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O Lobisomem de Lavras

Uma vez em Lavras do Sul, estavam o meu avô, o irmão dele, meu tio-
avô (Zoca) e seu amigo o Zé Luis, estavam voltando para casa depois
de uma pescaria quando já era noite...clara e de lua cheia…
Estavam de carroça, poucos tinham carro na época, vinham conversando
sobre o tamanho dos peixes que tinham pego, os peixes que escaparam,
a traíra que cortou a linha e vá conversa! Tempos depois o assunto
estava no fim e eles quase chegando na vila.
Estava tudo quieto, só se ouvia os grilos no mato.
Foi quando passou na frente deles um bicho correndo...Tão rápido que
o cavalo se assustou e deu pinote (disparou).
O Zé logo segurou as rédeas, e ficaram todos nervosos mais que o
cavalo, começou de novo a conversa:
- O que foi aquilo? o Zé perguntou meio assustado.
- Não deu pra ver. Meu avô respondeu.
- Parecia uma ovelha. O Zoca falou.
- Ovelha correndo essa hora sozinha? - Não pode.
- Não sei o que era, mas era um bicho assustado, e agora também
estou, vamos embora de uma vez.
Seguiram já meio a trote, com os olhos arregalados e o lampião no
máximo.
O Zé que estava na boléia, ficou em casa primeiro, desceu com seus
peixes e deu até logo, sem antes dizer:
- Cuidem-se.
- Fique bem Zé!
Seguiu meu velho avô, que na época não era tão velho, ele e seu
irmão moravam juntos.
Na ida pra casa, estavam em silêncio e inquietos com o que tinha
acontecido.
Os dois nunca tinham visto uma ovelha correndo sozinha no mato,
ainda mais a noite.
Depois de jantar um dos pescados, e ainda se perguntando mas sem
conversa: 'Que diabos foi aquilo?'.
Na hora de dormir, deram boa noite um para o outro e foram cada um
pro seu quarto.
Era uma casa simples, meio para fora da cidade, com galinheiro,
chiqueiro, um casal de cabritos e uma vaca leiteira.
Nenhum conseguiu dormir direito até que...
Uma e pouca da manhã ouviram as galinhas gritando desesperadas
CÓCÓCOCÓÓÓ!!!
Saltaram da cama correndo, botaram os olhos na janela e tinha algo
se rolando no galinheiro, poeira alta, gritaria de galo e galinha,
as penas voando pra todo lado. Quando a poeira baixou um
pouco...viram um bicho grande, peludo da cor cinza escura com cara
de lobo, olhos amarelos que brilhavam com a luz da lua e uma boca
aberta cheia de dentes onde se destacavam os caninos do tamanho de
um dedo indicador...naquela boca cabia uma cabeça de ovelha inteira.
Mas o que mais apavorou eles foi que...o bicho estava de pé, em dois
pés, e tinha o tamanho de um homem adulto com quase dois metros de
altura, no mínimo.
Se olharam e um disse pro outro: - FAZ ALGUMA COISA!!
E fizeram, podiam ter pego a espingarda e atirado naquilo...mas o
medo tomou conta. No olhar subentendido ficaram quietos...esperaram
as galinhas parar de gritar...depois de 30 minutos quando o silêncio
voltou, não conseguiram mais dormir.
Ao amanhecer a primeira coisa que fizeram foi arrumar a carroça para
irem na cidade comunicar a polícia sobre o ocorrido.
Doze galinhas mortas, sumidas no caso, pois não tinha nada delas,
somente as penas soltas no terreiro e sangue por toda cerca de
madeira.
Quando estavam saindo, aparece o Zé Luis de a cavalo com o irmão
mais novo dele, o Lucas.
- Conhecem o Lucas né?
- Sim, claro. Mas temos que comunicar o que houve aqui...estão vendo
o estrago?
- Deixem-me explicar algo, espero que vocês entendam.
- O Lucas é o sétimo filho homem da nossa família, não sabemos o
porquê de ele ter essa condição.
- Em noite de lua cheia, ele vira um Lobão e não responde por si,
quanto maior e mais clara a lua, mais forte ele fica. Uma solução
que ele teve por conta foi se atar em uma árvore quando é previsto
lua cheia. Nessa noite ele estava tão forte que arrebentou as
cordas.
Lucas diz:
- Me desculpem, irei pagar com trabalho pelas galinhas.
Meu avô e o Zoca se olharam incrédulos, mas aceitaram.
Lá pelo meio dia, o Lucas já cansado, perguntou?
- Que teremos pro almoço? Se for galinha que seja frita ou assada,
por favor.

Qual a moral do conto?

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