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A EDUCAÇÃO É UM DIREITO
HUMANO, PELO QUAL VALE A
PENA LUTAR.
1ª edição
Breve historial
Tendo identificado a falta de educação, não só voltada ao analfabetismo, como o maior factor
para a pobreza, doenças, casamentos prematuros, taxa alta de natalidade, e situações diversas
ao redor da África. E o inconformismo perante esta situação, fez surgir a LIFE, como
resposta a estes problemas, que pretende levar capacitações, cursos profissionalizantes,
palestras e programas de activismo ao encontro dos jovens em Moçambique, para os
capacitar e ajudar no desenvolvimento do seu potencial humano.
LIFE (Líder Investidor na Formação e Educação) surge em resposta a pergunta: “ Porque que
os jovens Moçambicanos em particular e Africanos em geral, não conseguem na sua maioria
explorar o seu potencial ao máximo e criar para si, oportunidades de emprego para sustentar a
família e sobre sair na vida?
Barack Obama, Antigo Presidente dos EUA, certa vez questionou, “Porque é que África não
é auto-suficiente do ponto de vista agrícola? Há terra arável suficiente, poderia produzir
alimentos suficientes para si próprio, como os devia exportar para ajudar alimentar o resto do
mundo.” (Índice de Desenvolvimento Humano), PIB pear capita, urbanização; e possui altos
níveis de tudo que é mau: o analfabetismo, subnutrição, natalidade, mortalidade, mortalidade
infantil, crescimento demográfico, guerras civis entre outros males.
Enquanto os povos de países de outros continentes levam uma vida, cheia de significado e
realizações, nós levamos uma vida de dificuldades, sofrimento, e pior ainda, morremos como
se nunca tivéssemos existido, ao deixar praticamente nada para as futuras gerações.
De que é que iremos nos alimentar? Como é que se explica que um continente com tantos
recursos naturais como o nosso, uma população maioritariamente em idade activa, uma
população que adora Deus com toda força, se encontra numa situação miserável e de extrema
pobreza, ou seja, na cauda? Será que Deus esqueceu-se do “berço da humanidade”?
Os jovens constituem a grande maioria no nosso país e continente em geral (mais de 70%).
Isto Pode ser vantagem ou desvantagem. Os jovens podem transformar-se no maior activo ou
passivo do continente, dependendo da nossa capacidade de orientá-los de modo a desenvolver
e usar o seu potencial, ou seja, a juventude pode ser riqueza se for educada, orientada,
empoderada, se adquirir habilidades e forem usadas. Ter tantos jovens desorientados, é como
ter um barril de pólvora a espera só de um “toquezinho” para explodir. Para a Presidente da
Comissão Executiva da União Africana, Dra. Nkonsazana Zuma, “para operar mudanças,
precisamos moldar a nova geração antes de assimilar valores errados: orientá-los a encontrar
o role model e desenvolvê-los para torná-los líderes que nós queremos, com vista a
desenvolverem o continente.”
Investir na Educação é garantir um país seguro. É evitar que os jovens façam parte de grupos
de malfeitores. É combater o desemprego, a pobreza, a prostituição, o consumo de drogas.
Segundo uma das mais brilhantes cantoras do planeta, a Shakira, nenhuma criança no mundo
sonha ser traficante ou criminosa; todas crianças têm sonhos nobres. Nós os adultos é que não
proporcionamos condições apropriadas para elas realizarem os seus sonhos.
Daí que se nós não proporcionarmos oportunidades aos jovens, quando temos possibilidades
de o fazer, estamos nos negando um país e um continente melhor.
As pesquisas mostram que 80% de pessoas no mundo não atinge o seu potencial, até que
alguém lhes oriente, ou seja, até que alguém lhes ajude a identificar e desenvolver o seu
potencial.
Houve no mundo grandes líderes que morreram seguidores, grandes empreendedores que
morreram empregados, grandes cientistas que não inventaram nem um alfinete, etc.
Infelizmente a maioria de jovens Africanos e Moçambicanos em especial, vive abaixo do seu
verdadeiro potencial, por falta de alguém para os incentivar, orientar, mostrar o caminho
certo para o sucesso, e evitar dar muitas voltas na vida.
Visão
“Sonhamos com um país e continente em geral onde todo jovem explora no máximo o
seu potencial; e como consequência, um Moçambique e todo resto de África próspero,
integrado, e em paz, com a juventude e a mulher na linha da frente”.
O país e a África que nós queremos e que estamos ajudar a construir é um lugar que deixe de
ser destaque pela negativa (guerras, fome, miséria, doenças, preguiça, desonestidade, falta de
seriedade, analfabetismo, mortes, imundice, dependência externa, etc.) e passe a destacar-se
por coisas nobres:
Missão
Formar e Preparar jovens líderes capazes de transformar o país e continente que temos,
em um Moçambique e uma África que nós sonhamos.
Nós como LIFE acreditamos na existência, de um poder quase ilimitado, dentro de cada um
de nós que, ao ser explorado, podemos fazer coisas extraordinárias (milagres). Dai que as
nossas acções inspiram e direccionam o jovem a explorar o máximo do seu potencial.
Dizia certa vez o Antigo Presidente do Banco Africano, Donald Kaberuka que se tivesse que
nos dar um conselho, diria ao jovem para recordar-se da célebre frase de Jonh F. Kennedy,
que diz, não pergunte o que o seu país fará por si, mas sim, o que você fará pelo seu país.
Os Direitos Humanos são como uma armadura: eles protegem-nos; são como regras, porque
nos dizem como nos devemos comportar; e são como juízes ou juízas, porque podemos
recorrer a esta classe profissional. São abstractos - como as emoções; e como as emoções,
pertencem a todos e a todas e existem, o que quer que aconteça.
Eles são como a natureza, porque podem ser violados; e como o espírito, porque não podem
ser destruídos. Como o tempo, tratam todas as pessoas da mesma maneira - ricas e pobres,
jovens e velhas, brancas e negras, altas e baixas. Oferecem-nos respeito, e encarregam-nos de
tratar as outras pessoas com respeito. Como a bondade, a verdade e a justiça, podemos às
vezes discordar sobre a sua definição, mas nós reconhecemo-los quando os vemos.
A aceitação dos Direitos Humanos significa aceitar que toda a gente tem o direito de fazer
essas afirmações: Eu tenho estes direitos, independentemente do que digam ou façam, porque
eu sou um ser humano, assim como todas as pessoas o são.
Valores-chave
Dois dos principais valores que estão no cerne da ideia dos Direitos Humanos são a dignidade
humana e a igualdade. Os Direitos Humanos podem ser entendidos como definidores dos
padrões basilares necessários para uma vida digna; e a sua universalidade deriva do facto de
que, pelo menos a este respeito, todos os seres humanos são iguais: Não devemos, e não
podemos, discriminá-los.
Os grupos de jovens têm um enorme potencial para exercer pressão sobre os Estados ou
organismos internacionais e assegurar que os casos de violações dos Direitos Humanos sejam
impedidos ou sejam expostos aos olhos do público. Os exemplos desta secção devem dar-vos
medidas concretas que podem ser adoptadas pelos vossos grupos ou outros e também vos
darão um maior conhecimento sobre a forma como as organizações da sociedade civil
trabalham quotidianamente.
Conflitos de direitos
No entanto, os direitos também podem entrar em conflito. O “conflito de direitos” refere-se
aos confrontos que podem ocorrer entre diferentes Direitos Humanos ou entre os mesmos
Direitos Humanos de pessoas diferentes. Um exemplo pode ser quando há duas pessoas que
necessitam de um novo coração para sobreviver e existe apenas um coração disponível para
transplante. Neste caso, o direito à vida de uma das pessoas entra em conflito com o mesmo
Direito Humano da outra pessoa.
Promessas, promessas...
Se todas as garantias assinadas fossem cumpridas, a nossa vida seria pacífica, segura,
saudável e confortável; os nossos sistemas jurídicos seriam justos e ofereceriam a todas as
pessoas a mesma protecção; e os nossos processos políticos seriam transparentes e
democráticos e serviriam os interesses do povo.
Então, o que está a acontecer de errado? Uma das pequenas coisas que está a correr mal é que
as pessoas envolvidas na política são como o resto de nós e, muitas vezes, escolhem atalhos,
se puderem! Por isso, precisamos de saber exactamente que promessas foram feitas em nosso
nome e começar a fazer com que elas sejam cumpridas.
EDH e o activismo
O que é o activismo?
A palavra “activismo” tem apenas cerca de 100 anos, pelo menos no seu sentido actual, e
deriva do verbo activar. Um ou uma activista é alguém que é activo ou activa numa
campanha para a mudança, em especial, em questões políticas ou sociais. O activismo é o que
as e os activistas fazem, ou seja, os métodos que utilizam para operar a mudança.
Os activistas são muito diferentes dos seres humanos “normais”? Que qualidades de
activistas conseguem identificar em vocês mesmos?
O activismo, sem dúvida, requer e depende do compromisso com uma causa ou um ideal e,
normalmente, um compromisso constante e a longo prazo. Por exemplo:
• Ambientalistas vencem uma batalha para parar a construção de uma estação de energia
movida a carvão e iniciam imediatamente outra campanha para impedir a extensão da pista de
um aeroporto.
• Activistas pela paz travam uma luta de 30 anos para criar uma convenção internacional para
banir as minas terrestres.
• Activistas locais lutam contra o fecho de uma sala de hospital ou dum pavilhão desportivo,
abordam a questão de todos os ângulos, abrindo um novo caminho quando falha outro.
Apesar de acreditarmos que cada ser humano é um “mini-ativista”, que se envolve em lutas
por causas diferentes ao longo da sua vida, neste manual, tendemos a não nos referir ao
activismo, mas sim a “agir”. Activistas - no seu sentido mais tradicional - também “agem”,
mas fazem-no constantemente, usando vários métodos diferentes, e provavelmente não
Pararão até que as suas acções tenham tido algum impacto sobre a questão que estão a tentar
resolver.
O que é “agir”?
Quando nos referimos a uma acção realizada em grupo, queremos dizer algo além de uma
actividade “formal” - e algo que provavelmente inclui uma comunidade mais ampla do que
apenas o próprio grupo. Agir, como parte da EDH, tem o objectivo de conseguir um resultado
que é valioso, não só do ponto de vista educativo, mas que não se esgota nisso, por exemplo:
Cada uma destas acções tem um objectivo e tem um impacto para além do grupo, mas cada
uma é também muito útil para mostrar às próprias e aos próprios jovens que têm poder.
Estas medidas práticas podem ser uma aprendizagem pela vida: podem dar significado aos
Direitos Humanos e transformá-los em algo muito positivo. Ver que as nossas acções podem
ter benefícios para as outras pessoas - e para nós mesmos e nós mesmas - é uma lição
poderosa, uma força motivadora. Saber que as coisas podem mudar se nós nos envolvermos
na mudança é um incentivo incrível.
O que fazem se virem uma injustiça ou se não acreditarem que uma política é justa? Como
mostram às outras pessoas o que sentem?
Esta secção examina algumas das abordagens que poderão usar para levar a EDH para a
comunidade. As sugestões não são radicais e é provável que já tenham adoptado muitas delas
no vosso trabalho: desenhar cartazes, debater questões, organizar eventos culturais, reunir
com diferentes organizações, escrever cartas e assim por diante. Tais métodos aparentemente
simples são na verdade os mesmos que são usados por activistas profissionais, e são eficazes!
A lista abaixo nem se aproxima ao número de coisas que podem fazer com um grupo.
Destina-se a lançar ideias, não a oferecer uma receita para a acção. Sejam criativos e
perguntem aos participantes o que acham que seria mais útil, ou mais interessante, para fazer
e o que se adaptaria melhor às competências de quem vai levar a cabo a acção.
As acções públicas
As acções públicas, como o teatro de rua, uma marcha de protesto, as petições ou os protestos
pacíficos têm muitos objectivos diferentes, mas estes são, provavelmente, os objectivos mais
importantes:
• Sensibilizar a população sobre um problema
• Atrair mais pessoas para a causa
• Fazer com que os meios de comunicação falem sobre o assunto
• Mostrar aos políticos e às políticas ou a quem está no poder que as pessoas estão atentas!
Se estão a pensar numa acção pública, precisam de ter em mente a importância de fazer algo
que vai atrair muita atenção: fazer as pessoas rirem, ou fazê-las parar e olhar; podem até
querer tentar chocá-las: Querem é que as pessoas falem da vossa acção!
As pessoas costumam dizer que as manifestações são um desperdício de tempo, mas que
mensagem se envia se ninguém se manifestar?
Acção simbólica com menos de 20 pessoas (não é necessária autorização, mas é necessária
informação às autoridades) Muito útil para chamar a atenção dos meios de comunicação
sociais locais e relativamente fáceis de implementar.
Não é necessária autorização de autoridades públicas, desde que não participem mais de que
20 pessoas, não impeçam o trânsito ou passeios de peões e não se instale nada na via pública
(bancas, mesas, etc.). No entanto, é necessário informar as autoridades.
Podem-se convocar os meios de comunicação social locais num lugar simbólico adequado
para a acção (à frente de um consulado, câmara municipal, ou praça) e fazer declarações
públicas depois da acção. Mesmo que não possam comparecer, devem ser enviadas
imagens/fotografias do evento com um texto explicativo do mesmo aos referidos órgãos de
comunicação.
Concentrações de mais de 20 pessoas ou acções com algum tipo de instalação na via pública
(é necessária autorização) Embora as concentrações de mais de 20 pessoas possam não ser
tão frequentes, uma das principais acções que promovem os grupos é a recolha de assinaturas
e, em muitos casos, é necessário instalar uma mesa informativa e de recolha de assinaturas.
Para isso, é necessária uma autorização das autoridades públicas ou a organização do evento
em causa (se a acção se inserir nalgum evento público local).
Contactar a câmara municipal (responsável pelas vias públicas) informando sobre a data e
localização escolhida para verificação da conveniência e disponibilidade do espaço. A câmara
municipal deve conceder a autorização para levar a cabo qualquer instalação nas vias
públicas ou para aceder ao uso de electricidade. Informem-se previamente se é cobrada
alguma taxa.
Nos casos em que os eventos não sejam de mais de 20 pessoas ou não causarem transtorno na
via pública ou não necessitarem de logística de apoio municipal, basta uma informação, nos
mesmos moldes do pedido de autorização.
Indicar:
- Tipo de acção
- Lugar exacto da concentração ou itinerário
- Data
- Horário (hora prevista de início e finalização da acção)
- Número aproximado de pessoas
- Indicar necessidades especiais (mobilizar o trânsito, acesso à rede eléctrica, algum tipo de
instalação, reserva de espaços pela polícia, etc.).
- Em caso de não ser necessário nenhuma medida especial tem de se especificar que não se
vai impedir o trânsito nem a faixa dos peões.
Esperar pela resposta: geralmente respondem num prazo de cerca de 10 dias, mas se não
entrarem em contacto em menos de 72 horas interpreta-se o silêncio administrativo como
algo positivo.
Aula 03
Tema: Activismo e mobilização
Os e as jovens a educar
As acções públicas, tais como as descritas na secção anterior, não têm como objectivo educar
na verdadeira acepção da palavra; são antes mais centradas em enviar uma mensagem
instantânea e descomplicada, em sensibilizar e em plantar sementes. Os e as jovens podem
ser excelentes educadores e educadoras. Muitas vezes são também mais eficazes do que
outros agentes no recrutamento de outras pessoas para uma causa ou para a mudança de
atitudes, sobretudo quando o público é da sua própria faixa etária. Explicar um problema a
outras pessoas também vai ajudar as e os jovens tanto a esclarecer as suas próprias posições
como a ganhar mais confiança.
• Organizem um debate público sobre um tema de interesse, por exemplo, os cortes nas
despesas com educação, ou se quem cometeu um crime pode ser privado dos seus Direitos
Humanos, ou se os programas militares devem ser cortados para reduzir a pobreza. Convidem
representantes públicos, amigos e amigas a estar presentes.
• Façam o vosso próprio vídeo ou organizem uma produção teatral sobre um tema dos
Direitos Humanos.
• Escrevam um artigo para o jornal local (ou nacional) ou peçam a uma estação de rádio ou
TV local para fazerem uma entrevista. Haverá alguma imagem que possam fornecer para
tornar a notícia mais atraente?
• Pensem numa questão que o grupo compreende bem e criem um programa de educação
entre pares com outros grupos ou estudantes da escola local. Poderiam falar sobre Direitos
Humanos a um grupo de jovens, ou realizar com eles e com elas uma Actividade.
Muitos grupos de jovens, por exemplo, são activos na oferta de assistência directa às pessoas
vulneráveis, cujos direitos não estão a ser respeitados. Essas pessoas, muitas vezes, devem ser
assistidas pelo Estado, porque é o Estado, afinal de contas, que é responsável por se certificar
de que os direitos não estão a ser violados. No entanto, a sociedade muitas vezes precisa de
dar o primeiro passo para oferecer ajuda imediata quando o Estado não cumpre as suas
obrigações.
As e os jovens podem ajudar a preencher essa lacuna - muitas vezes apenas através da sua
presença, encontrando-se regularmente com quem está a passar por dificuldades, ouvindo as
suas questões ou oferecendo a sua companhia. Estes tipos de experiências são sempre muito
enriquecedores para ambos os lados. Visitar pessoas numa situação mais vulnerável e
verificar as falhas do Estado pode colocar os e as jovens numa posição mais forte para
pressionar quem é responsável ou para dar visibilidade pública às falhas, contactando a
comunicação social.
Pensem num grupo específico: que questões de Direitos Humanos podem ser abordadas
numa visita dum grupo de jovens?
Tendo em conta de que é o Estado, ou os seus e as suas representantes, que têm a obrigação
de garantir que os Direitos Humanos são respeitados, muitas vezes o objectivo final de uma
campanha de Direitos Humanos é uma mudança na política, duma lei ou dum regulamento
público.
Desta perspectiva, pode parecer um assunto demasiado “sério” para jovens, ou pode parecer-
lhes que não conseguem fazer a diferença. No entanto, a mudança política acontece – quer
seja a nível nacional, internacional ou local - como resultado de uma série de pressões, muitas
vezes uma após a outra, a partir de várias fontes. Os jovens que começam a desenvolver as
suas competências sobre os Direitos Humanos podem ser tão capazes de começar este
processo como um ou uma activista experiente. Têm, até, mais propensão para ter sucesso a
nível local ou ao nível das instituições, porque as redes são menores e o acesso a quem está
no poder é mais real. No entanto, não descartem a possibilidade de o grupo trabalhar a nível
nacional ou mesmo a nível internacional, se for esse o caminho que o grupo escolher trilhar.
Às vezes, a melhor maneira de exercer pressão sobre quem representa o Estado é através da
cooperação, tentando fazer com que os e as representantes entendam os vossos argumentos;
outras vezes, é através do protesto ou da pressão. Geralmente, as políticas são alteradas como
resultado de influências provenientes de várias direcções e a vários níveis, tanto através da
cooperação como do confronto.
Será que os e as jovens com quem trabalham sabem quem são os seus e as suas
representantes políticos - a nível local, nacional?
• Contactem as e os responsáveis locais por uma decisão particular; entrem em contacto com
membros da oposição ou outras pessoas com influência sobre a política. Peçam para agendar
uma reunião ou organizem uma audiência pública e convidem todos e todas a participar.
• Elaborem uma petição e reúnam o maior número de assinaturas possível. Convidem a
comunicação social a estar presente quando entregarem a petição à pessoa que esperam
influenciar.
• Informem-se sobre as obrigações legais que o governo tem de respeitar bem como os
tratados relativos aos Direitos Humanos que assinou. Podem querer entrar em contacto com
um advogado ou uma advogada ou ONG activa no campo e pedir conselhos.
Em seguida, escrevam uma carta para o vosso ou a vossa representante em questão,
perguntando o que ele ou ela está a fazer para garantir que estas obrigações sejam cumpridas.
Informem a comunicação social!
• Procurem outros mecanismos - nacionais ou internacionais - que poderão usar para chamar
a atenção sobre a vossa questão, ou para solicitar que a mesma seja analisada por um
organismo oficial.
Embora seja útil para os e as jovens iniciarem de raiz as suas próprias acções, também pode
haver benefícios na participação como parte de um movimento mais amplo ou em ganhar
experiência a trabalhar com outras organizações. Há inúmeras organizações, tanto as ONG
“profissionais” como os movimentos espontâneos, envolvidos no trabalho para os Direitos
Humanos, e muitas terão prazer em aceitar a bordo os e as jovens, ficando felizes por terem o
apoio deles. Lembrem-se de que uma organização nem sempre se refere ao seu trabalho como
trabalho para os “Direitos Humanos”; no entanto, uma organização que trabalha com as
pessoas em situação de sem-abrigo, com a pobreza infantil, com a violência doméstica, com o
racismo e a discriminação, ou com muitas outras questões, trabalha evidentemente com
Direitos Humanos, quer o afirme explicitamente ou não.
As e os jovens podem participar em campanhas promovidas por essas organizações ou, para
que o envolvimento seja mais substancial, podem querer oferecer ajuda no planeamento e na
organização de um evento. As organizações sem financiamento suficiente ficarão sempre
felizes por ter mais voluntários e voluntárias, e, em geral, proporcionarão maiores
oportunidades para eles e elas tomarem a iniciativa. As ONG maiores podem ser capazes de
oferecer experiência prática em troca de alguma ajuda voluntária a tempo parcial. Desta
forma, as e os jovens podem ter a oportunidade de trabalhar com activistas profissionais no
terreno e ganhar experiência de trabalho útil, bem como podem obter uma visão sobre o
trabalho no terceiro sector.
Sugestões:
• Saibam quais as organizações locais que estão a trabalhar em questões que interessam ao
grupo: organizem uma reunião com as e os representantes dessas organizações e ponham o
grupo a pensar sobre como poderia envolver-se.
• Vejam as campanhas que estão a ser promovidas por organizações para os Direitos
Humanos mais conhecidos, como os Médicos Sem Fronteiras, a Amnistia Internacional, o
Save the Children, a Federação Internacional da Liga dos Direitos Humanos
(FIDH) ou a Greenpeace.
• Debrucem-se sobre a secção de Planeamento e Acção neste capítulo, e vejam se o grupo
gostaria de criar a sua própria organização para trabalhar sobre um assunto em particular. As
e os jovens podem querer entrar em contacto com outros grupos de jovens ou convidar outras
pessoas com novos conhecimentos e ideias, e assim aumentar o tamanho do grupo para a
acção. É essa, afinal de contas, a forma como começam as organizações de Direitos
Humanos!
Recolha de provas
Aula 04
Tema: Elaborar um plano de acção
Em geral, qualquer acção, e com certeza o bom activismo, requer planeamento. A sessão de
planeamento do grupo vai ajudar-vos a concentrarem-se exactamente no que querem e no que
são capazes de fazer, bem como a pensarem qual a melhor maneira de alcançar os vossos
objectivos. Para objectivos mais ambiciosos, este é provavelmente o primeiro passo
aconselhável, uma vez que uma acção que não alcançar os resultados desejados, ou que
esbarrar contra problemas inesperados, pode ser desanimadora. Têm de fazer com que a
primeira acção que tomem seja eficaz.
Esta secção vai guiar-vos por um dos caminhos que há para estruturar o vosso plano, e irá
também ajudar-vos a focar o grupo sobre qual é a maneira mais eficaz de atingir o objectivo a
que se propuseram. Os métodos são úteis para acções pontuais, como as referidas na secção
anterior, e também podem ser usados para pensar numa campanha mais duradoura que poderá
envolver um número de diferentes acções voltadas para um único objectivo.
Antes de começar...
Sabem quais as competências dos e das participantes do grupo? Sabem os seus interesses
particulares?
Cada grupo tem talentos escondidos, e cada membro de um grupo tem gostos e desgostos,
coisas de que gosta mais e coisas de que gosta menos, competências específicas, e outras
coisas que ele ou ela só consegue realizar com grande esforço. Para ter a certeza de que o
grupo está a aproveitar o máximo das competências e capacidades de cada um dos membros,
é útil organizar uma sessão para analisar precisamente isso.
A análise SWOT é uma forma eficaz de o fazer, por olhar para as circunstâncias fora do
grupo que possam influenciar o que são capazes de fazer.
Para realizar esta análise deve-se dar bastante tempo; é aconselhável pelo menos uma hora.
Dividam o grupo em quatro grupos de trabalho mais pequenos e distribuam as tarefas de
Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças entre eles. Em seguida, reúnam os grupos e
vejam em conjunto se as pessoas concordam com as análises dos e das colegas. Refinem e
adicionem às diferentes secções como acharem adequado.
O diagrama seguinte é um exemplo de uma análise completa, e pode ser útil para incentivar o
grupo com ideias. No entanto, não deixem que o grupo o siga demasiado! Tenham em mente
que cada grupo é único, e que haverá outros pontos fortes (e fracos) que eles e elas precisam
de identificar duma forma autónoma.
Como é que um grupo escolhe a questão que irá trabalhar? Na maioria dos casos, as pessoas
do grupo terão questões que acham que são importantes e que querem trabalhar, que podem
ser desencadeadas por eventos reais, como o terramoto no Haiti, a fome no Sudão ou o facto
de uma família local estar a ser despejada da sua casa. A principal dificuldade pode estar em
chegar a acordo sobre qual escolher, e qual é a melhor maneira para abordar a questão.
Como podem ter a certeza de que as divergências no grupo são úteis, em vez de
destrutivas?
Conhecer o problema
Árvore de problemas
Uma ferramenta útil para a compreensão do problema que estão a trabalhar é a árvore de
problemas. Este é um método de desconstrução de problemas, olhando para as causas e
consequências, e encaixando-os no contexto de outros problemas na sociedade. A ferramenta
pode ser útil tanto para conseguir um melhor entendimento no grupo, como para ajudar a
abordar as soluções de uma forma mais estratégica.
Árvore de problemas
Este é o procedimento que um grupo poderia usar para desenhar a sua própria questão:
• Comecem por escrever o problema que pretendem resolver no meio de uma grande folha de
papel.
• Escrevam, debaixo do problema, todos os factores que contribuem para o problema, e
entrelacem-nos para formar as raízes do problema original.
• Olhem para uma raiz de cada vez e pensem sobre as suas causas, adicionando os factores
que contribuem para o problema. Continuem a ir cada vez mais fundo em cada raiz até que
não consigam encontrar mais factores, não esquecendo que a árvore pode ter raízes mais
profundas do que as que imaginavam. Podem também querer estender os “ramos” da árvore
da mesma forma: estas são as consequências do vosso problema original. Podem chegar à
conclusão de que o que começou por ser a vossa principal preocupação é na realidade a raiz
ou o ramo de uma árvore diferente.
• Quando tiverem terminado, olhem para a vossa árvore: Devem enfrentar a tarefa que tinham
pensado originalmente ou atacar primeiro um dos factores que contribuem para a mesma?
Será que a árvore vos ajudou a pensar em maneiras diferentes de fazer face ao problema?
Saber a solução
É importante saber o que gostariam que fosse um resultado da vossa acção! O que
considerariam como um sucesso? Ponham o grupo a pensar sobre o que estão a tentar
alcançar, e como irão medir se a acção teve ou não sucesso. Podem achar útil voltar à árvore
de problemas e usá-la para identificar soluções concretas. Em geral, pensar nas raízes levará a
soluções mais no cimo da árvore; por exemplo, se houvesse mais habitações sociais, ou se as
rendas fossem mais baixas, muito mais jovens teriam um teto sobre as suas cabeças.
Lembrem-se que para uma questão complicada é muitas vezes difícil concretizar uma
mudança na política e que as mudanças nas políticas raramente são consequência de apenas
uma acção. O grupo tem de ser realista sobre o que pode esperar: é preciso lembrar-lhes que,
mesmo um resultado “pequeno” pode ser uma contribuição inestimável para a resolução de
um problema maior. Campanhas eficazes são quase sempre construídas a partir dessas tais
acções “pequenas” e um progresso alcançado pelo vosso grupo pode ser a base para algo
maior mais tarde, ou algo em que outros e outras activistas preocupados e preocupadas com o
problema pegam para avançar.
Poderá ser útil para o grupo discutir de antemão algumas razões gerais para a acção. Estas
poderão ajudar a escolher as razões mais relevantes para a sua própria decisão, bem como
para identificarem uma série de objectivos específicos que sentem que é realista alcançarem.
Pensem numa acção de protesto que presenciaram ou de que ouviram falar recentemente:
o que acham que quem a organizou estava a tentar alcançar? Tiveram sucesso? Porquê?
Nesta caixa, precisam pensar sobre aquilo que a acção pretende alcançar e como vão saber se
tiveram, ou não, êxito. Tentem incentivar o grupo a ser o mais específico possível, para
pensar sobre o que pode significar a acção correr bem ou mal. Usem as instruções na seção
acima: “Conhecer a solução”.
Organizem-se
Há uma fase final antes de levar as ideias do grupo para a rua. Antes da parte prática poder
começar, é altamente recomendável que o grupo elabore um plano de acção para decidir
sobre questões de organização. Embora isto possa não ser essencial para uma acção simples,
é um hábito útil para o grupo, e irá assegurar que as tarefas são divididas de forma igual, de
acordo com as habilidades e preferências de cada um e de cada uma. Também é uma forma
de garantir que nada é esquecido!
O grupo terá que decidir:
• Que tarefas são necessárias?
• Quem é que vai realizar as diferentes tarefas?
• Quando vão ser realizadas?
Tabela
Debriefing e avaliação
Como acontece com qualquer actividade em EDH e, na verdade, com qualquer acção, é vital
tirar algum tempo após a acção estar concluída para, com o grupo, avaliar o que correu bem e
o que poderia ter corrido melhor. É provável que o grupo tenha concluído a acção com as
emoções em alta, negativas ou positivas. É importante dar-lhes uma oportunidade de falar
sobre isso e partilhar com o grupo, o que ajudará também no planeamento de outras acções.
As seguintes perguntas podem ser úteis como enquadramento para a realização do debriefing.
• Como se sentem após o dia de acção? (Isto pode ser feito passando rapidamente por todo o
grupo.)
• O que sentiram que correu bem?
• Alguma coisa foi mais difícil do que tinham imaginado?
• Houve alguma coisa inesperada?
• Acham que há alguma lição que poderíamos aprender para a próxima vez?
• Será que vamos conseguir o que nos propusemos fazer?
• Será que vamos conseguir alguma coisa que talvez não tenhamos previsto?
• Sentem-se satisfeitos convosco? Gostariam de tentar algo assim de novo?
• O que vamos fazer agora?!
Aula 05
Tema: O Direito a Educação
Como é que a educação influenciou a maneira como pensam, sentem e agem hoje em dia?
A educação no mundo
Os objectivos do Milénio12 (ODM) foram adoptados pelas Nações Unidas em 2000 para
encorajar o desenvolvimento e a melhoria das condições sociais e económicas dos países
mais pobres do mundo. O segundo objectivo dos ODM é a garantia que, até 2015, todas as
crianças, quer rapazes quer raparigas, completem o ensino primário em qualquer parte do
mundo. O terceiro objectivo dos ODM é a promoção da igualdade de género e a capacitação
das mulheres através da eliminação da disparidade na educação. Todos os anos é produzido
um relatório com uma avaliação completa dos progressos até à data.
Um dos objectivos mais importantes da educação é ensinar a ler e a escrever. Como parte
integrante da educação básica e como base para a aprendizagem, a literacia contribui para a
melhoria das capacidades humanas, implicando vantagens não apenas para a pessoa mas
também para a família, para a comunidade e para a sociedade. A literacia ajuda a eliminar a
pobreza e a aumentar a participação na sociedade.
Educação e mulheres
A 17 de Novembro de 1965 a UNESCO proclamou o dia 8 de Setembro como o Dia
Internacional da Literacia. A literacia e a capacitação das mulheres foram o tema do Dia
Internacional da Literacia em 2010. As raparigas continuam a ser mais de metade das 67,4
milhões de crianças não-escolarizadas no mundo, e dois terços das 796 milhões de pessoas
adultas analfabetas no mundo. ”Investir na literacia das mulheres traz muito bons frutos:
melhora os meios de subsistência, promove a saúde materno infantil e favorece o acesso das
raparigas à educação. Em poucas palavras, a literacia recém-adquirida pelas mulheres tem um
efeito cascata positivo em todos os indicadores de desenvolvimento”.
Irina Bokova, Diretora-Geral da UNESCO, no Dia Internacional da Literacia 2010
Por que razão acham que existe o dobro de mulheres analfabetas relativamente aos
homens?
Artigo 13.º
1. Os Estados Partes no presente Pacto reconhecem o direito de toda a pessoa à educação.
Concordam que a educação deve visar ao pleno desenvolvimento da personalidade humana.
E do sentido da sua dignidade e reforçar o respeito pelos direitos do homem e das liberdades
fundamentais. Concordam também que a educação deve habilitar toda a pessoa a
desempenhar um papel útil numa sociedade livre, promover compreensão, tolerância e
amizade entre todas as nações e grupos raciais, étnicos e religiosos, e favorecer as actividades
das Nações Unidas para a conservação da paz.
2. Os Estados Partes no presente Pacto reconhecem que, a fim de assegurar o pleno exercício
deste direito:
(a) O ensino primário deve ser obrigatório e acessível gratuitamente a todas as pessoas;
(b) O ensino secundário, nas suas diferentes formas, incluindo o ensino secundário técnico e
profissional, deve ser generalizado e tornado acessível a todas as pessoas por todos os meios
apropriados e nomeadamente pela instauração progressiva da educação gratuita;
(c) O ensino superior deve ser tornado acessível a todas as pessoas em plena igualdade, em
função das capacidades de cada uma, por todos os meios apropriados e nomeadamente pela
instauração progressiva da educação gratuita;
(d) A educação de base deve ser encorajada ou intensificada, em toda a medida do possível,
para as pessoas que não receberam instrução primária ou que não a receberam até ao seu
termo;
(e) É necessário prosseguir activamente o desenvolvimento de uma rede escolar em todos os
escalões, estabelecer um sistema adequado de bolsas e melhorar de modo contínuo as
condições materiais do pessoal docente.
3. Os Estados Partes no presente Pacto comprometem-se a respeitar a liberdade das figuras
parentais ou, quando tal for o caso, dos tutores legais de escolher para as suas crianças
estabelecimentos de ensino diferentes dos estabelecidos pelas autoridades públicas, mas
conformes às normas mínimas que podem ser prescritas ou aprovadas pelo Estado em matéria
de educação, e de assegurar a educação religiosa e moral das suas crianças em conformidade
com as suas próprias convicções.
4. Nenhuma disposição do presente artigo deve ser interpretada como limitando a liberdade
dos indivíduos e das pessoas morais de criar e dirigir estabelecimentos de ensino, sempre sob
reserva de que os princípios enunciados no parágrafo 1 do presente artigo sejam observados e
de que a educação proporcionada nesses estabelecimentos seja conforme às normas mínimas
prescritas pelo Estado.
O direito à educação é defendido em outros instrumentos de Direitos Humanos, incluindo a
Convenção sobre os Direitos da Criança, em vários tratados regionais (por exemplo, a Carta
Social Europeia, a Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, ou a Carta Árabe
revista) bem como em convenções sobre determinados grupos de pessoas (como a Convenção
das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência ou a Convenção sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres).
A educação deve estar disponível, acessível, aceitável e adaptável. Estes quatro conceitos
foram desenvolvidos por Katarina Tomaševski, ex- Relatora especial da ONU sobre o direito
à educação.
Educação e discriminação
1. O primeiro é que a educação, em qualquer nível, deve ser acessível e estar disponível para
todos e todas, sem discriminação.
2. O segundo é que a criação, a qualidade e o conteúdo da educação devem defender a não-
-discriminação.
3. O terceiro aspecto é que a educação, em si, deve ter como objectivo o fomentar do respeito
e da tolerância.
Em relação ao primeiro aspecto, a DUDH estabelece como objectivo que a educação básica
seja gratuita e obrigatória. A educação profissional e técnica deve estar disponível, regra
geral, e a educação superior deve ser acessível a todas as pessoas com base no mérito. O
Comité dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais das Nações Unidas confirmou que o
carácter vinculativo da não-discriminação em relação à educação se estende a todas as
pessoas de um território ou país, incluindo as pessoas de outras nacionalidades, afirmando
ainda que “o gozo do direito à educação fundamental não é limitado nem por idade nem por
género; cobre todas as crianças, jovens e pessoas em idade adulta, incluindo as pessoas
idosas”
5. O Comité reconheceu o direito ao acesso à educação pública numa base não-
discriminatória como obrigação mínima dos Estados em relação ao direito à educação.
Garantir a não-discriminação no acesso à educação implica que as perspectivas que partem de
estereótipos, por exemplo, a perspectiva que impede o acesso das raparigas ou de grupos
desfavorecidos à educação, devem ser ultrapassadas.
O segundo aspecto relaciona-se com a ideia de que a educação, em si, trabalha de forma não-
-discriminatória. O Comité dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais das Nações Unidas
sublinha a “aceitabilidade” como aspecto fulcral no direito de acesso à educação. É
importante que a qualidade da educação seja equivalente em todas as instituições educativas
públicas. Se existirem instituições educativas destinadas a determinados grupos, por exemplo,
divididos por género ou por grupos étnicos ou religiosos, a qualidade da equipa educativa,
das instalações e do equipamento devem ser equivalentes.
Os rapazes e as raparigas são tratados de igual forma nas instituições educativas do vosso
país? Se não, em que aspecto são tratados de maneiras diferentes?
A questão da educação integrada versus educação segregada tem sido alvo de muito debate
nos últimos anos. O direito à educação inclusiva é reconhecido por instrumentos jurídicos
internacionais. A Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência afirma explicitamente que a educação para crianças com deficiência deve ser
inclusiva. No entanto, a educação inclusiva não se deve limitar às e aos aprendentes com
deficiência ou com necessidades especiais, mas deve cobrir todas as pessoas marginalizadas,
excluídas, sobre as quais existem estereótipos, incluindo as minorias étnicas. Um ambiente de
aprendizagem com todos os tipos de pessoas é benéfico também para as mais privilegiadas,
por ajudar a desenvolver sensibilidade e empatia com as necessidades das outras pessoas,
aumentando assim a integração social e a tolerância.
Há muitas escolas segregadoras na vossa comunidade? Para quem?
Em relação ao terceiro aspecto, a DUDH estipula que a educação deve visar à plena expansão
da personalidade humana e ao reforço dos Direitos Humanos e da paz, e a Convenção sobre
os Direitos da Criança acrescenta o respeito pelo ambiente. A literacia e a numeracia,
enquanto componentes da educação básica e pedra basilar da aprendizagem ao longo da vida,
são fundamentais no potenciar das capacidades humanas; no entanto, o direito à educação
abrange muitos mais aspectos. A educação visa preparar cada individuo “para assumir as
responsabilidades da vida numa sociedade livre, num espírito de compreensão, paz,
tolerância, igualdade entre os sexos e de amizade entre todos os povos, grupos étnicos,
nacionais e religiosos e com pessoas de origem indígena”
6. O papel fundamental da educação na luta contra o extremismo e a radicalização, na
promoção da coesão social e na superação dos estereótipos de géneros e outros, no
desenvolvimento do respeito pelo pluralismo e no reforço da capacidade de participação
efectiva em sociedades democráticas e pluralistas, é cada vez mais reconhecido.
Todos temos direito a uma educação que vise construir e manter uma cultura de Direitos
Humanos. Devemos poder aprender sobre Direitos Humanos e estudar num ambiente onde
estes sejam respeitados. É precisamente esta a questão fundamental da educação para os
Direitos Humanos.
Assim, podemos concluir que o direito à educação inclui, em si, o direito à educação para os
Direitos Humanos.
Como referido anteriormente, os instrumentos jurídicos sobre Direitos Humanos garantem o
direito à educação para todas as pessoas, o que não é exequível sem a garantia da igualdade
de oportunidades.
Para além de tornar a educação acessível e disponível sem qualquer tipo de discriminação,
poderá ser necessária a adopção de medidas especiais temporárias para equilibrar as
oportunidades de, por exemplo, indivíduos ou grupos vulneráveis; poderá ser necessário
maior apoio para pessoas com deficiências físicas ou mentais, ou simplesmente com
necessidades educativas especiais, ou ainda para membros de grupos sociais desfavorecidos
ou marginalizados, ou ainda por minorias étnicas que enfrentem obstáculos linguísticos ou
culturais.
A UNESCO apresentou “quatro pilares” da educação, como estratégica para abordar estes
desafios:
1. Aprender a viver com as outras pessoas: a educação deverá desenvolver nos e nas
aprendentes as capacidades e as competências necessárias para aceitarem a interdependência
com as outras pessoas, para gerirem conflitos, para trabalharem e planearem com as outras
pessoas objectivos e um futuro comuns, para respeitarem o pluralismo e a diversidade (por
exemplo, no género, na origem étnica, na religião e na cultura) e para participarem
activamente na vida da comunidade.
2. Aprender a conhecer: a educação deverá apoiar os e as aprendentes na aquisição de
instrumentos de conhecimento, nomeadamente as ferramentas essenciais de comunicação e
de expressão oral, a literacia, a numeracia e a capacidade de resolução de problemas,
combinando uma cultura geral suficientemente ampla, com um conhecimento amplo de
alguns assuntos: e, o mais importante, o aprender a aprender.
3. Aprender a fazer: a educação deve ajudar as e os aprendentes a adquirir competências
profissionais bem como sociais e psicológicas que lhes permitam tomar decisões informadas
sobre várias situações do quotidiano, estabelecer relações sociais e profissionais, participar
nos mercados locais e globais, usar ferramentas tecnológicas, responder a necessidades
básicas e melhorar a qualidade das suas vidas bem como as das outras pessoas.
4. Aprender a ser: A educação deve contribuir para o desenvolvimento da personalidade,
permitindo maior autonomia, capacidade de julgamento, pensamento crítico e
responsabilidade pessoal. A educação deverá visar o desenvolvimento de todo o potencial do
ser humano, incluindo a memória, o raciocínio, o sentido estético, os valores espirituais, as
capacidades físicas e a capacidade de apreciar a sua cultura. Finalmente, a educação deve
também visar a aquisição de um código ético e moral, a capacidade de se defender e ainda o
desenvolvimento da resiliência.
“Ensino e educação para promover o respeito por estes direitos e liberdades” é a base da
Educação para os Direitos Humanos (EDH). Contudo, antes de olhar para o que é a Educação
para os Direitos Humanos e como é posta em prática, é preciso clarificar o que são “estes
direitos e liberdades” com que a EDH lida. Começamos, portanto, com uma curta introdução
aos Direitos Humanos.
O artigo 26º da Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma que todas as pessoas têm
o direito à educação e que “A educação deve visar à plena expansão da personalidade
humana e ao reforço dos Direitos Humanos e das liberdades fundamentais e deve favorecer a
compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos étnicos ou
religiosos, bem como o desenvolvimento das actividades das Nações Unidas para a
manutenção da paz.”. Além disso, o artigo 28º da Convenção sobre os Direitos da Criança
estabelece que “a disciplina escolar deve ser administrada de uma forma compatível com a
dignidade da criança. A educação deve ser direccionada para o desenvolvimento da
personalidade, dos talentos e das capacidades da criança, para o respeito pelos Direitos
Humanos e pelas liberdades fundamentais, para a vida responsável numa sociedade livre,
para a compreensão, a tolerância e a igualdade e para o desenvolvimento do respeito pelo
meio ambiente natural”.
Preâmbulo
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família
humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da
justiça e da paz no mundo;
Considerando que o desconhecimento e o desprezo dos Direitos Humanos conduziram a actos
de barbárie que revoltam a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que
os seres humanos sejam livres de falar e de crer, libertos do terror e da miséria, foi
proclamado como a mais alta inspiração do Homem;
Considerando que é essencial a protecção dos Direitos Humanos através de um regime de
direito, para que o Homem não seja compelido, em supremo recurso, à revolta contra a tirania
e a opressão;
Considerando que é essencial encorajar o desenvolvimento de relações amistosas entre as
nações;
Considerando que, na Carta, os povos das Nações Unidas proclamam, de novo, a sua fé nos
direitos fundamentais do Homem, na dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de
direitos dos homens e das mulheres e se declaram resolvidos a favorecer o progresso social e
a instaurar melhores condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla;
Considerando que os Estados membros se comprometeram a promover, em cooperação com
a Organização das Nações Unidas, o respeito universal e efectivo dos Direitos Humanos e das
liberdades fundamentais;
Considerando que uma concepção comum destes direitos e liberdades é da mais alta
importância para dar plena satisfação a tal compromisso: A Assembleia Geral proclama a
presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como ideal comum a atingir por
todos os povos e todas as nações, a fim de que todos os indivíduos e todos os órgãos da
sociedade, tendo-a constantemente no espírito, se esforcem, pelo ensino e pela educação, por
desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e por promover, por medidas progressivas
de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação universais e
efectivos tanto entre as populações dos próprios Estados membros como entre as dos
territórios colocados sob a sua jurisdição.
Artigo 1°
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão
e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.
Artigo 2°
Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente
Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de
religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento
ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no
estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa,
seja esse país ou território independente, sob tutela, autónomo ou sujeito a alguma limitação
de soberania.
Artigo 3°
Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo 4°
Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos,
sob todas as formas, são proibidos.
Artigo 5°
Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou
degradantes.
Artigo 6°
Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento, em todos os lugares, da sua
personalidade jurídica.
Artigo 7°
Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual protecção da lei. Todos
têm direito a protecção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e
contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo 8°
Toda a pessoa tem direito a recurso efectivo para as jurisdições nacionais competentes contra
os actos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei.
Artigo 9°
Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.
Artigo 10°
Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja equitativa e
publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial que decida dos seus direitos e
obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que contra ela seja
deduzida.
Artigo 11°
(1) Toda a pessoa acusada de um cato delituoso presume-se inocente até que a sua
culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo público em que todas as
garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas.
(2) Ninguém será condenado por acções ou omissões que, no momento da sua prática, não
constituíam cato delituoso à face do direito interno ou internacional. Do mesmo modo, não
será infligida pena mais grave do que a que era aplicável no momento em que o cato
delituoso foi cometido.
Artigo 12°
Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu
domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais
intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito a protecção da lei.
Artigo 13°
(1) Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior
de um Estado.
(2) Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o
direito de regressar ao seu país.
Artigo 14°
(1) Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo em
outros países.
(2) Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente existente por
crime de direito comum ou por catividades contrárias aos fins e aos princípios das Nações
Unidas.
Artigo 15°
(1) Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade.
(2) Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de mudar
de nacionalidade.
Artigo 16°
(1) A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família,
sem restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura da
sua dissolução, ambos têm direitos iguais.
(2) O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos futuros
esposos.
(3) A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à protecção desta
e do Estado.
Artigo 17°
(1) Toda a pessoa, individual ou colectiva, tem direito à propriedade.
(2) Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade.
Artigo 18°
Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este
direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de
manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em
privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.
Artigo 19°
Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de
não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração
de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão.
Artigo 20°
(1) Toda a pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas.
(2) Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.
Artigo 21°
(1) Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direcção dos negócios, públicos do seu país,
quer directamente, quer por intermédio de representantes livremente escolhidos.
(2) Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às funções públicas do
seu país.
(3) Vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos: e deve exprimir-se
através de eleições honestas a realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com
voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto.
Artigo 22°
Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode
legitimamente exigir a satisfação dos direitos económicos, sociais e culturais indispensáveis,
graças ao esforço nacional e à cooperação internacional, de harmonia com a organização e os
recursos de cada país.
Artigo 23°
(1) Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas
e satisfatórias de trabalho e à protecção contra o desemprego.
(2) Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual.
(3) Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que lhe permita e
à sua família uma existência conforme com a dignidade humana, e completada, se possível,
por todos os outros meios de protecção social.
(4) Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar em
sindicatos para defesa dos seus interesses.
Artigo 24°
Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres, especialmente, a uma limitação razoável
da duração do trabalho e as férias periódicas pagas.
Artigo 25°
(1) Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família
a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à
assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança
no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de
meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade.
(2) A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças,
nascidas dentro ou fora do matrimónio, gozam da mesma protecção social.
Artigo 26°
(1)Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a
correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório.
O ensino técnico e profissional dever ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve
estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito.
(2) A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos
Direitos Humanos e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a
tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem
como o desenvolvimento das actividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.
(3) .Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o Género de educação a dar aos
filhos.
Artigo 27°
(1) Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, de
fruir as artes e de participar no progresso científico e nos benefícios que deste resultam.
(2) Todos têm direito à protecção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer
produção científica, literária ou artística da sua autoria.
Artigo 28°
Toda a pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano internacional, uma ordem
capaz de tornar plenamente efectivos os direitos e as liberdades enunciadas na presente
Declaração.
Artigo 29°
(1) O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o livre e
pleno desenvolvimento da sua personalidade.
(2) No exercício deste direito e no gozo destas liberdades ninguém está sujeito senão às
limitações estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a promover o reconhecimento e o
respeito dos direitos e liberdades dos outros e a fim de satisfazer as justas exigências da
moral, da ordem pública e do bem-estar numa sociedade democrática.
(3) Em caso algum estes direitos e liberdades poderão ser exercidos contrariamente e aos fins
e aos princípios das Nações Unidas.
Artigo 30°
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada de maneira a envolver para
qualquer Estado, agrupamento ou indivíduo o direito de se entregar a alguma actividade ou
de praticar algum ato destinado a destruir os direitos e liberdades aqui enunciados.
Artigo 2º
O direito ao recurso legal quando os direitos de alguém foram violados, mesmo que quem os
violou estivesse em funções oficiais.
Artigo 3º
O direito à igualdade entre o homem e a mulher no gozo dos direitos civis e políticos.
Artigo 6º
O direito à vida e à sobrevivência.
Artigo 7º
O direito a não ser vítima de tratamentos ou punições degradantes ou desumanas.
Artigo 8º
O direito a não ser vítima da escravidão nem da servidão.
Artigo 9º
O direito à liberdade e à segurança das pessoas e o direito a não ser preso ou presa nem
detido ou detida arbitrariamente.
Artigo 11º
O direito a não ser preso ou presa devido a dívidas.
Artigo 12º
O direito à liberdade e à liberdade de movimento.
Artigo 14º
O direito à igualdade perante a lei; o direito a ser considerado ou considerada inocente até
prova contrária e a ter um julgamento justo num tribunal imparcial.
Artigo 16
O direito a ser reconhecido e reconhecida como pessoa perante a lei.
Artigo 17º
O direito à privacidade e à protecção pela lei.
Artigo 18º
O direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião.
Artigo 19º
A liberdade de opinião e de expressão.
Artigo 20º
Proibição de propaganda pela guerra, ou por ódio nacional, racial ou religioso.
Artigo 21º
O direito à reunião pacífica.
Artigo 22º
O direito à liberdade de associação.
Artigo 23º
O direito a casar e a constituir família.
Artigo 24º
Os direitos das crianças (estatuto como menores, nacionalidade, registo e nome).
Artigo 25º
O direito a participar na conduta de assuntos públicos, a votar e a ser eleito e eleita e a avaliar
o serviço público.
Artigo 26º
O direito à igualdade perante a lei e a protecção igual
Artigo 27º
O direito, para membros de minorias religiosas, étnicas ou linguísticas, a gozar da sua cultura,
a praticar a sua religião e a usar a sua língua.
O pacto é legalmente vinculativo; O Comité dos Direitos Humanos, estabelecido sob o Artigo
28º, monitoriza a sua implementação.
O primeiro protocolo opcional estabelece mecanismos individuais de reclamação sobre o
Pacto. Em Maio de 2012, o protocolo tinha sido ratificado por 114 Estados.
O Segundo protocolo opcional entrou em vigor em 1991 e tem por objectivo a abolição da
pena de morte. Em Maio de 2012, tinha sido ratificado por 74 Estados.
Artigo 2º
Todos os Estados esforçam-se, no máximo dos seus recursos disponíveis, para trabalhar pela
realização plena dos direitos neste tratado. Todos e todas têm os mesmos direitos sem
discriminação de qualquer tipo.
Artigo 3º
Os Estados esforçam-se por garantir direitos iguais de gozo de todos os direitos neste Pacto
aos homens e às mulheres.
Artigo 4º
Podem ser criadas limitações a estes direitos deste que sejam compatíveis com a natureza
destes direitos e apenas com o objectivo da promoção do bem-estar geral numa sociedade
democrática.
Artigo 5º
Ninguém, nenhum grupo ou governo tem direito a destruir estes direitos.
Artigo 6º
Todos e todas têm o direito ao trabalho, incluindo o direito a ganhar um salário através de um
emprego que é escolhido livremente e aceite.
Artigo 7º
Todos e todas têm o direito a condições justas de trabalho; os salários justos que garantam
uma vida decente para si e para as suas famílias; o salário igual para trabalho igual; a
condições de trabalho seguras e saudáveis; a igualdade de oportunidades para toda a gente; ao
descanso e ao lazer.
Artigo 8º
Todas e todos têm o direito a formar e a juntar-se a sindicatos; à greve.
Artigo 9º
Todas e todos têm direito à segurança social.
Artigo 10º
A protecção e a assistência devem ser de acordo com a família. O casamento só pode entrar
em vigor com o consentimento livre de ambas as pessoas. As mães devem ter direito a
protecção especial. Devem ser tomadas medidas especiais pelas crianças, sem discriminação.
As crianças e os e as jovens devem ser protegidos e protegidas da exploração económica. O
seu emprego em trabalhos perigosos ou pouco saudáveis deve ser proibido. Deve haver
limites de idade abaixo dos quais o trabalho infantil deve ser proibido.
Artigo 11º
Todos e todas têm direito a um estilo de vida adequado para si e para a sua família, incluindo
comida, roupa e alojamento adequado. Todos e todas têm o direito a não sofrer de fome.
Artigo 12º
Todos e todas têm o direito ao gozo do mais alto grau de saúde física e mental.
Artigo 13º
Todos e todas têm o direito à educação. A educação primária deve ser obrigatória e gratuita
para todos e para todas
Artigo 14º
Todos os Estados onde não existe educação primária gratuita e obrigatória para todos devem
delinear um plano para fornecer essa educação.
Artigo 15º
Todos e todas têm direito a tomar parte na vida cultural e a gozar dos benefícios do progresso
científico.
Este pacto é monitorizado pelo Comité das Nações Unidas sobre os Direitos económicos,
sociais e culturais.
Artigo 1º
Definição de criança como “todo o ser humano com idade inferior a 18 anos”, a menos que a
legislação nacional considere a maioridade atingida mais cedo.
Artigo 2º
Os direitos salvaguardados na Convenção devem ser assegurados sem qualquer discriminação
de qualquer tipo.
Artigo 3º
Em todas as acções relativas às crianças o interesse superior da criança deve ser uma
consideração primária.
Artigo 5º
Em todas as acções relativas às crianças o interesse superior da criança deve ser uma
consideração primária.
Artigo 6º
Toda a criança tem o direito inerente à vida
Artigo 7º
A criança tem o direito a um nome, a uma nacionalidade e de conhecer e ser cuidada pelas
suas figuras parentais
Artigo 8º
A criança tem o direito à identidade e nacionalidade.
Artigo 9º
A criança tem o direito de não ser separada das suas figuras parentais, excepto em caso dos
seus melhores interesses e através de um procedimento judicial.
Artigo 12º
A criança tem o direito de expressar pontos de vista sobre todos os assuntos relacionados a
ele ou a ela e às opiniões da criança deve ser dada a devida importância.
Artigo 13º
A criança tem o direito à liberdade de expressão, incluindo o direito de procurar, receber e
difundir informações e ideias de todos os tipos.
Artigo 14º
O direito da criança à liberdade de pensamento, consciência e religião devem ser respeitados.
Artigo 15º
A criança tem o direito à liberdade de associação e de reunião pacífica.
Artigo 16º
Nenhuma criança será objecto de interferências arbitrárias ou ilegais sua privacidade, família,
lar ou correspondência; a criança deve ser protegida contra ataques ilegais à sua honra e
reputação.
Artigo 17º
O Estado deve garantir o direito da criança ao acesso à informação e a documentos
provenientes de fontes nacionais e internacionais.
Artigo 18º
As figuras parentais têm a responsabilidade primordial pela educação e pelo desenvolvimento
da criança.
Artigo 19º
O Estado deve tomar todas as medidas legislativas, administrativas, sociais e educativas para
a protecção da criança contra todas as formas de violência física ou mental, dano, abuso,
negligência, maus tratos ou exploração.
Artigo 24º
A criança tem o direito ao mais alto nível possível de saúde, com ênfase na atenção primária
à saúde, e o desenvolvimento de cuidados de saúde preventivos.
Artigo 26º
A criança tem o direito de beneficiar da segurança social.
Artigo 27º
A criança tem o direito a um padrão de vida que permitirá o desenvolvimento físico, mental,
espiritual, moral e social.
Artigo 28º
A criança tem direito à educação. O Estado deve tornar o ensino primário obrigatório e
disponível gratuitamente a todos e a todas e encorajar o desenvolvimento de diferentes
sistemas de ensino secundário e torná-los disponíveis para cada criança. A disciplina escolar
deve ser administrada de uma maneira compatível com a dignidade da criança. A educação
deve ser direccionada para o desenvolvimento da personalidade, talentos e habilidades da
criança, o respeito pelos Direitos Humanos e liberdades fundamentais, a vida responsável em
uma sociedade livre no espírito de paz, amizade, compreensão, tolerância e igualdade, o
desenvolvimento do respeito pelo ambiente natural.
Artigo 30º
A criança tem o direito de desfrutar da sua própria cultura.
Artigo 31º
A criança tem direito a repouso e lazer, brincar e participar livremente na vida cultural e
artística.
Artigo 32º
A criança deve ser protegida contra a exploração económica e contra o desempenho de
trabalho que seja perigoso para a sua vida e desenvolvimento.
Artigo 33º
A criança deve ser protegida contra o uso ilícito de estupefacientes.
Artigo 34º
A criança deve ser protegida contra todas as formas de exploração e abuso sexual, uso de
crianças na prostituição ou outras práticas sexuais ilegais, em espectáculos ou materiais
pornográficos.
Artigo 38º
O Estado deve tomar todas as medidas possíveis para proteger e cuidar de crianças afectadas
por conflitos armados.
Artigo 40º
A toda a criança acusada de ter cometido um delito ou crime deve ser garantido ser
presumida inocente até prova em contrário, ter assistência jurídica na apresentação do seu
caso, para não ser obrigada a testemunhar ou a confessar-se culpada, ter a sua privacidade
plenamente respeitada, ser tratadas de uma forma adequada à sua idade, circunstâncias e
bem-estar. A pena de morte nem a prisão perpétua sem possibilidade de libertação não serão
impostas por infracções cometidas por crianças com menos de 18 anos de idade.
Artigo 2º
Condena a discriminação contra as mulheres em todas as suas formas; Os Estados Partes
acordam em assegurar um quadro que proporcione protecção legal contra a discriminação e
incorporar o princípio da igualdade.
Artigo 3º
Os Estados concordaram em agir em todos os campos - civis, políticos, económicos, sociais e
culturais - para garantir o exercício e gozo dos Direitos Humanos das mulheres e das
liberdades fundamentais numa base de igualdade com os homens
Artigo 4º
Permite que os Estados Partes tomem “medidas especiais temporárias” para acelerar a
igualdade.
Artigo 5º
A necessidade de tomar medidas adequadas para modificar os padrões culturais de conduta,
bem como a necessidade de educação da família para reconhecer a função social da
maternidade e da responsabilidade comum na educação dos filhos e das filhas por homens e
mulheres.
Artigo 6º
Obriga que os Estados Partes tomem medidas para suprimir o tráfico de mulheres e a
exploração da prostituição das mulheres.
Artigo 7º
As mulheres têm o mesmo direito de votar, ocupar cargos públicos e participar na sociedade
civil.
Artigo 8º
As mulheres têm os mesmos direitos que os homens para o trabalho e para representar os seus
Governos a nível internacional.
Artigo 9º
As mulheres têm direitos iguais aos dos homens para adquirir, mudar ou conservar a sua
nacionalidade e a das suas filhas e dos seus filhos.
Artigo 10º
Obriga os Estados Partes a acabar com a discriminação na educação, nomeadamente na
formação profissional e vocacional, acesso a currículos e outros meios de receber uma
educação igual, bem como para eliminar os conceitos estereotipados dos papéis de homens e
mulheres.
Artigo 11º
Solicita que os Estados Partes tomem medidas para acabar com a discriminação no emprego e
garantir todos os direitos neste domínio, incluindo o direito ao trabalho, oportunidades de
emprego, igualdade de remuneração, a livre escolha da profissão e do emprego, segurança
social, e protecção.
Artigo 12º
Exige aos Estados Partes tomar medidas para eliminar a discriminação nos cuidados de
saúde, incluindo no acesso a serviços como o planeamento familiar.
Artigo 13º
As mulheres têm os mesmos direitos que os homens em todas as áreas da vida social e
económica como: prestações familiares, hipotecas, empréstimos bancários e participação em
actividades recreativas e desporto.
Artigo 14º
Enfoca os problemas específicos enfrentados pelas mulheres rurais, incluindo as áreas de
participação das mulheres no planeamento do desenvolvimento, o acesso a cuidados de saúde
adequados, crédito, educação e condições de vida adequadas.
Artigo 15º
Mulheres e homens são iguais perante a lei. As mulheres têm o direito legal de participar de
contratos, propriedade, e escolher o seu local de residência.
Artigo 16º
Requer medidas para garantir a igualdade no casamento e nas relações familiares, incluindo
direitos iguais aos dos homens para escolher livremente o casamento, igualdade de direitos e
responsabilidades para com as crianças, incluindo o direito de determinar livremente o
número e espaçamento das filhas e dos filhos e os meios para o fazer, e os mesmos direitos à
propriedade.
Artigo 17º–30º
Os procedimentos de notificação e administração da Convenção.
Artigos 32º-50º
Os artigos 32-50 explicam como os países que estão vinculados pela Convenção devem dar-
lhe pleno efeito. Também explicam a responsabilidade dos países de informar a Comissão das
Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência sobre a forma como estão a
pôr em vigor a Convenção.
“O Homem económico não é mais alguém que troca coisas com os outros, como ADAM
SMITH imaginava os seres humanos. O homem económico é um aparato que investe em si
mesmo."