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Capítulo Um - Vá para o Inferno

— Na escuridão da noite, caminho sem temor. Onde as almas se perdem, eu causo o terror. Com a
lâmina afiada, pronta para ceifar a dor. Nas sombras eu danço, um espectro da morte. Com sangue nos
dedos, e com os suspiros dos caídos...

Cantarolando uma canção numa cela fria e úmida no Asilo Arkham, permaneci aguardando a chegada
do novo psiquiatra. A alguns minutos atrás — depois de horas inrritando aqueles malditos guardas —
consegui uma pista sobre o novo psiquiatra.

Seu nome deveria ser Isaac Long... ou era Ethan Stone? Bem, seja o que fosse, os guardas acabaram
soltando que o maluco era um “gênio” que havia escritos artigos que revelavam seus avanços na
psiquiatria. Que pena, achei que o anterior iria durar mais, achei que estávamos realmente conseguindo
um avanço gratificante.

Voltei-me a sentar e esculpir minuciosamente mortes grotescas nas paredes áridas com uma caneta
tinteiro que roubei do último encontro do psiquiatra — tentaram pegar a caneta, mas depois que um dos
guardas perdeu um olho, eles desistiram. Não demorou muito pra que finalmente voltasse a ficar
entediado. Tentei me apoiar de costas a parede, mas aquela textura áspera e granulada junto ao frio e
umidade, me causou alguns arrepios na pele e a sensação desconfortável da minha camisa grudando
em minhas costas.

— Gritos ecoam, nesse fúnebre ambiente. Tampe sua respiração, ou irá perder os membr...

— Ahem! Gabriel Miller? — como um ronco suave seguido de meu nome, uma voz desconhecida
chamou minha atenção.

Atraído, virei-me para o local de onde vinha a voz, nele uma mulher tão larga quanto a porta da cela,
estava parada me observando. Ela vestia um terno roxo e salto altos pretos. Debaixo de seu braço
direito havia um tablet ainda ligado, nele uma foto de algum incidente com fogo estava aberto. Ela não
parecia ser Ethan Long, a menos que fosse um daqueles Trans malucos.

— Isaac? Pensei que você fosse macho... mas parece que na verdade é um “machucado” — disse
sorrindo.

Pro meu azar, parecia que tinha me batido com uma parede, a mulher não esboçou nenhuma reação...
sabia que aquele curso de leitura de expressões era falso.

— Um lembrete para mim mesmo, me vingar daquele cara que me vendeu o curso. Mas... e aí! Qual é a
boa, Isaac? ou era Ethan?

— O Dr. Isaac Stone pediu demissão após ler o relatório do último médico — respondeu a mulher. —
Esse é o sexto médico que pediu demissão desde sua prisão em Arkh...

— É o quinto — disse com o tom de deboche na voz cortando o que a maluca estava dizendo. — O Dr.
Cruz se matou, ele não conta.

Com uma olhar do que parecia ser nojo... ou talvez era só cansaço, ela continuou. — Você se tornou um
bastardo doente, Miller.

— Obrigado senhorita...?

— Waller, Amanda Waller — ela então puxou o tablet debaixo de seu braço e começou a mexê-lo até
abrir um arquivo. — Gabriel Miller. Nascido em 17 de fevereiro de 1995 na cidade de Glenwood, foi
encontrado aos seis anos em frente a casa incendiada de sua família, nesse incidente apenas irmão e
irmã saíram vivos do incidente. A causa do incêndio nunca foi reconhecida, mas a teoria foi que
provavelmente o gás de cozinha vazou e começou o incêndio. Algumas pessoas relataram que ouviram
uma explosão, o que bate com a teoria.
Aos onze anos, você foi adotado por Jonathan Crane, o que o separou de sua irmã. Aos doze, você se
tornou uma das primeiras vítimas quando Jonathan Crane se tornou o Espantalho. Durante esse
incidente, devido a experimentos feitos pelo Espantalho, seu DNA de alguma forma se uniu ao DNA de
uma Mariposa Falcão do Tabaco lhe atribuindo algumas características da mesma, como a capacidade
de emitir um componente alucinógeno na forma de fumaça a partir de estruturas presentes no seus
antebraços. Algumas semanas após o incidente você adquiriu a persona Hawk Criminal, ultilizando-se
de um traje furtivo e acompanhado por um par de sabres curvos, você assassinou três ex-conhecidos,
cujo depoimento que você deu foi “apenas senti vontade”. Mais tarde você conseguiu escapar da mão
dos polícias e iniciou uma onda de crimes em Gotham City, Star City e Metropolis. Aos 14 anos você foi
pego e detido pelo Batman durante um assalto ao Banco de Gotham.

— Obrigado pelo resumo da minha própria vida, não é como se estivesse vivido isso, porra! — respondi
num tom agressivo.

— Tenha cuidado Sr. Miller, eu abaixaria o tom de voz se fosse você. Você já está convencendo a equipe
de Arkham de que é uma causa perdida.

— Foda-se, quem liga? Não é como s...

Waller então me interrompe e completa. — Acredito que o senhor não tenha entendido. Você é o único
além do Coringa que recebeu esse tratamento. Muitos profissionais acreditam que colocar você nas lista
de execução é a melhor jogada — abrir minha boca para falar, entretanto fui parado quando Waller
levantou a mão. — E claro, dúvido bastante da sua capacidade de fuga, já que, de acordo com nossa
inteligência, você não possui recursos que o levem a escapar desse seu confinamento — completou ela
friamente.

— Por que você está me contando tudo isso? — perguntei curioso.

— Tenho recursos... recursos os quais podem lhe oferecer uma possível saída para tudo isso. Possuo
uma maneira de saldar sua dívida com a sociedade. Assistir a algumas das gravações de seus atos e
creio que poderia usar alguém como você.

Ela então deslizou o tablet para dentro de minha cela, o qual me aproximei e dei uma boa olhada. Nele
diversos arquivos — já abertos — falavam sobre a formação de uma equipe de criminosos que poderiam
ser usados para diversos fins. Entre os integrantes já confirmados estavam, um militar qualificado, um
maluco jogando um dardo no pescoço de um ditador, um cara fanático por bumerangues tirando uma
selfie com um homem com a cabeça partida no meio, a então é psicótica namorada do Coringa... algum
tipo de homem tubarão?

Waller então voltou a falar. — Como pode ver, o acordo propõem que condenados realizem operações
secretas em nome do governo americano. Em caso de sucesso nas operações, os condenados terão
entre cinco a vinte anos apagados de sua sentença. Entretanto... — ela então fez uma pausa e pediu o
tablet, o qual depois de um pequeno instante, ela mostrou a foto de um homem com a cabeça explodida.
— ... caso algum dos condenados não seguirem as instruções atribuídas por mim ou pelo líder da
equipe, eles estarão sujeitos a uma pequena surpresa implantada em seus cérebros.

— Foi isso que aconteceu com... — disse enquanto observava a foto do homem bumerangue tirando
uma selfie com um cadáver sem cabeça.
— Kiteman? Sim — ela respondeu.

Ponderei por algum tempo antes de perguntar: — Como isso é medido? Tenho pelo menos cinco
sentenças perpétuas.

— Baseando que a expectativa de vida média de uma pessoa é 78 anos e algumas outras sentenças
menores que você cometeu, diríamos que sua sentença atual estaria com um total de cerca de 400
anos.

— E se eu não aceitar?

— Então creio que o Sr. Miller não verá o Natal chegando.

Ficamos parados nos encarando por alguns instantes, mas logo Waller retomou sua fala.

— Gostaria de alguém como você em minha equipe, alguém que possa entrar e sair sem ser visto, que
possa desequilibrar mentalmente nosso inimigos e, claro, finaliza-lo se necessário.

— Isso é suicídio.

— Esse é o nome do jogo Sr. Miller. Mas a questão que ainda permanece é... Você está dentro ou está
fora?

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