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TEXTO “O HOMEM DO PELOURINHO”,

Franco Baságlia

Psicologia Social – Prof. Ana Melo


Loucura e normalidade
O que é saúde mental? O que é doença mental?

Sofrimento psicológico e desadaptação social.

A patologização do sofrimento psíquico.

O olhar da Psiquiatria/ O olhar da Psicologia


“Estou de acordo que um esquizofrênico é um
esquizofrênico, mas uma coisa é importante: ele é um
homem e tem necessidade de afeto, de dinheiro e de
trabalho; é um homem total e nós devemos responder não
à sua esquizofrenia mas ao seu ser social e político.”

Franco Baságlia
PSIQUIATRIA: controle, reclusão, eliminação

Complexo Hospitalar Juquery (antigo Asilo de Alienados do Juquery)


inaugurado em 1898 e dirigido pelo médico Franco da Rocha,
atualmente quase totalmente desativado.
Aparelhos de Eletrochoque do Juquery
Instrumentos utilizados na reabilitação do paciente:
tratamento ou tortura?
Aparelho usado no Juquery para medir a
circunferência do crânio.

FRENOLOGIA: leitura do caráter e graus de


criminalidade pela forma da cabeça, caroços ou
protuberâncias (médico alemão Franz Joseph
Gall/1800)
LOBOTOMIA/ LEUCOTOMIA: são seccionadas vias que
ligam lobos frontais ao tálamo e vias frontais
associadas (1935/médico português Antonio Moniz)

Levava ao estado sedado, de baixa reatividade


emocional nos pacientes.

Dr. Walter Freeman e Dr. James W.


Watts estudam radiografia antes de
uma psicocirurgia
ARTE: recurso terapêutico para pacientes psiquiátricos

Obras da Escola Livre de Artes Plásticas (Juquery, entre 1956 e anos


70), fundada por Dr. Osório César
PSIQUIATRIA E DESINSTITUCIONALIZAÇÃO
• Dr. Franco Baságlia (1924-1980), psiquiatra, deputado do
Parlamento Italiano.

• Criador da Lei 180 (13/05/1978): Psiquiatria Democrática


Italiana - extinção progressiva dos hospitais psiquiátricos e
criação de serviços alternativos.

• Luta pela cidadania, tratamento digno e nova concepção


sobre o transtorno mental.
DESINSTITUCIONALIZAÇÃO NO BRASIL
• Santos,1992: construção dos NAPS (Núcleo de Atenção
Psicossocial), leitos psiquiátricos em hospital geral, projetos
de moradia, etc.

• Projeto de Lei Paulo Delgado (2001): tratamento em serviços


de base comunitária (proximidade à família e meio social).

• CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), Hospitais Dia, Centros


de Convivência, Residências terapêuticas.
A VIDA DA SEGREGAÇÃO
• Para o homem moralmente desviado: a prisão; para o
homem doente do espírito: o manicômio. (p. 2).

• Prisão e manicômio: idêntica função de tutela e defesa da


“norma”.

• “(...) a finalidade implícita dos estabelecimentos de


reeducação e de tratamento é a supressão dos que
deveriam ser reeducados e curados.” (p.3)
ESTRUTURA ECONÔMICA E ORGANIZAÇÃO SOCIAL

• Revolução Industrial: surgimento dos manicômios.

• Relação entre homem e produção: separação dos


produtivos e improdutivos.

• Criação de critérios de discriminação em prol do ritmo


produtivo.
SEPARAÇÃO DOS LOUCOS E DELINQUENTES

Instituições reabilitadoras tem dupla função:

1. A violência como sistema concreto de eliminação e


destruição;

2. A violência como ameaça simbólica desta destruição e


eliminação.
A TORTURA: assume uma forma organizada, convertendo-
se em uma instituição.
“A tortura como instituição é o único instrumento que seus
políticos, ou seja, os militares sabem usar para o controle das
situações que não podem ser controladas, a não ser através de
um contínuo estado de ameaça de violência.” (p.4)
LOGICA DA SUBORDINAÇÃO E REPRESSÃO

DOENÇA E CRIME são “desculpas” perfeitas para


eliminar a todos que impedem o normal
funcionamento social.

Premissa para a
culpabilização individual.
MASCARAMENTO E LEGITIMAÇÃO

• Ideologias científicas: Manicômios justificam sua natureza


violenta e segregante pela ideia de “irrecuperabilidade da
enfermidade”.
Atmosfera paranóide
• Real ou criada artificialmente, contribui para enfraquecer as
oposições que vivem em um estado de ameaça contínua.
CARANDIRU:
violência explícita e massacre como sistema arcaico de colonização
 Em 2 de outubro de 1992,uma intervenção da PM de São Paulo, para
conter uma rebelião, causou a morte de 111 detentos
CARANDIRU
Qual a classe social a que pertencem os
clientes das prisões e manicômios?
• O “diferente” da classe dominante é aceito como um fenômeno
humano que tem necessidade de respostas particulares, além
disso não tem problemas de reinserção e recuperação.

• O “diferente” da classe oprimida não é aceito e as respostas que


lhe são dadas servem somente para eliminá-lo.
Que se pretende fazer dos reabilitados? Há lugar para eles
em nossa sociedade?

RECONHECIMENTO X INVISIBILIDADE
“ (...) trata-se do sentido de pertencer à sociedade, totalmente
ausente tanto nos internados de manicômios como nos de cárceres.

(...) os internados não podem se reconhecer nessa sociedade que


os castiga, segrega, destrói sem lhes oferecer uma alternativa
possível.” (p. 14)
Qual a tarefa do psiquiatra, do criminólogo,
do psicólogo...?

• Adotar uma ação que ao mesmo tempo conduza a prestação


de serviço e contribua para a sua tomada de consciência.

• O profissional deve tomar consciência de que sua intervenção


tem finalidade política e que deve ser agente de
transformação.
Bibliografia

Baságlia, Franco. O Homem do Pelourinho


https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5263599/mod_resource/content/1/BASAGLIA%20O
%20homem%20no%20pelourinho.pdf

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