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MÓDULO 5 – ATUANDO NAS URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS

SUPORTE BÁSICO DE VIDA

Desde o momento em que ocorre a emergência, até a chegada do resgate,


decorrerá um tempo crucial, conhecido como “Golden Hours”. Esse tempo, nos
países desenvolvidos, não poderá ultrapassar 04 minutos. No Brasil, esse tempo
de resposta, infelizmente ainda é, nas melhores condições, 10-15 minutos.
Portanto, enquanto o resgate não chega, a vítima ou as vítimas deverão ser
atendidas com Suporte Básico de Vida (SBV), por quem estiver presente no local.
O que tem sido constatado é que os funcionários leigos, apenas munidos de
boa vontade, causam muito mais danos às vítimas do que benefícios. O tempo de
resposta para uma pessoa leiga reconhecer uma situação de emergência é muito
maior do que de uma pessoa treinada. Desta forma, quando os profissionais do
resgate chegam, o tempo decorrido terá permitido tanto a degeneração dos sinais
vitais da vítima como também as chances de sobrevivência ou qualidade de vida,
após a recuperação.
O treinamento torna-se, portanto imperativo, não somente pelos aspectos
éticos, mas pela realidade na qual vivemos no Brasil. Uma pessoa treinada
enfrenta com lucidez os momentos em que as coisas fogem do controle e sabe
como se proteger e também como tomar atitudes coerentes. O Sistema de
Serviços de Emergências Médicas dependerá, portanto, das ações conjuntas e
integradas, realizadas por pessoas que devem e necessitam ser treinadas.

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HIPÓXIA

É a diminuição da concentração de oxigênio nos tecidos, principalmente no


cérebro, ocasionada por estresse (emocional, visual ou auditivo) ou por dificuldade
respiratória que comumente ocorre durante procedimentos bucais devido, muitas
vezes, a um mau-posicionamento da cabeça do paciente na cadeira, favorecendo
a obstrução de via aérea.
Os sintomas da hipóxia estão relacionados com o grau de oxigenação
cerebral. O nosso cérebro é 100% aeróbico. Qualquer diminuição da oxigenação
cerebral pode desenvolver sintomas de hipóxia:
• Confusão mental, tonturas e agitação;
• Taquipneia (ofegante) e taquicardia (frequência cardíaca alta);
• Letargia (sensação de fraqueza) e escurecimento da vista;
• Palidez, suor frio e desmaio em casos graves

O oxigênio no nosso organismo é transportado pelas hemácias (células


vermelhas). As hemácias contêm várias moléculas de hemoglobina. Cada
molécula de hemoglobina tem capacidade de transportar quatro moléculas de
oxigênio. Quando uma pessoa apresenta, no oxímetro, saturações de 95%, isto
quer dizer que 95% da sua hemoglobina está saturada com quatro moléculas de
oxigênio.
Hipóxia é definida como saturação de oxigênio na hemoglobina abaixo de
90%. Até 85% de saturação ela é dita leve, com o paciente ficando sem nenhum
sintoma; de 85 a 80% é moderada, com aparecimento de sintomas e, abaixo de
80% de saturação, a hipóxia é considerada grave, com risco de desmaio.
O tratamento da hipóxia consiste em ventilar o paciente, com uso de
oxigênio administrado pelo profissional ou com a melhora da qualidade res-
piratória do paciente. As medidas corretas para tratamento da hipóxia são:
• Acalmar o paciente e afrouxar roupas;
• Colocar o paciente na posição horizontal;

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• Elevar de 15º a 30º as suas pernas;
• Estimular a respiração, aumentando a amplitude respiratória;
• Oxigenoterapia (se necessário, 5 litros/min, no máximo).

Oxigênio é droga e como tal não deve ser utilizado aleatoriamente. De-
veremos considerar a possibilidade de fogo, ressecamento de via aérea e in-
toxicação. Em paciente com respiração espontânea o oxigênio deve ser ad-
ministrado em máscara a 5 litros/min, no máximo, o que já é suficiente para elevar
a concentração de O2 no sangue em 40%. O paciente deve manter o controle da
respiração, pois isto representa, também, uma alternativa natural para o controle
do medo e ansiedade.

DESMAIO (SÍNCOPE)

O desmaio em si não é uma doença, mas pode ser manifestação de


inúmeras alterações orgânicas, tais como:
• Doenças cardiovasculares, porque comprometem o fluxo normal do
sangue para os tecidos, em especial para o cérebro;
• Hipoglicemia, anemia intensa, hemorragias, desidratação e desequi-
líbrio na composição dos sais minerais da corrente sanguínea;
• Medicamentos tais como diuréticos, quando usados em doses mais
altas;
• Hipotensão ortostática: a queda brusca da pressão arterial provocada
pela mudança repentina de posição (a pessoa estava sentada ou
deitada e fica em pé de repente).
• Outras causas: cansaço extremo, emoções súbita, nervosismo in-
tenso, dores fortes e permanência prolongada em lugares fechados e
quentes.

O que deveremos fazer em uma pessoa que está inconsciente?

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1. Primeiramente deveremos verificar se o paciente está ou não
inconsciente através de uma avaliação primária chamada de AVDI:
A – Vítima está alerta: observe se ela se move e se está respirando
V – Vítima responde a estímulo verbal – próximo ao ouvido converse
com o paciente, pergunte se está tudo bem;
D – Vítima responde a estímulo doloroso - toque os ombros, aperte
levemente e procure dar pequenas sacudidelas;
I – Inconsciência.
2. Após determinarmos a inconsciência, deveremos verificar se o
paciente está respirando ou não e acionar o Serviço de Resgate
que no Brasil é o SAMU- Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(192).
3. Se o paciente estiver inconsciente, mas respirando, ele deve ser
colocado na Posição de Recuperação.
4. Se o paciente estiver inconsciente, mas não estiver respirando,
deveremos fazer 30 compressões no peito seguidas de 2 insuflações,
continuando até o resgate chegar.

PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: RCP (REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR)

Conjunto de manobras que visam reverter o caracterizado por apneia


(ausência de respiração) e ausência de pulsos.
Na abordagem do paciente, devem-se observar os seguintes itens:
• Estado de consciência do paciente ( tocando, provocando estímulos
dolorosos);
• Ausência de movimentos respiratórios.

Até um passado recente, a ordem para iniciar manobras de compressão no


tórax era a ausência de pulso. Pelos GuideLines 2010 do ILCOR (International
Leason Committee On Resuscitation) a ordem para iniciar a reanimação
cardiopulmonar é a ausência de respiração. A conduta atual não orienta a

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palpação do pulso por quem não é socorrista, basta observar a respiração. Todo
paciente sem respirar deve receber manobra de compressão no tórax (RCP).
A Reanimação Cardiopulmonar (RCP) deve ser iniciada por quem diag-
nosticar a parada, não podendo ser protelada. Deve-se iniciar a reanimação
enquanto se aguarda atendimento especializado. Chamar por ajuda e iniciar a
desfibrilação (se houver um desfibrilador) são fundamentais para salvar a vida do
paciente.
O desfibrilador é um aparelho que aplica choque sobre o peito do paciente
para reverter quadros de arritmias graves que provocam parada cardíaca: fibrilação
ventricular e taquicardia ventricular sem pulso. Somente 2% das RCP apresentam
sucesso sem desfibrilador. Para tanto, quem estiver atendendo deve ter
treinamento para usar o desfibrilador.
A reanimação cardiopulmonar básica tem o objetivo de impedir a parada
cardiorrespiratória, mantendo a circulação do sangue de forma artificial
(compressões) e a respiração de forma artificial (ventilações).
Procure manter o paciente em uma superfície firme com a cabeça mais
baixa que os pés e, se possível, solicite auxílio enquanto inicia a RCP, obser-
vando três aspectos básicos: circulação artificial (C), abertura da via aérea (A) e
ventilação artificial (B) – (CAB).

1. Circulação Artificial - (Compressão Torácica Externa) - (C): A


compressão torácica externa visa manter artificialmente a circulação cerebral e
pode ser realizada por um ou dois reanimadores:
• onde comprimir: Palma da mão sobre o centro do peito do paciente, na
linha intermamilar;
• que velocidade de compressão: 100 compressões por minuto (no míni-
mo);
• como comprimir (5 cm de profundidade no adulto e criança e 4 cm de
profundidade no bebê ou 1/3 da espessura do tórax)

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• quantas compressões:
• Só compressões: comprimir o tórax, na velocidade mencionada
acima, sem interrupções até a chegada do resgate.
• Compressões e insuflações: 30 compressões para 2 insuflações,
sem interromper, até a chegada do resgate.

2. Abertura de via aérea (A) - Manobra destinada a liberar a via aérea,


removendo qualquer tipo de objeto que possa ocasionar uma difi- culdade na
ventilação:
• Inclinar a cabeça para trás;
• Abrir a boca tracionando o queixo;
• Retirar próteses soltas e que estejam atrapalhando os procedi-
mentos;
• Aspirar secreções;

3. Ventilação Artificial (B):


• Com o que Ventilar:
• Boca-boca;
• AMBU;
• Boca-máscara (máscara pocket)
• Como Ventilar:
• 2 ventilações para cada 30 compressões.

A decisão de parar a reanimação cardiopulmonar deve ser do médico,


quando considerar a vítima irrecuperável. Se houver sucesso na RCP, transferir o
paciente para uma UTI o mais breve possível.

Verifique as principais mudanças nas manobras de RCP no quadro Atualiza-


ções 2010 nas diretrizes de Primeiros Socorros, RCP e DEA (Guidelines ILCOR)

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Referências

ANDRADE, E.D.; RANALLI, J. Emergências Médicas em Odontologia. São


Pau-lo, Artes Mé- dicas, 1a Ed., 2002.
HAIDÁMUS, I. Emergências médicas no consultório odontológico. São
Paulo, Cipola Edito- ra, 1a Ed., 2000.
LÓPEZ, M.; MEDEIROS. Emergências médicas em odontologia. São Paulo:
Ar-tes médicas, ; 2002;
PRIMEIROS SOCORROS, RCP e DEA – NSC.- Livro do aluno. Bragança
Paulis-ta-SP, Editora Randal Fonseca, 4ª Ed. 2005;
Primeiros socorros, RCP e DEA – NSC – Livro do aluno. Bragança Paulista-
SP – Editora Ran- dal Fonseca, 2011.

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