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UFRRJ – ICBS – DBA (2023.

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IB 174 – Fundamentos Biológicos da Parasitologia Humana

Aula teórica 18 – Filo Nematoda: ciclos biológicos


1. Padrão de transmissão passiva. Nematóides transmitidos através da
ingestão de ovos presentes no solo ou no domicílio.

➢ Ascaris lumbricoides
➢ Enterobius vermicularis (= Oxiurus vermicularis)
➢ Trichuris trichiura
Ascaris lumbricoides

➢ Os vermes adultos localizam-se nas alças


jejunais (90%); o resto no íleo.

➢ Raramente, migram para o duodeno.


Crianças muito parasitadas podem eliminar
alguns pela boca ou narinas.

➢ Os parasitos mantêm-se em atividade


constante, movendo-se contra a corrente
peristáltica.
(Rey, 2008)
➢ As fêmeas são fecundadas várias vezes e
acumulam espermatozóides amebóides (sem
flagelos) no útero ou oviducto, até a
fecundação.
Ovo de Ascaris - MEV
Ascaris lumbricoides

➢ São conhecidos, popularmente, como


lombrigas.

➢ No intestino, produzem um quadro clínico


variado denominado ascaríase.

➢ São vermes longos, cilíndricos e com extremos


afilados, sobretudo anteriormente.

➢ A extremidade posterior das fêmeas é quase


reta, enquanto a dos machos é enrolada
ventralmente em espiral.
Ascaris lumbricoides. A – fêmea,
B – macho (Rey, 2008)
Ascaris lumbricoides

➢ Ovos esféricos (A), no solo, após 2 semanas (20 a 30ºC) desenvolve-se a L1


(B), a primeira muda, ainda no interior do ovo, origina a L2, em uma semana;

➢ Os ovos de Ascaris são abundantes no chão do peridomicílio e podem ser


suspensos no ar, com a poeira, pela ação dos ventos.

➢ Quando isoladas ou mais numerosas que os machos, as fêmeas podem


liberar ovos inférteis, mais alongados (C), que não embrionam.
Infecção por Ascaris lumbricoides

1. Após a Ingestão dos ovos, no intestino do hospedeiro, a L2 eclode (D);

2. L2, que é aeróbia, invade a mucosa intestinal e via circulação chega ao


coração direito de onde é levada ao pulmão em 4 ou 5 dias para efetuar o
ciclo pulmonar, cresce e sofre a 2ª muda, passando a L3, em 8 ou 9 dias.

3. L3 chega nos alvéolos, sofre a 3ª muda e origina a L4, que é arrastada pela
corrente de muco para traqueia e laringe, sendo deglutida. No intestino, ocorre a
4ª muda e origina o jovem que atingirá a maturidade sexual, ao fim de 2 meses.
Ciclo biológico de Ascaris lumbricoides 2
No intestino, com os
1 estímulos adequados a
Ingestão de água ou alimentos L2 eclode.
(frutas e verduras) com ovos contendo 1
a L2 de A. lumbricoides.
3 L2 penetra na
5 3 parede intestinal,
chega à corrente
4 sanguínea, passando
pelo fígado, coração
e pulmões, onde
sofre novas mudas e
origina a L3 e depois
a L4.

4
Nos pulmões, as
3 2 larvas perfuram os
6 alvéolos e percorrem o
Após a cópula, as mesmo caminho que o
fêmeas iniciam a ar: alvéolos,
liberação dos ovos. Cerca brônquios, traqueia,
de 15.000/dia. Todo o laringe (onde as larvas
ciclo, que se iniciou com 6 provocam tosse)
chegando à boca.
a ingestão de ovos até a 6
maturidade sexual, dura
cerca de 2 meses.
5
5 Em seguida, são
deglutidas e atingem o
intestino, crescem e
8 transformam-se em
vermes adultos.

7
Quando o ovo é
8 liberado no ambiente, a
Ovos liberados nas 7 L1 termina seu
fezes contaminam a desenvolvimento, sofre a
água de consumo e o 7 1ª muda e origina a L2,
solo. ainda no interior do ovo.

Modificado de https://image.slidesharecdn.com/nematelmintos-121024161148-phpapp02/95/nematelmintos-novo-17-638.jpg?cb=1351095191
Resistência ao Ascaris lumbricoides

➢ Instalados no intestino, espécimes adultos têm longevidade estimada em 1 a


2 anos.

➢ Em geral, apenas uma de cada seis pessoas parasitadas apresenta


manifestações clínicas decorrentes do parasitismo. A razão está no
pequeno número de parasitos que elas carregam.

➢ A resistência do organismo se dá pela inflamação provocada pelas L2 e L3,


que em consequência, são destruídas principalmente nos pulmões.

➢ O sistema imunológico reage, também, intensamente, produzindo


anticorpos contra os antígenos que são liberados durante as mudas.

➢ As L4 e os adultos são menos antigênicos que as anteriores, não


concorrendo para produzir anticorpos protetores como aquelas.
Diagnóstico

➢ A menos que um verme tenha sido eliminado


durante uma defecação ou vomitado, é o exame
parasitológico das fezes a melhor forma de se
diagnosticar esta helmintíase.

➢ Devido à quantidade de ovos habitualmente


1 2
produzida, basta um simples exame de fezes
diluídas e colocadas entre lâmina e lamínula,
para que sejam reconhecidos ao microscópio.

➢ Se for utilizado o método de sedimentação em


vaso cônico (método de Lutz), o resultado
aproxima-se de 100%. O OPG pode ser 3 4
calculado pelo método de Stoll, para estimar-se a Ovos de Ascaris vistos ao microscópio: 1 e 2,
normais; 3 e 4 inférteis. Barras = 25 µm. (Rey,
carga parasitária do paciente. 2008)
https://slideplayer.com.br/slide/3159838/11/images/18/Distribui%C3%A7%C3%A3o+mundial+Afeta+1%2C5+bilh%C3%B5e
s+de+pessoas%2C+60+mil+mortes.jpg
Enterobius vermicularis

Ash & Orihel (1997)

(A) fêmea; (B) macho; C, ovo.


(a) asas cervicais; (b) esôfago;
(c) intestino; (d) útero; (e)
vagina; (f), ovário; (g) reto e Despommier et al. (1994)
ânus; (h) canal ejaculador; i)
testículo.
Trichuris trichiura: ciclo biológico

➢ Ciclo monoxeno, no intestino humano.

➢ Vermes adultos em geral no ceco,


poucas vezes o apêndice, o colo ou as
últimas porções do íleo.

➢ Alimentam-se aí do líquido intersticial,


do sangue e de tecidos lisados.

➢ O número de parasitos albergados por


um paciente está geralmente entre 2 e
10, mas varia consideravelmente
podendo chegar a centenas, em casos Implantação de alguns espécimes na mucosa
do intestino grosso.
REY (2018)
raros.
Ciclo biológico de Trichuris trichiura

Infecção passiva pela


ingestão acidental de
ovos contendo a L1.

No
intestino,
as larvas
eclodem,
sofrem
mudas e
se tornam
adultos

Ovos não-
embrionados
são liberados
com as fezes. Modificado
2. Padrões de transmissão ativa. Nematóides transmitidos através do
contato com o solo infestado por larvas.

➢ Ancylostoma spp.
➢ Necator americanus
➢ Ancylostoma duodenale e
A cápsula bucal Necator americanus medem
entre 0,5 e 1,5 cm.

➢ Apresentam uma boca bem


definida, com 2 pares de
dentes pontiagudos (A.
duodenale) ou duas placas
cortantes (N. americanus), que
servem para aderir à parede do
intestino e sugar o sangue do
seu hospedeiro.
https://www.mdsaude.com/doencas-infecciosas/parasitoses/ancilostomose/
Migração das larvas

➢ Larvas de Necator (L3) penetram pela pele


atingem a circulação venosa ou linfática,
chegando ao coração e aos pulmões, onde
tem lugar a 3ª muda (trajeto azul).

➢ Penetram nos alvéolos e bronquíolos, são


arrastadas pela corrente de muco da árvore
respiratória até a faringe (fim do ciclo
pulmonar) e deglutidas (trajeto vermelho).

➢ No intestino sofrem a 4ª e última muda


passando a vermes adultos. Seus ovos saem
Migração das larvas pela circulação
(trajeto azul) e pelos órgãos cavitários: com as fezes.
árvore respiratória, faringe, esôfago,
estômago e intestinos (trajeto vermelho). Rey (2018)
https://www.cdc.gov/dpdx/hoo
kworm/index.html
Patologia da ancilostomíase

➢ É no período de parasitismo intestinal


quando se observam quase todas as
manifestações da ancilostomíase.

➢ Os helmintos produzem lesões na parede


intestinal através da ação da cápsula bucal
sobre a mucosa, dilaceração e sucção do
sangue e do tecido lisado, que lhes servem
de alimento. Ação dos dentes ou placas
cortantes, lancetas e da secreção de suas
glândulas cefálicas. Doc. do Dr. A. C. R. Leite, ICB,
UFMG (Rey, 2018)
Sintomatologia na fase crônica

➢ Ao ser deglutida, a larva passa


pelo estômago e se aloja no
intestino, onde irá evoluir para o
estágio adulto.

➢ Cada ancilostomídeo preso à


mucosa, ingere cerca de 0,3 a
0,5 ml de sangue/dia, a anemia
resultará da infecção por ao
menos 40 vermes.
http://www.ibamendes.com/2011/06/jeca-tatu-o-mal-da-terra.html

➢ “Jeca tatu”, personagem do livro Urupês - um tipo caipira acomodado e miserável.


Monteiro Lobato (1918), com esse personagem, critica um Brasil agrário, atrasado,
cheio de vícios e doenças, ilustrando um grande problema de saúde pública. Mesmo
depois de tantos anos, não são percebidas grandes diferenças.
Ecologia e epidemiologia da ancilostomíase

➢ Os grandes movimentos migratórios dos tempos modernos, que se


produzem em todos os continentes, têm levado a enormes alterações na
distribuição mundial dos parasitos.

➢ Em escala mundial, a ancilostomíase é devida a Necator americanus em


¾ dos casos, a A. duodenale em menos de ¼, sendo pequena a de A.
ceylanicum.

➢ As infecções por N. americanus predominam no Brasil. Contudo, existem


registros de A. duodenale em regiões de colonização europeia ou asiática.
O ecossistema na ancilostomíase

São fatores essenciais:

➢ Indivíduos parasitados que contaminem o solo com suas fezes.

➢ Indivíduos que se exponham ao risco de infecção ou de reinfecção, por


andarem descalços em áreas endêmicas.

➢ Solo favorável ao desenvolvimento e sobrevivência prolongada das larvas


(solo arenoso, poroso, úmido, rico em matéria orgânica e sombreado).

➢ Temperatura favorável: Ancylostoma (23 a 30ºC) e Necator (30 a 35ºC).

➢ Chuvas distribuídas ao longo do ano.


Prevenção e controle da ancilostomíase

➢ A elaboração de um plano de controle da endemia, vai depender das


condições epidemiológicas, objetivos, recursos financeiros e técnicos
disponíveis. Bem como dos serviços de saúde e laboratórios existentes,
pessoal capacitado, medicamentos, transportes, etc.

➢ O uso constante de calçado,


de qualquer tipo, inclusive
sandálias, é o meio mais
eficiente e permanente de
prevenção e independe dos
serviços de saúde.
https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcS0NhCu4cSb252-
oduMiPI0gS9NIo6-zMK78w&usqp=CAU
Prevenção e controle da ancilostomíase

Instalações sanitárias

➢ São importantes, quando utilizadas pelos moradores da casa. Mas sua


efetividade depende do tipo de construção. As latrinas mais econômicas
nem sempre são aceitas pelos moradores, mesmo quando construídas
gratuitamente pelos serviços de saúde.

➢ As razões podem ser o mau cheiro, a proliferação de mosquitos e baratas,


a atração de roedores etc.

➢ Sua conservação em condições higiênicas e sua duração em uso devem


ser avaliadas, pois podem exigir substituição.
Prevenção e controle da ancilostomíase

Controle anti-larvário

➢ Ação no solo decorrente do plantio de espécies como: Cymbopogon citratus


(capim cidreira), C. martinii (capim gengibre), Vetiveria zizanoides (patchuli),
Ruta graveolens (arruda), Mentha spicata (hortelã) e Crysanthemum sp.

Educação Sanitária

➢ A população deve compreender as razões pelas quais se requer mudança


de hábitos tradicionais, como andar descalço, defecar no chão e só
procurar serviços médicos quando estão doentes.

➢ A educação sanitária e o exame periódico das crianças é essencial.


Larva migrans cutânea

➢ Larva migrans cutânea, conhecida popularmente por bicho geográfico, é


uma infecção causada pelas larvas de Ancylostoma braziliense e
Ancylostoma caninum que vivem nos intestinos de cães e gatos.

➢ A penetração da larva através da pele pode passar despercebida ou


acompanhada de prurido, eritema ou pápulas.

➢ Do ponto de penetração, partem


túneis que desenham um percurso
irregular, avançando 2 a 5 cm por
dia, por ação das larvas. Sendo
seguido por edema e inflamação
com eosinófilos e mononucleares.
https://www.minhavida.com.br/saude/temas/bicho-geografico
Controle de geo-helmintíases

➢ A ascaridíase está amplamente disseminada em países tropicais e


temperados, estimando-se uma prevalência geral em torno de 30%, mas
variando muito segundo as regiões. Os óbitos por ano seriam da ordem de
20 mil.

➢ Incide mais em microclimas quentes e úmidos, assim como onde a higiene


e as condições de vida são precárias.

➢ O homem é a única fonte de infecção, sendo as crianças em idade escolar


e pré-escolar as principais poluidoras do meio e, também, a população de
mais alto risco.
Controle de geo-helmintíases

A ascaridíase, como outras parasitoses intestinais, tem sido em geral


negligenciada nos países endêmicos, pois:

➢ afeta populações pobres, pouco informadas e com pequeno poder


reivindicatório.

➢ não possui cobertura ampla dos serviços de saúde ou não estão estes
preparados para uma política de saúde preventiva.

➢ O problema costuma solucionar-se, como nos atuais países ricos, apenas


quando a população rural chega a atingir os níveis econômicos
suficientes para morar bem, adquirir hábitos higiênicos, educar-se e
educar seus filhos.
Controle e educação sanitária

➢ Os programas de ação contra essas parasitoses devem ter por objetivo,


inicial, o controle e, só tardiamente, como no Japão, a erradicação.

➢ O tratamento dos grupos mais afetados inclui, de regra, apenas as


crianças em idade escolar.

➢ Por razões logísticas preferem-se os esquemas de tratamento com dose


única e via oral.

➢ A repetição periódica dos tratamentos é indispensável, visto que os ovos


permanecerem no solo, por muito tempo.

➢ Mas, também, por haver na comunidade geralmente casos não curados ou


importados de outras áreas endêmicas.
Controle e educação sanitária

Para consolidar os resultados, é necessário mudar o comportamento das


populações de modo a reduzir a poluição do solo e as reinfecções.

Educar as crianças e os adultos que delas cuidam (e devem dar o


exemplo) implica em habituar-se:

➢ ao uso constante das instalações sanitárias;

➢ a lavar as mãos após defecar, antes de comer ou de preparar


alimentos; e sempre que sujas de terra;

➢ lavar as frutas e legumes consumidos crus; e proteger os alimentos


contra as poeiras, os insetos e outros vetores de infecção.
Saneamento básico x parasitoses intestinais

➢ As parasitoses intestinais se constituem em um dos principais problemas


de saúde pública, apresentando-se de forma endêmica em diversas áreas
do Brasil.

➢ Apresentam estreita relação com fatores demográficos e ambientais, tais


como: condições socioeconômicas, consumo de água contaminada,
ausência de tratamento de esgoto sanitário, entre outros.

➢ Cerca de 70% da população em países em desenvolvimento não


recebem adequado saneamento básico e água potável.
Saneamento básico x parasitoses intestinais

https://pt.khanacademy.org/science/7-ano/sistema-imunologico/saude-e-qualidade-de-
vida/a/doencas-relacionadas-falta-de-saneamento-basico
Prevalência de S. mansoni e geo-helmintos no município de São João Evangelista, Estado de Minas
Gerais, Brasil, método Kato-Katz, uma lâmina por amostra, entre 1997 e 2013 (SILVA et al, 2017)
Prevalência média das helmintíases nas zonas urbana e rural de São João Evangelista, Estado de
Minas Gerais, Brasil, entre 1997 e 2013 (SILVA et al, 2017)
Prevalências de S. mansoni, A. lumbricoides e ancilostomídeos antes e após o início do
fornecimento de água tratada em São Geraldo do Baguari (A) e Bom Jesus da Canabrava (B),
Município de São João Evangelista, Estado de Minas Gerais, Brasil (SILVA et al, 2017)
(OMS)
4. Padrão de transmissão vetorial. Ciclo heteroxeno.

Filarias: Wuchereria bancrofti e Onchocerca volvulus


Filárias e filaríases

As filárias são nematóides da ordem Spirurida e da família Onchocercidae,


com os gêneros Wuchereria e Onchocerca com maior importância para a
saúde pública.

Apenas duas espécies têm importância médica no Brasil:

Wuchereria bancrofti ─ agente etiológico da filariase linfática, que produz


quadros clínicos muito diversos, desde as infecções assintomáticas e
linfadenites, até orquiepididimites, linfangites e elefantíase.

Onchocerca volvulus ─ habita o tecido celular subcutâneo. Sendo


responsável por processos degenerativos da pele, causando a doença
denominada oncocercose.
➢ A filariose linfática é uma doença parasitária originária da Polinésia,

sendo posteriormente introduzida na China e em outras regiões da Ásia

e, em seguida, no continente africano.

➢ Provavelmente, a parasitose tenha sido introduzida nas Antilhas e na

América do Sul através do tráfico de escravos.

➢ Por volta dos séculos XVII e XVIII, por ocasião da descoberta da ilhas do

Pacífico, a elefantíase já era frequentemente registrada na Polinésia

Oriental e Ocidental, o que veio a ser posteriormente confirmado pelos

missionários que lá chegaram.

➢ Do leste Pacífico, através da migração, a Wuchereria bancrofti teria sido

introduzida na Ásia.
➢ Na região do Pacífico, a parasitose se distribui por 24 países, com

aproximadamente 2 milhões de pessoas infectadas.

➢ Nas ilhas Filipinas, 20 milhões de pessoas vivem em áreas de risco

58,44% (45/77) das províncias do arquipélago são endêmicas para a

filariose linfática, com um total estimado de 645.232 infectados.

➢ Há relatos da infecção na Índia desde o século VI a.C.

➢ Da Ásia, distribuiu-se nas áreas de clima tropical e subtropical.

➢ A introdução na África está relacionada ao movimento forçado de africanos

na condição de escravos, no século XIX. No continente africano, 84,76%

(39/46) países são endêmicos, com 420 milhões de pessoas residentes

em áreas de risco e 50,57 milhões de infectados, com prevalência média

de 8,97% (WHO, 2000).


➢ Destacando-se, o Egito, cuja endemicidade é conhecida desde os

tempos dos faraós (WHO, 2000).

➢ Na América do Sul, a introdução do parasito, provavelmente, deu-se

através do tráfico de escravos de Barbados para o Suriname.

➢ No continente americano, foram encontrados focos da filariose em países

da América do Norte, Central e do Sul, sendo que a grande maioria

desses focos foi gradualmente se extinguindo.

➢ Principais países de ocorrência da filariose linfática: Costa Rica (focos

residuais; República Dominicana (100.000 casos); Haiti (200.000 casos);

Guiana, Suriname e Trinidad e Tobago (com baixa endemicidade) e Brasil

(3 milhões de pessoas em área de risco, 49.000 infectados (WHO, 2000).


➢ A estimativa para o continente americano é de que cerca de 6,5 milhões

de pessoas vivam em áreas de risco, dessas 420.000 estão infectadas

(WHO, 2000).

➢ Especificamente, na América Latina, existem cerca de 40 mil pessoas

infectadas.

➢ Atualmente, existem focos da filariose em quase todas as regiões de

clima tropical e subtropical, estendendo-se entre 30° de latitude norte e

30° de latitude sul no hemisfério Ocidental, e 40° norte e 30° sul no

hemisfério Oriental (REY, 2018).


Ciclo biológico de Wuchereria
bancrofti

http://o.quizlet.com/rB66q9nFv0QK3535ubsGLg.jpg

https://i0.wp.com/www.opas.org.br/wp-content/uploads/2017/12/causas-
da-filariose-1024x706.jpg?resize=696%2C479&ssl=1
Etapas do ciclo biológico de Wuchereria bancrofti. (BRASIL, 2009)
Ciclo biológico de Wuchereria bancrofti

➢ A maturidade sexual ocorre em um ano,


quando aparecem as microfilárias na
circulação.

➢ Entretanto, as larvas produzidos por fêmeas


adultas no sistema linfático, acumulam-se
nos capilares sanguíneos pulmonares,
somente à noite circulam no sangue 24

periférico, obedecendo um ritmo circadiano (Rey, 2018)

com pico de madrugada.


Ciclo biológico de Wuchereria bancrofti

➢ Por isso, somente os mosquitos de hábito noturno podem atuar como


vetores.

➢ Na Região Neotropical, é principalmente Culex quinquefasciatus que


desempenha essa função. Na África e Ásia, ocorre a mesma periodicidade.

➢ Na variedade dessa filaria encontrada nas ilhas do Pacífico Sul, as


microfilarias são encontradas no sangue periférico a qualquer hora do dia.
Infecção humana

➢ Quando o inseto infectado sugando o sangue de uma pessoa, a larva L3 é


lançada na corrente sanguínea e inicia o processo de migração.

➢ Migra através dos linfáticos cutâneos e da circulação geral, enquanto faz


mais 2 mudas, e chega aos lugares onde se aloja e se diferencia até
verme adulto macho ou fêmea.

➢ A maturação sexual dura cerca de um ano, quando surgem as microfilárias


no sangue.

➢ Em geral, a proporção dos Culex infectados é muito pequena, assim como


o número de larvas que transportam. Portanto a carga parasitária dos
pacientes será função da frequência com que forem picados pelos insetos.
Infecção humana

➢ Pouco se sabe sobre a proteção que é conferida pelos mecanismos


imunológicos.

➢ A longevidade dos vermes adultos é estimada em 4 a 6 anos; mas alguns


autores admitem ser bem mais longa, baseados na filaremia que se
mantém muitos anos depois dos pacientes terem abandonado as zonas
endêmicas.

➢ A fêmea libera larvas embainhadas, as microfilárias, que circulam no


sangue e mantêm-se em rápida movimentação, chicoteante e não
direcional.
https://slideplayer.com.br/slide/3271281/11/images/5/Distribui%C3%A7%C3%A3o+mundial+de+filariose+causa
da+por+Wuchereria+bancrofti.jpg
Referências Bibliográficas

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de


Vigilância Epidemiológica. Guia de vigilância epidemiológica e eliminação da
filariose linfática. Brasília: Ministério da Saúde, 2009.

BRUSCA, RC; BRUSCA, GJ. Invertebrados. Editora Guanabara Koogan. 2007.

REY, L. Bases da Parasitologia Médica. 3ª ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara


Koogan, 391p. 2018

ROBERTS, LS; JANOVY jr., J. Foundations of Parasitology. Wm. C. Brown


Publishers, Dubuque, 659 p. 1996.

SILVA, ACL et al. Avaliação do impacto das ações do Programa de Controle da


Esquistossomose no controle das geo-helmintoses em São João Evangelista, Minas
Gerais, Brasil, entre 1997 e 2013. Rev Pan-Amaz Saúde, v.8, n. 2. 2017.

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