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SRT

Serviço
de Residência
Terapêutica
Cuidados
Com
Moradores
Por Diego Segala
Graduado em Psicologia
CRP 06/153623
Pós Graduado em Neuropsicologia
Psicopedagogia
Psicologia Hospitalar
Inicio

Breve Introdução Histórica sobre a


Luta Anti-manicomial
O processo de desinstituacionalização se inicia como um
movimento de luta e revolta contra o modelo asilar.

Antes da luta antimanicomial, o cenário da saúde mental no


Brasil era caracterizado por uma realidade sombria, dominada
pelos manicômios e marcada por práticas desumanas e condições
degradantes para as pessoas com transtornos mentais. Durante
essa era, as instituições psiquiátricas, conhecidas como
manicômios, eram o principal local de tratamento e internação
desses pacientes.

Nesses manicômios, as pessoas com transtornos mentais


eram frequentemente submetidas a internações prolongadas, que
podiam durar anos, ou até décadas, de suas vidas. Essas
internações eram caracterizadas por condições precárias,
superlotação, falta de higiene e tratamento desumano. Os
pacientes eram frequentemente isolados uns dos outros, privados
de interações sociais significativas e submetidos a abusos físicos
e morais.

Além disso, o tratamento oferecido nos manicômios era


frequentemente ineficaz e muitas vezes envolvia procedimentos
invasivos, como a eletroconvulsoterapia (ECT) e a lobotomia, que
causavam danos graves e irreversíveis aos pacientes. A
estigmatização era generalizada, e as pessoas com transtornos
mentais eram frequentemente abandonadas por suas famílias e
consideradas incapazes de participar da sociedade de maneira
produtiva.

Essa era sombria e desumana levou à emergência do


movimento antimanicomial nas décadas de 1970 e 1980.
Profissionais de saúde, familiares, ativistas e defensores dos
direitos humanos uniram forças para questionar e desafiar o
tratamento tradicional de saúde mental. Essa luta culminou na
promulgação da Lei 10.216/2001, conhecida como a Lei da
Reforma Psiquiátrica, que proibiu a internação compulsória em
manicômios e enfatizou a necessidade de tratamento comunitário.
A luta antimanicomial no Brasil é uma história de
transformação profunda na abordagem da saúde mental, uma
jornada que começou nas décadas de 1970 e 1980 e que continua
a moldar o cenário da saúde mental no país. Esta jornada é
marcada por eventos-chave, desenvolvimentos e desafios, todos
contribuindo para uma compreensão mais humanizada e inclusiva
do tratamento de transtornos mentais.

Os Primeiros Passos: Décadas de 1970 e 1980

O início da luta antimanicomial foi uma resposta direta ao


modelo tradicional de tratamento de saúde mental no Brasil, que
predominava até então. Nesse modelo, as pessoas com
transtornos mentais eram frequentemente submetidas a
internações prolongadas em manicômios, instituições que muitas
vezes se tornavam sinônimos de abuso, segregação e negação
dos direitos humanos. Esse cenário despertou a consciência de
profissionais de saúde, familiares e ativistas, que começaram a
questionar a lógica do sistema e a exigir mudanças.

Reforma Psiquiátrica e Desinstitucionalização: Década de


1990

A década de 1990 testemunhou o surgimento da reforma


psiquiátrica, um movimento que defendia o fechamento
progressivo dos manicômios e a criação de serviços de saúde
mental comunitários. Essa abordagem, conhecida como
desinstitucionalização, procurava reintegrar os pacientes à
sociedade e restaurar sua autonomia. Uma marco importante foi a
promulgação da Lei 10.216/2001, a Lei da Reforma Psiquiátrica,
que fortaleceu os direitos das pessoas com transtornos mentais e
proibiu a internação compulsória em manicômios.

Avanços Atuais e Desafios Contínuos: Século XXI

Hoje, a luta antimanicomial continua a moldar o sistema de


saúde mental no Brasil. Os Centros de Atenção Psicossocial
(CAPS) se espalharam pelo país, oferecendo um ambiente de
tratamento mais acessível e humanizado. Além disso, programas
de Residência Terapêutica proporcionam moradia e apoio
terapêutico para pessoas com transtornos mentais.

No entanto, desafios persistem. A falta de financiamento


adequado pode limitar a expansão e a qualidade dos serviços
comunitários. O estigma em relação à saúde mental ainda é um
problema significativo, dificultando a aceitação e a inclusão. Casos
de internações involuntárias ainda ocorrem, destacando a
necessidade de melhor implementação da lei. Além disso, a
reforma psiquiátrica enfrenta desafios estruturais, como a falta de
profissionais capacitados e a necessidade de fortalecer a rede de
cuidados.

Em suma, a luta antimanicomial representa uma jornada


significativa em direção a uma abordagem mais digna e inclusiva
na saúde mental brasileira. Superar os desafios remanescentes
exige um compromisso contínuo com a reforma do sistema de
saúde mental, maior conscientização pública e ação coordenada
de todos os setores da sociedade. É uma jornada em que a
dignidade das pessoas com transtornos mentais é o objetivo
primordial, uma busca contínua por uma sociedade mais justa e
compassiva.

A luta antimanicomial é um movimento social e político que


teve início nas últimas décadas do século XX e busca a
transformação das práticas de tratamento e cuidado em saúde
mental de instituições psiquiátricas que historicamente abrigavam
pessoas com transtornos mentais em condições desumanas.

“A luta Antimanicomial
é uma luta de todos”
Imagens a seguir são para não serem esquecidas
Manicômio de Barbacena:
Os horrores do Holocausto brasileiro
A luta Anti-manicomial
é uma luta de todos

Cuidadores e a Luta Anti-manicomial: Nurturando a


Esperança e a Dignidade

No coração da luta antimanicomial, há uma mensagem


profunda de esperança, dignidade e inclusão para aqueles que
enfrentam desafios de saúde mental. Essa luta, que se estende ao
redor do mundo, trouxe à tona a necessidade de revolucionar a
abordagem da sociedade em relação às pessoas com transtornos
mentais. E no epicentro dessa revolução estão os cuidadores de
residências terapêuticas.

Cada dia, esses cuidadores personificam os princípios


fundamentais da luta antimanicomial. Eles são os agentes da
mudança, as mãos que oferecem apoio e a voz que ressoa com
compreensão e aceitação.

Em uma residência terapêutica, um cuidador não é apenas


um observador passivo. Ele é um catalisador de transformação.
Ele compreende que a jornada em direção à recuperação e à
reintegração na sociedade é cheia de desafios, mas também
repleta de oportunidades para crescimento e superação.

O cuidador em uma residência terapêutica sabe que a


verdadeira cura começa com a empatia e a escuta ativa. Ele
entende que, por trás dos sintomas e das lutas diárias, há
indivíduos com histórias, sonhos e potencial. Ele não julga, mas
em vez disso, oferece apoio incondicional.

A luta antimanicomial ensinou a importância de ver além do


rótulo de um diagnóstico. Os cuidadores em residências
terapêuticas adotam essa lição com dedicação. Eles veem a
pessoa antes do transtorno, e acreditam que, com o ambiente e o
apoio certos, cada indivíduo pode reconquistar sua autonomia,
sua dignidade e seu lugar na sociedade.

Eles são os arquitetos de um ambiente terapêutico que


valoriza a liberdade, a participação ativa e o respeito pelos direitos
humanos. Eles se esforçam para criar um lar onde a aceitação
prevalece e onde cada pessoa é encorajada a crescer, aprender e
se fortalecer.

Os cuidadores em residências terapêuticas não apenas


cuidam, mas também capacitam. Eles capacitam as pessoas a
tomar decisões informadas sobre sua própria vida, a desenvolver
habilidades para a autonomia e a se tornarem parte integrante de
suas comunidades.

Na luta antimanicomial, o objetivo é substituir o estigma pela


compreensão, a segregação pela inclusão e a desesperança pela
esperança. Os cuidadores de residências terapêuticas são os
artífices dessa visão. Eles personificam a transformação,
demonstrando que, mesmo nas situações mais desafiadoras, a
humanidade prevalece.

Cada dia, eles nos lembram de que a verdadeira vitória é


quando a dignidade é restaurada, a esperança é renovada e a
jornada para a recuperação é compartilhada por todos. E assim, o
trabalho de um cuidador em uma residência terapêutica se
entrelaça de maneira inspiradora com a luta antimanicomial,
criando um caminho brilhante em direção a um futuro mais
compassivo, justo e inclusivo para todos.

“Ser cuidador(a) em uma SRT é ser herói(na)


todos os dias, representando um bastião de
esperança para a humanidade”

O movimento antimanicomial questionou a lógica asilar e


excludente dos manicômios, propondo uma abordagem mais
humanizada e inclusiva para o tratamento das pessoas com
transtornos mentais. Entre suas principais bandeiras estão a
desinstitucionalização, que busca o fechamento dos manicômios e
a reintegração dos pacientes na sociedade, e a valorização dos
serviços comunitários, como os Centros de Atenção Psicossocial
(CAPS), que oferecem acolhimento e tratamento em um ambiente
menos segregado,e também alternativas como o:

Serviço de Residência Terapêutica


(SRT)

Um Serviço de Residência Terapêutica (SRT) é uma


estratégia de cuidado em saúde mental que oferece um ambiente
de moradia e apoio terapêutico para pessoas com transtornos
mentais graves e persistentes. Essas residências foram criadas
como parte da reforma psiquiátrica e da luta antimanicomial,
buscando substituir o modelo de internação em hospitais
psiquiátricos, que frequentemente resultava em longos períodos
de segregação.

Algumas características essenciais para um Serviço de


Residência Terapêutica:

Moradia: As residências terapêuticas são locais onde os


residentes podem viver em um ambiente mais parecido com o de
uma casa do que com um hospital. Geralmente, grupos pequenos
de pessoas vivem juntas em uma casa ou apartamento,
proporcionando um ambiente mais familiar.

Apoio Terapêutico: Além de fornecer moradia, as SRTs


oferecem apoio terapêutico aos residentes. Isso pode incluir
acompanhamento psicológico, social e psiquiátrico, conforme
necessário. O objetivo é promover a reintegração social, a
autonomia e a estabilidade emocional.

Integração na Comunidade: As SRTs geralmente estão


localizadas em comunidades urbanas ou rurais, permitindo que os
residentes se integrem mais facilmente na vida comunitária. Isso
ajuda a reduzir o estigma e promover a inclusão social.
Atenção Individualizada: O cuidado prestado nas
residências é adaptado às necessidades individuais de cada
residente. Os planos de cuidado são elaborados com base na
avaliação das necessidades de saúde mental e de apoio social de
cada pessoa.

Rede de Apoio: As SRTs geralmente trabalham em parceria


com outros serviços de saúde mental, como Centros de Atenção
Psicossocial (CAPS), hospitais gerais e serviços sociais, para
garantir uma abordagem integrada e abrangente.

Reabilitação Psicossocial: O foco não está apenas na


estabilização clínica, mas também na reabilitação psicossocial.
Isso significa ajudar os residentes a desenvolver habilidades
sociais, profissionais e de autocuidado para que possam se
reintegrar à sociedade.

As Residências Terapêuticas desempenham um papel


fundamental na desinstitucionalização da saúde mental,
oferecendo uma alternativa mais humanizada e inclusiva aos
antigos hospitais psiquiátricos. Elas são parte integrante da
abordagem de cuidado com base na comunidade, que valoriza a
autonomia e a dignidade das pessoas com transtornos mentais.

Papel do(a) cuidador(a)


em uma SRT

As atribuições de um cuidador em um serviço de Residência


Terapêutica podem variar de acordo com as necessidades
específicas dos residentes e a estrutura do serviço, mas, em geral,
incluem as seguintes responsabilidades:

Apoio às Atividades da Vida Diária (AVD): Auxiliar os


residentes nas atividades cotidianas, como higiene pessoal,
alimentação, vestimenta, administração de medicamentos e
manutenção do ambiente de moradia.

Acompanhamento Terapêutico: Participar de sessões


terapêuticas e atividades de reabilitação com os residentes,
conforme orientação dos profissionais de saúde mental, como
psicólogos e psiquiatras.

Monitoramento da Saúde Mental: Observar e relatar


quaisquer mudanças no comportamento ou no estado de saúde
mental dos residentes. Isso pode incluir o acompanhamento de
sintomas, reações a medicamentos e eventuais crises.

Promoção da Autonomia: Estimular a independência dos


residentes sempre que possível, auxiliando-os a desenvolver
habilidades que lhes permitam cuidar de si mesmos e tomar
decisões informadas.

Administração de Medicamentos: Garantir que os


medicamentos sejam administrados de acordo com as prescrições
médicas, monitorando os efeitos colaterais e observando qualquer
sinal de reação adversa.

Atenção à Segurança: Manter um ambiente seguro,


identificando e mitigando potenciais riscos, especialmente em
casos de residentes com comportamentos de risco.

Integração Social: Promover a participação dos residentes


em atividades sociais e comunitárias, ajudando a criar
oportunidades para interações sociais saudáveis.

Comunicação: Manter uma comunicação eficaz com a


equipe multidisciplinar, familiares e outros cuidadores,
compartilhando informações relevantes sobre o bem-estar dos
residentes.

Apoio Emocional: Oferecer apoio emocional e suporte


afetivo aos residentes, demonstrando empatia e compreensão em
relação às suas necessidades e preocupações.

Documentação e Registro: Manter registros precisos e


atualizados sobre o progresso dos residentes, incluindo
informações sobre a administração de medicamentos, avaliações
de saúde e eventos relevantes.

Treinamento e Educação Continuada: Participar de


treinamentos e cursos de capacitação para se manter atualizado
sobre práticas de cuidado em saúde mental e estratégias de
reabilitação.

Respeito aos Direitos Humanos: Garantir que os direitos


humanos dos residentes sejam respeitados em todos os
momentos, promovendo sua dignidade, privacidade e liberdade.

É importante observar que o papel de um cuidador em uma


Residência Terapêutica exige sensibilidade, compreensão e
habilidades de comunicação. Além disso, a colaboração com a
equipe multidisciplinar, que inclui profissionais de saúde mental,
assistentes sociais e outros, é fundamental para proporcionar um
cuidado integral e eficaz aos residentes.

O que é um Surto Psicótico?

Um surto psicótico é um estado mental no qual uma pessoa


experimenta uma ruptura com a realidade. Isso pode envolver
uma série de sintomas, como alucinações, delírios, pensamentos
desorganizados e comportamento bizarro. Quando um morador de
um serviço de residência terapêutica tem um surto psicótico,
significa que ele está enfrentando um episódio agudo de sintomas
psicóticos.

Aqui estão alguns elementos comuns que podem estar


presentes em um surto psicótico de um morador em um serviço de
residência terapêutica:

Alucinações: O morador pode experimentar alucinações,


que são percepções sensoriais que não têm base na realidade.
Isso pode incluir ouvir vozes, ver coisas que não estão lá, sentir
sensações estranhas ou ter sabores e odores inexplicáveis.

Delírios: Delírios são crenças fixas e falsas que a pessoa


mantém mesmo quando confrontada com evidências contrárias.
Por exemplo, o morador pode acreditar que está sendo
perseguido, que tem poderes especiais ou que está em uma
missão importante.
Pensamento Desorganizado: O pensamento do morador
pode ficar desorganizado, levando a discursos incoerentes e
difíceis de seguir. Eles podem pular de um tópico para outro sem
uma lógica clara.

Comportamento Bizarro: O comportamento pode se tornar


incomum e imprevisível. Isso pode incluir agitação, isolamento
social, movimentos repetitivos ou ações que não fazem sentido.

Desconexão com a Realidade: O morador pode parecer


desconectado da realidade circundante, respondendo de forma
inadequada a estímulos externos ou mostrando um interesse
excessivo em suas próprias percepções ou delírios.

Desconforto e Angústia: Muitas vezes, os surtos psicóticos


são acompanhados de desconforto emocional e angústia, tanto
para o morador quanto para as pessoas ao seu redor.

É importante entender que um surto psicótico não é o


resultado de um comportamento deliberado ou de uma escolha da
pessoa afetada. É um sintoma de um distúrbio psiquiátrico
subjacente, como esquizofrenia, transtorno bipolar ou transtorno
delirante. Em uma residência terapêutica, a equipe de cuidadores
e profissionais de saúde mental está preparada para lidar com
surtos psicóticos de maneira adequada e compassiva, seguindo
protocolos de intervenção e garantindo o bem-estar e a segurança
do morador durante esse episódio.

Agressividade durante um surto psicótico

A agressividade durante um surto psicótico de um morador


em um serviço de residência terapêutica é um desafio complexo
que exige uma abordagem cuidadosa e compreensiva por parte
da equipe de cuidadores e profissionais de saúde mental. Durante
esses episódios, os indivíduos podem se tornar agressivos devido
a uma série de fatores, incluindo confusão, medo, paranoia,
delírios ou alucinações. Aqui estão algumas informações
importantes sobre a agressividade durante um surto psicótico:

Compreensão da Causa: É fundamental que a equipe de


cuidadores busque entender a causa subjacente da agressividade.
Isso pode envolver a identificação de gatilhos específicos, como
delírios perturbadores ou alucinações ameaçadoras, que estejam
contribuindo para o comportamento agressivo.

Intervenção Calma e Empática: É importante que os


cuidadores mantenham a calma e abordem o morador com
empatia durante um surto psicótico agressivo. Tentativas de
acalmar a pessoa com voz tranquila e palavras tranquilizadoras
podem ser eficazes.

Priorização da Segurança: A segurança de todos os


envolvidos, incluindo o morador e os cuidadores, deve ser a
principal prioridade. Isso pode envolver a remoção de objetos
perigosos do ambiente e a garantia de que a equipe de
cuidadores esteja treinada para intervenções de contenção segura,
se necessário.

Evitar Confronto: Evitar o confronto direto com a pessoa


em surto é aconselhável. Tentar argumentar ou contradizer
delírios ou alucinações pode aumentar a agressividade. Em vez
disso, ofereça apoio e reassegure que você está lá para ajudar.

Redução da Estimulação: Reduzir a estimulação ambiental,


como barulho e luz, pode ajudar a acalmar a pessoa durante um
surto psicótico. Isso pode incluir direcioná-los para um ambiente
tranquilo e seguro.

Intervenção Profissional: Em muitos casos, a intervenção


de um profissional de saúde mental é necessária para avaliar a
situação e determinar se medicação antipsicótica é apropriada
para acalmar os sintomas psicóticos e agressivos.

Registro e Documentação: É importante manter um


registro detalhado do incidente, incluindo a sequência de eventos,
o comportamento do morador e qualquer intervenção realizada.
Isso pode ser valioso para avaliações posteriores e tratamento
contínuo.

Plano de Crise: Ter um plano de crise pré-estabelecido em


colaboração com a equipe de saúde mental e o morador pode ser
extremamente útil em situações de surto psicótico agressivo. Esse
plano deve incluir diretrizes claras sobre como lidar com a
agressividade e quais medidas de segurança tomar.
Apoio Pós-Crise: Após a crise, é essencial oferecer apoio
contínuo ao morador, incluindo acompanhamento terapêutico e
revisão do tratamento. Isso pode ajudar a prevenir surtos futuros.

Lidar com a agressividade durante um surto psicótico é


desafiador, mas é importante abordar o morador com empatia,
compreensão e segurança. A equipe de cuidadores e os
profissionais de saúde mental devem trabalhar em conjunto para
criar um ambiente terapêutico que minimize o risco de agressão e
promova a estabilidade e a recuperação do morador.

Prevenir um surto psicótico

Prevenir um surto psicótico em um morador de um serviço


terapêutico requer uma abordagem cuidadosa e multidisciplinar,
envolvendo o cuidador, a equipe de saúde mental e o próprio
morador. Aqui estão algumas estratégias que um cuidador pode
adotar:

Conheça o Morador: Entender o histórico médico e


psiquiátrico do morador é crucial. Converse com a equipe de
saúde mental para obter informações relevantes sobre o
diagnóstico, os gatilhos e os sintomas anteriores.

Observação Atenta: Mantenha uma observação constante


sobre o comportamento do morador. Esteja atento a mudanças
sutis em seu humor, pensamentos ou comportamento que possam
indicar a proximidade de um surto.

Comunique-se: Estabeleça uma comunicação aberta e


confiável com o morador. Encoraje-o a expressar seus
sentimentos e preocupações. Esteja disposto a ouvir atentamente
e validar suas emoções.

Plano de Crise: Desenvolva um plano de crise em conjunto


com a equipe de saúde mental e o morador. Este plano deve
incluir estratégias para lidar com sintomas emergentes e contatos
de emergência, como o terapeuta ou psiquiatra.
Promova a Rotina e o Equilíbrio: Mantenha uma rotina
consistente para o morador, que inclua horários regulares para
alimentação, sono, medicação e atividades terapêuticas. O
equilíbrio entre atividades e momentos de descanso é
fundamental.

Ensine Estratégias de Enfrentamento: Ajude o morador a


desenvolver habilidades de enfrentamento, como técnicas de
relaxamento, meditação ou respiração profunda, que possam
ajudá-lo a lidar com o estresse e a ansiedade.

Evite Gatilhos: Converse com o morador sobre possíveis


gatilhos que desencadeiem seus sintomas psicóticos e trabalhe
juntos para minimizá-los ou desenvolver estratégias para enfrentá-
los.

Comunique-se com a Equipe de Saúde Mental: Mantenha


uma comunicação regular com a equipe de saúde mental que
acompanha o morador. Relate quaisquer preocupações ou
mudanças em seu comportamento para que a equipe possa tomar
medidas apropriadas.

Ambiente Seguro: Crie um ambiente seguro e acolhedor na


residência terapêutica. Isso inclui minimizar o estresse ambiental,
como ruídos excessivos, conflitos interpessoais ou outros fatores
desencadeantes.

Lembrando que cada morador é único, e as estratégias de


prevenção podem variar. É essencial trabalhar em colaboração
com a equipe de saúde mental e o próprio morador para
desenvolver um plano individualizado de prevenção de surtos. Em
casos de emergência ou quando houver sinais claros de um surto
iminente, é importante contatar imediatamente um profissional de
saúde mental ou seguir o plano de crise estabelecido.

Identificando uma possível crise psicótica

A previsão de um surto psicótico em um morador de um


serviço de residência terapêutica pode ser um desafio, pois esses
eventos muitas vezes são imprevisíveis. No entanto, é possível
estar atento a sinais de alerta que podem indicar um risco
aumentado de surto. É importante lembrar que a previsão não é
uma ciência exata, mas a observação cuidadosa e a colaboração
com a equipe de saúde mental podem ser úteis. Aqui estão
algumas estratégias:

Conheça o Histórico: Converse com a equipe de saúde


mental para obter informações detalhadas sobre o histórico do
morador, incluindo episódios anteriores de surtos psicóticos, seus
sintomas característicos e os fatores desencadeantes comuns.

Observe Mudanças de Comportamento: Esteja atento a


mudanças significativas no comportamento, humor e
pensamentos do morador. Mudanças abruptas ou extremas
podem ser indicativos de um possível surto.

Identifique Sinais de Alerta: Esteja atento a sinais de alerta


específicos que possam ser indicativos de um surto iminente,
como aumento da ansiedade, insônia, agitação, isolamento social,
paranoia ou pensamentos delirantes.

O que fazer durante uma crise psicótica?

Durante uma crise psicótica, é importante agir com calma e


seguir algumas orientações para garantir a segurança e o bem-
estar do indivíduo em questão. Aqui estão algumas medidas a
serem consideradas:

Mantenha a Calma: Mantenha a compostura e a calma ao lidar


com a situação. Isso ajudará a transmitir uma sensação de
segurança ao indivíduo em crise.

Evite Confrontação: Evite confrontar ou negar as experiências


delirantes ou alucinações do indivíduo. Respeite suas percepções,
mesmo que você não as compreenda.

Estabeleça uma Distância Segura: Mantenha uma distância


segura, permitindo que o indivíduo tenha espaço pessoal. Evite
tocar a pessoa, a menos que seja necessário para sua própria
segurança.

Comunique-se com Calma: Fale de maneira tranquila, suave e


clara. Use frases curtas e simples. Evite falar em tom agressivo ou
ameaçador.

Ofereça Suporte: Ofereça-se para ficar ao lado da pessoa e ouvir,


se ela estiver disposta a falar. Ouvir atentamente pode ajudar a
acalmar a situação.

Evite Estímulos Excessivos: Reduza estímulos sensoriais


excessivos, como luzes brilhantes, barulhos altos ou multidões,
que podem aumentar a agitação.

Lembre-se do Plano de Crise: Se houver um plano de ação


prévio, siga as orientações desse plano para lidar com a crise.
Isso pode incluir contatos de emergência ou instruções
específicas.

Peça Ajuda Profissional: Se a situação estiver fora de controle


ou se a segurança da pessoa estiver em risco, considere chamar
profissionais de saúde mental, como um médico, psiquiatra ou
equipe de atendimento de emergência.

Reduza o Estresse: Ofereça técnicas de relaxamento, como


respiração profunda, para ajudar a pessoa a se acalmar. Tente
criar um ambiente tranquilo.

Evite Aprisionamento: Evite bloquear a saída ou o movimento da


pessoa, a menos que seja absolutamente necessário para garantir
a segurança.

Seja Respeitoso: Trate a pessoa com respeito e dignidade,


lembrando que ela está passando por uma experiência difícil.

Monitore a Respiração e Pulsação: Se a pessoa estiver em


pânico ou agitada, observe a respiração e a pulsação. Se houver
qualquer sinal de dificuldade respiratória ou aumento alarmante na
frequência cardíaca, procure ajuda médica imediatamente.

Lembrando que cada situação é única e pode variar. Se


você não se sentir capaz de lidar com a situação sozinho, não
hesite em procurar ajuda profissional ou contatar serviços de
emergência.

Quanto tempo dura uma crise psicótica?

A duração de uma crise psicótica pode variar


significativamente de pessoa para pessoa e depende de diversos
fatores, incluindo o tipo de transtorno psicótico, a gravidade dos
sintomas, a resposta ao tratamento e outros elementos individuais.

Em alguns casos, uma crise psicótica pode ser breve,


durando apenas algumas horas ou um dia. Em outros casos, pode
se estender por vários dias, semanas ou mesmo mais tempo.
Transtornos como a esquizofrenia podem envolver episódios
psicóticos que duram semanas ou meses, enquanto transtornos
afetivos, como o transtorno bipolar, podem ter episódios psicóticos
durante fases de mania ou depressão.

A intervenção adequada e o tratamento podem ajudar a


encurtar a duração das crises psicóticas e a reduzir a gravidade
dos sintomas. É importante que indivíduos que estejam passando
por uma crise psicótica recebam o apoio e a atenção necessários
de profissionais de saúde mental para minimizar o impacto da
crise e iniciar o tratamento apropriado o mais rápido possível.

Pósvenção de Crise

Comunicar a rede de apoio: após uma crise psicótica é


uma etapa importante no processo de recuperação e no
estabelecimento de um sistema de apoio eficaz para o indivíduo.
Lembrando que a comunicação com a rede de apoio deve ser
guiada pelo bem-estar do indivíduo e por seu consentimento
sempre que possível. Trabalhar em conjunto com a rede de apoio
pode ser um passo importante na jornada de recuperação após
uma crise psicótica.
Relatar a equipe: sobre uma crise psicótica é uma parte
crucial do processo de cuidado e apoio ao indivíduo que está
passando por essa situação. É importante lembrar de comunicar
essas informações de maneira sensível e respeitosa, mantendo o
foco no bem-estar e na recuperação do morador. O relato à
equipe ajuda a garantir que todos os membros da equipe estejam
cientes da situação e possam trabalhar juntos para fornecer o
melhor suporte possível ao indivíduo.

Transição de plantão: em uma Residência Terapêutica


(SRT) é um momento crítico para garantir a continuidade do
cuidado e a segurança dos moradores. É uma oportunidade para
compartilhar informações importantes sobre a situação dos
moradores e as atividades realizadas durante o turno anterior.
Uma comunicação eficaz e a transferência adequada de
informações são essenciais para garantir que os moradores
continuem recebendo o apoio necessário e que a equipe de
cuidadores possa fornecer cuidados de qualidade.

Atitudes que facilitam o trabalho para um


cuidador de SRT

Empatia: A empatia desempenha um papel fundamental na


prestação de cuidados em uma Serviço de Residência
Terapêutica (SRT). Ela é uma qualidade essencial que permite ao
cuidador entender e responder às necessidades emocionais dos
moradores de forma sensível e compassiva.
Calma: Voz calma transmite calma, cuidado com ordens e
contrariar. É importante que os cuidadores mantenham a calma e
abordem o morador com empatia durante um surto psicótico
agressivo. Tentativas de acalmar a pessoa com voz tranquila e
palavras tranquilizadoras podem ser eficazes.
Ouvir: é uma habilidade essencial para um cuidador em um
Serviço de Residência Terapêutica (SRT). O ato de ouvir de forma
atenta e compassiva contribui para a qualidade do cuidado e o
bem-estar dos moradores. Pode parecer simples, mas ouvir ajuda
e muito o morador.
O que é um plano de crise ?

Um plano de crise, também conhecido como plano de


segurança, é um conjunto de estratégias e orientações pré-
estabelecidas para ajudar uma pessoa a lidar com situações de
crise relacionadas à sua saúde mental. Geralmente, esses planos
são desenvolvidos em colaboração entre o paciente e
profissionais de saúde mental, visando proporcionar apoio quando
os sintomas piorarem ou quando houver risco de comportamentos
perigosos.

A ideia principal por trás de um plano de crise é fornecer


diretrizes claras para o indivíduo e aqueles ao seu redor sobre o
que fazer em momentos de dificuldade ou quando os sintomas
psicóticos se intensificarem. Isso pode ajudar a pessoa a se sentir
mais preparada para lidar com os desafios que podem surgir e
pode também proporcionar um senso de controle sobre sua
própria saúde mental.

Um plano de crise geralmente inclui:

Sintomas de Alerta: Descrição dos sinais de que os sintomas


estão piorando ou de que a crise está se aproximando.

Contatos de Emergência: Números de telefone de profissionais


de saúde mental, médicos, familiares ou amigos que podem ser
contatados em caso de crise.

Passos de Autocuidado: Estratégias específicas que a pessoa


pode adotar para ajudar a se acalmar, como técnicas de
relaxamento, meditação ou exercícios respiratórios.

Medicação: Se houver medicação prescrita, detalhes sobre como


e quando tomar a medicação durante a crise.

Locais de Apoio: Lugares seguros e acolhedores que a pessoa


pode frequentar, como a casa de um amigo, um centro de saúde
mental ou uma instituição de emergência.
Orientações para Contatos Pessoais: Instruções sobre como
pedir ajuda a amigos, familiares ou colegas de trabalho, incluindo
o que dizer e como explicar a situação.

Planos de Emergência: Etapas a serem seguidas se a crise se


intensificar e se tornar um risco imediato para a pessoa ou para os
outros.

Revisão Regular: O plano deve ser revisado regularmente com


profissionais de saúde mental para garantir que esteja atualizado
e relevante.

Ter um plano de crise pode ser reconfortante para a pessoa


e seus cuidadores, pois oferece um guia claro para enfrentar
momentos difíceis. No entanto, é importante que esse plano seja
desenvolvido com a ajuda de profissionais de saúde mental,
levando em consideração a situação específica da pessoa e suas
necessidades individuais.

Plano de Crise - Passo a Passo

O básico para criar um plano de crise. Lembre-se de que


cada plano deve ser personalizado para atender às necessidades
e circunstâncias específicas da pessoa:

Identificação de Sintomas de Alerta:

Liste os sinais de que os sintomas estão piorando ou que


uma crise está se aproximando. Isso pode incluir alterações no
sono, humor, pensamentos ou comportamentos.
Contatos de Emergência:

Liste números de telefone de profissionais de saúde mental,


médicos, terapeutas, amigos ou familiares que possam ser
contatados em caso de crise.

Estratégias de Autocuidado:
Descreva técnicas de relaxamento, respiração profunda,
meditação ou outras práticas que a pessoa pode adotar para
acalmar-se durante a crise.

Medicação:

Se houver medicação prescrita, inclua informações sobre


quais medicamentos tomar, as dosagens e a frequência durante a
crise.

Locais de Apoio:

Liste lugares onde a pessoa se sente segura e acolhida,


como a casa de um amigo, um centro de saúde mental ou uma
instituição de emergência.

Contatos Pessoais:

Indique pessoas de confiança que a pessoa pode contatar


para pedir apoio, incluindo o que dizer e como explicar a situação.

Plano de Emergência:

Descreva etapas a serem seguidas se a crise se intensificar


e representar um risco imediato. Isso pode incluir ligar para
serviços de emergência, procurar ajuda médica ou entrar em
contato com um profissional de saúde mental.

Lista de Recursos:

Inclua informações sobre linhas de apoio, organizações de


saúde mental ou grupos de apoio locais que possam oferecer
suporte adicional durante uma crise.

Assinatura e Revisão:

O plano deve ser elaborado e revisado, quando possível,


junto do paciente e regularmente por um profissional de saúde
mental para garantir sua eficácia e atualização.

Lembre-se de que um plano de crise deve ser adaptado às


necessidades e preferências individuais da pessoa, em
colaboração com profissionais de saúde mental. Também é
importante que a pessoa compartilhe o plano com cuidadores,
familiares ou amigos de confiança para que todos estejam cientes
das medidas a serem tomadas em caso de crise.

Exemplo de plano de crise


Aqui está um exemplo simplificado de um plano de crise
para uma pessoa com transtorno de ansiedade:

Identificação:

Nome:
Data de Nascimento:

Contatos de Emergência:

Terapeuta: Dra. Ana (Telefone: (XX) XXXX-XXXX)


Irmã: Maria (Telefone: (XX) XXXX-XXXX)

Sintomas de Alerta:

Insônia frequente
Pensamentos acelerados
Sentimentos intensos de ansiedade

Estratégias de Autocuidado:

Praticar respiração profunda por 5 minutos


Anotar pensamentos ansiosos em um diário
Fazer uma caminhada para relaxar

Medicação:

Tomar 1 comprimido de Lorazepam (1 mg) em caso de crise grave.


Locais de Apoio:

Casa da irmã Maria

Contatos Pessoais:

Ligar para Maria e explicar o que está sentindo.

Plano de Emergência:

Tente usar as estratégias de autocuidado.


Se os sintomas persistirem e se intensificarem, tome 1
comprimido de Lorazepam.
Ligue para o terapeuta, Dra. Ana, para agendar uma consulta o
mais rápido possível.
Se a ansiedade se tornar insuportável e você sentir que está em
perigo, ligue para Maria ou vá até a casa dela.
Se sentir que está em perigo iminente, ligue para o serviço de
emergência (192) ou vá ao pronto-socorro.

Lista de Recursos:

Centro de Apoio Psicológico: (XX) XXXX-XXXX


Linha de Apoio em Crises: XXXXX-XXXX
Grupo de Apoio Local: [Nome e contato]

Assinatura e Revisão:

Este plano de Crise, foi elaborado e revisado para nortear ações a


serem tomadas em caso de crise.

Assinatura: __________________
Data: ______________

IMPORTANTE: Lembre-se de que esse é apenas um


exemplo simplificado. Cada plano de crise deve ser adaptado às
necessidades específicas da pessoa e desenvolvido com a ajuda
de profissionais de saúde mental.
“Certifica-te de que és um fator de
soma na vida das pessoas de quem
participa.”
- Cicero

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