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PAULO SALVADORETTI
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre – RS, Brasil. paulo.salvadoretti@ufrgs.br
TIAGO DE ALMEIDA
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre – RS, Brasil. almeida.geologia@gmail.com
RESUMO ABSTRACT
O Optical Televiewer (OTV) é um dispositivo de perfila- The Optical Televiewer (OTV) is a geophysical profiling
gem geofísica que produz imagens contínuas e orien- device that produces continuous and oriented images
tadas da parede de furos de sondagem. Imagens ge- of the wall of drill holes. Images generated by OTV
radas por OTV desempenham um papel auxiliar em play an auxiliary role in mineral exploration campaigns
campanhas de exploração mineral e na aquisição de and the acquisition of geotechnical information. The
informações geotécnicas. A caracterização geológico- geological-geotechnical characterization of rock masses
-geotécnica de maciços rochosos é fundamental para is fundamental for the identification of geological and
a identificação de condicionantes geológicas e estru- structural constraints associated with the stability of
turais associadas à estabilidade de escavações em ro- rock excavations. Several structures inside the massifs
chas. Várias estruturas existentes no interior dos ma- are not normally accessed via recovered core sample
ciços não são normalmente acessadas via sondagem and probing, due to difficulty of retrieval of testimony
testemunhada, em função de dificuldade recuperação in the probing process and economic constraints due
de testemunho no processo de sondagem e restrições to the cost of the survey. Structures such as foliation
econômicas pelo custo da sondagem. Estruturas como planes, folds, fracture systems, water percolation in the
planos de foliação, dobras, sistemas de fraturas, per- massif and openings can be completely lost by a low
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Descrição quantitativa de “testemunhos virtuais” na obtenção de uma classificação
geológico-geotécnica das litologias presentes em depósitos de ferro
colação de água no maciço e aberturas podem ser recovery of testimonies. The televising by OTV then
completamente perdidas por uma baixa recuperação serves as an auxiliary tool for the identification and
de testemunhos. O televisionamento com OTV serve analysis of the weakness zones existing in the massifs.
então para auxiliar na identificação e análise destas zo- In this work, geophysical logging were executed in
nas de fraqueza existentes nos maciços. Neste trabalho, boreholes in mines that are part of the ‘Gandarela
foram realizadas perfilagens em furos de sondagem Megastructure’, located in the central-northern portion
executados em minas que fazem parte da ‘Megaestru- of the Quadrilátero Ferrífero, in the State of Minas Gerais
tura Gandarela’, localizada na porção centro-norte do (Brazil). Geological features of interest were taken
Quadrilátero Ferrífero, Estado de Minas Gerais (Bra- from the images obtained with the OTV probe and
sil). Feições geológicas de interesse foram retiradas the geo-positioning data provided by the probe. One
das imagens obtidas com a sonda OTV e dos dados de of the objectives of this study was the application and
geoposicionamento oferecidos pela sonda. Um dos ob- evaluation of a methodology for the use of the virtual
jetivos deste estudo foi a aplicação e avaliação de uma testimony proposed in recent publications, to the
metodologia de aproveitamento do testemunho virtual images produced by OTV in the Tamanduá and Gongo
proposta em publicações recentes, às imagens produzi- Soco mines located in the Quadrilátero Ferrífero. It was
das por OTV em minas situadas no Quadrilátero Fer- also verified that the use of OTV is of great value as an
rífero. Constatou-se também que o uso do OTV é de auxiliary tool in the identification of internal structures
grande valia como ferramenta auxiliar na identificação of the rocky massif that other probing device could not
de estruturas internas do maciço, as quais de outra for- accessed.
ma não poderiam ser acessadas.
Keywords: GEOPHYSICS, OTV, IRON ORE, OPTICAL
Palavras-chave: GEOFÍSICA, OTV, MINÉRIO DE FER- TELEVIEWER.
RO, OPTICAL TELEVIEWER.
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Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
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Descrição quantitativa de “testemunhos virtuais” na obtenção de uma classificação
geológico-geotécnica das litologias presentes em depósitos de ferro
2.1 Geologia local – Mina gongo soco Suas superfícies são predominantemente lisas e
onduladas, fechadas, sem preenchimento e com
A geologia da cava da Mina Gongo Soco, espaçamento pequeno a moderado (centimétrico
onde encontram-se os 3 furos filmados com OTV, e decimétrico).
apresenta como principais litologias afloran- É importante observar que o bandamento Sb,
tes: solo saprolítico, rocha intrusiva metabásica, a foliação Sn e as fraturas, são as estruturas pos-
hematitas, itabiritos, quartzitos, filitos e xistos síveis de visualização com o OTV, sendo que este
(Anon., 2008). fato será levado em conta nas análises posteriores.
Em se tratando da geologia estrutural da
área, em mapeamentos feitos diretamente sobre
o terreno (Anon., 2008) foram identificadas vá- 2.2 Geologia local – Mina tamanduá
rias estruturas planares e lineares, sendo as mais
Na Mina Tamanduá, foram adquiridas ima-
importantes: bandamento (Sb), foliação (Sn), cli-
gens de OTV em dois furos, assinalados na Figura 3.
vagem de fratura (Sn+1), famílias de fraturas (Fr)
Segundo Anon. (2012), a cava atual da mina
presentes nas rochas metabásicas (IN), lineação
é constituída predominantemente por itabiritos
de intersecção (Li) e eixo de dobra (bn).
friáveis (IF, IGO), itabiritos médios (IM), itabiritos
O bandamento (Sb) é a estrutura principal
compactos (IC), filitos e quartzitos, com presen-
e condicionante da estabilidade dos taludes na
ça subordinada de hematitas, itabiritos argilosos
Mina Gongo Soco, sendo possível sua identifica-
(IAL, IMN), rochas intrusivas e metavulcânicas.
ção em quase todas as litologias da cava.
Em termos de estruturas geológicas exis-
Outra estrutura penetrativa observada em
tentes na área, foram identificados os seguintes
praticamente todos os litotipos é a foliação Sn. A
elementos (Anon., 2012): o acamamento So (ob-
geração da Sn pode estar associada tanto a proces-
servado nos filitos e quartzitos da encaixante), o
sos cisalhantes como a dobramentos.
bandamento composicional Sb, a foliação Sn e as
Em se tratando das fraturas, de uma maneira
superfícies de cisalhamento Scis.
geral, as juntas apresentam persistência métrica.
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Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
Figura 2. Mapa dos Domínios Estruturais da Mina Gongo Soco, e a localização dos quatro furos perfilados.
Fonte: Anon., 2008.
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Descrição quantitativa de “testemunhos virtuais” na obtenção de uma classificação
geológico-geotécnica das litologias presentes em depósitos de ferro
Figura 3. Domínios Litológicos da Mina Tamanduá. Os furos televisionados encontram-se no Domínio Oeste e entre os Sub-
domínios de Hematita Friável e Itabirito Friável Silicoso.
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Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
Figura 4. Foto da caixa de testemunho (à esquerda) do furo FD00022, Mina Tamanduá, comparada com o televisionamento (à
direita) do mesmo furo. Ressaltada pela seta preta, uma fratura não apresentada na caixa de testemunho (ver retângulo ver-
melho e uma seta amarela indicando, aproximadamente, a região onde a fratura deveria ocorrer). É importante ressaltar que,
neste caso específico, a diferença de coloração entre OTV e testemunhos foi gerada pela adição excessiva de floculante usado
na água do furo de sondagem, conferindo um tom amarelado à imagem de OTV.
Oliveira (2015) ressalta a importância de se de- Pode-se, em alguns casos, inferir o estado de
marcar a foliação/bandamento ao longo de toda a alteração da rocha, mesmo que esta caracterização
imagem do furo de sondagem, verificando as pos- seja bastante limitada. É possível elencar algumas
síveis mudanças relevantes na sua orientação, o variações no brilho e na coloração dos minerais
que pode indicar alterações no perfil geotécnico e indicando uma maior alteração da rocha com rela-
estrutural e no comportamento litológico. ção aos trechos de rocha sã. Com tais parâmetros,
Na Figura 5, percebe-se o bandamento mar- pode-se avaliar a resistência mecânica. Segundo
cado em verde na imagem gerada por OTV. Não Oliveira (2015), como medida indireta desta resis-
foram marcados todos os bandamentos observa- tência mecânica, pode-se observar a “rugosida-
dos para não poluir demasiadamente a imagem (a de” das paredes, considerando que a perfuração
equipe de interpretação acordou que seriam mar- do furo de sondagem implicaria em um desgaste
cados os bandamentos uma vez a cada um metro, nestas paredes, ficando mais evidente tal desgaste
aproximadamente). Outra estrutura que deve ser quanto mais alterada for a rocha. Observa-se um
apresentada e indicada na imagem gerada pelo exemplo deste comportamento na Figura 6, com
testemunho são os veios existentes no meio da as paredes dos furos apresentando maior desgas-
estrutura principal. Estes veios são visualmente te na rocha devido ao seu estado de alteração.
muito diferentes das rochas que os circundam.
Também na Figura 5, vê-se um veio de quartzo de
aproximadamente 1,0 m, cercado por filitos.
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Descrição quantitativa de “testemunhos virtuais” na obtenção de uma classificação
geológico-geotécnica das litologias presentes em depósitos de ferro
Figura 5. (Esquerda) Imagem das marcações (na cor verde) dos bandamentos no furo GSOFG00023, Mina Gongo Soco. (Direi-
ta) Imagem de um veio de quartzo no Furo GSOFG00025.
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Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
Utilizando os softwares disponíveis para Conforme Baillot et al. (2004) no caso de son-
compilar os dados adquiridos durante a filma- dagem testemunhada em maciços rochosos com
gem, pode-se gerar dois tipos de imagem com o fraturas incipientes, as forças e vibrações geradas
furo televisionado. A primeira delas uma imagem pela perfuratriz podem induzir um aumento na
cônica contendo uma visão tridimensional do frequência de fraturas nas amostras, gerando uma
furo televisionado, uma imagem “enrolada” do redução no RQD da rocha, levando assim a uma
furo. A segunda imagem é uma imagem “desen- estimativa inferior na qualidade da rocha.
rolada”, onde abre-se a imagem tridimensional Há casos em que não é possível visualizar
transformando-a em uma imagem bidimensional. estruturas na sondagem testemunhada, devido a
Após desenrolar a imagem, percebem-se as des- uma recuperação mais baixa. O televisionamento
continuidades e estruturas presentes como for- dos furos de sondagem surge desta forma como
um complemento das informações perdidas no
mas senoidais, as quais permitem determinar as
testemunho. Pode-se, como já citado, ter uma
orientações espaciais destas estruturas.
maior precisão na localização das estruturas e
Conforme Oliveira (2015), deve-se descrever
sem perda na informação. Percebe-se na Figura 8,
os demais parâmetros que caracterizam uma des-
referente ao furo GSOFG00025, uma fratura leve-
continuidade tais como tipo de estruturas, espaça-
mente aberta pouco antes da sonda penetrar na
mento, rugosidade, abertura, presença e material
água. Na foto do testemunho, não se reconhece,
de preenchimento, alteração das paredes e perco-
em lugar algum, esta mesma fratura. Caso esta
lação de água, os quais pode-se observar de for- sondagem não tivesse sido televisionada, esta in-
ma indireta. Chega-se ao ponto de caracterizar o formação teria sido perdida.
maciço rochoso fazendo uma estimativa do RQD
teórico, proposto em variadas correlações por di-
ferentes autores.
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Descrição quantitativa de “testemunhos virtuais” na obtenção de uma classificação
geológico-geotécnica das litologias presentes em depósitos de ferro
Figura 8. Fratura no furo GSOFG00025 (à esquerda), onde tem-se o nível d’água marcado clara-
mente aos 14,5m e fotografia do testemunho de sondagem deste furo (à direita). A fotografia dos
testemunhos não permite identificar a fratura visível no televisionamento.
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sempre a linha marcada sobre a imagem está per- televisionamento não possui a qualidade necessá-
feitamente alinhada com a fratura em estudo. Ou- ria para que se possa perceber as ondulações nas
tro ponto bastante relevante é que, na maioria das fraturas (Figura 11).
vezes, as fraturas não são abertas o suficiente ou o
Figura 9. Perfis de rugosidade de Barton et al. (1974). Adaptação dos perfis de rugosidade
de Barton para aplicação em imagens de televisionamento.(Oliveira et al., 2014)
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Descrição quantitativa de “testemunhos virtuais” na obtenção de uma classificação
geológico-geotécnica das litologias presentes em depósitos de ferro
Figura 11. À esquerda, presença de fratura aberta e rugosa aos 55m de profundidade (ima-
gem coletada na Mina Capanema – Quadrilátero Ferrífero; MG), com abertura estimada
em aprox. 15cm. À direita, fratura aberta e presença de bandamento (cinza claro-escuro).
Abertura Descrição
<0,1 mm Muito apertado
0,1 – 0,25 mm Apertado Feições Fechadas
0,25 – 0,50 mm Parcialmente Aberto
0,50 – 2,50 mm Aberto
2,50 – 10 mm Moderadamente Largo Feições semi – abertas
>10 mm Largo
1 – 10 cm Muito Largo
10 – 100 cm Extremamente largo Feições Abertas
>1m Cavidade
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Figura 12. Esquerda: Imagem do furo GSO00023. Direita: Testemunho do furo GSOFG00023, sem
condições de identificar-se os vazios vistos na imagem gerada pelo OTV (região entre 95m e 96m,
assinalada em azul na caixa de testemunhos).
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Descrição quantitativa de “testemunhos virtuais” na obtenção de uma classificação
geológico-geotécnica das litologias presentes em depósitos de ferro
um maciço rochoso. Esta distância entre descon- Tabela 5. Classificação de espaçamento, modificado de
tinuidades de um mesmo set deverá ser medida ISRM (1978)
ortogonalmente a estas. Na Tabela 5 apresenta-se
Descrição Espaçamento
a classificação dos espaçamentos.
Espaçamento extremamente
Exemplos destes espaçamentos (graus de fechado
<20 mm
fraturamento) são vistos na Figura 13, onde apa- Espaçamento muito fechado 20 – 60 mm
recem espaçamentos muito pequenos (centimétri-
Espaçamento fechado 60 – 200 mm
cos) entre as fraturas.
Espaçamento moderado 200 – 600 mm
Espaçamento amplo 600 – 2000 mm
Espaçamento muito amplo > 2000 mm
Oliveira et al. (2014) faz referência às fraturas o fechamento de curvas senoidais extremamente
presentes nos furos de sondagem que não podem abertas. Entretanto é essencial que estas feições es-
ser demarcadas pelos softwares, isso ocorre com tejam caracterizadas e façam parte dos demais pa-
descontinuidades que estão na vertical. É impor- râmetros a serem descritos, como o espaçamento e
tante citar que, muitas vezes, ocorrem fraturas o grau de fraturamento. Na Figura 14, observa-se
verticais a subverticais com relação à inclinação a ocorrência de algumas fraturas verticais no furo
do furo televisado, onde nem sempre é possível a FD00069 localizado na Mina Tamanduá. Estas fra-
marcação destas na fase de interpretação de ima- turas não são visíveis na caixa de testemunhos.
gens. Isso ocorre, pois, os softwares não permitem
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senoidais extremamente abertas. Entretanto é essencial que estas feições estejam caracterizadas e
façam parte dos demais parâmetros a serem descritos, como o espaçamento e o grau de
fraturamento. Na Figura 14, observa-se a ocorrência de algumas fraturas verticais no furo
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FD00069 localizado na Mina Tamanduá. Estas fraturas não são visíveis na caixa de testemunhos.
Figura
Figura1414.- No
No furo
furo FD00069, observa-seaaexistência
FD00069, observa-se existênciadedeuma
umafratura
fraturavertical,
vertical,que
queseseestende
estendepor
porcerca
cercadede
dois
doismetros.
metros.Esta
Estafratura
fraturanão
nãoé évista
vistanonotestemunho.
testemunho.AAsetasetaindica,
indica,aproximadamente,
aproximadamente, a possível localização
a possível localiza-
desta fratura
ção desta na caixa
fratura de testemunhos.
na caixa de testemunhos.
A parte final da metodologia proposta por Oliveira et al. (2014) faz referência à
construção
3.8 RQD de brilho
Teóricode um RQD teórico a partir do testemunho e contraste
virtual, tratando deespecifica para acada
forma análoga uma trecho,
scanline. O autor aconselha a utilização do parâmetro mesmo espaçamento
assim hámédio
muitadas descontinuidades,
clareza na distinção destas
A também aconselha
parte final comparar o RQD
da metodologia teóricopor
proposta com olitologias
RQD medido no testemunho de sondagem.
e seus contatos, o que facilita a compa-
Analisando
Oliveira et al. (2014) o furo GSO00023,
faz referência à construção da Mina Gongoproposta.
de ração Soco, o qual apresentou artesianismo,
um RQD realizou-se
teórico uma comparação
a partir entre o RQD
do testemunho estabelecido a partir da sondagem testemunha e o RQD
virtual, Alguns dos pontos analisados foram os ti-
tratandoderivado
de formada filmagem
análoga acom umaOTV, apósOa autor
scanline. marcação de fraturas no software WellCad.
As imagens oferecidas pelo OTV naspos de Descontinuidades,
condições apresentadas pelo a Rugosidade
furo foramde uma
aconselha a utilização do parâmetro espaçamento fratura, com uma análise simples entre Rugosa ou
consideradas de boa qualidade e os contatos mais expressivos na perfilagem geralmente podem
médio das descontinuidades,
ser visualizados também
com facilidade. Umaaconselha
observaçãoLisa, a espessura
prática a respeito das perfis é queexistentes.
dos Aberturas quando as
compararlitologias apresentam grandes contrastes deno
o RQD teórico com o RQD medido cor (contraste claro/escuro) existe a necessidade
A cada contato entre litologias, observado de
testemunho
ajustardeossondagem.
diferentes intervalos em profundidadetanto com naumaimagem
combinação de brilho e contraste
quanto no testemunho, é calcu-
Analisando
especifica o furo
para GSO00023,
cada da Mina
trecho, mesmo assimGon-
há muita clareza na distinção destas litologias e seus
lado um RQD, até que se perceba um novo conta-
go Soco,contatos, o que facilitaartesianismo,
o qual apresentou a comparaçãorealizou-
proposta.
Alguns entre
dos pontos analisados to entre
foramaos tipos litologias. Desta forma,
de Descontinuidades, pode-sedecalcular
a Rugosidade
-se uma comparação o RQD estabelecido
uma fratura, com uma análise simples RQD’s para seções do furo, e
entre Rugosa ou Lisa, a espessura das Aberturasestes variam con-
partir da sondagem testemunha e o RQD deriva-
existentes. forme o fraturamento apresentado nestas seções.
do da filmagem com OTV, após a marcação de
A cada contato entre litologias, observado Issotanto na imagem
se deve quanto no
à visualização do testemunho, é sem
material in situ,
fraturascalculado
no software WellCad.
um RQD, até que se perceba um novo acontato entrede
litologias.
existência “falsas”Desta forma,
fraturas pode-segeradas
e quebras
Ascalcular
imagens oferecidas
RQD’s pelo do
para seções OTV nas
furo, condi-
e estes variam conforme o fraturamento apresentado nestas
na sondagem às vezes pela fragilidade do mate-
ções apresentadas pelo furo foram consideradas
rial ou por quebra mecânica devido à atividade
de boa qualidade e os contatos mais expressivos
na perfilagem geralmente podem ser visualizados do equipamento de sondagem.
com facilidade. Uma observação prática a respeito Na Tabela 6, são apresentadas as estruturas
dos perfis é que quando as litologias apresentam marcadas em parte do furo GSO00023, compreen-
grandes contrastes de cor (contraste claro/escuro) dendo bandamentos, fraturas e veios. Na Figura
existe a necessidade de ajustar os diferentes in- 15 é realizada uma comparação entre o testemu-
tervalos em profundidade com uma combinação nho retirado do furo e a imagem gerada por OTV.
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Descrição quantitativa de “testemunhos virtuais” na obtenção de uma classificação
geológico-geotécnica das litologias presentes em depósitos de ferro
Tabela 6. Comparação entre as estruturas marcadas de fraturas marcadas que as passíveis de serem
com OTV e as vistas no testemunho de sondagem. analisadas nos testemunhos. Milloy (2015), Thomas
(2015) e Gwynn (2013) observam que nem sempre
Estruturas Estruturas observadas
marcadas no OTV nos testemunhos é aconselhável fazer uso do RQD calculado di-
Furo GSO00023 retamente a partir da imagem gerada pelo OTV;
11 53
96,25m – 104,6m isso se deve ao fato de que, na imagem, o maciço
pode ainda não apresentar o alívio de tensões, o
que é fator crucial para um maior fraturamento
A forma de relacionar as estruturas marcadas visto em testemunhos. Naturalmente, os testemu-
nas imagens comparando-as com o testemunho é nhos estão sujeitos também às quebras mecânicas
apresentada por Milloy et al. (2015), que em seu induzidas na extração, transporte e manuseio. As-
artigo separa também os tipos de fraturas entre as sim, a rocha mostra-se em geral bem mais íntegra
causadas de forma natural ou de forma induzida. quando observada com OTV.
No presente estudo ainda não é possível realizar
esta distinção, mas percebe-se um número menor
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Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
Tabela 7. Resultado da aplicação da proposta metodológica de Oliveira et al. (2014) para imagens obtidas com
OTV, em litologias do Quadrilátero Ferrífero.
Como forma de ilustrar os resultados obtidos na identificação de dip e dip direction de desconti-
no Quadrilátero Ferrífero, os quais estão resu- nuidades e outras estruturas tais como veios, ban-
midos na Tabela 7, registros típicos obtidos com damentos e acamadamentos. Para os demais itens
OTV são apresentados na Tabela 8, onde parte do avaliados na Tabela 7 (rocha intacta, rugosidade
furo GSO00023 foi considerada. Este trecho de 7,1 de descontinuidades, abertura, etc.), alguns são
m de comprimento representa bem o comporta- apenas parcialmente distinguíveis nas imagens,
mento médio das litologias visualizadas nos furos enquanto outros não podem ser reconhecidos e
de sondagem. De forma sintética, pode-se dizer dependem então de análise dos testemunhos para
que o televisionamento mostrou-se bem sucedido viabilizar a descrição.
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Descrição quantitativa de “testemunhos virtuais” na obtenção de uma classificação
geológico-geotécnica das litologias presentes em depósitos de ferro
Preenchi-
mento,
Profun- Dip/ Grau de
Rocha Tipos de Desconti- Rugo- percolação RQD
didade Dip Abertura Fratura-
Intacta Estrutura nuidades sidade d’água e Teórico
(m) Direction mento
alteração das
paredes
97,3 Fratura 50/195 Lisa Fechada
97,6 Bandamento 29/174
97,7 Contato 39/217
Grau de
98,4 Fratura 62/204 Lisa Fechada alteração:
Sem A1/A2
99,2 Fratura 49/203 Lisa Fechada
dispor dos
99,4 Fratura 38/212 Lisa Fechada De 96,25 a
testemu- Grau de
104,6:
99,6 nhos de Fratura 37/195 Lisa Fechada fratura-
RQD =
rocha, não mento: F2
Existência de 98%
é possível
102,5 definir-se a Fratura 21/233 Rugosa Aberta percolação de
litologia água
102,8 Fratura 28/165 Lisa Fechada
104,0 Bandamento 49/179
104,4 Bandamento 31/206
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