aplicações para a disciplina QUI1019 – Técnicas Instrumentais de Análise, do curso de Química, do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos avaliativos desse componente curricular.
Aluna: Maria Luísa Costa de Araújo
Natal,2023 1. Introdução
Em busca de novos métodos para conhecer os efeitos que a temperatura poderia
causar nas substâncias, foi descoberto as técnicas termoanalíticas. Embora tenha sido lentamente desenvolvida, com o auxílio da termodinâmica, teve um avanço na segunda metade do século XX. “A análise térmica compreende um conjunto de técnicas que medem a variação em uma propriedade física de uma amostra submetida a uma programação controlada de temperatura” (Cavalheiro,2009). Dentre esses conjuntos de técnicas existe algumas que são amplamente aplicadas: Análise Térmica diferencial (DTA), Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC), Detecção de Gás Desprendido (EGA), a Termogravimetria Derivada (DTG) e ,a qual este trabalho falará mais especificamente, Termogravimetria (TG). Todas essas técnicas são importantes aliadas do químico, pois com elas podemos receber informações sobre ponto de fusão, ponto de ebulição, pureza, calor específico, massa específica e outras coisas sobre uma amostra desconhecida. Devido a esse acesso as propriedades da amostra, essa técnica pode ser utilizada em diferentes áreas, não apenas da química, mas também da ciência em geral. Neste trabalho terá contido sobre o funcionamento da técnica com suas respectivas vantagens e desvantagens, mas apenas isso, também conterá seu contexto histórico, construção dos equipamentos, fatores que influenciam os ensaios e suas aplicações no cotidiano.
2. Termogravimetria
2.1. Contexto Histórico
Segundo Giotto (2004), a primeira vez que a Termogravimetria foi utilizada fora em 1907 por P. Tuchot, no levantamento das curvas de decomposição térmica de piritas e em 1912, G. Urbain e C. Boulanger construíram uma balança dotada de compensação eletromagnética para acompanhar a eflorescência de sais hidratados. Em 1915, um pesquisador japonês, Katora Honda, criou a primeira termobalança, instrumento que permitia assim a pesagem da amostra à medida que ia sendo aquecida, coisa que até então não era possível (IONASHIRO,2004). “Todos os resultados relatados não são totalmente originais; este trabalho com a termobalança revelou, todavia, as posições exatas de mudança de estruturas, bem como a velocidade com que se processaram nas respectivas temperaturas em que ocorreram. Estas investigações demonstram também a grande conveniência em se utilizar esta balança em investigações químicas similares”. ( Wendlandt, 1980)
Depois da invenção de Honda, outros pesquisadores nos anos seguintes utilizaram
a ideia da termobalança e foram modificando, desenvolvendo assim outros instrumentos de medidas. Entre 1920 e 1926, H. Saito conseguiu cerca de 200 curvas de sulfetos e óxidos naturais, aprimorando o trabalho de Honda. Em 1923, o pesquisador francês Marcel Guichard se dedicou ao estudo da Termogravimetria, porém alheio aos trabalhos já desenvolvidos por Honda. Seu objetivo era tornar possível uma elevação linear da temperatura em função do tempo, para isso construiu uma espécie de termobalança. O dispositivo era aquecido por um bico de Bunsen e contava com um dispositivo hidrostático, após em 1926, o pesquisador passou a utilizar fornos eletricamente aquecidos. Assim, com esses aprimoramentos vários estudos foram sendo publicados. Em 1936, Pierre Chevenard criou uma termobalança mais completa, no intuito de sanar as falhas nas já existente. Porém, com o início da II guerra mundial, muitos trabalhos foram retardados e até interrompidos, e só voltaram a ser publicados em 1944. O primeiro instrumento Chevenard, que fazia um registro fotográfico das curvas termogravimétricas, fora lançado em 1945. Em 1953, ele sofreu uma atualização, na suíça foi lançado o modelo TBM / A.D.A.M.E. esse modelo foi construído com um cilindro vertical e uma pena inscritora que era acionada através de um mecanismo fotoelétrico. Outro marco Significativo no desenvolvimento da técnica ocorreu em 1958, quando Paulik descreveu um instrumento capaz de registrar as curvas TG,DTG e DTA simultaneamente, e em 1964, quando Wiedemann descreveu um instrumento capaz de ,além de fazer o que o de Paulik fazia, adicionava as curvas de temperatura vs. Tempo em atmosferas ou a vácuo. 2.2. Instrumentos na Modernidade Com o avanço da técnica e da tecnologia, as termobalanças hoje fazem a pesagem contínua de uma amostra em relação com a variação da temperatura. Seus componentes fundamentais são: balança registradora, forno, suporte de amostra, sensor de temperatura, programador da temperatura do forno, sistema registrador e de controle da atmosfera do forno. Os fornos são elétricos e normalmente, são construídos para operar até temperaturas de 100 a 1200 °C , podendo chegar até 2400 °C. Também podem ser verticais e horizontais, a depender do fabricante, e podem ter dois ou mais fornos para evitar o alto gasto de tempo no resfriamento. Na construção dos componentes podem ser utilizados: Platina, tungstênio, níquel-cromo, alumínio, grafite, por suportarem altas temperaturas. As balanças dos instrumentos, normalmente ,são balanças do tipo Cahn, que se baseia não princípio da “balança de nulo”, que trabalham continuamente em equilíbrio. Os sistemas de registros são atualmente todos computadorizados. 2.3. Fatores que afetam os resultados Existem dois grandes grupos que podem afetar os resultados, e esses são: • Fatores Instrumentais: Temperatura do forno, pressão do forno e a forma do suporte das amostras e do forno, sensibilidade da balança. • Características da amostra: Solubilidade, calor de reação, natureza da amostra, condutividade térmica, tamanho das partículas e tamanho da amostra Além disso, o conhecimento do funcionamento do instrumento por parte do operador é fundamental pois assim, o operador pode retirar o máximo de informações . Também a existência de erros pode intervir na obtenção das curvas termogravimétricas, por isso se faz necessário a precisão e a eliminação de tais erros, através de correções adequadas, esses erros podem ser: Flutuação na balança, efeito de indução provocado pelo forno, instalação do instrumento não adequada (local de movimentos bruscos, umidade do ar não controlada, e variação bruscas de temperatura local). 2.4. Termogravimetria Derivada Na Termogravimetria derivada (DTG), as curvas são feitas a partir da derivada 𝜕𝑚 da variação de massa em relação ao tempo ( = 𝑓(𝑡) ) é medida em função 𝜕𝑡 da temperatura ou tempo. Essa técnica foi sugerida por W. L. de Keyser, segundo o sistema idealizado por ele, a balança eleva duas amostras iguais sobre dois fornos também iguais, aquecidos linearmente, porém apenas um forno com 5 °C mais quente que o outro. Assim estabelece um diferencial de massa que é proporcional a razão de aquecimento. As vantagens dessa técnica são: As curvas apontam com exatidão as temperaturas correspondentes ao início e a em que a reação está em sua velocidade máxima, os picos são mais claro do que nas curvas TG, as áreas dos picos correspondem à perda ou ganho de massa podendo assim, ser utilizadas em análise quantitativas. 2.5. Aplicações da Termogravimetria: As aplicações da Termogravimetria são várias, devido a técnica ter a possibilidade de analisar amplamente substâncias diversas, algumas encontradas durante as pesquisas deste trabalho foram: • Estudo da decomposição térmica de diversas substâncias orgânicas e inorgânicas. • Estudo sobre a corrosão de metais em condições controladas. • Estudos sobre a velocidade de destilação e evaporação de líquidos • Estudos sobre determinação de contaminantes em amostra • Estudos sobre determinação de metais em amostra orgânica 2.6. Referências Bibliográficas: IONASHIRO, M. Giolito- Fundamentos da Termogravimetria, Análise Térmica Diferencial e Calorimetria Exploratória Diferencial São Paulo: GIZ, 2005. PEREIRA, Júnia G.; OKUMURA, Fabiano; RAMOS, Luiz A.; CAVALHEIRO, Éder T. G. TERMOGRAVIMETRIA: UM NOVO ENFOQUE PARA A CLÁSSICA DETERMINAÇÃO DE CÁLCIO EM CASCAS DE OVOS. Quimica Nova, [s. l.], ano 2009, v. 32, n. 6, p. 1661-1666, 28 jul. 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/j/qn/a/SpXvXHnjdVCRZvNM5B53t9K/. Acesso em: 4 dez. 2023. FELSNER, Maria L.; BRUNS, Roy E.; MATOS, Jivaldo do Rosário; CANO, Cristiane B.; ALMEIDA-MURADIAN, Lígia B. INFLUÊNCIA DO MATERIAL E VOLUME DO PORTA-AMOSTRA NA DETERMINAÇÃO TERMOGRAVIMÉTRICA DO TEOR DE CINZAS EM MEL. Quimica Nova, [s. l.], ano 2005, v. 28, n. 4, p. 713-715, 13 abr. 2005. Disponível em: https://s3.saeast1.amazonaws.com/static.sites.sbq.org.br/quimicanova.s bq.org.br/pdf/Vol28No4_637_25-NT04118.pdf. Acesso em: 4 dez. 2023. CUNHA, Caio Fonseca Rodrigues da. GOES, Luana Furtado Messias. Ensaios de calorimetria e análise termogravimétrica em amostras aleatórias e desconhecidas. 2022. 38 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Mecânica) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2022.