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Casos Clínicos I

Conteudista: Prof. Me. Edson Elias


Revisão Textual: Esp. Laryssa Fazolo Couto

Objetivo da Unidade:

Reconhecer os sinais e sintomas característicos de cada uma das situações de


emergência e adotar os procedimentos adequados para o atendimento de cada caso.

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ʪ Material Complementar

ʪ Referências
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ʪ Material Teórico

Introdução
Até agora nós conversamos sobre os vários procedimentos que antecedem o atendimento a uma
vítima e você deve ter percebido que todos, sem exceção, são de extrema importância, porém, a partir
desta Unidade, vamos efetivamente começar a atuar, pelo menos em teoria, é claro, e para isso se faz
necessário um pré-diagnóstico do quadro e das condições da vítima. Estamos então nos referindo a
um conjunto de procedimentos conhecidos como análise primária.

Análise Primária
Esta é, como o próprio nome já define, a primeira análise que você realiza em uma vítima, em que se
segue um método de exame dando uma sistemática e forma lógica de identificar e avaliar os
problemas da vítima, estabelecendo prioridades de tratamento, pois se não forem identificados e
tratados prioritariamente, poderão levá-la ao óbito, e para chegarmos a esse diagnóstico precisamos
avaliar os seus sinais vitais.

E quais são os chamados sinais vitais, ou seja, o que nos mantém vivos?

Quando eu faço essa pergunta durante os treinamentos, percebo que, por mais incrível que possa
parecer, nem todos entendem ou percebem a vital importância dos sistemas respiratório e
circulatório, traduzindo: da respiração e dos batimentos cardíacos. E é exatamente com vistas nesses
dois sistemas que se inicia a análise.

Mas como ela se desenvolve? Vamos descrevê-la em etapas.

Checar responsividade: verificar se a vítima está consciente ou


não;
Chame pela vítima no mínimo 3 vezes;

Estimule-a de forma auditiva e tátil.

Liberar vias aéreas e estabilizar coluna cervical nas vítimas


inconscientes.

Utilize técnica adequada de liberação de vias aéreas, de acordo


com a situação da vítima.

Figura 1 – Liberação das vias aéreas


Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: Desenho de uma pessoa deitada com os olhos fechados, sua


cabeça sendo inclinada por outra pessoa, que está com uma mão na altura da sua
testa e outra com dois dedos em seu queixo. Uma seta vermelha em curva no sentido
do queixo para a testa. Fim da descrição.

Verificar a respiração: Utilize a técnica de ver, ouvir e sentir por 7 a 10


segundos.

Ver: se há elevação, simetria na expansão do tórax, qualidade;

Ouvir: se a respiração está lenta, rápida, superficial, profunda;

Sentir: se o ar está sendo expirado, uso de músculos acessórios.

Figura 2 – Verificando a respiração da vítima


Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: Desenho de uma pessoa com camiseta amarela e calça comprida


azul, deitado de barriga para cima, outra pessoa abaixada, com os ouvidos próximos
ao rosto do homem deitado, olhando em direção ao seu tórax.
Um balão de fala com um X em vermelho taxado, um desenho de uma boca e nariz
virados para o lado esquerdo, com setas vermelhas apontando inalação de ar em
direção à boca e ao nariz. Fim da descrição.

Após a constatação de ausência da respiração, podemos considerar o diagnóstico de uma possível


Parada Cardiorrespiratória – PCR, ocasião em que devemos iniciar imediatamente as manobras de
Reanimação Cardiopulmonar – RCP, por enquanto, vamos considerar que a nossa vítima apresenta
movimentos respiratórios, o que, neste caso, descarta o diagnóstico de PCR.

Em resumo... se a vítima se encontra inconsciente, porém com sinais vitais presentes (respiração e
batimentos cardíacos), definitivamente ela não está em PCR, pois não existe, fisiologicamente
falando, a possibilidade de alguém estar com o coração parado e ainda respirando.

Você Sabia?
Você sabia que a mecânica da morte normalmente segue o seguinte roteiro:
primeiro, para o fornecimento de oxigênio aos pulmões (por quaisquer
motivos de obstrução das vias aéreas superiores), o que já compromete
aquela famosa troca gasosa que aprendemos lá atrás nas aulas de ciências,
lembram, a famosa hematose?

Em seguida, o coração começa a sentir e a reclamar da falta de sangue


oxigenado para ser enviado aos órgãos e com isso diminui suas atividades
até parar totalmente, e por fim, o cérebro, percebendo o iminente caos,
busca captar ao máximo as reservas de sangue oxigenado para si, porém
quando ele percebe que não tem mais de onde captar, simplesmente encerra
seu expediente, configurando, assim, a morte cerebral, momento em que o
quadro pode clinicamente se tornar irreversível.

Vertigem
Você com certeza já se deparou com alguém caído ou prestes a cair e talvez tenha ficado na dúvida
sobre o que pode ter acontecido com ela um pouco antes do mal-estar, certo?

Bem, como já estudamos em unidade anteriores, uma análise prévia do ambiente pode nos ajudar a
responder a essa dúvida. Vamos começar falando, então, a respeito de uma vertigem, o que é, como ela
acontece, quais as suas possíveis causas e, principalmente, como proceder para auxiliar nessa
situação.

De início, vamos rememorar a anatomia e a fisiologia do nosso corpo e, neste caso, estamos nos
referindo a alguns órgãos e sistemas.

Primeiramente é importante saber que o desmaio e a síncope são praticamente palavras sinônimas,
sendo a segunda apenas uma nomenclatura mais científica, ambas são definidas como a perda
momentânea e temporária da consciência causada, na maioria das vezes, pela redução do fluxo de
oxigênio na região cerebral.

Sabendo que o oxigênio é um elemento vital para a nossa sobrevivência, uma simples interrupção ou
redução do seu fluxo pode acarretar um mal-estar repentino em qualquer pessoa, e, entendendo ainda
que é o sangue o responsável por transportar o oxigênio para todas as células do nosso organismo, já
sabemos então qual seria uma primeira atitude a ser adotada: aumentar a oferta de oxigênio no
ambiente para que a vítima possa receber ou acessar mais facilmente essa oferta.
Antes, porém, de se instalar esse quadro, a vítima pode se queixar de leve tontura, pois esse é um dos
sintomas que geralmente antecedem a perda de consciência da vítima.

Outros sinais e sintomas característicos são:

Palidez;

Fraqueza;

Sudorese (suor frio);

Mal-estar;

Vertigens (sensação rotatória);

Pulso fraco;

Queda da pressão arterial;

Náuseas e ânsias;

Transpiração;

Extremidades frias;

Alterações visuais.

Nesse caso, como ela ainda não perdeu a consciência, podemos adotar procedimentos preventivos,
evitando que ela caia, coloque-a sentada de preferência em uma cadeira e peça-lhe para que posicione
a cabeça entre as próprias pernas semiabertas, com os braços soltos ao lado das pernas.

Estando nesta posição, você vai apoiar a nuca da vítima com a palma de uma mão e pedir para que ela
force a cabeça para cima enquanto você vai exercer uma resistência no sentido para baixo.
Mantenha a resistência por uns 10 segundos e alivie a pressão deixando que ela consiga levantar a
cabeça.

Nesse momento, é importante você orientá-la para que ela promova uma respiração de relaxamento,
ou seja, inspire profundamente pelo nariz e expire lentamente pela boca.

Repita essas manobras no mínimo 4 (quatro) vezes, sempre perguntando à vítima se ela está se
sentindo melhor.

Explicando a mecânica do procedimento.

Ao forçar a cabeça para cima e sendo restrita no movimento, a vítima está efetuando um esforço físico
estático, o que vai acelerar a sua frequência respiratória e os seus batimentos cardíacos, aumentando
assim o fluxo de sangue, associada com a respiração de relaxamento, vai consequentemente conduzir
mais oxigênio para todas as células, inclusive para o cérebro, o que deve acelerar a sua recuperação.

Desmaio/Síncope
O desmaio é caracterizado como uma perda momentânea e temporária da consciência e da força
muscular o que, via de regra, leva a vítima a cair.

As principais causas estão relacionadas a uma condição em que o cérebro deixa de receber a
quantidade necessária de oxigênio ou açúcar para manter suas funções plenamente ativas, podendo
ser:

Exposição excessiva ao calor;

Longos períodos sem se alimentar (inanição);

Cansaço físico;

Fortes emoções;

Permanência em locais pouco ventilados;


queda de pressão arterial.

Figura 3 – Atendimento à vítima inconsciente


Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: Desenho de duas pessoas uniformizadas como operários, uma


está deitada no chão inconsciente e a outra está ajoelhada ao lado da pessoa
inconsciente, com a mão direita posicionada sobre o peito da pessoa deitada. Fim da
descrição.

Os sinais e sintomas de um desmaio são praticamente os mesmos da vertigem, que o antecede:

Palidez;

Fraqueza;

Sudorese (suor frio);


Mal-estar;

Vertigens (sensação rotatória);

Pulso fraco;

Queda da pressão arterial;

Náuseas e ânsias;

Transpiração;

Extremidades frias;

Alterações visuais.

Para essa situação, os procedimentos mais indicados são:

Mantenha a vítima em decúbito dorsal horizontal (DDH);

Ventile o ambiente abrindo portas, janelas;

Afaste os curiosos;

Afrouxe as roupas e acessórios da vítima como gravata, cinto, sapato, relógio;

Posicione a vítima no chão em decúbito lateral (de lado) na posição de recuperação.


Figura 4 – Vítima em posição de recuperação
Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: Desenho de uma pessoa vestida de camisa verde, calça azul e


calçados, na posição deitada, virada para o lado esquerdo, a perna direita está esticada
e a esquerda está dobrada, o braço esquerdo esticado para frente e o direito dobrado
com a mão embaixo do rosto. Fim da descrição.

Saber o que não deve ser feito também é importante para não agravar as condições da vítima.

Não dê água nem comida à vítima enquanto ela estiver inconsciente;

Não ofereça cloro, álcool ou qualquer outro produto com cheiro forte para ela respirar
(isso é mais comum do que você imagina);

Não sacuda a vítima, para evitar possíveis fraturas;

Não eleve as suas pernas, pois a causa do desmaio pode estar relacionado a um Acidente
Vascular Cerebral – AVC e esse procedimento vai agravar o quadro se o AVC for
hemorrágico.

Crise Convulsiva
É um distúrbio do funcionamento cerebral provocado geralmente por alterações transitórias das
funções cerebrais e por diversas doenças neurológicas e não neurológicas. Caracteriza-se
normalmente por contrações violentas, incoordenadas e involuntárias de parte ou da totalidade dos
músculos, salivação excessiva, preensão dentária (dentes cerrados), descontrole dos esfíncteres,
podendo vir a se urinar e/ou se defecar no local, alteração da frequência respiratória, a vítima pode
ainda apresentar traumas musculoesqueléticos como luxações e fraturas provocados pela agitação e
impactos contra estruturas, objetos ou móveis que estejam próximos.

Suas principais causas são:

Traumatismo cranioencefálico;

Doenças infecciosas, inflamatórias ou tumores cerebrais;

Acidente vascular cerebral;

Intoxicações;

Febre alta em crianças (convulsões febris);

Epilepsia.

Uma pessoa em crise convulsiva muitas vezes é rotulada de epilética, mas a epilepsia é uma doença
neurológica convulsiva crônica, ou seja, é apenas uma das causas da crise.

Manifesta-se por perda súbita da consciência, geralmente acompanhada de convulsões tônico-


clônica (fortes contrações e espasmos musculares involuntários).

Se divide em quatro fases distintas:

Aura: sensação premonitória ou de advertência experimentada no início de uma crise;

Fase tônica: extensão da musculatura corporal (rigidez, dentes cerrados);


Fase clônica: espasmos sucessivos, salivação excessiva, perda ou não do controle
esfincteriano anal ou urinário;

Fase pós-convulsiva: a vítima pode apresentar sonolência, confusão mental, cefaleia (dor
de cabeça) e perda da memória momentânea;

A epilepsia pode apresentar-se de diversas formas. Aqui iremos enfocar especificamente dois tipos
mais comuns:

Pequeno Mal: Caracterizada por breves lapsos da consciência sem atividade motora
tônico-clônica;

Grande Mal: Caracterizada por perda da consciência seguida por convulsão tônica-
clônica generalizada.

Um episódio convulsivo epiléptico pode repetir-se muitas vezes, porém não é contagioso.

Os sinais e sintomas mais comuns de uma crise convulsiva são:

Perda da consciência (a vítima poderá sofrer um trauma ao cair);

Rigidez do corpo, especialmente do pescoço e extremidades;

Ás vezes, desenvolvem um quadro de leves tremores ou espasmos de diversas amplitudes


denominadas convulsões tônico-clônicas;

Perda do controle dos esfíncteres urinário e anal;

Pode ocorrer cianose (cor azulada ou acinzentada da pele, das unhas, dos lábios) ou até
parada respiratória, em algumas ocasiões.
Figura 5 – Vítima em posição de recuperação
Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: Desenho de uma pessoa vestida de uniforme azul e calçados


pretos, na posição deitada de barriga para cima, a boca com salivação excessiva,
pequenos riscos em torno do seu corpo simbolizando vários tremores. Fim da
descrição.

Depois das convulsões, a vítima recupera o seu estado de consciência lentamente, podendo se
apresentar confusa por um certo tempo e ter amnésia do episódio.

Conduta para atendimento a uma crise convulsiva:

Proteger a vítima de qualquer perigo, afastando objetos ao seu redor;

Proteger a cabeça da vítima;

Posicionar a vítima em decúbito lateral, evitando assim que ela aspire suas próprias
secreções, permitindo a liberação das Vias Aéreas Superiores – VAS e a queda da base da
língua (lembrando que a língua não enrola);

Afrouxar suas vestes;


Posicione a vítima no chão em decúbito lateral (de lado) na posição de recuperação
(conforme a figura 4 acima);

Não realizar manobras intempestivas durante a crise como forçar a abertura da boca da
vítima ou tentar introduzir objetos em sua boca.

Convulsões Febris
Este tipo de crise pode ocorrer em crianças menores de 6 anos, desencadeadas durante uma
hipertermia (febre alta), porém é importante lembrar que poderá se repetir, portanto requer sempre
atenção médica.

Os procedimentos básicos para esses casos é: abaixar a temperatura com aplicação de compressas
frias nos locais onde passam as principais artérias, tais como pescoço, axilas, virilha e sob os joelhos;
e após isso, encaminhar para o hospital.

OVACE (Engasgamento)
Várias causas podem provocar a obstrução das vias aéreas, como:

A própria língua: quando a vítima se encontra inconsciente, pelo relaxamento natural da


sua musculatura, a língua retrocede e se acomoda no fundo da boca, comprometendo
ainda mais a passagem do ar pela posição flexionada da cabeça;

A epiglote: edema (inchaço) da glote muitas vezes provocada por choque anafilático
(violenta reação alérgica a alguma substância introduzida no organismo), inflamações,
inalação de gases aquecidos, danos nos tecidos por lesões diretas no pescoço, entre
outros.

Porém vamos tratar aqui da Obstrução das Vias Aéreas por Corpos Estranhos – OVACE, também
chamada popularmente de engasgamento, e que pode ser provocada de diversos modos, como:
secreções, substâncias líquidas, pastosas ou sólidas, dentes quebrados, próteses, aparelhos
ortodônticos.
Obstrução em vítimas conscientes acima de 1 ano de
idade
Podemos estar diante de uma das duas situações: obstrução parcial ou total das vias aéreas.

No caso de uma obstrução parcial, devemos sempre observar e questionar a vítima se ela consegue
falar, tossir ou respirar.

Se sim, devemos orientá-la a continuar a tossir forte, não interferindo, porém, mantemos o
monitoramento, pois a qualquer momento a obstrução pode se tornar total.

E daí, neste caso, o quadro torna-se mais grave, pois trata-se agora de uma obstrução total, que, se
nada for feito, a vítima poderá evoluir para uma parada respiratória e, em seguida, uma parada
cardiorrespiratória e óbito. Você se lembra do processo da morte, né?

Então, vamos adotar os procedimentos para aplicação de uma manobra que tem um nome bem
diferente, mas que é mundialmente conhecida, sendo inclusive apresentada em vários filmes e até
desenho animado. Ela se chama manobra de Heimlich, já ouviu falar? É bem simples.

Primeiro, você deve sempre informar à vítima de que vai ajudá-la, porque, em seguida, você se
posicionará atrás dela, colocando um dos seus pés entre as pernas dela, vai passar os seus dois braços
por debaixo dos braços da vítima, fechando uma das suas duas mãos como se fosse desferir um soco
(tanto faz a direita ou a esquerda), mas é claro que você não vai agredir a vítima, e sim posicionar sua
mão fechada, com o polegar encostando na parte abdominal, um pouco acima da cicatriz do umbigo
dela e colocar a sua outra mão espalmada sobre a primeira. Estando nessa posição você vai fazer
rápidas compressões para trás e para cima, como se fosse a letra “J”. Esse procedimento deve ser
repetido várias vezes, até você perceber que a vítima conseguiu expulsar o corpo estranho que estava
obstruindo sua respiração ou ela se tornar inconsciente.
Figura 6 – Manobra de Heimlich em vítima adulta consciente
Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: Desenho de uma pessoa posicionada atrás de outra, com os


braços passados por baixo dos braços da pessoa à sua frente, abraçando-a na altura
do seu abdômen. A pessoa da frente está com as duas mãos no pescoço, como se
estivesse engasgada. Fim da descrição.

Se acontecer de ela ficar inconsciente, deve ser suavemente descida e acomodada no piso, em decúbito
dorsal horizontal (de barriga para cima), nesse momento é importante lateralizar a cabeça da vítima e
manter sua boca entreaberta; ajoelhado, tendo as coxas da vítima entre suas pernas, você deverá
posicionar as duas mãos sobrepostas e espalmadas na mesma região abdominal onde momentos
antes você aplicava a manobra de Heimlich e pressionar em direção ao rosto da vítima. Repita essa
operação pelo menos 5 vezes, observando sempre se o corpo estranho já está na boca da vítima, caso
afirmativo, remova-o pinçando com dois dedos.

Figura 7 – Compressões abdominais em vítima engasgada e


inconsciente
Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: Desenho de uma pessoa (mulher) vestindo blusa de manga
comprida cor-de-rosa, calça comprida de cor azul e meias cor-de-rosa, deitada no
chão de barriga para cima, com a cabeça virada para a esquerda, outra pessoa
(homem) ajoelhada, tendo as coxas da vítima entre suas pernas, com as duas mãos
sobrepostas e espalmadas, posicionadas na região abdominal da vítima. Fim da
descrição.

Realize a análise primária e, se necessário, inicie imediatamente as manobras de Reanimação


Cardiopulmonar – RCP, esse procedimento nós veremos logo mais adiante.

Saiba Mais
Considerada como o melhor método pré-hospitalar de desobstrução das
vias aéreas superiores por corpo estranho, a manobra de Heimlich foi
desenvolvida e descrita em 1974, pelo médico cirurgião torácico norte-
americano, Dr. Henry Judah Heimlich, que faleceu em 17 de dezembro de
2016, aos 96 anos, em Cincinatti, no estado de Ohio, nos Estados Unidos.
Henry Heimlich estava internado em um hospital após sofrer um ataque
cardíaco.

Ele próprio chegou a aplicar a manobra meses antes de morrer, para salvar
uma mulher de 87 anos hospedada na mesma casa de repouso que ele.
Outro ponto importante é que se a vítima for obesa, o que pode dificultar o abraço pelo abdômen, ou
gestante no último trimestre de gestação, as compressões devem ser aplicadas no centro do seu tórax,
ao invés de ser na região abdominal, pois terão a mesma eficiência, porém com menor risco, no caso
da gestante.

Figura 8 – Manobra de Heimlich em vítima gestante


Fonte: Divulgação

#ParaTodosVerem: Desenho de uma mulher grávida, com a mão esquerda no


pescoço e o braço direito abaixado, vestindo uma blusa de mangas compridas de cor
roxa, um homem vestindo uma camiseta de cor azul-claro a abraça por trás,
passando seus braços por debaixo dos braços da mulher e posicionando suas duas
mãos sobrepostas na região do tórax da mulher, logo acima da sua barriga. O
desenho só mostra a parte acima da cintura das duas pessoas. Fim da descrição.

Obstrução em bebês conscientes (de 0 a 1 ano) de idade


Bebês em fase de amamentação costumam sofrer frequentes engasgos, pois, ao sugar o leite, engolem
também uma boa quantidade de ar, e quando esse ar chega a seu estômago, pode provocar um refluxo,
o que geralmente é a causa da obstrução de suas vias aéreas por engasgamento.

Ao perceber um bebê nessas condições, deve-se adotar imediatamente os procedimentos a seguir:

Mantenha o bebê deitado em decúbito dorsal;

Libere as suas vias aéreas através de manobras adequadas;

Verifique se consegue visualizar o corpo estranho em sua boca;

Se possível, tente removê-lo pinçando-o com dois dedos;

Caso não visualize, posicione o bebê de bruços em seu antebraço, apoiando-o em sua
coxa e com a cabeça inclinada em diagonal para baixo;

Segure com firmeza a cabeça do bebê, mantendo sua boca aberta, para perceber a
possível saída do objeto da obstrução;

Aplique 5 golpes leves, com a mão espalmada (tapotagem) em suas costas (entre as
escápulas);

Vire-o novamente de frente para você, com suas costas apoiada em seu antebraço e com
a cabeça do bebê ainda inclinada para baixo, aplique 5 compressões em seu tórax,
utilizando apenas dois dedos;

Observe se o corpo estranho está na boca da vítima, se estiver, pince-o com dois dedos;
Se ainda assim o bebê não reagir, repita a sequência por pelo menos mais duas vezes, e se
der resultado;

Inicie imediatamente as manobras de Reanimação Cardiopulmonar – RCP para bebês, o


que também veremos posteriormente.

Normalmente a reação natural do bebê é chorar copiosamente, pois, obviamente, nesse instante, ele
estará muito assustado.

Você Sabia?
Você sabia que desde 2019 existe uma lei federal (Lei 13.722 de 04/10/2018)
chamada Lei Lucas, que torna obrigatória a capacitação em noções básicas
de primeiros socorros de professores e funcionários de estabelecimentos de
ensino público e privado de educação básica e de estabelecimentos de
recreação infantil?
No material complementar desta Unidade, eu indico uma reportagem onde
você vai poder saber um pouco mais sobre a trágica ocorrência que motivou
a criação da Lei Lucas. Não deixe de acessar.
Figura 9 – Tapotagem em vítima bebê engasgado
Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: Desenho de uma pessoa sentada em uma cadeira segurando com


a mão direita um bebê apoiado de bruços em sua coxa, com a mão esquerda
espalmada nas costas do bebê; outra pessoa está abaixada com o joelho direito
apoiado no chão e o outro dobrado, olhando de frente para a pessoa sentada com o
bebê. Fim da descrição.
Figura 10 – Tapotagem e compressão torácica em bebê
engasgado
Fonte: Educacao.andradina.sp.gov

#ParaTodosVerem: Dois desenhos lado a lado. Na esquerda, uma pessoa de uniforme


verde-claro, sentada segurando com uma mão um bebê loiro, só de fraldas, apoiado
de bruços e inclinado para baixo em sua coxa, com a outra mão espalmada logo acima
das costas do bebê, uma seta preta em curva entre a palma da mão e as costas do bebê
indica o sentido da aplicação do golpe, na parte superior desta imagem está escrito
em letras pretas “PASSO 1”.
No desenho da direita, uma pessoa de uniforme verde-claro, segurando de frente um
bebê loiro, só de fraldas, apoiado de frente em sua coxa, inclinado para baixo, com
uma mão na nuca do bebê e a outra mão com dois dedos apoiados sobre o tórax do
bebê; na parte superior desta imagem, está escrito em letras pretas “PASSO 2”. Fim
da descrição.

Obstrução das vias aéreas estando sozinho


Você já pensou ou até já passou por uma situação dessas?

E aí? O que você fez?

Bom, uma coisa é certa, acho que bateu o maior desespero, certo?
Mas, seja lá o que você fez, felizmente deu resultado, né?

Senão, certamente não estaríamos aqui agora, tendo esta conversa, concorda?

Então, já que você se safou, que tal aprender uma maneira a mais para agir nessas situações?

É bem simples, mas, antes de tudo, você vai precisar manter a calma e o autocontrole, pois só assim
vai conseguir raciocinar, planejar e executar a ação.

Tendo uma cadeira, de preferência rígida e com quatro pés fixos, pois se for giratória, com rodízios ou
de plástico, você poderá cair e se acidentar.

Caso não tenha esse tipo de cadeira por perto, procure ao menos uma poltrona ou sofá com encosto
rígido, posicione-se atrás do encosto, afaste as pernas na distância dos seus ombros para ter maior
equilíbrio, apoie o seu abdômen na parte superior do encosto, segure com as duas mãos no encosto e
solte o peso do seu corpo de uma vez.

Repita o processo quantas vezes for necessário e possível, pois, estando sozinho, se você não
conseguir a desobstrução, terá uma grande chance de perder a consciência e daí as coisas só tenderão
a piorar, entendeu?

A sensação pode até ser dolorosa, mas terá praticamente o mesmo efeito da manobra de Heimlich.
Figura 11 – Vítima engasgada e sozinha
Fonte: ciewkawe.org

#ParaTodosVerem: Desenho de uma pessoa (mulher) vestindo uma camiseta cor-


de-rosa, uma calça de cor cinza e de calçados marrom, em pé com as pernas
afastadas, atrás de uma cadeira de quatro pés, apoiando o abdômen na parte superior
do encosto da cadeira e se inclinando para a frente. Fim da descrição.
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ʪ Material Complementar

Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos

Engasgo: a Importância dos Primeiros Socorros e a Lei Lucas


Acesse o vídeo pelo link abaixo e conheça um pouco mais sobre a tragédia de uma família, que resultou
na luta para a criação e aprovação de uma lei federal. A Lei Lucas.

Engasgo: a importância dos primeiros socorros e a Lei Lucas


Como Salvar uma Vítima de Engasgo!
Você quer saber mais sobre como aplicar a manobra de Hemilich em uma vítima adulta ou em criança?
Assista às instruções do Dr. Rodrigo, médico do SAMU.

Como salvar uma vítima de engasgo!

Leituras

Lei nº 13.722, de 4 de outubro de 2018


Entenda melhor o que diz a Lei Lucas em seus 8 (oito) artigos.

Clique no botão para conferir o conteúdo.

ACESSE
Avaliação do Conhecimento Materno sobre Manobra de
Heimlich: Construção de Cartilha Educativa
Neste artigo as autoras fazem um estudo sobre o nível de conhecimento técnico de puérperas na
aplicação de primeiros socorros em casos de asfixia infantil. Você vai se surpreender com os
resultados do estudo.

Clique no botão para conferir o conteúdo.

ACESSE
3/3

ʪ Referências

HAUBERT, M. Primeiros socorros. Porto Alegre: SAGAH, 2018. Disponível em:


<https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595024885/>. Acesso em: 29/04/2022.

LAMBERT, E. G. Guia prático de primeiros socorros. 3. ed. São Paulo: Editora Rideel, 2013.

QUILICI, A. P.; TIMERMAN, S. (ed.). Suporte básico de vida: primeiro atendimento na emergência para
profissionais da saúde. Barueri, SP: Editora Manole, 2011. Disponível em:
<https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520444924/>. Acesso em: 29/04/2022.

SANTOS, V. L. dos; PAES, L. B. de O. Avaliação do conhecimento materno sobre manobra de Heimlich:


construção de cartilha educativa. CuidArte, Enferm., Catanduva, SP, v. 14, n. 2, p. 219-225, 2020.
Disponível em: <http://www.webfipa.net/facfipa/ner/sumarios/cuidarte/2020v2/p.219-225.pdf>.
Acesso em: 29/08/2022.

SÃO PAULO. Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Manual de Resgate -
Coletânea de Manuais Técnicos de Bombeiros. São Paulo: 2006.

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