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Matéria: Ser Psicólogo III.

Estudantes: Bruna Thalyta da Costa Cardos, Ediene Nascimento Guimarães, Victória Mota,

Karine Faria dos Santos Andrade, Thalita Teles, Nycole Cândida Oliveira, Karis Casseb, Sarah

Galdino.

Através dos Muros.

Contextualização e Introdução:

Qual é o contexto histórico do documentário?

Quais são os eventos e fatores que levaram à ocorrência desse período sombrio da história

brasileira?

O documentário retoma ao passado que tinha como contexto histórico o período manicomial. No

início do século XIX houve influência do modelo europeu de manicômios como depósito de

“alienados”. Começaram a internação compulsória como principal forma de lidar com a loucura.

No século XX, aconteceu a expansão da rede manicomial pelo país, com tratamentos

desumanizados e condições precárias, começaram a surgir críticas à psiquiatria tradicional e ao

modelo manicomial. No final do século XX, começaram os movimentos pela reforma

psiquiátrica. Foi aprovada a Lei da Reforma Psiquiátrica em 1996 e gradualmente foram

fechando os manicômios.

Narrativa do Documentário:

Como o documentário é estruturado? Quais seus principais aspectos?

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No documentário através dos muros é apresentado por meio de entrevistas um recorte de como

funciona o caps. Os entrevistados relatam suas experiências, como é feito o tratamento,

diferenciam a forma como são tratados atualmente e as experiências que tiveram em hospitais

psiquiátricos e casas de recuperação. Além dos pacientes e familiares, os prestadores de serviço

do local contam como é o dia-a-dia do caps e falam um pouco sobre suas experiências

individuais.

Testemunhos e Entrevistas:

Quais são os principais entrevistados no documentário? Como suas experiências

contribuem para a compreensão? Qual é o impacto emocional dos testemunhos

apresentados?

Os principais entrevistados são os usuários, familiares de pacientes, e colaboradores que

integram o quadro de funcionários como psicóloga, enfermeira e recepcionista. Sob essa ótica,

eles trazem uma visão sobre a instituição CAPS, com atravessamentos dos aspectos subjetivos se

baseando na experiência pessoal e profissional. A priori, a enfermeira da instituição inicia o

documentário conceituando o que é o CAPS pela ótica dela “ CAPS é cuidado além dos muros”.

conceito que nomeia o documentário em questão.

Nesse sentido, Nelly Martins (ex paciente e familiar de usuário) relata ter sido internada

mais de cem vezes e que a internação nem se compara ao CAPS “Eu vi pessoas morrerem ao

meu lado devido aos choques” outros eram amarrados. Nesse sentido, é possível notar o

tratamento hostil e desumano vivenciado pela ex -usuária. Todavia, a realidade encontrada no

CAPS se difere em muitos pontos, ela ressalta a ideia inicial trazida pela enfermeira no início da

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obra do documentário, de que o tratamento é além do muro, visto que ele pôde ser feito em

liberdade.

Ademais, Cristiane Fagundes (usuária) destaca outro ponto relevante: o preconceito

social a respeito de pessoas que utilizam o serviço de saúde do CAPS. Ela diz ter iniciado o

tratamento e algum tempo depois alguém descobriu e expos para outras pessoas “Fui de uma

professora de balé a usuária do CAPS.” A situação evidencia o estigma a respeito do que seria a

instituição e “loucura”. Desse modo, a psicóloga Manuela enfatiza a importância de um projeto

terapêutico singular, que não é padronizado, mas que seja feito em conjunto com o usuário a fim

de que ele tenha um papel ativo para ser protagonista de sua história

Análise da Violência e Desumanização:

Como o documentário retrata a violência e a desumanização ocorridas? Que impacto essas

representações têm sobre a audiência?

No início do documentário, é feito uma contextualização histórica de como era o funcionamento

dos manicômios e da luta antimanicomial. O documentário "Além dos Muros" oferece um olhar

crucial sobre a luta antimanicomial no Brasil, expondo as atrocidades e a desumanização que

marcaram o sistema manicomial brasileiro por décadas. Através de imagens fortes e relatos

emocionantes de ex-pacientes, profissionais da saúde mental e familiares, o filme desnuda a

realidade brutal dos manicômios e o impacto devastador que tiveram na vida de milhares de

pessoas.

Durante muitas décadas fez presente o sistema manicomial no nosso país, que de forma

desastrosa tentou lidar com aqueles vistos como “loucos”. Durante o documentário, é relatado a

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forma desumana em que os prisioneiros dos manicômios eram tratados. Dentro dessas

instituições ocorria mortificação do eu, pois todos eram tratados da mesma forma, sem

possibilidade de expressão de sua singularidade. As condições básicas de sobrevivência não

eram supridas, pois essas pessoas eram o tempo todo negligenciadas. Os tratamentos dessa época

eram totalmente invasivos, como a prática de contenção física, medicação excessiva e

eletrochoques. As pessoas que eram engolidas pelos manicômios sofriam todo tipo de

humilhação, punições e traumas pois eram vistos como perigosos e incapazes pelos estigmas

sociais que se faziam presentes no corpo social daquela época.

O documentário faz um paralelo dos manicômios com as políticas públicas da atualidade,

trazendo relatos de usuários de um CAPS,que hoje visam tratar através dos muros e não dentro

dos muros como já foi um dia. Levando a audiência a refletir de forma crítica a forma com que a

sociedade ainda lida hoje com a loucura e com a diferença, além de despertar a ideia da

necessidade da luta pela continuidade de um sistema mais humano, justo e inclusivo.

Responsabilidade e Memória Coletiva:

Como o documentário aborda a questão da responsabilidade coletiva em relação ao

ocorrido?

Qual é o papel da memória coletiva na preservação da história e na prevenção de

atrocidades semelhantes no futuro?

Os CAPS foram criados como parte da transformação da luta antimanicomial,

oferecendo uma alternativa comunitária aos hospitais psiquiátricos. Eles fornecem atendimento

multidisciplinar a pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, visando a promoção da

autonomia, a reinserção social e o cuidado integral ao paciente.

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Preservação da História: A memória coletiva ajuda a preservar os relatos,

experiências e conquistas do movimento antimanicomial. Isso inclui lembrar os abusos e

violações dos direitos humanos que ocorreram nos antigos hospitais psiquiátricos, bem como os

esforços das pessoas que lutaram por mudanças e melhores práticas de tratamento.

Conscientização e Educação: Ao manter viva a memória das práticas desumanas do

passado, a memória coletiva serve como uma ferramenta educativa. Ela ajuda a conscientizar as

gerações presentes e futuras sobre os perigos da institucionalização excessiva e das violações dos

direitos das pessoas com transtornos mentais.

Prevenção de Atrocidades Futuras: Ao lembrar as atrocidades do passado, a

memória coletiva serve como um lembrete constante da necessidade de vigilância e ação

contínua para garantir que os direitos das pessoas com transtornos mentais sejam respeitados.

Isso ajuda a prevenir a repetição de práticas desumanas e abusivas no tratamento da saúde

mental.

Fortalecimento do Movimento: A memória coletiva fortalece o movimento

antimanicomial, inspirando as pessoas a continuarem lutando por mudanças e a resistirem a

retrocessos nas políticas de saúde mental. Ela também fortalece a solidariedade entre os ativistas

e defensores dos direitos humanos, criando uma base sólida para a defesa de políticas mais

humanizadas e inclusivas.

A memória coletiva desempenha um papel fundamental na preservação da história

da luta antimanicomial e na prevenção de atrocidades semelhantes no futuro, promovendo a

conscientização, a educação e o fortalecimento do movimento em prol dos direitos das pessoas

com transtornos mentais.

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Genocídios e Holocaustos:

O documentário estabelece paralelos com outros genocídios e holocaustos ao redor do

mundo?

Quais são as semelhanças e diferenças entre o Holocausto Brasileiro e outros eventos

históricos similares?

No documentário não é apresentado paralelos com outros genocídios e holocaustos pelo

mundo.

Quando falamos sobre eventos históricos mundiais que resultaram na morte de milhares de

pessoas podemos apontar em alguns eventos como o holocausto alemão,invasão polonesa,

genocídio cambojiano, entre outros.

O Holocausto Brasileiro foi responsável pela morte de 60 mil pessoas na cidade de

Barbacena, Minas Gerais e recebeu esse nome pois, segundo Franco Basaglia, o local era

semelhante à um campo de concentração nazista. O Holocausto Alemão foi o genocídio de

milhões de judeus nos campos de concentração, espaços utilizados pelos nazistas para aprisionar

povos considerados uma ameaça para os alemães, resultando na morte de cerca de seis milhões

de judeus. Durante a época do holocausto alemão, Em 1939, a Polônia, após acusações falsas

por parte da Alemanha, sofreu um ataque surpresa de cerca de 1,5 milhões de soldados alemães.

Tal ataque assombrou o país até meados de 1943, deixando mais de 200 mil pessoas mortas. Já o

genocídio cambojiano foi promovido pelo governo comunista entre 1975 e 1979. Esse genocídio

foi uma das consequências das ações tirânicas impostas no período e resultou em uma violenta

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repressão, marcada por trabalhos forçados, torturas e execuções. Estima-se que, pelo menos, 1,5

milhão de pessoas tenham morrido durante essa época.

Observando os citados episódios pode-se relacionar alguns pontos de semelhanças entre eles

como: Todos os eventos tiveram como resultado a morte de milhares de pessoas inocentes; Os

eventos foram motivados pelo desejo de se ter alguma forma de poder sobre certo grupo de

indivíduos; Os indivíduos dados como “anormais” ou “impuros” eram submetidos a diversas

torturas com diferentes justificativas para tais atos.

De mesmo modo, pode- se também observar pontos que se divergem entre os eventos citados.

Em comparação do holocausto brasileiro aos outros eventos a principal diferença se encontra no

acontecimento em si. O holocausto brasileiro se refere a tragédia do hospital psiquiátrico Colônia

em Minas Gerais, onde vítimas eram forçadas a ir para o hospital sem mesmo constar que

possuíam algum tipo de transtorno mental e cerca de 70% dos pacientes não tinham diagnóstico

prévio. Qualquer um que não se encaixasse no padrão da época era levado ao hospital como:

epiléticos, alcoolistas, homossexuais, prostitutas, meninas grávidas, crianças homens e mulheres

que haviam extraviado seus documentos, e alguns eram apenas tímidos. Os outros eventos

citados na resposta ocorreram ou foram motivados por um contexto de guerra e revolução e

foram atos não silenciosos, a população sentia e via o que acontecia, enquanto que o holocausto

brasileiro foi motivado pela falsa ideia de “limpeza da sociedade” e foi feito por muito tempo de

forma silanciosa, sem que grande parte da população soubesse o que estava se passando.

Reflexão Pessoal e Impacto Social:

Como esse documentário influencia sua compreensão e sua percepção da história

brasileira?

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De que maneira a divulgação dessas histórias pode influenciar a sociedade atual?

Perguntas Éticas e Morais:

Quais são as questões éticas e morais levantadas pelo documentário? Como podemos

aplicar as lições aprendidas com o Holocausto Brasileiro em nossa vida cotidiana?

O documentário "Através dos Muros" levanta questões profundas sobre a ética da saúde mental,

os direitos humanos e a responsabilidade social. Ele nos faz refletir sobre como tratamos as

pessoas que sofrem de transtornos mentais e como a sociedade lida com essas questões.

Quanto ao Holocausto Brasileiro, podemos aplicar as lições aprendidas em nossa vida cotidiana

sendo mais empáticos e atentos às condições das pessoas que enfrentam problemas de saúde

mental. Podemos também buscar entender melhor as necessidades dessas pessoas e lutar por

políticas públicas que garantam tratamentos dignos e respeitosos.

Ações Futuras e Engajamento Cívico:

Que ações o documentário sugere para garantir que atrocidades semelhantes nunca mais

ocorram?

Como os espectadores podem se envolver ativamente na promoção da justiça e da memória

das vítimas?

Conforme foi demonstrado no documentário, para garantir que as ações realizadas nos

manicômios não voltem a ser praticadas, é necessário manter a humanização. Tratar os pacientes

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como seres Humanos, da forma mais genuína e respeitosa possível. Como foi citado no vídeo, o

tratamento deles é singular, onde envolve não apenas os funcionários da instituição, mas também

e principalmente os pacientes. De acordo com os relatos, eles se sentem livres com a forma que

são tratados e cuidados lá dentro. Tem escolhas e tomam as próprias decisões.

Através do documentário, os telespectadores visualizam como funcionam os CAPS atualmente.

Sendo assim, começam a ter uma percepção de como os pacientes devem realmente serem

tratados e caso se deparem com atitudes contrárias as que foram impostas, devem tomar medidas

judiciais.

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