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A POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE MENTAL

E A ORGANIZAÇÃO DA REDE DE ATENÇÃO


PSICOSSOCIAL NO SUS.

PROF.ª: FERNANDA FREITAS


A HISTÓRIA DA LOUCURA

Os transtornos mentais eram associados à religião e


a única forma de tratamento utilizada era a tortura.
Como uma possessão demoníaca, sessões de
exorcismo eram praticadas para se livrar da loucura
e até mesmo a técnica de trepanação.
A HISTÓRIA DA LOUCURA

Na Idade Média, os loucos herdavam os mesmo espaços onde


os leprosos eram exilados e abandonados até a sua morte, os
heréticos, aqueles que eram contrários aos dogmas
estabelecidos pela Igreja, a instituição que dominava todos os
saberes e indivíduos, eram considerados os loucos por serem
os excluídos do Reino de Deus. 

No Renascimento, as práticas de perseguição só pioraram, os


loucos seriam os vagabundos e devassos. Existia um “projeto
de limpeza” em que mandavam todos os que não participavam
do mercado de trabalho para bem longe das cidades, os
rejeitados então, eram levados embora numa embarcação.
O confinamento solitário era característico como
tratamento aos loucos até meados do século XVIII no
hospital La Salpêtrière. Os loucos eram
acorrentados, pois acreditavam que isso acabava com
a agitação do corpo e a da mente, possibilitando a
volta da razão.
SEGREGAÇÃO

Entre os loucos, estavam: enfermos, presidiários,


alquimistas, homossexuais, prostitutas, deficientes,
idosos e órfãos. Eles eram abandonados como uma
forma de higienização social, e aqueles vistos como
normais ajudavam a construir uma sociedade
melhor, limpando e aprisionando os indesejados
para não contaminar o restante da população.
OBJETO DE ESTUDO PARA A PSIQUIATRIA

XIX-Philippe Pinel determinou a remoção das


correntes e buscou um equilíbrio entre a exclusão e
a assistência terapêutica.

Phillipe Pinel separava os doentes por tipo de


“desvio” ou “alienação mental” (paixões, delírios,
manias e melancolias). Desse modo, as patologias
mentais começaram a ser reconhecidas, nomeadas e
estudadas. A loucura caiu numa rede de objetividade
e significações da psiquiatria.
A psiquiatria do século XIX

Acorrentar os internados em salas escuras, extração


de dentes, coma provocado por insulina, violência
física e psicológica, privação alimentar como castigo,
o uso de camisas de força e até mesmo assassinatos,
onde os próprios funcionários dos hospitais
matavam os internados.

 Berço de Utica- AVC e ataques cardíacos


 Amputação do clitóris.
HIDROTERAPIA

O internado era enrolado numa rede e mantido


dentro de uma banheira encoberta por uma lona com
um buraco apenas para a cabeça. Na banheira, ele
deveria permanecer por horas e até dias numa água
muito gelada e fervente, colocadas alternadamente.
Para os psiquiatras, o banho prolongado induzia à
fadiga psicológica e estimulava a produção de
secreções da pele e dos rins, o que podia reestruturar
as funções do cérebro.
Eles tinham a crença que ao rodar o paciente até o
desmaio iria curar a esquizofrenia e outras doenças
mentais, “embaralhando” o conteúdo do cérebro.
ELETROCHOQUE

A terapia de eletrochoque
ou eletroconvulsoterapia (ECT) foi muito utilizada
para tratar a esquizofrenia, mas como já vimos, os
tratamento eram muito usados como forma de
castigo e controle, então aplicavam essa técnica para
conter os internados e apagar suas memórias.
AVANÇOS

Em 1950 com a introdução dos psicofármacos como


a clorpromazina que acalmava o paciente psicótico,
as cirurgias de lobotomia foram reduzidas.

Com os antipsicóticos, os pacientes deixaram de


passar 30 anos num manicômio para ficar só 30 dias.
Ou seja, eram tratados e devolvidos à sociedade, que
teve de aprender a lidar com eles de outras formas. 
ANTECEDENTES DA POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE
MENTAL

Mobilização de usuários, familiares e trabalhadores da


saúde iniciada na década de 80.

Mudar a realidade dos manicômios onde viviam mais


de 100 mil pessoas com transtornos mentais.

Exemplo das experiências exitosas de países europeus


na substituição de um modelo de saúde mental baseado
no hospital psiquiátrico por um modelo de serviços não
hospitalares com forte inserção territorial.
DÉCADA DE 80

Primeiras experiências municipais (Santos).


Primeiros serviços de atenção psicossocial para
realizar a reinserção de usuários em seus territórios
existenciais. Foram fechados hospitais psiquiátricos
à medida que se expandiam serviços diversificados
de cuidado tanto longitudinal quanto intensivo para
os períodos de crise.

 Primeiro CAPS 24 horas


MARCOS

 VIII Conferência Nacional de Saúde (marco para


SUS) 1986;

Conferência de Caracas;

II Conferência Nacional de Saúde Mental (Brasília);

• 20.000 trabalhadores + usuários de CAPS;


OBJETIVOS DA REFORMA

Pleno exercício da cidadania, e não somente o


controle de sua sintomatologia.

Serviços abertos, com participação ativa dos usuários


e formando redes com outras políticas públicas
(educação, moradia, trabalho, cultura etc.).

 Desafio para o SUS Envolvimento de outros


seguimentos da sociedade.
AVANÇOS

 Em 2001, foi sancionada a Lei nº 10.216, que afirma os direitos das pessoas portadoras de

transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. 

 • Assegura o direito a um tratamento que respeite a sua cidadania e que por isso deve ser

realizado de preferência em serviços comunitários, ou de base territorial, portanto, sem excluí-

las do convívio na sociedade.

 • I. Ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, de acordo com suas necessidades;

 • II. Ser tratado com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde,

visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade;

 • III. Ser protegido contra qualquer forma de abuso e exploração; •

 IV. Ter garantia de sigilo nas informações prestadas;


A RAPS
TIPOS DE INTERNAÇÃO
 ASPECTOS LEGAIS DA INTERNAÇÃO EM SAÚDE MENTAL

Artigo 4º da Lei nº 10.216/2001:


“A internação, em qualquer de suas modalidades, só
será indicada quando os recursos extra-hospitalares
se mostrarem insuficientes”.
• Internação psiquiátrica nunca deve ser a primeira
opção.
• A internação involuntária fica restrita às situações
de risco iminente de morte para o usuário, a partir de
avaliação direta de um médico e com autorização da
família ou responsável legal.

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