a ser visto apenas como um dispensador de produtos.
Nesse contexto surgiram, na década de 1960, líderes profissionais e educadores norte-
americanos que organizaram um movimento profissional com a finalidade de questionar a
formação e as atitudes do farmacêutico, bem como corrigir possíveis erros cometidos no
exercício de sua profissão.
Além disso, discutia-se o conceito de “orientação ao paciente” cuja consequência foi à
criação do termo Farmácia Clínica, a qual é “compreendida como uma atividade que
permitiria novamente aos farmacêuticos participar da equipe de saúde, contribuindo com seus
conhecimentos para melhor cuidado com a saúde do paciente” (Chagas, 2013, p.11).
Segundo o Comitê de Farmácia Clínica, da Associação dos Farmacêuticos de Hospitais dos
EUA, a Farmácia Clínica é uma ciência da saúde cuja responsabilidade é assegurar, mediante
a aplicação de conhecimentos e funções relacionadas com o cuidado dos pacientes, que o uso
dos medicamentos seja seguro e apropriado, necessitando de educação especializada e/ou
treinamento estruturado. Requer, além disso, que a coleta e interpretação de dados sejam
criteriosas, que exista motivação pelo paciente e que existam interações interprofissionais
( Chagas, 2013, p.11).
Entretanto, a atividade clínica exercida pelo farmacêutico não deve ser restrita a uma
determinada área, pois a exposição de agravos relacionados aos efeitos medicamentosos está
presente em qualquer ambiente em que haja usuários de medicamentos (Chagas, 2013, p.11).
A Farmácia Clínica, por sua vez, significou a introdução da orientação prática farmacêutica
ao paciente, mesmo apresentando ainda alguns conceitos que enfatizavam o medicamento e
não o paciente. A partir de então surgiu, entre o final da década de 1980 e o início de 1990, o
conceito de Atenção Farmacêutica, a fim de redirecionar o farmacêutico clínico à prestação
de serviços para a assistência individual (Chagas, 2013, p.11).
2.10.2 Conceitos
O termo Atenção Farmacêutica foi utilizado pela primeira vez por Mikeal (1975) como
Sendo:
“a assistência que um determinado paciente necessita e recebe, que assegura um uso seguro e
racional de medicamentos’’ (Nascimento, 2020).
Posteriormente, em publicações de ciências farmacêuticas, a primeira definição de atenção
farmacêutica surgiu em um artigo publicado por BRODIE et al (1980):
“em um sistema de saúde, o componente medicamento é estruturado para fornecer um padrão
aceitável de atenção farmacêutica para pacientes ambulatoriais e internados. Atenção
Farmacêutica inclui a definição das necessidades farmacoterápicas do indivíduo e o
fornecimento não apenas dos medicamentos necessários, mas também os serviços para
garantir uma terapia segura e efetiva. Isto inclui mecanismos de controle que facilitem a
continuidade da assistência”.
Na ótica da OMS a Atenção Farmacêutica é:
“um conceito de prática profissional na qual o paciente é o principal beneficiário das ações do
farmacêutico. A atenção farmacêutica é o compêndio das atitudes, os comportamentos, os
compromissos, as inquietudes, os valores éticos, as funções, os conhecimentos, as
responsabilidades e as habilidades dos farmacêuticos na prestação da farmacoterapia com o
objetivo de obter resultados terapêuticos definidos na saúde e na qualidade de vida do
paciente” (OMS, 2016).
A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) propõe que Atenção Farmacêutica seja:
“um modelo de prática farmacêutica, desenvolvida no contexto da Assistência Farmacêutica.
Compreende atitudes, valores éticos, comportamentos, habilidades, compromissos e co-
responsabilidades na prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde, de forma
integrada à equipe de saúde. É a interação direta do farmacêutico com o usuário, visando uma
farmacoterapia racional e a obtenção de resultados definidos e mensuráveis, voltados para a
melhoria da qualidade de vida” (Nascimento, 2014).
De acordo com Cipole et al. (2013), Atenção Farmacêutica pode ser definida como:
“Prática na qual o farmacêutico assume a responsabilidade por satisfazer as necessidades
farmacoterapêuticas, proporcionar melhoria da qualidade de vida do paciente rumo ao
alcance de objetivos terapêuticos definidos e responde por esse compromisso.
Capítulo III. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3.1 Quanto a natureza
Pesquisa prática ou aplicada: caracteriza-se por seu interesse prático, isto é, os resultados
obtidos serão aplicados ou utilizados imediatamente, na resolução de problemas que ocorrem
na realidade ( Lakatos, 2017).
A pesquisa do presente estudo, portanto, é aplicada por tentar gerar conhecimentos que serão
aplicados no intuito de resolucionar problemas específicos ligados a atenção farmacêutica na
unidade de tratamento intensivo.
3.2 Quanto a forma de abordagem do problema
Pesquisa qualitativa: Consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem
espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que se
presumem relevantes, para analisá-los (Lakatos, 2010). É aquele que busca por resultados
qualificáveis.
Portanto, a pesquisa é qualitativa por tentar trazer resultados qualificáveis que serão
apresentados em forma de textos, tabelas.
3.3 Quanto aos objetivos
Pesquisa descritiva: segundo Silva & Menezes (2014, p.21) a pesquisa descritiva é aquela
que visa descrever as características de determinada população ou fenômeno ou
estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta
de dados: observações sistemáticas e questionários.
A pesquisa do presente estudo portanto, é descritiva porque irá descrever as contribuições da
atenção farmacêutica na unidade de tratamento mediante a observação e avaliação de
resultados existentes.
3.4 Quanto aos procedimentos técnicos
Pesquisa bibliográfica: é aquela elaborada a partir de materiais já publicados. Inclui
principalmente livros, artigos, dissertações,teses, períodicos atualmente disponibilizados na
internet.
O presente estudo é bibliográfico, porque irá se basear na utilização de materiais já
publicados ou estudados, como teses, dissertações, livros, períodos, artigos e sites de internet
para a sua elaboração.
3.5 Quanto ao método de pesquisa
Método dedutivo: é um tipo de estrutura de raciocínio lógico que, para chegar a uma
determinada conclusão específica, utiliza uma ideia generalizada. Isto é, parte de verdades
gerais e conclusões já conhecidas e existentes (Monteiro,2014).
A pesquisa todavia é dedutiva por tentar trazer por meio da dedução, o levantamento das
ideias gerais sobre a atenção farmacêutica em pacientes na unidade de tratamento intensivo
para chegar a uma determinada conclusão específica sobre a importância da mesma.
3.6 Quanto ao critério de Inclusão
Serão inclusas literaturas na língua Portuguesa, Inglesa e Espanhola, que abordarão matérias
citadas nos descritores em consideração a datação das publicações onde serão selecionadas a
partir de 2012 a 2023, contudo serão incluídas algumas obras com a datação fora deste
período.
3.7 Quanto ao critério de exclusão
Serão excluídas no estudo todas as literaturas que não abordarão assuntos relacionados ao
tema ou apresentarem data da publicação inferior a 2012 e publicações em idiomas,
diferentes dos mencionados acima.
3.8 Técnicas de coleta de dados
A coleta de dados será feita por meio de consultas de livros, artigos, dissertações, teses,
períodos, documentos, monografia, e sites obtidos através da internet nos motores de busca
como: Google académico, PubMed, BVS (biblioteca virtual em saúde), Sientific Electronic
Library Online (SciELO), com o uso de palavras: unidade de tratamento intensivo, Atenção
Farmacêutica.
3.9 Quanto a estratégia de seleção
A estratégia de seleção será feita de forma de pesquisa bibliográfica, envolvendo livros,
artigos, dissertações, períodicos, documentos e sites de internet, publicados desde o período
de 2013 a 2023. Onde serão selecionados, informações de diferentes idiomas como
português, inglês e espanhol.
3.10 Apresentação de resultados
A apresentação dos resultados será feita através de meios computacionais como software da
Microsoft, em particular a Word e Excel, auxiliados com abordagem da revisão literária.
Referências bibliográficas

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