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Sumário

Pré-natal e diagnóstico de gravidez.................................................03

Modificações gravídicas....................................................................08

Distúrbios do líquido amniótico..........................................................16

Distúrbios hipertensivos.......................................................................20

Bacia e estática fetal/Mecanismo do parto...................................25

Diabetes gestacional..........................................................................35

Gestação gemelar.............................................................................39

Imunização Rh.....................................................................................42

Deslocamento Prévio de Placenta (DPP)........................................45

Placenta Prévia (PP)...........................................................................49

Abortamento.......................................................................................51

TORCHES...............................................................................................56

TPP.........................................................................................................61
Diagnostico de gravidez e pré-natal
região axilar, genitais, vulva e até a região
DIAGNÓSTICO DE GRAVIDEZ posterior. Além disso, também tem a máscara
gravídica propriamente dita, que é um sinal de
O diagnóstico da gravidez é de fundamental importância gravidez, mas pode também ser uma sequela
para a clínica. Logo, espera-se que seja feito o mais na face (fronte e bochechas – área
precoce possível, sendo assim melhor tanto para a mãe zigomática). Essas podem também serem
quanto para o bebê. visualizadas por volta da 8ª semana.
• TUBÉRCULO DE MONTGOMERY: é hipertrofia
Desse modo, esse diagnóstico pode ser clínico, hormonal de falsas glândulas mamárias, dando a
ou ultrassônico. Para melhor didática, o diagnóstico impressão de pequenos nódulos ao redor da
clínico da gravidez é dividido em sinais de presunção, papila mamária. Entretanto, trata-se de uma
sinais de probabilidade e sinais de certeza. hipertrofia de glândulas acessórias que
facilitam o aleitamento e, além disso, aumentam
SINAIS DE PRESUNÇÃO a hidratação. Esse fenômeno também pode ser
visualizado por volta da 8ª semana;
Os sinais de presunção são indicativos de gravidez,
• COLOSTRO: é a primeira vacina do recém-
porém não são suficientes para fechar o diagnóstico,
nascido. Nele não contém aquela concentração
pois podem está sendo acarretados por outros fatores
cásea, mas é onde tem a maior concentração
diferentes. Entre eles, tem-se:
de imunoglobulinas maternas, porque o bebê
• ATRASO MENSTRUAL: dentro todos os sinais, tem imunidade celular, mas não possui a
este é o mais precoce, podendo ser notado por humoral. O sistema imune do bebê é imaturo,
volta da 4ª semana; então a mãe transmite através do leite
• CONGESTÃO MAMÁRIA E NÁUSEAS: por volta materno as imunoglobulinas que vão protege-lo
da 5ª semana, ao se fazer a palpação mamária, das doenças. Como não é antígeno, o bebê já
sente-se uma mama álgica, onde a mulher terá está recebendo o anticorpo, por isso
a sensação de congestão devido ao aumento da consideramos a “primeira vacina.” Além disso,
produção de prolactina e, além disso, a mama podemos observar um fenômeno chamado
pode ficar dolorida. As náuseas também são REDE DE HALLER, onde percebe-se uma
frequentes no primeiro trimestre, devendo ser
hipertrofia vascular da região mamária para
avaliada;
desenvolver os ácinos, os ductos e alvéolos
• POLACIÚRIA: micção frequente, com
para a produção do leite. Essas alterações
quantidade reduzida de urina. Esse sintoma é
podem ser visualizadas na 16ª semana;
frequente a partir da 6ª semana;
• HIPER-PIGMENTAÇÃO DA ARÉOLA PRIMÁRIA: • AÉROLA SECUNDÁRIA: surge por meados da
existe um estímulo aos melanócitos, os quais 20ª semana, pode-se perceber irregularidade
são hiper estimulados, aumentando, dessa nas bordas da aréola.
maneira, a pigmentação de algumas regiões, SINAIS DE PROBABILIDADE
como a aréola mamária, linha média ou alba,
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• ATRASO MENSTRUAL: 10 a 14 dias de atraso o comprometimento crânio nádega (CNN) do


e aumento do volume uterino devido ao saco gestacional;
crescimento do embrião. Vale salientar que a • SINAL DE PUZOS: é um rechaço fetal
amenorreia é um atraso menstrual não inferior intraútero por volta da 14ª semana, ou seja, ao
a 3 meses. tocar da para sentir que tem algo dentro do
útero;
8 semanas → alterações uterinas: • BATIMENTO CARDÍACO FETAL: ausculta dos
• SINAL DE HEGAR: alteração da consistência, batimentos cardíacos fetais (BCF). O Sonar-
acontece um amolecimento a nível da região do Doppler capta o movimento da frequência do
istmo uterino; fluxo sanguíneo e transforma em som e
• SINAL DE PISCACEK: alteração da forma imagem. Isso acontece entre a 10 e 12ª
uterina – um abaulamento no local aonde vai semana. Se usarmos o estetoscópio de Pinard
acontecer o implante do bebê; (funil) os BCF serão audíveis a partir da 20ª
semana;
• SINAL DE NOBILE-BUDIN: alteração da forma
• MOVIMENTOS FETAIS ATIVOS: a partir da 18ª
uterina – preenchimento dos fundos-de-saco
semana torna-se possível a percepção e
laterais, assumindo uma forma globosa;
palpação dos movimentos ativos do feto;
• SINAL DE OSIANDER: é o pulso da artéria
palpação dos segmentos fetais;
vaginal – hipertrofia do sistema vascular. Caso
• VISUALIZAÇÃO DO SUCO GESTACIONAL;
a mulher esteja grávida, ao fazer a palpação
dessa artéria da para sentir o pulso, o que não • VISUALIZAÇÃO VESÍCULA VITELÍNICA;
acontece em mulheres que não estão grávidas; • VISUALIZAÇÃO DO BROTO EMBRIONÁRIO;
• SINAL DE JACQUEIMER OU CHADWICK: • IDENTIFICAÇÃO DO POLO CEFÁLICO;
alteração da coloração da vulva e da vagina – • VISUALIZAÇÃO DA PLACENTA.
coloração violácea do vestíbulo e do meato
DIAGNÓSTICO ULTRASSONOGRÁFICO
uretral;
• SINAL DE KLUBE: coloração violácea da vagina No 1º trimestre de gravidez é obrigatório o USG
– apenas internamente, necessita de um transvaginal.
espectro para poder observar;
• AUMENTO DO VOLUME ABDOMINAL: o útero • 4 a 5 semanas: aparece o saco gestacional;
torna-se palpável com 12 semanas e o aumento • 5 semanas: vesícula vitelínica;
do volume abdominal, progressivo, percebe-se • 6 semanas: eco embrionário e sua pulsação
na 16ª semana. cardíaca;
• 11 a 12 semanas: cabeça fetal;
SINAIS DE CERTEZA • 12 semanas: placenta.
Esses sinais são dados pela presença do concepto, DIAGNÓSTICO HORMONAL
anunciada pelos batimentos cardiofetais e pela sua
movimentação ativa. A ultrassonografia os rastreia A gonodofina coriônica humana (hCG) é uma
entre a 7ª e a 8ª semana. glicoproteína produzida pelo embrião em um estágio de
8 a 12 células (3 dias após a fertilização). É necessário,
• ULTRASSONOGRAFIA TRANSVAGINAL (USGTV): pelo menos 1 dia do atraso da menstruação, para que
a partir de 6 semanas, consegue-se visualizar
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seja testado os níveis de beta hCG para que não • Evitar o uso de medicação;
tenhamos um falso negativo. • Tratar os pequenos distúrbios habituais da
gravidez;
Após a implantação, a produção deste hormônio é feita • Fazer a profilaxia, diagnóstico e tratamento
pelo sinciotrofoblasto, podendo ser detectado no soro das doenças próprias da gestação.
uterino após 8 dias de fertilização.
No que se refere a assistência pré-natal, temos:
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL • Ter um caráter preventivo, assistencial e
educacional;
Beta hCG → 500mUI/ml → gravidez; • O início precoce da assistência pré-natal
melhora o prognostico da gestação;
Beta hCG → 1500 mUI/ml → presença do saco • Na primeira visita é necessário fazer uma boa
gestacional implantado no útero. anamnese especifica para grávida, mas sem
esquecer dos outros sistemas aliados a um
IDENTIFICAÇÃO DO hCG: exame físico detalhado;
• URINÁRIO: POSITIVIDADE → 12 DIAS DE
ATRASO MENSTRUAL; CUIDADOS PRÉ-NATAIS
• PLASMÁTICO: POSITIVIDADE → 10 DIAS APÓS
A FECUNDAÇÃO (1º dia de atraso). 1ª ETAPA: Em caso de gravidez é necessário estimar a
data da última menstruação (DUM), porque através dela
FALSO POSITIVO ocorre quando se usa psicotrópicos, eu vou avaliar a data provável do parto (DPP).
anticonvulsivantes, anticoncepcionais orais,
hipertireoidismo, fatores reumatoides, neoplasias -Como calcular a DDP? Usaremos a regra de Neagele
produtoras de hCG, aumento do LH. (Semelhança no que funciona da seguinte forma:
fator alfa da molécula do hCG com o TSH, FSH).
Qual foi a data da última menstruação?
FALSO NEGATIVO: pouco tempo do atraso menstrual,
casos de aborto e prenhez ectópica (gravidez em que 10/ 04/ 2003
o embrião se implanta fora da cavidade uterina – a 10+7/ 04-3/ 2003+1
produção do sinciciotrofoblasto é baixa). Nesses casos,
o hCG é produzido em pequenas frações. Dessa forma, teremos que a data provável será o dia
17/ 01/2004
ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL
A regra é: soma-se 7 dias da semana ao dia da última
É necessário começar o pré-natal assim que começa a menstruação. Em relação ao ano iremos acrescentar 1
planejar a gravidez. Porém, caso a gravidez não seja ano, entretanto, uma gravidez tem em média 9
planejada, inicia-se imediatamente após a descoberta. meses, por isso é necessário que se subtraia 3 meses
para que a data fique correta.
OBJETIVOS
28/06/2003 -> 28+7/06-3/2003+1 ->
• Reduzir a morbiletalidade materna e perinatal; 35/03/2004
• Planejamento familiar; 2ª ETAPA: ANAMNESE OBSTÉTRICA:
• Orientar os hábitos de vida (higiene pré-natal); • Queixa Principal (QP);
• Assistir psicologicamente a gestante; • Antecedentes pessoais, obstétricos e
• Prepará-la para a maternidade (instruí-la sobre ginecológicos;
o parto, dando-lhe noções de puericultura); • Hábitos e costumes: etilista, tabagista, outros;
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• Intercorrências nutricionais: obesidade, INVESTIGAÇÃO FETAL


desnutrição; • Pesquisa de alterações morfológicas;
• Antecedentes pessoais: alergias, doenças do • Avaliação da maturidade e vitalidade fetal (USG,
colágeno (autoimunes), diabetes, HAS, CTG, Doppler, dosagem alfa-feto proteína no
cardiopatias, outras. soro materno, realização de procedimentos
invasivos).
OBS: Perguntar se faz uso de medicamento - evitar
teratogenicidade. SINAIS E SINTOMAS DE ALERTA
• Avaliar emprego prévio de DIU; • SANGRAMENTO VAGINAL: pode não ser anormal,
• Antecedentes de doenças genética e mas tem algo diferente. Pode ter várias causas
hereditárias; e algumas podem comprometer a gravidez,
• Vacinação;
como o descolamento de placenta.
• Antecedentes familiares: HAS, diabetes,
gêmeos, doenças do colágena; • EDEMA DE FACE OU DE MMSS: Pé inchado é algo
• Peso e pressão arterial: A ausculta do pulso recorrente, mas não tem tanta importância
fetal, com o Sonar-Doppler, é positiva com 10- clínica. Entretanto, MMSS já é algo a se
12 semanas; com o estetoscópio de Pinard só preocupar, desde uma simples compressão do
após 20 semanas. plexo braquial até um comprimento vascular.
EXAMES DE ROTINA • CEFALEIA CONTINUA OU GRAVE: dor de cabeça
• Teste de gravidez; contínua precisa ser investigada
• USG precoce (IG) – melhor para IGI; • PARESTESIA: sensação de dormência, a qual pode
• Exames hematológicos; trazer comprometimento, podemos inclusive
• Classificação sanguínea e fator Rh; diante de um início de AVC
• Classificação de cônjuge; • TURVAÇÃO VISUAL OU DIMINUIÇÃO DA ACUIDADE
• Glicemia e jejum; VISUAL: Tem que avaliar a pressão, pode ser um
• Reação sorológicas (VDRL, HIV, HbaAg, Anti- edema de retina, é necessário fazer um fundo
ACV, sorologia para toxoplasmose-rubéola
de olho.
(IgG/IgM);
• Urina tipo 1; • DOR ABDOMINAL:
• Prato-parasitológico; • VÔMITOS PERSISTENTES:
• Colpocitologia oncótica de Papanicolau. • FEBRE OU ADINAMIA: Sendo o segundo um
cansaço exacerbado, falta de energia.
EXAMES ADICIONAIS
• DISÚRIA:
OBJETIVO: rastrear as patologias intercorrentes mais • PERDA DE LIQUIDO PELA VAGINA:
comuns: • DIMINUIÇÃO DO MOVIMENTO FETAL.
• Hipertensão arterial; função renal;
• Diabetes mellitus (glicemia de jejum, glicemia 1 CONSULTAS SUBSEQUENTES
hora após a ingestão oral de 50g de glicose ou
perfil glicêmico); Risco gestacional
• Doenças infecciosas (sorologia para
toxoplasmose, CMV, HIV, urocultura, pesquisa GESTAÇÃO DE RISCO ABITUAL:
para gonocócica e Clamidia – cultura de • Retornos mensais até 28 semanas;
secreções da cérvice uterina). • Retornos quinzenais entre 28 e 36 semanas;
• Retornos semanais > 36 semanas.
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Avaliação nos retornos • A gestante aumenta a libido.


• Avaliação do bem-estar materno-fetal
(anamnese, peso, pressão, AFU, BCF, exame
geral);
• Diagnóstico da apresentação fetal e análise da
cérvico-dilatação (>36 semanas).

Avaliação do estado nutricional da gestante


• GESTANTE DESNUTRIDA: alto risco para o
recém-nascido de baixo peso;
• GESTANTE OBESA: alto risco para o recém-
nascido mocronômico;
• AVALIAÇÃO DO ESTADO ANTROPOMÉTRICO:
- IMC: 20-25 → gestante eutrófica; > 25 →
gestante obesa; < 20 → gestante desnutrida;
- Ganho ponderal: gestante eutrófica → 9 a
13kg no termo; gestante desnutrida → 9 a
13kg + o peso; gestante obesa → IMC > 28 –
obesidade moderada + 7kg (3,5kg feto e 1kg
LA, 0,5kg placenta, 1kg útero e 1kg mamas).

OBS: Obesidade acentuada → IMC > 28 – Ausência de


efeito adverso fetal se não há ganho ponderal materno.

Necessidades nutricionais da gestante:


• Maior aporte de proteínas;
• Maior consumo de vitaminas do compartimento
B (B6 – 2,5mg e B12 – 4mg e ácido fólico –
0,8mg);
• Suplementação de ácido ascórbico (100 a 130
mg);
• Suplementação de ferro (4 meses: dose de até
150mg);
• Suplementação de cálcio: 1,0 a 1,3g/dia.

VACINAÇÃO
• Toxóide tetânico;
- DT adulto – 3 doses;
- DTpa – complemento;
• Prevenção de tétano neonatal;
• Covid19 → ACOG: recomenda vacinar
gestantes e lactantes.

SEXUALIDADE
• É permitido se não for gravidez de risco;
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Modificações gravídicas gerais


Precisa-se ter uma adequada e mútua adaptação ADAPTAÇÕES CIRCULATÓRIAS SISTÊMICAS
materno-fetal, em que pode ser sistêmica ou local, na
região uterina, para que o período de gravidez ocorra AUMENTO DO VOLUME DE LIQUIDO EXTRACELULAR:
sem nenhum problema.
Por volta da 6º semana ocorre um aumento desse
MODIFICAÇÕES SISTÊMICAS liquido, no segundo trimestre aumenta ainda mais esse
volume e no terceiro trimestre a quantidade de liquido
POSTURA E DEAMBULAÇÃO aumenta pouco, e se mantem até o bebê nascer, pois
após esse evento, o liquido diminui. Em média ocorre um
Ocorrem adaptações, pois estando grávida a barriga vai aumento de 30%-40%.
aumentar e consequentemente o ponto de gravidade
irá mudar, então é preciso mudanças para que a As células sanguíneas também aumentam sua
gestante tenha equilíbrio e não tombe para frente. quantidade no sangue plasmático materno – diluição do
sangue materno (Plasmático – 45% e Eritrócitos –
Modifica-se o centro de gravidade, deslocando-o um 33%).
pouco mais para a frente através de algumas
alterações na postura da gestante: Existem 3 mecanismos homeostáticos principais que
aumentam o volume de liquido extracelular:
• A cabeça vai mais para frente;
• Ocorre uma retropulsão do dorso; • Na+ e H2O (pois por difusão a água vai para
• Aumenta a lordose lombar; onde tem mais sódio);
• Usa-se novos grupos musculares que antes não • O fator natriurético atrial (FAN) que está nas
eram tão utilizados (Ex.: Músculo Piriforme). células musculares cardíacas tem a função de
manter o equilíbrio Na+ e H2O, mas nas
O ganho de peso na gravidez que normalmente é entre gestantes esse fator está com seus
8kg-12kg faz com que a gestante mude sua forma de receptores menos sensíveis;
andar e sentar, abrindo mais as pernas, para alargar • O Sistema renina angiotensina aldosterona
mais a base e assim não ter perigo de desequilibrar. (SRAA) a Angiotensina I se converte em
Angiotensina II que vai ativar a aldosterona que
A deambulação é prejudicada devido à instabilidade do irá promover a absorção de sódio no túbulo
ligamento pubiano e das articulações sacroilíacas, que contorcido distal, o que faz a água também ser
assim como os músculos e fáscias estão embebidos. absorvida.
(embebição gravídica). Dessa forma, a grávida começa
AUMENTO DO DEBITO CARDÍACO:
a andar com passos curtos e oscilantes (Macha
Anserina). DC= Vol min X FC em que o DC eleva 35%-50%
SISTEMA CIRCULATÓRIO O coração da gestante está trabalhando mais, visto que
o volume de sangue circulante será maior para assim
suprir as necessidades da mãe e do feto.
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Aumenta mais no primeiro trimestre, no segundo e PA = 12/8 quando está gravida pode chegar a ter a PA
terceiro trimestre se mantem e só após o parto é que = 10/6.
vai voltando, se normalizando por volta de 30-40 dias
após o evento. Assim a gestante no começo da gestação pode ter
sintomas como sonolência, cansaço, tontura, náuseas e
REDUÇÃO DA RESISTÊNCIA VASCULAR PERIFÉRICA: outros, justamente devido a hipotensão, mas que o
corpo ainda não se acostumou. Com isso esses sintomas
Os vasos estão menos resistentes deixando o liquido tendem a desaparecer ou diminuir no decorrer da
extravasar com mais facilidade se acumulando no gravidez, pois com o tempo o organismo vai se
interstício. adequando a essa queda da pressão arterial.
Ocorre alterações bioquímicas nos vasos maternos pois REDUÇÃO DA REATIVIDADE VASCULAR:
seus receptores estão menos reativos as substâncias
Prostaciclina (PGl2) e Tromboxano (TXA2). Os vasos respondem pouco aos hormônios e
substâncias bioquímicas. Isso ocorre pois os vasos
A progesterona é um hormônio que está bem elevado maternos precisam estar refratários a efeitos
na gestação e que também contribui para a redução da vasoconstrictores, para que se mantenham
resistência vascular, pois a musculatura do vaso fica vasodilatados e assim o fluxo de sangue que passa por
relaxada. eles seja maior.
AÇÃO DAS PROSTAGLANDINAS: Prostaciclina ADAPTAÇÕES CIRCULATÓRIAS
aumentada e Tromboxano diminuída. Para adequar a
UTEROPLACENTÁRIAS
chegada de sangue necessária para o bebê, pois se isso
não acontecer pode acarretar algum problema como INVASÃO TROFOBLÁSTICA:
atraso no desenvolvimento ou sofrimento fetal, como
também trombose na gestante. Por volta da 12ª a 14ª semana de gravidez, ocorre a
invasão do sinciciotrofoblasto que irá promover toda a
PROSTACICLINA TROMBOXANO adaptação uteroplacentária, pois ele invade os vasos
Vasoconstricção Vasoconstricção destruindo a integridade histológica dos mesmos.
Agregação Plaquetária Agregação Plaquetária
Entre a 12-14 semana ocorre a primeira onda de
Atividade Uterina Atividade Uterina invasão trofoblástica em que ocorre a destruição das
Fluxo sanguíneo Fluxo sanguíneo camadas iniciais dos vasos. Começando a diminuir a
uteroplacentário uteroplacentário resistência do vaso.

PA = DC X RESISTENCIA PERIFRICA (Na gestante o débito Entre 16-18 semana ocorre a segunda onda de invasão
cardíaco aumenta, porém, diminuição da resistência trofoblásticas em que ocorre a destruição da camada
periférica é bem mais que o aumento da DC, assim a muscular dos vasos. Deixando de vez o vaso pouco
pressão arterial tem uma pequena queda). resistente, aumentando assim o fluxo de sangue
uteroplacentário.
Estima-se que na gestante a pressão sistólica caia uns
15mmHg e a pressão diastólica mais ou menos uns
10mmHg. Por exemplo se a mulher não gravida tinha a
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Se não ocorrer de forma correta esse processo de Devido a anemia fisiológica da gestante, espera-se a Hb
invasão placentária a gestante pode desenvolver mínima de 11g/dl, e nas gestantes a partir da 20°
Hipertensão. semana é preciso fazer reposição de ferro, pois além
de tá “gastando” muito ferro, ela já está com anemia
DIMINUIÇÃO DA RESISTÊNCIA VASCULAR UTERINA: fisiologia, dessa forma esse complemento evita que a
Com a destruição das camadas dos vasos devido a anemia seja também ferropriva.
invasão trofoblástica, os vasos vão ter sua resistência ANEMIA DILUCIONAL FISIOLÓGICA GESTACIONAL:
diminuída, estando assim mais relaxado. Embora o número de células sanguíneas aumente, o
líquido aumenta muito mais, o que deixa o sangue diluído.
Assim o fluxo sanguíneo aumenta para que o suporte Dessa forma é normal a gestante ter uma leve anemia
ao desenvolvimento e nutrição do bebe seja adequado, (Hb:11.000) em que o médico só precisa orientar para
pois caso contrário se o fluxo não aumentar por algum que a paciente se alimente corretamente, devido ao
motivo qualquer o bebe pode apresentar problemas de aumento da necessidade do ferro. Mas se tiver com Hb
crescimento e desenvolvimento. < 10.000 tem que tratar, pois além de estar hemodiluida
a gestante não está conseguindo repor o que tá
Será preciso chegar no útero as seguintes quantidades perdendo.
de sangue: Os leucócitos aumentam.
• No 1º trimestre: 400 – 500 ml/min As plaquetas diminuem, não por falta de estimulo, pois
• No 3º trimestre: 900 – 1000 ml/min esse estimulo de produção existe e está aumentado,
REDISTRIBUIÇÃO DO FLUXO UTERINO: porem as plaquetas possuem uma vida média pequena
e assim acabam tendo sua quantidade no sangue
Na gestante ocorre um aumento da área cardíaca diminuída. Em geral as gestantes tem plaquetas por
devido a embebição do tecido muscular cardíaco, assim volta de 200.000/mm3 e essa plaquetopenia é
como o seu maior esforço tendo em vista que temos fisiologia.
um volume circulante maior.
No sistema de coagulação, todos os fatores estão
Ocorre o aumento do consumo de O2 e a FC tem uma aumentados, exceto XI e XII. Dessa forma, no geral os
discreta elevação (Cerca de 10%). fatores de coagulação se elevam já preparando a
mulher para o momento do parto, visto que será
Na gestante tem o chamado sopro fisiológico sistólico
perdido muito sangue nesse momento e assim é
que em 90% das mulheres é normal devido as
necessário a ação eficaz do sistema de coagulação.
alterações de volemia e fluxo.
Porém essa condição fisiologia faz a gestante ter a
No ECG pode-se ter um desvio do eixo elétrico para chance de ter um trombo 35x maior do que uma não
esquerda devido a destro rotação do coração, que além gestante.
de aumentar faz esse movimento no período
PELE
gestacional.
Aumento da pilificação devido ao estimulo maior para o
COMPARTIMENTO SANGUÍNEO
aparecimento, visto que os hormônios estão todos
modificados e aumentados.
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Eritema palmar, causado pela progesterona que é • A fonte principal de energia é a gordura que
responsável pela vasodilatação periférica. Também foi estocada na fase anterior. (Ácidos graxos
pode ocorrer na região plantar. livres no plasma materno);
• A gestante fica responsiva menos ainda a
Hormônio melanocíto: Esse hormônio está sendo muito insulina, pois ocorre a interferência dos
estimulado, resultando na hiperpigmentação da linha hormônios placentários somatotróficos
alba/nigra, manchas principalmente no rosto (Lactogênio placentário - HLP) que não deixam
(Melasma/Cloasma), axilas e outros. a insulina agir devidamente, impedindo a sua
ligação aos seus respectivos raptores;
METABOLISMO • O ganho de peso: Até 27 semanas a maior
parte é do concepto e a menor parte é da mãe.
FASE ANABÓLICA: Após 27 semanas é o inverso. (Numa gestação
o ideal a grosso modo é ganhar d 8-12kg).
Nessa fase ocorre o recrutamento e guarda-se energia
para a próxima fase que vai necessitar de maior gasto METABOLISMO PROTÉICO: A maioria dos aminoácidos
energético. estão reduzidos durante a gravidez, sendo necessário
um consumo de aproximadamente 25% de proteínas
• Acontece até a 27° semana;
(do total de nutrientes necessários na dieta de uma
• Demanda fatal é pequena.;
• Há um estoque maior de gordura materna. Pois gestante) para se manter o balanço nitrogenado em
na próxima fase essa gordura será a principal equilíbrio. É necessário lembrar que ocorre uma
fonte energética; diminuição da concentração das proteínas totais devido
• Sobre a glicose ingerida uma parte será a hemodiluição plasmática.
guardada a outra será queimada;
SISTEMA URINÁRIO
• Ocorre uma Hipoinsulinemia, não por falta na
produção, mas na verdade é porque a gestante ALTERAÇÕES ANATÔMICAS:
tem uma baixa resposta a sua ação, tá pouco
responsiva a insulina. Isso ocorre justamente Devido a vasodilatação que ocorre em cerca de 80%
para que parte da glicose possa ser guardada; das mulheres grávidas, ocorre uma dilatação dos
• A mulher pode ter hipoglicemia principalmente ureteres bem como da pelve renal. Essa dilatação
pela manhã pois ela passou um grande período somada a ação da progesterona e fatores mecânicos
de tempo em jejum, quando estava dormindo. (como compressão pelo útero gravídico dos ureteres –
Assim aconselha- se que a mulher se alimente
principalmente o direito) ocorre a estase urinária,
de algo que não tenha muito gosto nem cheiro,
alterando o seu fluxo.
como por exemplo uma bolacha e depois de um
tempo tome café da manhã normalmente, isso A estase urinária é a principal causa de infecções
para evitar mal estar. O ganho de peso a maior
urinárias e esse tipo de infecção é por sua vez a
parte é de estocagem materna e a menor é
principal causa de prematuridade no Brasil.
do concepto.

FASE CATABÓLICA: SISTEMA DIGESTIVO

• Ocorre após a 27° semana; Com o passar da gravidez, devido as alterações


• Período em que o crescimento fetal é máximo; hemodinâmicas e hídricas já citadas, é possível
LAILA QUEIROGA – P4A 12

perceber as gengivas edemasiadas, hiperêmicas e 2. VOLUME: Ocorre também um aumento do


sangrando com mais facilidade. volume do órgão, primeiro no local de
implantação – sinal de Piskacek – e depois
É comum também uma atonicidade do TGI devido aos pode se sentir a matriz globosa ao toque – sinal
fatores hormonais (mesmos que relaxam a musculatura de Nobili-Budin.
das artérias), podendo ser observado pirose devido a
um afrouxamento da cárdia bem como constipação Esse aumento ocorre devido a uma hiperplasia bem
devido a diminuição do peristaltismo. O fígado tem a sua como hipertrofia do útero, estiramento das fibras,
atividade aumentada, mas sem haver alteração nos aumento de tecido conjuntivo bem como um aumento
testes de função hepática. do volume sanguíneo local de até 10 vezes mais.

SISTEMA RESPIRATÓRIO Falando da localização do órgão, quando se está nos 2


primeiros meses de gestação, o útero é um órgão
Devido a vasodilatação ocorre uma hiperemia e edema estritamente pélvico, na 12º semana o mesmo torna-
da mucosa das vias aéreas superiores podendo levar a se perceptível nos abdomes.
uma pré-disposição a congestão nasal, epistaxe e até 3. PESO: altera-se bastante, pesando 70g em
alterações na voz. Com o crescimento do útero ocorre uma mulher que não está grávida e 1100 g
uma elevação de até 4 cm do diafragma, mas a sua termo. O volume do gravídico é de até 5.000
função não é comprometida. Com o afrouxamento dos ml e o do não gravídico de 10 ml.
ligamentos (secreção de relaxina pela placenta) pode 4. POSIÇÃO: no início da gravidez ocorre uma
anteversoflexão e no final da gravidez em 80%
ocorrer um aumento de 2cm na circunferência da caixa
dos casos ocorre dextrodesvio e dextroversão.
torácica e a complacência da parede torácica vai
diminuindo com o passar da gravidez. OBS: decúbito dorsal → comprime aorta e VCI.

Ocorre um aumento do volume corrente a partir do COLO UTERINO


primeiro trimestre, devido a expansão da caixa torácica
e aumento do estímulo respiratório, esse ocorrendo A secreção de estrogênio e progesterona deixam o colo
devido a ação da progesterona sobre o centro do útero amolecido – sinal de Goodell - bem como o
respiratório. estrogênio estimula o crescimento do epitélio glandular
do canal cervical tornando visível o endocervice –
Ocorre também uma redução do volume reserva ectopia.
expiratório e do volume residual devido a compressão • Posteriorizado e longo;
da caixa torácica, entretanto não ocorre uma alteração • Coloração arroxeada;
da frequência respiratória. • Tampão mucoso: muco espesso, não filante.
ÓRGÃOS GENITAIS OVÁRIOS E TROMPAS
ÚTERO A embebição gravídica e o aumento de vascularização
1. CONSISTÊNCIA: Devido a embebição gravídica e promovem o aumento dos ovários e diâmetro do
diminuição do tônus ocorre um amolecimento do pedículo ovariano bem como um enrijecimento e
órgão, que pode ser percebido de forma aumento das trompas (ação da progesterona: rígidas e
precoce no istmo → sinal de Hegar. com menor motilidade).
LAILA QUEIROGA – P4A 13

PLACENTA

VAGINA Pode-se dizer que a placenta é um órgão misto,


possuindo uma parte materna e uma parte fetal.
Sobre a influência do estrogênio a parede vaginal se • PARTE MATERNA:
espessa e ocorre perda da rugosidade. Ocorre aumento
da descamação resultando em maior secreção (sendo A placenta materna é a parte em que tem origem na
essa secreção mais ácida –p H de 3,8 a 5,4- tendo por decídua (endométrio materno transformado) e
objetivo a proteção de infecções). Ocorre aumento da corresponde a decídua basal bem como os septos. Já a
vascularização da vagina e é possível perceber a parte que corresponde ao ovo que interage com o
pulsação da artéria vaginal – sinal de Osiander. Além de ambiente é o trofoblasto e esse se divide em duas
um tom arroxeado – Sinal de Kluge. partes, o citotrofoblasto e o sinciciotrofoblasto. Esses
começam a invadir e penetrar pelos capilares dando
VULVA assim início a alimentação hematrófica. Esse trofoblasto
• Sinal de Jacquemier-Chadwick: tom arroxeado; e o tecido de conexão são denominados córion.
• Sinais de hipertrofia;
• Hiperpigmentação externa. Devido a emissão de prolongamentos, vilosidades coriais,
ocorre um aumento da superfície de trocas e assim
MAMAS essas vilosidades tendem a recobrir todo o córion. Por
volta da 12º semana há uma diferenciação completa
Ocorre uma hipersensibilidade, aparecimento da rede
entre o córion frondoso e liso, sendo o frondoso o que
venosa de Haller, pigmentação da auréola primária,
está em contato com a decídua basal, o mais
aparecimento dos tubérculos de Montgomery,
vascularizado e o que está em contato com o embrião
aparecimento da auréola secundária – sinal de Hunter
pela circulação alantocorial constituindo assim a placenta
bem como secreção de colostro.
fetal.
ANEXOS DO EMBRIÃO E DO FETO

Corresponde a tudo o que se desenvolve no ovo, mas


não necessariamente está envolvido com a formação
do concepto, exceto porções da vesícula vitelínica e da
alantoide. Têm por função assegurar a proteção,
nutrição, respiração e excreção do concepto.

Do ponto de vista embriológico esses anexos


correspondem o córion, o âmnio, a vesícula vitelina e o
alantoide. Entretanto, do ponto de vista obstétrico são
considerados o cordão umbilical, as membranas – córion A placenta no embrião é responsável por diversas
e âmnio e a placenta. funções, tais quais, transportes de gases respiratórios,
nutrientes e produtos de degradação entre a mãe e o
Os anexos embrionários são estruturas que surgem a concepto. É um órgão endócrino secretando vários
partir dos folhetos embrionários e dão suporte vital ao hormônios (gonadotrofina coriônica,
embrião até que este possa fazê-lo. somatomamotrofina coriônica, lactogênio placentário) e
LAILA QUEIROGA – P4A 14

esteroides (progesterona e estrógeno) sendo assim agora rico em oxigênio e nutrientes vai em sentido
responsáveis pela manutenção da gravidez bem como contrário no cordão umbilical pela veia umbilical.
controle e amadurecimento fetal. Atua como interface
imunológica entre a mãe e o feto.

Funções da placenta: CORDÃO UMBILICAL


• Metabolismo: sintetiza desde o início da Normalmente inserido no centro da placenta, tem seu
gravidez glicogênio, colesterol e ácidos graxos, diâmetro de 1 a 2 cm e comprimento de 50 a 60 cm. É
sendo uma fonte de energia bem como de
formado por tecido conjuntivo indiferenciado – geléia
reserva para o feto.
de wharton- onde se encontram os vasos umbilicais, os
• Eliminação de produtos de excreção;
remanescentes da alantóide e da vesícula vitelínea. Todo
• Transporte de gases e nutrientes → através
da membrana placentária e em ambas as o cordão é revestido por âmnio funicular.
direções
SISTEMA AMNIÓTICO
- Gases, nutrientes, hormônios, anticorpos
maternos, excreções drogas, agentes É a unidade funcional e morfológica entre âmnio e líquido
infecciosos; amniótico.
- Por difusão simples, difusão facilitada,
transporte ativo e pinocitose. Acompanhando o crescimento fetal a cavidade
• Síntese e secreção endócrina → pelo sincício, amniótica se expande até o conteúdo líquido máximo de
com produção de hormônios proteicos 1L (33-34 semanas).
(gonadotrofina coriônica, Somatomamotropina • Composição → 99% água com material em
coriônica, lactogênio placentário) e esteróides suspensão (céls. epiteliais fetais mortas, sais
(progesterona e estrógeno).
orgânicos e inorgânicos, além das fezes e urina
fetal);
• Durante 3º trimestre: água do fluido amniótico
A circulação placentária ocorre de forma independente é trocada a cada 3hrs;
entre mãe e feto, não havendo, em condições normais, • Grandes volumes movimentam-se entre a
comunicação entre elas. A circulação placentária circulação materno-fetal pela membrana
materna ocorre através das artérias espiraladas placentária;
endometriais e devido a gradiente de pressão se dirige • É deglutido pelo feto (cerca de 400ml/dia no
a placa corial, fluindo de forma vagarosa nessa e final da gravidez).
permitindo as trocas com o sangue fetal. Quando o
sangue materno alcança o assoalho do espaço Pode-se descrever o âmnio como uma membrana colada
interviloso ele se dirige a veia endometrial. Já a ao córion membranoso que recobre o córion placentário
circulação placentária fetal se dá pela saída de sangue e a porção funicular que recobre o cordão umbilical. Ele
pobre em oxigênio pelas artérias umbilicais e essas se é composto por 5 camadas, não contem vasos
inserem na placenta através do cordão umbilical e essas sanguíneos e nem inervação, sendo suas necessidades
artérias se ramificam livremente na placa coriônica. mantidas pelo líquido amniótico.
Ocorre assim as trocas com o sangue materno, sem
Funções do LA:
haver em condições normais mistura de sangue, e esse
LAILA QUEIROGA – P4A 15

• Meio de flutuação para o feto, capacitando-o


mover-se livremente;
• Permite crescimento simétrico do feto;
• Barreira contra infecções;
• Impede aderência entre o âmnio e o
embrião/feto;
• Permite o desenvolvimento normal dos pulmões;
• Protege contra choques, absorvendo impactos;
• Ajuda a manter constante a temperatura fetal.

VESÍCULA VITELÍNICA

Apesar de não desempenhar uma função de


armazenamento nutritivo no ser humano, essa vesícula
é responsável pela nutrição do embrião na 2º e 3º
semanas, quando ainda não está ocorrendo a circulação
uteroplacentária. Por volta da 12º semana essa atrofia.

ALANTOIDE

Aparece no final da 16º dias após a fertilização tendo


importância na formação de sangue nos primeiros
meses de gravidez bem como os seus vasos se
transformam nos vasos umbilicais.

Ele se diferenciará em uráco e ligamento umbilical (liga


a bexiga à região umbilical).
LAILA QUEIROGA – P4A 16

DISTÚRBIOS DO LÍQUIDO AMNIÓTICO: POLIDRÂMNIO E


OLIGOÂMNIO

FUNÇÕES DO LÍQUIDO AMNIÓTICO • Fluidos celômico e amniótico estão presentes


em gestações anembionadas, indicando que o
• Proteção contra o trauma abdominal materno; feto não é a fonte primária de líquido nesta
• Proteção contra a compressão do cordão fase.
umbilical entre o feto e o útero;
• Propriedades antibacterianas para proteção PRODUÇÃO: secreção pulmonar + urina fetal;
contra infecções;
ABSORÇÃO: deglutição fetal e gradiente osmótico
• Reserva de fluidos e nutrientes para o feto;
(transmembrana/intramembranosa).
• Provê o fluido e espaço necessários para o
desenvolvimento pulmonar fetal, sistema ESTIMATIVA DE FLUXOS DE LA POR DIA
musculoesquelético e gastrointestinal.
• URINA FETAL:
FISIOLOGIA DA REGULAÇÃO DO LA: - Diminui com condições de insuficiência
PRODUÇÃO NA GESTAÇÃO INICIAL placentária (Pré-eclâmpsia, RCF);
- Aumenta com condições associadas a
GESTAÇÃO INICIAL – CAVIDADE CELÔMICA:
insuficiência cardíaca (anemia fetal, STT);
• Presente durante o desenvolvimento das - É afetada por distúrbios obstrutivos do trato
membranas coriônica e amniótica, entre a 7ª e genito-urinário.
a 14ª semanas, até a fusão dessas • SECREÇÕES PULMONARES:
membranas; - Os pulmões fetais secretam 100 vezes mais
• Volume máximo em torno de 10 semanas; fluido do que necessitam para expansão.
• O mecanismo de regulação não é conhecido; • DEGLUTIÇÃO FETAL:
• Composição semelhante ao plasma sugerindo - Aumenta com o avançar da gestação;
que este seja sua fonte. - Está diminuída em causas obstrutivas do TGI
ou neurológicas (anencefalia).
GESTAÇÃO INICIAL – LÍQUIDO AMNIÓTICO: • VIAS
INTRAMENBRANOSA/TRANSMEMBRANA:
• O volume aumenta por volta de 10 semanas de
- Gradiente osmótico.
gestação;
• SECREÇÕES ORAIS E NASAIS:
• Fontes: superfície fetal da placenta, através
- Não foram bem estudados, mas contribuem
do compartimento materno (transmembrana –
com fluxos em pequena quantidade.
endométrio e miométrio); secreções da
superfície corporal e fetal; AVALIAÇÃO QUALITATIVA:
• Não há contribuição das fontes de produção de
LA tardias nesta fase (urina fetal e líquido • Sensibilidade e especificidade semelhantes a
pulmonar); medidas objetivas.

MÉTODOS SEMI-QUANTITATIVOS: MAIOR BOLSÃO.


LAILA QUEIROGA – P4A 17

• Componente vertical; DIAGNÓSTICO


• O componente horizontal tem que ter pelo
menos 1 cm para ser considerável; • Qualitativo + quantitativo;
• Acima de 20 semanas; • Maior bolsão > 8cm;
• Pode suar o Doppler para ver o cordão; • ILA > 24 cm;
• No geral não apresenta boa acurácia; • Outros valores sugeridos: 20, 25 e 18;
• Operador-dependente. • Todos os métodos não invasivos são
relativamente fracos (sensibilidade,
especificidade).

COMPLICAÇÕES

• Desconforto respiratório;
• Trabalho de parto prematuro, RPMO;
• Alterações na posição fetal intra-útero;
POLIDRÂMNIO • Macrossomia;
• É o volume excessivo do líquido amniótico; • Prolapso de cordão;
• 1 a 2% de todas as gestações; • DPP após RPM;
• Patogênese: aumento da diurese ou diminuição • Atonia uterina pós-parto.
da deglutição fetal (maior produção que OBS: Tais complicações aumentam o risco de cesárea e
absorção). admissão em UTI neonatal (APGAR mais baixo, TTRN,
CONDIÇÕES ASSOCIADAS icterícia, uso de respirador).

• Malformações fetais; OBS: Risco de óbito fetal aumentado 5,5x no termo


• Cromossomapatias; (mesmo em idiopáticos, ou com risco corrigido para
• Estado hiperdinâmico (anemia); malformações e diabetes).
• STT;
MANEJO
• Diabetes materno;
• Desordens neuromusculares fetais; • Morfológico (fístula traqueoesofágica,
• Infecções. cardiopatas, fendas labiais e palatinas);
• Casos severos: cariótipo (isolado –
POLIDRÂMNIO GRAVE
controverso);
• Mais comum – 30% dos casos – anomalia • Screening diabetes;
congênita (pesquisar sempre obstrução • Hidropsia? Investigação;
intestinal – primária ou por efeito compressivo • Sugestão de US – a cada 1 a 2 semanas (ILA e
de massa – e desordens neuromusculares); doppler, PBF) até 37 semanas, semanal após
• 25% associado a diabetes materno; 37s;
• 40% considerado idiopático (porém em cerca • Intervenção: para casos graves e sintomáticos,
de ¼ desses casos é definida causa após o com objetivo de alívio do desconforto materno
nascimento); e prolongar a gestação.
• RCF + polidrâmnio – pensar em TI8.
INTERVENÇÕES
LAILA QUEIROGA – P4A 18

• AMNIORREDUÇÃO: • Casos severos → pensar em indução com 39-


40 semanas;
- Não há consenso em que quantidade retirar: em que • Caso desconforto materno intolerável,
velocidade, uso de tocolíticos, uso de antibióticos; considerar induzir com 34-37 semanas.
- Pode ser utilizado aspirador com contêiner ou seringa OLIGOÂMNIO
de 50ml com aspiração controlada;
• Volume de líquido amniótico menor que o
- Uptodade recomenda 2L por procedimento, a não ser esperado para a idade gestacional;
que cesse antes por desconforto materno; • Avaliação qualitativa;
• Avaliação quantitativa: ILA < 5 ou MB < 2.
- Seguimento pós a cada 1-3 semanas;
INCIDÊNCIA
- Complicações em 1-3% dos casos (TPP, RPM, DPP,
infecção hipoproteinemia). • Depende de que critério foi adotado, IG,
população estudada;
• INIBIDORES DA PROSTAGLANDINA-SINTETASE • 11% entre 40s e 41s6d.
– INDOMETACINA:
FISIOPATOLOGIA
- Várias posologias;
• Equilíbrio entre a produção e consumo de LA;
- Sugestão: 25mg VO 6/6h, podendo aumentar caso
• Diurese fetal, produção pulmonar, deglutição;
não haja resposta nas primeiras 48-72h; • Via intramembranosa parece ser mais
- Geralmente responde nas primeiras 48h; eficiente em limitar o excesso de LA do que em
prevenir a redução do volume;
- Diminuir gradualmente com resposta e suspender • A maioria dos casos de LA borderline ou
quando o polidrâmnio deixa de ser grave; levemente reduzidos (ILA de 5 a 8) é idiopática;

- Efeitos colaterais maternos: náuseas, refluxo, CAUSAS


gastrite, êmese (4%).
• PRIMEIRO TRIMESTRE:
- Efeito colateral fetal: constrição de canal arterial - Causa não é bem estabelecida;
(realizar ECO fetal e doppler caso a terapêutica seja - Considerar erro na datação quanto ao DMSG
prolongada periodicamente – a cada 2-7 dias); (Diâmetro Médio do Saco Gestacional);
- Caso idade gestacional esteja bem definida,
geralmente se resolve em 24h de suspensão das
pensar em fator de mau prognóstico;
drogas.
- O valor deste achado não é bem definido.
• Até 32 semanas: aminiorredução seguida por • SEGUNDO E TERCEIRO TRIMESTRES:
indometacina para evitar múltiplos
procedimentos; administrar corticoide;
• A partir de 32 semanas: amniorredução; não
utilizar indometacina por efeitos colaterais
fetais;
LAILA QUEIROGA – P4A 19

- Ficar atento a compressão de cordão em TP,


insuficiência uteroplacentária, aspiração meconial.

• Oligoâmnio idiopático isolado parece ter melhor


prognóstico;
• Paciente recém diagnosticado com oligoâmnio –
hospitalização para investigação, avaliação da
vitalidade fetal, hidratação materna;
• Após a investigação inicial, acompanhamento
AVALIAÇÃO DA GESTAÇÃO semanal (ou até 2x/semana) com US e
vitalidade fetal até o termo (Doppler e CTG);
• Anamnese: comorbidades maternas e uso de • Parto:
medicações; história de RPMO; - Caso haja condições associadas avaliar caso a
• Exame especular; caso;
• US: Biometria fetal: RCF; - Idiopático isolado → tempo do parto é
• US: Morfologia → anomalias; controverso; Uptodate sugere 37 a 38
• US: Observar possíveis alterações placentárias; semanas.
• Amniocentese se existe alterações associadas.

MÉTODOS DE AUMENTO DE LA

• HIDRATAÇÃO MATERNA:
- Em casos de oligoâmnio isolado;
- Hidratação oral;
- Benefício no verão ou em pacientes
desidratadas;
- Tem se mostrado eficaz em aumentar o ILA
no oligoâmnio, mas não em ILA normal.

PROGNÓSTICO

• GESTAÇÃO INICIAL: Pode ser sinal de mau


prognóstico;
• SEGUNDO E TERCEIRO TRIMESTES:
- Boderline (ILA 5-8) → Bom prognóstico,
realizar US seriados;
- Oligoâmnio (ILA < 5):

- Depende da causa, severidade, IG do aparecimento,


duração;

- Pode evoluir para morte fetal ou neonatal;

- Parto prematuro (espontâneo ou indicado) ocorre em


mais de 50% dos casos;
LAILA QUEIROGA – P4A 20

DISTÚRBIOS HIPERTENSIVOS NA Gravidez

A Doença Hipertensiva Específica da Gestação (DHEG) é manguito deve estar dois dedos acima da prega cubital
a hipotensão que se desenvolve durante a 2ª metade e deve-se utilizar o 5º ruído (FASE V) de Korotkoff.
da gravidez devido a invasão trofoblástica.
O padrão é aferir pelo braço direito, mas se este for
É a principal causa de mortalidade materna no Brasil alterado, compara-se com o esquerdo.
(20% - 2010), acometendo 10% das gestantes, e
PROTEINÚRIA
presente em 1/3 dos partos pré-maturos.
Caracterizada por 300mg ou mais de proteína na urina
Riscos maternos:
de 24h.
• Eclampsia;
Uma alternativa à urina de 24h é a proteinúria de fita
• DPPNI;
• Hemorragia; (Labstix e similares), embora seja menos confiável e
• Edema agudo de pulmão; precise ser realizada novamente 6h depois.
• Síndrome de HELLP; Outra alternativa é a relação entre proteína,
• CIVD; geralmente albumina, e creatinina na urina. Esse número
• Doença cardiovascular futura. deve ser maior que 0,3.
Riscos perinatais:
Edema não faz mais parte dos critérios para
• Restrição do crescimento fetal; diagnosticar pré-eclâmpsia, por ser extremamente
• Prematuridade; frequente em gestações normais.
• Sofrimento fetal;
CLASSIFICAÇÃO
• Óbito fetal;
• SDRN; • HIPERTENSÃO ARTERIAL CRÔNICA: É aquela
• Hemorragia ventricular; hipertensão que está presente antes da
• Morte neonatal. gestação ou é diagnosticada antes da 20ª
semana de gestação;
Segundo a AHA, a hipertensão é quando a pressão
• PRÉ-ECLÂMPSIA: Aparecimento da
sistólica é igual ou superior a 140mmHg e/ou a diastólica hipertensão e proteinúria com mais de 20
é igual ou superior a 90mmHg. semanas de gestação em gestantes
previamente normotensas. É causada por um
CRITÉRIOS PARA VERIFICAÇÃO DA PA
distúrbio placentário;
Deve-se realizar um repouso inicial de pelo menos 5 • ECLÂMPSIA: São crises convulsivas, seguidas ou
minutos, o ideal sendo de 15 min. A paciente deve estar não se coma, geralmente do tipo tônico-ciônica
sentada com o braço direito ao nível do coração. O generalizada, autolimitadas (2 a 3 minutos).
Geralmente é precedido por cefaleia,
LAILA QUEIROGA – P4A 21

alterações visuais (diplopia e amaurose), • Proteinúria > 2g/24h ou 3 cruzes em fita;


epigastralgia e dor em hipocôndrio direito • Oligúria < 400mL/24h ou 25mL/h;
(devido a distensão hepática); • Insuficiência renal progressiva com creatinina >
• HIPERTENSÃO CRÔNICA COM PRÉ-ECLÂMPSIA 1,1mg/dl;
SOBREPOSTA: A mulher é hipertensa e a • Edema pulmonar;
doença é agravada durante a gestação; • Plaquetopenia (< 100.000mm3);
• HIPERTENSÃO GESTACIONAL: É uma • Elevação das transaminases;
hipertensão detectada com mais de 20 • Dor persistente no hipocôndrio direito;
semanas sem proteinúria, podendo ser • Epigastralgia;
transitória (após 12 semanas pós-parto não • Distúrbios visuais (escotomas, visão turva,
aparece mais) ou crônica (após 12 semanas diplopia e amaurose) e/ou cerebrais (cefaleia,
pós-parto apresenta a hipertensão). tontura, perda da consciência).
FISIOPATOLOGIA PRÉ-ECLÂMPSIA LEVE
Doença inflamatória multissistêmica e multifatorial. • Proteinúria e pressão 140/90mmHg e nenhum
dos sinais citados acima.
Alterações imunológicas maternas → má adaptação
placentária → lesões endoteliais. IMINÊNCIA DE ECLÂMPSIA
Falha na 2ª onda de invasão trofoblástica nas artérias Paciente com diagnóstico de pré-eclâmpsia grave que
espiraladas → aumento da resistência e diminuição do aparece com alguns sintomas que indicam que esta
fluxo. paciente vai convulsionar:
Hipoperfusão placentária (PA eleva para compensar • Manifestações visuais e/ou cerebrais
esse distúrbio). persistentes: Amaurose, turvação visual,
escotomas, diplopia, dor de cabeça persistente,
Liberação de drogas vasoativas → injúria ao endotélio confusão mental;
→ agregação plaquetária, ativação do sistema de • Exaltação dos reflexos – hiperreflexia;
coagulação, aumento da permeabilidade da parede do • Dor no hipocôndrio – devido a distensão da
vaso e aumento da reatividade e do tônus do músculo cápsula hepática;
liso vascular. • Oligúria;
• Epigastralgia.
Vasoespamos → alterações em diversos órgãos e
sistemas → manifestações clínicas. ECLÂMPSIA
PRÉ-ECLÂMPSIA São convulsões tônico-ciônicas em pacientes gestantes
com sinais ou sintomas da pré-eclâmpsia;
A pré-eclâmpsia pode ser dividida em pré-eclâmpsia
leve e pré-eclâmpsia grave. SÍNDROME DE HELLP

PRÉ-ECLÂMPSIA GRAVE É um agravamento das síndromes hipertensivas


gestacionais.
• PA sistólica maior ou igual a160 e/ou diastólica
maior ou igual a110;
LAILA QUEIROGA – P4A 22

Critérios laboratoriais para diagnóstico de síndrome de com uso do corticoide, por exemplo, com o objetivo de
HELLP: levar a maturação pulmonar do feto.

• HEMÓLISE: O que pode influenciar na conduta → Quantas semanas


- Esfregaço de sangue periférico com a mulher tem e o quadro clínico que ela apresenta.
presença de esquizócitos;
- Dosagem de bilirrubinas totais > 1,2mg/dl; CONDUTA CONSERVADORA:
- Desidrogenase láctica (LDH) > 600 U/L;
• Idade gestacional < 37 semanas;
• ELEVAÇÃO DAS ENZIMAS HEPÁTICAS:
• PAD < 100mmHg;
- Aspartato aminotransferase sérica (AST ou
TGO) > 70 U/L; • Ausência de complicações;
- Desidrogenase láctica (LDH) > 600 U/L; • Vitalidade fetal preservada;
• PLAQUETOPENIA: • Ausência de CIUR e/ou oligoâmnio.
- Contagem de plaquetas < 100.00mm3. Quando terei uma CONDUTA ATIVA numa pré-eclâmpsia
HAS CRÔNICA COM PRÉ-ECLÂMPSIA leve, hipertensão gestacional ou hipertensão crônica
SOBREPOSTA sem sinal de gravidade:

Paciente com hipertensão crônica (diagnosticada antes • Se ela estiver com 37 semanas
das 20 semanas), porém ainda se encontra proteinúria, • Se tiver qualquer idade gestacional,
aumento súbito da PA, trombocitopenia e elevação de mas o bebê tiver algum sinal de
enzimas hepáticas. sofrimento (líquido diminuído, restrição
do crescimento intrauterino),
HIPERTENSÃO GESTACIONAL • Vitalidade fetal comprometida.
• Pré-eclâmpsia se tornou pré-
Aparecimento dos sintomas e diagnóstico na paciente
eclâmpsia grave
após 20 semanas de gestação, sem proteinúria. Pode
ser classificada ainda em transitória e crônica. Na Quanto a dieta (pré-eclâmpsia leve) → a pré-eclâmpsia
transitória, a PA normaliza em até 12 semanas, e na não tem relação com o sódio, não há necessidade de
crônica ela permanece elevada após 12 semanas. fazer dieta hipossódica, ou seja, ter uma alimentação
normal sem exageros assim como qualquer pessoa. No
CONDUTAS
entanto, caso ela seja hipertensa crônica (doença
PRÉ-ECLÂMSPSIA LEVE prévia relacionada com o metabolismo do sal),
certamente, deve-se fazer dieta hipossódica.
A conduta melhor é o parto. Eu posso adiar esse parto?
Podemos e devemos a depender dar condições da mãe. Quanto ao repouso (pré-eclâmpsia leve) → O repouso
não é necessário, pois não mudará nada no prognóstico
Como está o quadro clinico dessa mãe? Qual o nível dessa paciente. Claro que caso ela trabalhe em algo
dessa pressão? Como está em relação laboratorial? estressante sua pressão será alterada e é indicado o
Como estão os sinais de gravidade? Como está o bebê? repouso.
Ele está bem ou há algum sinal de sofrimento fetal? Se
o bebê estiver bem podemos esperar um pouco mais Quanto ao peso e a diurese (pré-eclâmpsia eleve) → é
importante pesar e medir a diurese dessa paciente (já
LAILA QUEIROGA – P4A 23

que está retendo líquido, como está a função Na avaliação clínica devemos analisar todos aqueles
excretora). sinais citados e os exames já comentados.

Monitorizar a PA (pré-eclâmpsia leve) → pelo menos Profilaxia da crise convulsiva: em uma pré-eclâmpsia
uma vez na semana é indicado que a paciente vá aferir grave deve-se prevenir a convulsão e a eclâmpsia. Como
a pressão (aferição fora da sua consulta). vamos prevenir a eclâmpsia? Fazendo o sulfato de
magnésio que tem indicação na pré-eclâmpsia grave,
Exames: eclâmpsia e na iminência de eclâmpsia. Dessa forma,
• Hemograma; diagnosticou pré-eclâmpsia grave vai ter que sulfatar.
• Hematócrito;
O sulfato é uma droga útil, porém é também muito
• Contagem de plaquetas;
temida, pois pode levar manifestações de toxicidade
• Pesquisa do sangue periférico (se há presença
como:
dos esquizócitos, pois na sua presença mostra
que está havendo hemólise – Hemólise ocorre • A depender dos níveis, ele age bloqueando a
na H help); junção neuromuscular devido a ação periférica
• Ácido úrico; que seria um efeito curarizante levando a
• Ureia e creatinina (função renal); função de evitar a convulsão;
• Sumário de urina e a proteinúria 24 horas • No entanto a partir de quanto ele se acumule
(veremos a relação proteína creatinina); no organismo (níveis plasmáticos) ele pode
• Coagulograma (risco de coagulação causar efeitos indesejáveis:
intravascular disseminada); - Diminui os reflexos profundos (7-8mEq/L);
• Função hepática (bilirrubina, AST, ALT, DHL); - Abolição dos reflexos (9-10mEq/l);
• Fundoscopia (em pré-eclâmpsia, eclâmpsia help - Depressão respiratória (10-13mEq/l);
há alteração vascular, com isso tem alteração - Parada respiratória (13-15mEq/l);
do fundo de olho); pode-se fazer um eletro em - Parada cardíaca (25mEq/l).
pacientes com critérios de gravidade).
É importante que em uma paciente que está sendo
PRÉ-ECLÂMPSIA GRAVE sulfata seja monitorado:

• Internamento; • Frequência respiratória;


• Profilaxia da síndrome convulsiva; • Reflexos patelares;
• Emergência hipertensiva; • Diurese (24 ml/hora que é o considerado
• Avaliação obstétrica: seguro; abaixo disso suspende o sulfato);
maturidade/vitalidade/avaliação clínica. • É muito importante que no momento que esteja
sendo sulfatada, um remédio deve estar na
É importante fazer uma avaliação do bebê → quantas “cabaceira” ao lado o gluconato de cálcio, pois
semanas o bebê o tem? É um bebê que está viável para se apresentar uma depressão respiratória ou
nascer nesse momento? Eu posso aguardar para fazer qualquer sinal de gravidade quem vai reverter
um corticoide? Tem um bom peso, o líquido está normal? é o gluconato que é o antagonista imediato do
Como está a placenta, fluxo placentário, quanto ao sulfato de magnésio.
doppler? Assim deve-se avaliar a maturidade e a
CUIDADOS PÓS-PARTO
vitalidade fetal.
LAILA QUEIROGA – P4A 24

• O sulfato desse mantido mesmo depois que a - Vitalidade alterada (qualquer sinal de
mulher parir (tem que ser feito até 24 horas sofrimento);
após o parto, pois foi mostrado que 24 horas - Maturidade presente;
após o parto, em mulheres com pré-eclâmpsia - Qualquer complicação daquelas lá listadas, em
grave, era quando a gestante tinha a maior casos de síndrome help, iminência de eclâmpsia;
chance de apresentar convulsão); • Conduta conversadora:
- Hipotensor;
• Não é necessário dosar os níveis de magnésio
- Alfametildopa;
no sangue da mulher, pois o diagnóstico de
- Nifedipina;
como está o magnésio é feito de forma clínica
- Pindolol;
a partir dos sinais que já vimos: reflexo, diurese - Hidrazalina.
e frequência respiratória; • Eclampsia – conduta ativa:
• Monitorização clínica fundamental; - Ambiente tranquilo;
• Vigiar diurese. - Decúbito elevado (essa paciente tem um risco
de aspiração, oferecer 02 úmido paciente);
Existe 03 formas de a gente fazer esse magnésio: - Punção venosa;
• Esquema de Pritchard: - Sonda vesical;
- Ataque: 4g IV (lentamente); - Permeabilidade das vias aéreas;
- Manutenção: 10g IM (6g a cada nádega) – - Proteção da língua;
MgSO4 a 60%; a seguir 5g IM 4/4h. - Aspirar secreções;
• Esquema de Zuspan: - Assistência ventilatória;
- Ataque: 4g IV (lentamente) – MgSO4 10%; - Sonda nasogástrica.
- Manutenção: 1 grama/hora (24h). • Em síndrome help a conduta é sempre ativa
• Esquema de Sibai: independente da maturidade fetal ou da
- Ataque: 6 g IV (lentamente); gravidade.
- Manutenção: 2 gramas/hora (24h).

EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA

Temos que tratar também a emergência hipertensiva


com a Hidralazina.

• Como prescreve? 1 (com 1 ml – 20 mg de


Hidralazina) ampola de Hidralazina mais 9 ml de
água. Indica-se fazer 2,5 ml dessa solução
podendo ser feita a cada 20 minutos.
Prescreve-se 2,5 ml EV se PA for maior ou
igual a 16 por 11 (há locais que consideram o uso
se a PA for maior ou igual a 16 por 12). A dose
máxima é de 40 mg (no máximo duas ampolas);
• Quando é que terei uma conduta ativa?
LAILA QUEIROGA – P4A 25

Bacia e estática fetal


Introdução ao parto: um parto normal são o músculo bulboesponjoso, m.
Transverso do períneo, m. esfíncter externo do ânus.
• Trajeto → bacia;
• Objeto → feto; TRAJETO DURO
• Motor → contração uterina.
A pelve é constituída por 4 ossos: o cóccix, 2 ossos
O objeto em sua posição se assemelha a um ovo, que ilíacos e o sacro. Além de ser dividida em maior e menor,
pode ser dividido em 02 partes → cefálica e córmica. sendo essa última considerada a bacia obstétrica. Essa
divisão ocorre por meio de uma linha imaginária que vai
O trajeto vai do útero até a fenda vulvar e, nesse do promontório (vértice da articulação entre a 5ª
caminho, existem tanto partes moles (cérvice, a vagina vértebra lombar e o sacro) até a margem superior da
e a região vulvoperineal) quanto partes ósseas (cintura sínfise púbica.
óssea – pequena bacina).

O feto é expelido por meio da contração uterina e


também pelos músculos da parede abdominal, de modo
que ele executa, durante esse trabalho de parto,
mecanismos involuntários que auxiliam a sua saída,
mediante, por exemplo, a redução dos diâmetros fetais
e acomodação dos mesmos aos pélvicos.

Em 90 a 96% dos casos, o feto se apresenta de forma


cefálica, sendo menos sujeita a perturbações do
mecanismo. ESTREITOS DA PELVE E SEUS
TRAJETO DIÂMETROS

TRAJETO MOLE ESTREITO SUPERIOR

• SEGUIMENTO INFERIOR DO ÚTERO: istmo; Os estreitos são regiões mais angustiadas da pelve que
• COLO UTERINO; podem dificultar a progressão fetal.
• VAGINA;
LIMITES:
• GENITÁLIA EXTERNA;
• RIMA VULVAR: fenda entre os grandes lábios; • POSTERIOR: promontório sacral;
• VESTÍBULO DA VAGINA: região entre os • LATERAL: linha inominada (linha terminal);
pequenos lábios; • ANTERIOR: pube.
• ASSOALHO PÉLVICO: aparelho de suspensão
dos órgãos pélvicos. DIÂMETROS:

OBS: Os músculos que frequentemente são mais


acometidos nas lacerações perineais decorrentes de
LAILA QUEIROGA – P4A 26

• Diâmetro ântero-posterior (promontório à


sínfise púbica);
• Diâmetros oblíquos (eminência iliopectínea de
um lado à articulação sacroilíaca contralateral);
• Diâmetros transversos (do ponto mais
afastado da linha inominada de um lado à linha
do lado oposto).
ESTREITO INFERIOR

• DIÂMETRO ÂNTERO-POSTERIOR: Conjugata


exitus (9,5cm – 11cm);
• Músculos isquiococcígeos e tuberosidade
isquiática.

DIÂMETRO ÂNTERO-POSTERIOR: Consiste na distância


entre o promontório e a sínfise púbica. Pode ser dividido
em: OS PLANOS DA BACIA E SUA
APLICABILIDADE OBSTÉTRICA
• CONJUGATA VERA ANATÔMICA: borda
superior da sínfise ao promontório (11cm); DE LEE
• CONJUGATA VERA OBSTÉTRICA: face interna Plano das espinhas ciáticas é o plano zero. Medidas em
da sínfise ao promontório (10,5cm); centímetro acima ou abaixo.
• CONJUGATA DIAGONALIS: borda inferior do
púbis ao promontório (12cm).

ESTREITO MÉDIO

É o plano que passa espinhas ciáticas (isquiáticas),


concavidade do sacro (S4-S5), margem inferior da
sínfise.

É o plano de menor dimensão pélvica (transverso ou HODGE


biespinha ciática – 10cm). As espinhas ciáticas delimitam 1. Borda superior da sínfise e promontório;
o plano 0 de De Lee. 2. Borda inferior da pube à 2ª vértebra sacral;
3. Espinhas ciáticas;
4. Cóccix.
LAILA QUEIROGA – P4A 27

Como o Brasil é um país muito miscigenado, há uma


“mistura” dos tipos de pelve.

PELVIMENTRIA INTERNA

ESTREITO SUPERIOR:

• Conjugata diagonalis;
• Conjugata obstétrica = conjugata diagonalis –
1,5cm;
• Conjugata diagonalis > 11,5cm ou promontório
sacral inatingível = favorável ao parto normal.
O MOTOR

O motor do trabalho de parto, ou seja, quem conduz


esse processo são as contrações uterinas.

• TÔNUS UTERINO: pressão miometrial de


repouso, menor valor registrado entre duas
contrações (geralmente 10mm);
ESTREITO MÉDIO: espinhas ciáticas (proeminentes). • FREQUÊNCIA: Número de contrações que
ocorrem em 10 minutos;
ESTREITO INFERIOR: Diâmetro entre as tuberosidades • INTENSIDADE: Pressão máxima durante a
isquiáticas; punho cerrado contra o períneo. Maior ou contração;
igual a 8cm. • CONTRAÇÕES EFETIVAS: Em trabalho de parto
– dilatação do colo.

ATIVIDADE UTERINA

TIPOS DE PELVE

Os tipos de pelve são definidos com base no diâmetro


transverso máximo do estreito superior, variando de
acordo com a etnia, atividade física e padrão nutricional.
LAILA QUEIROGA – P4A 28

PERCEPÇÃO DAS CONTRAÇÕES acontecendo até 3 em uma hora. O TU se aproxima


de 8 mmHg.

PARTO: está associado ao desenvolvimento de


contrações dolorosas e rítmicas que são eficientes
o bastante para dilatar o colo, iniciando, geralmente,
com intensidade de 30 mmHg e frequência de 2 a
3/10 minutos e, ao final, I = 40 mmHg e F=4/10
min. No período expulsivo, a F atinge 5/10 min e I
de 50 mmHg. São próprias dessa fase, as
contrações da musculatura abdominal com a glote
fechada, esforços respiratórios verdadeiros
(puxos).
CONCEITOS
• DEQUITAÇÃO: após o nascimento, o útero
• TRÍPLICE GRADIENTE DESCENDENTE: continua a produzir contrações rítmicas, a fim
Propagação, intensidade e duração do fundo de descolar a placenta e expelir a mesma.
para o colo. Entretanto, essas contrações são indolores;
• TAQUISSISTOLIA: Frequência maior que 5 • PUERPÉRIO: a frequência das contrações vai
contrações em 10 minutos. diminuindo até chegar em 1/10min, decorridas
• HIPERTONIA: Aumento do tônus uterino. (Grave 12 horas de puerpério. Essas seguem
superior a 30mmHg). reduzindo, porém quando o bebê mama, a
sucção estimula a liberação de ocitocina, que,
AS FUNÇÕES DAS CONTRAÇÕES UTERINAS por sua vez, induz a contratilidade uterina, que
desaparece com o fim da mamada.
• Manutenção da gravidez;
• Dilatação e apagamento do colo, descida e
expulsão fetal;
• Dequitação;
• Compressão dos vasos sanguíneos após
dequitação: hemostasia puerperal (globo de
segurança de Pinard).

AS CONTRAÇÕES EM FASES

• GRAVIDEZ: até 30 semanas, a atividade uterina


é muito pequena (<20 UM), sendo as
contrações reduzidas, frequentes, restritas a
certas áreas do útero. De vez em quando,
surgem contrações de Braxton-Hicks. De 28-
32 semanas, até 2 contrações/hora. O tônus O OBJETO: ESTÁTICA FETAL
uterino permanece entre 3 e 8 mmHg;
O CRÂNIO é constituído por 2 ossos frontais, 2
• TRABALHO DE PARTO E PARTO:
parietais, 2 temporais, 1 occipital, 1 esfenoide e 1
PRÉ-PARTO: nas últimas 4 semanas, as contrações etmoide. Os ossos da abóbada craniana se encontram
de BH estão mais intensas e frequentes, separados por fontanelas e suturas, permitindo a
LAILA QUEIROGA – P4A 29

redução do seu volume durante o parto, denomina-se procidência ou prolapso, e a apresentação


diferentemente dos ossos da base. é denominada composta.

ATITUDE

Relação das diversas partes fetais entre si.

SITUAÇÃO ATITUDE DO PÓLO CEFÁLICO

É a relação entre o maior eixo da cavidade uterina e o O polo cefálico pode se apresentar fletido ou defletido,
maior eixo fetal. mas isso acontece em vários graus.

Pode ser:

• LONGITUDINAL: quando os eixos coincidem;


• TRANSVERSAL: se cruzados;
• OBLÍQUA: se na diagonal (geralmente,
representa mudança de posição fetal). FLEXÃO DEFLEXÃO D2 D3
1
Lâmbda Bregma Fronte Face
Favorável Favorável Desfavorável Possível

ATITUDE DO POLO PÉLVICO

Pode-se apresentar de forma completa (pelvipodálica)


APRESENTAÇÃO FETAL ou incompleta (pélvica simples, modo joelhos, modo pé).

É a região fetal que se localiza no estreito superior da


bacia, podendo ser, então, cefálica, pélvica ou córmica.
Quando um dos membros se antepõe à apresentação,
LAILA QUEIROGA – P4A 30

VARIEDADE DE POSIÇÃO

Complementa a orientação espacial do concepto.


Relaciona um ponto de referência da apresentação
fetal com um ponto de referência da bacia materna.

A primeira letra → ponto de referência da


apresentação fetal:

• O (occipício);
POSIÇÃO FETAL
• B (bregma);
É a relação do dorso fetal com o lado direito ou esquerdo • N (naso);
• M (mento);
materno. Assim, temos posição esquerda ou 1º posição
• S (sacro);
quando o dorso fetal se acha voltado para o lado • A (acrômio);
esquerdo materno, e posição direita ou 2º posição
quando o dorso se orienta para o lado direito. Pode ainda A segunda letra → lado materno para o qual está
ser anterior ou posterior. voltado o ponto de referência fetal (posição):

A finalidade da posição é buscar a melhor localização • D (direita);


• E (esquerda).
para ausculta cardíaca fetal durante o trabalho de
parto. A terceira letra indica a variedade de posição, conforme
o feto esteja voltado para o ponto de referência ósseo
da bacia materna:
• A (anterior) – eminência ileopectínea;
LAILA QUEIROGA – P4A 31

• T (transversa) – extremidade do diâmetro


transverso;
• P (posterior ou púbis) – sinostose sacroilíaca ou
púbis;
• S (sacro) – materno.

MECANISMO DO PARTO

FASES CLÍNICAS DO PARTO

TEMPOS DO PARTO

Mecanismo do parto: movimentos passivos corporais


fetais, com o objetivo de colocar os menores diâmetros
do feto com os menores diâmetros da pelve.
PONTOS DE REFERÊNCIA É uma análise do parto sob o ponto de vista mecânico.

Embora os movimentos desse mecanismo sejam


contínuos e entrelaçados, para facilitar sua descrição,
costuma-se dividi-los em vários tempos, com análise
minuciosa de cada fase, são eles: insinuação, descida e
desprendimento.

INSINUAÇÃO

A insinuação (ou encaixamento) é a passagem do maior


diâmetro transverso pela apresentação fetal pelos
limites do estreito superior da bacia.

• Cefálicas: diâmetro biparietal;


LAILA QUEIROGA – P4A 32

• Pélvicas: bitrocantérico.

Avaliação pela TV: vértice da apresentação atinge o


plano das espinhas ciáticas.

Tempo acessório: flexão (fletida) e deflexão (face).


Completando a insinuação, a cabeça migra até as
Mais comum: se insinuar no diâmetro transverso da proximidades do assoalho pélvico, de modo que a
bacia, posições esquerdas; circunferência máxima se encontra na altura do
Nas presentações córmicas, a insinuação não ocrre estreito médio da bacia.
com o feto de tamanho normal, em decorrência da A descida, na realidade, ocorre desde o início do trabalho
grande dimensão dos diâmetros, impossibilitando o parto de parto e só termina com a expulsão total do feto.
por via vaginal. Durante esse mecanismo do parto, o movimento da
cabeça é turbinal: à medida que o polo cefálico roda, vai
FLEXÃO LATERAL DA CABEÇA: progredindo no seu trajeto descendente.
ASSINCITILISMO
DESCIDA E ROTAÇÃO INTERNA
• Ponto de referência: ombro;
Ao forçar a distensão do assoalho pélvico, a cabeça
• Assinclitismo anterior (Nagelle): sutura sagital
se aproxima do sacro; fetal desliza nas paredes laterais (planos inclinados) e
• Assinclitismo posterior (Litzmann): sutura roda para acomodar seus maiores diâmetros aos mais
sagital se aproxima do pube; amplos da fenda vulvar.
• Transitório – fisiológico.

DESCIDA OU PROGRESSÃO
O feto irá realizar movimento de rotação pelo caminho
Passagem da apresentação fetal do estreito superior
mais curto:
para o estreito inferior da pelve.
• 45º nas anteriores (occipitoesquerda anterior
Tempo acessório: rotação interna da apresentação
e occipitodireita anterior);
fetal – sutura sagital se orienta no sentido ântero-
• 90º nas transversas (occipitoesquerda
posterior na saída do canal. transversa e occipitodireita transversa);
Penetração das espáduas no estreito superior. • 135º nas posteriores (occipitoesquerda
posterior e occipitodireita posterior).
LAILA QUEIROGA – P4A 33

Terminado o movimento de rotação, o suboccipital


coloca-se sob a arcada púbica; a sutura sagital orienta-
se em sentido anteroposterior.

Dada a curvatura inferior do canal do parto, o


desprendimento ocorre por movimento de deflexão. A
nuca do feto apoia-se na arcada púbica; e a cabeça
oscila em torno desse ponto. Com o movimento de
deflexão, estando o suboccipital colocado sob a arcada
púbica, liberta-se o diâmetro suboccipitobregmático,
seguido pelo suboccipitofrontal, suboccipitonasal e assim
por diante, até o completo desprendimento.

ROTAÇÃO EXTERNA E DESPRENDIMENTO DO


DESCIDA OVÓIDE CÓRMICO

Prática clínica: esquema de De Lee. Fora da genitália, a cabeça volta o occipital para onde
se encontrava no momento da insinuação.
Planos ditos em centímetros a partir das espinhas
isquiáticas: Alinhamento das espáduas (biacromial) no sentido
ântero-posterior para o desprendimento.
• Alto e Móvel: > -3 cm;
• Ajustada ou fixada: -3, -2 ou -1 cm; Desde sua passagem pelo estreito superior da bacia, as
• Insinuada: 0 cm; espáduas estão com o biacromial orientado no sentido
• Fortemente insinuada: +1, +2 ou +3 cm; do oblíquo direito ou do transverso da bacia. Ao
• Baixa: +4 ou +5 cm (já aflorando na vulva)
chegarem ao assoalho pélvico, e por motivos idênticos
DESPRENDIMENTO FETAL aos que causaram a rotação interna da cabeça, as
espáduas também sofrem movimento de rotação, até
Retropulsão: coccígea; orientarem o biacromial na direção anteroposterior da
saída do canal. O ombro anterior coloca-se sobre a
Hipomócilo: deslizamento da cabeça em forma de arco
arcada púbica; o posterior, em relação com o assoalho
em torno da sínfise púbica;
pélvico, impelindo para trás o cóccix materno.
Tempo acessório: deflexão (cefálicas fletidas) ou flexão
(face)
LAILA QUEIROGA – P4A 34

• Linha de orientação: interglútea;


• Desprendimento em SDT ou SET.

CONSIDERAÇÕES

• Pólo pélvico geralmente mantém-se alto até


que o trabalho de parto esteja bastante
avançado;
• Pélvico completo: mais difícil insinuação, porém
mais favorável ao desprendimento do pólo
cefálico;
• Maior diâmetro: bitrocantérico;
• Ponto de referência: sacro;
LAILA QUEIROGA – P4A 35

Diabetes Gestacional
Diabetes Mellitus (DM) representa um conjunto A insulina é a “chave” que abre a célula para a
de distúrbios metabólicos caracterizados por entrada de glicose, que mais tarde será
hiperglicemia consequente a deficiência transformada em energia útil.
insulínica. Essa deficiência pode ser decorrente
da produção pancreática reduzida, de Valores glicêmicos
inadequada liberação e/ou da resistência
periférica ao hormônio. LEMBRAR:

Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) é definida Glicemia de jejum ≥ 126mg/dl


como algum grau de intolerância a glicose que
foi primeiramente reconhecida durante a Glicemia a qualquer tempo ≥ 200mg/dl
gravidez.
Na diabetes gestacional, a grávida se encontra
Classificação Etiológica com glicemia em 92-125mg/dl. Entretanto, o
normal da glicemia em grávidas é < 92mg/dl,
TIPO 1: pois na gestação se espera que a glicemia caia.

• Destruição das células β; TOTG 75mg – 24 a 28 SEMANAS:


• Deficiência absoluta de insulina;
• Imune e idiopático.

TIPO 2:

• Resistência à insulina ou deficiência


relativa da insulina;

OUTROS TIPOS ESPECÍFICOS:

• Induzida por drogas e produtos químicos;


• Após retirada do pâncreas, raridades A incidência de diabetes gestacional no Brasil
genéticas; cursa em torno de 25% das gestações!
• Gestacional.
Fisiopatologia
ALTERAÇÕES HORMONAIS:

• Hormônio lactogênio placentário (hPL) é


sintetizado em teores crescentes com a
evolução da gestação. Exerce forte
antagonismo à ação da insulina.

OBS: Lembrar que ele age muito mais a partir da


20ª semana da gravidez.

• O glucagon, cortisol e prolactina são


hormônios também sintetizados pela
gestante, em quantidades ascendentes,
que apresentam importante ação
hiperglicemiante.
LAILA QUEIROGA – P4A 36

O aumento mais considerável na produção • Em termos laboratoriais, pode ser


placentária destes hormônios (especialmente o detectada glicosúria, cetonuria e níveis
lactogênio placentária) acontece após a 20ª normais de glicemia;
semana de gestação, bloqueando a ação da • Hormônios dominantes: Estrogênio,
insulina. Estes hormônios dificultam a captação e Progesterona e BHCG.
a utilização celular da glicose promovida pela
SEGUNDO TRIMESTRE:
insulina. Isto é denominado RESISTÊNCIA À
INSULINA. • Rápida elevação da necessidade de
insulina com tendencia à cetose e à
Este efeito é o mais intenso a partir do 2º trimestre cetoacidose.
da gestação, quando o feto adquire um forte
ritmo de crescimento, aumentando a demanda TERCEIRO TRIMESTRE:
de proteínas, carboidratos e elementos minerais
para sua utilização. • Aumento nas necessidades de insulina e
maior prevalência de cetose e
O aumento da resistência à insulina gera um cetoacidose;
aumento da produção de insulina nas gestantes • Próximo ao termo, tende a estabilizar a
saudáveis. Esse mecanismo pode não ser diabetes e algumas vezes ocorrer
hipoglicemia.
observado em gestantes que já estejam na sua
capacidade de produção de insulina no limite.
Essas mulheres tem insuficiente aumento de
produção de insulina e, assim, podem
desenvolver diabetes durante a gestação.

ALTERAÇÕES METABÓLICAS:

• Resistência à ação periférica da insulina


→ devido aos hormônios citados;
• Catabolismo acentuado → semelhante
ao que ocorre no jejum;
• O feto precisa de glicose e aminoácidos
para crescer, podendo ocorrer assim
uma hipoglicemia, logo vai ocorrer maior
mobilização de lipídeos (aumenta a
cetogênese), maior e mais rápido
declínio na concentração plasmática de
glicose e aminoácidos e aumento da
Em resumo: A transferência para o feto de
gliconeogênese hepática;
glicose e de aminoácidos, que participam da
• Anabolismo facilitado (antes da 27ª
gliconeogênse, tende a reduzir a glicemia no
semana) → mais conversão de glicose
jejum e acentuar a utilização dos ácidos graxos
em triglicerídeo (para usar depois);
• Queda do glucagon plasmático. e a cetogênese. Com a progressão da gravidez,
ocorre o aumento dos hormônios (hPl,
Comportamento da diabetes na gestação progesterona, estrógeno) que antagonizam a
ação da insulina, o que culmina com a
PRIMEIRO TRIMESTRE: resistência insulínica e com a hiperglicemia pós-
prandial.
• Tendência ao desenvolvimento de
hipoglicemia, com diminuição na Hiperglicemia Materna
necessidade de insulina;
• Os níveis glicêmicos durante o jejum são
Glicose para o feto → hiperglicêmico → estímulo
15-20mg/dL mais baixos do que em não
ao pâncreas fetal para produção de insulina →
gestantes;
hipertrofia e hiperplasia das células β
pancreáticas → hiperinsulinismo fetal → síntese
LAILA QUEIROGA – P4A 37

aumentada de glicogênio, PTN, lipídeos → fetos MAIOR INCIDÊNCIA DE OBESIDADE NA INFÂNCIA;


macrossômicos.
A patogênese do diabetes gestacional ainda
Fisiopatologia: não foi claramente delineada, porém é fato que
a gestação está associada a um certo grau de
• Efeito sobre o feto; resistência insulínica, sobrepreso e obesidade.
• Hiperglicemia materna → cruza a
placenta → hiperglicemia fetal →
anabolismo fetal → macrossomia. Fatores de Risco
• Idade acima de 25 anos;
Influência do Diabetes sobre a Gestação • Obesidade ou ganho excessivo de peso
na gravidez atual;
MACROSSOMIA: • Deposição de gordura no tronco;
• História familiar de diabetes em parente
• Com o aumento da disponibilidade de
de 1º grau;
glicose no sangue materno (devido a
• Baixa estatura (1,50cm);
resistência à insulina), essa glicose vai
• Crescimento fetal excessivo, hipertensão;
para o feto, estimulando a produção de
• Antecedentes obstétricos de morte fetal
insulina pelas células β do pâncreas,
ou neonatal, de macrossomia (peso
dessa forma aumentando a entrada de
excessivo do bebê) ou diabetes
glicose das células favorecendo o
gestacional;
crescimento fetal (lembrar que a insulina
• Presença de glicose na urina.
é um hormônio anabólico), isso é ruim
pois ao nascer a chance de entrar em
hipoglicemia e morrer é alta; Diagnóstico
• Peso fetal > 4000g.
O diagnóstico é baseado em: anamnese, exame
PARTO CESARIANO: físico e exames laboratoriais.

• Em função do tamanho da criança. ANAMNESE:

MORTE FETAL INTRA-ÚTERO; • Polaciúria;


• Polidipsia;
ITU: • Polifagia;
• Perda ou ganho agudo de peso;
• Provavelmente devido a glicosúria • Cansaço;
apresentada; (pode levar a morte fetal • Fraqueza e desanimo
intraútero).
OBS: Lembrar que a diabetes é famosa pelos 4
POLIDRÂMNIO: P’s: polifagia, polidipsia, polaciúria e perda de
peso (ou até ganho de peso) agudo).
• Alteração no volume de LA →
polidramnia acomete 25% das grávidas OBS: A questão do desânimo, fraqueza e
diabéticas (devido ao aumento da cansaço é justamente devido a pouca entrada
diurese fetal, secundária a de glicose nas células do sistema nervoso e nos
hiperglicemia). músculos.

PREMATURIDADE (PARTO PREMATURO): LABORATORIAL:

• A maior incidência de partos prematuros Na primeira consulta de pré-natal a glicemia de


nas grávidas diabéticas decorre da jejum é um exame obrigatório:
hiperdistensão uterina da polidramnia, da • Se der < ou igual a 95 + não ter fatores de
insuficiência placentária, de alterações risco → sem diabetes mellitus prévio;
metabólicas motivadas pela • Se der > 95, ela pode ter diabetes mellitus
instabilidade no controle da doença e pré-gestacional, faz o teste oral de
por indução de nascimento pré-termo em tolerância a glicose (TOTG):
beneficio materno e ou fetal.
LAILA QUEIROGA – P4A 38

- Avaliação de 2 horas, se der valor > 140,


confirma DM → faz um pré-natal de alto risco.
Caso dê valor < 140, é negativo.

- Repete glicemia de jejum na 20ª semana


(diabetes gestacional ocorre mais ou menos
nessa IG). Deve associar com presença de 2
ou mais fatores de risco:

Deve ser feita a confirmação com o TOTG: 0 – 30


– 60 – 90 – 120 minutos com dextrose 75g.

Tratamento
• Unicamente de controle dietético;
• Glicemia de jejum > 95mg/dl ou 1H pós-
prandial > 140mg/dl ou 2h pós-prandial >
120 mg/dl → Insulinoterapia;
• Caso não consiga controle da glicemia
na dieta, devo associar a administração
de insulina de ação lenta: 0,3 – 0,5 UI por
kg/dia, 2x ao dia.
• Uso de hiperglicemiantes orais está
formalmente contraindicado na
gravidez;
• Associar atividades físicas para a
gestante, de acordo com suas limitações:
caminhada rápida e regular;
• A conduta obstétrica deve seguir o
protocolo de uma gestação de alto risco;
• A via de parto é uma decisão obstétrica.
• Na dieta, a glicemia deve ser reavaliada
a cada 15 dias, caso a glicemia não
esteja baixando, deve administrar
insulina.
LAILA QUEIROGA – P4A 39

Gestação Gemelar
Presença simultânea de dois ou mais fetos, • 69% dizigóticos 31% monozigóticos;
dentro ou fora do útero. • Técnicas de reprodução assistida →
Dizigóticos;
• Idade materna;
Incidência • Paridade;
• História familiar.
• Aumenta com o aumento da idade
materna;
• Reprodução assistida; Âmnio e Córion
• Hiperestimulação ovariana;
• FIV; • 2 oócitos + 2 sptz → Dizigóticos,
• Mulheres jovens de 20 anos – 16:1.000 diamnióticos, dicorônicos e com
nascidos vivos; genomas diferentes
• Mulheres de 40 anos – 70:1.000 nascidos - Sexo discordantes (35%);
vidos (ACOG); - Sexo concordantes (45%).
• 1 oócito + 1 sptz → Monozigóticos, com
variável corionicidade e amniocidade,
Complicações com genomas iguais;
• Momento da divisão.
• Parto prematuro;
• Morbidade e mortalidade fetal (5 vezes)
e neonatal (7 vezes);
• Hiperemese;
• Diabetes;
• Síndromes hipertensivas;
• Hemorragia;
• Cesariana;
• Depressão pós-parto;
• Dispneia;
• Edema supra-púbico e dos MMII;
• Varizes em pernas e vulva;
• Estrias gravídicas;
• Abortamento;
• Polidrâmnio; Diagnóstico
• Recém-nascidos de baixo peso;
• CIUR; • CLÍNICO: Aumento do volume abdominal
• Anomalias congênitas; maior da idade gestacional esperada;
• Doença tromboembólica; • USG.
• Placenta prévia;
• Amniorrexe. Na USG, existem algumas aplicações clínicas:

• Determinação da corionicidade –
Classificação número de placentas;
• Confirmar IG;
• Quantidade de fetos → Dupla, tripla, • Diagnóstico de anomalias e
quadrupla; complicações;
• Quantidade de ovos fertilizados → Zigotia; • Exame do colo;
• Quantidade de placentas → Corionia; • Avaliação do crescimento fetal;
• Quantidade de cavidades amniótica → • Avaliação do líquido amniótico;
Aminionia • Localização da placenta;
• Posição do feto.
Incidência e Epidemiologia
Antes de 10 semanas:
LAILA QUEIROGA – P4A 40

➔ Número de saco gestacionais; • Ausência de membrana divisora em 2


➔ 2 sacos → gravidez DC; exames com diferença pelo menos 12
➔ 1 saco com 2 batimentos → MC. horas.

Após 10 semanas: Particularidades:

➔ Os sinais sonográficos desaparecem; • 1 a cada 10.000 nascimentos;


➔ Membrana intergemelar presente; • 5% das gestações monozigóticas;
➔ Novos sinais sonográficos: Genitália fetal, • Anastomoses entre cordões na maioria
número de placentas, sinal de Lambda das vezes presentes;
ou Twin Peak, Características do septo • Risco de transfusão feto-fetal;
intergemelar; • Pseudomonoamnióticos: rutura das
➔ Discordância sexual – dicorionicidade, membranas em diamnióticos,
concordância não afasta!; espontânea ou pós-amniocentese;
➔ Número de placentas – 2 placentas • Mortalidade perinatal → 20%;
separadas → Maior dicorionicidade; • Cresce com o progredir da gestação: 6%
➔ 1 placenta → Duas fusionadas. entre 30 e 32 semanas/11% entre 33 e 35
semanas/ 22% entre 36 e 38 semanas;
• Baixo peso ao nascer → prematuridade,
cord entanglement, discordância de
pesos;
• Anomalias congênitas;
• A avaliação anteparto deve ser mais
rigorosa nas MC;
• USG → 2/2 semanas após 16ª semanas;
• Avaliar STT e o crescimento discordante.

Gemelaridade Imperfeita
Avaliação do Crescimento Fetal
• Principal modalidade → gêmeos
• 1º e 2º trimestre → Iguais a uma gestação acolados;
única; • 70% → toracópagos;
• 30 semanas → Discordância de • 30% → onfalópagos – pigópacos
crescimento: Diferença > 20 mm na CA (nádegas) – cefalópagos;
ou diferença > 20% no peso estimado; • Diagnóstico → USG;
• Comparar com as curvas de gravidez • Avaliar possibilidade de separação pós-
única. natal;
• Restrição do crescimento e • Parto → cesárea clássica.
prematuridade → Mortalidade perinatal.
• 25% das gestações gemelares;
• Menor taxa de crescimento fetal no 3º
Síndrome de Transfusão gêmelo-
trimestre → padrões de placentação e gemelar
aumento da massa fetal;
• Discordância entre pesos → Maior morbi- • Complicação grave em 10% das GMCDA
mortalidade; e 5% das GMCMA;
• CIUR discordante → compartilhamento • Transfusão de sangue do feto doador
placentário desigual. para o receptor por anastomoses
vasculares;
Monocoriônicas e monoamnióticas • Doador → hipovolemia-oligúria – CIUR;
• Receptor → Poliúria – polihidramnia –
• Placenta única, sexos iguais; hidropsia;
• Inserções de cordão proximais; • Diagnóstico: discordância do LA: Bolsão
• Entrelaçamento e proximidade dos do receptor > 8 cm/doador < 2 cm.
cordões;
• Volume aminiótico semelhante para os Tratamento:
dois fetos;
LAILA QUEIROGA – P4A 41

• Amniocentese;
• Laser – coagulação;
• Feticídeo.

Parto Gemelar
• Cefálico – cefálico → parto normal;
• Feto 1 – cefálico com feto 2 não cefálico:
pesos concordantes → PN;
• Feto 2 = 25% > que o feto 1 → Cesareana;
• Feto 1 não cefálico → Cesareana.
LAILA QUEIROGA – P4A 42

Isoimunização Rh
Conceitos Fisiopatologia
Quando uma gestante Rh-negativo é exposta a • Contato sanguíneo;
sangue com células Rh-positivo, frequentemente • Sensibilização IgM (Não atravessa a
por causa de hemorragia feto-materna, ela barreira placentária);
desenvolve anticorpos anti-D que atravessam a • Resposta secundária a definitiva: IgG
placenta, resultando na destruição dos (Atravessa a barreira placentária);
eritrócitos fetais, situação que é denominada • Hemólise e anemia fetal:
doença hemolítica perinatal. - Aumento na eritroblastose fetal:
hepatoesplenomegalia;
A doença hemolítica perinatal ocorre pela - Diminuição da pressão oncótica e
passagem de hemácias pelo feto Rh positivo ascite;
para a circulação materna. A mãe Rh negativo - Insuficiência cardíaca, derrame pleural
pode desencadear a reposta imunológica e pericárdio;
levando à produção de anticorpos anti-Rh - Hidropsia e óbito.
positivo.
Anemia Fetal
Anemia fetal baseada em múltiplos da mediana
em relação a hemoglobina.

Associação com anemia severa e hidropsia:

• Hb menor que 5 mg/dl → Anemia grave;


• Hb médio- 7 mg/dl.
• Imunoglobulina → Queda da incidência
(1960); Sistema ABO
• Em países em desenvolvimento, com
precariedade de assistência pré-natal e • 30% das gestações;
abortamentos ilegais, a incidência • A hemólise decorrente dessa forma de
permanece elevada; incompatibilidade é rara (menor do que
• 5 a 6 mulheres a cada 1.000 gestações. 2%) e, quando ocorre, é leve, nunca
causando anemia fetal grave;
É causada pela exposição materna a antígenos • Isso se deve à capacidade da placenta
eritrocitários não compatíveis (transfusão ou de retirar a bilirrubina sérica fetal,
hemorragia feto-materna). transportando-a para mãe.

A passagem de hemácias fetais pode ocorrer


em qualquer etapa da gestação.
Sistema Rhesus
75% de todas as gestantes apresenta hemorragia • Consiste em 48 tipos de antígenos;
feto-materna durante a gravidez e parto. • Anti-D, anti-c e anti-K estão relacionados
a anemia fetal severa;
O volume de hemorragia feto-materna • Antígenos ausentes nas hemácias fetais: I,
necessária para provocar resposta é inferior a P, Lea, Leb: Presença de anticorpos
0,1%. contra esses antígenos não confere risco.
LAILA QUEIROGA – P4A 43

Diagnóstico
• Reconhecimento de casal com
incompatibilidade sanguínea;
• História clínica de abortamentos e partos
prévios em mulher fator Rh negativo;
• Transfusão sanguínea em situações de Acompanhamento dos Títulos de
emergência;
• Detecção de anticorpos anti-D na Coombs Indireto
circulação materna (pesquisa de
coombs indireto). • Coombs indireto;
• Se estável → A cada 4
semanas;
Gestante Rh Negativo Não Sensibilizada • Se crescente → A
cada 2 semanas;
• Pesquisa de Coombs indireto na 1ª
• Mesmo laboratório;
consulta de pré-natal e a cada 4
• Estável → variável
semanas (enquanto negativo);
aceitável de 1 título.
• Profilaxia com imunoglobulina (300 mcg
• Título crítico → aquele associado a
anti-Rh IM):
alto risco de anemia severa e
- 28 semanas;
hidropsia (> 1/16);
- Sangramentos de primeira metade;
• Indica investigação adicional de
- Sangramentos de segunda metade;
anemia fetal;
- Óbito fetal;
• É um teste de screening, não
- Após procedimentos invasivos;
diagnóstico de anemia fetal.
- Trauma;
- Versão cefálica externa;
- Após o parto (se TS RN Rh +).

Gestante Rh Negativo Sensibilizada


• Reconhecimento de casal com
incompatibilidade sanguínea;
• Reconhecimento de gestante Rh
negativo sensibilizada → Coombs indireto
positivo;
• Acompanhada de títulos de Combs
indireto;
• Acompanhamento ultrassonográfico;
• Procedimentos invasivos. Acompanhamento ultrassonográfico

• PVS na ACM aumenta com queda do Hb;


LAILA QUEIROGA – P4A 44

• PSV > 1,5 MoMs é considerado


Quando Interromper a Gestação?
aumentando e o feto está em risco para
anemia fetal grave;
• DHPN não indica cesárea;
• Deve ser avaliada a cada 1-2 semanas se
• Não há evidência consistente na
o Coombs indireto apresenta títulos
literatura do melhor momento de
crescentes;
interromper a gestação;
• A partir de 18 – 20s – 32s → A cada 2
• As definições são baseadas em opinião
semanas;
de especialistas.
• A partir de 32 semanas → Semanal.

Procedimentos Invasivos
• Amniocentese para avaliação do nível
de bilirrubina (Liley) → desuso;
• Cordocentese:
- Sinais ultrassonográficos de anemia;
- PSV ACM > 1,5 MoMs;
- Ter sangue pronto para transfusão, mas
só realizar de HB < 2DP para média ou Hto
< 30%;
- Risco de perda fetal de 1-2%;
- Se indicada transfusão, existem
diferentes fórmulas para cálculo de
quantidade a ser transfundida;
- Objetivo: deixar o Hto de 40-50% e Hb 14-
18;
- Para programar próximas transfusões,
considerar queda do Hto de 1%/dia.

Presença de Múltiplos Anticorpos


• Não há diretrizes específicos;
• Geralmente são seguidas como descrito
anteriormente;
• A presença de outros anticorpos de
células vermelhas (especialmente anti-C)
com anticorpo anti-D parece estar
associada a uma resposta imune
materna mais agressiva;
• Realizar observação próxima.
LAILA QUEIROGA – P4A 45

Deslocamento Prévio de Placenta


É a separação parcial ou completa da placenta, • Drogas (álcool, crack e cocaína);
normalmente implantada, antes da expulsão do • Trauma (automobilístico, brevidade do
concepto e após a 20ª semana da gestação. cordão, versão externa, torção do útero
gravídico, retração uterina intensa);
SINONÍMIA: • Trombofilias.

• Hemorragia acidental;
• Hemorragia retroplacentária;
Classificação de Sher
• Abruptio placentae;
• GRAU I (LEVE) → Assintomático –
• Eclâmpsia hemorrágica;
confirmado pelo anatomopatológico;
• Apoplexia uteroplacentária;
• GRAU II (INTERMEDIÁRIO) → Sintomas
• Apoplexia placentogenital;
clássicos, hipertonia uterina e
• Deslocamento prematuro da placenta
sangramento – feto ainda vivo;
normalmente inserida;
• GRAU III (GRAVE) → Presença de óbito
• Eclâmpsia hemorrágica.
fetal:
- IIIA: Sem coagulopatia;
Incidência - IIIB: Com coagulopatia.

• No Brasil → Ocorre entre 0,5 a 1% de todas


as gestações;
• 30% de todas as hemorragias do 3º
trimestre gestacional.

Etiopatogenia
• Multiparidade;
• Idade materna;
• Causas mecânicas;
• Tabagismo;
• Hipertensão. Quadro Clínico
Fatores de Risco • Dor abdominal (de leve desconforto até
dor intensa);
• Síndromes hipertensivas (principal fator • Aumento do tônus uterino (de
de risco, responsável por 50% dos DPPs taquissistolia a hipertonia);
não traumáticos); • Sangramento vaginal.
• Rotura prematura de membranas
ovulares (amniorrexe); Lembrar!!
• Corioamnionite (processo infeccioso do
→ Possibilidade de sangramento oculto!
córion e do âmnio);
→ Ocorre instabilidade hemodinâmica, sem
• Cesariana prévia;
sangramento exteriorizado!
• Tabagismo;
• Condições que causem sobredistensão
DOR ABDOMINAL ABRUPTA:
uterina (polidrâmnio, gestação múltipla,
miomatose uterina); • Hipertonia uterina, vindo a partir de um
• Idade materna avançada; processo de isquemia → dor.
• Amniocentese e cordocentese; - Mecanismo reflexo;
• DPP em gestação anterior;
LAILA QUEIROGA – P4A 46

- Sangramento – tromboplastina pelas • Sangramento desloca ou rompe as


células deciduais → Trombina. membranas e se exterioriza (80% dos
• Hipoxia tecidual – fator de crescimento casos).
tecidual → Trombina;
• Trombina – poder uterotônico → Exame Físico
contração → lesão tecidual.
• Sinais vitais → condição hemodinâmica;
Tônus uterino aumentado → colapso venoso → • Alterações da PA;
aumento da pressão venosa → estase sanguínea • Taquicardia materna;
→ ruptura dos vasos uteroplacentários → • Choque se instala após perda de 30% da
aumento da área de deslocamento placentário. volemia.

• Hemoâmnio (sangramento dentro da


EXAME OBSTÉTRICO:
cavidade amniótica);
• Coagulopatia; • Avaliar hipertonia uterina;
• Sofrimento fetal; • Ausculta dos BCFs;
• Presença de hipertensão: muito • Palpação uterina importante →
prevalente em pacientes com DPP; propedêutica valiosa;
• Sangramento pode ser: • O colo imaturo, longo e pouca dilatação;
- Hemorragia oculta; • Pode evoluir rápido, parto em alude →
- Hemorragia externa. feto, placenta e páreas expelidos juntos!

OBS: Hipertonia uterina! PÓS-PARTO:

• Hemorragias incoersíveis;
• Atonia uterina + coagulopatias;
• Gravidade evolutiva.

Sinais de Choque
• Hipotensão;
• Aumento da frequência cardíaca;
HEMORRAGIA OCULTA: • Confusão;
• Hipertonia uterina – contrações tetânicas;
• Sangramento retro-placentário com
• Comprometimento da vitalidade fetal.
bordas placentárias íntegras;
• Deslocamento placentário total com
membranas íntegras; Diagnóstico
• Hemoâmnio;
• Infiltração do miométrio (útero de O diagnóstico de DPP é eminentemente clínico.
Couvelaire), atingindo trompas,
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL:
ligamento largo, ovários.
Tem como objetivo rastrear as complicações de
ÚTERO DE COUVELAIRE – ACHADO
DPP:
INTRAOPERATÓRIO:
• Anemia grave;
• Dissociação e necrose isquêmica das
• Choque;
fibras uterinas, devido à infiltração
• Discrasia sanguínea.
sanguínea;
• Alterações sobre a contratilidade e
São feitos os seguintes exames laboratoriais:
hemostasia.
• Hemograma com contagem de
HEMORRAGIA EXTERNA: plaquetas;
• Classificação sanguínea;
LAILA QUEIROGA – P4A 47

• Coagulograma; TRATAMENTO CLÍNICO:


• Dosagem de fibrinogênio;
• Perfil toxêmico → nos casos de O propósito inicial do tratamento é promover
hipertensão e anúria. uma reposição volêmica, de tal sorte que se
mantenha uma perfusão tecidual adequada
TESTE DE WEINER OU TESTE DO COÁGULO: para evitar o choque.

• Coleta-se aproximadamente 10 ml de REPOSIÇÃO VOLÊMICA:


sangue em tubo de ensaio seco, mantido
em temperatura ambiente; • Cristaloides;
• Após 7 a 10 minutos, deverá ser • Sangue total.
observada a formação de um coágulo
rígido, caso contrário a coagulopatia TRATAMENTO DOS DISTÚRBIOS DA COAGULAÇÃO:
está instalada.
• Sangue total;
• Concentrado de hemácias;
Leitura do Teste de Weiner ou teste do coágulo:
• Plasma fresco congelado;
• COÁGULO FIRME – SEM LISE → fibrinogênio • Concentrado de plaquetas;
> 150 mg/100 ml; • Crioprecitado;
• COÁGULO FIRME – COM LISE EM 1H → • Evitar complicações!
fibrinogênio = 100-150mg/100ml;
• COÁGULO FROUXO – LISE TOTAL EM 1H → TRATAMENTO NA EMERGÊNCIA:
fibrinogênio = 60-100mg/100ml;
• Pedir ajuda;
• COÁGULO AUSENTE → fibrinogênio <
• Venóclise;
60mg/100ml.
• Oxigenioterapia.

DIAGNÓSTICO POR IMAGEM:


Complicações
• USG – exame mais útil → Avalia o feto;
• RNM; MATERNAS:

Avaliam o volume do hematoma: • Choque hemorrágico;


• CIVD;
• Diagnóstico diferencial com PP; • Útero de Couvelaire;
• Óbito fetal X vitalidade materna. • Necrose renal tubular e cortical.

OBS: DIAGNÓSTICO ULTRASONOGRÁFICO: FETAIS:

• Identifica o coágulo em 25% dos casos; • Prematuridade;


• Quando identifica: depende da • Anemia;
extensão e localização do coágulo; • Sofrimento fetal;
• Fase aguda: imagem hiper/isoecólico; • Óbito fetal.
• Fase crônica: hematoma hipoecólico;
• Importância da USG: DPP x PP.

Conduta
OBJETIVOS:

• Parturição rápida;
• Transfusão sanguínea adequada;
• Analgesia adequada;
• Monitorização da condição materna;
• Avaliação da condição fetal.
LAILA QUEIROGA – P4A 48

Prognóstico
MORTALIDADE MATERNA – 0,5 A 1%:

• Choque hemorrágico;
• Falência cardíaca;
• Falência renal.

MATERNIDADE FETAL – 50 A 90%:

• Prematuridade – 40 a 50%

RESUMO DA CONDUTA:

• Avaliar condições hemodinâmicas;


• Venóclise;
• Cateterismo vesical;
• Laboratório;
• Teste de Weiner;
• Reposição da volemia;
• Controle da coagulopatia;
• Conduta obstétrica – estado geral – IC –
vitalidade fetal;
• Parto imediato.

HEMOCOMPONENTES:

• CONCENTRADOS DE HEMÁCIAS – 300ml =


+1 unidade na hemoglobina e 3-4%
hematócrito;
• PLASMA FRESCO: Todos os fatores de
coagulação – 300ml – 1U para cada de
concentração de hemácias;
• CONCENTRAÇÃO DE PLAQUETAS – 50ml →
eleva as plaquetas cerca de 10.000mm3;
• Crioprecipitados – 15ml – 10U eleva o
fibrinogênio em 70mg/dl.
LAILA QUEIROGA – P4A 49

Placenta Prévia
Em condições normais, o ovo se implanta no
corpo uterino. Quando a implantação ocorre
fora do corpo, chama-se implantação
heterotópica.

A placenta prévia é uma implantação


heterotópica, em que a placenta se implanta no
segmento inferior do útero, ocluindo total ou
parcialmente o orifício interno do colo do útero.

É a presença de tecido placentário que se


encontra próximo ou se estende ao longo do Fatores de Risco
orifício cervical interno, após 28 semanas de
gestação. • Multiparidade;
• Idade materna avançada;
• Cicatrizes uterinas prévias (cesárias);
Classificação • Aborto provocado:
- DIPA = endometrite.
PLACENTA PRÉVIA: • Tabagismo.

A placenta recobre total ou parcialmente o A placenta prévia está relacionada com


orifício interno do colo uterino (anteriormente alterações atróficas e inflamatórias do
denominada placenta prévia centrototal ou endométrio, acompanhada de vascularização
centroparcial). defeituosa.

PLACENTA DE INSERÇÃO BAIXA: • Terreno inóspito;


• Placenta migra para áreas sadias do
A borda placentária insere-se no segmento endométrio.
inferior do útero, não chega a atingir o orifício
interno e localiza-se em um raio de 2cm de Quadro Clínico
distância desta estrutura anatômica
(anteriormente denominada placenta prévia • Sangramento vermelho vivo, rutilantes,
marginal). sem queixas dolorosas acompanhadas;
• Não causa grande repercussão
• Placenta prévia total; hemodinâmica e cessa
• Placenta prévia parcial; espontaneamente;
• Placenta prévia marginal. • Inicia-se ao final do 2º trimestre e ao longo
do 3º, devido ao estiramento das fibras
miometriais;
• Não há distúrbio de coagulação, nem
sangue retido.

Exame Físico
• Tônus uterino normal (ausência de dor);
• Sangramento na 2ª metade da gestação
+ exame especular;
• Toque vaginal é contraindicado;
LAILA QUEIROGA – P4A 50

• USG transvaginal → confirma o • Tratamento ambulatorial pode ser


diagnóstico de forma precisa e segura; realizado em pacientes que não
não causa sangramento; apresentam sangramento em mais de
• Atentar para fenômenos da migração 48h e ausência de outras complicações
placentária no 1º ao 2º trimestre que e, se conseguirem chegar ao hospital em
podem confundir o diagnóstico. A menos de 20 minutos, manter repouso em
migração placentária é a expansão do casa, abstinência sexual, entender os
segmento inferior, nos 2º e 3º trimestre, riscos do acompanhamento ambulatorial
elevando a implantação; e ter um acompanhante 24 horas.
• USG transabdominal → entre a 20ª a 24ª
semanas. GESTAÇÃO A TERMO:

Depende das condições maternas, localizadas


Tratamento
da placenta e vitalidade do feto.

As pacientes com placenta prévia devem ser • Placenta total: cesariana;


acompanhadas em regime de internação • Placenta marginal ou feto morto ou com
hospitalar, regime domiciliar mediante equilíbrio anomalias incompatíveis com a vida:
hemodinâmico e controle rigoroso de visitas ao parto transpélvico a depender das
pré-natal. condições maternas;
• Realizar amniotomia e preparar CC.
GESTAÇÃO PRÉ-TERMO (EXPECTANTE):
TRATAMENTO ATIVO → PARTO
• Avaliar a série vermelha do sangue e
maturidade do concepto; Está indicado a interrupção imediata por cesária
• Administrar corticoides para acelerar a se:
maturidade fetal devido ao risco de
parto prematuro; • Sangramento materno incontrolável
• Tocólise: inibem as contrações uterinas (alteração hemodinâmico);
(bloqueadores dos canais de cálcio). • Vitalidade fetal alterada;
• Idade gestacional acima de 37 semanas.
O tratamento conservador está indicado
quando o sangramento materno não for intenso OBS: Parto vaginal é indicado quando:
(ausência de alteração hemodinâmica) em
• Fetos mortos;
gestações com fetos pré-termo:
• Instabilidade materna;
• Solicitar reserva de sangue, repouso no • Placentas de inserção baixa/marginal
leito, nifedipina s/n, corticoide; (mais que 20 mm de orifício cervical
• Tocólise é contraindicado nos casos de interno).
sangramento profuso com repercussão
hemodinâmico importante.

TRATAMENTO DA ANEMIA:

• Hemotransfusão nos casos de


hemoglobina abaixo de 7,0 ou se há
sinais de descompensação
hemodinâmica;
• Solicitar classificação sanguínea e fator
Rh → as pacientes Rh negativas não
sensibilizadas devem receber
imunoglobulina anti-Rh quando houver
sangramento.

OBS: Sempre avaliar necessidade de


manutenção do internamento:
LAILA QUEIROGA – P4A 51

Abortamento

Abortamento é a expulsão/remoção precoce • FERTILIZAÇÃO POR GAMETAS ANORMAIS:


do feto, resultando em sua morte. Segundo a Óvulo e/ou gametas anormais, ocorre
OMS, é a expulsão do concepto que pesa ≤ fecundação entre gametas anormais e
500g, de 20 a 22 semanas de gestação gera concepto incapaz de gerar vida.
• Teoria de Darwin → Seleção natural da
completa.
vida ou da eliminação dos não
adaptados;
Para melhor compreensão e estudo, o
• IRREGULARIDADE NA DISISÃO DO
abortamento divide-se em aborto espontâneo e
EMBRIÃO: O óvulo e o espermatozóide
aborto provocado.
são normais. No entanto, se fundiram e
• ABORTO ESPONTÂNEO: Devido a uma durante a formação do concepto houve
ocorrência acidental ou natural. Ex.: intercorrência na divisão de mórula-
Paciente grávida sofre uma queda blástula, levando a uma desorganização
(acidental). Ex.: Presença de genética.
sangramento que leva ao abortamento
OUTRAS CAUSAS (40%):
(natural).
• ABORTO PROVOCADO: Causado por uma
• DOENÇAS MATERNAS: portadora de
ação mecânica ou ingestão de
lúpus, cardiopatia, alcoólatra portadora
medicamentos.
de cirrose hepática;
• INFECÇÕES: urinária mais incidente,
Tipos de abortamento quanto ao tempo faringite;
• INTOXICAÇÕES MATERNAS: bioquímica
ABORTO SUBCLÍNICO: Ocorre antes da 4ª semana em ambiente de trabalho, lavradora em
de gestação. Nesse período, a paciente pode contato com agrotóxicos;
abortar sem nem saber que está grávida. • ENDOCRINOPATIAS: diabetes,
tireoideopatias;
ABORTO PRECOCE: Entre 4 a 12 semanas, fase • TRAUMAS.
embrionária. Com 4 semanas pode ser realizado
o beta e ser visualizado o saco gestacional com Formas clínicas de apresentação do
USG.
abortamento espontâneo
ABORTO TARDIO: Entre 12 a 20 semanas. Já é
considerado feto com 12 semanas. AMEAÇA DE ABORTAMENTO:

OBS: Após 20 semanas, é parto prematuro, e não CARACTERÍSTICAS: Gravidez viável, com sinais
mais abortamento. clínicos sugestivos de possibilidade de perda a
qualquer momento, uma apresentação de
condição clínica que pode ameaçar a gravidez.
Etiologia do aborto
EXEMPLO: Infecção urinária, sangramento por
CAUSA CROMOSSÔMICA (60%): Óbito fetal até 8 deslocamento de placenta.
semanas tem causa cromossômica. Geralmente
abortos habituais (mães que não conseguem DIAGNÓSTICO CLÍNICO: muita dor pélvica. E em
“segurar” a gravidez). alguns casos, queixa de sangramento (leve ou
de média intensidade).
Fatores mais incidentes de abortamento por
etiologia cromossômica: OBS: Deve-se analisar com espectro para ver a
origem do sangramento (uterino – constituindo
LAILA QUEIROGA – P4A 52

uma ameaça de aborto ou vulvo-vaginal – • Útero → com aumento de volume,


doenças, fissuras). incompatível com a IG;
• Colo entreaberto → se abriu, o que
EXAME FÍSICO: significa que alguém pode ter passado.

• Útero → Volume normal para IG (útero se CONDUTA:


reduz quando há aborto e não apenas
ameaça); 1. Pede USG → irá aparecer ecos
• Colo uterino → Impérvio – colo fechado intrauterinos com partes fetais.
(colo está aberto quando houve
passagem do feto, aborto, em ameaça OBS: Poderá revelar pedaços fetais. Ex.: Aborto
de aborto o feto continua na cavidade provocado tirando pedaços através de
uterina). perfurações, confirmando aborto incompleto.
Ou poderá revelar que existe sim feto e daí o
CONDUTA: diagnóstico será amaça de aborto.

1. Com o toque pode-se perceber que o 2. Faz curetagem imediata (uterina ou AMIU
colo está fechado, então confirma a - Aspiração Manual Intraútero) em casos
ameaça de aborto; de confirmação de aborto incompleto
2. Solicita exames para analisar a origem da para limpar e parar o sangramento.
ameaça ou gravidade → USG
transvaginal, visualiza deslocamento ABORTO INFECTADO:
parcial do SG ou da placenta, por
exemplo; CARACTERÍSTICAS: Sucede práticas abortivas
3. Recomendar repouso e a depender da tecnicamente condenáveis ou abortamentos
gravidade, repouso absoluto ou relativo; incompletos.
4. Proibir o coito;
5. Substâncias antiespasmódicos (impede GERMES CAUSADORES: Geralmente são
contratilidade muscular) e junto ao infecções polimicrobianas a partir da ascensão
analgésico, diminui a dor. Uso de de germes que fazem parte da flora vaginal e
progesterona micronisada por via vaginal intestinal normal, como cocos anaeróbios, E. coli,
impede a contratilidade e a via sendo bacteroides, Clostridium perfrigens, etc.
vaginal é mais eficaz e seu efeito é maior.
PODEM SER:
ABORTO INCOMPLETO:
1. Limitados ao conteúdo intracavitário;
CARACTERÍSTICAS: Uma parte do concepto sai e 2. Invasores do miométrio, anexos e
outra fica na cavidade uterina, sendo uma atingirem o peritônio;
eliminação parcial do ovo comum após 8 3. Gravíssimo → infecção generalizada ou
semanas, já que constitui um período em que as septicemia.
vilosidades coriônicas já estão aderidas a
decídua basal. A partir de 12 semanas já tem DIAGNÓSTICO CLÍNICO: Queixas da paciente da
placenta e quanto mais tardio o aborto, mais gravidez seguida por sangramento frequente.
chance terá de ser incompleto.
EXAME FÍSICO: Sangramento, dor pélvica, odor
DIAGNÓSTICO CLÍNICO: Sangramento fétido, temperatura elevada (axilar e vaginal),
constante, persistente de intensidade pouco condições hemodinâmicas comprometidas – PA,
variável (pouco ou muito), depende da FR e FC alteradas.
quantidade do que ficou e não saiu, depende
da IG. Às vezes a paciente relata troca EXAMES COMPLEMENTARES: USG, hemograma e
constante de absorventes ou que o absorvente plaquetometria (diminuição do número de
não dá mais conta de tão grave. plaquetas).

EXAME FÍSICO: TRATAMENTO:

1. Controle hemodinâmico;
LAILA QUEIROGA – P4A 53

2. Antibióticos; CARACTERÍSTICAS: Principal causa de aborto


3. Drogas para contrair o útero – ocitocina, tardio (12 a 22 semanas) ou de parto prematuro.
derivados ergóticos; Essa incompetência ocorre quando o colo
4. Hemotransfusão se necessária; uterino é incapaz de manter a gravidez até o
5. Curetagem uterina; final, pois é mais ‘’fraco’’ que o normal
6. Drenagem de abscessos. (diminuição da fibra cervical). Essa fragilidade
faz com que o colo se dilate e afine com o peso
ABORTO RETIDO:
do bebê, sem que haja contração uterina,
CARACTERÍSTICAS: Morte do concepto sem podendo ocasionar parto prematuro ou tardio.
eliminação espontânea do mesmo. O bebê veio
A cérvice uterina vai dilatar, vai haver
a óbito, mas não saiu da cavidade uterina.
contratilidade uterina aumentada, liberação de
COMPLICAÇÕES: Distúrbios da coagulação e prostaglandinas, membranas do concepto não
infecções. estão expostas facilitando ruptura da bolsa e
perda da gestação.
DIAGNÓSTICO CLÍNICO:
CAUSAS:
• Há uma parada do crescimento
• Partos laboriosos/normal: Que ficou
abdominal até a regressão;
muitas horas em trabalho de parto
• Não há sangramento, pois nesse caso o
demorado com tentativas de expulsão o
bebê está dentro do saco gestacional; bebê;
• As mamas estão amolecidas e não mais • Amputação do colo;
túrgidas e aquecidas; • Dilatações rudes, forçadas com intuito de
• Ausência de movimentos fetais. abortamento.

EXAME FÍSICO: CONDUTA:

• Útero → menor para a IG. (óbito do feto); • Exame especular → dilatação do colo,
• Colo → fechado. bolsa exposta;
• USG → visualizar herniação do saco
CONDUTA: gestacional através do istmo.

1. USG eco fetal dentro do saco TRATAMENTO: Durante a gravidez – técnica de


gestacional, mas sem batimentos Mac Donald (ciclagem uterina).
cardíacos. (diagnóstico definitivo de
ABORTO HABITUAL PRIMÁRIO, SECUNDÁRIO
aborto retido);
2. Preparar o colo para curetagem pois (SUCEDE GESTAÇÃO A TERMO):
nesse caso a paciente tem um colo
CARACTERIZAÇÃO: 3 interrupções suscetíveis.
fechado e longo. Ao usar misoprostotol
amolece o colo, encurta e faz a FATORES:
curetagem.
ANATÔMICOS-CONGÊNITOS → útero
OBS: Misoprostol-Prostranglandina PGE1 sintética anatomicamente mal formado,
criada com intuito de sanar úlceras, paciente mioma que diminui cavidade uterina (pedir
toma e a úlcera se fecha. No entanto, um certo exames, como radiografia com contraste e
dia alguém tomou e abortou visto que endoscopia ginecológica), pede-se ainda a
desencadeia trabalho de parto ou aborto. sorologia.
Consegue clandestinamente, até em farmácias
de periferia. Dependendo da IG precisa até de 4 ENDÓCRINOS: insuficiência pulmonar, alterações
comprimidos para o aborto, varia de pessoa a endócrinas que levam a abortos sequenciados,
pessoa. Algumas, introduzem via vaginal, outras, infeção, alterações imunofílicas ambientais,
via oral. O surgimento do misoprostol fez diminuir drogas, doenças sistêmicas, lúpus, febre
índice de aborto mecânico. reumáticas.

ABORTO POR INCOMPETÊNCIA ISTMO CERVICAL:


LAILA QUEIROGA – P4A 54

DETERMINANTES: cigarro, cariótipo do casal uma • Cirurgia abdominal prévia;


vez que pode haver incompatibilidade do casal, • Uso de drogas.
defeitos Mullerianos - incompetência istmo
cervical. DIAGNÓSTICO CLÍNICO: tríade → atraso
menstrual variável, sangramento vaginal
DIAGNÓSTICO: Geralmente feito fora da contínuo ou intermitente e dor abdominal em
gravidez; pesquisa dos fatores determinantes. região pélvica ou difusa, depende do local da
gravidez.
CONDUTA: Específico para cada achado.
EXAME FÍSICO: Dor à exploração das áreas
ABORTO ECTÓPICO: anexiais. Dor a defesa nos quadrantes
abdominais inferiores. O útero se apresenta com
CARACTERÍTICAS: Gestação que se implanta fora tamanho normal.
da cavidade uterina, ou seja, fora do ambiente
uterino. CONDUTA:

LOCALIZAÇÃO:
USG: identificação de um embrião ou saco
• Gravidez tubária (95%): Implantação na
gestacional com saco vitelino extrauterinos são
trompa de Fallopio, a maior parte na
ampola; as evidências mais definitivas de uma gravidez
• Gravidez abdominal: Implantação na ectópica.
porção intersticial da trompa de Fallopio.
Elevadas mortalidades e morbilidade Outros achados: massa anexial complexa e
materna e fetal. Pode ser primária líquido livre em fundo de saco em moderada
(implantação inicial no peritônio) e quantidade.
secundária (implantação inicial na
trompa seguida de abortamento e DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Apendicite,
reimplantação no peritônio); gastroenterite, mioma degenerado,
• Gravidez ligamentar: Gravidez tubar sangramento uterino disfuncional, endometriose,
inicial com erosão da trompa para a trombose mesentérica, ovulação, cisto de corpo
mesossalpinge e reimplantação entre os lúteo roto, salpingite, abortamento séptico.
folhetos do ligamento largo;
• Gravidez ovárica (2ª mais frequente): TRATAMENTO: Analisar e então, seguir com
Implantação no córtex ovárico; tratamento clinico ou cirúrgico.
• Gravidez heterotópica (mais frequente
na indução da ovulação): Coexistência CLÍNICO:
de uma gravidez intrauterina e uma
gravidez ectópica (incidência → Metotrexato IM 50mg, destruindo o tecido.
1:30.000).
Critérios: gravidez ectópica íntegra, embrião sem
INCIDÊNCIA: 0,3 a 2% das gestações. É um atividade cardíaca, estabilidade
problema de saúde pública. A GE tubárica pode hemodinâmica, ausência de doença hepática
ocorrer de 98 a 99% das ectópicas. ou renal, consentimento informado da paciente.

ETIOPATOGENIA: Contraindicações: Hipersensibilidade, b-hCG


• Endometriose; maior que 15.000, BCF presente, líquido livre no
• Miomas; FSD, imunodeficiência.
• Doenças inflamatórias pélvicas
propriamente ditas (causa inflamação); CONSERVADOR: Laparoscopia, procedimento
• Mal formações tubárias; cirúrgico minimamente invasivo realizado sob
• Tumores; efeito de anestesia. Distende/insufla o abdômen
• Tabagismo;
com gás inerte e realiza o procedimento.
• Minipílula e DIU de progesterona (pouco
provável); RADICAL: Laparotomia, consiste em abertura
• Fertilização ou indução da ovulação;
cirúrgica da cavidade AB. Retira imediatamente
• Processo de envelhecimento celular;
LAILA QUEIROGA – P4A 55

o quadro hemorrágico.

Critério para escolha do Conservador/Radical:


saber se a paciente ainda tem desejo de
engravidar pois a laparoscomia diminui mais as
aderências.
LAILA QUEIROGA – P4A 56

TORCHES
TORCH é um acrónimo médico que designa um linfadenopatia occipital e outros sintomas como
grupo de infecções de origem parasitária, viral e a fadiga e ausência de febre.
bacterianas na gravidez que podem provocar
anomalias graves e até mesmo a morte fetal. No 1º e 2º trimestre pode ocorrer abortamento e
morte neonatal. A tríade clássica é coriorretinite,
• T → TOXOPLASMOSE; hidrocefalia e calcificações intracerebrais
• O → OUTRAS (CLAMYDIA TRACHOMATIS, (síndrome toxoplasmósica) e ocorre em apenas
GONORREIA, VARICELA); 10% dos casos.
• R → RUBÉOLA;
• C → CITOMEGALOVÍRUS; A maioria das crianças infectadas (70 a 85%) não
• H → HERPES VÍRUS; apresentam sintomas ao nascimento – infecção
• S → SÍFILIS. subclínica ou assintomática – e somente serão
diagnosticadas por exames laboratoriais
(sorologia IgM). Embora possam parecer
Toxoplasmose
saudáveis ao nascimento, 90% desenvolvem
sequelas como coriorretinite, comprometimento
A toxoplasmose é uma zoonose que tem como
visual ou auditivo ou grave retardo no
agente etiológico um protozoário, o Toxoplasma
neurodesenvolvimento.
gondii.

Os bebês podem apresentam algumas sequelas


As principais formas de transmissão da
ao longo do tempo, sendo o retardo mental, as
toxoplasmose são:
convulsões e a surdez as mais comuns sequelas
• Adultos e crianças → contato com fezes neurológicas, enquanto que nas oftalmológicas
de gatos, ingestão de carnes mal a cegueira é a principal sequela.
cozidas, órgãos transplantados ou
sangue contaminados; DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO MATERNA:
• Fetos → localização primária na placenta
– passagem para circulação fetal.

TRANSMSSÃO CONGÊNITA:

A infecção primária ocorrida na gestação pode


ser transmitida ao feto pela via transplacentária.

Enquanto o risco de transmissão para o feto


aumenta com a duração da gravidez (15% no 1º
trimestre, 30% no 2º trimestre e 60% no 3º), a sua • IgM → Aumenta em dias, permanece
gravidade diminui, ou seja, se a transmissão positivo até 2 anos, sendo pouco útil para
ocorrer mais tarde na gravidez, especialmente determinar o momento da infecção;
após 20 semanas, ela é menos grave. • IgG → + 1 a 2 semanas após a infecção,
aumenta durante 2 a 4 meses,
QUADRO CLÍNICO: permanecem 12 a 24 meses e decresce,
é positivo por toda a vida;
Na maioria das vezes, a toxoplasmose se • IgA e IgE → menos usados e pouco úteis.
apresenta como uma infecção assintomática.
Os sintomas ocorrem em apenas 10 a 20% dos A sorologia IgG e IgM para toxoplasmose é
adultos infectados, quase sempre uma obrigatória na primeira consulta pré-natal. A
soroconversão para IgG e IgM preenche os
LAILA QUEIROGA – P4A 57

requisitos para o diagnóstico. Mulheres Análise do sangue fetal – 20 a 24 semanas → IgM


soronegativas serão examinadas mensalmente. (específico), IgM total, eosinofilia,
trombocitopenia e GGT e DHL aumentado
Baixos níveis de IgM podem permanecer por (inespecíficos).
diversos anos. Exames pareados, com intervalo
de 2 a 3 semanas, com aumento do título de IgM CONDUTA PRÉ-NATAL:
de pelo menos 4 vezes, indicam infecção aguda.
Na 1ª consulta pré-natal, 5% das grávidas exibem 1ª ETAPA:
IgM positivo e, destas, a minoria (<5%)
• Sorologia para todas:
apresentam recém-nascidos com infecção
- Se imune: parar pesquisa;
congênita, ou seja, o IgM positivo não
- Se susceptível: repetir durante a
necessariamente significa uma infecção aguda
gestação (17 a 25ª semana).
e, portanto, infecção congênita.
2ª ETAPA (SOROCONVERSÃO):
O teste de avidez de IgG é muito útil para esse
propósito, e separa a infecção antiga da • No decorrer da gestação, soroconversão
recente. A alta avidez (> 60%) no 1º trimestre ou IgM e IgG positivos, com baixa avidez:
significa infecção há mais de 3 a 4 meses, - Se ≤ 25 semanas: Espiramicina
portanto, antes da gravidez. Ao contrário, a (parasitostático) 3g/dia + Dx fetal;
baixa avidez (< 30%) indica infecção recente (< - Se > 25 semanas: Espiramicina + USG
3 meses), o resultado intermediário (30 a 60%) é 15/15 dias + investigação neonatal.
inconclusivo. O valor preditivo positivo do teste
de avidez é muito superior ao valor preditivo 3ª ETAPA (DIAGNÓSTICO FETAL):
negativo, ou seja, a baixa avidez não assegura a
infecção fetal e a alta avidez praticamente a • Se negativo → Manter espiramicina até o
afasta. termo + USG 15/15d + avaliação
neonatal;
OBS: Se houver titulação IgG positiva e IgM • Se positivo → TTO materno modificado
negativa, a infecção é considerada antiga e o (primetamina + sulfadiazina + ácido
feto protegido. folínico) + USG 15/15d.

DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO FETAL: RESUMINDO:

O diagnóstico da infecção fetal é feito O tratamento deve ser realizado imediatamente


atualmente pela PCR-LA. O teste só deve ser após a soroconversão com a espiramicina (3
oferecido após 18 semanas da gestação e g/dia), a fim de reduzir a transmissão fetal
decorridas 4 semanas da infecção materna (profilaxia secundária).
(soroconversão), para reduzir a taxa de
Caso seja confirmada a infecção fetal pela PCR-
resultados falso-negativos.
LA ou pela ultrassonografia, é iniciado o
A USG deve ser feito de 15 em 15 dias ou mensal, tratamento com a pirimetamina, sulfadiazina e
pesquisando achados sugestivos: ácido folínico. A espiramicina, mesmo se a PCR-
LA for negativa, não será interrompida, mas
• Expessamento placentário (placentite
mantida durante toda a gestação.
toxoplásmica);
• Ventrinculomegalia (obstrução do PREVENÇÃO PRIMÁRIA:
aqueduto de Sylvius);
Para a prevenção primária da infecção em
• Calcificações intracranianas ou intra-
mulheres soronegativas, aconselha-se que as
hepáticas (cicatrização das lesões
mãos de quem lida com carne sejam lavadas
necróticas);
com água e sabão antes de assumirem outras
• Aumento CA pela hepatomegalia
tarefas. Todo o material de corte em contato
(hepatite) e/ou ascite.
com carne crua deve também ser lavado com
água e sabão. O Toxoplasma na carne (cistos) é
morto na exposição a calor e frio extremos.
LAILA QUEIROGA – P4A 58

A grávida deve evitar contato com gatos ou semanas após a infecção materna e 21 semanas
qualquer objeto contaminado com as suas fezes de gestação quando a excreção urinária fetal é
(caixas de areia), e é obrigatória a prática de maior.
jardinagem com luvas. Os vegetais e as frutas
devem ser bem lavados antes de ingeridos, pois VACINA:
podem estar contaminados por fezes de gato.
A vacinação contra
Rubéola sarampo/caxumba/rubéola/varicela (tetraviral)
faz parte do calendário vacinal do SUS e é
60 a 70% dos pacientes cursam com infecções indicada, atualmente, para crianças com 1 ano
assintomáticas. Após o período de incubação de de idade, com um reforço entre os 4 e os 6 anos.
14 a 21 dias, a rubéola exterioriza-se como A ocorrência de rubéola e, consequentemente,
doença de pequena gravidade, caracterizada da SRC tem sido reduzida nos países que
por linfadenopatia pós-auricular (5 dias antes do implantaram o programa de vacinação. A taxa
exantema), exantema maculopapular, que se de soroconversão é de 95% após uma dose da
inicia na parte superior do tórax, estendendo-se vacina, mas a persistência da imunidade
depois por todo o corpo e febrícula. apresenta resultados controversos.

A excreção do vírus pela faringe pode ser A vacinação é recomendada para mulheres
detectada 7 dias antes do exantema ou até 7 a suscetíveis em idade fértil e no pós-parto, e está
12 dias após o seu início, assim, o paciente é proibida na gravidez. Mulheres vacinadas
potencialmente infectante por mais de 2 devem aguardar 1 mês para engravidar. O
semanas. abortamento provocado não está indicado em
mulheres acidentalmente vacinadas durante a
SÍNDROME DA RUBÉOLA CONGÊNITA: gravidez ou que não esperaram os 30 dias para
engravidar.
Na gravidez, a infecção no 1º trimestre
determina a síndrome da rubéola congênita
(SRC), caracterizada pela tríade:
Citomegalovírus

• Catarata; É o maior responsável pelas infecções


• Surdez neurossensorial; intrauterinas, sendo uma causa frequente de
• Malformação cardíaca. surdez e de retardo mental.

Após 12 semanas esse risco vai diminuindo, e Em 90% dos pacientes é assintomática, sendo
após 16 a 18 semanas ainda corre risco de que 10% pode apresentar um quadro clínico
surdez. semelhante à mononucleose ou estado gripal.

INFECÇÃO CONGÊNITA:
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL NA GRÁVIDA:
A infecção primária por CMV no 1o trimestre da
• Diagnóstico clínico não confiável;
gravidez é responsável por 10 a 20% de recém-
• Sorologia IgG/IgM;
nascidos infectados sintomáticos e, desses, 30%
• Mulheres vacinadas devem ser
morrem, dos que sobrevivem, 65 a 80%
investigadas;
apresentam sequelas definitivas (perda da
• Grávidas com exantema;
audição e comprometimento neurológico).
• Grávidas expostas à doença:
- Mulheres com IgG negativo ou baixo (< Dos 80 a 90% assintomáticos, 5 a 15%
10UI/mL) devem ser investigadas a desenvolvem sequelas (perda auditiva
intervalos de 4-5 dias por 4 semanas. neurossensorial). A infecção por CMV no 2o e no
3o trimestre da gravidez traz riscos mínimos de
DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO FETAL:
sequelas nos fetos infectados. Nos casos em que
a infecção materna primária ocorreu após 14
Realizada por PCR-LA. Para reduzir os resultados
falso-negativos, é necessário esperar 6 a 8
LAILA QUEIROGA – P4A 59

semanas da gestação, não foi observada transplacentária e pela amamentação e


infecção congênita grave. transfusão.

DIAGNÓSTICO: CLASSIFICAÇÃO:

• Soroconversão entre 2 amostras; • Sífilis inicial (primária, secundária e latente


• Teste de avidez de IgG baixo (infecção até 1 ano);
recente); • Sífilis tardia (latente após 1 ano e
• USG (pior prognóstico): terciária).
- Calcificações cerebrais
(periventriculares); SÍFILIS CONGÊNITA:
- Microcefalia;
- CIUR. Transmissão placentária do espiroqueta em
qualquer estágio da doença ou época da
Herpes Simples Genital gravidez.

Sem tratamento:
Existem 2 tipos de herpes simples:
• Tipo 1 → não genital;
• 95% dos fetos são infectados:
• Tipo 2 → genital – 90 a 95% dos casos de
- ¼ morre in útero;
herpes neonatal.
- ¼ no período neonatal;
- 50% sífilis congênita (exantema,
HERPES NEONATAL:
hepatoesplenomegalia, infecção dos
• Infecção paranatal; ossos, dentes e SNC).
• Lesão herpética no momento do parto →
DIAGNÓSTICO:
15% de probabilidade de herpes
neonatal;
Provas diretas – fase inicial/alta especificidade:
• Após 3 semanas de vida;
• Pesquisa em campo escuro;
• 50% dos casos apenas cutânea;
• Pesquisa direta com material corado.
• 50% generalizada (90% de morte) e
sequelas importantes (oculares e Existem 2 tipos de testes:
neurológicas).
• Testes não específicos (não
treponêmicos), como o VDRL;

• Testes específicos (treponêmico), como o


FTA-Abs e o teste rápido.

O rastreamento é feito com o VDRL, mas a


ocorrência de falso-positivos demanda a
confirmação por FTA-Abs. Em geral, o VDRL
torna-se positivo 1 a 3 semanas após o
aparecimento do cancro duro. O VDRL
quantitativo também é o teste de escolha de
acompanhamento para os casos após o
tratamento, uma vez que o FTA-Abs permanece
positivo após a infecção sifilítica inicial.

Sífilis O VDRL pode dar falso-positivo em títulos baixos


por causa de reações cruzadas e falso-negativo
A sífilis é uma doença venérea sistêmica
principalmente nas fases primária e latente
causada pelo Treponema pallidum.
tardia. O mesmo pode ocorrer com exames
A transmissão se dá se de forma sexual (contato treponêmicos, porém, com menor frequência.
direto), mas pode acontecer de forma
LAILA QUEIROGA – P4A 60

Atualmente nos ambulatórios de referência para


DST e particularmente na rotina do pré-natal
empregam-se teste treponêmicos
imunocromatográficos, para triagem,
denominados de testes rápidos, por serem de
fácil execução e com resultado em cerca de 30
min.

TRATAMENTO:

O tratamento é feito com penicilina G benzatina


IM dose única 2,4 milhões UI, em esquemas
relacionados com a fase clínica da infecção. O
parceiro também deve ser tratado.

Após 1 ano → mesmo esquema durante 3


semanas consecutivas.

E se for neurossífilis, usa a penicilina cristalina 18 a


24 milhões UI IV por 10 a 14 dias.

Não há alternativa satisfatória à penicilina na


gravidez e, por isso, as pacientes alérgicas
deverão ser dessensibilizadas. O tratamento do
recém-nascido com sífilis congênita requer
hospitalização e 10 dias de tratamento.

SEGUIMENTO:

• VRDL quantitativo a cada mês até o


parto e depois com 3 e 6 meses;

• Na neurossífilis: VDRL com 3 anos e


punção lombar.

Considerar reinfecção ou tratamento ineficaz:

• VRDL aumentar 4x após o tratamento;

• VRDL elevado não cair no mínimo 54x


dentro de 1 ano.
LAILA QUEIROGA – P4A 61

Trabalho de
Trabalho de Parto
Parto Prematuro
Prematuro
Interrupção da gravidez antes de 37 semanas • Colo uterino com apagamento parcial
completas (OMS, FIGO, 1976). ou total + dilatação maior ou igual a 2cm
e centralizado;
O parto pré-termo pode ser subdivido em: • Outros dados de importância: amniorrexe
prematura, perda do tampão mucoso,
• Parto pré-termo (propriamente dito) → 32 antecedentes de partos prematuros.
a 37 semanas;
• Parto muito pré-termo → 28 até 32 TRABALHO DE PARTO:
semanas;
• Parto extremamente pré-termo → 24 até • Contratilidade uterina com frequência
28 semanas. maior que 1/10min e duração ≥ 15
segundos;
• Colo uterino com apagamento total ou
Morbidade associada a prematuridade parcial + dilatação maior ou igual a 2cm,
ou mais e centralizado;
• Mortalidade perinatal (75%); • Pode haver amniorrexe prematura,
• Morbidade infantil a longo prazo (50%). cabeça baixa e cabeça forçando o
colo.
A prematuridade ainda é a maior causa de
morbidade e mortalidade perinatal. A principal EXAMES COMPLEMENTARES:
causa é o parto pré-termo espontâneo ou
induzido. • Exame clínico;
• Anamnese – exame físico.

Fatores de Risco EXAMES SUBSIDIÁRIOS:

• Parto pré-termo prévio; • Hemograma;


• Gestação múltipla; • Sumário de urina;
• Polidrâmnio; • Pesquisa de estreptococo do grupo B;
• Anomalia uterina (miomas); • Ultrassonografia;
• Cirurgia abdominal durante a gestação; • Cardiotocografia se IG > 32 semanas.
• Abortamento de repetição;
• Conização prévia; → A atividade uterina regular → contrações
• Ruptura prematura das membranas; em intervalos de 5 a 8 minutos e duração
• Corioamnionite; mínimo de 30 segundos.
→ Alterações progressivas da cérvice,
• Síndromes hemorrágicas da 2ª metade
dilatação > 3cm.
da gravidez;
→ Perda do tampão mucoso;
• Tabagismo e uso de drogas;
→ Outras: bolsa formada, apresentação
• Mal formação uterina;
baixa, RUPREMA.
• Incompetência istmo cervical;
• Infecções.
Conduta
Diagnóstico • Internação hospitalar;
• Tocólise;
AMEAÇA DE TPP: • Objetivo: inibir as contrações +
corticoterapia.
• Contratilidade uterina aumentada:
- 28 a 32 semanas: até 2 contrações/hora INDICAÇÕES DA INIBIÇÃO OU TOCÓLISE:
- 33 a 36 semanas: até 3 contrações/hora;
• Gestação entre 22 a 36 semanas;
• Peso fetal < 2.500g;
LAILA QUEIROGA – P4A 62

• Contrações uterinas regulares; - Edema agudo;


• TPP em evolução. - Vertigens;
- Tremores;
CONTRAINDICAÇÕES DA TOCÓLISE: - Palpitações;
- Rubor;
MATERNAS: - Constipação intestinal;
- Mal estar geral.
• Corioamnionite;
• Sangramento grave. TERBUTALINA – BETAMIMÉTICO:

FETAIS: • Dose de ataque → diluída;


• 5 ampolas diluídas em 500ml de soro
• Morte fetal; glicosado a 5%, iniciar com 10 a 20 gotas
• Anomalias graves; por minuto, EV, ou em bomba de infusão
• Alterações da vitalidade. com 120ml/hora >> 40 gotas por minuto;
• Efeitos colaterais importantes:
Tratamento - Taquicardia;
- Dor torácica;
• Internação; - Tremores;
• Repouso; - Cefaleia;
• Hidratação rápida (1000ml de RL EV em - Hipocalemia;
1h) para reverter desidratação - Taquicardia fetal;
decorrente da dispneia causada pela - Hiperglicemia.
dor; • Cuidados:
• Corticoterapia se a idade gestacional - Tolerância materna e fetal: Pulso
estivar entre 24 a 34 semanas. materno < 120 bpm – BCF < 160-180bpm.
- Dose máxima: 80 gotas/min;
MANEJO TOCOLÍTICO: - Dose manutenção: após 12h sem
contrações 10-20 gotas/min;
PRIMEIRA ESCOLHA: - Contraindicações: hipersensibilidade a
fórmula (cardiopatias).
NIFEDIPINA:
ATOSIBAM:
• bloqueador de canais de cálcio,
impedindo a contração pela reação • Antagonista de receptores da ocitocina;
actina-miosina; • Droga superior a todas as demais,
• Melhoria nos efeitos, em relação aos quando comparada em 14 estudos com
betamiméticos; 2485 mulheres em TPP;
• Menos efeitos colaterais; • As vantagens seriam o dupto mecanismo
• Baixo custo; de ação e a alta seletividade,
• Dose de ataque: 20mg VO 20/20min – minimizando os efeitos adversos;
total de 3 doses; • Dose em 2 etapas:
• Dose de manutenção: 20mg VO 6/6h / - Fase 1 (de ataque): 6,75mg = 1 frasco
24h >> 8/8h nas 24h seguintes; com 0,9ml, EV em 1 minuto;
• Dose máxima diária: 180mg. - Fase 2: 2 frascos de 5ml em 90ml de soro
• Contraindicações: → 24ml/hora, durante 3h >> 72ml, os 28ml
- IAM; restantes → 8ml/hora por mais 3h e meia.
- Hipotensão arterial; Tempo total → 6h e 30min.
- ICC; • Efeitos colaterais:
- Doença do nó sinusal; - Náuseas;
- Hipersensibilidade a droga; - Hipoglicemia;
- Estenose aórtica avançada; - Cefaleia;
- Angina instável; - Palpitações;
- Porfiria. - Dispneia;
• Efeitos colaterais: - Hemorragia uterina;
- Cefaleia; - Prurido.
LAILA QUEIROGA – P4A 63

CORTICOTERAPIA → FLUORCORTICÓIDES: • Miomectomia;


• Apresentação não cefálica;
• Entre 23 a 26 semanas de gestação; • HIV + carga viral alta ou desconhecida;
• Betametasona 12mg IM 24/24h por 2 dias • Gestação múltipla;
ou dexametasona 6mg IM 12/12h por 2 • Herpes genital ativo;
dias; • Câncer de colo uterino;
• Os demais corticoides não atravessam a • HPV com lesão vegetante.
placenta, não obtendo o efeito
pulmonar fetal desejado.

OBS: Benefício atingido se o parto acontecer


após 48 horas da última dose e pode ser
repetida, caso outro episódio de TPP ocorra após
15 dias da última dose e se a IG for menor que 34
semanas.

OBS: Antibiótico → prevenção de


estreptococcia neonatal – penicilina cristalina.

TOCÓLISE:

• Duração média: 48h;


• Tempo para corticoterapia;
• Progesterona micronizada vaginal
(200mg 12/12h até 600mg/dia > pós-
tocólise).

MANUTENÇÃO AMBULATORIAL:

• Repouso;
• Consultas com maior frequência;
• Rigoroso acompanhamento materno-
fetal.

OBS: A tocólise tem como objetivo permitir o uso


de corticoterapia e transferir a gestante para um
centro de referência.

OBS: Todos os uterolíticos apresentam segurança


discutível em relação aos efeitos colaterais
maternos e fetais.

Vias de Parto
• A saída deve ser feita na forma menos
traumática possível, com
desprendimento leve e cuidadoso;
• Recomenda-se episiotomia;
• Uso de ocitocina somente em casos
restritos sob controle rigoroso;
• Cesariana é eletiva;
• Fórceps de alivio.

CONTRAINDICAÇÕES AO PARTO NORMAL:

• 2 cesáreas prévias, cesárea corporoal;

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