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CENTRO DE ADESTRAMENTO ALMIRANTE MARQUES DE LEÃO

FASE A DISTÂNCIA DOS CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO DE


OPERADOR RADAR E OPERADOR SONAR
DISCIPLINA: TRAUMA
UE3 – ESTADOS DE CHOQUE
Aula 3

UE3 – ESTADO DE CHOQUE - Aula 3

Olá, aluno (a)!

Chegamos na Unidade de Ensino 3 – Aula 1, essa unidade trata em sua


generalidade do mais comum emprego das técnicas de primeiros socorros no tratamento
de diferentes tipos de Choque. Nos textos a seguir você aprenderá muita coisa
interessante sobre esse tema. Vamos lá?
Objetivo da Aprendizagem:

– Conceituar Choque;
– Classificar Tipos de Choque;
– Citar as Condutas no Tratamento de Choque; e
– Citar Asfixia.

3.1 – CONCEITO DE CHOQUE

É o quadro clínico que resulta da incapacidade do sistema cardiovascular de prover


circulação sanguínea suficiente para os órgãos.

3.2 – CLASSIFICAÇÃO DE CHOQUE

O choque pode ser secundário à insuficiência do volume intravascular, à função


cardíaca inadequada, ao tônus vasomotor inadequado, ou à combinação destes.

Tipos de Estados de Choque:

a) Choque Hipovolêmico – causado principalmente por hemorragias ou outras causas que


levem a uma grande perda de líquido.
b) Choque Cardiogênico – causado por uma incapacidade miocárdica de contração e
caracterizado pela diminuição do débito cardíaco.
c) Choque Distributivo – é considerado por alguns como choque hipovolêmico relativo, uma
vez que o volume sanguíneo é normal, porém insuficiente para o enchimento cardíaco
adequado. Várias condições podem determinar dilatação vascular generalizada, entre elas,
traumas cerebrais severos (choque neurogênico), ingestão de certas drogas ou venenos,
reação alérgica (choque anafilático) ou ainda, a associação com uma infecção bacteriana
(choque séptico).

3.3 – CONDUTA

A princípio resume-se em controlar a hemorragia (se presente), administrar oxigênio


(caso disponível) e transportá-lo imediatamente, como prescrito na avaliação inicial do
trauma.
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Outros cuidados podem ser tomados enquanto se aguarda o transporte ou durante


este.
– Eleve as pernas da vítima para concentrar um maior volume sanguíneo nos órgãos
vitais;
– Cubra a vítima com a finalidade de evitar a perda de calor e não com intuito de aumentar
sua temperatura corporal, ou seja, evite colocar cobertores.
– Esteja atento às vias aéreas caso a vítima evolua para o estado de inconsciência e se
isto ocorrer monitore as funções respiratória e circulatória constantemente.
– Se estiver sozinho e a vítima não for de trauma, você poderá deixá-la na posição lateral
de segurança (figura-1) enquanto procura ajuda. Esta posição evita que a língua obstrua
as vias aéreas se ela vier a evoluir para inconsciência.
Observação: a posição lateral de segurança é uma técnica de primeiros socorros
utilizada para manter as vias aéreas desobstruídas após avaliação do atendimento inicial.
Deve ser usada em vítimas conscientes ou inconscientes mas que estejam respirando,
mantendo a vítima inclinada preferencialmente sobre o dimídio esquerdo. Além de evitar a
obstrução das vias aéreas pela língua (asfixia), essa posição também ajuda a prevenir a
broncoaspiração (figura 1).
Figura 1 – Mecanismo da posição lateral de segurança

Na conduta em vítimas politraumatizadas nos casos de choque, a avaliação rápida


da vítima é feita simultaneamente com o tratamento, uma vez que o estado de choque é
uma emergência médica. O transporte rápido para o hospital é fundamental. Após a
conclusão da avaliação rápida, a vítima deve ser preparada para remoção. A determinação
da causa do estado de choque é importante para estabelecer conduta durante o
transporte. Ressalta-se que pouco pode ser feito para tratar a causa do choque decorrente
de hemorragia interna no ambiente pré-hospitalar.

As seguintes condutas deverão ser empregadas:


1- Posicionar a vítima em decúbito dorsal;
2- Manter controle da coluna cervical em casos de trauma;
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3 – Aplicar o protocolo de avaliação inicial do trauma;


4 – Não administrar e nem permitir a administração oral de líquidos ou medicamentos;
5 – Reduzir a perda de calor corporal com manta térmica ou cobertores;
6 – Instalar o oxímetro de pulso; e
7 – Reavaliar frequentemente.

3.4 – ASFIXIA

3.4.1– Conceito
Caracteriza-se pela interrupção total ou parcial do suprimento mínimo de oxigênio
para o organismo, também chamado de sufocação.

3.4.2 – Causas da asfixia


Dentre das causas da asfixia destaca-se:
1 – Obstrução as vias aéreas (causa mais frequente);
2 – Insuficiência respiratória;
2 – Paralisia do centro respiratório; e
4 – Compressão torácica.

Obstrução das vias aéreas


Esta obstrução ocorre nos casos de afogamento, excesso de secreções,
hemorragias, corpos estranhos, estrangulamento e, principalmente, pela queda da língua
em vítimas inconscientes, como mostra a figura abaixo (figura 1).

Figura 1 – Queda da língua para região posterior da orofaringe causando obstrução das
vias aéreas.

Obstrução das vias aéreas por corpo estranho em vítimas conscientes


Os sinais clínicos das obstruções completas são bem característicos. A vítima
mostra-se agitada, com grave dificuldade respiratória (dispneia), cianótica, estando incapaz
de tossir, respirar e falar, assumindo a postura típica de colocar as mãos ao redor do
pescoço. Caso não seja administrado um tratamento adequado, a vítima evolui
rapidamente para um estado de insuficiência respiratória, seguida de parada
cardiorrespiratória e óbito.
No caso da vítima emitir sons, a obstrução poderá ser incompleta, possibilitando
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assim, uma respiração suficiente para mantê-la viva, devendo ser estimulada a tossir e
observada atentamente em suas tentativas de expelir o objeto. Caso apresente uma
respiração ineficiente desde o início, ou haja a impossibilidade da desobstrução pela
própria vítima, devem ser realizadas, pelo socorrista, manobras de desobstrução.
Existem algumas manobras a serem utilizadas pelo socorrista ao se deparar com uma
vítima que apresente uma obstrução de vias aéreas: golpes dorsais e compressões
abdominais (Manobra de Heimlich).

Golpes dorsais
Golpes nas costas ajudam a criar uma pressão no tórax que contribui para
desobstruir as vias aéreas, devendo ser utilizado somente em bebês e crianças. Deve-se
apoiar a vítima com a barriga para baixo, sobre o antebraço do socorrista, ficando a
cabeça mais baixa que o tórax. Usando a base da mão livre, deverão ser dados alguns
golpes dorsais na linha média das costelas, entre as saliências da escápula (figura 2).

Figura 2 – Golpes dorsais em bebês

Compressões abdominais (Manobra de Heimlich)


Por meio de compressões abdominais, o socorrista cria uma pressão intratorácica,
estimulando uma tosse artificial, o que poderá contribuir para a desobstrução, não devendo
ser praticado em pacientes grávidas e em crianças. Se o paciente com uma obstrução de
vias aéreas está consciente, o socorrista deverá:
1 – Posicionar-se por trás do paciente;
2 – Passar os braços por baixo das axilas do paciente (figura 3);
3 – Fechar uma das mãos e colocá-la na linha média entre o abdome e o tórax;
4 – Espalmar a outra mão e colocá-la sobre a mão fechada aplicando uma compressão,
como uma punhalada, para dentro e para cima do abdome. Repetir o procedimento até
que as vias aéreas estejam desobstruídas ou até que o paciente se torne inconsciente.
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Figura 3 – Posicionamento na Manobra de Heimlich.

Observações:
– Caso o paciente com obstrução nas vias aéreas esteja inconsciente ou entrando no
estado de inconsciência, posicioná-lo deitado e realizar a manobra ajoelhado ao seu lado
(figura 4).
– Pode acontecer o caso da vítima sofrer edema das vias aéreas, como o que ocorre no
caso de algumas queimaduras de face, ou como resultado de doenças ou lesões
traumáticas. Nestes casos, em que há impossibilidade de respirar, uma das alternativas é
a cricotireoidotomia, um procedimento médico.
Uma forma ideal para eliminar a possibilidade de obstrução de vias aéreas pela
própria língua é fazer uso da “Cânula de Guedel”, também conhecida como cânula
orofaringe ou Tubo de Mayo (figura 5) ou cânula nasofaríngea (figura 6).

Figura 4 – Manobra de Heimlich com a vítima deitada em decúbito dorsal.


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Figura 5 – Posicionamento adequado da Cânula de Guedel na cavidade oral.

Parada do centro respiratório


As causas mais frequentes desta situação são o choque elétrico e grande ingestão
de álcool e / ou drogas, produzindo asfixia e parada respiratória.

Compressões torácicas
São situações em que os movimentos respiratórios são impedidos por forte pressão
externa, como nos casos de soterramento. A morte por asfixia pode ocorrer mesmo com as
vias aéreas desobstruídas por dificuldade de expansão do tórax durante o movimento da
respiração.

Figura 6 – Cânula nasofaríngea.

O princípio básico de atendimento visa manter as vias aéreas permeáveis e,


posteriormente, iniciar a respiração artificial, se necessário.
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Respiração artificial
Quando executada a abertura das vias aéreas, o paciente ainda não apresentar
respiração, será necessário instituir uma ventilação sob pressão positiva. Ventilar é insuflar
ar nos pulmões.
A ventilação é feita com o ar exalado pelo socorrista, que contém aproximadamente
16% de oxigênio, que é uma concentração menor que a do ar atmosférico, que possui
21%.
As manobras de ventilação, sempre que possível, devem ser realizadas
obedecendo aos critérios de proteção individual, devido aos riscos a que se expõe o
socorrista.

Ventilação
O objetivo é fornecer eficazmente o oxigênio para os pulmões do doente para ajudar
a manter o processo metabólico aeróbico. A hipóxia é resultado de uma ventilação
inadequada dos pulmões e pode conduzir à ausência de oxigenação tecidual do doente.
– Abra as vias aéreas utilizando a inclinação da cabeça (desde que descartadas todas as
possibilidades de lesão cervical) ou execute a elevação da mandíbula modificada
(recomendada para vítimas que sofreram algum trauma).
– Pince as narinas do paciente;
– Remova próteses dentárias incompletas, que estejam deslocadas;
– Mantenha em posição: próteses completas;
– Aplique a boca sobre a boca da vítima (método boca a boca – figura 7);
– Efetue duas ventilações completas com duração aproximada de dois segundos
(respirações rápidas causam distensão do estômago);
– Observe a expansão do tórax da vítima.
– Efetue as ventilações posteriores em intervalos de cinco segundos no adulto, resultando
na frequência aproximada de 12 respirações por minuto.

Figura 7 – Método de ventilação boca a boca.

Observações:
Parte do ar utilizado para respiração artificial segue o caminho do esôfago,
produzindo a distensão do estômago, situação que só será revertida caso venha a interferir
na respiração, como acontece nos casos em que a vítima vomita, correndo o risco de
broncoaspirar as secreções.
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O socorrista deverá monitorar a frequência cardíaca pois, persistindo a parada


respiratória, a situação evoluirá para uma parada cardiopulmonar, situação que trataremos
nos próximos capítulos.

RESUMO DA AULA

Quando o assunto é interessante nem vemos o tempo passar! Você adquiriu conhe-
cimento suficiente para: conceituar Estados de Choque; Classificar os tipos de Choque; ci-
tar as Condutas em Estado de Choque; e conceituar Asfixia; citar as causas de Asfixia e ci-
tar as Condutas de em caso de Asfixia. Fique atento! O que marca é ter em mente a mis -
são da Marinha no serviço de Atendimento às vítimas em Estado de Choque e Asfixia que
é: “Minimizar os danos e evitar o óbito!.”

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