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Fichamento: A parafrenia, uma doença da mentalidade.

in: Psicopatologia lacaniana: volume


2- Nosologia. Antônio Teixeira, Márcia Rosa (Orgs.) 1. ed. Belo Horizonte. Autêntica 2020.
Aluna: Samarah Prates
Matrícula: 2019052231

Magnan (1893) descreveu a parafrenia como “o delírio crônico progressivo” caracterizado


por quatro fases: uma primeira de perseguição e de interpretações delirantes, uma
segunda com alucinações auditivas, uma terceira de elação e megalomania e, finalmente,
uma quarta fase definida pelo déficit intelectual mais ou menos demencial. Kraepelin
(1996) tomou emprestado o termo para fazer alusão a um pequeno grupo de casos de
esquizofrenia com desenvolvimento muito mais leve das alterações da emoção e da
volição, nos quais a harmonia da vida psíquica está consideravelmente menos envolvida.

● Delírios de mecanismo imaginativo que se baseia sobre um fundo mitomaníaco,


centrada em um processo alucinatório, que tende a se sistematizar, mas que evolui
com maior ou menor rapidez até a deterioração intelectual.
● A parafrenia sistemática equivaleria ao delírio crônico, a parafrenia expansiva a mania
crônica, a parafrenia confabulatória ao delírio da imaginação e a parafrenia fantástica
ao delírio alucinatório crônico com suas formas fantásticas.

Os delírios de estrutura parafrênica, que se caracterizam pelo contraste entre a excelente


adaptação ao mundo real e a conservação da lucidez e o desenvolvimento de construções
delirantes fantásticas e impenetráveis.

1. O delírio parafrenia porta o selo da extravagância. Trata-se de uma ficção


fantasmagórica, a qual, sob todas as suas formas, é essencialmente um delírio
fantástico. O fantástico, alcançando proporções grandiosas, dilui a personalidade até
fazê-la coincidir com o infinito. Toda a realidade se dilata até alcançar uma gigante
magnitude nos acontecimentos, nas coisas, nas palavras: sofre uma espécie de
transubstanciação estética e mágica ao mesmo tempo.

2. Há uma acumulação incrível de detalhes, de cenas, de falsas lembranças, de imagens


desse fluxo delirante que se desdobram em visões maravilhosas de seres da natureza e
do universo, ou em um desenvolvimento grandioso de acontecimentos estranhamente
cósmicos. O delírio oscila sempre entre as duas formas do fantástico: o barroco e o
mito.
O sujeito parafrenia é a primeira vítima da sua imaginação. Na paranóia a uma junção da
construção delirante com a personalidade do sujeito, na parafrenia as construções se
deslizam infinitamente, de forma que nunca param em um ponto.

Lacan considera a parafrenia a doença mental por excelência, forçando semanticamente o


adjetivo, indicando que se trata de uma doença mental, da mentalidade. O sujeito é puro
semblante, pura mentalidade que não se amarra com nada real, puro parecer ou para
ser. Um vestido sem corpo que desliza à margem do pouco de ser ao que se pretende acessar
o ser falante, um ser de real.

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